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DISCRIMINAÇAO E GENERALIZAÇAO: COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO Tereza Maria de Azevedo Pires Sério Maria Amalia Andery Nilza Micheletto Paula Suzana Gioia O estudo experimental e o aprimoramento conceituai dos processos de discriminação e generalização deixam claro que, na descrição do comportamento operante, duas relações resposta-ambiente devem ser consideradas: a relação entre a resposta e suas conseqüências e a relação entre a resposta e a situação presente quando da emissão da resposta. Deixam claro, também, que essas relações estão, por assim dizer, interligadas: por um lado, as conseqüên- cias diferenciais produzidas pela resposta em diferentes situações é que estabelecerão o con- trole da situação antecedente sobre a resposta, por outro lado, a resposta só produzirá tais conseqüências se for emitida em determinada situação. Assim, quando se trata de descrever e compreender o comportamento, é impossí- vel falar de uma dessas relações isoladamente. Essa inter-relação é tão básica para o analista 58 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE do comportamento que ela passa a constituir sua unidade de análise: para analisar (isto é, decompor, dividir) um episódio, o analista do comportamento procurará identificar as inter- relações entre situação antecedente-resposta- conseqüência que o compõem. Uma pergunta bastante freqüente entre os estudantes de psicologia é se, com essa unidade de análise, podemos compreender o comporta- mento humano, em especial aqueles compor- tamentos considerados complexos e que pare- cem ser tipicamente humanos, como, por exemplo, os envolvidos nos fenômenos chama- dos cognitivos. O analista do comportamento, é claro, responde afirmativamente: e mais, para ele, é exatamente essa unidade de análise com três termos que permite tratar desses fenô- menos complexos. Sidman (1986) apresenta de forma muito clara o que a ampliação da unidade de análise de dois termos (resposta- conseqüência) para três termos (situação ante- cedente-resposta-conseqüência) possibilitou. Nada melhor, então, que recorrer ao próprio texto de Sidman (ibid.) para identificarmos as possibilidades dessa nova unidade de análise na compreensão do comportamento humano. Como um bom analista do comporta- mento, Sidman (ibid.) reconhece as imensas possibilidades abertas já pela unidade de dois termos (resposta-conseqüência): COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 59 ü reconhecimento da contingência de dois ter- mos como uma unidade de análise, por mais simples que ela pareça, deve ser considerada como um marco no desenvolvimento da análise comportamental. O comportamento que pare- cia controlado por eventos futuros, uma ano- malia científica problemática, poderia agora ser visto como tendo sido gerado por contingências passadas. Uma importante área da cognição, o “propósito", foi pela primeira vez colocada em um bom arranjo científico. Não era mais neces- sário invocar “expectativas”, “antecipações” ou “intenções” hipotéticas para trazer os determi- nantes do futuro para o passado ou o presente; poder-se-ia, ao invés disso, indicar as contin- gências reais que tinham já ocorrido, (p. 217) Para Sidman (ibid.), a unidade de três ter- mos só veio confirmar e ampliar as possibili- dades abertas pelo desenvolvimento conceituai da análise do comportamento: Ao adicionar um único termo a sua unidade menor, a análise do comportamento estende significativamente seu domínio. Por exemplo, a contingência de três termos abarca aque- les fenômenos que tradicionalmente têm sido incluídos no tema “percepção" (...) A contingên- cia de três termos também é a unidade analítica básica da cognição. O conhecimento é inferido de observações de controle de estímulos; diz-se que conhecemos um objeto de estudo apenas se nos comportarmos diferencialmente com relação aos materiais que definem esse objeto, (pp. 221-223) 60 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE Esses fenômenos citados por Sidman (ibid.), percepção e conhecimento, ao lado de outros, tais como atenção, formação de con- ceitos, abstração e solução de problemas, têm sido vistos na psicologia como envolvendo