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CAPÍTULO 2 Fundamentos de Ciência Radiológica TÔPICOS Unidades Padrão de Medida Comprimento Massa Tempo Unidades Mecânica Velocidade Aceleração Leis do Movimento de Newton Peso Momento Trabalho Potência Energia Calor Matemática para Ciência Radiológica Frações Decimais Algarismos Significativos Álgebra Sistemas Númericos Regras para Expoentes Gráficos Terminologia de Ciência Radiológica Prefixos Numéricos Unidades Radiológicas OBJETIVOS Ao final deste capítulo, o estudante deverá ser capaz de: 1. Discutir a derivação de sistemas de medidas científica 2. Listar os três sistemas de medida 3. Identificar nove categorias de mecânica 4. Resolver problemas usando frações, decimais, expoentes e equações algébricas 5. Identificar a notação científica exponencial e os prefixos associados 6. Listar e definir as unidades de radiação e radioatividade NO CAPÍTULO 1, a matéria e a energia foram definidas. A Mecânica, que envolve a matéria em movimento, é discutida neste capítulo. No entanto, quando se tratar de matéria, energia ou mecânica, padrões de medida são necessários. Este capítulo também lida com tais padrões. No instante em que um tubo de raios X produz raios X, todas as leis da física são evidentes. O elétron ejetado do cátodo atinge o alvo do ânodo, produzindo raios X. Alguns raios X interagem com o tecido e outros interagem com o receptor de imagem, formando uma imagem. A física da radiografia lida com a produção e a interação dos raios X. Este capítulo define e ilustra as unidades de radiação e radioatividade, usadas em produção de imagens médicas. Para ajudar o leitor a compreender tais unidades, uma breve revisão de matemática é oferecida. Enfatiza-se a matemática básica que se aplica à produção de imagens de raios X: sistemas numéricos, álgebra, expoentes e gráficos. UNIDADES PADRÃO DE MEDIDA Física é o estudo das interações da matéria e energia em todas as suas diversas formas. Semelhante a todos os cientistas, os físicos se esforçam para alcançar a exatidão ou a certeza na descrição dessas interações. Eles tentam afastar as incertezas eliminando descrições subjetivas dos acontecimentos. Considere, por exemplo, o ato de chutar uma bola de futebol. Se vários observadores fossem convidados para descrever esse evento, cada um descreveria com base na sua percepção. Um poderia detalhar a estatura do jogador e a posição de chute. Outro poderia simplesmente concluir que “uma bola de futebol foi chutada a cerca de 30 metros” ou “o chute foi para a esquerda.” Poderia haver tantas descrições variadas quanto observadores. Os físicos, no entanto, tentam anular a incerteza eliminando descrições subjetivas como essas. Um físico descrevendo esse evento pode determinar quantidades, tais como a massa da bola de futebol, a velocidade inicial da bola, a velocidade do vento e a distância exata percorrida pela bola de futebol. Cada uma delas requer uma medição e, finalmente, pode ser representada por um número. Assumindo que todas as medidas são feitas corretamente, todos os observadores que usam os métodos da física obterão exatamente os mesmos resultados. Além de procurar a certeza, os físicos visam à simplicidade e, portanto, só três quantidades mensuráveis são consideradas básicas. Essas quantidades básicas são a massa, o comprimento e o tempo, e representam os blocos de construção de todas as outras quantidades. A Figura 2-1 indica o papel que tais quantidades básicas desempenham no apoio a algumas outras quantidades utilizadas em ciências radiológicas. FIGURA 2-1 Quantidades básicas definem quantidades derivadas, que por sua vez, definem quantidades especiais de ciência radiológica. As quantidades secundárias são chamadas de quantidades derivadas porque são derivadas de uma combinação de uma ou mais das três quantidades básicas. Por exemplo, o volume é o comprimento ao cubo (L3), a densidade de massa é a massa dividida pelo volume (m/L3), e a velocidade é o comprimento dividido pelo tempo (L/t). Quantidades adicionais são destinadas ao apoio de medidas em áreas especializadas de ciência e tecnologia. Essas quantidades adicionais são chamadas de quantidades especiais; em ciências radiológicas, quantidades especiais são aquelas de exposição, dose, dose equivalente e radioatividade. Mesmo que um físico esteja estudando algo grande, tal como o universo, ou algo pequeno, tal como um átomo, medidas significativas devem ser reprodutíveis. Portanto, uma vez que as quantidades fundamentais são estabelecidas, é essencial que estejam relacionadas com um padrão bem definido e invariável. Os padrões são normalmente definidos por organizações internacionais e, geralmente, redefinidos quando o progresso da ciência exige maior precisão. Comprimento Por muitos anos, a unidade padrão de comprimento foi aceita como a distância entre duas linhas gravadas em uma barra de platina-irídio mantida no Bureau Internacional de Pesos e Medidas em Paris, França. Essa distância foi definida como sendo exatamente 1 metro (m). Os países de língua inglesa também baseiam seus padrões de comprimento no metro: *** Em 1960, a necessidade de um padrão mais preciso de comprimento levou à redefinição do metro em termos de comprimento de onda da luz laranja emitida de um isótopo do criptônio (criptônio-86). Um metro é agora definido como a distância percorrida pela luz em 1/299.792.468 segundo. O metro é baseado na velocidade da luz. Massa O quilograma foi originalmente definido como a massa de 1.000 cm3 de água a 4° Celsius (°C). Na mesma cripta em Paris onde o metro padrão foi mantido, um cilindro de platino- irídio representa a unidade padrão de massa – o quilograma (kg), que tem a mesma massa de 1.000 cm3 de água. O quilograma é uma unidade de massa, enquanto o newton e a libra***, unidade inglesa, são unidades de peso. O quilograma (kg) é a massa de 1.000 cm3 de água a 4°C. Tempo A unidade padrão de tempo é o segundo (s). Originalmente, definiu-se o segundo em termos de rotação da Terra sobre seu eixo – o dia solar médio. Em 1956, foi redefinido como certa fração