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- 0 - 
 
 
A P O I O / I N S T I T U T O M É D I C O - L E G A L A F R Â N I O P E I X O T O 
COLETÂNIA DE PROVAS DO CURSOS DE DIREITO E DE MEDICINA 
QUESTÕES COM RESPOSTAS COMENTADAS 
ESQUEMAS CORPORAIS 
MINUTA DE ÓBITO 
 
 
2014 
CADERNO DE 
EXERCÍCIOS EM 
MEDICINA LEGAL 
Exercícios de fixação 
Reginaldo Franklin 
MEDICINA LEGAL 
- 1 - 
 
CADERNO DE EXERCÍCIOS 
EM MEDICINA LEGAL 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
 
 
 
 
REGINALDO FRANKLIN 
 
 
 
2014 
 
- 2 - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Franklin, Reginaldo 
Caderno de exercícios em medicina legal: exercícios de fixação / por 
Reginaldo Franklin. – 2014 
vi, 230 f. : il. ; 29,5 cm. 
Digitado (original). 
Material Didático – Universidade do Grande Rio; Centro 
Universitário Plínio Leite – Anhanguera e Instituto Médico-Legal Afrânio 
Peixoto; Rio de Janeiro, 2014 
1. Introdução ao Estudo da medicina Legal e do Corpo de Delito. 2. 
Antropologia, Tanatologia Forense, Estudo da Imputabilidade, 
Psicossexualidade, Sexologia Forense e Traumatologia Forense. I. 
Franklin, Reginaldo (autor). II. Unigranrio. 
- 3 - 
 
 
Prof. Reginaldo Franklin 
 
Biólogo, Médico e Bacharel em Direito 
Médico Perito-Legista da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro 
Professor de Medicina Legal da UNIGRANRIO e UNIPLI-
ANHANGUERA 
 
 
 
 
 
 
 
 
AO TRATAR DO TEMPO, CERTAMENTE O FUTURO 
É DOS MAIS INCERTOS. O PASSADO É 
IRREPARÁVEL E O PRESENTE REPRESENTA O 
MOMENTO MAIS PRÓXIMO DAS NOSSAS DECISÕES 
E DOS NOSSOS PASSOS. EM CADA SEGUNDO, 
PODEMOS VIVER OU MORRER. PORTANTO, HÁ 
UMA NECESSIDADE DE VIGILÂNCIA CONSTANTE, 
MAS ESSENCIALMENTE MANTER A FIDELIDADE 
AOS NOSSOS SENTIMENTOS E COERENTE COM OS 
NOSSOS ATOS. 
 
- 4 - 
 
 
 
 
NA GALERIA DOS GRANDES MÉDICOS, DESTACAM-SE ALGUNS PELA 
ARTE, OUTROS PELOS RESULTADOS, E UMA PARCELA, PELA HABILIDADE 
RECONHECIDA, PELA ÉTICA E RESPEITO AO PRÓXIMO. OS PRIMEIROS 
SÃO OS VERDADEIROS MESTRES. O SEGUNDO REGOZIJA ORGULHO 
ENTRE OS HOMENS, E OS ÚLTIMOS, PELA SIMPLICIDADE E HUMILDADE, 
SÃO NOTÓRIOS HIPOCRÁTICOS, E ASSENTAM-SE AO LADO DE APOLO. 
 
Reginaldo Franklin 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 5 - 
 
PREFÁCIO DO AUTOR 
 
Prezados alunos dos cursos de graduação, pós-graduação ou aqueles com o 
objetivo de preparação para concursos públicos, ou professores buscando um material 
de questões para aplicação em aulas. 
Apresento-lhes um caderno de exercícios, fruto da experiência do autor em sala 
de aula e em concursos públicos. 
Objetiva compatibilizar o ensino teórico e prático com as necessidades de 
formação de conduta ética, moral e legal do acadêmico de medicina, da aplicabilidade 
da medicina legal como instrumento do Direito para o Bacharel, e, sobretudo, apoio ao 
candidato para os concursos públicos que apura conhecimentos em medicina forense. 
Integra esta apostila a colaboração da professora Adriane Rêgo que vem assomar 
sua vivência no apaixonante caminho do magistério. 
O autor é médico perito-legista da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro e 
com título de especialista pela associação Brasileira de Medicina Legal, atualmente 
Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas. 
Faz-se imprescindível para acompanhar as aulas, os livros textos deste autor que 
versam com os títulos: “Perguntas e Respostas Comentadas em Medicina Legal” (2ª 
edição); “Medicina Legal Aplicada”; “Manual Prático Para o Perito Legista” e 
“Medicina Legal Descomplicada”, todos pela editora Rubio, alguns ainda na fase de 
pré-lançamento. 
Recomendamos ainda o material didático do professor Roberto Blanco, os livros 
de medicina legal dos professores Genival Veloso de França e Higyno de Carvalho 
Hércules. 
Boa leitura, bom proveito e sucesso nos seus objetivos. 
 
 
Reginaldo Franklin 
 
 
 
 
- 6 - 
 
SUMÁRIO 
Capítulo 1: Introdução ao estudo da Medicina Legal e Corpo de Delito ....7 
Capítulo 2: Estudo Médico-Legal da Imputabilidade .............................. 31 
Capítulo 3: Estudo Médico-Legal de Psicossexualidade e da Sexologia 
Criminal .................................................................................................. 51 
Capítulo 4: Fenomenologia da Morte – Tanatologia Forense ................. 65 
Capítulo 5: Lesionologia Mecânica ......................................................... 118 
Capítulo 6: Lesionologia Física ............................................................... 141 
Capítulo 7: Lesionologia Química, Bioquímica, Biodinâmica e Mista .. 160 
Capítulo 8: Lesionologia Físico-Química – Asfixiologia ....................... 169 
Capítulo 9: Diagnóstico em Medicina Legal – Exercícios rápidos ......... 184 
Coletânea de provas aplicadas no curso de Medicina ............................. 202 
Coletânea de provas aplicadas no curso de Direito ................................ 224 
Anexo 1 – minuta do óbito ............................................................... 230 
Anexo 2 – Esquemas corporais ........................................................ 231 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 7 - 
 
CAPÍTULO 1 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MEDICINA LEGAL E CORPO DE 
DELITO 
 
1) Pai da Medicina Legal: 
(a) Afrânio Peixoto 
(b) Nina Rodrigues 
(c) Ambroise Paré 
(d) Lacassagne 
 
Resposta: C 
Figuram como expoentes fundadores da medicina legal, o francês Ambroise Paré 
(1510 – 1590) e os italianos Paulus Zacchias (1584 – 1659), e Fortunato Fidelis (1550 – 
1630). 
Ambroise Paré, cirurgião do exército francês, é considerado o pai da Medicina 
Legal. Definia este campo da medicina social como “a arte de fazer relatórios em juízo”. 
Lançou em 1575 um tratado sobre Medicina Legal, denominado “Des Rapports et des 
Moyens d’ Embaumer les Corps Morts”, destacando, entre outros temas, o diagnóstico 
das feridas, as formas de asfixias, diagnóstico da virgindade e técnicas de 
embalsamamento. 
Acreditava-se na época que os projéteis eram venenosos e que deveriam ser tratados 
com óleo fervente. 
Com a falta do óleo, Ambroise paré substituiu por uma mistura de gema de ovo, 
óleo de rosas e terebintina, constatando uma melhor e mais rápida cicatrização. 
Para Souza Lima o fundador da medicina legal seria o romano Paulus Zacchias 
(1584 – 1659), médico pessoal do papa Inocêncio X e Alexandre VII, ressaltando sua 
obra – “Questiones Médico-Legales”, em nove a dez volumes, publicados entre 1621 e 
1651, como a mais completa e de valor científico elevado. 
Entretanto, o primeiro tratado mais completo foi publicado em 1602 por Fortunato 
Fidelis (1550 – 1630), dividido em quatro livros, intitulado “De Relationibus 
Medicorum”. Zacchias e Fidelis foram categóricos nos estudos da patologia moderna 
aplicada as mortes violentas. 
 
- 8 - 
 
2) Categorizou a medicina legal como um complexo tríplice por sua natureza 
médica, seu espírito jurídico e seu caráter social: 
(a) Lacassagne 
(b) Devergier 
(c) Simonin 
(d) Thoinot 
 
Resposta: C 
Entre os conceitos de Medicina Legal, aquele que reflete o fim maior a que se 
destina a perícia médico-forense é a categorização da medicina legal por SIMONIN, 
entendendo-a como um complexo que atende a sociedade através de um espírito jurídico 
da medicina. 
 
3) Define a medicina legal como a arte de fazer relatórios em juízo: 
(a) Ambroise Paré 
(b) Lacassagne 
(c) Thourdes 
(d) Simonin 
 
Resposta: A 
Considerado o pai da medicina legal, Ambroise Paré, definia a ciência médico-legal 
como uma arte de fazer relatórios em juízo. Para Lacassagne é “A arte de por os 
conceitos médicos ao serviço da administração da justiça”. 
Segundo a definição de Tourdes é “A aplicação dos conhecimentos médicos às 
questões que concernem aos direitos e deveres dos homens reunidos em sociedade”. 
 
4) “É a ciência do médico aplicada aos fins da ciência do direito”: 
(a) Ambroise Paré 
(b) Lacassagne 
(c) Buchner 
(d) Tardieu 
 
Resposta:C 
O enunciado entre aspas aponta a definição de medicina legal por Buchner. Uma das 
mais interessante e abrangente, apontando o direito como ciência e dependente em 
alguns aspectos, onde se aplica, outras ciências como a medicina. 
- 9 - 
 
5) Patrono da Medicina Legal do Rio de Janeiro: 
(a) Leonídeo Ribeiro 
(b) Afrânio Peixoto 
(c) Nina Rodrigues 
(d) Oscar Freire 
 
Resposta: B 
Júlio Afrânio Peixoto (1876-1947) nasceu em Lençóis, na Bahia e faleceu aos 70 
anos no Rio de Janeiro. Foi médico, político e romancista. 
Ocupou a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a Euclides da 
Cunha, quando de sua morte em 1909, o qual foi por ele necropsiado, e sucedido por 
Afonso Pena Júnior. 
Ocupou também a cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Filologia, a qual ajudou a 
fundar. É considerado o patrono da medicina legal do Rio de Janeiro, recebendo o seu 
nome o Instituto Médico-Legal. 
 
