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Estudo de caso mineração matriz - AIA

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O espaço social, assim como toda realidade social, é definido metodologicamente 
e teoricamente por três conceitos gerais: a forma, a estrutura e a função.
Milton Santos
7
ESTUDO DE CASO DE
IMPACTO AMBIENTAL:
MINERAÇÃO
124
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
7.1. Introdução
As atividades humanas como a agricultura, barragens, mineração, entre outras, de 
uma maneira geral, afetam todos os componentes do ambiente, na medida em que eles estão 
interligados e os limites e alcances das ações, com raras exceções, são bastante difusos. 
Em empreendimentos onde a exploração dos recursos naturais é feita sem qualquer 
planejamento ou ordenação, observam-se claramente, dependendo do tipo de atividade, os 
prejuízos na perda de produtividade do solo, decréscimo na qualidade da água, interferência 
no ciclo biológico, perda de produtos valiosos como a madeira, poluição das águas e do ar, 
assoreamento de bacias, invasão de plantas exóticas de difícil erradicação, dentre outros problemas.
Todo empreendimento minerário, seja ele, a céu aberto ou subterrâneo, modifica o terreno 
no processo de extração e na deposição de rejeitos. O bem mineral extraído não retorna mais ao 
local, fica em circulação, servindo ao homem e às suas necessidades. Esse aspecto traz consigo 
uma dúbia questão, pois se, de certa maneira, a mineração degrada o terreno, é verdade também 
que estes ambientes podem retornar a uma forma aceitável, limitando o impacto negativo, por 
meio de medidas mitigadoras eficazes em um dado período de tempo. A recuperação é um 
dos elementos que deve ser objeto de preocupação e de ações efetivas desde o início da etapa 
de planejamento, durante a exploração da jazida, até um período após o término da atividade 
minerária local.
A Resolução CONAMA nº 01 de 23 de janeiro de 1986, estabeleceu a necessidade de 
elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) 
para o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, bem como o conteúdo mínimo 
do EIA/RIMA, sua forma de abordagem e apresentação. Assim, de acordo com as exigências legais 
vigentes, este estudo tem como objetivo efetuar o EIA/RIMA do empreendimento de exploração 
de cascalho e aterro do “Morro Redondo”, localizado no município de Lavras - MG.
7.2. Informações Gerais
7.2.1. Descrição do Empreendimento
O empreendimento refere-se à lavra de cascalho, cuja finalidade é a obtenção de matéria-
prima para construção civil em geral e aterramento de estradas, localizadas próximas ao município 
de Lavras. Esta reserva mineral é uma das principais fornecedoras desses produtos para o município.
A atividade de exploração de cascalho apresenta um impacto ambiental importante, 
podendo ser feito um estudo de RCA/PCA ou EIA/RIMA, dependendo de suas dimensões, em 
função das modificações físicas e bióticas provocadas nas áreas de influência direta e indireta do 
empreendimento. Portanto, faz-se necessário um planejamento da mina a ser explorada, visando 
125
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
a sua posterior revegetação e mitigação dos impactos ambientais provocados pela atividade. 
Entretanto, neste estudo de caso, a título de execício acadêmico, será realizado o EIA/RIMA.
7.2.2. Localização e Acesso
O empreendimento localiza-se na Microbacia do Ribeirão Santa Cruz, mais precisamente no 
Morro Redondo, município de Lavras, zona fisiográfica Sul de Minas, microrregião Alto Rio Grande.
O acesso ao local do empreendimento, partindo de Lavras, pode ser feito de duas maneiras: 
em direção à BR 265, no sentido Lavras - São João Del Rei, passando pelo trevo do Distrito 
Industrial e seguindo a estrada que liga o bairro Vista Alegre à Estação Itirapuã ou pelo caminho 
que liga ao Parque Ecológico Quedas do Rio Bonito, popularmente conhecido por “Poço 
Bonito” (Figura 7.1).
Figura 7.1 - Croqui de localização e acesso da área de estudo.
126
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Área de Influência do Empreendimento
A área de exploração - área de influência direta (Figura 7.2) corresponde a 19,74 ha, que 
está delimitada por um polígono irregular, cuja atividade afeta diretamente uma porção da Bacia 
do Ribeirão Santa Cruz, que ocupa uma área de 776,00 ha.
A área de influência indireta afetada pelo empreendimento é o município de Lavras - MG, 
que abrange uma área de 559,20 km2 com perímetro urbano de aproximadamente 117,84 km e 
uma área urbana de 14,16 km2.
Figura 7.2 - Delimitação da área diretamente afetada pelo empreendimento.
127
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
7.2.3. Dados do Empreendedor
Vide item 6 – Roteiro Básico para elaboração de Estudo de Impacto Ambiental.
7.2.4. Relação da Equipe Técnica Responsável pela Elaboração e Atualização do EIA/RIMA
•	Coordenação Geral
Prof. José Aldo Alves Pereira
•	Consultores: alunos da Universidade Federal de Lavras, Departamento de Ciências 
Florestais da Universidade Federal de Lavras, cursando a Disciplina de Pós-graduação 
Estudos de Impactos Ambientais – Código PCF 517. Os alunos foram responsáveis pela 
elaboração deste EIA/RIMA. 
•	Meio Físico:
Engº Florestal Antônio de Arruda Tsukamoto Filho
Enga Florestal Maria Floriana Esteves de Abreu
Engº Florestal Marco Aurélio Mathias de Souza
Engº Florestal Rubens Marques Rondon Neto 
•	Meio Biótico:
Engº Florestal Rubens Marques Rondon Neto 
Biólogo Frederico Augusto G. Guilherme 
Engº Florestal Sebastião Osvaldo Ferreira
•	Meio Sócioeconômico:
Engª Florestal Michelliny Gama
Engª Florestal Regiane Vilas Boas Faria
Engª Florestal Sybelle Barreira
•	Equipe de atualização:
Engº Florestal Dalmo Arantes de Barros
Engº Florestal Rossi Allan Silva
Obs: A multidisciplinaridade da equipe técnica foi parcial devido à formação básica do 
quadro de alunos.
128
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
7.3. Enfoque Conceitual
A lavra de cascalho da área de estudo tem a finalidade de prover o município de Lavras de 
matéria-prima para construção civil em geral e aterramento de estradas. Assim sendo, há uma 
necessidade de redução de impactos a serem gerados, tanto naqueles de natureza física e biótica 
como, principalmente, nos de natureza sócio-econômica.
A concepção básica do Estudo de Impacto Ambiental fundamentou-se em focalizar o 
empreendimento e áreas adjacentes, situados em uma área de influência descrita através de fatores 
ambientais. Buscou-se, então, uma visão integrada do homem, da vegetação, da fauna bem como 
do meio físico, que lhes dá suporte para se obter uma avaliação consistente da viabilidade ambiental 
do empreendimento.
7.3.1. Atividades a serem Desenvolvidas no Empreendimento
A exploração de cascalho provoca impactos à biota, ao meio físico e ao meio sócio-
econômico, fazendo-se necessário realizar o planejamento adequado de exploração, com foco à 
sua posterior revegetação. 
A recuperação não é um evento que ocorre em uma determinada época, mas sim um 
processo que se inicia antes da mineração e termina após seu exaurimento. A recuperação envolve 
operações de redução dos impactos ambientais antes e após a exploração mineral tais como a 
retirada e estocagem da camada superficial do solo, o reafeiçoamento do terreno e a recolocação 
da camada fértil. Operações bem planejadas são fundamentais para o sucesso da recuperação, 
além de ser menos onerosas.
Fase 01 - Preparo da área para a Lavra
A fase 01 compreende as seguintes operações:
•	Implantação do sistema de drenagem provisório:
É necessário, antes de qualquer operação, construir um sistema de drenagem provisório, 
objetivando desviar as águas superficiais para evitar a ocorrência de processos erosivos, que 
possam culminar no assoreamento e contaminações físicas e químicas dos cursos d’água. Para se 
estabelecer uma rede de drenagem provisória, podem-se adotar várias práticas, tais como: o uso 
de valetas, canaletas, tanques de decantação, canaletas de contenção, sumps,bueiros e outras.
129
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
•	Remoção da cobertura vegetal:
Na mineração de superfície é necessária a retirada da vegetação existente sobre o material 
a ser explorado. Essa atividade deve ser dimensionada de acordo com o tipo e os padrões 
vegetacionais encontrados sobre as jazidas.
•	Remoção da camada superficial
Na camada superficial do solo (horizonte A), de aproximadamente 20 cm de espessura, 
encontram-se grande parte da matéria orgânica, nutrientes minerais, propágulos vegetativos, 
banco de sementes, micro e mesofauna. A remoção da camada fértil do solo pode ser feita com 
trator de esteiras com lâmina, evitando a mistura com o subsolo (horizonte B), o qual pode 
comprometer a qualidade da camada fértil do solo.
Na área a ser minerada deve-se minimizar o decapeamento, removendo somente o necessário 
para que não haja perda desses elementos, que são de suma importância para a recuperação do 
ambiente degradado. A madeira proveniente do desmatamento poderá ser utilizada como fonte 
de energia ou para deposição dentro do corte ou cava da lavra.
•	Estocagem da camada superficial
O armazenamento do solo superficial tem como objetivo o posterior fornecimento de 
microorganismos adaptados às condições locais, adição de minerais prontamente assimiláveis 
às plantas e sementes / propágulos de espécies vegetais nativas, utilizados durante as etapas de 
recuperação ambiental das jazidas.
Esse armazenamento pode ser feito em leiras com altura de 1,5 m, aproximadamente, e de 
3 a 4 m de largura, com pilhas individuais de 5 a 8 m3, também com a mesma altura das leiras. 
O local de estocagem preferencialmente deve ser plano e protegido da enxurrada e da erosão, a 
fim de evitar perdas de solo e nutrientes. O solo estocado deve ser coberto com vegetação morta, 
serrapilheira ou plantio de gramíneas e leguminosas, a fim de proteger, assim, o material dos 
raios solares que podem alterar as características químicas e biológicas do solo estocado.
Não é recomendado armazenar solos muito úmidos encontrados em época de chuva. Deve-se 
evitar a compactação das pilhas da camada do solo estocado e quanto mais curto for o período 
de estocagem, melhor será a sua função na restauração do ecossistema degradado.