ati- vidades especiais, mais complexas que outras atividades humanas. Do ponto de vista da aná- lise do comportamento, independentemente de sua maior ou menor complexidade, todos esses fenômenos envolvem a relação entre, pelo menos, uma classe de respostas e duas classes de estímulos; relação que vimos estudando com o nome de controle de estímulos e que é des- crita com base nos conceitos básicos de discri- minação e generalização. É objetivo deste texto apresentar, pelo menos introdutoriamente, como tais relações são compreendidas concei- tualmente e ilustrar o trabalho experimental que tem fundamentado essa compreensão. Percepção e atenção Falar em percepção significa falar de res- postas operantes controladas por estímulos antecedentes. Como outra relação operante, a relação envolvida no que chamamos de per- cepção sofre a influência da história vivida pelo indivíduo que se comporta e de circuns- tâncias presentes no momento em que o indi- COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 61 víduo se comporta. Poling, Schlinger, Starin e Blakely (1990) resumem muito bem esse ponto de vista: Entre as variáveis que controlam a percepção, no sentido de respostas controladas por um estímulo, estão: 1) as características físicas do estímulo, 2) a presença concomitante de outros estímulos, e 3) a história (experiência) do indi- víduo com relação ao estímulo, (p. 1U9) A descrição da percepção como resposta operante sob controle de estímulos acarreta uma mudança em relação à concepção tradicio- nal: uma vez que se assuma que percepção é comportamento operante, assume-se que per- cepção como comportamento env olve ação em relação ao ambiente. Assim, do ponto de vista comportamental, o estudo da percepção não deve ser reduzido ao estudo das estruturas dos órgãos dos sentidos ou ao estudo da forma ou estrutura dos estímulos; nenhum desses aspec- tos abrange o fenômeno que chamamos tradi- cionalmente de percepção. Alguns trechos de Skinner, retirados do capítulo sobre percepção do livTO About Behaviorism (1976), represen- tam o ponto de vista comportamental. Uma pessoa não é um espectador indiferente a absorv er o mundo como uma esponja. (...) Não estamos simplesmente “cientes" do mundo ao nosso redor; respondemos a ele de maneiras 62 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE idiossincráticas por causa daquilo que aconte- ceu quando estivemos em contato com ele. (...) Tem sido salientado, com freqüência, que uma pessoa que percorreu um caminho quando passageiro não consegue encontrá-lo tão bem quanto uma que tenha dirigido por ele igual número de vezes. (...) Ambos foram expostos aos mesmos estímulos visuaíf, mas as contin- gências foram diferentes. Perguntar por que o passageiro (...) não “adquiriu conhecimento do caminho” é perder de vista a questão impor- tante. (...) As grandes diferenças naquilo que é visto em diferentes momentos em uma dada situação sugere que um estímulo não pode ser descrito em termos puramente físicos. Tem sido dito que o behaviorismo falhou por não reconhecer que o que é importante é “como a situação aparece para uma pessoa" ou “como uma pessoa interpreta uma situação” ou “que significado uma situação tem para uma pes- soa". Entretanto, para investigar como uma situação aparece para uma pessoa ou como ela a interpreta, ou que significado ela tem para a pessoa, devemos examinar o seu comporta- mento com relação a tal situação, incluindo suas descrições dessa situação, e esse exame só pode ser feito em termos de sua história gené- tica e ambiental. (...) pessoas vêem coisas dife- rentes quando foram expostas a contingências de reforçamento diferentes, (pp. 82-88) Do ponto de vista da análise do comporta- mento, o que chamamos de atenção não difere do que chamamos de percepção; estamos, no COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO63 caso da atenção, mais lima vez falando de controle de estímulos, portanto, de uma rela- ção entre condições antecedentes e respostas operantes. Vamos, mais uma vez, recorrer a Skinner (1965) para apresentar essa posição: O controle exercido por um estímulo discrimi- nativo é tradicionalmente tratado sob o rótulo de atenção. Esse conceito inverte a direção da ação