6) A nacionalização da Medicina Legal brasileira se iniciou na Faculdade de 
Medicina do Rio de Janeiro com a entrada de: 
(a) Agostinho José de Souza Lima 
(b) Raymundo Nina Rodrigues 
(c) Oscar Freire de carvalho 
(d) Estácio de Lima 
 
Resposta: A 
A medicina legal brasileira foi muito influenciada pela medicina legal francesa, 
alemã e italiana, tendo maior presença a primeira. 
A história da medicina legal nacional é dividida, segundo Oscar Freire de Carvalho, 
em três fases: 1ª fase (estrangeira – até 1877), 2ª fase (transição – de 1877 até 1895, 
com Souza Lima) e 3ª fase (nacionalização – a partir de 1895, com Nina Rodrigues). 
O cunho nacional dessa especialidade se deu no Rio de Janeiro com a entrada de 
Agostinho José de Souza Lima na Faculdade de Medicina em 1877, sucedendo a 
Ferreira de Abreu, que após reestruturação da cátedra, introduziu o primeiro curso 
prático de tanatologia forense. 
A questão deixa uma brecha com relação à alternativa “A”, ao frisar o início da 
nacionalização e especificamente no Estado do Rio de Janeiro, entendendo, entretanto, 
- 10 - 
 
que historicamente esta fase, a nível nacional, é considerada como um período de 
transição. 
 
7) A verdadeira nacionalização da medicina legal no Brasil se deu com: 
(a) Agostinho José de Souza Lima 
(b) Raymundo Nina Rodrigues 
(c) Oscar Freire de Carvalho 
(d) Estácio de Lima 
 
Resposta: B 
No Brasil, a nacionalização da medicina legal se consolidou com os trabalhos de 
Raymundo Nina Rodrigues no Estado da Bahia, adaptando a medicina legal mundial 
com a realidade criminal, jurídica e antropológica brasileira. 
Nas palavras de FLAMÍNIO FÁVERO (1991, p. 31): “Nina Rodrigues pregava 
pela palavra e pelo exemplo o nosso dever de verificarmos todas as contribuições 
científicas estrangeiras, quer de técnica, quer de doutrina, tendo sempre em conta as 
condições diversas do nosso meio físico, psíquico e social”. 
 
Fonte: Fávero, F. Medicina Legal. Belo Horizonte, editora Villa Rica, 12ª ed. 1991, p. 
31) 
 
8) A primeira publicação de cunho médico legal no Brasil versava sobre: 
(a) O ensino prático de Tanatologia por Souza Lima 
(b) A necropsia do regente João Bráulio Muniz 
(c) A impugnação de um laudo pericial 
(d) O reconhecido valor de Oscar freire 
 
Resposta: C 
Na história forense, cita-se que em 1247 é publicado o livro “Xi Yuan Ji Li”, sendo 
o primeiro registro da aplicação médica para solucionar crimes, cuja tradução é 
“Compilação de Casos Resolvidos”. 
A primeira necropsia oficial ocorreria em 1521, quando uma suspeita por 
envenenamento, levaria a necropsia do Papa Leão XIII. 
- 11 - 
 
Em 1525 um documento italiano intitulado como “Editto dela gran carta dela vicaria 
di Napoli”, instituía o parecer dos peritos antes da decisão do magistrado. 
No século XIX o detetive francês Eugène François Vidocq, criava a primeira força 
de detetives – “Sûrete de Paris”. O Código Criminal Carolino, promulgado por Carlos 
Magno em 1532, determinava o exame médico da vítima e do agente nos casos de 
homicídio, aborto, infanticídio e lesão corporal. 
No Brasil o primeiro registro médico-legal se deu no Rio de Janeiro, em 1814 e foi 
de natureza impugnativa. 
O médico mineiro Gonçalves Gomide, então senador do império, impugnou o 
exame médico realizado pelos clínicos Antônio Pedro de Souza e Manuel Quintão da 
Silva, em uma jovem que a consideram santa. 
Tal registro foi intitulado como “impugnação Analítica ao exame feito pelos clínicos 
Antônio Pedro de Souza e Manuel Quintão da Silva”. 
A primeira necropsia no Brasil ocorreu em 1835 quando o cirurgião da família 
imperial brasileira – Hércules Octávio Muzzi publicou no Diário da Saúde, a necropsia 
do Senhor Regente Bráulio Muniz, realizada 22 horas depois da morte, às 14 horas do 
dia 21 de setembro de 1835. 
 
9) Reconhecido como “o espírito original da Medicina Legal brasileira”: 
(a) Afrânio Peixoto 
(b) Nina Rodrigues 
(c) Oscar freire 
(d) Souza Lima 
 
Resposta: B 
A terceira fase histórica da medicina legal é dita fase de nacionalização. Ela se deu 
com Nina Rodrigues na Bahia. Adaptou as ciências criminais estrangeiras à realidade 
nacional. Com Nina Rodrigues tem início a originalidade dos trabalhos científicos no 
campo médico-legal. Afrânio Peixoto o denominava como “o espírito original da 
medicina legal brasileira”. 
 
10) Ganhou fama de “grande químico e mau médico-legista”: 
(a) Ferreira de Abreu 
(b) Afrânio Peixoto 
(c) Oscar Freire 
(d) Souza Lima 
- 12 - 
 
Resposta: A 
Francisco Ferreira de Abreu condecorado como Barão de Teresópolis, nascido em 
Porto Alegre, foi médico, educador e pesquisador. 
Destacou-se no campo da toxicologia com relevantes trabalhos entre 1855 e 1877. 
Um apaixonado e aplicado toxicologista, a ponto de afastar-se da medicina legal pura, 
rendendo-lhe uma consagração de “tão grande químico quanto mau médico-legista”. 
 
11) A quem se deve os seguintes postulados: “O perito deve atuar com a ciência do 
médico, a veracidade da testemunha e a equanimidade do juiz; É necessário abrir 
os olhos e fechar os ouvidos; Deve-se seguir o método cartesiano; pensar com 
clareza para esclarecer com precisão”: 
(a) Lacassagne 
(b) Nerio Rojas 
(c) França 
(d) Paré 
 
Resposta: B 
Nério Rojas é uma das mais célebres figuras na medicina legal mundial. Opinava 
que: “Se a saúde física da sociedade desenvolveu a higiene e a medicina social, sua 
saúde moral, que tem na justiça uma de suas bases mais sólidas, desenvolveu a 
medicina legal”. 
Assim definia a medicinal legal: “É a aplicação dos conhecimentos médicos aos 
problemas judiciais”. É autor do decálogo ético abordado na questão em apreço. 
 
12) Demonstra genericamente a autenticidade e a veracidade de um fato: 
(a) Testemunha 
(b) Documento 
(c) Perícia 
(d) Prova 
 
Resposta: D 
A prova é a demonstração genérica e autêntica da veracidade de um fato. Sua 
produção necessita de alguns pré-requisitos: admissibilidade (prova genética), 
pertinência, concludência e possibilidade de realização. 
- 13 - 
 
As provas estão elencadas a título de exemplo no art. 212 do código Civil (CC), 
uma vez que são admitidas em Direito todas as provas moralmente legítimas (incluindo 
as provas inominadas). Representam “os olhos do processo”. 
Nas palavras de FERNANDO CAPEZ (2011, p. 344) – “Objeto da prova é toda 
circunstância, fato ou alegação referente ao litígio sobre os quais pesa incerteza, e que 
precisam ser demonstrados perante o juiz para o deslinde da causa”. Afora os fatos que 
independem de prova, todos os demais são imprescindíveis, quando possível à 
demonstração probatória do fato, mesmo aqueles admitidos pelas partes (fato 
incontroverso). 
 
Fonte: Capez, F. Curso de Processo penal. São Paulo, Editora Saraiva, 18ª ed. 2011, p. 
344 
 
13) A sinonímia denominada “Questiones Médico-Legalis” se deve a: 
(a) Lacassagne 
(b) P. Zacchias 
(c) Reinesius 
(d) A. Paré 
 
Resposta: B 
“Questiones Médico-Legalis”,é uma coletânea de nove a dez volumes publicados 
no período de 1621 a 1651, de autoria de Paulus Zacchias, considerado por Souza Lima 
como o verdadeiro fundador da medicina legal. 
 
14) Descrição minuciosa de uma perícia médico-legal: 
(a) Relatório médico-legal 
(b) Consulta médico-legal 
(c) Parecer médico-legal 
(d) Atestado médico 
 
Resposta: A 
A descrição minuciosa de uma perícia é uma formalidade expressa no Art. 160 do 
Código de Processo Penal (CPP). A descrição compõe a 4ª etapa da confecção do laudo 
médico-legal. 
- 14 - 
 
Representa a etapa mais importante, caracterizando o “visum et repertum”. Ela 
aparece no documento médico-legal denominado Relatório Médico-Legal. 
 
15) Sequência do Relatório Médico-Legal: 
(a) Preâmbulo, Quesitos, Histórico, Descrição, Discussão, Conclusão e Respostas 
aos Quesitos 
(b) Preâmbulo, Quesitos, Histórico, Descrição, Conclusão e Respostas aos Quesitos 
(c) Preâmbulo, Histórico, Descrição, Discussão, e Respostas aos Quesitos 
(d) Preâmbulo, Histórico, Descrição, Discussão, Conclusão e Quesitos 
 
Resposta: A 
O Relatório Médico-Legal é uma espécie de documento médico-legal. Compõem os 
documentos: atestados, notificações, relatório médico-legal, consulta médico-legal, 
parecer médico-legal e depoimento oral. 
Os atestados são afirmações de um fato médico e de suas implicações. Podem ser 
simples, administrativo ou judiciário. 
As notificações são de natureza compulsória e tem implicações sanitárias e de saúde 
pública. 
A natureza da consulta é de cunho esclarecedor sobre pontos duvidosos ou 
controversos no corpo do laudo. Encontra respaldo no Art. 181 e parágrafo único do 
CPP. É imprescindível a quesitação específica. 
O parecer é uma opinião técnica sobre os fatos demonstrados por uma ou mais 
provas, valendo-se o parecerista somente de sua experiência e de tudo que foi lavrado 
nos laudos. Portanto, não há descrição nesse documento. 
O depoimento oral é um documento reduzido a termo em audiência pela inquirição 
do perito desde pontos duvidosos até implicações técnicas que levaram as devidas 
conclusões. 
Entre todos os documentos médico-legais o que apresenta mais etapas é o Relatório 
Médico-Legal. São elas sequencialmente: preâmbulo, quesitos, histórico, descrição, 
discussão, conclusão e respostas aos quesitos. 
 
16) Parte do Relatório Médico-Legal que demonstra o “visum et repertum”: 
(a) Discussão 
(b) Descrição 
(c) Conclusão 
(d) Histórico 
- 15 - 
 
 
Resposta: B 
A descrição minuciosa de uma perícia é a materialização de tudo que foi apurado, 
dando-lhe um caráter de perpetuidade. 
É traduzida em um laudo, constituindo um instrumento jurídico. Corresponde a 
perícia propriamente dita, quanto que vale em ver e referir com detalhes. 
O “visum et repertum” pode ser objeto de dúvida que motiva a requisição de 
consulta médico-legal, depoimento oral e parecer. Entretanto, em nenhum deles não é 
possível o exame direto. 
 