Fase 02 – Lavra
A fase 02 consiste de apenas uma operação:
•	Desmonte e manuseio do cascalho para estocagem
O desmonte é a operação que consiste na ruptura das camadas estruturais do solo, através 
130
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
do trabalho de tratores de esteiras ou de pneus dotados de lâmina do tipo angular. O material 
originário do desmonte deve ser movimentado de um local para outro, na tentativa de formar 
pilhas de estocagem à espera de serem carregados.
Fase 03 – Beneficiamento
A fase 03 compreende as seguintes operações:
•	Separação física
Esta etapa consiste em retirar do cascalho as rochas de maiores dimensões, partes de vegetais 
e outros rejeitos sem interesse para a construção civil e estradas. Essa operação de separação pode 
ser realizada através do uso de tratores de esteiras ou de pneus, com pá carregadeira e/ou lâmina 
do tipo angular. 
•	Carregamento e transporte
Após o beneficiamento, o material estocado é carregado através do uso de tratores de pneus 
com pá carregadeira até os caminhões do tipo caçamba, os quais possuem uma capacidade de 
transporte de 5 a 6 m3.
Fase 04 - Desativação 
Esta fase consiste na paralisação das atividades referentes ao processo de mineração do 
cascalho, seguido da retirada de todas as estruturas e das máquinas que foram utilizadas durante 
a fase exploratória do recurso mineral em questão. Nesta fase será realizado o reafeiçoamento 
do terreno, bem como serão executados os planos de recuperação ambiental, com a deposição 
da camada de solo estocada e plantio de espécies conforme estratégia de uso da superfície do 
terreno, podendo ser para a produção (pastagem, reflorestamento, culturas, etc.) ou conservação 
(retornar a funcionalidade ambiental original).
7.4. Diagnóstico Ambiental
7.4.1. Diagnóstico do meio físico
Clima
A região em estudo localiza-se nas terras altas do sul do Estado de Minas Gerais, com 
altitude de aproximadamente 800 metros. O clima é considerado subtropical moderado úmido, 
com temperatura média anual variando de 18 a 20°C. A temperatura média no mês mais frio 
está entre 13° e 16°C e a do mês mais quente entre 21° e 23°C. As geadas são raras, com 
131
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
temperaturas mínimas absolutas de até 3,3°C. A precipitação média anual varia entre 1300 e 
1700 mm, com regime de distribuição periódica predominando no semestre mais quente. O 
inverno tem de 2 a 4 meses secos, com um déficit hídrico pequeno entre 10 e 30 mm anuais. 
A evapotranspiração potencial anual varia entre 800 e 850 mm. A insolação média anual é de 
aproximadamente 2.483 horas, com ventos predominantes de Leste, com velocidade média de 
1,9 m/s. O município de Lavras-MG, goza de excelente clima, com temperatura amena mesmo 
durante o verão. As chuvas são concentradas entre janeiro e março, e a estiagem se dá de julho a 
agosto. O índice médio pluviométrico anual é de 1.473 mm.
Qualidade do ar
A exploração do Morro Redondo para retirada do cascalho pouco influenciará em possíveis 
mudanças climáticas que venham a ocorrer. No entanto, a retirada da cobertura vegetal e a remoção 
do cascalho podem criar locais de concentração de poluentes, formando um microclima diferente 
do anterior à exploração. A qualidade do ar na área diretamente afetada pode ficar prejudicada 
pela emissão de poluentes na atmosfera, caracterizada por muitos contaminantes, advindos 
de várias fontes, como a poeira de possíveis detonações, escavações, solos expostos, tráfego de 
veículos pesados nas estradas de terra, locais de beneficiamento, estocagem e carregamento do 
cascalho. A erosão eólica pode também contribuir para a poluição do ar, colocando em suspensão 
as partículas de solo. As possíveis detonações emitem NOx, CO e uma concentração menor de 
dióxido de enxofre. É possível que essas partículas em suspensão possam causar irritação no 
sistema respiratório dos trabalhadores e da comunidade rural adjacente ao empreendimento, 
assim como também podem afetar moderadamente o desenvolvimento das plantas e a vida dos 
animais silvestres.
Ruídos
A poluição sonora no empreendimento é causada principalmente pelas máquinas que 
trabalham no local, pelas possíveis detonações e pelo tráfego intenso de máquinas pesadas 
pelas estradas. O efeito desta poluição concentra-se nos trabalhadores da lavra, uma vez que as 
propriedades da comunidade rural do local estão localizadas em sua maioria, distantes do morro 
a ser explorado. Por outro lado, os animais da região devido ao barulho, serão afugentados 
para outras áreas, o que ecologicamente considera-se como possível desequilíbrio, tanto para a 
vegetação local como para o próprio animal em adaptação no novo ambiente, como também 
para os animais e a vegetação onde os animais estão se refugiando. O ouvido humano é muito 
sensível e, dependendo do tempo de exposição ao barulho, quando acima de 85 decibeis, pode 
vir a sofrer danos considerados irreversíveis.
132
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Geologia e Geomorfologia
A região em estudo situa-se sobre uma das formações geológicas mais antigas, conhecida 
como Complexo Cristalino do Pré-Cambriano. Esse complexo abrange gnaisses, mica xistos, 
quartzitos, mármores, dolomitos, itabiritos e abundantes intrusões de granitos, dioritos, gabros, 
piroxitos e outras rochas básicas com frequência transformadas em metabasitos, anfibólitos e 
agalmatólitos (Oliveira e Leonardo, 1943).
De acordo com o mapa geológico do Ministério de Minas e Energia, na região predomina 
o complexo granito-gnáissico indiviso, do Pré-Cambriano. O grupo Andrelândia, também do 
Pré-Cambriano, aparece em menor proporçãona parte sul da região, formando as serras que 
limitam Lavras-MG com Ingaí-MG (Serra do Campestre) e com Carmo da Cachoeira - MG 
(Serra da Bocaina), atingindo a Serra do Faria. Este grupo é caracterizado pela predominância de 
quartzitos sobre micaxistos e por micaxistos sobre quartzitos.
A região em estudo se caracteriza por apresentar rochas de alto grau de cristalinidade, 
geralmente alojando corpos metabasíticos. Tectonicamente, trata-se de um megabloco estrutural, 
ao qual se impuseram transformações petrogenéticas do ciclo Brasiliano, sendo os falhamentos os 
elementos fundamentais desse conjunto litólico. Sobre o Domínio Leptito-migmatito-metabasítico 
predominam as rochas gnáissicas de totalidade cinza-clara quando inalteradas, e esbranquiçadas e 
amareladas quando meteriorizadas. A granulação é média a fina, sendo comuns os veios e diques 
quartzo-feldspáticos. Existe nesse Domínio uma grande incidência de corpos metabásicos, os 
quais geralmente mostram-se alterados na forma de blocos arredondados de coloração amarelada. 
O domínio migmatítico apresenta uma maior regularidade petrográfica, marcada por rochas 
porfiroblásticas e granitóides recortadas por massas aplíticas, distribuindo-se desde o norte da 
cidade de Nepomuceno–MG, até os arredores de Lavras-MG. Os tipos litólicos característicos são 
os que mantêm a série de morros a oeste de Lavras, os quais exibem certo bandamento, com os 
facóides feldspáticos mostrando dimensões centimétricas.
Geomorfologicamente, a região em estudo localiza-se no chamado Planalto Atlântico 
(Almeida, 1966), ocorrendo várias subdivisões morfológicas, sendo que a região se assenta na 
superfície do Alto Rio Grande, que se caracteriza pelo relevo ondulado, com altitudes variando 
em torno de 900 metros, onde se salientam cristas de cotas superiores a 1.000 metros. É talhada 
essencialmente em rochas de médio a alto grau metamórfico, apresentando-se também em áreas 
onde aparecem tipos litólicos de caráter metabásico.
133
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Solos
Classificação dos solos
Os solos se distinguem regionalmente por causa de diferenças em materiais de origem, 
condições bioclimáticas e idade, que é controlada basicamente pela evolução do relevo. Isso 
acarreta variações na composição mineralógica, granulométrica, profundidade, riqueza em 
nutrientes, capacidade de retenção de água, porosidade, etc. A classificação do solo de uma região 
constitui um instrumento de definição de seu possível aproveitamento, por isso, o levantamento 
de solos é fundamental para o planejamento do uso da terra, uma vez que ele permite mapear 
as diversas classes de solo de uma área, diferenciadas pelas características morfológicas, físicas, 
químicas e mineralógicas. Esses fatores são os que determinam a utilização adequada do recurso 
e permitem avaliar a aptidão agrícola das terras.
Na região da microbacia hidrográfica sobre influência do Morro Redondo, onde se realizam 
os Estudos de Impactos Ambientais, foram classificados cinco tipos de solo. Essa classificação 
foi realizada de acordo com as unidades do mapeamento da vegetação, onde também foram 
coletadas as amostras de solo e levantados os seus respectivos perfis para a classificação. No 
estabelecimento das classes de solo utilizaram-se os critérios propostos pela EMBRAPA (2006).
As classes de solos encontradas na microbacia hidrográfica do ribeirão Santa Cruz (Figura 
7.3) sob influência do Morro Redondo são as seguintes:
a) Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico (LVAd);
b) Cambissolo Háplico Tb Distrófico (CXbd);
c) Gleissolo Háplico Tb Distrófico (GXbd);
d) Latossolo Vermelho Distrófico (LVd);
e) Latossolo Vermelho Eutrófico (LVe).
134
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Figura 7.3 - Distribuição das classes de solo na microbacia hidrográfica do ribeirão Santa Cruz, sob 
influência do Morro Redondo.
Características Gerais dos Solos Mapeados
Para este estudo foram coletadas amostras de solo na camada de 0-20 cm de profundidade, 
em 8 (oito) locais pré-determinados da microbacia (os mesmos locais onde foram feitos os perfis 
para a determinação das classes de solo), sobre influência do Morro Redondo. Essas amostras 
foram encaminhadas ao Departamento de Ciência dos Solos da Universidade Federal de Lavras, 
onde foram efetuadas as análises granulométricas e de fertilidade.
A partir destas informações sobre a fertilidade dos solos da microbacia, pode-se antever 
algumas restrições quanto ao uso do solo, e indicar o seu melhor aproveitamento, uma vez que 
a fertilidade se constitui em um dos elementos de limitação para a determinação da aptidão 
agrícola dos solos.
