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Psicologia do Desenvolvimento - UNIDADE 1 (pdf.io)

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Psicologia do Desenvolvimento
Unidade 1 
A Psicologia e a história
Você já se perguntou sobre o motivo de estudarmos a história de alguma coisa? Por que
não começamos a estudar o que a Psicologia diz hoje e pronto? Será que conhecer a
história dessa disciplina nos auxilia na compreensão de como chegamos até aqui?
Para você, qual a importância de saber o seu passado para compreender o que está
sentindo?
A Psicologia é constituída de muitas visões acerca do homem e do mundo, porém, o que
liga todas estas visões é a história desta ciência:
“Somente a exploração das origens da psicologia e o estudo do seu desenvolvimento é
que proporcionam uma visão clara da natureza da psicologia atual. O conhecimento
histórico organiza a desordem e estabelece um significado ao que parece ser um caos,
colocando o passado em perspectiva para explicar o presente. (SCHULTZ, 2012, p. 2)”
Também pode-se dizer que olhar para o passado constitui um método de várias linhas
psicoterapêuticas, como a Psicanálise que tenta compreender o passado do paciente ou,
como nas abordagens cognitivo-comportamental e gestáltica, que tentam entender como
o passado afeta o presente.
Além disso, podemos nos questionar: a partir de que ponto começamos o estudo da
Psicologia? 1900? 1800? 1700? Não, senhoras e senhores! A Psicologia remonta à
antiguidade, embora ainda não fosse conhecida como
“Psicologia”. Porém, suas bases podem ser encontradas em Platão e Aristóteles, no
século V a.C.
A palavra Psicologia, vem da junção das palavras gregas “Psyché” (que significa alma
ou espírito) e “logos” (estudo, compreensão). Assim, Psicologia significa “o estudo da
alma”.
Os filósofos antigos já faziam questionamentos quanto ao comportamento humano e, até
o século XVIII, continuaram a investigar o ser humano, suas motivações, pensamentos,
emoções, sensações, memórias e aprendizagem.
A partir desta época, pesquisadores das ciências médicas e biológicas também passaram
a se interessar pelo estudo da mente humana. Tal aproximação das ciências naturais
possibilitou que, a partir do século XIX, a Psicologia fosse estabelecida como ciência.
Considerando isso, talvez não devamos chamar de “História da Psicologia” o que veio
antes do século XIX, porém, também não podemos fingir que os acontecimentos
anteriores não possuem importância para nos trazer até o ponto em que a Psicologia se
torna ciência.
Vamos, então, ver um resumo das principais influências, em especial filosóficas, que
antecederam a constituição dessa ciência.
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“A Psicologia tem um longo passado, mas uma curta história.” Hermann Ebbinghaus
Principais influências filosóficas na Psicologia
Para entendermos melhor os períodos que influenciam a Psicologia moderna, veja
abaixo uma linha do tempo das eras pré-histórica e histórica, bem como os principais
eventos em cada Idade.
 
O período definido como Idade Antiga, ou Antiguidade, apresenta 3 grandes períodos
de pensamentos filosóficos: Pré-Socrático, Socrático, Pós- Socrático.
Vamos ver cada um desses períodos do pensamento filosófico, seus representantes e
suas ideias:
Período Pré-Socrático (séculos VII-V a.C.)
Neste período, os pensadores se preocupavam com problemas cosmológicos, isto é, com
problemas relativos à origem do universo. Os pré-socráticos acreditavam que o universo
tinha se originado a partir de um único elemento ou fenômeno.
Partiam da observação para estudar a realidade, buscando a origem natural das coisas,
sua essência, por meio de explicações lógicas provindas das observações naturalistas.
Podemos destacar, neste período, pensadores como: Tales de Mileto (624 a.C.-548
a.C.), Pitágoras de Samos ((570 a.C.-497 a.C.) e Demócrito Abdera (460 a.C.- 370
a.C.), dentre outros.
Quer saber um pouco mais sobre esses pensadores e seus contemporâneos? Então,
acesse: https://mundoeducacao.bol. uol.com.br/filosofia/presocraticos.htm
Período socrático (séculos V- IV a.C.)
Sócrates 469 a.C 
Neste período, também chamado de clássico, os filósofos se preocupam com problemas
metafísicos, isto é, que transcendem a realidade objetiva do mundo físico. Assim, o
interesse pela natureza se integra ao interesse pelo espírito. Sócrates, Platão e
Aristóteles são os maiores representantes deste período.
O propósito deste período é um exame de si mesmo, enquanto método filosófico, assim,
buscando o estudo do homem. Porém, homem não enquanto indivíduo e sim enquanto
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ser, possuidor de uma alma (psyché), a qual é constituída de virtudes. Assim, o homem
nasceria para ser virtuoso, diferenciando-se dos animais por sua inteligência.
Platão 428 a.C.
Para Platão, discípulo de Sócrates, o conhecimento empírico (através de experiências)
deveria ser substituído pelo conhecimento intelectual, pois este seria universal e
absoluto, enquanto as experiências seriam relativas, ou seja, pessoais.
O filósofo acreditava que a alma humana deriva de uma alma universal e esta alma
universal pertenceria ao mundo das ideias, logo, da intelectualidade. Sendo a alma a
inteligência pura. Platão acreditava que tudo que é criado no mundo físico, vem antes
deste mundo das ideias, de onde vêm as almas dos homens.
Para saber um pouco mais sobre os filósofos apresentados aqui e mais alguns, acesse a
vídeo aula “Sócrates, Platão, Aristóteles, Descartes e Rousseau” produzida pela Unesp
https://youtu.be/b6dCnMwmB0A Acesso em 18 de janeiro de 2019.