17) A seita japonesa radical “Verdade Suprema” foi a responsável pelo ataque 
terrorista no metrô de Tókio em 1995, utilizando-se do gás sarin, deixando doze 
mortos e 5 mil feridos. Este gás foi classificado como arma de destruição em 
massa pela resolução 687 das Nações Unidas. O referido gás compromete o 
Sistema Nervoso. Qual grupo químico pertence o gás sarin: 
(a) Organofosforado 
(b) Organoclorado 
(c) Neuroléptico 
(d) Hilariante 
 
Resposta: A 
O gás Sarin é uma substância tóxica do grupo dos organofosforado, classificada 
como arma de destruição em massa pela resolução 687 das Nações unidas. 
Trata-se do 2-fluorometilfosforiloxipropano, um líquido ou gás incolor e inodoro ou 
levemente adocicado, cuja fórmula molecular é: C4H10FO2P. 
É um competidor da acetilcolina. A intoxicação leva um quadro de intensa 
contração muscular, hipersalivação, sudorese, náuseas e vômitos, bradicardia, paralisia e 
cegueira. A morte se dá por insuficiência respiratória. 
 
18) O gás hilariante foi descoberto em 1772 pelo químico inglês Joseph Priestley. 
Possui efeito anestésico e euforizante. Este gás se refere ao: 
(a) Dióxido de enxofre 
(b) Organoclorado 
(c) Óxido nitroso 
(d) Nitrogênio 
- 16 - 
 
Resposta: C 
O gás hilariante é um gás incolor, não inflamável, de odor adocicado, e possui efeito 
anestésico fraco e euforizante, daí a sua denominação. 
Provavelmente o aspecto risonho se deve as contrações dos músculos da mímica 
facial. Trata-se do óxido nitroso ou protóxido de azoto, cuja fórmula molecular é N2O. 
 
19) Qual dos sinais clínicos pode o periciado ludibriar a argúcia do perito frente a 
evento doloroso: 
(a) Muller 
(b) Levi 
(c) Imbert 
(d) NRA 
 
Resposta: A 
A dor é um fenômeno físico-químico subjetivo de difícil avaliação pericial quanto a 
veracidade de sua existência e intensidade. 
Alguns sinais clássicos para sua investigação é elencada nas alternativas da questão 
em discussão. 
O ponto doloroso é estimulado após procedimentos que tentam ora desviar a atenção 
do periciado, ora precedidos de aferição de sinais vitais e clínicos. 
Assim sendo, no sinal de Muller é delimitado por um círculo a área dolorosa, e 
alternativamente são estimulados por digito pressão os pontos dolorosos e não dolorosos 
nesta área, estando o periciado com os olhos vendados. 
Na simulação, o periciado acaba se confundindo por não perceber a mudança do 
estímulo. Entretanto, um periciado mais atento poderá ludibriar a manobra pericial. 
Os sinais de Levi e Imbert são fundamentados nas alterações do diâmetro pupilar e 
aumento da frequência do pulso, respectivamente. 
No método de Levi apenas o ponto doloroso é estimulado. 
No método de Imbert, sendo o membro superior o segmento doloroso, pede-se ao 
periciado que segure um peso. 
 Sendo verdadeira a dor, espera-se contração ou dilatação pupilar. 
Sendo o membro inferior, o apoio único sobre este desencadeia um aumento na 
frequência do pulso. 
- 17 - 
 
20) Qual tipo de simulação mais propriamente pode ocorrer em pacientes 
psiquiátricos: 
(a) Metassimulação 
(b) Parassimulação 
(c) Simulação pura 
(d) Dissimulação 
 
Resposta: D 
As simulações são mais comuns no campo da infortunística dados os benefícios 
seja para esquivar da atividade laboral ou com intuito de auferir vantagens frente a 
legislação trabalhista. As alegações podem ser de condições inexistentes (simulação 
pura), de exacerbar as que existem (metassimulação), de associar outros sintomas 
inexistentes ao que de fato há (parassimulação) ou negar perturbações existentes 
(dissimulação). 
A dissimulação é de proveito pessoal e social. É uma autopressão psicológica do 
obstáculo, perda ou dor emocional (DEPAULO, KASHY, KIRKENDOL, WYER e 
EPSTEIN, 1996, pp. 979-995). 
É uma situação frequente no detento, no empregado, no aluno, no filho e outros, 
devendo ficar atento o psicólogo, o Juiz, o empresário, o professor, os pais etc. 
Nos pacientes psiquiátricos o mais comum é a dissimulação, muitas vezes 
objetivando dá uma ideia de melhora para o profissional, e assim receber alta. O 
esquizofrênico, por exemplo, evita falar sobre os seus sintomas. Outros transtornos se 
omitem por vergonha, como decorrentes de pensamento obsessivo obsceno. 
 
Fonte: De Paulo, BM; Kashy, Kirkendol, SE; Wyer, MW; Epstein, JA. Lying in 
everyday life. Journal of Personality and Social Psychology. Arlington. nº 70, 1996, 
pp. 979-995 
 
21) O que possibilitou desmascarar a farsa do goleiro chileno Roberto Rojas, em 
1989, no Maracanã, contra o Brasil, durante a partida para a classificação da 
Copa do Mundo na Itália foi o fato de: 
(a) A lesão encontrada não guardar relação causal com a ação do agente térmico 
e seus artefatos 
(b) A lesão encontrada não guardar relação causal com o mecanismo de ação da 
navalha 
(c) Ter sido encontrada uma navalha no gramado próximo ao goleiro chileno 
(d) A lesão encontrada não guardar relação temporal com o eventoalegado 
- 18 - 
 
Resposta: B 
Na ocasião do evento, foi alegado pelo goleiro chileno, uma lesão decorrente da 
ação do artefato luminoso atirado intencionalmente pelo torcedor. Entretanto, 
pericialmente a correlação entre a alegação e a lesão é de cunho subjetivo e é apreciada 
na discussão. 
Sendo a descrição a etapa mais importante do exame pericial, sendo esta de caráter 
objetivo, implica ser este o momento que minuciosamente é descrita a lesão e auferido o 
mecanismo de ação. No caso, a ação lesiva foi de natureza cortante, sendo o mecanismo 
tangencial e em “arco de violino”. 
 
22) A autolesão: 
(a) Configura crime quando objetiva auferir vantagem econômica 
(b) Configura crime quando objetiva ludibriar a perícia 
(c) Constitui contravenção penal 
(d) Não constitui crime 
 
Resposta: A 
Dos crimes contra o patrimônio previstos no CPP, figura no Art. 171 o crime de 
estelionato. Assim reza o artigo: “obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em 
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou 
qualquer outro meio fraudulento”. 
A primeira vista a autolesão não constitui crime se não há outro objetivo senão a 
flagelação pura. 
Quando a intenção for somente de ludibriar a perícia, ainda que se molde no artigo 
como induzir ou manter alguém em erro, não seria estelionato, pois fundamentado no 
princípio da reserva legal, o fim colimado com o ato é auferir vantagem econômica, 
como bem expressa o inciso V do referido artigo: “destrói, total ou parcialmente, ou 
oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da 
lesão ou doença, com intuito de haver indenização ou valor de seguro”. 
 
23) As informações hospitalares de vítima fatal não condizente com os achados 
necroscópicos apontam um caso de: 
(a) Parassimulação 
(b) Dissimulação 
(c) Simulação 
(d) NRA 
- 19 - 
 
 
Resposta: D 
Nenhuma das respostas anteriores. É uma condição muito frequente em nosso meio. 
Seja pela massificação de atendimentos e o médico não tem o tempo devido para o 
preenchimento correto do documento que acompanha a guia de remoção cadavérica ou 
desconhece a importância das informações transcritas como valor de comprovação 
pericial, ou, de maior gravidade, quando o cadáver encaminhado ao IML não for aquele 
informado no boletim médico. 
 
24) A prova admitida pelo Direito é denominada: 
(a) Concludente 
(b) Pertinente 
(c) Genética 
(d) Possível 
 
Resposta: C 
Os critérios que norteiam a produção das provas são: admissibilidade, pertinência, 
concludência e possibilidade de realização. É admissível a prova que não contraria a Lei 
ou os costumes judiciários. 
Seria o critério maior ou como é denominada – prova genética. É pertinente, a prova 
fundada não contrária aos fatos narrados no processo. Sendo o objetivo esclarecer um 
ponto sobre o qual pesa incerteza, é elementar que ela seja concludente. Por fim que 
seja possível de realização. 
 
25) Vítima de disparo de arma de fogo é atendida em Hospital Público de região 
metropolitana. O médico plantonista expede um atestado de lesão caracterizada 
por fratura do úmero direito e anexa ao atestado o laudo da radiografia. O 
Delegado de Polícia vem apensar ao inquérito os respectivos laudos como prova 
pericial. Fundamentado nas normas do Ordenamento Jurídico pátrio, conclui-se 
que a prova juntada ao inquérito: 
(a) Poderá gerar invalidade do ato por ofensa à norma processual 
(b) Nula por constituir uma prova ilícita na origem 
(c) Nula por afronta as normas de direito material 
(d) Válida pela fé pública do médico 
 
Resposta: A 
- 20 - 
 
O exame de corpo de delito é uma fórmula processual. Com o Título VII – Da 
Prova, o capítulo II que trata do exame do corpo de delito e das perícias em geral, 
expressa o Art. 158 do CPP: “Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o 
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do 
acusado”. 
O Art. 564 do referido diploma legal estabelece os casos que ocorrerão a nulidade, 
como bem define o inciso III (“por falta das fórmulas ou dos termos seguintes”), alínea 
b: “o exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvando o disposto 
no Art. 167”. 
A ressalva diz respeito quando do desaparecimento do vestígio. Nessa condição a 
informação hospitalar será de grande valia como exame indireto. O que não é o caso da 
questão em pauta. 
Portanto, trata-se de uma ofensa a norma processual. Entretanto, poderá invalidar o 
ato como fundamenta FERNANDO CAPEZ (2011, p. 114 e p. 119): “... Ora, se o 
inquérito é dispensável, e assim o diz expressamente o art. 39, §5º, do CPP, e se o 
Ministério Público pode denunciar com base apenas nos elementos que tem, nada há 
que imponha a exclusividade às polícias para investigar os fatos criminosos sujeitos à 
ação penal pública”... “Não sendo o inquérito policial ato de manifestação do Poder 
Jurisdicional, mas mero procedimento informativo destinado à formação da opinio 
delicti do titular da ação penal, os vícios por acaso existentes nessa fase não acarretam 
nulidades processuais, isto é, não atingem a fase seguinte da persecução penal: a da ação 
penal. A irregularidade poderá, entretanto, gerar a invalidade e a ineficácia do ato 
inquinado”. 
 