Na região estudada há uma predominância de Latossolo Vermelho, com 143,81 ha ou 54,19% 
135
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
da área total mapeada. Os Latossolos Vermelho-Amarelos cobrem 69,41 ha ou 26,15% do total 
mapeado, enquanto os Cambissolos estão representados com 46 ha ou 17,33% e, ainda com menor 
expressão os Gleissolos, com 6,18 ha ou 2,33% da área total em estudo sobre a microbacia hidrográfica 
do rio Santa Cruz.
Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras e Uso Atual do Solo
A interpretação de levantamentos de solos é uma tarefa da mais alta relevância para 
utilização racional desse recurso natural na agricultura e em outros setores que utilizam o solo 
como elemento integrante de suas atividades. Assim, podem ser realizadas interpretações para 
atividades agrícolas, onde se classificam as terras de acordo com sua aptidão para diversas culturas, 
sob diferentes condições de manejo e viabilidade de melhoramento através de novas tecnologias.
Neste estudo, para avaliação da aptidão agrícola dos solos, seguiu-se a metodologia 
do Sistema de Interpretação desenvolvido pela Divisão de Pedologia e Fertilidade do Solo - 
Ministério da Agricultura (Bennema et al., 1965), atualmente, Centro Nacional de Pesquisa de 
Solos (CNPS/EMBRAPA), ampliada por Ramalho Filho et al. (1983).
A avaliação da aptidão agrícola consistiu no posicionamento das terras dentro de seis 
grupos, visando a mostrar as alternativas de uso de uma determinada extensão de terra, em função 
da viabilidade de melhoramento das cinco qualidades básicas e da intensidade de limitação que 
persistir após a utilização de práticas agrícolas inerentes aos sistemas de manejo A (baixo nível 
tecnológico), B (médio nível tecnológico) e C (alto nível tecnológico).
Condições Agrícolas das Terras
Para a análise das condições agrícolas das terras, tomou-se hipoteticamente como 
referência, um solo que não apresente problemas de fertilidade, deficiência de água e oxigênio, 
não seja suscetível à erosão e nem ofereça impedimentos à mecanização. Como normalmente as 
condições das terras fogem a um ou vários desses aspectos, foram estabelecidos diferentes graus 
de limitação em relação ao solo de referência, para indicar a intensidade dessa variação.
De modo geral, a avaliação das condições agrícolas das terras é feita em relação a vários 
fatores, muito embora alguns desses fatores atuem de maneira mais determinante em certas 
situações. Os cinco fatores tomados para avaliar as condições agrícolas das terras foram:
a) Deficiência de fertilidade;
b) Deficiência de água;
c) Excesso de água ou deficiência de oxigênio;
d) Susceptibilidade à erosão;
e) Impedimentos à mecanização.
136
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Avaliação das Classes de Aptidão Agrícola das Terras
A avaliação das classes de aptidão agrícola das terras e, por conseguinte dos grupos e 
subgrupos, foi feita por meio do estudo comparativo entre os graus de limitação atribuídos às 
terras e aos estipulados na tabela-guia de avaliação agrícola das terras referentes à região tropical 
úmida. A tabela-guia é conhecida como quadro de conversão, constituindo em uma orientação 
geral para a classificação da aptidão agrícola das terras, em função de seus graus de limitação, 
relacionadoscom os níveis de manejo A, B e C. Assim, a classe de aptidão agrícola das terras 
através dos diferentes níveis de manejo, foi obtida em função do grau limitativo mais forte, 
referente a qualquer um dos fatores que influenciam a sua utilização agrícola. Nesta avaliação 
objetivou-se diagnosticar o comportamento das terras para lavouras nos níveis de manejo A, B e 
C; sendo para pastagem plantada e silvicultura no nível de manejo B, e para pastagem natural no 
nível de manejo A. A simbologia adotada para as classes determinadas foi definida por Ramalho-
Filho et aI. (1983) (Tabela 7.1).
Tabela 7.1 - Simbologia correspondente as classes de aptidão agrícola das terras
Classes de Aptidão Agrícola
Lavouras Silvicultura Pastagem Plantada Pastagem Natural
Nível de Manejo
A B C B B A
Boa A B C P S N
Regular a b C P S N
Restrita (a) (b) (c) (p) (s) (n)
Inapta - - - - - -
A, B e C referem-se à lavoura; P à pastagem plantada; N à pastagem natural. Subgrupos: maiúsculas 
- classe de aptidão boa; minúsculas: classe de aptidão regular; minúsculas entre parênteses - classe de 
aptidão restrita. Fonte: Ramalho-Filho et al. (1983).
•	Nível de Manejo
NíveI A: Baseado em práticas agrícolas que refletem um baixo nível tecnológico. 
Praticamente não há aplicação de capital para manejo, melhoramento e conservação das 
condições do solo e das lavouras. As práticas agrícolas dependem do trabalho braçal, podendo 
ser utilizada alguma tração animal com implementos agrícolas simples.
Nível B: Baseado em práticas agrícolas que refletem um nível tecnológico médio. 
Caracteriza-se pela aplicação modesta de capital e de resultados de pesquisa para manejo, 
melhoramento e conservação das condições do solo e das lavouras. As práticas agrícolas estão 
condicionadas principalmente ao trabalho braçal e à tração animal.
137
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Nível C: Baseado em práticas agrícolas que refletem um alto nível tecnológico. Caracteriza-
se pela aplicação intensiva de capital e de resultados de pesquisa para manejo, melhoramento e 
conservação das condições do solo e das lavouras. A motomecanização está presente nas diversas 
fases da operação agrícola.
Uso Atual das Terras
O uso atual de uma determinada área muitas vezes não é compatível com sua real aptidão 
agrícola, que é determinada por um conjunto de fatores pedológicos, climáticos e biológicos, 
e que se interagem naturalmente, resultando em um menor ou maior grau de limitação, 
quanto aos aspectos de deficiência de fertilidade, de água, de oxigênio, suscetibilidade à erosão, 
impedimentos a mecanização e outros.
A relação do uso atual do solo com a sua aptidão agrícola é fundamental dentro de um 
processo produtivo e de conservação dos recursos naturais. Assim, quando se visa direcionar 
o uso das terras de acordo com sua vocação, é necessário determinar o uso atual das terras, 
estratificando os ambientes através de suas características e propriedades, que por sua vez, 
permitirá determinar a avaliação do seu potencial e de suas limitações.
Para se determinar o uso atual das terras, utilizou-se como material básico a carta topográfica 
de ltumirim (SF-23-X-C-I-3) na escala 1:50.000. As interpretações da ortofotocarta de ltumirim 
(Faixa 2108 - E) (fotos 400 a 402) na escala 1:10.000, foram ainda, apoiadas, nas observações 
realizadas no campo, obtendo-se então, a determinação dos padrões e das formas de ocupação 
no período atual.
A Tabela 7.2 apresenta as classes de uso atual dos solos, simbolizadas por números, 
correspondentes àqueles representados no mapa de uso e ocupação das terras (Figura 5).
Tabela 7.2 - Classes de uso e ocupação dos solos, sua simbologia e sua expressão geográfica.
Classe de uso atual Área (ha) %
Floresta hidrófila pluvial 58,45 22,02
Cultura agrícola 76,65 28,88
Pastagem 55,68 20,98
Campo limpo 5,94 2,24
Campo rupestre 26,26 9,89
Áreas degradadas 19,74 7,44
Capoeira 17,00 6,41
Campo de várzea 5,26 1,98
Represa 0,42 0,16
TOTAL 265,4 100,00
138
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Observa-se o domínio das culturas agrícolas, na porção mais centro-oeste da área, 
perfazendo 76,65 ha, correspondendo a 28,88% da área mapeada. A vegetação encontrada 
na área, na sua maioria matas ciliares, está protegida por Lei. As matas ciliares são do tipo 
floresta hidrófila pluvial e praticamente ocorrem distribuídas por toda a microbacia em estudo, 
perfazendo 58,45 ha. As áreas de pastagem estão distribuídas pela área no sentido Ieste-oeste, na 
parte central da microbacia sobre influência do Morro Redondo, equivalendo a 20,98% da área 
mapeada. A vegetação considerada como campo rupestre e as áreas degradadas, está basicamente 
localizada sobre Cambissolos, contornando a face norte-oeste do Morro Redondo, totalizando 
uma área de 46 ha, correspondendo a 17,33% da área em estudo. As vegetações campo limpo, 
campo de várzea e capoeira, estão Iocalizadas na porção norte-Ieste da área, com pouca expressão 
em área quando observadas isoladamente, em conjunto formam 10,63% da área total mapeada.
Recursos Hidricos e Qualidade da Água 
O homem tem produzido obras que degradam o meio ambiente ou modificam o ciclo 
natural das águas, tais como as barragens, as obras de capacitação, de drenagem, irrigação e 
inúmeras outras, observando-se, em grande parte do nosso planeta a deterioração da qualidade 
das águas. Esta situação é ainda mais preocupante quando se considera a forte limitação dos 
recursos hídricos disponíveis para utilização pelo homem.
A água da chuva, ao cair, é quase pura, ao atingir o solo, seu grande poder de dissolver 
e carrear substâncias altera suas qualidades. Dentre o material dissolvido encontram-se as mais 
variadas substâncias como, por exemplo, substâncias calcárias e magnesianas que a tornam dura; 
substâncias ferruginosas que dão cor e sabor diferentes à mesma; substâncias resultantes das 
atividades humanas, tais coma produtos industriais, que tornam a água imprópria ao consumo. 
Por sua vez, a água pode carrear substâncias em suspensão, tais como partículas finas dos terrenos 
e que dão turbidez à mesma; pode também carrear outras substâncias decorrentes da atividade 
humana que modificam o seu sabor, ou ainda, organismos patogênicos. Em consequência da sua 
grande atividade, a água quimicamente pura não é encontrada na natureza.
Apesar de existirem diversos setores da sociedade preocupados com a conservação dos 
recursos naturais renováveis, pelo que se sabe, são poucos os métodos desenvolvidos na maioria 
dos estados brasileiros, que visam detectar os graus de degradação de uma microbacia através de 
valores numéricos.
Com a evolução das técnicas de detecção e medidas de poluentes, foram estabelecidos 
padrões de qualidade para a água, isto é, a máxima concentração de elementos ou compostos que 
poderiam estar presentes na água, de modo a apresentar compatibilidade com a sua utilização 
para determinadas finalidades.