sugerindo, não que um estímulo controla o comportamento de um observador, mas que o observ ador atenta para o estímulo e, assim, o controla. (...) Atenção é uma relação de controle - a relação entre uma resposta e um estímulo discriminativ o. Quando alguém está prestando atenção está sob controle especial de um estí- mulo. Detectamos a relação mais prontamente quando os receptores estão claramente orien- tados, mas isso não é essencial. Um organismo está atentando para um detalhe de um estímulo se o seu comportamento estiver predominante- mente sob controle daquele detalhe, quer seus receptores estejam ou não orientados para pro- duzir uma recepção mais clara. (pp. 122-124) Se o analista do comportamento, nos dois casos - da percepção e da atenção -, estuda e descreve os fenômenos de uma mesma maneira, isto é, como controle de estímulos sobre res- postas operantes, quase que inevitavelmente surge a pergunta se não está ocorrendo uma 64 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE grande simplificação ou, em outras palavras, por que existem dois termos se o fenômeno é um só? É possível que a dificuldade que temos em lidar com relações sujeito-ambiente, no lugar de lidar com eventos estanques, delimitados e com existência independente, seja a responsá- vel pela existência de dois termos que supõem e, ao mesmo tempo, sugerem a existência de dois fenômenos distintos. A dificuldade em lidar com relações sujeito-ambiente pode fazer com que lidemos isoladamente com os elemen- tos que compõem a relação: quer enfatizando o sujeito e supondo que ele é o iniciador autô- nomo de suas atividades, quer enfatizando o ambiente e supondo que ele se impõe sobre o sujeito, que é visto, então, como receptáculo das estimulações ambientais. O primeiro caso parece estar representado no recurso ao termo atenção; no segundo caso, no recurso ao ter- mo percepção. Como em outros assuntos, as proposições feitas pelo analista do comportamento acabam sendo fonte de problemas de pesquisa para o próprio analista. Assim, um primeiro desafio, no caso da percepção e da atenção, é o de inves- tigar a natureza operante das respostas envol- vidas e a presença de controle de estímulos. Uma pesquisa historicamente importante sobre o fenômeno da atenção é a Attention in COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 65 the pigeon (Reynolds, 1961). Para exemplificar como esse fenômeno pode ser estudado expe- rimentalmente, será relatado, aqui, apenas o primeiro experimento realizado. Os sujeitos experimentais foram dois pombos privados de alimento. O equipamento utilizado foi uma caixa-padrão com um comedouro e um disco que podia ser iluminado com diferentes for- mas e cores. O estimulo reforçador utilizado foi 3 segundos de acesso ao alimento. O experi- mento foi iniciado com o disco iluminado com um triângulo branco em um fundo vermelho; respostas de bicar o disco foram reforçadas em CRF por duas sessões (cada sessão durava o tempo necessário para que 60 reforços fos- sem liberados) e em VI 3 min por três sessões, de 3 horas cada uma. O treino discriminativo foi realizado nas seis sessões seguintes. Esse treino foi realizado com um procedimento de discriminação sucessiva: durante 3 minutos, o disco era iluminado com o triângulo branco em fundo vermelho e o responder era reforçado em um VI 3 min; durante 3 minutos, o disco era iluminado com um círculo branco em um fundo verde e respostas de bicar o disco não eram reforçadas. As sessões duravam 3 horas, com 30 apresentações de cada estímulo; no final da sexta sessão, foi alterada a duração de apresentação dos estímulos para 1 minuto. Na sétima e na nona sessões, cada componente 66 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE dos estímulos (círculo, triângulo, fundo verme- lho e fundo verde) foi apresentado separada- mente por um minuto, em ordem randômica, por várias vezes, completando um total de 52 minutos para cada estímulo para o sujeito 105 e 69 minutos para o sujeito 107. Foi realizada, entre as duas sessões (8a sessão), uma sessão na qual vigorava o procecMmento do treino dis criminativo. A Figura 1 apresenta alguns resul- tados obtidos. Como pode ser visto na Figura 1, os sujei- tos responderam