Aristóteles 384 a.C. 
Já para Aristóteles, a alma seria um princípio da vida, e o mundo físico não seria criado
primeiramente nas ideias, como para Platão. O filósofo apresentava uma postura mais
realista, estudando os seres vivos em si e não a ideia do ser vivo, como seu antecessor.
Período Pós-Socrático (320 a.C. até o começo da era cristã)
Neste período, os filósofos se separaram em duas linhas, estóicos e epicuristas, ambas
buscando a discussão de problemas morais. Os filósofos discutiam a ética e a conduta
moral dos homens. Seus representantes: Epicuro (341 a.C) e Zenão.
Quer saber mais sobre os epicuristas e os estóicos e sua busca pela ética? Acesse o link
https://professorakaroline.blogspot.com/2012/04/3-ano-filosofia-epicurismo-e-
estoicismo.html. Acesso em 15 de janeiro de 2019.
Idade Média
Com o advento da era cristã, os valores da antiguidade modificaram-se. Enquanto o
pensamento grego atestava que o homem era subordinado ao universo e exaltava a
inteligência, os cristãos pregavam a subordinação do universo ao homem e a obediência
a Deus.
Na Idade Média, há uma ordem superior que ampara os homens e que dita as regras da
vida. A vida é compartilhada, não privada, pois nem mesmo há cômodos separados nas
casas. Assim, há a coletividade que vive em função dos senhores feudais e da Igreja.
Origem da Psicologia Moderna
A Idade Moderna corresponde o período do século XV ao século XVIII, começa a
formar os primórdios de uma disciplina chamada de Psicologia. Neste período da
história da humanidade, houve o estabelecimento de uma teoria econômica, o
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mercantilismo. Além disso, houve a expansão da colonização europeia dos continentes
americano, asiático e africano, disseminando a religião cristã por todo o mundo.
Esse período é marcado também pela difusão do Renascimento (séc. XIV a XVI) e do
Iluminismo (século XVIII). O Renascimento foi um importante movimento artístico,
científico, cultural e filosófico da modernidade, sendo o marco da transição da Idade
Média para Idade Moderna.
O Iluminismo surge no século XVIII na Europa, defende o uso da razão (luz). Sendo
contra as ideias do antigo regime, prega a liberdade econômica, política e social. Alguns
pensadores se destacaram, como: John Locke, Voltaire e Rousseau.
No século XVI, o ser humano apresentou a necessidade de obter um conhecimento de si
mesmo, de identificar sua individualidade e deter novas experiências. Desta busca por
uma individualidade surgiram outras discussões, que faremos apenas menção neste
material por considerar de menor importância à compreensão do surgimento da
Psicologia. Tais discussões giram em torno:
 da distinção entre o corpo e mente;
 do reconhecimento da loucura como uma doença que é ligada à mente;
 da distinção entre infância e vida adulta, sendo que a criança era antes vista
como um mini adulto, sem necessidades cognitivas ou físicas distintas, de um
adulto.
O filme: “Nise: O coração da loucura” (2015) retrata a história de uma psiquiatra
brasileira que se recusa a tratar os pacientes internados no manicômio onde trabalha da
mesma forma que sempre foram tratados, com crueldade. Inicia um lindo trabalho de
terapia ocupacional e psicoterapia com os internos, revolucionando o tratamento dado a
pessoas com transtornos mentais. Assista, é um filme que retrata as condições, das
pessoas com doenças mentais e o tratamento que muitas vezes, eram utilizados choques
e cirurgias.
Esta necessidade de busca por si mesmo, foi o princípio para toda uma ciência, o qual
deu origem a dois pontos muito importantes para o delineamento da Psicologia:
 A descoberta da subjetividade privada;
 A crise da subjetividade privada. 
Com dúvidas sobre o que é a subjetividade? Acesse o vídeo a seguir e descubra!
https://www.youtube.com/ watch?v=yuHJ78KCv-Q Acesso em 18 de janeiro de 2019.
Descoberta da subjetividade privada
Se pensarmos no homem, enquanto indivíduo que tem consciência de ser um “eu”, com
experiências próprias e subjetivas, entendemos que hoje todos nós nos reconheceremos
como este indivíduo, correto?
“Ter uma experiência da subjetividade privatizada bem nítida é para nós muito fácil e
natural: todos sentem que parte de suas experiências é íntima, que mais ninguém tem
acesso a ela. É possível, por exemplo, ficar um longo tempo pensando se vamos ou não
fazer uma coisa, quase decidir por uma e, no final, acabar fazendo a outra, sem que
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ninguém fique sabendo de nada. Com frequência sentimos alegrias e tristezas intensas e
procuramos escondê-las.
A possibilidade de mantermos nossa privacidade é altamente valorizada por nós e
relacionada ao nosso desejo de sermos livres para decidir nosso destino. A experiência
da solidão, ansiada ou temida, é
 também altamente expressiva daquilo que acreditamos ser nossa individualidade.
(FIGUEIREDO & SANTI, 1997, p. 19)”.
Assim, de acordo com Figueiredo e Santi (1997), para nós, seres da Idade
Contemporânea, é fácil compreendermos que somos sujeitos (subjetividade) que
possuem pensamentos, emoções, planos e sensações que sejam privadas, somente
nossas. Mas, nem sempre foi assim.
Na antiguidade, como vimos, buscava-se uma vida que refletisse um autogoverno do
corpo e da alma (saché). Não havia uma busca por autoconhecimento, a qual sempre
tentamos cultivar nos dias de hoje.