26) O perito, fundamentado no parágrafo único do Art. 162 do Código de processo 
penal, pode dispensar o exame cadavérico interno quando os sinais externos são 
suficientes para diagnosticar a causa da morte e nada de relevante se faz 
necessário apurar. Tal condição não carece de outras provas por tratar-se de fato: 
(a) Concludente 
(b) Axiomático 
(c) Notório 
(d) Inútil 
 
Resposta: B 
Os fatos que independem de prova são: axiomáticos, notórios, presunções legais e 
fatos inúteis. 
- 21 - 
 
A questão aborda um exame necroscópico onde os sinais externos são suficientes 
para a conclusão da causa da morte, não sendo imperioso o exame interno, pois não há 
outro fato relevante a ser apurado. 
Por ser o fato evidente e a convicção pericial já está formada, não mais há que 
apurar, caracterizando o fato como axiomático ou intuitivo. O exposto tem respaldo 
legal no Art. 162 do CPP. 
 
27) Indivíduo, voluntariamente, coloca-se em estado de embriaguez completa por 
ingestão de substância etílica e comete um crime. Esta condição por força da actio 
libera in causa, não admite prova em contrário em favor da inimputabilidade, por 
tratar-se de: 
(a) Inadmissibilidade de exame psiquiátrico 
(b) Fato axiomático 
(c) Presunção legal 
(d) Fato notório 
 
 
Resposta: C 
A questão narra um caso de estado de embriaguez voluntária. Doutrinas contrárias a 
parte, trata-se de um conhecimento do senso comum que o estado de embriaguez 
desencadeia alterações na consciência e com repercussões na autodeterminação. 
A questão não informa o estado psíquico prévio do agente e tão pouco a intenção, o 
que friamente, a título de análise, devemos considerar um indivíduo mentalmente são e 
sem o dolo de cometer crime. 
Fundamentado na teoria da actio libera in causa – ação liberta da causa, a prova por 
si só é de natureza presuntiva. Portanto, estamos diante de uma presunção como prova, 
elencada no Art. 212 do CC. 
 
 
28) Há confissão, como prova textualmente legal, quando: 
(a) A verdade admitida seja favorável a outra parte sem, entretanto for contrária ao 
seu interesse 
(b) A verdade admitida pela parte seja contrária ao seu interesse e favorável ao 
adversário 
(c) A verdade admitida pela parte seja somente contrária ao seu interesse 
(d) Simplesmente a parte admite a verdade de um fato 
 
Resposta: B 
- 22 - 
 
Trata-se de uma questão de letra de Lei. Segundo o Art. 348 do CPC: “Há confissão, 
quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao 
adversário. A confissão é judicial e extrajudicial”. 
 
29) Nos casosde litisconsortes, a confissão judicial por um deles: 
(a) Faz prova independente do cônjuge sobre bens imóveis 
(b) Faz prova unicamente contra o confitente 
(c) Faz prova contra todos os litisconsortes 
(d) Não faz prova 
 
Resposta: B 
Trata-se de uma questão de letra de Lei. Segundo o Art. 350 do CPC: “A confissão 
judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes”. 
 
30) A ilustração de um laudo com prova fotográfica, microfotográfica ou esquema 
se faz: 
(a) Imprescindível somente quando se trata de crime contra a liberdade sexual 
(b) Imprescindível somente quando se trata de crime contra a vida 
(c) Imprescindível para dar solidez ao laudo 
(d) Necessária sempre que conveniente 
 
Resposta: D 
Os critérios que imperam a utilização da fotografia, microfotografia, desenhos e 
esquemas para ilustração de um laudo são: possibilidade (Art. 164 e 165 do CPP) e 
conveniência (Art. 170 do CPP), destacando o primeiro para a representação das lesões 
e o segundo em relação às perícias de laboratório. Entretanto, o legislador dá uma 
conotação mais geral, teleológica, alcançando outros pormenores da perícia. 
 
31) Os cadáveres no local de crime serão: 
(a) Fotografados somente a face para comprovação de identificação 
(b) Fotografados a critério do perito 
(c) Fotografados quando possível 
(d) Sempre fotografados 
 
- 23 - 
 
Resposta: D 
Os cadáveres no local de crime serão sempre fotografados como textualmente reza o 
Art. 164 do CPP. Também é exigência do referido artigo que a primeira tomada 
fotográfica do cadáver é na posição que foi encontrado, porém as lesões externas ficam 
na dependência da possibilidade assim proceder. 
 
32) Qual a natureza jurídica do cadáver de interesse penal: 
(a) Bem fora do comércio 
(b) Coisa de ninguém 
(c) Coisa comum 
(d) Objeto 
 
Resposta: D 
Há uma proteção especial ao cadáver, incluindo Direitos de personalidade, como 
se depreende do Art. 12 do CC. 
A relevância do tema diz respeito a definir a natureza jurídica do cadáver e qual 
direito deve prevalecer. 
Ante a natureza jurídica, o cadáver é considerado no todo ou em parte, 
entretanto, segmentos isolados ou órgãos não podem ser considerados cadáveres. 
Nessa linha também não são considerados cadáveres a ossada (despojo humano), 
o feto (sem personalidade jurídica), o cadáver mumificado (relíquia histórica) etc. 
Nas palavras de CUPIS (2004, p. 98): “... o corpo humano, depois da morte, 
torna-se uma coisa submetida à disciplina jurídica, coisa, no entanto, que não podendo 
ser objeto de direitos privados patrimoniais, deve classificar-se entre as coisas extra 
commercium (fora do comércio). 
Não sendo pessoa, enquanto viva, objeto de direitos patrimoniais, não pode sê-lo 
também o cadáver, o qual, apesar da mudança de substância e de função conserva o 
cunho e o resíduo de pessoa viva”. 
Outros doutrinadores como CUNHA GONÇALVES (apud SILVA, 2000, pp. 21 
e 25) defende que os direitos de personalidade se continuam com a morte como aduz: 
“quando um corpo volta ao nada, a consciência segue um destino social entre os vivos”. 
A questão aborda não a título de tutela, mas simplesmente o fato que levou a finitude da 
vida do agora de cujus. 
Quando a interrupção da vida se deu de forma violenta, o cadáver passa a ser 
acautelado pelo Estado e enquanto haver interesse no esclarecimento da morte é 
- 24 - 
 
juridicamente um objeto, quando após toda a verdade elucidada e não amais passível de 
exame pericial é entregue a família para as devidas honras fúnebres. 
 
Fontes: Cupis, Adriano de. Os Direitos da Personalidade. Campinas: Romana, 2004, 
p. 98 
Cunha Gonçalves apud Silva, JAF. Tratado do Direito Funerário. São Paulo: Método 
editora, 2000, V. 1, p. 21 e 25 
 
33) Qual a natureza jurídica do cadáver de interesse cível: 
(a) Bem fora do comércio 
(b) Coisa de ninguém 
(c) Coisa comum 
(d) Objeto 
 
Resposta: A 
No mesmo escopo dos argumentos no comentário da questão de número 30, aqui 
não se trata de cadáver de interesse penal, porém não pode mesmo assim seguir o 
regime do Direito das Coisas. 
O cadáver ou parte dele não pode ser comercializado, mas passível de doação no 
todo ou de seus órgãos, sem fim econômico lucrativo, segundo legislação especial, seja 
para ensino e pesquisa ou para fins de transplante. 
 
34) Qual a natureza jurídica das cinzas de um cadáver cremado: 
(a) Bem fora do comércio 
(b) Coisa comum 
(c) Res nulius 
(d) Objeto 
 
Resposta: C 
Ao que tudo parece, a palavra cadáver vem da junção em latim que traduzida 
significa carne dada aos vermes. 
O processo de cremação reduz o cadáver a cinzas, quando não mais possível 
identifica-lo com a aparência de corpo. Portanto, as cinzas não mais representam um 
cadáver. Salvo a disposição de última vontade do de cujus, quanto ao destino que 
- 25 - 
 
deverá ser dado as suas cinzas, estas são desconsideradas até como coisas, 
representando nada mais que coisa nenhuma ou res nullius, ficando a cargo do herdeiro 
imediato o destino segundo a sua vontade. 
 
35) Os vestígios de autolesão como mostra a figura, com fins de causar prejuízo a 
outrem, é considerado na origem como: 
 
 
 
(a) Verdadeiro 
(b) Forjado 
(c) Ilusório 
(d) Falso 
Resposta: B 
Inicialmente remetemos o leitor ao comentário da questão de número 20. Os 
vestígios podem ser: verdadeiro, forjado e ilusório. 
O vestígio verdadeiro é o que interessa a perícia. É aquele que guarda relação de 
causalidade e temporalidade com o fato criminoso. 
Infere veracidade ao fato, tornando-se uma evidência. É traduzida e materializada 
em um laudo como um instrumento. 
Entretanto, outros vestígios também podem apontar outras peculiaridades, como os 
vestígios forjados para auferir vantagem econômica, para ludibriar a interpretação 
pericial ou ocultar outro crime. 
Os vestígios ilusórios são próprios da falsa interpretação da realidade ou 
simplesmente representar um descuido quanto ao isolamento e preservação da cena do 
crime, tornando o ambiente contaminado ou não saneado pericialmente. 
 