do ano tropical de 1900. Em 1964, a necessidade de um melhor padrão de tempo levou a outra redefinição. Agora, o tempo é medido por um relógio atômico, baseado na vibração de átomos de césio. O relógio atômico é capaz de manter o tempo com precisão por cerca de 1 segundo em 5000 anos. O segundo (s) se baseia na vibração dos átomos de césio. Unidades Cada medida tem duas partes: uma magnitude e uma unidade. Por exemplo, a distância padrão do foco ao receptor de imagem (DFR) é 100 cm. A magnitude, 100, não é significativa, a menos que uma unidade seja também designada. Aqui, a unidade de medida é o centímetro. A Tabela 2-1 mostra quatro sistemas de unidades que representam grandezas básicas. Os sistemas MKS (metro, quilograma e segundo) e o CGS (centímetro, grama e segundo) são utilizados mais amplamente na ciência e na maioria dos países do mundo do que o sistema inglês. Tabela 2-1 Sistemas de Unidades O Sistema Internacional (Le Système International d’Unités, SI), uma extensão do sistema MKS, representa o estado atual das unidades. O SI inclui as três unidades básicas do sistema MKS acrescido de quatro adicionais. Unidades derivadas e unidades especiais do SI representam quantidades derivadas e quantidades especiais de ciência radiológica (Tabela 2-2). Tabela 2-2 Quantidades Especiais de Ciência Radiológica e suas Unidades Quantidades Radiográficas Unidades Especiais Unidades SI (Sistema Internacional) Exposição C/kg kerma no ar (Gya) Dose J/kg grayt (Gyt) Dose equivalente J/kg sievert (Sv) Radioatividade s−1 becquerel (Bq) O mesmo sistema de unidades deve ser usado sempre quando se resolvemproblemas ou relatam-se respostas. O seguinte seria inaceitável devido à inconsistência das unidades: densidade de massa = 8,1 g/ft3* e pressão = 700 lb/cm2. A densidade de massa deve ser relatada em unidades de grama por centímetro cúbico (g/cm3) ou em quilograma por metro cúbico (kg/m3). A pressão deve ser expressa em newtons por metro quadrado (N/m2). Questão: As dimensões de uma caixa são 30 cm × 86 cm × 4,2 m. Encontre o volume. Resposta: A fórmula para o volume de um objeto: V = comprimento × largura × altura ou V = Lwh Em razão das dimensões serem dadas em diferentes sistemas de unidades, devemos, porém, escolher apenas um sistema. Portanto, Note que as unidades são multiplicadas também: m × m × m = m3. Questão: Encontre a densidade de uma bola com um volume de 200 cm3 e uma massa de 0,4 kg. Resposta: ou Questão: A paciente com espessura de 9 polegadas tem uma moeda colocada na pele. O DFR é 100 cm. Qual será a amplificação da moeda? Resposta: A fórmula para a amplificação é As 9 polegadas devem ser convertidas em centímetros de modo que as unidades fiquem coerentes. A imagem da moeda será de 1,3 vez o tamanho da moeda. MECÂNICA Mecânica é um segmento da física que lida com objetos em repouso (estática) e objetos em movimento (dinâmica). Velocidade O movimento de um objeto pode ser descrito com a utilização de dois termos: velocidade e aceleração. Velocidade, às vezes chamada de rapidez, é a medida de quão rápido algo está em movimento ou, mais precisamente, a taxa de mudança da sua posição com o tempo. A velocidade de um carro é medida em quilômetros por hora (ou milhas** por hora). A unidade de velocidade no SI é o metro por segundo (m/s). A equação para a velocidade (v) é a seguinte: VELOCIDADE onde d representa a distância percorrida no tempo t. Questão: Qual é a velocidade de uma bola que percorre 60 m em 4 s? Resposta: Questão: A luz é capaz de viajar 669 milhões de milhas em 1 hora. Qual é a sua velocidade em unidades SI? Resposta: A velocidade da luz é constante e simbolizada por c: c = 3 × 108 m/s.* * Nota da Tradução: No texto colocado antes desta fórmula, a velocidade média seria obtida pela velocidade final menos a velocidade inicial dividida por 2. Todavia, nem sempre corresponde a como se faz a velocidade média, já que isso só valerá caso a velocidade seja modificada com uma taxa constante de aceleração. Na realidade, a velocidade média deve ser obtida dividindo-se a distância percorrida pelo tempo que demorou o percurso. Muitas vezes, a velocidade de um objeto varia com a mudança da sua posição. Por exemplo, um dragster começa uma corrida a partir do repouso e a termina com uma velocidade de 80 m/s. A velocidade inicial, designada por V0, é 0 (Fig. 2-2). A velocidade final, representada por Vf, é de 80 m/s. A velocidade média pode ser calculada a partir da seguinte expressão: FIGURA 2-2 Uma corrida de drags fornece um exemplo familiar das relações entre a velocidade inicial, velocidade final, aceleração e tempo. MÉIA DA VELOCIDADE onde a barra sobre “v” representa a velocidade média. Questão: Qual é a velocidade média do dragster? Resposta: Questão: Um Corvette pode atingir uma velocidade de 88 mph** em um quarto de milha. Qual é sua velocidade média? Resposta: Aceleração A taxa de variação da velocidade com o tempo é a aceleração. Ela corresponde a quão “rápida ou lenta” é a mudança da velocidade. Como a aceleração corresponde à velocidade dividida pelo tempo, a unidade consiste em metros por segundo ao quadrado (m/s2). Se a velocidade é constante, a aceleração é zero. Por outro lado, uma aceleração constante de 2 m/s2 significa que a velocidade de um objeto aumentou 2 m/s a cada segundo. A equação que define a aceleração é dada por: ACELERAÇÃO Questão: Qual é a aceleração do dragster? Resposta: Questão: Um Mustang 5L pode acelerar a 60 mph em 5,9 s. Qual é a aceleração em unidades SI? Resposta: Leis do Movimento de Newton Em 1686, o cientista inglês Isaac Newton apresentou três princípios que ainda hoje são reconhecidos como leis fundamentais do movimento. Primeira Lei de Newton: Inércia – Um corpo permanecerá em repouso ou continuará a se mover com velocidade constante em linha reta a menos que esteja sob a ação de uma força externa. A primeira lei de Newton declara que, se nenhuma força atua sobre um objeto, não haverá aceleração. A propriedade da matéria que age para resistir a uma mudança no seu estado de movimento é chamada de inércia. A primeira