Os antigos buscavam uma vida que se assemelhasse a uma obra de arte a partir de
ensinamentos e da natureza, não buscavam verdades internas como fazemos hoje.
A cristandade voltou-se para o interior, mas não para encontrar a si, e sim para
encontrar Deus, dentro de si. Assim, os cristãos se diferenciaram dos antigos por
buscarem verdades interiores, porém não
verdades individuais, mas advindas de um ser superior a eles próprios. 
Por fim, a partir da modernidade, passou-se a olhar para dentro de si, como nos dizem
Vilela, Ferreira e Portugal:
“Na passagem para o cuidado de si moderno há, pois, uma mudança de finalidade: não
se busca mais uma purificação da alma para atingir Deus, mas uma pura afirmação de
si. E também, o exame de si, outrora exercido através de instrumentos religiosos e
jurídicos (como a confissão), cede aos aparatos científicos modernos (a anamnese, a
entrevista clínica, os testes mentais). Portanto, mudam igualmente as técnicas desse
novo cuidado de si. (2005, p. 16)”.
A busca por esta afirmação, que dizem os autores, acontece quando há situações de crise
social, isto é, quando aquilo que temos estabelecido enquanto valores ou costumes são
questionados, produzindo novas formas de se viver. Quando há este questionamento
daquilo que temos como verdade, precisamos nos interiorizar, ou seja, nos voltar para
dentro de nós mesmos para tomar as decisões, uma vez que não há apoio da sociedade
para nos dizer o que devemos ou não fazer.
Quais atos as minorias como: mulheres, negros, indígenas e comunidade LGBT,
realizam para que suas vozes e seus anseios sejam ouvidos? Você crê que a sociedade
tem condições de prover tais grupos, com os direitos que lhe são devidos, sem que haja
pressão popular? De que forma? Reflita e busque maiores informações sobre a
representatividade das minorias.
 
Ao colocar em debate o que estava estabelecido socialmente, ocorre uma perda de
referências, as quais antes eram coletivas, partilhadas por quase toda a sociedade
(referências como gênero, raça, família, leis, etc).
Portanto, o ser humano se vê na necessidade de encontrar suas próprias respostas. Nesta
busca, muitas vezes há questionamentos como: Quem sou? O que quero para mim? O
que é correto? o que desenvolve a habilidade de reflexão moral.
Estes questionamentos se refletem em outros setores, como as artes. Quando
começamos a perceber que poderíamos ter uma subjetividade privada, pudemos nos
expressar de forma diferente. Assim, surgiram o romance e a poesia lírica (que fala do
eu) e, também, pinturas que traduzem o mundo interior do artista.
A subjetividade privada foi possível, também, graças à criação da imprensa e da
possibilidade de impressão de livros e jornais. Antes da imprensa, pouquíssimos
possuíam livros, pois eles eram copiados a mão. Mas também, poucos eram os que
sabiam ler. Assim, a imprensa possibilitou que a leitura se ampliasse e que, se tornasse
silenciosa, dentro da mente de cada um.
A partir do Renascimento, as autoridades que governavam a vida dos indivíduos e
ditavam a conduta do povo perderam a força ou mudaram de função. A forma de
governo foi lentamente se modificando e os reis não mais ditavam o que seus súditos
deveriam ou não fazer com suas vidas.
Da mesma forma, a Reforma e Contrarreforma da Igreja, diminuíram os padres,
cardeais e bispos o posto de governantes da vida privada de seus fiéis. Também Deus se
distanciou, não era mais o guardador dos passos individuais, sendo agora o criador,
cabendo ao homem escolher seus caminhos.
Mas, não apenas de alegrias viveram os homens do século XIX. Há alguns dissabores
no caminho! Vejamos quais.
Crise da subjetividade privada
Definimos, até aqui, que a subjetividade privada não é algo que a humanidade sempre
teve, mas que foi construída quando questionamos valores e crenças e passamos a
refletir para tomar nossas decisões, assim, criando uma ideia de que o homem é livre
para escolher seus caminhos.
Entretanto, a ideia de liberdade passou a ser questionada no século XIX, uma vez que,
liberdades e interesses individuais se colocam a favor de alguns poucos e resultam em
problemas, como nos dizem Figueiredo e Santi:
“Os interesses particulares levam a conflitos; a liberdade para cada um tratar de seu
negócio desencadeou crises, lutas e guerras. Os trabalhadores no século XIX foram aos
poucos descobrindo que se defenderiam melhor unidos em sindicatos e partidos do que
sozinhos. O Estado, a administração pública, não ficaram inertes. Para combater os
movimentos operários reivindicatórios, para pôr um pouco de ordem na vida social - em
que cada um defendia o que era seu sem pensar nas consequências para todos -e para
defender os interesses dos produtores de uma nação contra os das outras, a
administraçãopública cresceu, cresceram o Estado, a burocracia, cresceram as forças
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armadas. A partir daí, como ficava aquela ideia de liberdade individual? Ainda no
século XIX, conjuntamente com as burocracias, cresce a grande indústria baseada na
produção padronizada e mecanizada, cresce o consumo de massa para os produtos
industriais. Onde ficava, então, aquela ideia de que cada um é único e diferente dos
demais? (1997, pp. 49-50)”.
Com o questionamento acerca da real liberdade individual, muitos conflitos tomam
forma ao redor do mundo e, em especial, na Europa. Dessa forma, o campo para o
surgimento da Psicologia enquanto ciência está pronto. É preciso uma ciência que dê
conta da angústia do indivíduo, gerada pela compreensão de que possui uma
subjetividade, mas que sua liberdade é, em certo grau, ilusória. Além disso, é necessária
uma nova ciência que auxilie o Estado a governar e controlar sujeitos que agora tiram
suas próprias conclusões.