No Brasil, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), através de legislação 
139
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
específica, classifica as águas do território nacional em doce, salobra e salinas, em conformidade 
com os usos predominantes, definidos pela Resolução CONAMA nº 357 de 2005. 
Localização da Microbacia
O município de Lavras pertence à Bacia do Rio Grande, tendo o Ribeirão Água Limpa 
e o Ribeirão Vermelho como os principais rios. A área de estudo está inserida na microbacia 
do Ribeirão Santa Cruz, influenciada diretamente pelo empreendimento em estudo, que ocupa 
uma área de 776,00 ha, cujas coordenadas geográficas são 21º17’32” a 21º19’l8” de latitude Sul e 
44º56’42” a 44º 53’42” de longitude Oeste. Para a realização do estudo de qualidade da água, foi 
considerada uma área de 265,40 ha, enquanto que a caracterização física da microbacia influenciada 
pelo empreendimento abrange a área total dessa microbacia.
Coleta de Material para Análises
Foram determinados três pontos doribeirão Santa Cruz (Figura 7.4), respeitando o espaço 
entre um ponto e outro, para a coleta de amostras de água. A primeira coleta (Ponto 1), foi feita 
na fazenda Santo Antônio do Morro Redondo, próximo à estrada que Iiga Lavras a Ingaí. A 
segunda amostra (Ponto 2), foi coletada em frente à entrada da fazenda Santa Cruz, localizada 
à esquerda da estrada que Iiga Lavras a Ingaí, enquanto que a terceira amostra (Ponto 3), foi 
coletada no final da microbacia, junto à estrada que liga Lavras ao Morro Redondo, próximo 
ao bairro Pipoca. Para a coleta foram considerados o horário, temperatura, pH e fixação de 
oxigênio, de acordo com as normas vigentes estabelecidas, e retiradas amostras representativas 
para ensaios de laboratório.
Os parâmetros analisados em Iaboratório foram os seguintes: DBO – Demanda 
Bioquímica de Oxigênio, OD – Oxigênio Dissolvido, Sólidos Totais, Sólidos Suspensos, sendo 
que a Análise Bacteriológica e a Turbidez foram realizadas no laboratório de Proteção Ambiental 
do Departamento de Engenharia Agrícola da UFLA.
140
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Figura 7.4 - Localização dos pontos de coleta das amostras de água para as análises, no Ribeirão Santa 
Cruz, Lavras, MG.
Interpretação das Análises
Observa-se na Tabela 7.3, que o valor de coliformes totais e fecais foi alto, portanto, 
conclui-se que a água em estudo encontra-se fora dos padrões bacteriológicos de potabilidade.
141
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Tabela 7.3 - Resultado dos parâmetros físicos, químicos e biológicos da água do Ribeirão Santa Cruz, em 
Lavras, MG em três pontos amostrados.
Análises Unidade
Concentração
Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03
1ª Análise 2ª Análise 1ª Análise 2ª Análise 1ª Análise 2ª Análise
Físicas
Temperatura 0C 24 22 23 22 23 23,5
pH - 6,38 6,43 6,73 6,72 6,80 6,63
Turbidez UNT
Sólidos Totais mg/l 40 70 40 40 412 124
Sólidos Suspensos mg/l 18 49 21 30 175 62
Químicas
DBO5 mg/l 2,0 1,9 3,5 2,3 4,0 0,6
OD mg/l 6,1 5,2 6,5 8,6 5,4 4,9
Biológicas
Coliformes Totais NMP/100ml - 2,0 x 103 - - - 1,1 x 104
Coliformes Fecais NMP/100ml - 2,0 x 103 - - - 1,1 x 104
Analisando-se a DBO pode-se verificar que nas amostras dos pontos 02 e 03, os valores 
encontrados estavam fora do índice limite. Em relação ao oxigênio dissolvido, somente a 
amostra do ponto 03 apresentou valores abaixo do índice limite. Os valores de temperatura, pH, 
sólidos totais e sólidos suspensos encontravam-se dentro dos limites estabelecidos pela Resolução 
CONAMA N° 357/2005.
7.4.2. Diagnóstico do Meio Biótico: Flora e Fauna
Flora
Os biomas do Estado de Minas Gerais, a exemplo do que ocorre com o restante do país, 
têm sido seriamente alterados pela ação antrópica, principalmente por atividades agropecuárias, 
fragmentando e modificando a composição da flora e da fauna, provocando em algumas situações 
perdas irreversíveis de suas riquezas naturais.
A cobertura vegetal original da área em estudo encontrava-se extremamente devastada, 
restando das formações florestais, somente capões esparsos na cumeeira das elevações e, 
estreitas matas ciliares, fragmentadas ao longo dos cursos d’água. As formações campestres 
e de Cerrado encontravam-se mais alteradas, enquanto que os Campos de Várzea foram 
geralmente substituídos por culturas agrícolas e/ou pastagens. Os Campos Rupestres e os 
Campos Limpos, embora submetidos à ação antrópica, ainda mantém os seus Iimites originais 
142
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
(Gavilanes e Brandão, 1991a).
Para a identificação do material botânico e possíveis comparações, foram utilizados 
alguns trabalhos de levantamentos florísticos já realizados em locais próximos à área de estudos, 
principalmente aqueles efetuados na Reserva Biológica Municipal do Poço Bonito, que se 
localiza a cerca de 1.200 m da área de estudo, em linha reta, e cuja fitofisionomia predominante 
é muito semelhante a da área de estudo (Gavilanes et al.,1992; Gavilanes e Brandão, 1991a,b, e 
Gavilanes, Brandão e Pereira,1990).
Após a identificação, as espécies foram listadas em ordem alfabética de acordo com as famílias, 
gêneros, espécies e nome vernacular a que pertencem, em cada formação florestal ocorrente.
Formações Florestais
Conforme Gavilanes e Brandão (1991), a cobertura vegetal do município de Lavras - 
MG é constituída por duas formações distintas: a florestal e a campestre, cuja classificação 
fitogeográfica foi baseada em Rizzini (1963). A florestal é representada pela Mata de Galeria ou 
Mata Ciliar, constituída por prolongamentos da Floresta Atlântica através do Planalto Central, 
apresentando-se sob a forma de capões esparsos, Floresta Tropical Latifoliada Baixo Montana, 
Floresta Mesófila Estacional Semidecídua e Decídua (afloramentos de rocha) e pela Floresta 
Esclerófila (Cerradão) em pequenas manchas. A campestre é representada pelo Cerrado e suas 
gradações (Cerrado strictu sensu e Campo Cerrado), além de Campos de Várzeas, Campos 
Limpos e Campos Rupestres. Como formações antrópicas, existem as Capoeiras e Capoeirões, 
assim como os Campos Antrópicos (Figura 7.5). Já na área de influência do empreendimento as 
formações florestais predominantes, são as seguintes:
•	 Floresta Hidrófila Pluvial ou Mata Ciliar;
•	 Campo Limpo;
•	 Campo Rupestre;
•	 Campo de Várzea;
•	 Capoeira.
143
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Figura 7.5 - Mapa da uso e ocupação na Bacia Hidrográfica de Influência do Morro Redondo 
- Lavras, MG.
A listagem caracterizada abaixo (Tabela 04) é um exemplo da florística de uma das 
formações florestais existentes na área estudada. Levantamentos florísticos foram desenvolvidos 
também para as demais fitofisionomias.
Tabela 4 - Listagem florística das espécies presentes na Floresta Tropical Pluvial ou Mata de 
Galeria da Bacia Hidrográfica de influência do Morro Redondo - Lavras, MG.
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Anacardiaceae
Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Aroeira-branca
Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo
Tapirira obtusa (Benth.) J.D.Mitch. Pau-pombo
Annonaceae
Annona cacans Warm. Araticum-cagão
Duguetia lanceolata A.St.-Hil. Biribá
Guatteria nigrescens Mart. Pindaíba-preta
Xylopia brasiliensis Spreng. Pindaíba
Xylopia emarginata Mart. Pindaíba-do-brejo
Continua...
144
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Araliaceae
Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch. Maria-mole
Didymopanax calvum (Cham.) Decne. & Planch. Mandiocão
Bignoniaceae
Jacaranda macrantha Cham. Caroba-do-mato
Tabebuia vellosoi Toledo Ipê-amarelo-da-serra
Boraginaceae
Cordia ecalyculata Vell. Louro-mole
Cordia rufescens A.DC. Grão-de-galo
Cordia sellowiana Cham. Chá-de-bugre
Burseraceae
Protium almecega L. Marchand Almecegueira
Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Almecegueira
Leguminosae
Bauhinia longifolia (Bong.) Steud. Unha-de-vaca
Bauhinia holophylla (Bong.) Steud. Unha-de-vaca
Copaifera langsdorffii Desf. Copaíba
Senna spp. Fedegoso
Senna macranthera (Collad.) H.S.Irwin & Barneby Amarelinho
Sclerolobium rugosum Benth. Angá
Andira anthelmia (Vell.) J.F.Macbr. Angelim-amargo
Bowdichia virgilioides Kunth Sucupira-preta
Dalbergia villosa (Benth.) Benth. Caviúna
Dalbergia variabilis Vogel Assapuva
Machaerium angustifolium Vogel Adolfo
Machaerium brasiliense Vogel Jacarandá
Machaerium nictitans (Vell.) Benth. Bico-de-pato
Machaerium villosum Vogel Jacarandá-mineiro
Machaerium condensatum Kuhlm. & Hoehne Jacarandá
Myroxylon peruiferum L.f. Bálsamo
Ormosia arborea (Vell.) Harms Tento
Platypodium elegans Vogel Faveiro
Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel Azevinho
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico
Anadenanthera peregrina (L.) Speg. Angico-vermelho
Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong Orelha-de-negro
Continua...