lei de Newton é, deste modo, muitas vezes referida como a Lei da Inércia (Fig. 2-3). Um sistema de imagem de raios X móvel, obviamente, não se moverá até que seja forçado por um empurrão. Uma vez em movimento, no entanto, ele continuará a se mover para sempre, mesmo quando a força do empurrão for interrompida, a menos que uma força de oposição esteja presente – o atrito. FIGURA 2-3 A primeira lei de Newton afirma que um corpo em repouso permanecerá em repouso e um corpo em movimento continuará em movimento até que sejam acionados por uma força externa. Segunda Lei de Newton: Força – A força (F) que atua sobre um objeto é igual à massa (m) do objeto multiplicada pela aceleração (a) produzida. A segunda lei de Newton é uma definição do conceito de força. Força pode ser pensada como um empurrão ou um puxão sobre um objeto. Se um corpo de massa m tem uma aceleração a, então a força sobre ele é dada pela massa vezes a aceleração. A segunda lei de Newton está ilustrada na Figura 2-4. Matematicamente, esta lei pode ser expressa como se segue: FIGURA 2-4 A segunda lei de Newton afirma que a força aplicada para mover um objeto é igual à massa do objeto multiplicada pela aceleração. FORÇA F = ma A unidade SI de força é o newton (N). Questão: Encontre a força sobre uma massa de 55 kg acelerada a 14 m/s2. Resposta: F = ma (55 kg) (14 m/s2) 770 N Questão: Para um Ford Explorer com 1.636 kg (3.600 lb) acelerar a 15 m/s2, qual força é necessária? Resposta: F = ma (1.636 kg) (15 m/s2) 24,540 N Terceira Lei de Newton: Ação/reação – Para cada ação existe uma reação igual e oposta A terceira lei de Newton do movimento afirma que para cada ação existe uma reação igual e oposta. “Ação” foi a palavra de Newton para “força”. De acordo com essa lei, se você empurrar um bloco pesado, o bloco vai empurrar você de volta com a mesma força que você aplica. Por outro lado, se você fosse o professor de física ilustrado na Figura 2-5, cujos alunos enlouquecidos houvessem capturado em uma sala de compressão, não importa o quão forte você empurrasse, as paredes continuariam a fechar. FIGURA 2-5 Estudantes tecnólogos enlouquecidos realizando um experimento de rotina de física para demonstrar a terceira lei de Newton. Peso Peso (P) é uma força sobre um corpo causada pela atração da gravidade sobre ele. Experimentos têm mostrado que os objetos que caem na Terra aceleram a uma taxa constante. Essa taxa, denominada aceleração da gravidade e representada pelo símbolo g, tem os seguintes valores na Terra: O valor da aceleração da gravidade na Lua corresponde a cerca de um sexto apenas do que a da Terra. A “falta de peso” observada no espaço exterior é devido à ausência de gravidade. Assim, o valor da gravidade no espaço exterior é zero. O peso de um objeto é igual ao produto da sua massa pela aceleração da gravidade. PESO P = mg As unidades de peso são as mesmas usadas para a força: newtons e libras. O peso é o produto da massa pela aceleração da gravidade na Terra: 1 lb = 4,5 N. Questão: Um estudante de tecnologia tem uma massa de 75 kg. Qual é o seu peso na Terra? E na Lua? Resposta: Este exemplo demonstra um conceito importante. O peso de um objetopode variar de acordo com o valor da gravidade agindo sobre ele. Note, entretanto, que a massa de um objeto não muda independentemente da sua localização. A massa do estudante de 75 kg permanece a mesma na Terra, na Lua ou no espaço. Momento O produto da massa de um objeto por sua velocidade é chamada de momento, representado por p. MOMENTO p = mv Quanto maior a velocidade de um objeto, mais momento o objeto possui. Um caminhão acelerando montanha abaixo, por exemplo, ganha momento à medida que aumenta sua velocidade. Momento é o produto da massa pela velocidade. O momento total antes de qualquer interação é igual ao momento total após a interação. Imagine uma bola branca de bilhar colidindo com outras duas bolas em repouso (Fig. 2-6). O momento total antes da colisão é a massa vezes a velocidade da bola branca. Após a colisão, este momento é compartilhado pelas três bolas. Assim, o momento inicial da bola branca é conservado após a interação. FIGURA 2-6 A conservação do momento ocorre com cada tacada de bilhar. Trabalho O trabalho, quando usado em física, tem um significado específico. O trabalho realizado sobre um objeto é a força aplicada vezes a distância sobre a qual ela é aplicada. Em terminologia matemática, TRABALHO W = Fd A unidade de trabalho é o joule (J). Quando você levantar um cassete, você está realizando trabalho. Quando o cassete é meramente mantido imóvel, no entanto, nenhum trabalho (no sentido da física) está sendo executado, mesmo que um esforço considerável esteja sendo gasto. O trabalho é o produto da força pela distância. Questão: Determine o trabalho realizado no levan-tamento de um paciente infantil pesando 90 N (20 lb) a uma altura de 1,5 m. Resposta: Potência Potência é a taxa de realização de trabalho. A mesma quantidade de trabalho é necessária para levantar um cassete a uma dada altura, quer isto leve 1 segundo ou 1 minuto. A potência nos dá uma maneira de incluir o tempo necessário para executar o trabalho. POTÊNCIA Pot = trabalho/t = Fd/t A unidade SI de energia é o joule/segundo (J/s), que corresponde a um watt (W). A unidade inglesa de energia da potência é o cavalo-vapor (cv). Potência é o quociente do trabalho pelo tempo. Questão: Um tecnólogo em radiologia eleva um cassete de 0,8 kg do chão até o alto de uma mesa de 1,5 m, com uma aceleração de 3 m/s2. Qual é a potência exercida se isto levar 1,0 s? Resposta: Trata-se de um problema de várias etapas. Sabemos que Pot = Trabalho/t, no entanto, o valor do trabalho não é dado no problema. Lembre-se de que trabalho = Fd e F = ma. Primeiro, encontre F. Em seguida, encontre o trabalho: Agora, Pot pode ser determinada: Questão: Um radiologista apressado empurra um sistema de imagens móvel de 35 kg ao longo de um corredor com 25 m em 9 s, com uma velocidade final de 3 m/s. Quanta potência foi necessária para isso? Resposta: Energia Existem muitas formas de energia, como discutido no