Para compreender uma pouco mais sobre a crise da subjetividade privada, assista ao
filme “Os Miseráveis”, baseado na obra do escritor francês Victor Hugo. O filme conta
a história de um povo preso entre sonhos e desilusões, culminando na Revolução
Francesa. É possível perceber bem o quanto a miséria leva ao povo a entrar em crise,
assim como as estruturas sociais.
Objeto de estudo da Psicologia
Ao tentar se estabelecer como ciência, a Psicologia apresenta inicialmente um
problema: seu objeto de estudo: a psiquê, ou seja, a mente humana.
“O que restaria para uma psicologia como ciência independente? Nada! Embora, à
primeira vista, possa parecer surpreendente, esta foi exatamente a resposta de um
importante filósofo francês do século XIX, Auguste Comte (1798-1857). No seu
sistema de ciências não cabe uma “psicologia” entre as “ciências biológicas” e as
“sociais”. (Figueiredo e Santi, 1997, p. 15) ”.
Para Comte, as ciências biológicas e as ciências sociais já dariam conta de estudar o ser
humano, a primeira: biologia, a segunda, a sua inserção na sociedade. Porém, era
preciso que alguém estudasse a subjetividade do ser humano, a sua mente.
A mente seria, para os psicólogos iniciais, uma entidade separada do corpo, a qual seria
responsável pelos processos cognitivos. Este conceito foi contestado por linhas futuras,
em especial pelo behaviorismo, que não utiliza tal conceito em sua teoria.
Todavia, para estudar a mente eram necessários métodos e os séculos XVIII e XIX
providenciaram diversos deles para compreender o mundo e seus seres. Veja abaixo os
principais métodos de pesquisa tanto do homem quanto do mundo que o rodeia:
Todavia, para estudar a mente eram necessários métodos e os séculos XVIII e XIX
providenciaram diversos deles para compreender o mundo e seus seres. Veja abaixo os
principais métodos de pesquisa tanto do homem quanto do mundo que o rodeia:
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Esses métodos foram (e ainda são) utilizados nas mais diversas disciplinas. Da mesma
forma que os filósofos os utilizavam para estudar a mente e a sociedade, os
pesquisadores das ciências biológicas do século XIX, os utilizavam para entender a
fisiologia humana.
Fisiologia: é o estudo do funcionamento dos seres vivos e dos processos físicos e
químicos que se passam nos organismos.
Desta forma, os fisiologistas se encarregaram de estudar a ligação entre os nervos e as
sensações no corpo humano, mapeando as funções do cérebro. Com tais pesquisas,
iniciasse a Psicologia Experimental, que tinha por objetivo estudar a mente por meio de
experimentos.
Os primeiros estudos na área da Psicologia Experimental foram realizados por Hermann
Von Helmholtz, Ernst Webber, Gustav Theodor Fechner e Wilhelm Wundt. Este último
considerado ainda hoje o pai da Psicologia Moderna.
Até este ponto, a Psicologia já era considerada disciplina dentro dos cursos de
graduação e pós-graduação, porém ainda não era uma ciência de fato, oficial, capaz de
gerar uma profissão.
“Wilhelm Wundt foi o fundador da psicologia como disciplina acadêmica formal.
Instalou o primeiro laboratório, lançou a primeira revista especializada e deu início à
psicologia experimental como ciência. Os temas de suas pesquisas, como sensação e
percepção, atenção, sentimento, reação e associação, tornaram-se capítulos básicos de
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livros didáticos e são até hoje fontes inesgotáveis de estudo. Tanto que a maior parte da
história da psicologia pós-wundtiana é caracterizada pela contestação ao seu ponto de
vista da psicologia, fato que não desvaloriza sua importância nem seus feitos como seu
fundador. (SCHULTZ & SCHULTZ, 2010, pp. 78-79)”.
Wundt criou o primeiro laboratório de psicologia experimental na Universidade de
Leipzig, na Alemanha. Ele estudava a consciência, a qual “incluía várias partes
diferentes e podia ser estudada pelo método de análise ou da redução”. (Idem, ibidem, p.
84).
Para conseguir estudar a consciência, Wundt utilizou o método da introspecção, pois,
para ele, somente o sujeito que passa pela experiência pode fazer observações sobre o
que se passa em sua mente.
Método Introspectivo: método de autoanálise para o estudo dos pensamentos e
sentimentos.
Utilizando o Método Introspectivo para vasculhar a mente humana, Wundt chegou às
seguintes teorizações:
 
Alguns exemplos de processos cognitivos são: linguagem, percepção, reflexão e
pensamento.
Obviamente seu método de introspecção foi muito criticado, afinal, se cada indivíduo
observar sua própria mente e trouxer suas respostas, diferindo das respostas dos outros
indivíduos, como saber o que é correto não é mesmo?
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Apesar de ter suas ideias criticadas, Wundt conseguiu eliminar da pauta da Psicologia a
discussão sobre a separação corpo e alma presente desde a antiguidade, concentrando-se
na experiência consciente. Também, fundou sua revista científica e formou diversos
alunos que continuaram ou modificaram seu legado, tornando a Psicologia uma ciência
moderna.
Considerando que no início da Psicologia o objeto de estudo foi a mente e, depois, para
Wundt, a consciência, podemos nos questionar: qual será, realmente, o objeto de estudo
da Psicologia atual?