Tabela 4 - Continuação
145
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Inga spp. Ingá
Piptadenia gonoacantha(Mart.) J.F.Macbr. Pau-jacaré
Calophyllaceae
Calophyllum brasiliense Cambess Guanandi
Kielmeyera corymbosa Mart. Pau-santo
Cannabaceae
Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. Grão-de-galo
Celastraceae
Maytenus glazioviana Loes. ex Taub. Cafezinho
Maytenus salicifolia Reissek Fruta-de-pomba
Salacia elliptica (Mart.) G.Don Bacupari
Clusiaceae
Rheedia gardneriana Planch. & Triana Bacupari-miúdo
Combretaceae
Terminalia argentea Mart. Capitão-do-campo
Terminalia glabrescens Mart. Mirindiba
Compositae
Eremanthus incanus (Less.) Less. Pau-de-candeia
Vanillosmopsis erythropappa (DC.) Sch.Bip. Candeia
Vernonia discolor (Spreng.) Less. Vassourão-preto
Erythroxylaceae
Erythroxylum cuneifolium (Mart.) O.E.Schulz Fruta-de-pomba
Euphorbiaceae
Actinostemon communis (Müll.Arg.) Pax Laranjeira-brava
Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. Tanheiro
Alchornea iricurana Casar. Tapiá
Croton celtidifolius Baill. Capichingui
Croton floribundus Spreng. Capichingui
Croton urucurana Baill. Sangra-d’água
Hyperacaceae
Vismia brasiliensis Choisy Pau-de-laerte
Lamiaceae
Aegiphila sellowiana Cham. Pau-de-tamanco
Vitex polygama Cham. Maria-preta
Lauraceae
Aniba firmula (Nees & Mart.) Mez Canela-sassafrás
Continua...
Tabela 4 - Continuação
146
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Beilschmiedia emarginata (Meisn.) Kosterm. Canela-ameixa
Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. Canela-peluda
Nectandra grandiflora Nees & Mart. Canela-sassafrás
Nectandra mollis (Kunth) Nees Canela-amarela
Ocotea spp. Canela
Magnoliaceae
Talauma ovata A.St.-Hil. Pinha-do-brejo
Malpighiaceae
Byrsonima perseifolia Griseb. Murici-da-mata
Malvaceae
Helicteres ovata Lam. Guaxima
Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba
Luehea spp. Açoita-cavalo
Melastomataceae
Leandra lancifolia Cogn.
Leandra pectinata Cogn. Aperta-mão
Leandra scabra DC. Pixirica
Miconia spp.
Tibouchina candolleana Cogn. Quaresmeira
Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn.
Meliaceae
Cabralea cangerana Saldanha Canjerana
Cabralea polytricha A.Juss. Canjerana-do-campo
Cedrela fissilis Vell. Cedro
Guarea guidonia (L.) Sleumer Piorra
Trichilia emarginata (Turcz.) C. DC. Catiguá
Monimiaceae
Mollinedia argyrogyna Perkins Negramina
Mollinedia triflora (Spreng.) Tul. Capixim
Moraceae
Ficus mexiae Standl. Figueira
Pseudolmedia laevigata Trécul Muiratinga
Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger, Lanj. & de Boer
Myrtaceae
Calycorectes acutatus (Miq.) Toledo Amarelinho
Calyptranthes brasiliensis Spreng. Guamirim
Continua...
Tabela 4 - Continuação
147
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Calyptranthes clusiifolia O.Berg Jaborandi
Eugenia spp.
Gomidesia affinis (Cambess.) D.Legrand Guamirim
Gomidesia eriocalyx (DC.) O.Berg Guamirim
Gomidesia velutiflora Mattos & D.Legrand Guamirim
Myrcia rostrata DC. Folha-miúda
Myrcia velutina O.Berg Piúna
Psidium sp.
Nyctaginaceae
Guapira noxia (Netto) Lundell João-mole-maria-mole
Ochnaceae
Ouratea semiserrata (Mart. & Nees) Engl. Farinha seca
Opilaceae
Agonandra engleri Hoehne Cerveja-de-pobre
Pentaphylacaceae
Ternstroemia brasiliensis Cambess.
Peraceae
Pera obovata (Klotzsch) Baill. Pau-de-sapateiro
Phyllanthaceae
Hieronyma ferruginea (Tul.) Tul. Sangue-de-boi
Picramniaceae
Picramnia glazioviana Engl. Pau-amargo
Piperaceae
Ottonia leptostachya Kunth Jaborandi
Piper spp.
Pothomorphe umbellata (L.) Miq. Caapeba-do-norte
Poaceae
Chusquea capituliflora Trin. Bambuzinho
Chusquea pinifolia (Nees) Nees Bambuzinho
Olyra micrantha Kunth Capim-de-sombra
Merostachys neesii Rupr. Taquara-poca
Polygonaceae
Coccoloba warmingii Meisn. Cabuçu
Primulaceae  
Rapanea spp. Capororoca
Cybianthus brasiliensis (Mez) G.Agostini
Continua...
Tabela 4 - Continuação
148
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Proteaceae
Roupala brasiliensis Klotzsch Carne-de-vaca
Roupala longipetiolata Klotzsch ex Meisn. Carne-de-vaca
Putranjivaceae
Drypetes sessiliflora Allemão Folha-de-serra
Rubiaceae
Alibertia sessilis (Vell.) K.Schum. Marmelinho-do-campo
Amaioua guianensis Aubl. Marmelada
Bathysa australis (A.St.-Hil.) K.Schum. Folha-larga
Coccocypselum hasslerianum Chodat Cabuçu
Faramea cyanea Müll.Arg. Cafezinho
Faramea multiflora A.Rich. Café-do-mato
Ixora gardneriana Benth. Ixora-do-mato
Ladenbergia hexandra (Pohl) Klotzsch Pau-de-colher
Palicourea longipedunculata Gardner Erva-de-rato
Psychotria spp.
Rutaceae
Dictyoloma incanescens DC. Mil-folhas
Esenbeckia grandiflora Mart. Mamoninha
Zanthoxylum sp. Mamica-de-porca
Sabiaceae
Meliosma sellowii Urb. Congonha-folha-larga
Salicaceae
Casearia arborea (Rich.) Cascaria
Casearia decandra Jacq. Pituma
Casearia lasiophylla Eichler Espeto
Casearia obliqua Spreng. Guaçatonga
Sapindaceae
Cupania racemosa (Vell.) Radlk. Camboatã
Matayba elaeagnoides Radlk. Pau-crioulo
Siparunaceae
Siparuna apiosyce (Mart. ex Tul.) A. DC. Limoeiro-bravo
Siparuna guianensis Aubl. Negramina
Solanaceae
Brunfelsia brasiliensis (Spreng.) L.B.Sm. & Downs Manacá
Sessea regnellii Taub.
Continua...
Tabela 4 - Continuação
149
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME VULGAR
Solanum celsum Standl. & C.V. Morton Panancéia
Styracaceae
Styrax pohlii A. DC. Benjoim
Symplocaceae
Symplocos lanceolata A. DC. Chá-de-cabloco
Thymelaeaceae
Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling Imbira
Urticaceae
Cecropia spp. Embaúba
Verbenaceae
Lippia candicans Hayek Viuvinha-branca
Vochysiaceae
Callisthene minor Mart. Itapiúna
Qualea glauca Warm. Pau-terra-branco
Qualea multiflora Mart. Pau-terra
Vochysia tucanorum Mart. Pau-de-tucano, Caixeta
Winteraceae
Drimys brasiliensis Miers Casca-de-anta 
Tabela 4 - Continuação
150
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Fauna
A fauna é o conjunto de todas as espécies animais de certa região que se interrelacionam 
com o meio físico e biológico do ecossistema, formando as comunidades animais.
A fauna silvestre desempenha um importante papel ecológico no meio natural, uma 
vez que é através de seus componentes consumidores, que a energia fixada pelas plantas pode 
ser transferida para todos os níveis da cadeia trófica promovendo, dessa forma, a existência 
de interações ecológicas vitais para o equilíbrio dinâmico de todo o ecossistema, tais como a 
polinização, a dispersão, a predação e a decomposição.
A diversidade da fauna do cerrado reflete a adaptação aos diversos tipos de vegetação 
encontrados no bioma cerrado. Algumas espécies são restritas a determinadas formações vegetais, 
enquanto que outras têm distribuição mais ampla podendo habitar diversas fitocenoses. Além 
desta diversificação, a fauna silvestre é na maioria das vezes, constituída por organismos que 
possuem elevada capacidade de movimentar-se no seu meio, ocorrendo, portanto uma grande 
variação sazonal, sendo que a maioria dos animais é mais ativa na estação chuvosa.
Em virtude destas características, o levantamento direto da diversidade de certos grupos 
da fauna pode tornar-se uma tarefa exaustiva, pois envolve gastos expressivos e longos períodos 
de tempo para sua execução. A utilização de metodologias que permitam a avaliação indireta da 
diversidade faunística pode auxiliar no trabalho de levantamentos da fauna e no próprio manejo 
da área. Tais métodos identificam o local com maior probabilidade de se encontrar elevada 
diversidade faunística.
Para a identificação da fauna local foram utilizadas as seguintes técnicas: observação direta 
a olho nu e / ou com auxílio de binóculos para possível identificação; avaliação de sons típicos 
das espécies; verificação de restos mortais; sinais como restos alimentares, marcas deixadas 
no solo (rastros, deposição de fezes, corte ou sinais na vegetação por ocasião do pastoreio ou 
hábitos da espécie), abrigos (tocas, ninhos ou túneis); além da obtenção de informações junto 
aos moradores locais, por meio de questionários. No entanto, o intervalo de tempo disponívelnesse estudo não foi suficiente para um Ievantamento faunístico adequado. Por isso a literatura 
disponível serviu de grande auxilio para a complementação dos dados levantados.
De acordo com um questionário realizado com 16 moradores da região ao redor do 
empreendimento, no ano de 1995, obtiveram-se várias informações a respeito da mastofauna, 
avifauna e herpetofauna local. Apesar de muito eficiente em determinadas situações, as informações 
obtidas através dos moradores locais devem ser utilizadas com cautela, principalmente nos 
grupos taxonômicos mais complexos, tais como os ofídios, onde os leigos normalmente podem 
confundir as espécies.
151
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
Os mamíferos mais citados pelas pessoas foram: cachorro-do-mato, Iobo-guará, macaco-
sauá, mico-estrela, tatu, paca e veado. As aves mais comuns de acordo com os moradores são: 
codorna, jacú, siriema e tucano. As cobras na região são bem frequentes, sendo que a cascavel foi a 
mais citada pelos moradores. O lagarto-teiú também é comumente observado nessas localidades.
Alguns mamíferos foram identificados ainda através de restos mortais, tipo de abrigo 
e conteúdo fecal. Várias aves foram identificadas no campo por meio de observação direta, 
características dos ninhos e emissão de sons. Para a complementação da listagem da avifauna 
local usou-se o trabalho de D’Angelo Neto (1996). Enquanto que para a listagem de anfíbios e 
peixes usou-se essencialmente as referências bibliográficas.