- 26 - 
 
36) Dá entrada no IML, o corpo de um feto, onde está registrado na guia de remoção 
cadavérica como sendo filho de Maura Givanilda Opena. O legista ao final 
aponta que se trata de natimorto com 2,2 Kg e estima um desenvolvimento fetal 
compatível com gestação de pelo menos oito meses completos. Na informação 
hospitalar, o obstetra anexa laudo ultrassonográfico onde consta que 24 horas 
antes do óbito havia batimentos cardiofetais e a cesariana foi indicada para 
extração de feto morto. Na confecção de documento médico-legal para 
sepultamento, assinale as assertivas corretas: 
(a) No campo referente a data do nascimento deve constar: a data registrada na 
ultrassonografia quando ainda se permitia observar o batimento cardiofetal 
(b) No campo referente a data e hora da morte deve constar: um traço linear 
prejudicando o campo 
(c) No campo referente a data e hora da morte deve constar: a data registrada na 
ultrassonografia 
(d) No campo referente ao nome do falecido deve constar: filho de Maura 
Givanilda Opena 
(e) No campo referente a data e hora da morte deve constar: a data por ocasião da 
necropsia 
(f) Deve-se primeiro orientar a família a procurar o cartório para registro de 
nascido morto 
(g) Deve-se primeiro orientar a família a procurar o cartório para registro de 
nascido vivo 
(h) No campo referente ao nome do falecido deve constar: recém-nascido 
(i) No campo referente ao nome do falecido deve constar: feto morto 
(j) No campo referente ao nome do falecido deve constar: natimorto 
 
Respostas: e, i 
Certamente não se trata de inviabilidade fetal pelo tempo de desenvolvimento 
intrauterino. 
A questão não esclarece a causa da morte, nem se o feto apresentava malformações. 
Muito provavelmente o legista deve colher material para exame toxicológicoe 
histopatológico. 
Diante da pouca informação e o que se objetiva a questão, por certo no campo 
referente a causa e a data da morte jamais poderá traçar uma linha. 
O que se tem a periciar não é um natimorto, mas um feto morto, pelo que informa a 
parada cardíaca intra-útero e a indicação da cesariana. 
Portanto, de todas as alternativas as mais corretas dão ênfase ao nome e a data da 
morte, onde deve constar como sendo de feto morto e a data da necropsia, 
respectivamente. 
- 27 - 
 
37) Tratando-se de exame de aborto (feto), com vínculo materno definido e desejo 
familiar de sepultamento, a confecção da Declaração de Óbito com a causa da 
morte: 
(a) É obrigatória se o feto possui sinais de idade gestacional igual ou superior a 20 
semanas, comprimento igual ou superior a 25 cm e peso igual ou superior a 
500g 
(b) É obrigatória se o feto possui sinais de idade gestacional igual ou superior a 22 
semanas, ou comprimento igual ou superior a 35 cm, ou peso igual ou superior 
a 550g 
(c) Não é realizada, sendo o feto acautelado no IML ou inumado após termo 
circunstanciado 
(d) Independe da idade gestacional, peso e comprimento do feto 
 
Resposta: D 
A declaração de Óbito (DO) a partir de 1976 se tornou documento de modelo único 
em todo território nacional. 
 Emitir uma declaração de óbito é um ato médico de cunho obrigacional com 
previsão na legislação. 
Nos casos de morte fetal o médico só está obrigado a preencher DO de feto em caso 
de idade gestacional igual ou superior a 20 semanas, ou comprimento igual ou superior 
a 25 cm, ou peso igual ou superior a 500g (Resolução CFM 1.779/2005). 
Nos casos de morte fetal com parâmetros inferior ao definido pela resolução, o 
médico se obriga a confeccionar a DO se a família manifestar desejo de sepultar o feto. 
Adendo à parte, de acordo com orientações do Ministério da Saúde, a DO deve ser 
emitida independente da duração da gestação, do peso e da estatura, se há sinais de vida 
extrauterina (nascido vivo), não se tratando nesse caso de óbito fetal. 
Óbitos fetais com biometria inferior ao definido pela Resolução CFM 1.779/2005, 
deve seguir ao que é preconizado pela Resolução RDC nº 306, de 7 de dezembro de 
2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 
Elenca tal resolução a regulação técnica de gerenciamento dos resíduos de serviços 
de saúde, como peças anatômicas amputadas, órgãos e fetos com biometria inferior a 
estabelecida. 
No caso de natimorto, criança que nasceu sem vida, em função de relevância 
jurídica, prevê o Ordenamento Jurídico que o registro deve ser lavrado o assento de 
natimorto no Livro C-auxiliar (Lei 6.015/1973, Art. 53). 
 
- 28 - 
 
38) Qual a natureza jurídica do exame de corpo de delito: 
(a) Instrumento de prova 
(b) Elemento de prova 
(c) Espécie de perícia 
(d) Meio de prova 
 
Resposta: C 
Em relação às provas, a perícia é genericamente meio de prova. As espécies de 
perícia são: exame, vistoria e avaliação (Art. 420 CPC). A questão é capciosa na medida 
em que a palavra exame é destacada em negrito e sublinhada, pois corpo de delito é 
elemento de prova. 
 
39) Qual a natureza jurídica do laudo de exame de corpo de delito: 
(a) Instrumento de prova 
(b) Elemento de prova 
(c) Meio de prova 
(d) Indício 
 
Resposta: A 
Na mesma espreita da questão anterior, sendo a perícia um meio de prova (prova 
crítica), o corpo de delito, um elemento de prova, o laudo constitui juridicamente um 
instrumento de prova, que anexado ao inquérito ou processo vem a caracterizar um 
indício. 
 
40) A luz do Processo Penal, a necropsia forense é uma perícia do tipo: 
(a) Avaliação oficial, extrínseca e liberatória 
(b) Vistoria oficial, intrínseca e percipiendi 
(c) Oficial, extrínseca e vinculatória 
(d) Oficial e intrínseca 
 
Resposta: D 
No bojo do entendimento processual e manifesto princípio da oficialidade, a 
necropsia forense é um exame requisitado por autoridade competente. Por tratar-se de 
materialidade da infração penal, o cadáver guarda relação direta com o fato, sendo a 
necropsia uma perícia de natureza intrínseca. 
- 29 - 
 
41) A figura abaixo reflete a preservação do local vistas ao princípio médico-legal 
de: 
 
 
 
(a) Legalidade expressa no art. 169 do CPP 
(b) Ambroise Paré 
(c) Lombroso 
(d) Locard 
 
Resposta: D 
Figura que demonstra a necessidade do isolamento e preservação da cena do crime 
como bem reza o Art. 169 do CPP. Edmond Locard (1877-1966), conhecido como 
Sherloch Holmes da França, pioneiro da ciência forense, introduziu o conceito ou teoria 
da trocas, ou teoria de Locard, segundo a qual há troca de materialidade entre a vítima, 
o agente e o local. 
 
42) A perícia médico-legal mediante o exame de corpo de delito na produção de 
um laudo caracteriza respectivamente em relação à classificação da prova 
técnica: 
(a) Meio, elemento e instrumento 
(b) Meio, instrumento e elemento 
(c) Instrumento, meio e elemento 
(d) Instrumento, elemento e meio 
 
Resposta: A 
Os destaques da questão apontam a natureza jurídica do que se propõe. Assim a 
perícia é um meio de prova. O exame de corpo de delito acaba por caracterizar um 
elemento de prova, propriamente mais em relação ao corpo de delito, que por si só 
- 30 - 
 
configura uma evidência. O laudo vincula ou não o vestígio examinado ao fato 
criminoso. Caracteriza este último um instrumento de prova. 
 
43) Qual das funções ocupa a mesma posição do perito como auxiliar da justiça, 
dentro do organograma processual: 
(a) Testemunha 
(b) Promotoria 
(c) Advocacia 
(d) Intérprete 
 
Resposta: D 
Dentro do organograma processual os auxiliares da justiça podem ser secundário, 
terciário ou especial. 
Os auxiliares secundários podem ser eventual ou permanente. 
São permanentes, o escrivão e o oficial de justiça. 
São auxiliares secundários eventuais, o depositário, o administrador, o intérprete e o 
perito (do Art.139 ao 153 CPC). 
 
44) O perito legista examina: 
(a) O instrumento e o corpo humano 
(b) A evidência de um delito 
(c) O vestígio de um delito 
(d) O indício de um delito 
 
Resposta: C 
O exame de corpo de delito é uma espécie de perícia. 
Enquanto exame, o que se apura é o vestígio quanto à veracidade da sua relação 
com o fato criminoso. 
Portanto, o legista examina vestígios, que uma vez comprovada a sua relação 
com o fato, imputa caracterizá-lo como corpo de delito, tornando-se então uma 
evidência de crime. 
 
 
- 31 - 
 
CAPÍTULO 2 
ESTUDO MÉDICO-LEGAL DA IMPUTABILIDADE 
 
1) Doutrinariamente, a imputabilidade como capacidade de imputação aponta um 
fato: 
(a) Psíquico, considerado em concreto 
(b) Psíquico, considerado em abstrato 
(c) Físico, considerado em concreto 
(d) Físico, considerado em abstrato 
 
Resposta: A 
A imputabilidade é um requisito da culpabilidade. Somado à antijuricidade e o fato 
típico, integra o conceito analítico tripartite de crime, em obediência ao ordenamento 
jurídico pátrio. 
É um fenômeno psíquico caracterizado pelo domínio da consciência e da 
autodeterminação (vontade). Sendo um fenômeno psíquico, faz-se imprescindível a 
análise do caso concreto, dada as variações de entendimento e resposta psíquica frente 
às condições diversas. 
Este é o entendimento desse instituto jurídico, como expressa o Art. 26 do CP, cujo 
critério de inimputabilidade é biopsicológico. Não basta ser doente mental, apresentar 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado. 
É preciso que ao tempo da ação ou da omissão, seja inteiramente incapaz de 
entender ou de autodeterminar-se de acordo com esse entendimento. 
 
2) Conceitualmente, a imputabilidade encerra uma: 
(a) Responsabilidade 
(b) Espontaneidade 
(c) Hereditariedade 
(d) Aptidão 
 
Resposta: D 
A personalidade encerra uma aptidão para ser titular de Direitos e de obrigações. A 
capacidade é a quantidade dessa aptidão. 
- 32 - 
 
Aonascer, a pessoa adquire a capacidade de Direito, tornando-se com capacidade de 
fato quando chegar a maioridade e com ela a sanidade mental, e o devido ajuste com o 
meio social. Ambos são Institutos do Direito Civil. 
A imputabilidade é um Instituto do Direito Penal que por definição jurídica é o 
domínio da consciência e da vontade. Conceitualmente encerra uma responsabilidade 
penal, pois se espera que com esse domínio a pessoa tenha a potencialidade de entender 
o caráter da ação ou da omissão e de conduzir-se de modo diverso, desde que amparado 
pelo ordenamento jurídico. 
 