Vamos analisar a definição proposta por Myers e DeWall:
“Para englobar a preocupação da psicologia com o comportamento observável e com os
pensamentos e sentimentos internos, atualmente definimos psicologia como a ciência do
comportamento e dos processos mentais.
Vamos esclarecer essa definição. Comportamento é tudo o que um organismo faz – toda
ação que podemos observar e registrar. Gritar, sorrir, piscar, suar, falar e responder a um
questionário são todos comportamentos observáveis. Processos mentais são as
experiências internas e subjetivas que inferimos a partir do comportamento – sensações,
percepções, sonhos, pensamentos, crenças e sentimentos. (2017, p. 6)”.
Podemos perceber, então, que hoje a Psicologia enquanto ciência se interessa tanto pelo
comportamento humano, aquilo que podemos observar externamente, mesmo que muito
sutilmente, quanto pelos processos mentais, as experiências que não conseguimos
observar apenas ao olhar para o outro, que podemos chamar, também, de subjetividade
privada.
O que faz alguém ser reconhecido como fundador de uma ciência? Veja o que nos
dizem Schultz & Schultz acerca de Wundt:
“A contribuição de Wundt para a fundação da psicologia moderna é devida não tanto a
uma única descoberta científica quanto à promoção vigorosa da experimentação
sistemática realizada por ele. Portanto, fundação não é sinônimo de criação, embora
essa distinção não tenha a intenção de ser depreciativa (2012, p. 79)”.
As escolas psicológicas: Estruturalismo, Funcionalismo e
Associacionismo
Comodissemos anteriormente, a Psicologia derivou-se de experiências pessoais e
eventos sociais. Esta junção possibilitou que a nova ciência tentasse compreender o
comportamento e os processos mentais por diversos ângulos, formado diversas escolas
psicológicas.
As primeiras escolas foram surgindo, mais ou menos junto com as pesquisas de Wundt,
e as principais escolas derivadas dos primeiros anos da Psicologia Experimental são: o
Estruturalismo, o Funcionalismo e o Associacionismo. Embora não sejam escolas que
tenham expressividade hoje, elas certamente possibilitaram o desenvolvimento de
diversas abordagens atuais.
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O professor José Antônio Damásio Abib, da Universidade Federal de São Carlos,
realizou um levantamento histórico da constituição da psicologia enquanto ciência. Leia
o artigo na íntegra clicando no link a seguir: http://www.scielo.br/ Acesso em: 18 de
janeiro de 2019
Estruturalismo
O estruturalismo foi pensado e fundado por Edward B. Titchener (1867-1827), um
britânico que se interessou pela psicologia de Wundt e foi até Leipzig, para estudar
diretamente com o pai da psicologia moderna.
Ao se formar, Titchener e suas ideias não foram bem recebidos em sua terra natal, por
isso partiu para o Estados Unidos para lecionar e abrir seu laboratório de psicologia
experimental.
Embora tenha estudado com Wundt e levado as ideias do alemão para os Estados
Unidos, a sua escola diferia muito da psicologia experimental de seu mestre.
Para Wundt, como vimos anteriormente, a psicologia deveria estudar os elementos da
consciência e, mais especificamente, a organização destes elementos (processos
cognitivos) por meio da apercepção. Isto é, a mente possuiria uma capacidade peculiar
de “decidir" qual a melhor forma de organizar os processos cognitivos.
“Titchener se concentrava nos elementos ou conteúdos mentais, assim como na conexão
mecânica mediante o processo de associação, mas descartava a doutrina da apercepção
de Wundt. O seu enfoque estava nos elementos propriamente ditos e, na sua opinião, a
principal tarefa da psicologia consistia na descoberta da natureza das experiências
conscientes elementares - a determinação da estrutura da consciência mediante a análise
das suas partes componentes. (SCHULTZ & SCHULTZ, 2012, p. 106)”.
 
Como podemos ver, Titchener acreditava que o que deveria ser estudado não era a
organização dos processos cognitivos superiores e sim as partes que constituíam tais
processos. Para isso, como o método ainda era a introspecção, Titchener pedia a seus
alunos que realizassem alguns experimentos.
Um desses experimentos era o do tubo de borracha. Os alunos engoliam um tubo de
borracha, porém deixando sua extremidade na boca. Ao longo do dia eram alternados
água quente e água gelada e os alunos deveriam relatar o que sentiam.
Outros experimentos pediam que os alunos anotassem suas sensações ao urinar, defecar
ou até mesmo durante a relação sexual, por vezes utilizando alguns dispositivos
amarrados ao corpo para medir respostas fisiológicas – como suor ou batimentos
cardíacos.
Você conseguiria participar de testes como estes descritos acima? Muitas vezes a
ciência necessita de pessoas que passem por experimentos para que chegue a respostas,
como no caso de testagem de medicamentos.
Mas será que você entregaria seu corpo e sua mente para o auxílio da ciência?
http://www.scielo.br/
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A psicologia produziu diversos experimentos que ficaram famosos, acesse o site a
seguir e veja alguns deles: http://insight-psicoterapias.com/2016/01/24/10-
experimentosfamosos-da-psicologia/ Acesso em:18 de janeiro de 2019.
 
Uma vez que os processos cognitivos superiores, como os pensamentos são
inconscientes, isto é, produzidos pela mente sem que nos demos conta, para Titchener o
objeto de estudo da psicologia deveriam ser os processos conscientes, por isso usava
como medida as sensações (tubo de borracha/ eliminação de urina e fezes/sensações na
relação sexual), as imagens e a afetividade.