diferencialmente, dependendo do estímulo presente: é baixa a freqüência de respostas na presença do círculo sobre verde e alta na presença de triângulo sobre vermelho. Entretanto, ao separar os componentes dos estímulos, Reynolds (ibid.) verificou que o com- portamento de cada um dos sujeitos ficou sob controle de diferentes aspectos do S*: triângulo para um dos sujeitos e vermelho para o outro. O estabelecimento da relação de con- trole de estímulos que descreve a relação que caracteriza os fenômenos que têm sido cha- mados tradicionalmente de atenção e percep- ção pode, à primeira vista, não revelar toda a complexidade nela envolvida. Ao comentar a possibilidade de estudar experimentalmente discriminação, Skinner (1966) afirma: COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 67 Figura I - Taxa de respostas de cada pombo na presença de cada um dos discos de iluminação no treino discriminativo e no teste do Experimento I Fonte: adaptado de Reynolds (1961, p. 204). Podemos estudar essa relação em um experi- mento simples. Planejamos reforçar um pombo quando ele bica uma chave, mas apenas quando uma pequena luz localizada acima da chave está piscando. O pombo forma uma discriminação 68 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE na qual ele responde à chave quando a luz pisca e não responde quando ela não está pis- cando. Notamos também que o pombo começa a observar a luz. Podemos dizer que ele está atentando para ela ou que ela mantém sua atenção. O comportamento é facilmente expli- cado em termos de reforçamento condicionado. Olhar em direção à luz é ocasionalmente refor- çado por ver a luz piscar. O comportamento é comparável a procurar um objeto. (...) Uma orientação estável dos olhos não é o único resultado possível. O comportamento de pro- curar com os olhos no escuro ou numa neblina forte é um exemplo de olhar com orientação para o campo visual inteiro. O comportamento de esquadrinhar o campo - ou responder para cada parte dele em algum padrão exploratório - é comportamento que é mais frequentemente reforçado pela descoberta de objetos importan- tes, assim ele se torna forte. (pp. 122-123) Como vemos, o estabelecimento do con- trole de estímulo discriminativo sobre o res- ponder envolve a emissão de um conjunto de respostas que nos colocam em contato com o estímulo discriminativo. Essas respostas são as respostas de observação. Vale a pena notar que, nesse trecho, podemos identificar mais um problema do termo atenção tal como ele é usado em nossa linguagem cotidiana. Ele parece referir-se indistintamente a duas rela- ções comportamentais diversas: as respostas que nos colocam em contato com os estímulos COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 69 discriminativos e as respostas que estão sob controle desses estímulos, portanto, dependem desse contato. Os resultados de experimentos realiza- dos por Holland (1966) e Schroeder e Holland (1968) ilustram de forma clara o caráter ope- rante das respostas de observação. Holland (1966) chama de respostas de observação aquelas que possibilitam a detec- ção de um sinal e sugere que tais respostas são respostas operantes. O experimento foi reali- zado com sujeitos humanos. Esses participan- tes deveriam detectar e relatar o movimento de um ponteiro em um mostrador. Os participan- tes trabalhavam no escuro e podiam iluminar o mostradorpor um breve período (0,07s) aper- tando um botão; para indicar que o movimento do ponteiro havia sido detectado, os participan- tes deviam apertar um segundo botão. O expe- rimentador planejou diferentes esquemas para o movimento do ponteiro, cada um dos esque- mas correspondia a um esquema diferente de reforçamento, por exemplo, intervalo fixo, razão fixa. Assim, quando o esquema em vigor era uma razão fixa (FR 36, por exemplo), o pon- teiro era movimentado depois que 36 respostas de apertar o botão que iluminava o mostrador tivessem sido emitidas. Os resultados indicam que o padrão de respostas de apertar o botão que iluminava o mostrador variou segundo os 70 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE diferentes esquemas utilizados pelo experimen- tador (por exemplo, FR 36, FR 84, FI 1 min, FI 2 min , VI 15 s, VI 1 min). Com esses