Para o estudo dos invertebrados, principalmente dos artrópodes e em especial a classe 
Insecta, não se tem conhecimento de trabalhos de listagem das espécies existentes para estas 
localidades, mesmo porque são de difícil qualificação e quantificação, exigindo tempo e recursos 
financeiros para a obtenção de dados precisos e confiáveis. Outros Phyla provavelmente existentes 
na área de influência e entorno são Protozoa, Porifera, Coelenterata, Nematoda, Plathelminthes, 
Mollusca, Annelida.
Ecossistemas aquáticos
Um ambiente aquático deve apresentar certas características físicas, químicas e biológicas, 
que Ihe conferem uma água boa não só para o consumo, como também para o desenvolvimento 
de plantas aquáticas e de invertebrados, como fases larvais de adultos e insetos, microcrustáceos, 
moluscos e peixes, o que determina o equilíbrio das cadeias alimentares nestes ambientes.
De acordo com a composição físico-química e biológica de um corpo d’água é possível 
classificá-lo em oligotrófico, mesotrófico e eutrófico. Os ambientes oligotróficos são pobres em 
nutrientes, apresentando grande diversidade de algas, principalmente as algas verdes (clorofíceas). 
Os ambientes eutróficos são ricos em nutrientes (principalmente nitratos e fosfatos), resultantes da 
decomposição de material orgânico nos sedimentos o que favorece o crescimento em grande escala 
de algas. Já os ambientes mesotróficos apresentam características intermediárias a esses dois.
Ambientes lóticos
De maneira geral, esses ambientes inseridos na área de influência e entorno apresentam-se 
cobertos por uma mata de galeria, o que dificulta a entrada de raios solares, reduzindo a sua 
produtividade primária, tendo em vista a ausência de plantas aquáticas flutuantes ou submersas. 
A falta de luz, associada à corrente fluvial, impede o desenvolvimento do fitoplâncton (algas) 
e zooplâncton (microcrustáceos, rotíferos, protozoários, etc.), influenciando diretamente na 
diversidade de peixes.
152
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Entretanto, a mata de galeria apresenta outras vantagens que justificam a sua presença: 
evita o aquecimento excessivo da água, fornece energia ao sistema através das folhas, frutos e 
sementes que caem nos cursos d’água, proporcionam cobertura (sombra) protetora aos peixes, 
evita a erosão das margens, e dificulta que os agrotóxicos atinjam a água, dentre outras vantagens.
Os insetos e restos vegetais que caem na água compõem parte da alimentação dos peixes. 
A ictiofauna desses ambientes é representada por uma diversidade considerável de espécies de 
peixes de pequeno porte (muitas das quais ainda não identificadas).
Dentre os invertebrados aquáticos, os ribeirões da região de entorno, provavelmente, 
apresentam os insetos que normalmente habitam esses ambientes, tais como as Iarvas de 
Tricoptera, Ephemeroptera, Plecoptera, Díptera, Neuroptera e Coleóptera, além de adultos 
das ordens Hemiptera e Coleoptera. Muitas destas Iarvas, particularmente as Dípteras, são 
componentes essenciais na dieta dos peixes.
Ambientes lênticos
Os ambientes lênticos da área de influência e entorno do Morro Redondo são representados 
por pequenas represas e apresentam características Iimnológicas diferentes daquelas dos ambientes 
Ióticos. Um desses aspectos é o fato de que geralmente são ambientes abertos, que recebem 
muita luz e pouca influência das correntes. Assim sendo, a comunidade planctônica é muito 
desenvolvida, dependendo da Iuz solar e composição química da água.
Essas represas encontram-se em áreas bastante alteradas, já que ao seu redor existe uma 
grande exploração agrícola. O fitoplâncton é, possivelmente, representado por um grande número 
de espécies, tais como algas azuis (Cyanophyceae) e algas verdes (Chlorophyta). O zooplâncton 
é provavelmente representado por microcrustáceos copépodos e cladóceros. A fauna bentônica 
com certeza é muito diversificada, destacando-se principalmente larvas de insetos (Díptera, 
Odonata e Ephemeroptera). A fauna de vertebrados é constituída por girinos de várias espécies 
de anfíbios e alguns peixes, tanto nativos, quanto introduzidos pelos produtores rurais da região.
7.4.3. Diagnóstico do meio sócio-econômico
A história demonstra que as atividades econômicas Ievam à degradação ambiental, visto 
que os recursos naturais como a água, o ar e o solo, são livres de custos monetários diretos, em 
sua maioria, ainda sem a existência de mecanismos de controle da atividade de seus usuários, 
numa sociedade onde a procura pelo uso dos recursos naturais muitas vezes se faz no sentido de 
maximizar a posição financeira de cada um (Pinheiro, 1990).
Os solos e os cursos d’água são os principais componentes afetados durante a deterioração 
ambiental de qualquer natureza. As consequências dos processos de degradação são refletidas 
153
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
também nos recursos naturais que possam estar ligados direta ou indiretamente aos solos e a água.
O solo, base para a implementação das diversas atividades humanas (Pereira, 1995), é 
considerado o recurso básico de uma nação, renovável desde que usado dentro de sua capacidade. 
Entretanto, quando de sua má utilização, reflexos negativos como erosões e assoreamentos 
passam a ser fatores comuns e também passíveis de preocupação.
A modernização da sociedade tem contribuído assustadoramente para o aumento do 
uso e degradação do ambiente, que em muitos casos superam a capacidade de regeneração dos 
ecossistemas e a reciclagem dos recursos renováveis, conduzindo ao depauperamento destes 
recursos. Uma vez degradado, a preocupação se faz presente, não somente na tentativa de 
recompor o ambiente, mas principalmente para restabelecer o equilíbrio e permitir a sobrevivência 
e reprodução das espécies no ambiente.
Qualquer que seja a implantação de um empreendimento, projeto ou plano, há geração de 
efeitos no sistema biótico e sócio-econômico em certo período de tempo, porém, tradicionalmente, 
na avaliação de projetos, a análise convencional custo-benefício é a que primeiro se considera. Em 
se tratando de impactos ambientais e sociais, efeitos secundários e consequências, um número 
limitado de informações encontram-se disponíveis (Pinheiro, 1990).
Embora não seja possível frear o desenvolvimento econômico, já que ele é consequência 
do próprio desenvolvimento social e do crescimento populacional, é possível, porém, inferir até 
que ponto pode-se permitiruma degradação ambiental socialmente aceitável, e que assegure um 
desenvolvimento sustentável para futuras gerações. Os Estudos de Impactos Ambientais tornam-
se imprescindíveis no processo de licenciamento ambiental, pois visam a elencar as principais 
medidas mitigadoras dos impactos gerados pelos empreendimentos.
A obrigação de recuperar áreas degradadas pela exploração de recursos minerais está prevista 
na Constituição Brasileira. O Decreto 97.632 de 10 de abril de 1989 regulamentou a Lei 6.938 
prevê que novos empreendimentos no setor mineral, deverão apresentar ao órgão ambiental 
competente Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - EIA/
RIMA, juntamente com o Plano de Recuperação da Área Degradada.
A recuperação ambiental de uma área degradada pela mineração envolve diversos aspectos 
importantes para a obtenção do resultado final. Deve prever o controle da qualidade dos recursos 
hídricos superficiais e subterrâneos e da qualidade do ar. O tratamento previsto do solo deve 
considerar seus aspectos físicos e bióticos. O processo de revegetação dependerá da obtenção dos 
resultados de recuperação do solo.
O controle ambiental se dá por meio da implementação de programas e ações que 
reduzam o impacto negativo sobre os meios físicos (água, solo e ar), biológicos (fauna e flora) e 
sócioeconômico, melhorando a qualidade de vida das pessoas. Um dos instrumentos previstos na 
154
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
Política Nacional de Meio Ambiente para o controle das atividades potencialmente poluidoras e/
ou utilizadoras dos recursos naturais é o Licenciamento Ambiental.
Área de influência do empreendimento
O município de Lavras é influenciado de maneira indireta pelas atividades realizadas na 
área de estudo. O município situa-se na Zona Fisiográfica SuI de Minas Gerais, a noroeste 
da microrregião Polarizada Alto Rio Grande, que possui 21 cidades e população de 412.629 
habitantes. Esta área engloba as regiões dos Campos das Vertentes e parte do Sul de Minas, 
constituindo uma das regiões de maior densidade demográfica do Estado e intensa ocupação do 
solo com agropecuária e indústrias, além de várias usinas hidrelétricas.
Confronta-se ao norte com os municípios de Ribeirão Vermelho e Perdões, à leste com 
Ijaci e Itumirim, à oeste com Nepomuceno e ao sul com os municípios de Ingaí e Carmo da 
Cachoeira. O município de Lavras goza de excelente clima, com temperatura amena mesmo 
durante o verão. As chuvas têm maior distribuição de janeiro a março e a estiagem ocorre entre 
os meses de julho e agosto.
O levantamento do meio sócioeconômico no estudo de impacto ambiental abrangeu e 
descreveu com detalhes, à época, os seguintes itens:
 1) Histórico do município de Lavras - MG
 2) Estrutura fundiária
 3) População
 4) Recursos econômicos:
 a) Setor primário:
•	 Agropecuária;
•	 Atividade leiteira;
•	 Suinocultura e outros rebanhos;
•	 Avicultura;
•	 Cafeicultura e outros produtos;
•	 Culturas temporárias e permanentes.
 b) Setor secundário:
•	 Indústria.
 c) Setor terciário:
•	 Comércio;
155
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
•	 Comércio varejista;
•	 Comércio atacadista;
•	 Serviços e transportes.
 d) Finanças
 e) Reservas minerais
 5) Saúde
 a) Assistência médica
•	 Hospitais;
•	 Postos de atendimento;
•	 Pronto socorro, serviço odontológico e clínicas;
•	 Laboratórios.
 6) Infra-estrutura
 a) Educação
•	 Maternal, pré-primário, 1º e 2º grau;
•	 Graduação e pós-graduação;
•	 Cursos específicos.
 7) Comunicação/ Informação
•	 Telefonia: serviços de DDD e DDI;
•	 Correios e Telegráfos: EBCT;
•	 Telex: 20 aparelhos (1994);
•	 Emissoras de rádio: 3 (1992);
•	 Jornais: 4 (1992);
•	 Televisão/retrasmissão: Três torres retransmissoras, captando oito emissoras;
•	 Bibliotecas: a cidade possui oito bibliotecas entre federais, estaduais, 
municipais e particulares.