As imagens, para o estruturalismo, seriam as lembranças do passado, as quais
produziriam imagens que poderiam ser descritas. Da mesma forma, também se estudou
a afetividade, experiências como amor, ódio ou tristeza, emoções que podem ser
observadas e descritas por meio da introspecção.
Claramente podemos perceber que esta escola não teve continuidade após a morte de
seu fundador, devido as diversas críticas. A primeira delas foi em relação ao método da
introspecção, crítica que também alcançou Wundt anos antes. O filósofo Auguste
Comte levantou a questão de deveriam haver duas mentes, uma que observasse e uma
que fosse observado, o que obviamente não é possível.
“A mente é capaz de observar todos os fenômenos, exceto os próprios. (…) O órgão
observador e observado neste caso é o mesmo e a sua ação não pode ser pura e natural.
Para realizar uma observação, o intelecto deve fazer uma pausa na sua atividade; no
entanto essa é exatamente a atividade que se deseja observar. Se uma pausa não for
possível, será impossível realizar a observação; e, se for possível, não haverá objeto a
ser observado. Os resultados desse método são igualmente proporcionais ao seu
absurdo. (COMTE, 1830/1896 apud SCHULTZ & SCHULTZ, 2012, p. 117)”.
Ao mesmo tempo em que as críticas recaíam sobre o método introspectivo, também o
faziam sobre a figura de Titchener, que teimava em não alterar sua pesquisa ou método,
quando a psicologia já vinha avançando a passos largos.
Assim, suas teorias foram – aos poucos – sendo excluídas dos cursos de Psicologia e
morreram com seu fundador. Ao mesmo tempo, seu método introspectivo contribuiu
para o desenvolvimento do que chamamos de relato oral de experiência, usado por
diversas abordagens atualmente, tanto na resposta de questionários, em testes de
inteligência, e em relatórios que requerem relatos de experiências pessoais.
A partir das críticas e contestações ao método de Titchener, outras escolas foram se
aperfeiçoando para doar as bases para as abordagens contemporâneas da Psicologia.
Para compreender melhor como acontecem os relatos orais, acesse o artigo “As
Técnicas de Relatos Orais e o Estudo das Representações Sociais em Saúde”, de Raquel
Maria Rigotto, da UFCE. Acesse o artigo pelo link: http://www.scielo.br/scielo Acesso
em 18 jan. 2019.
Funcionalismo
http://www.scielo.br/scielo
http://insight-psicoterapias.com/2016/01/24/10-experimentosfamosos-da-psicologia/
http://insight-psicoterapias.com/2016/01/24/10-experimentosfamosos-da-psicologia/
Qualquer nova teoria não nasce de forma aleatória e em uma data específica, ela vai se
moldando ao longo do tempo e em concomitância com as teorias que são tendências no
momento. Para que o Funcionalismo passasse a existir, enquanto uma escola de
pensamento da Psicologia, foram necessárias algumas influências, as quais veremos a
seguir.
A primeira influência foi a do filósofo americano Herbert Spencer (1820-1903). Spencer
tivera contato com a teoria da evolução de Charles Darwin e nomeou sua própria teoria
de Darwinismo Social. Tal teoria previa que tudo no universo atua em evolução
conforme a sobrevivência do mais apto. Assim, o próprio caráter humano e as
instituições sociais deveriam seguir a “lei do mais apto”.
"Na visão utópica de Spencer, se o princípio da sobrevivência do mais apto operasse
com liberdade, apenas os melhores sobreviveriam. Portanto, a perfeição humana seria
inevitável, desde que nenhuma ação interferisse na ordem natural das coisas."
(SCHULTZ & SCHULTZ, 2012, p. 153) Para se atingir a “perfeição humana”,
Spencer acreditava que o governo não deveria interferir e nem ajudar seus cidadãos(sem educação, saúde ou moradia aos mais pobres). Tais ideias eram compatíveis com o
pensamento da sociedade americana, voltada ao individualismo e ao útil e funcional. Ou
seja, a sociedade só seria perfeita caso somente os mais aptos sobrevivessem.
Sabemos bem o quanto estas ideias são perigosas. Elas criam um clima de
“sobrevivência do mais forte” que desconsidera qualquer diferença entre os indivíduos e
de pensamento.
O artigo de Costa; Costa e Gomes, intitulado Teorias fascistas: discutindo o fascismo
em sala de aula, apresenta ligações entre o Darwinismo Social e regimes que não
respeitam as diferençasAcesse:https://publicacao.uniasselvi.com.br/
index.php/HID_EaD/article/view/1784/880
 
Além das ideias de Spencer sobre o Darwinismo social, um médico americano
possibilitou o florescimento do Funcionalismo. Foi William James (1842-1910),
formado em medicina e com interesse pela psicologia, quem criou alguns princípios
para o novo campo de estudos.
James concluiu que o objeto de estudo da Psicologia deveria ser a adaptação dos seres
humanos no meio ambiente em que estão inseridos, revelando ligação de sua teoria com
o Darwinismo Social de Spencer.
O pesquisador acreditava, também, que o físico afetava as condições psicológicas do
sujeito e “que fatores emocionais determinavam as crenças e que as necessidades e os
desejos humanos influenciavam a formação da razão e dos conceitos”. (SCHULTZ
& SCHULTZ, 2010, P. 161)
Assim, a psicologia deveria buscar explicar os fenômenos, experiências imediatas, e as
condições da vida mental, corpo e cérebro. A consciência, para James, não poderia ser
reduzida a processos, pois ela é um fluxo constante, não há como dividi-la.
https://publicacao.uniasselvi.com.br/
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Os cientistas que iniciaram o Funcionalismo não estavam, inicialmente em busca de
criar uma nova teoria, e sim de combater as duas escolas vigentes, a de Wundt e a de
Titchener. Entretanto, logo as ideias foram se delineando enquanto uma nova escola de
pensamento.