Capítulo 1. A lei de conservação de energia afirma que a energia pode ser transformada de uma forma para outra, mas não pode ser criada ou destruída; a quantidade total de energia é constante. Por exemplo, a energia elétrica é convertida em energia luminosa e energia térmica em uma lâmpada elétrica. A unidade de energia e trabalho é a mesma, o joule. Energia é a habilidade para realizar trabalho. Duas formas de energia mecânica são utilizadas frequentemente em ciências radiológicas: energia cinética e energia potencial. A energia cinética (KE) é a energia associada ao movimento de um objeto, expressa pelo seguinte: ENERGIA CINÉTICA É evidente que a energia cinética depende da massa do objeto e do quadrado da sua velocidade. Questão: Considere duas carroças, A e B, com a mesma massa. Se B tem o dobro da velocidade de A, verifique que a KE da carroça B é quatro vezes maior do que a da carroça A. Resposta: Energia potencial (PE) é a energia armazenada devido à posição ou à configuração. Um livro sobre uma mesa tem PE por causa da sua altura acima do piso… e potencial para um emprego melhor caso seja lido? Ele tem a capacidade de realizar trabalho ao cair no chão. A energia potencial gravitacional é dada pelo seguinte: ENERGIA POTENCIAL PE = mgh onde h é a distância acima da superfície da Terra. Um esquiador no topo de uma plataforma de salto, uma mola e um elástico esticado são exemplos de outros sistemas que têm PE por causa de sua posição ou configuração. Se um cientista segurasse uma bola no ar no topo da Torre de Pisa (Fig. 2-7), a bola teria apenas PE, não KE. Quando ela é liberada e começa a cair, a PE diminui à medida que diminui a altura. Ao mesmo tempo, a KE aumenta tanto quanto a bola acelera. Pouco antes do impacto, a KE da bola torna-se máxima, assim como sua velocidade atinge o máximo. Por não haver altura agora, a PE torna-se zero. Toda a PE inicial da bola foi convertida em KE durante a queda. FIGURA 2-7 Energia potencial resulta da posição de um objeto. A energia cinética é a energia do movimento. A, Energia potencial máxima, sem energia cinética. B, Energia potencial e energia cinética. C, Energia cinética máxima, não há energia potencial. Questão: Um tecnólogo em radiologia segura um tubo de raios X de 6 kg a 1,5 m acima do solo. Qual é sua energia potencial? Resposta: A Tabela 2-3 apresenta um resumo das quantidades e unidades em mecânica. Tabela 2-3 Resumo das Quantidades, Equações e Unidades Utilizadas em Mecânica Calor O calor é uma forma de energia muito importante para o tecnólogo em radiologia. O calor excessivo, inimigo mortal de um tubo de raios X, pode causar danos permanentes. Por este motivo, o tecnólogo deve estar ciente das propriedades do calor. Calor é a energia cinética do movimento aleatório das moléculas. Quanto mais rápido e desordenado for o movimento das moléculas, mais calor um objeto contém. A unidade de calor, a caloria, é definida como o calor necessário para elevar a temperatura da quantidade de 1 g de água em 1°C. A mesma quantidade de calor terá diferentes efeitos em diferentes materiais. Por exemplo, o calor necessário para mudar a temperatura de 1 g de prata em 1°C é de aproximadamente 0,05 caloria, ou apenas 1/20 do que o necessário para uma mudança semelhante da temperatura na água. O calor é transferido por condução, convecção e radiação. TRANSFERÊNCIA DE CALOR Condução é a transferência de calor por meio de um material ou pelo contato. O movimento molecular de um objeto em alta temperatura, que toca um objeto com temperatura mais baixa, iguala a temperatura de ambos. A condução é facilmente observada quando um objeto quente e um objeto frio são colocados em contato. Depois de um curto tempo, o calor conduzido ao objeto mais frio resulta na equivalência de temperaturas dos dois objetos. O calor é conduzido a partir do ânodo de um tubo de raios X mediante o rotor para o óleo isolante. Convecção é a transferência mecânica de moléculas “quentes” em um gás ou líquido de um lugar para outro. Um radiador de vapor ou um forno de ar forçado aquece uma sala por convecção. O ar em torno do radiador é aquecido, fazendo-o subir, enquanto o ar mais frio circula e toma seu lugar. Radiação térmica é a transferência de calor pela emissão de radiação infravermelha. O brilho avermelhado emitido por objetos quentes evidencia a transferência de calor por radiação. Um tubo de raios X esfria principalmente pela radiação. Um forno de ar compelido sopra o ar aquecido para dentro da sala, proporcionando uma circulação forçada para complementar a convecção natural. O calor é transmitido por convecção do invólucro de um tubo de raios X para o ar. A temperaturaé normalmente medida com um termômetro. Este é de modo geral calibrado nos dois pontos de referência – os pontos de congelamento e de ebulição da água. As três escalas que foram desenvolvidas para medir a temperatura são graus Celsius (°C), fahrenheit (°F) e kelvin (K) (Fig. 2-8). FIGURA 2-8 Três escalas utilizadas para representar a temperatura. Celsius é a escala adotada para informação do clima em todos os lugares exceto nos Estados Unidos. Kelvin é a escala científica. Essas escalas são inter-relacionadas como se segue: ESCALAS DE TEMPERATURA Tc = 5/9 (Tf − 32) Tf = 9/5 Tc + 32 Tk = Tc + 273 Os subscritos c, f e k referem-se a Celsius, fahrenheit e kelvin, respectivamente. Questão: Converta 77°F para graus Celsius. Resposta: A fim de facilitar a conversão para valores aproximados pode-se usar o seguinte: CONVERSÃO APROXIMADA DE TEMPERATURA De °F para °C, subtraia 30 e divida por 2. De °C para°F, duplique e, em seguida, adicione 30. A produção de imagem de ressonância magnética (IRM) com um ímã supercondutor exige líquidos extremamente frios, chamados criogênios. O nitrogênio líquido, que ferve a 77 K, e o hélio líquido, que ferve a 4 K, são os dois criogênios utilizados. Questão: O hélio líquido é usado para refrigerar um fio supercondutor em sistemas de IRM. Qual é a sua temperatura em graus fahrenheit? Resposta: A relação entre temperatura e energia é muitas vezes representada por um