3) A responsabilidade em relação à imputabilidade encerra uma: 
(a) Especificidade 
(b) Consequência 
(c) Aptidão 
(d) Causa 
 
Resposta: B 
É oportuno esclarecer que a culpabilidade é o grau de reprovabilidade social, sendo 
caracterizada na íntegra pela imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e 
exigibilidade de conduta diversa. 
A potencialidade de conhecer a ilicitude é uma proteção legal insculpida no Art. 3º 
da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) que expressa: “Ninguém se escusa de 
cumpri a lei, alegando que não a conhece”. 
Assim como reza o Art. 21 do CP: “O desconhecimento da lei é inescusável”. É 
preciso frisar que ninguém conhece todas as leis. 
Entretanto, o que se exige é a pessoa ter potencialidade para saber o que é certo e o 
que é errado. 
Portanto, diante do caso concreto a pessoa conhecendo a natureza do ato (lícito ou 
ilícito) e com domínio da consciência e da vontade, deve conduzir-se de acordo com os 
preceitos legais. 
Ilícito ou antijurídico é uma relação de contrariedade entre a conduta e o 
ordenamento jurídico (ilicitude formal) ou ao senso comum de justiça (ilicitude 
material). 
A exigibilidade de conduta diversa está atrelada diretamente à consciência do ato. 
Entretanto, algumas condições essa exigibilidade estará contaminada como no caso de 
coação moral irresistível e a obediência hierárquica. 
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Portanto, a responsabilidade encerra uma consequência. Porém fique atento ao caso 
concreto e ao seguinte detalhe: um esquizofrênico em surto de desrealização vem a 
cometer um crime (homicídio, por exemplo). 
O esquizofrênico nessa condição teve culpa no crime, foi o responsável pelo crime. 
Entretanto, ante ao prejuízo de seu domínio sobre a sua consciência e sua vontade, era 
ao tempo da ação inimputável. 
Sendo inimputável, não há culpabilidade, apesar de ter cometido um fato típico e 
antijurídico. Não tendo culpabilidade não há que falar em responsabilidade penal. 
Entretanto, responde de alguma forma. 
As espécies de sanção são: pena e medida de segurança. O que dá subsídio a pena é 
a culpabilidade, e à medida de segurança, á periculosidade. 
Portanto, o esquizofrênico do exemplo, entrará no critério para medida de 
segurança. A medida de segurança poderá ser por internação em hospital judiciário, se o 
crime cometido for punido com reclusão, ou por acompanhamento ambulatorial, se o 
crime cometido for punido com detenção. 
Em última análise, a responsabilidade sempre encerra uma consequência. 
 
4) Pré-requisito da responsabilidade penal: 
(a) Imputabilidade 
(b) Personalidade 
(c) Capacidade 
(d) Moralidade 
 
Resposta: A 
Como exposto no comentário da questão anterior, a imputabilidade é um pré-
requisito da responsabilidade penal. 
A imputabilidade é um dos critérios da culpabilidade. A culpabilidade somada à 
antijuricidade (ilicitude) e ao fato típico constitui o conceito analítico de crime, segundo 
o critério de nossa legislação. 
Sendo o fato apenas típico e antijurídico, porém, sem culpabilidade, não há que falar 
em crime, mas tão somente em infração penal. 
Fato típico é aquele que se ajusta ao modelo legal, descrito como tipo, onde define 
os elementos integrantes (conduta dolosa ou culposa, resultado, nexo de causalidade e 
tipicidade). O resultado e o nexo causal aparecem nos crimes materiais. 
- 34 - 
 
Tipicidade é o enquadramento formal e concreto da conduta em correspondência 
com a descrição do modelo legal. Porém, para caracterizar adequação típica há que 
constatar que o comportamento foi doloso ou culposo (teoria finalista) e motivado para 
produzir um dano relevante (teoria social). 
 
5) Na esquizofrenia o que primeiro desaparece é a: 
(a) Associação de ideias 
(b) Ambivalência 
(c) Afetividade 
(d) Iniciativa 
 
Resposta: C 
A esquizofrenia é um transtorno mental severo caracterizado por alucinações, 
delírios, estados catatônicos e depressivos, com nítida ou insidiosa desorganização do 
pensamento, da percepção e das emoções. 
Anteriormente era classificada em: simples, hebefrênica, catatônica e paranoide. 
Atualmente, segundo a DSAM-IV, é classificada em cinco categorias: paranoide, 
desorganizado, catatônico, indiferenciado e residual. 
A forma hebefrênica é a mais grave e de prognóstico sombrio. Esquizofrenia é 
um termo introduzido pelo psiquiatra suíço, EUGEM BLEULER, em 1911, para 
significar mente dividida. 
HENRIQUE ROXO (apud Hélio Gomes, 1987, p. 158) apontava como tríade 
essencial: perda da afetividade, perda da iniciativa e associação extravagante de ideias. 
A primeira a desaparecer é a afetividade comprometendo o relacionamento com 
os pais, irmãos, amigos, cônjuge etc. 
A perturbação da iniciativa se caracteriza pelo desleixo consigo mesmo e 
indecisões. 
Na associação extravagante de ideias, o enfermo mental apresenta nítida 
modificação de sua personalidade, perdendo o interesse por coisas que anteriormente 
eram por ele apreciadas. 
Demonstra conceitos irreais e absurdos, sendo frequentemente estereotipado 
como “louco”. 
São comuns nos esquizofrênicos a vadiagem, escândalos, acusações falsas, 
agressões, homicídios, automutilações e suicídios. 
- 35 - 
 
Fonte: Gomes, Hélio. Medicina Legal. Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos, 25ª ed, 
1987, p. 158). 
 
6) Denominação dada a incoerência entre o que se sente e o que é exteriorizado, 
muito comum no esquizofrênico: 
(a) Paramimia 
(b) Catatonia 
(c) Paranóia 
(d) Distimia 
 
Resposta: A 
Entre outras apresentações da esquizofrenia se encontra com frequência a 
ambivalência (sentimentos com polos contrários – gosta e não gosta, quer e não quer 
etc.) e a paramimia (contrariedade entre o que se sente e o que se extereoriza). 
HÉLIO GOMES (1987, p. 158), em relação à paramimia, exemplifica a 
condição que o enfermo chora diante de uma história alegre e rir quando a história é 
triste. 
 
Fonte: Gomes, Hélio. Medicina Legal. Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos, 25ª ed, 
1987, p. 158). 
 
7) Forma clínica da esquizofrenia que não cursa com alucinação: 
(a) Hebefrênica 
(b) Catatônica 
(c) Paranóide 
(d) Simples 
 
Resposta: D 
A forma simples da esquizofrenia, outrora denominada demência simples, apresenta 
os sinais clássicos da enfermidade, com alterações da afetividade, pensamentos 
desajustados e condutas extravagantes. 
Na Forma hebefrênica se observa a queda progressiva da intelectualidade, 
sentimentos desagregados com perda da iniciativa, da emoção, da ética e dos cuidados 
básicos consigo. Nesta forma não há delírios e alucinações. 
- 36 - 
 
Na catatônica há alteração da motilidade, podendo ser caracterizada pela agitação ou 
pelo estupor, pela rigidez postural (catatonia cérea) ou flexibilidade. 
Na forma paranoide chama atenção a ideia de posse fixa e o eco de pensamento. 
 
8) Características elementares da forma paranoide da esquizofrenia descritas por 
Kraepelin: 
(a) Ideia de posse fixa e eco do pensamento 
(b) Delírios e alucinações 
(c) Alucinações e Ilusão 
(d) Delírios e ilusões 
 
Resposta: A 
Segundo KRAEPELIN, a ideia de posse fixa e o eco de pensamento são elementos 
essenciais para o diagnóstico da forma paranoide da esquizofrenia. 
A ideia de posse fixa é caracterizada por alteração da cinestesia, apresentando o 
indivíduo um sentidode estar sendo possuído e tendenciado por outro.Podem relatar 
beliscões, socos, choques, descaso etc. 
No eco de pensamento, o enfermo relata que suas ideias ou o seu pensar são 
roubados e falados em voz alta por outro. 
 
9) As impulsões nos sujeitos epilépticos podem conduzi-los ao homicídio, suicídio, 
à cleptomania, ao exibicionismo e aos atentados ao pudor (HÉLIO GOMES, 
1987, p. 154). Outra possibilidade de importância forense é o andar sem rumo, 
às vezes por semanas, sem se quer recordar do evento. Tal possibilidade se 
denomina: 
(a) Dromomania 
(b) Paramimia 
(c) Catatonia 
(d) Distimia 
 
Resposta: A 
A epilepsia é uma síndrome que pode ou não ser precedida por aura. O sinal mais 
evidente é a convulsão. Após a crise (estado pós-comicial) o enfermo pode apresentar 
um estado crepuscular prolongado ou não, caracterizado pela turvação da consciência. 
Esse estado pode levar o indivíduo a situações variadas. 
- 37 - 
 
Como exemplos, impulsão para caminhar sem rumo (dromomania), voltar-se para o 
exibicionismo, roubar coisas diversas (cleptomania), violentar sexualmente, 
automutilar, matar e suicidar-se. 
Um estado crepuscular grave, manifestado por agitação psicomotora foi apontado 
por LEGARND DU SAULLE nos crimes epilépticos violentos com as seguintes 
características: Ausência de motivo, de remorso e de premeditação; ato súbito, 
instantâneo; execução com ferocidade; múltiplos golpes; amnésia. 
 
10) Assinalar a alternativa que não é típica do assassino serial: 
 
 
(a) (b) (c) (d) 
 
Resposta: D 
O assassino em série ou serial killer é um criminoso psicopata ou sociopata, com 
peculiaridades próprias de acordo com sua psicopatia. 
Atua periodicamente ou com frequência regular, por um modus operandi e 
deixando uma marca ou “assinatura”, que em geral o qualifica. 
Segundo MACDONALD (1963, 120: 125-130), o assassino serial apresenta três 
característica comportamentais durante a infância: urinam na cama, provocam 
incêndios e demonstram crueldade com os animais (tríade de MacDonald). 
Podem ser organizados ou não. São intelectualmente normais e convívio social 
satisfatório. Atuam numa sequência definida em fases: Aura (1ª fase), pesca (2ª 
fase), galanteadora (3ª fase), captura (4ª fase), assassinato ou totem (5ª fase) e 
depressão (6ª fase). 
A vítima geralmente é selecionada, sendo rara a ocasionalidade. Assim podem 
selecionar homossexuais, prostitutas, crianças, idosos, mendigos etc. Apresentam a 
necessidade de imprimir sofrimento a vítima, levando a crer que muito raramente 
utilizam da arma de fogo como meio de execução. 
 
- 38 - 
 
Fonte: Macdonald, J.M. The Threat to Kill. Am. J. Psychiatry, 1963, 120: 125-130 
 
ANALISE O TEXTO 
Um jovem de 14 anos de idade foi preso em flagrante delito por furtar a bolsa de 
uma idosa mediante ameaça com uma faca. 
O fato narrado incorre nos termos do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA – 
Lei 8.069/90) como crime sujeito a pena de reclusão de quatro a dez anos, e multa. 
O responsável pelo jovem comprova a identificação e idade do mesmo pela 
certidão de nascimento e documento de identidade expedido pelo IFP. 
Alega ao Delegado que se trata de doente mental, porém deixa claro que essa é a 
sua impressão pessoal, uma vez que não há história médica pregressa que aponte tal 
diagnóstico. 
O Delegado de Polícia fundamentado nos incisos VII e VIII do Art. 6º do CPP 
requisita os seguintes exames: Identificação (pelo Instituto de Identificação Félix 
Pacheco -IIFP); Determinação da idade (pelo Instituto Médico-Legal Afrânio 
Peixoto – IMLAP) e exame de Insanidade Mental (pelo IMLAP). 
O advogado do jovem alega abuso de poder da autoridade policial arguindo que 
não se pode privar a liberdade no caso em pauta, pois se trata de criança, e o exame 
de identificação criminal não cabe pelo fato do jovem está civilmente identificado e 
carecer de justificativa prevista legalmente. 
Fica caracterizado o constrangimento ilegal submeter uma pessoa à identificação 
criminal quando identificado civilmente, com base no art. 5º, LVIII da CRFB-88. 
Fundamentado neste pormenor entra com recurso de Habeas Corpus. 
Fontes: ECA – Lei 8.069/90. Artigos 2º, 103, 104, 106, 107, 109 e 112. Lei 
12.037/2009 - CP – Art. 157 / CPP – Art. 6º VII, VIII; Art. 149 CRFB – Art. 5º 
LVIII e Art. 228 / Súmula 568 STF Material Didático: Direito Constitucional. 
Alexandre de Moraes, 2007, 22ª ed. P.121. 
 