 8) Vias de acesso
•	 Rodovias e ferrovias: A cidade é servida por duas rodovias federais, além de ser 
entroncamento ferroviário da Ferrovia Centro Atlântica (FCA).
 9) Transportes
a) Rodoviário: rodovias BR-265 e BR-381;
b) Ferroviário;
c) Aéreo: possui um aeroporto com pista asfáltica e infra-estrutura para operar 
aviões de pequeno porte em linhas comerciais;
156
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
d) Transporte Coletivo:
•	 Transporte interurbano e interestadual – operado por 12 empresas;
•	 Transporte urbano.
 10) Energia elétrica e água: CEMIG e COPASA
 11) Esgoto e coleta de lixo
 12) Rede bancária
 13) Correios
 
 14) Drogarias e farmácias
 15) Segurança pública:
 a) Polícia militar
 b) Polícia civil
 16) Organização judiciária
•	 Cartórios e tabelionatos
 17) Logradouros públicos
 
 18) Edificações
 19) Assistência social:
•	 Conselhos
 
 20) Grupos sócio-culturais:
•	 Banda de música
 21) Outras estruturas de apoio:
•	 Hotéis
•	 Terminal rodoviário
•	 Aeroporto
•	 Empresas de turismo e transporte
•	 Clubes sociais e de lazer
 22) Patrimônio regional:
157
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
 a) Natural
•	 Parque Ecológico Quedas do Rio Bonito
•	 Serra da Bocaina
Coleta de informações nas propriedades rurais
Para a realização do trabalho, utilizaram-se questionários estruturados, visando obter 
informações para uma análise da situação social, econômica e tecnológica dos produtores 
mais afetados pelas atividades de exploração da cascalheira, com a realização de entrevistas aos 
produtores rurais (Figura 7.6) e proprietários de terras próximas à área do empreendimento. 
Efetuou-se também a busca de informações em fontes primárias, tais como trabalhos e relatórios 
elaborados pela COPASA, IBAMA e IBGE, referentes à área objeto deste estudo.
Figura 7.6 - Localização de algumas propriedades rurais utilizadas para o estudo do meio antrópico.
158
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
7.5. Avaliação dos Impactos Ambientais
7.5.1. Impactos Ambientais
No presente estudo, a ocorrência dos possíveis impactos provocados pelo empreendimento 
ao ambiente, e suas respectivas fases (atividades), foram simplificados da seguinte maneira:
a) Fase 01- preparo para lavra
b) Fase 02 - lavra 
c) Fase 03 - beneficiamento 
d) Fase 04 - desativação 
Meio Físico
Solos - Impactos negativos
 a) Perda da camada superficial do solo
•	 A retirada da camada superficial do solo que viabilizará a exploração do cascalho 
acarretará várias consequências, tais como: alteração das propriedades químicas 
e físicas do solo, perda da matéria orgânica, destruição da população microbiana 
do solo, da mesofauna e do banco de sementes. (Fase: 01). 
 b) Desafeiçoamento da área
•	 Com a exploração do cascalho no Morro ocorrerá o desafeiçoamento total ou 
parcial das características morfológicas e das propriedades concernentes à beleza 
cênica do local. Com isso, modifica-se a interação natural existente do Morro 
com todos os outros aspectos naturais que compõem a paisagem da bacia onde 
o empreendimento está inserido (Fases: 02 e 03).
 c) Compactação do solo
•	 O tráfego constante de tratores e caminhões para a exploração do Morro, 
certamente causará a compactação no solo, que será caracterizado por um 
aumento da densidade do solo e uma diminuição da porosidade total, quando 
comparadas às camadas adjacentes (Fases: 01, 02 e 03).
•	 A compactação do solo provocará alterações em seu interior, modificando boa parte 
do seu ambiente físico. O processo de compactação desenvolve a formação de crostas 
(encrostamento superficial), empoçamento de água, zonas endurecidas abaixo da 
superfície, erosão pluvial excessiva, baixo índice de emergência de plantas, sistema 
radicular pouco profundo e raízes mal formadas (Fases: 01, 02 e 03).
159
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
 d) Erosão do solo
•	 A exploração do cascalho no Morro promoverá a retirada da vegetação, deixandoo solo descoberto, sujeito ao impacto direto das gotas da chuva e escoamento 
superficial da água sobre o solo. Dessa forma, o solo ficará extremamente suscetível 
aos processos erosivos e as consequências muitas vezes são de caráter devastador, 
com danos irreversíveis. Os impactos causados pela erosão estão associados a 
muitos fatores, todos eles de real importância e magnitude. A Equação Universal 
de Perda de Solo, que avalia a perda de solos pelos processos erosivos, determinou 
que a perda anual de solos na microbacia é de 0,112 toneladas de solo/ha/ano 
para os Latossolos, os quais são predominantes na microbacia, e cujo valor é 
considerado baixo. No entanto, espera-se que com a efetivação e operação do 
empreendimento, as perdas de solo por erosão, desde que medidas preventivas 
não sejam aplicadas, aumentem em relação a esse valor (Fases: 02, 03 e 04).
 
 e) Perda de nutrientes do solo
•	 Em geral, os nutrientes estão concentrados na camada superficial do solo, que 
desprotegido devido a ausência de vegetação, possibilita o desencadeamento dos 
processos erosivos e a lixiviação de nutrientes decorrentes da ação dos impactos 
das gotas de chuva sobre o solo. A perda de nutrientes pelo solo interfere de 
maneira negativa na produção agrícola e florestal. Como muitos dos nutrientes 
do solo estão associados com a fração fina do solo, eles são, portanto, facilmente 
carreados pela erosão (Fases: 01, 02, 03 e 04).
 f ) Redução na capacidade de infiltração e retenção de água no solo
•	 A desestruturação dos agregados do solo altera a porosidade, afetando a 
porcentagem de matéria orgânica e, consequentemente, a população de 
microrganismos, cujos resultados afetarão principalmente a capacidade do solo 
em absorver e reter água. (Fases: 01, 02 e 03).
 g) Formação de sulcos e voçorocas
•	 Os sulcos e voçorocas são formas de erosão hídrica, que se intensificam em solos 
desnudos, principalmente aqueles que se encontram em processo intensivo de 
exploração (Fases: 01, 02, 03 e 04).
160
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
 h) Destruição das culturas
•	 As culturas podem ser incompatíveis ou fortemente prejudicadas em função da 
ativação e operação do empreendimento. A maioria dos impactos desencadeados 
interfere diretamente na agricultura através dos processos erosivos que causam a 
destruição das lavouras e redução da produtividade. Esta realidade aumenta os 
custos do produtor para efetuar os ajustes e correções advindas dos impactos da 
exploração (Fases: 02, 03 e 04).
 i) Degradação do perfil do solo
•	 A degradação do perfil do solo promove a lixiviação de nutrientes, gerando um 
desequilíbrio para a mesofauna, tornando os solos mais suscetíveis aos processos 
erosívos (Fases: 01, 02, 03 e 04).
 j) Degradação da qualidade de água causada pela erosão do solo
•	 A erosão provocada em função da exploração do cascalho no Morro tende a levar 
as partículas do solo através do escoamento superficial ou através das voçorocas 
na direção da declividade para os leitos dos rios, lagos e para locais mais baixos 
(menor energia). Esse processo causa mudanças no regime hídrico dos rios e 
aumenta consideravelmente a quantidade de partículas sólidas em suspensão, 
deixando a água com a cor escura e com uso limitado, além de promover a 
redução na qualidade da água (Fases: 01, 02, 03 e 04).
 
 l) Aumento no custo do tratamento da água em função da sedimentação e assoreamento 
causados pela erosão
•	 Associado ao transporte de sedimentos pode-se encontrar vários elementos ou 
partículas oriundas das adubações, fertilizações e controle químico de pragas e 
doenças. A utilização desta água pelo ser humano requer tratamento para torná-
la apta para consumo. Quando isso ocorre, aumentam os custos com tratamento, 
com reflexos diretos para a própria população (Fases: 01, 02, 03 e 04).
 m) Alteração no formato dos leitos dos rios pela deposição de sedimentos do solo
•	 A deposição de sedimentos nos leitos dos rios pode alterar o seu curso, prejudicando 
o fluxo normal da corrente hídrica. Em alguns casos, pode ocorrer a interrupção 
do fluxo d’água ou o desvio para outras calhas (Fases: 01, 02, 03 e 04).
161
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
 n) Interrupção do fluxo d’água de pequenos canais de drenagem, quando da implantação 
da malha viária para transporte do cascalho
•	 A construção de estradas pode interromper os canais de drenagem, os pequenos 
cursos d’água e destruir mananciais. As barreiras físicas causadas pelas estradas, 
em certos casos, tende a provocar o represamento da água na época das chuvas, 
vindo a provocar sérias alterações na vida microbiana e na micro e mesofauna 
(Fase: 01).
 o) Aumento do nível de turbidez e assoreamento dos cursos d’água pela interferência 
direta do solo
•	 O processo erosivo deposita partículas de solo no leito dos rios. Dependendo 
do tamanho d partículas, elas podem ficar em suspensão se locomovendo com 
a corrente d’água. Isso provoca o aumento da turbidez, afetando diretamente a 
vida da ictiofauna e dos animais, tanto aquáticos como terrestres, e, de maneira 
indireta, também a vida humana (Fases: 01, 02, 03 e 04).
 p) Perturbação das nascentes de rios e mananciais pela exploração do solo
•	 Está associada a todo o processo de exploração do morro, uma vez que a construção 
de estradas, o trânsito de máquinas, a deposição de sedimentos, a retirada da 
vegetação, a extração de cascalho, a compactação do solo, o desafeiçoamento 
do terreno e a erosão, irão interferir diretamente na degradação das nascentes e 
mananciais existentes (Fases: 01, 02 e 03).
 q) Alterações do lençol freático causadas pela retirada do cascalho
•	 As atividades de exploração do cascalho que ocorrerão no morro, não só trarão 
consequências às águas de superfície como também afetarão o lençol freático, 
alterando o seu nível. Este fato implica em modificações no regime natural do 
escoamento das águas de superfície e nas fundações estruturais implantadas no 
solo (Fases: 01, 02, 03 e 04).
 r) Degradação do banco de sementes e da regeneração natural pela erosão do solo
•	 Dependendo da intensidade da erosão do solo e das formas como ela se 
apresenta, o banco de sementes do solo e a regeneração natural serão fortemente 
prejudicados. Isso ocorrerá próximo à área explorada, principalmente no sentido 
da declividade, uma vez que a área de exploração terá toda sua vegetação retirada 
(Fases: 01, 02 e 03).