termômetro de energia (Fig. 2-9). Consideramos os raios X como sendo energéticos, embora na escala cósmica eles sejam bastante comuns. FIGURA 2-9 O termômetro de energia compara escalas tanto de temperatura quanto de energia. MATEMÁTICA PARA CIÊNCIA RADIOLÔGICA A física deve muito da sua certeza ao uso da matemática; por conseguinte, a maioria dos conceitos de física pode ser expressa matematicamente. Logo, é importante no estudo da ciência radiológica ter uma base sólida de conceitos básicos de matemática. As seções a seguir revisam a matemática fundamental. Você deve se tornar proficiente para resolver cada tipo de problema apresentado nesta revisão. Frações Uma fração é um valor numérico expresso pela divisão de um número por outro; é também chamada de quociente de dois números. Uma fração tem um numerador e um denominador. FRAÇÃO Se o quociente do numerador dividido pelo denominador for menor que um, o valor é uma fração própria. Frações impróprias têm valores maiores do que um. Questão: Dê exemplos de frações próprias. Resposta: Questão: Dê exemplos de frações impróprias. Resposta: Adição e Subtração. Primeiro, encontre um denominador comum; em seguida, some ou subtraia. SOMA DE FRAÇÕES Questão: Qual é o valor de Resposta: , que é uma fração imprópria. Questão: Qual é o valor de Resposta: , que é uma fração própria. Multiplicação. Para multiplicar frações, basta multiplicar numeradores e denominadores. MULTIPLICAÇÃO DE FRAÇÕES Questão: Resposta: Questão: Resposta: . Divisão. Para dividir duas frações, inverta a segunda e multiplique-as. DIVISÃO DE FRAÇÕES Questão: Resposta: Questão: Resposta: Uma aplicação especial de frações na radiologia é a razão. A razão expressa uma relação matemática entre quantidades semelhantes, tais como pés para milhas ou libras para quilogramas. Questão: Qual é a razão entre o pé e a milha? Resposta: Há 5.280 pés (ft) em uma milha; portanto, a razão é de 5.280 ft/mi. Questão: Qual é a razão entre a libra e o quilograma? Resposta: Há 2,2 libras em um quilograma; portanto, a razão é 2,2 lb/kg Decimais Frações em que o denominador é uma potência de 10 podem facilmente ser convertidos para números decimais. CONVERSÃO DE FRAÇÕES EM DECIMAIS Se o denominador não é uma potência de 10, o decimal equivalente pode ser determinado por divisão ou com uma calculadora. A barra acima do 6 indica que o dígito é repetitivo. Quando se divide 5 por 12, a resposta é 0,416666…………. É raro convertemos frações em decimais sem uma calculadora de mão ou um computador. Dependendo da calculadora, trata-se simplesmente de uma questão de introduzir números na sequência correta. Questão: Qual é o equivalente decimal da fração própria Resposta: Questão: Qual é o equivalente decimal da fração imprópria Resposta: Algarismos Significativos Os alunos muitas vezes perguntam quantas casas decimais devem colocar em uma resposta para relatório. Por exemplo, suponha que lhe fosse pedido para encontrar a área de um círculo. Questão: Qual é a área de um círculo com um raio de 1,25 cm? Resposta: Essa resposta é inadequada porque implica uma precisão na medição da área muito maior do que nós realmente temos. Esse resultado deve ser arredondado de acordo com regras específicas. Em adição e subtração, arredonde para o mesmo número de casas decimais de entrada com o menor número de dígitos à direita do ponto decimal. Questão: Some 5,0631, 117,2 e 21,42 e arredonde a resposta. Resposta: Como 117,2 tem um dígito, 2, à direita do ponto decimal, a resposta é 143,7. Questão: Resolva a seguinte subtração e arredonde a resposta 42,83 – 7,6147. Resposta: Em razão de 42,83 ter dois dígitos, 83, à direita do ponto decimal, a resposta é 35,22. Na multiplicação e divisão, arredonde para o mesmo número de dígitos da entrada com o menor número de dígitos significativos. Questão: Qual é o produto de 17,24 por 0,382? Resposta: Já que 0,382 tem três algarismos significativos (o zero não é significativo) e 17,24 tem quatro, a resposta deve ter três dígitos. A resposta é 6,59. Questão: Como você apresentaria a área do círculo discutida anteriormente? Resposta: 4,91 cm2 Questão: Qual é o quociente de 3,1416 por 1,05? Resposta: Em razão de 1,05 ter três algarismos significativos (neste caso, o zero é significativo por ser seguido de um número maior que zero) e 3,1416, cinco dígitos significativos, a resposta deve ter três dígitos. A resposta é 2,99. Álgebra Regras da álgebra fornecem maneiras definidas para manipular frações e equações para resolver quantidades desconhecidas. Normalmente, as incógnitas são designadas por um símbolo alfabético, tais como x, y ou z. Três principais regras da álgebra são utilizadas na solução de problemas no diagnóstico por imagem. Quando uma incógnita, x, é multiplicada por um número, divida ambos os lados da equação por esse número. Questão: Resolva a equação 5x = 10 para x. Resposta: Quando o número é adicionado a uma incógnita, x, subtraia esse número de ambos os lados da equação. Questão: Resolva a equação x + 7 = 10. Resposta: Quando uma equação é apresentada sob a forma de uma proporção, multiplique em cruz e, em seguida, encontre a incógnita, x. As setas cruzadas mostram a direção da multiplicação em cruz. Questão: Resolva a equação para x. Resposta: Muitas vezes, todas as três regras podem ser necessárias para resolver um problema particular. Questão: Resolva 6x + 3 = 15 para o valor de x. Resposta: Questão: Resolva para o valor de x. Resposta: Questão: Resolva ABx + C = D para x. Resposta: Note-se que o primeiro e o terceiro dos exemplos anteriores são quase idênticos na forma. Os símbolos são frequentemente utilizados em equações da física em vez de números. Uma aplicação especial das frações e regras de álgebra à radiologia é a proporção. Uma proporção expressa a igualdade de duas razões. A razão de uma grade radiográfica é diretamente proporcional ao quociente entre a altura e o espaço intermediário entre as linhas de grade. Questão: Se a altura da grade é de 800 μm e o interstício 80 μm, qual é a razão da grade? Resposta: Às vezes, escreve-se 10:1 e lê-se