Em verdade, quem acabou nomeando a nova escola foi, sem querer, o próprio
Titchener. Sim! Em um de seus artigos (Os postulados da psicologia estrutural),
Titchener fez uma oposição entre o estruturalismo e o funcionalismo de seus opositores,
dando uma identidade à nova escola, sem mesmo perceber.
Outros pesquisadores muito importantes para o funcionalismo foram John Dewey
(1859-1952) e James R. Angell (1869-1949). O primeiro postulou a teoria do Arco
Reflexo, que é a ligação entre um estímulo sensorial e uma resposta motora, ou seja,
quando batemos com o martelinho no joelho (estímulo sensorial), a perna dá um leve
chute no ar (resposta motora).
Assista ao vídeo sobre os reflexos para entender melhor sobre o ato reflexo. Acesse pelo
link: https://www.youtube.com/watch?v=nF3s-UqruZE Acesso em: 18 de janeiro de
2019.
Angell descreveu os principais temas do movimento funcionalista, moldando o
movimento:
 O funcionalismo deveria descobrir como os processos mentais ocorrem e sob
quais condições;
 A consciência é um instrumento, e como tal, tem um uso, que é o de mediar o
que o organismo necessita e o que o ambiente disponibiliza, gerando adaptação;
 É uma psicologia da relação entre a mente e o corpo e o ambiente.
Os estruturalistas criticaram muito o movimento funcionalista, mesmo antes de se
estabelecer como uma escola de pensamento. A principal crítica vinha em relação ao
nome, os cientistas nunca explicaram de forma veemente o motivo do termo, função.
Para os críticos também era necessário rever a necessidade de se trabalhar questões
práticas, uma vez que os estruturalistas não se interessavam por aplicar nada,
diferentemente dos funcionalistas.
Porém, mesmo com as críticas, o funcionalismo possibilitou o desenvolvimento da
psicologia contemporânea, em especial nos Estados Unidos. Entre seus métodos
estavam: pesquisa fisiológica, descrições objetivas, testes mentais e questionários.
O funcionalismo abriu as portas para as pesquisas de comportamento animal, bebês,
crianças e adultos com dificuldades mentais.
O que você acha das pesquisas que utilizam animais? Acesse duas matérias que
apresentam seus pontos de vista e reflita sobre isso. Matéria da Fiocruz:
https://portal.fiocruz.br/ noticia/uso-de-animais-em-pesquisa-abrange-desafioseticos-e-
compromisso-com-novas-tecnologias Entrevista com médico americano sobre o
assunto: https://veja.abril. com.br/ciencia/a-pesquisa-cientifica-com-animais-e-
umafalacia-diz-o-medico-ray-greek/
Hoje sabemos que o maior contingente de trabalhadores da psicologia é composto por
mulheres. Porém, ao longo deste material você verá que não há menção a mulheres nos
primórdios da Psicologia. Embora em número inferior, havia sim, muitas mulheres
trabalhando e pesquisando nos bastidores. Entretanto, raras vezes durante o
desenvolvimento da Psicologia como ciência elas puderam aparecer, na maior parte das
vezes, impedidas pelos próprios professores de seguirem pesquisando. Mas algumas
conseguiram se sobressair em meio à repressão. Acesse a matéria 10 grandes mulheres
da ciência e veja algumas das cientistas extraordinárias que fizeram grandes
descobertas! https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/03/10-grandes-
mulheres-daciencia.html
Associacionismo
As escolas que vêm a seguir do funcionalismo nos Estados Unidos não ficaram
conhecidas como Associacionismo, mas sim como Teorias da Aprendizagem. Porém,
seu início é impreciso, dividido entre diferentes países e pesquisadores, a partir da
influência da teoria associacionista de John Locke, podemos então, chamar o início das
Teorias da Aprendizagem de Associacionismo.
Para entendermos, teremos que voltar um pouco na nossa linha de raciocínio da
evolução da psicologia para falarmos de Locke. John Locke foi um filósofo inglês que
viveu no século XVII. Em 1690, Locke publicou um livro intitulado “Um ensaio sobre a
compreensão humana”, o qual marcou o início do empirismo inglês.
O filósofo se interessava em saber como a mente aprende, uma vez que considerava que
os seres humanos, nasciam sem conhecimento algum, como Aristóteles afirmou na
antiguidade (o homem é uma tábula rasa).
Ele se opunha a Descartes, que acreditava na existência das ideias inatas, como na
crença do homem em Deus. Porém, Locke explica que, embora seja plausível para um
adulto que a crença em Deus seja inata, ela é, na verdade, ensinada desde tenra infância.
Entenda melhor a ligação entre o Empirismo britânico e o Associacionismo, com
exemplos. Acesse o vídeo clicando no link: https://www.youtube.com/watch?
v=RoQlbAXKsaM Acesso em: 18 em 18 de janeiro de 2019.
Logo, a mente era capaz de adquirir conhecimento por meio da experiência, dividida
por ele em dois tipos:
 Sensação: “derivadas da experiência sensorial direta com os objetos físicos
presentes no ambiente, são simples impressões do sentido.” (SCHULTZ &
SCHULTZ, 2012, p. 42)
 Reflexão: as sensações geram uma operação na mente, que por sua vez age sobre
as sensações, formando ideias por meio da reflexão.