162
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
 s) Poluição do ar causada pelas partículas do solo
•	 A constante movimentação de máquinas carregando e transportando cascalho, e 
a retirada do cascalho do seu ambiente, podem provocar uma cortina de poeira 
no entorno da área de exploração, prejudicando e afugentando os animais e 
danificando a saúde dos trabalhadores nas áreas de lavra. Acredita-se que os 
moradores da região pouco sofrerão com a poeira originada da lavra, pois as 
residências localizam-se distantes do local de exploração. (Fases: 01, 02 e 03).
Recursos Hídricos – Impactos negativos
 a) Assoreamento e sedimentação
•	 Existe a possibilidades do aumento de deslizamentos de solo em alguns pontos do 
Morro Redondo, em direção às nascentes Iocalizadas na Fazenda Santo Antônio 
do Morro Redondo e Santa Cruz, e que podem provocar o assoreamento das 
calhas dos cursos d’água (Fases: 01, 02, 03 e 04).
•	 O assoreamento dos cursos d’água em consequência da deposição de sedimentos 
provoca a diminuição do volume e velocidade da água (Fases: 01, 02 e 03).
 
 b) Qualidade da água
•	 Os cursos de drenagem analisados encontram-se bastante poluídos por lixo 
doméstico, além de fezes e urinas de bovinos, uma vez que estes transitam nos 
ribeirões que se localizam nas microbacias da área afetada pelo empreendimento. 
Portanto, essa água não deve ter uso doméstico, servindo apenas para a Iimpeza 
dos currais e dessedentação animal.
•	 Após chuvas prolongadas na microbacia,pode ocorrer um aumento da turbidez, 
provocada pela presença de sólidos suspensos oriundos do empreendimento 
através do carreamento desses até os cursos d’água (Fases: 01, 02 e 03).
•	 A eliminação da vegetação deixa o solo susceptível a ocorrência de fenômenos 
erosivos, consequentemente, há o carreamento de partículas sólidas para o leito 
dos recursos hídricos, aumentando a sua turbidez (Fases: 01, 02, 03 e 04).
 c) Vazão
•	 A construção de pequenos canais de drenagem provoca a interrupção do fluxo 
d’água (Fase: 01).
•	 A ocorrência de queda natural de árvores nas nascentes, provocada pelo 
desbarrancamento, pode causar erosões e obstruções dos cursos d’água (Fases: 
01, 02 e 03).
163
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
 d) Lençol freático
•	 Com a retirada da vegetação nativa há o favorecimento para o escoamento 
da água no perfil do solo, além de causar sua compactação pela operação do 
desmatamento. Consequentemente a infiltração e percolação da água para o 
abastecimento do lençol freático ficam comprometidas (Fases: 01, 02 e 03).
Meio biótico
Vegetação - Impactos negativos
 a) Regeneração natural
•	 A deposição de sedimentos nas encostas em alguns pontos provoca a eliminação 
da vegetação herbácea e das espécies arbóreas e arbustivas, além de dificultar a 
regeneração natural (Fases: 01, 02 e 03).
•	 O manuseio da camada superficial do solo pode danificar mecanicamente os 
propágulos vegetais remanescente, bem como o banco de sementes encontrado 
nesse material (Fases: 01, 02 e 03).
 b) Proteção
•	 Os riscos de incêndios florestais aumentam devido à presença de máquinas e 
de pessoas na área de influência do empreendimento, o que pode provocar a 
eliminação de espécies vegetais de vários estratos (Fases: 01, 02, 03 e 04).
•	 As operações de retirada e transporte do material mineral podem causar injúrias 
à vegetação, com maior frequência para as árvores de maior porte, abrindo 
caminho para a ocorrência de doenças ou ataque de pragas (Fases: 02 e 03).
•	 A alteração na vegetação, devido à exploração do recurso mineral, pode causar 
alterações na composição florística, extinção de espécies e estreitamento da base 
genética das populações que compõem a formação florestal (Fase: 01).
Fauna
Terrestre e ornitofauna
 a) Impactos positivos
•	 O revolvimento das camadas superficiais do solo expõe inúmeros tipos de 
organismos, que servem como fonte de alimento para um grande número de 
vertebrados, especialmente a ornitofauna.
164
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
b) Impactos negativos
•	 Os distúrbios devido à instalação do empreendimento minerário e as operações 
relacionadas, como construção da infra-estrutura, movimentação de maquinas e 
veículos, e a geração de ruídos perturbam a fauna, provocam o seu deslocamento, 
também a mudança na composição e estrutura, bem como o afugentamento dos 
indivíduos. Pode haver mortalidade de animais causada pelo trânsito de veículos 
(Fases: 01, 02, 03 e 04).
•	 Diminuição dos habitats naturais em consequência da utilização / desmonte 
da fonte de cascalho, gerando perda constante de ambientes para reprodução, 
abrigo, locomoção e disponibilidade de alimentos para a fauna silvestre (Fases: 
01 e 02).
•	 Queimadas nas áreas de pastagem natural e demais formações florestais, devido à 
presença de máquinas e pessoas na área de influência direta do empreendimento. 
Destruição de ninhos, abrigos, habitats e fontes de alimento para a fauna (Fases: 
01, 02, 03 e 04).
•	 A erradicação da vegetação causa uma diminuição da capacidade de suporte do 
meio para a fauna terrestre (Fases: 01, 02 e 03).
Fauna aquática
 a) Impactos Negativos
•	 A qualidade da água afeta diretamente a fauna aquática e a ictiofauna, sendo que 
as principais consequências da baixa qualidade da água são: redução no tamanho 
da população e na saúde dos peixes, ocorrendo com maior intensidade em cursos 
d’água com baixo volume de água (Fases: 01, 02 e 03).
•	 O aumento da turbidez provocada pela presença de substâncias sólidas, as 
quais podem ser oriundas dos processos erosívos, podem interferir na qualidade 
e quantidade de luz que penetra o corpo líquido, causando alteração na 
produtividade do sistema aquático (Fases: 01, 02, 03 e 04).
•	 O assoreamento dos cursos d’água em consequência da deposição de sedimentos 
pode afetar o habitat da fauna aquática e da ictiofauna (Fases: 01, 02, 03 e 04).
Meio Sócio-Econômico
Impactos positivos
 a) Arrecadação de impostos
165
Capítulo 7 - Estudo de caso de Impacto Ambiental: Mineração
•	 A arrecadação de impostos provenientes da comercialização dos produtos 
retirados do empreendimento gera um impacto positivo.
 b) Oferta de produto
•	 O empreendimento fornece aterro para a construção e recuperação de estradas 
Iocalizadas nas proximidades do município de Lavras (Fase: 03).
 c) Oferta de emprego
•	 Nas fases de planejamento, de lavra e de beneficiamento haverá uma oferta de 
trabalho pouco considerável em função do porte do empreendimento (Fases: 
01, 02 e 03).
Impactos negativos
 a) Produção agrícola e animal
•	 As técnicas de manejo das Iavouras quanto ao uso de produtos químicos, tem 
potencializado ainda mais a capacidade poluidora que prejudica a qualidade 
do ambiente. A criação de bovinos é caracterizada como semi-extensiva (0,75 
animais/hectare), não havendo problemas importantes relacionados com o 
superpastoreio. Destaca-se, entretanto, a relação entre a criação de bovinos e o 
carreamento de esterco dos currais para os mananciais (Fases: 01, 02, 03 e 04).
•	 De uma forma geral, a produção agropecuária apresenta certa dificuldade, no 
que tange à irrigação das lavouras e fornecimento de água para a dessedentação 
animal (Fases: 01, 02 e 03).
 d) Saúde
•	 Através dos Ievantamentos realizados, foi verificado que a água consumida não é 
filtrada em 12% das propriedades. Entretanto, o saneamento básico merece ser 
destacado, tendo em vista a prática comum de Iançamento dos esgotos sanitários 
brutos em valas de escoamento e cursos de água, podendo torná-los impróprios 
para o consumo doméstico.
•	 Não existem postos para a prestação de serviços de saúde e de educação no local. 
Estes serviços a cargo da administração pública são concentrados na zona urbana 
do municipio de Lavras.
 
166
Fundamentos da Avaliação de Impactos Ambientais com estudo de caso
 e) Desativação
•	 Com a desativação do empreendimento haverá a paralisação da arrecadação de 
impostos oriundos da exploração do produto e da sua comercialização (Fase: 04).
•	 Nesta fase ocorrerá a dispensa dos funcionários ou o seu aproveitamento em 
outras atividades (Fase: 04).
7.5.2. Matriz Ambiental das Interacões dos Impactos Ambientais
A matriz de interação utilizada para a qualificação e quantificação dos impactos gerados ou 
previsíveis pelo projeto (Tabela 5), contemplou inúmeras possibilidade de impactos ambientais, 
dos quais 247 se revelaram efetivos. Desses impactos, 59 ou 23,9% são de caráter benéfico, 159 
ou 64,4% são de caráter adverso e 29 ou 11,7% são indefinidos, ou seja, seu caráter depende 
de fatores ainda desconhecidos, ou aqueles cuja ocorrência não pode ser prevista com exatidão.
Deve-se ressaltar que do total dos impactos identificados ou previstos, em relação ao 
atributo importância, 76 ou 30,8% apresentam grande importância 81,0 ou 32,8% importância 
moderada e 90 ou 36,4% não apresentaram grau de importância significativa.
Quanto ao atributo magnitude, observa-se que 26 ou 10,5% dos impactos estudados 
apresentaram magnitude muito alta; 37 atributos ou 15% que apresentaram alta magnitude; 
36 ou 14,6% apresentaram magnitude média; 62 atributos correspondendo a 25,1% 
apresentaram magnitude baixa e, finalmente 86 do total ou 34,8% dos impactos estudados 
apresentaram-se insignificantes.
Com relação ao atributo duração, observa-se que 135 impactos ou 54,9% são de Ionga 
duração, 34 ou 14,2% de média duração e 62 ou 24,8% representam impactos

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