como “razão 10 para 1.” A declaração “a quilometragem da gasolina é inversamente proporcional ao peso do automóvel” pode ser usada como uma proporção numéricapara solucionar uma quantidade desconhecida. Questão: Um carro compacto de 1.650 lb faz 34 mpg. Qual é a milhagem esperada para um carro de luxo de 3.600 lb? Resposta: Estabeleça a proporção inversa da seguinte forma: e use as regras de álgebra para encontrar x. A saída de radiação é diretamente proporcional ao mAs de um sistema de imagens radiológicas. Questão: Em 50 mAs, a exposição de entrada na pele (EEP) é de 240 mR (2,4 mGya). Qual será a EEP se a técnica for aumentada para 60 mAs? Resposta: Sistemas Numéricos Nós usamos um sistema de números baseado em múltiplos de 10 – o sistema decimal. A origem desse sistema é desconhecida, mas teorias têm sido propostas (Fig. 2-10). Números neste sistema podem ser representados de diversas formas; quatro delas são apresentadas na Tabela 2-4. FIGURA 2-10 A origem provável do sistema decimal de números. Tabela 2-4 Várias Maneiras de Representar Números no Sistema Decimal O sobrescrito de “10”, sob a forma exponencial da Tabela 2-4 é chamado de expoente. A forma exponencial, também conhecida como notação de potências de dez ou notação científica, é particularmente útil em radiologia. Note que números muito grandes e muito pequenos são difíceis de escrever nas formas decimal e fracionária. Em radiologia, vários números são bastante grandes ou pequenos. A forma exponencial permite que esses números sejam escritos e manipulados de forma relativamente fácil. Para expressar um número na forma exponencial, em primeiro lugar se escreve o número na forma decimal. Se houver dígitos à esquerda do ponto decimal, o expoente será positivo. Para determinar o valor desse expoente positivo, posicione a vírgula decimal após o primeiro dígito e conte o número de dígitos a partir do qual a vírgula decimal foi movida. Por exemplo, a dívida nacional dos Estados Unidos foi de aproximadamente US$ 9 trilhões em 25 de novembro de 2007. Para expressar isso em notação cientifica, devemos posicionar a vírgula decimal após o primeiro 9 e contar o número de dígitos de onde ela foi movida. Isso indica que o expoente será +12. Dívida Nacional dos Estados Unidos = US$ 9.001.574.661.231 = US$ 9,0 × 1012 Se não houver dígitos diferentes de zero à esquerda da vírgula decimal, o expoente será negativo. O valor desse expoente negativo é encontrado pelo posicionamento da vírgula decimal à direita do primeiro algarismo diferente de zero, contando o número de dígitos a partir do qual a vírgula decimal foi movida. Uma corda na guitarra do Robert Earle Keene tem um diâmetro de 0,00075 m. Qual é o seu diâmetro em notação cientifica? Em primeiro lugar, posicione a vírgula decimal entre o 7 e o 5. Em seguida, conte o número de dígitos a partir do qual a vírgula decimal se deslocou e expresse essa quantidade como o expoente negativo. 0,00075 m = 7,5 × 10− m Outro exemplo de física é um número chamado de constante de Planck, simbolizado por h. A constante de Planck está relacionada com a energia de um raio X. Sua forma decimal é a seguinte: Obviamente esta forma é incômoda demais para escrever cada vez. Assim, a constante de Planck é sempre escrita em forma exponencial: Questão: Expresse 4.050 na forma exponencial. Resposta: 4.050 = 4,05 × 103 Questão: Expresse na forma exponencial. Resposta: Primeiro, converta para a forma decimal. Questão: Raios X têm uma velocidade de 300.000.000 m/s. Expresse isso na forma exponencial. Resposta: 300.000.000 = 3 × 108m/s Questão: Sistemas de imagens de raios X dedicados ao tórax costumavam ser instalados com 10 pés (ft) de distância entre a fonte e o receptor de imagem (DFR). Expresse isso em centímetros na forma exponencial. Resposta: Atualmente, as modernas unidades dedicadas ao tórax são instaladas com DFR de 3 m. Regras para Expoentes Mais uma vantagem da manipulação de números na forma exponencial fica evidente em outras operações além de adição e subtração. As regras gerais para esses tipos de operações numéricas são apresentadas na Tabela 2-5. Tabela 2-5 Regras para Tratar Números em Forma Exponencial Operação Regra Exemplo Multiplicação 10x × 10y = 10(x + y) 102 × 103 = 10(2 + 3) = 105 Divisão 10x ÷ 10y = 10(x − y) 106 ÷ 104 = 10(6 − 4) = 102 Elevando a uma potência (10x)y = 10xy (105)3 = 105 × 3 = 1015 Inversão 10−x = 1/10x 10−3 = 1/103 = 1/1.000 Unidade 100 = 1 3,7 × 100 = 3,7 Os exemplos seguintes deverão enfatizar perfeitamente os princípios envolvidos. Multiplicação. Adicione os expoentes. Questão: Simplifique 106× 108. Resposta: 106 × 108 = 10(6 + 8) = 1014 Questão: Simplifique 28 × 212. Resposta: 28 × 212 = 2(8 + 12) = 220 Divisão. Subtraia os expoentes. Questão: 1010 ÷ 102 Resposta: 1010 ÷ 102 = 10(10 − 2) = 108 Questão: Simplifique Resposta: Elevando a uma Potência. Multiplique os expoentes. Questão: Simplifique (3 × 1010)2 Resposta: Questão: Simplifique (2,718 × 10−4)3 Resposta: Note que essas regras para expoentes são aplicadas somente quando os números elevados a uma potência são os mesmos. Questão: Dados a = 6,62 × 10−27, b = 3,766 × 1012, quanto é a × b? Resposta: Gráficos O conhecimento de representação gráfica é essencial para o estudo de ciência radiológica. É importante não apenas ser capaz de ler as informações dos gráficos, mas representar graficamente dados obtidos de medições ou observações. A maioria dos gráficos é baseada em dois eixos: um horizontal ou eixo x e um eixo vertical ou eixo y. O ponto onde os dois eixos se encontram é chamado de origem (marcado com 0 na Figura 2-11). Coordenadas têm a forma de pares ordenados (x, y), onde o primeiro número do par representa uma distância ao longo o eixo x e o segundo número indica a distância sobre o eixo y. FIGURA 2-11 As características principais de qualquer gráfico são eixos x e y que se cruzam na origem. Pontos de dados são inseridos como pares ordenados. O par ordenado (3,2) representa um ponto de 3 unidades sobre o eixo x e 2 unidades acima no eixo y. Este ponto está representado na Figura 2-11. Como