“Essa função cognitiva ou mental da reflexão como fonte de conceitos depende da
experiência sensorial, já que as ideias produzidas pela reflexão da mente têm como base
as impressões anteriormente percebidas pelos sentidos. […]. Durante a reflexão,
resgatamos as impressões sensoriais passadas, combinando-as para formar abstrações e
outras ideias de nível superior. (idem, ibidem, p. 42)”.
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Estas ideias de que nos falam Schultz e Schultz, foram divididas por Locke em simplese complexas, sendo que as simples provêm das sensações e as complexas derivam da
reflexão, por meio da associação de várias ideias.
Assim, as ideias simples, podem ser transformadas em complexas, associando-se a
outras ideias simples ou mesmo complexas. A associação de Locke é o que hoje
chamamos de aprendizagem.
Agora que compreendemos de onde vem o nome dado às escolas iniciais das Teorias da
Aprendizagem, ou associacionistas, podemos entrar no ramo da psicologia que deu
origem ao que hoje conhecemos como Behaviorismo, ou Ciência do Comportamento.
Veremos o Behaviorismo e suas aplicações na Unidade 4, quando analisarmos a
aprendizagem nas diversas fases da vida.
Aqui faremos um levantamento breve das influências do Behaviorismo, dando
continuidade ao nosso levantamento histórico. Vamos lá?
Edward Lee Thorndike (1874-1949)
Você percebeu que até aqui a maioria dos pesquisadores eram formados em medicina
ou ciências biológicas? Pois então, podemos dizer que Thorndike é um dos primeiros
psicólogos enquanto profissão, embora seus antecessores tivessem doutorados na área,
muitas vezes não eram reconhecidos como tal.
Assista ao vídeo sobre o experimento da caixa problema de Thorndike para
compreender melhor suas teorias. Acesse pelo link: https://www.youtube.com/watch?
v=Qw8Kyj7OO-s Acesso em: 18 de janeiro de 2019.
Thorndike focou no comportamento que poderia ser observado, e não na experiência
consciente ou nos elementos mentais com muitos antes dele. Compreendia a
aprendizagem como conexões entre o estímulo apresentadoe a resposta. 
Estou te apresentando um estímulo, que são as palavras e imagens neste e-book, e você
está emitindo uma resposta, que é a de ler!
Thorndike também descreveu o aprendizado por tentativa e erro, embora chamasse de
tentativa e sucesso acidental.
Ivan Petrovitch Pavlov (1849-1936)
Concomitante a Thorndike, o russo Pavlov também desenvolvia teorias sobre
aprendizagem. O médico e fisiologista primeiramente estudou a função dos nervos
cardíacos e as glândulas digestivas, este último
lhe rendendo o Prêmio Nobel em 1904. Por fim, seus estudos se voltaram para os
reflexos condicionados, área que o efetivou como um influenciador das teorias da
aprendizagem. 
Para explicar o que é um reflexo condicionado, vamos quebrar em algumas etapas.
Em primeiro lugar devemos saber, que todos os seres humanos possuem reflexos inatos,
isto é, que nascem conosco. Exemplos de reflexos inatos são: o ato de sugar do bebê
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quando o seio da mãe é apresentado, a capacidade de salivar quando ingerimos
alimento, lacrimejar quando há um cisco no olho e assim por diante.
Como você pode ver pelos exemplos acima, para que haja um reflexo é necessário um
estímulo do ambiente. Vamos analisar um deles:
 Cisco no olho = estímulo apresentado pelo ambiente 
 Ato de lacrimejar = resposta do organismo ao cisco
Ou seja, o reflexo inato nada mais é do que uma ‘preparação mínima, que os
organismos têm para começar a interagir com seu ambiente e para ter chances de
sobreviver”. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 17)
Muito bem, agora que você já compreendeu o que é um reflexo inato, vamos ver o
reflexo condicionado.
Pavlov realizou uma pesquisa com cães para estudar suas glândulas digestivas, porém,
percebeu que o cão podia aprender novos reflexos. Como assim? Vamos ver de forma
mais detalhada:
Para ver como era feito o experimento de Pavlov acesse o vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=C40cXKi4c3Y&t=1s
I. Em primeiro lugar, Pavlov inseriu um tubo de ensaio na boca dos cães para
medir a salivação dos animais, em relação com a quantidade e qualidade da
comida apresentada.
II. Em seguida, Pavlov descobriu que havia outros estímulos que faziam com que o
cão salivasse, e não apenas a comida. A mera visão da comida gerava uma
resposta de salivar, e também os passos do pesquisador para alimentar o cão
faziam com o mesmo salivasse. Não apenas isso, Pavlov percebeu que,
chegando perto da hora em que os pesquisadores deveriam alimentar o cão, ele
salivava.
III. Foi então que o russo decidiu estudar com mais afinco esses reflexos que
estavam sendo aprendidos pelos cães.
IV. Assim, Pavlov começou a emparelhar os estímulos, ou seja, apresentava a carne
seguida do som de uma sineta. Em seguida media a quantidade de saliva
produzida.
V. Após mais ou menos 60 emparelhamentos (carne e sineta), o pesquisador apenas
apresentou a sineta, sem a carne, e o cão produziu a mesma quantidade de saliva
que produzia com a carne.
Podemos perceber, então, que Pavlov conseguiu demonstrar que pela apresentação de
estímulos podemos ter diferentes respostas e, assim, aprender novas respostas também.
Que tal rever alguns conceitos e se preparar para as próximas unidades? Acesse o vídeo
sobre Pavlov, Watson e Skinner, os três maiores pensadores da Teoria da
Aprendizagem: https:// www.youtube.com/watch?v=IE8lzYxVW6M

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