11) Há quatro impropriedades jurídicas no primeiro parágrafo da narrativa. 
Complete o quadro: 
PALAVRA ERRADA CORREÇÃO FUNDAMENTO LEGAL 
 Art. 
 Art. 
 Art. 
 Art. 
- 39 - 
 
Respostas: De acordo com o Estatuto da Criança e Adolescente e o CP, o quadro ficaria 
assim: 
 
PRESO APREENDIDO Art. 107 ECA 
FURTAR ROUBAR Art. 157 CP 
CRIME ATO INFRACIONAL Art. 103 ECA 
RECLUSÃO MEDIDA DE SEGURANÇA Art. 112 ECA 
 
 
12) No último parágrafo algumas frases e palavras foram destacadas. 
 
a. Não se pode privar a liberdade no caso em pauta. ( ) Certo ( ) Errado 
Fundamentação Legal: ................................................................................... 
b. Pois se trata de criança. ( ) Certo ( ) Errado 
Fundamentação Legal: ................................................................................... 
 
c. O exame de identificação não cabe pelo fato do jovem está civilmente identificado e 
carecer de justificativa prevista legalmente. ( ) Certo ( ) Errado 
Fundamentação Legal: ................................................................................... 
 
d. Fica caracterizado o constrangimento ilegal submeter uma pessoa à identificação 
criminal quando identificado civilmente. ( ) Certo ( ) Errado 
Fundamentação Legal: ....................................................................................................... 
 
e. Entra com recurso de Habeas Corpus. ( ) Certo ( ) Errado 
Justificativa Simples: ....................................................................................................... 
 
f) Quanto aos exames solicitados pelo Delegado de Polícia: 
f.1. Exame de identificação. ( ) Procede ( ) Não procede 
Fundamentação Legal: ....................................................................................................... 
- 40 - 
 
f.2. Determinação da Idade. ( ) procede ( ) Não procede 
Fundamentação Legal: ....................................................................................................... 
f.3. Exame de Insanidade Mental. ( ) Procede ( ) Não procede 
Fundamentação Legal: ....................................................................................................... 
 
Respostas: Com a devida fundamentação legal e jurídica, as lacunas ficariam 
assim preenchidas: 
a)Errado, Art. 106 ECA; b) Errado, Art. 2º ECA; c) Certo, Art. 109 ECA – Art. 5º 
LVIII CRFB – Art. 1º Lei 12.037/2009; d) Errado, Súmula 568 STF; e) Errado, 
Habeas Corpus não é recurso; f.1) Não procede, Art. 109 ECA – Art. 5º LVIII 
CRFB; f.2) Não procede, Art. 109 ECA – Art. 5º LVIII CRFB, Art 1º Lei 
12.037/2009; f.3) Não procede, Art. 149 CPP. 
 
13) Qual o critério médico-forense de modificação da imputabilidade penal do caso 
em estudo: 
(a) Biopsicológico 
(b) Psiquiátrico 
(c) Mesológico 
(d) Biológico 
 
Resposta: D 
O menor, por questão de idade e sendo o entendimento que não há maturação 
psíquica, é um critério de modificação da imputabilidade de natureza biológica. 
Decorre de conclusão própria da lei. 
Portanto, tratando-se de menoridade, a presunção absoluta (juris et de jure), por si 
só, já faz prova de inimputabilidade frente a legislação comum. 
 
14) O valor probante, no caso concreto narrado, que aponta para inimputabilidade 
sem a necessidade da perícia psiquiátrica forense é: 
(a) O responsável legal que testemunha sua impressão pessoal que o jovem é doente 
mental 
(b) O Documentode Certidão de nascimento que aponta a idade do agente 
(c) A Presunção legal absoluta estabelecida pela menoridade 
(d) A Presunção legal relativa estabelecida pela menoridade 
- 41 - 
 
Resposta: C 
O fato jurídico pode ser provado mediante: confissão, documento, testemunha, 
presunção e perícia. 
Assim reza o Art. 212 do CC. O valor de prova que o menor é inimputável frente a 
legislação comum, decorre de conclusão própria da lei por presunção absoluta, não 
admitindo prova em contrário. 
 
15) A inimputabilidade em função da menoridade é atribuída à: 
(a) Desenvolvimento mental incompleto 
(b) Desenvolvimento mental retardado 
(c) Enfermidade mental 
(d) Demência 
 
Resposta: A 
O entendimento predominante e que dá subsídio legal como critério de 
inimputabilidade por presunção absoluta, é que o menor apresenta imaturidade psíquica. 
Assim sendo, é um critério biológico que vincula a idade à maturidade para o 
entendimento sobre a ilicitude e de autodeterminar-se de acordo com esse entendimento. 
Trata-se de desenvolvimento mental incompleto apontado no Art. 26 do CP. 
 
16) O critério psicológico implícito no art. 26 do CP guarda relação com: 
(a) A capacidade de autodeterminação 
(b) A alteração mental preexistente 
(c) O tempo da ação ou omissão 
(d) A capacidade de entender 
 
Resposta: C 
Não basta ter doença mental, apresentar desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado, para caracterizar inimputabilidade. 
Nos termos do Art. 26 do CP, é preciso apurar se ao tempo da ação ou da omissão o 
indivíduo era inteiramente incapaz de entender a ilicitude do fato e dominar sua vontade 
de acordo com esse entendimento. 
Portanto, é ao tempo da ação ou da omissão que fica implícito o critério psicológico 
para inimputabilidade. 
- 42 - 
 
17) Qual princípio jurídico está sendo comprometido quando o réu é submetido a 
hipnose forense? 
(a) Dignidade da Pessoa humana 
(b) Presunção de Inocência 
(c) Adequação social 
(d) Ofensividade 
 
Resposta: A 
A hipnose é entendida juridicamente como uma doença mental transitória, onde o 
indivíduo é submetido a uma condição de transe que venha a embotar ou sugestionar a 
sua consciência e sua vontade. 
Sendo um meio ardil e ilegítimo, a hipnose forense afronta o Princípio da Dignidade 
da Pessoa Humana, de resguardo e proteção constitucional. 
 
18) Analisar os dois casos verídicos cuja alegação da defesa foi homicídio por 
sonambulismo: 
 
1º Caso - Scott Falater matou a esposa dele, Yarmila, aplicando-lhe inicialmente 44 
facadas, e em seguida afogou-a na piscina. O evento durou mais de cinquenta minutos. 
Scott foi mais de duas vezes a garagem para esconder as roupas ensanguentadas de sua 
mulher, onde teria escondido a faca do crime, e depois guardou tudo em uma caixa e 
colocou no porta-malas do carro. Ao todo foram 64 ações. 
 
2º caso – Kenett Parks, aos 23 anos de idade, na noite de 1987, pegou o carro e foi até a 
casa dos sogros. Foi para a cozinha e apanhou uma faca. A sogra ao deparar com o 
genro tentou acordá-lo. Kenett desferiu cinco golpes de faca na sogra, matando-a. O 
sogro tentou desarmá-lo e escapou da morte. Ao acordar e ver a cena, Kenett se 
desesperou e se entregou na delegacia. 
Fundamentado na ciência médica responda: 
A- Qual dos casos aponta para um episódio de sonambulismo: 
( ) 1º caso ( ) 2º caso 
B- Quais argumentos apoiam ou invalidam a tese de crime sob o efeito do 
sonambulismo: 
Para o 1º caso: 
- 43 - 
 
Para o 2º caso: 
 
Respostas: Com a devida fundamentação legal e jurídica, os questionamentos ficam 
assim respondidos: 
A) O 2º caso; 
B) Para o 1º caso: quase impossível o sonambulismo durar mais de 50 minutos; o 
sonâmbulo é incapaz de planejar as suas ações. Neste caso foram 64 ações. O 
córtex cerebral que é a área que planeja está dormindo; Para o 2º caso: ação 
violenta após a tentativa de acordar o sonâmbulo; não há planejamento; o agente se 
mostra confuso. 
 
19) Condições previstas no ordenamento jurídico pátrio, dentro da inimputabilidade, 
que configuram desenvolvimento mental incompleto: 
(a) Menoridade e débil mental 
(b) Débil mental e silvícola 
(c) Surdo-mudo e Imbecil 
(d) Menoridade e silvícola 
 
Resposta: D 
O menor, o silvícola isolado e o surdo-mudo sem acompanhamento cultural, 
enquadram-se no caput do Art. 26 do CP como apresentando desenvolvimento mental 
incompleto. 
O idiota, o imbecil, o débil mental e o débil mental fronteiriço, integram o grupo das 
oligofrenias, sendo indicado no referido artigo como desenvolvimento mental retardado. 
 
20) O desenvolvimento mental incompleto atribuído ao índio se deve: 
(a) As diferenças culturais entre a indígena e a sociedade 
(b) A inadaptação deste à tábua de valores da sociedade 
(c) Ao retardamento psíquico em função da sua cultura 
(d) A condição neuroanatômica própria do índio 
 
Resposta: B 
A Lei 6.001/1973 é o estatuto do Índio assinada pelo Presidente da República – 
Emílio G. Médici. 
- 44 - 
 
Trata-se de uma lei que regula a situação jurídica dos índios e das comunidades 
indígenas, objetivando preservar a sua cultura e integrá-los progressivamente à 
comunhão nacional (Art. 1º). 
Mantendo a rigidez quanto as definições e etimologia das palavras, diferencio o 
índio do silvícola, que a primeira vista parece ser a mesma coisa. 
No meu entendimento pessoal, silvícola é o índio que nasce e vive exclusivamente 
em ambiente selvagem. Sem contato com a sociedade comum. O índio pode até nascer 
em comunidade indígena, deixando de ser silvícola quando passa a conviver integrado a 
sociedade comum. 
Entendo, portanto, que o desenvolvimento incompleto atribuído ao índio se deve a 
não adaptação aos valores da sociedade, ou seja, tratamos aqui do tão somente silvícola. 
 