ele difere do ponto (2,3)? Se o valor de um par ordenado adicional é conhecido [p. ex., (8,10)], um gráfico em linha reta pode ser construído. Na ciência radiológica, os eixos dos gráficos não são normalmente rotulados x e y. Na maioria das vezes, a relação entre duas quantidades específicas é preferível. Suponha, por exemplo, que lhe foi pedido para representar graficamente o efeito do mAs sobre a densidade óptica (DO), o escurecimento de uma radiografia. O primeiro passo é desenhar os eixos. Neste exemplo, os dados são registrados em pares ordenados, onde mAs representa o valor de x e DO representa o valor de y. Em seguida, observe o intervalo de cada quantidade e escolha uma escala conveniente a qual permita que os dados preencham o gráfico de forma adequada. Depois, identifique os eixos e cuidadosamente registre cada ponto. Por fim, trace a melhor curva contínua através dos pontos. A curva não precisa passar por cada um dos pontos registrados. Um gráfico concluído dos dados anteriores é mostrado na Figura 2-12. FIGURA 2-12 Relação entre a densidade óptica e miliampères-segundo a partir dos dados apresentados no texto. mAs vs. DO mAs DO 0 0,15 10 0,25 20 0,46 30 0,70 40 0,91 60 1,24 80 1,45 100 1,60 Questão: Os seguintes dados foram obtidos a partir de um experimento conduzido para determinar quanta radiação X é necessária para matar 50% dos ratos irradiados durante o período de 60 dias (DL50/60). Represente graficamente esses dados e estime a (DL50/60). Resposta: As colunas de dados a serem desenhadas no gráfico são a primeira e a última. Organize os eixos de modo que o intervalo de dados esteja coberto. Em seguida, registre os pares ordenados de dados e conecte-os com uma curva suave. Finalmente, desenhe uma linhahorizontal na parte do nível de 50% de letalidade e, quando ela intercepta a curva suave, desça para o eixo da dose. Esta é a DL50/60 para os ratos neste experimento (cerca de 880 cGy). A DL50/60 para o ser humano é de aproximadamente 350 cGyt (350 rad). Muitas vezes os dados a serem representados estão em notação científica e, portanto, estendem-se por uma escala muito grande de valores. Nessas situações, uma escala linear não é adequada, e uma escala logarítmica deve ser utilizada (Fig. 2-13). FIGURA 2-13 Comprimentos iguais da escala linear têm valores iguais. A escala logarítmica permite uma ampla gama de valores a serem traçados. Dados radiológicos frequentemente necessitam de um gráfico que utiliza uma escala semilogarítmica (Fig. 2-14). O eixo y em uma escala semilog é o logarítmico, usado para acomodar uma ampla gama de valores. O eixo x está em uma escala linear. FIGURA 2-14 Papel semilogarítmico é frequentemente utilizado para desenhar dados radiológicos. Questão: Os seguintes dados foram obtidos de modo a determinar a quantidade de chumbo que seria necessária para reduzir a intensidade dos raios X de 330 mR para 10 mR. Trace esses dados em um gráfico linear e semilog; estime a espessura de chumbo necessária. Resposta: A partir do gráfico semilog da Figura 2-14, é fácil ver que a resposta é 8,2 milímetros de chumbo. O gráfico linear não é tão fácil de ler. TERMINOLOGIA DE CIÊNCIA RADIOLÔGICA Toda profissão tem sua própria linguagem. A ciência radiológica não é exceção. Várias palavras e frases características da ciência radiológica já foram identificadas; muitas mais serão definidas e utilizadas ao longo deste livro. Por agora, uma introdução a esta terminologia vem a ser suficiente. Prefixos Numéricos Muitas vezes em ciências radiológicas, precisamos descrever múltiplos muito grandes ou muito pequenos de unidades padrão. Duas unidades, miliampère (mA) e quilovolt pico (kVp), já foram discutidos. Ao escrever 70 kVp, em vez de 70.000 volts pico, podemos expressar, compreensivelmente, a mesma quantidade com menos caracteres. Para tal economia de expressão, os cientistas desenvolveram um sistema de prefixos e símbolos (Tabela 2-6). Tabela 2-6 Padrão de Prefixos Científicos e de Engenharia Múltiplo Prefixo Símbolo 1018 exa- E 1015 peta- P 1012 tera- T 109 giga- G 106 mega- M 103 quilo- k 102 hecto- h 10 deca- da 10−1 deci- d 10−2 centi- c 10−3 mili- m 10−6 micro- μ 10−9 nano- n 10−12 pico- p 10−15 femto- f 10−18 ato- a Os prefixos em negrito são os mais utilizados em ciências radiológicas. Questão: Quantos quilovolts são iguais a 37.000 volts? Resposta: Questão: O diâmetro de uma célula do sangue é de aproximadamente 10 micrômetros (μm). A quantos metros isso corresponde? Resposta: Unidades Radiológicas As quatro unidades usadas para medir a radiação devem se tornar uma parte familiar de seu vocabulário. A Figura 2-15 relaciona-as a uma situação hipotética em que elas seriam utilizadas. A Tabela 2-7 mostra a relação entre as unidades radiológicas habituais e as suas unidades equivalentes do Sistema Internacional (SI). FIGURA 2-15 A radiação é emitida por material radioativo. A quantidade de material radioativo é medido em curie. A quantidade de radiação é medida em roentgen, rad ou rem, dependendo da necessidade de uso. No diagnóstico por imagem, podemos considerar 1 R = 1 rad = 1 rem. Tabela 2-7 Quantidades Especiais de Ciência Radiológica e suas Unidades Especiais Associadas Em 1981, a Comissão Internacional de Unidades e Medidas em Radiações (International Commission on Radiation Units and Measurements [ICRU]) propôs unidades padrão com base em unidades SI, que já foram adotadas por todos os países, exceto os Estados Unidos. A maioria das revistas e sociedades científicas dos EUA adotaram Le Système International d’Unités (O Sistema Internacional, SI), mas as agências de regulamentação e a Secretaria Americana de Tecnólogos Radiologistas (American Registry of Radiologic Technologists [ARRT]) não aderiram. Consequentemente, este livro usa as unidades radiológicas habituais seguidas pelo equivalente no SI entre parênteses, do começo ao fim. Roentgen (R) (Gya): O roentgen é igual à intensidade de radiação que criará 2,08 × 108 pares de íons em um centímetro cúbico de ar, ou seja, 1 R = 2,08 × 108 pares de íons/cm3. A definição oficial, no