21) Por força do art. 56, caput, do Estatuto do Índio (Lei 6.001 ̸ 73), o silvícola 
plenamente adaptado, frente às consequências penais, é considerado: 
(a) Imputável, porém há uma atenuante obrigatória pela sua condição de índio 
(b) Imputável, respondendo na totalidade como qualquer cidadão 
(c) Semi-imputável 
(d) Inimputável 
 
Resposta: A 
Segundo expõe o Art. 4º da Lei 6.001/1973, os índios são considerados: 
isolados, em vias de integração e integrados em relação à comunhão nacional. 
A questão trata do Art. 56 do referido diploma legal, em que o índio se encontra 
plenamente adaptado a sociedade comum. 
Portanto, a infração penal cometida pelo índio tem conotação de imputabilidade, 
mas dada a sua condição de índio, a lei prevê que da condenação, este deverá ser 
beneficiado por uma atenuante. 
Art. 56. No caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser atenuada 
e na sua aplicação o juiz atenderá também ao grau de integração do silvícola. O grifo é 
nosso. 
 
22) Qual a qualificação jurídica psíquica do silvícola não adaptado? 
(a) Desenvolvimento mental incompleto 
(b) Desenvolvimento mental retardado 
(c) Doença mental 
(d) Alienação social 
- 45 - 
 
Resposta: A 
O silvícola não adaptado é aquele classificado como isolado ou em vias de 
integração, como reza o Art. 4º do Estatuto do Índio, nos incisos I e II. A qualificação 
jurídica nesses casos e com base no Art. 26 do CP é de desenvolvimento mental 
incompleto. 
 
23) O índio, atrelado, única e exclusivamente, à cultura silvícola, entra no critério 
biológico de inimputabilidade, por não apresentar: 
(a) Domínio da consciência da ilicitude 
(b) Cultura da sociedade comum 
(c) Capacidade cognitiva 
(d) Capacidade volitiva 
 
Resposta: A 
O que leva à inimputabilidade do silvícola isolado, como bem expõe a questão, e 
guardando fidedignidade ao diagnóstico jurídico definido no Art. 26 do CP, é a ausência 
de domínio da consciência da ilicitude, uma vez que estamos tratando de 
inimputabilidade. 
Lembrar que se quer o silvícola isolado não tem o potencial de consciência da 
ilicitude,quanto mais o domínio. Aí estaríamos tratando de um dos pressupostos da 
culpabilidade. 
O fato é que o problema não é de natureza de domínio da consciência, mas sim de 
potencial para saber o que é certo ou errado. 
 
24) A inviabilidade de o silvícola não integrado compreender a ilicitude se deve ao: 
(a) Conjunto de valores culturais diverso da sociedade comum 
(b) Retardamento da capacidade cognitivo-volitiva 
(c) Desenvolvimento mental incompleto 
(d) Desenvolvimento mental retardado 
 
Resposta: A 
O que inviabiliza o silvícola compreender a ilicitude é o conjunto de valores 
diverso da sociedade comum, daí sua classificação como isolado. 
O Art. 21 do CP trata do erro sobre a ilicitude do fato, onde preceitua que o 
desconhecimento da lei é inescusável. Complementa que se o erro sobre a ilicitude do 
- 46 - 
 
fato for inevitável, não haverá pena, e se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um 
terço. Inescusável é evitável. 
Porém, tratando-se de silvícola isolado, é uma espécie de erro de proibição 
inevitável (escusável, invencível), por inexistir a potencial consciência da ilicitude. 
 Considera-se invencível porque exclui o dolo e a culpa, não podendo ser 
vencido com emprego de precaução. Portanto, tal erro exclui a culpabilidade 
(FERNANDO CAPEZ, 2012, pp. 187-188). 
 
Fonte: Capez, F. Direito Penal Simplificado – Parte Geral. São Paulo, 15ª ed, 2012, 
pp. 187-188 
 
25) O silvícola não integrado, na condição de inviabilidade da compreensão da 
ilicitude, por força da barreira de sua cultura, é absolvido por falta de 
culpabilidade, pois este incide em erro: 
(a) De proibição invencível 
(b) De proibição evitável 
(c) In procedendo 
(d) De pessoa 
 
Resposta: A 
Segundo o caput do Art. 20 que trata do erro sobre elementos do tipo, erro de 
tipo, é o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime. Portanto, é o erro que 
recai sobre os elementos objetivos. 
Nas palavras de FERNANDO CAPEZ (2012, p. 131), “erro de tipo é o 
desconhecimento ou falsa ideação de uma situação de fato, um dado da realidade ou 
uma relação jurídica, descritos no tipo legal, como seus elementos, suas circunstâncias 
ou como dados irrelevantes”. 
As formas de erro tipo são: essencial (recai sobre elementares e circunstâncias) 
ou acidental (recai sobre dados secundários – sobre o objeto, pessoa, execução etc.). 
É marcante no erro essencial a não consciência da ilicitude fática ou 
desconhecimento da circunstância. 
O erro essencial pode ser invencível (inevitável, escusável) ou vencível (evitável 
inescusável). COSTA MACHADO (2013, pp. 36-37) interpreta o citado artigo 
ensinando que no erro inevitável, exclui qualquer tipicidade, dolosa e culposa. 
- 47 - 
 
Complementa que no erro evitável, exclui somente o dolo, permitindo-se a 
sanção por crime culposo se há previsão legal. 
A questão aborda um exemplo de erro sobre a ilicitude do fato em função da não 
potencialidade do silvícola conhecer a ilicitude, por ser isolado da comunhão nacional. 
Portanto, é um erro de proibição invencível por ser inevitável (Art. 21 do CP). 
 
Fontes: Capez, F. Direito Penal Simplificado – Parte Geral. São Paulo, 15ª ed, 2012, 
pp. 187-131 
Machado, C (organizador). Código penal Interpretado. São Paulo, Manole, 3ª ed, 
2013 pp. 36-37 
 
26) Declarar a inimputabilidade ou interdição é de competência: 
(a) Dupla, jurídica e médica 
(b) Exclusivamente jurídica 
(c) Exclusivamente médica 
(d) Psiquiátrica 
 
Resposta: B 
A inimputabilidade e a interdição são institutos jurídicos, penal e civil, 
respectivamente. 
Trata-se de “diagnósticos” jurídicos e de competência exclusiva do judiciário. 
Naturalmente são fundamentados em provas. 
No caso do menor, a fundamentação pela inimputabilidade é por presunção legal 
absoluta. Não há necessidade de exame médico, salvo diante de dúvidas quanto à idade, 
quando então, a critério judiciário ou da autoridade policial, poderá ser realizado o 
exame de determinação de idade. 
Tratando-se de silvícola, o Juiz poderá requisitar o exame antropológico para 
classificação do índio dentro dos critérios definidos no Art. 4º na Lei 6.001/1973. 
Compete, exclusivamente ao judiciário, requisitar o exame de sanidade mental do 
agente (Art. 149 do CPP) e do apenado que se conclui pela semi-imputabilidade ou no 
caso de superveniência de doença mental, como critério de conversão da pena para 
medida de segurança (Art. 41 do CP e Art. 183 da Lei de Execução Penal – LEP). 
 
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Caso a vítima dê sinais de enfermidade mental ou deficiência mental, a autoridade 
policial pode requisitar o exame de sanidade mental para casos específicos como 
exemplo o capitulado no Art. 217-A §1º (estupro de vulnerável). 
Nos casos de interdição por demência senil, prodigalidade e outros, a autoridade 
judiciária se apoiará em laudo psiquiátrico. 
 
27) Um psicótico paranoide em crise é inimputável ao tempo do crime, devido à 
falta (de): 
(a) Arrependimento do que fez 
(b) Juízo crítico da realidade 
(c) Memória de suas ações 
(d) Autodeterminação 
 
Resposta: B 
A esquizofrenia paranoide é umas das formas clínicas da esquizofrenia, 
caracterizada por delírios primários, essencialmente por percepção de persecutoriedade 
ou de grandiosidade, porém com relativa preservação da intelectualidade e do afeto. 
É das formas a mais homogênea e não cursa com deterioração da personalidade. O 
enfermo se mostra geralmente reservado, desconfiado e com tendência a agressividade. 
Das alucinações, a mais comum é a auditiva. 
A percepção ilusória de perseguição pode levar o enfermo à extrema ansiedade, ao 
suicídio, ou evoluir com raiva e violência. Portanto, há uma alteração do juízo crítico da 
realidade e comportamentos variados, podendo ser de natureza médico-legal. 
 
28) Na tentativa de recorrer à inimputabilidade, um indivíduo autor de determinado 
crime, alega que não se recorda do fato a ele atribuído. Dá subsídio à alegação o 
estado: 
(a) De analfabetismo 
(b) De embriaguez 
(c) Crepuscular 
(d) Psicótico 
 
Resposta: C 
Das alternativas, a amnésia para fatos imediatamente anteriores é característica 
marcante do estado crepuscular. 
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Este estado aparece mais comumente no epiléptico em estado pós-comicial. 
A amnésia anterógrada também é vista em determinadas toxicomanias, no 
sonambulismo e quadros demenciais. 
Caso a alegação fosse de não saber o que estava fazendo, estaríamos diante de 
condições culturais de desconhecimento da ilicitude (silvícola, por exemplo) ou diante 
de embriaguez completa. 
 
29) No estado psicótico há prejuízo da racionalidade: 
(a) Abstrata e intelectual 
(b) Pragmática 
(c) Volitiva 
(d) Social 
 
Resposta: A 
O que caracteriza a psicose é a desrealização, distorção da realidade ou perda do 
contato com a realidade através de ilusões, alucinações, desestruturação do eu etc. 
Não há prejuízo da memória, nem da cognição. Entretanto, apesar de possibilitar o 
convívio social e não apresentar alterações da realidade pragmática, obedecendo a 
regras e fórmulas, o enfermo não apresenta juízo crítico do que faz, em geral apoiado 
em princípios ou fatos ilógicos e irreais (realidade abstrata e intelectual). 
 
30) O menor de 18 anos de idade, emancipado, é: 
(a) Penal e civilmente incapaz 
(b) Penal e civilmente capaz 
(c) Penalmente incapaz 
(d) Civilmente incapaz 
 
Resposta: C 
Segundo o Art. 5º do CC “a menoridade cessa aos dezoito anos completos, 
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil”. É o momento 
que se adquire a capacidade de fato. 
Entretanto, há uma previsão de cessar a incapacidade para os menores, como 
reza o parágrafo único do citado artigo, nas seguintes condições, elencadas nos incisos 
que se seguem: I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial,

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