entanto, é expressa em termos de carga elétrica por unidade de massa de ar (1 R = 2,58 × 10−4 C/kg). A carga se refere aos elétrons liberados pela ionização. O roentgen foi definido a princípio como uma unidade de quantidade de radiação em 1928. Desde então, a definição foi revista muitas vezes. Monitores de radiação geralmente são calibrados em roentgens. A saída dos sistemas de imagens de raios X é normalmente especificada em miliroentgens (mR). O roentgen só se aplica aos raios X e raios gama e suas interações com o ar. Em consonância com a adoção do método Wagner/Archer descrito no prefácio, é usada a unidade SI de kerma no ar (mGya). O roentgen (Gya) é a unidade de exposição à radiação ou intensidade. Questão: A intensidade na saída de um sistema de imagens de raios X é 100 mR. Qual é esse valor em unidades SI? Resposta: Rad (Gyt): Efeitos biológicos geralmente estão relacionados com a dose de radiação absorvida e, portanto, o rad é a unidade utilizada com mais frequência quando se está descrevendo a quantidade de radiação recebida por um paciente. O rad é usado para qualquer tipo de radiação ionizante e qualquer matéria exposta, não apenas o ar. Um rad equivale a 100 erg/g (10−2 Gyt), onde o erg (joule) é uma unidade de energia e o grama (kg) é uma unidade de massa. As unidades Gya e Gyt referem-se à dose de radiação no ar e nos tecidos, respectivamente. O rad (Gyt) é a unidade de dose de radiação absorvida (radiation absorved dose). Rem (Sv): Dispositivos de monitoramento ocupacional de radiação são analisados em termos do rem (radiation equivalent man). O rem é usado para expressar a quantidade de radiação recebida pelos trabalhadores e pelas outras pessoas. Alguns tipos de radiação produzem mais danos do que raios X. O rem leva em conta essas diferenças nos efeitos biológicos. Isto é particularmente importante para pessoas que trabalham perto de reatores nucleares ou aceleradores de partículas. O rem (Sv) é a unidade de exposição à radiação ocupacional. A Figura 2-16 resume a conversão das unidades convencionais de exposição à radiação ocupacional para unidades SI. FIGURA 2-16 Escalas para dose equivalente de radiação. Curie (Ci) (Bq): O curie é a unidade de quantidade de material radioativo, e não a radiação emitida pelo material. Um curie é a quantidade de radioatividade em que 3,7 × 1010 núcleos desintegram-se a cada segundo (3,7 × 1010 becquerels [Bq]). O milicurie (mCi) e o microcurie (μCi) são quantidades comuns de substâncias radioativas. Radioatividade e curie não têm nada a ver com raios X. Questão: 0,05 μCi de iodo-125 é usado para radioimunoensaio. Qual é a radioatividade em becquerels? Resposta: O curie (Bq) é a unidade de radioatividade. A radiologia diagnóstica está preocupada principalmente com raios X. Podemos considerar que 1 R é igual a 1 rad, que é igual a 1 rem (1 mGya = 1 mGyt = mSv). Com outros tipos de radiações ionizantes, esta generalização não procede. RESUMO Este capítulo introduz os vários padrões de medida e os aplica aos conceitos associados com mecânica e com várias áreas relacionadas à ciência radiológica. A Tabela 2-3 resume os conceitos endereçados neste capítulo. Pratique as Questões usando esta tabela como referência. Os aspectos técnicos de ciênciaradiológica são complexos. Um conhecimento básico de matemática é necessário, bem como a identificação e o uso apropriado das unidades de medida de radiações. Como você revisou neste capítulo, considere novamente frações/conversão decimal, relações algébricas, prefixos numéricos/expoentes e gráficos. Todos são importantes para compreender os princípios da ciência radiológica relacionada às imagens de raios X. QUESTÕES 1. Defina ou identifique o que se segue: a. Quantidade básica b. Quantidade derivada c. Quantidade especial d. Inércia e. Aceleração f. Convecção g. Trabalho h. Velocidade i. Quantidade escalar versus vetor j. Segunda Lei de Newton do Movimento 2. As dimensões de um cassete radiográfico são 27 cm × 36 cm × 3 cm. Encontre o volume. 3. Qual é o volume de uma espuma de posicionamento radiográfica retangular que mede 5 polegadas por 5 polegadas por 10 polegadas? 4. Qual é a velocidade de uma bola que viaja 50 metros em 4 segundos? 5. Qual é a velocidade de um sistema de imagens de raios X móvel em um elevador no hospital, se o elevador deslocar-se 20 metros para o próximo andar em 30 segundos? 6. Um Corvette pode alcançar a velocidade de 88 mhp em ¼ de milha. Qual é a velocidade média? 7. Movendo-se em uma rampa a baixo, o braço C de um fluoroscópio alcança a velocidade de 1 ft/s após 5 segundos. Qual é a velocidade média? 8. Um Mustang 5L pode acelerar a 60 mhp em 5,9 segundos. Qual é a aceleração em unidades SI? 9. Identifique a força sofrida por um objeto de 55 kg acelerado em 14 m/s2. 10. Para que um carro de 2500 libras (1136 kg) acelere a 12 m/s2, qual a força necessária? 11. Um professor tem uma massa de 90 kg. Qual é seu peso na Terra? E na Lua? 12. Determine o trabalho realizado ao levantar um paciente infantil pesando 60 N para uma altura de 2,0 metros. 13. Um tecnólogo em radiologia levanta um cassete de 1,0 kg do chão ao topo de uma mesa a 1,5 metro com aceleração de 2 m/s2. Qual é a potência exercida se isso leva 1,2 segundo? 14. Um radiologista apressado empurra um portátil de 25 kg, 50 m ao longo de um hall e em 10 s, com velocidade final de 10 m/s. Quanta potência foi necessária? 15. Um tecnólogo em radiologia segura um tubo de raios X de 3 kg, a 2,0 m acima do chão. Qual é sua energia potencial? 16. Hidrogênio líquido com ponto de ebulição de 77 K é usado para resfriar alguns ímãs supercondutores. Qual é sua temperatura em graus fahrenheit? 17. Converta 77°F para graus Celsius. 18. Converta 80°F para graus Celsius. 19. Quais são as quatro quantidades especiais de medidas de radiação? 20. Quais são as três unidades comuns aos sistemas SI e MKS? As respostas das questões podem ser encontradas no fim do livro. * Nota da Tradução: yd é o símbolo da unidade jarda. Este símbolo é proveniente do inglês yard.
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