resultados, Holland (1966) pôde concluir que as respostas de apertar o botão que iluminava o mostrador (respostas de observação) estavam sob controle da detecção do sinal. É possível que o fato ae esse experimento lidar com respostas motoras arbitrárias, tais como apertar o botão que ilumina o mostra- dor, dificulte considerá-las como respostas de observação, análogas às que emitimos cotidia- namente. Schroeder e Holland (1968) realiza- ram um experimento que envolvia respostas de observação que podem ser consideradas “natu- rais”: movimentos dos olhos. Os experimenta- dores utilizaram um equipamento que permitia medir a freqüência e a duração de fixação dos olhos em determinados pontos, o tempo que o participante levava para indicar a detecção do sinal e a “correção” da detecção. Os parti- cipantes (três estudantes universitários) senta- vam-se, confortavelmente, diante de um painel no qual os estímulos eram apresentados; esse painel tinha quatro mostradores com pontei- ros que podiam ser movimentados e quatro lâmpadas, todos em volta de uma foto de uma moça. A Figura 2 representa esquematicamente o equipamento de apresentação de estímulos. COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 71 Mostrador 1 I Luz O Foto □ Figura 2 - Esquema do painel de apresentação dos estímulos Fonte: adaptado de Schroeder e Holland ( 1968, p. 162). Apenas um dos ponteiros era movimen- tado a cada vez; e cada um deles se movi- mentava um mesmo número de vezes em cada sessão; a seqüência na qual cada um deles era movimentado era randômica. Tal como no experimento anteriormente relatado, os parti- cipantes indicavam a detecção do movimento do ponteiro apertando um botão; entretanto, a resposta de observação medida foi o movi- mento dos olhos. Para lidar com essa res- posta, os autores estabeleceram áreas em volta de cada um dos mostradores e definiram um movimento do olho como [...] a intrusão da reflexão da córnea em uma área quadrada de 4o x 4o em volta de cada mos- tradores. Na medida em que a reflexão perma- 72 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE necia em uma área, ela era contada como uma resposta. Uma nova resposta de movimento do olho era contada apenas se o sujeito olhasse para íora desta área e de volta para ela ou para a área de um outro mostrador. Assim, o sujeito tinha que fazer quatro fixações para observar todo painel, ou o que poderia ser considerado, funcionalmente, uma resposta de observação, (p. 163) Em linhas gerais, no procedimento pro- posto pelos experimentadores, respostas de movimento dos olhos produziam o movimento dos ponteiros, cuja detecção podia ser indi- cada pelos participantes do experimento, que, diante de tal movimento, pressionavam um botão. Nas sessões iniciais, o movimento dos olhos era seguido pelo movimento do ponteiro em esquemas de reforçamento simples (DRL 10 segundos,1 FR 45 e FI 2 minutos): o primeiro esquema em vigor foi o DRL 10 s (o movi- mento do olho só seria seguido do movimento do ponteiro se por 10 s nenhum olhar para os mostradores tivesse ocorrido). Quando a taxa de respostas nesse esquema de reforçamento se estabilizou, o esquema de reforçamento em vigor passou a ser o FR. Quando a taxa de res- I DRL é a sigla para o esquema de reforçamento denominado differential reinforcement of low rate ; nesse esquema, são reforçadas apenas respostas que ocorram após algum tempo decorrido da res posta anterior. Ao exigir um intervalo entre as respostas, esse esque ma acaba por produzir baixas taxas de respostas. COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 73 postas novamente se estabilizou, o esquema de reforçamento passou a ser FI. Concluídas as sessões iniciais, uma nova fase começou. Nessa nova fase, os três esquemas estavam em vigor, alternadamente, em uma mesma sessão: cada esquema ficava em vigor durante quatro minu- tos, período no qual permanecia acesa uma das quatro luzes, de forma que cada esquema de reforçamento estivesse sempre relacionado a uma mesma luz (por exemplo, a luz localizada acima da foto permanecia acesa quando um dos três esquemas estava em vigor, a da direita, quando outro estava operando e a da esquerda, quando um terceiro estava operando). Tal arranjo de esquemas (alternação sinalizada de diferentes esquemas) é denominado esquema múltiplo de reforçamento; nesse caso, um múl- tiplo DRL 10s, FR 45, FI 2 min. Os resultados obtidos por Schroeder e Holland (ibid.) confirmam os resultados de Holland (1966). O padrão de respostas de movimentar os olhos se alterou de acordo com o esquema de reforçamento em vigor: era pro- duzida uma alteração na taxa e na distribui- ção das respostas quando mudava o esquema; por exemplo, de uma baixa taxa de respostas, quando estava em vigor o esquema DRL 10s, para uma taxa bem maior, quando o FR 45 estava em vigor. Os resultados indicam, tam- bém, que não houve relatos “incorretos” de 74 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE detecção de sinais e pouquíssimos sinais deixa- ram de ser detectados, independentemente do esquema em vigor. Esses resultados mostram que as respostas comumente consideradas respostas “naturais” de observação são res- postas operantes, isto é, controladas por suas conseqüências. Conhecimento, formação de conceitos e abstração Vamos iniciar a análise desses fenôme- nos, novamente, recorrendo a Skinner; agora, ao capítulo sobre conhecimento, do livro About Behaviorism (1976). Skinner (ibid.) inicia sua análise do que chamamos conhecimento abordando diferentes situações nas quais falamos em conhecimento: Dizemos que um bebê recém-nascido sabe (conhece/know's] chorar, sugar e espirrar. Dizemos que uma criança sabe [conhece/ knows] como falar e andar de triciclo. A evidên- cia é simplesmente que o bebê e a criança exi- bem o comportamento especificado. Passando do verbo para o substantivo, dizemos que eles possuem conhecimento e a evidência é que eles possuem comportamento. É nesse sentido que dizemos que as pessoas anseiam por, buscam e adquirem conhecimento, (p. 151) COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 75 Nesse trecho, Skinner (ibid.) afirma que sempre que falamos em conhecimento estamos falando em comportamento. Algumas vezes, falamos em conhecer (verbo) e, nessas oca- siões, partimos da ação do indivíduo, nosso vocabulário enfatiza o agir. Outras vezes, fala- mos em conhecimento (substantivo); essa trans- formação no vocabulário indica uma mudança mais extensa, transformamos a ação em uma “coisa” e, nessas ocasiões, então, supomos que o indivíduo possui um comportamento. Em qualquer um dos casos, os mais variados comportamentos (lembrando-se que compor- tamento é sempre uma relação) podem estar envolvidos, isto é, falamos em conhecimento a partir de diferentes comportamentos. Skinner (ibid.) fornece alguns exemplos para ilustrar essa diversidade: Um sentido de “conhecer” é simplesmente estar em contato com, ser íntimo de (...) Dizemos que sabemos como [conhecemos/know' how] fazer algo - abrir uma janela (...) resolver um problema - se pudermos fazê-lo. Se pudermos ir daqui para lá, dizemos que conhecemos o caminho. Se pudermos recitarum poema ou tocar uma música sem lê-los, dizemos que os conhecemos “de cor” [by heart] (...) Dizemos que sabemos coisas [conhecemos sobre/know about]. Conhecemos álgebra, Paris, Shakespeare, ou latim (...) no sentido de possuir várias for- mas de comportamento em relação a eles. (...) 76 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE afirmamos, também, ter um tipo especial de conhecimento se pudermos simplesmente for- mular instruções, orientações regras ou leis. (p. 152) Com todos esses exemplos, Skinner (ibid.) está enfatizando, mais uma vez, que conhecer implica sempre a emissão de respostas, mesmo quando essa emissão não é reconhecida, quando fica, por assim dizer, escondida, quando é “coi- sificada” pelo emprego do substantivo “conhe- cimento”. Para não deixar nenhuma dúvida, Skinner (ibid.) afirma: “Não agimos colocando em uso o conhecimento; nosso conhecimento é ação ou, pelo menos, regras para a ação” (p. 154). Partindo da afirmação de que conhecer é comportar-se, os analistas do comportamento tratam de formação de conceitos e de abstra- ção - comumente tidos como fenômenos que se referem ao conhecimento, à cognição - tam- bém como comportamento. Já em um dos primeiros livros publica- dos para apresentar os princípios e conceitos básicos da análise do comportamento, Keller e Schoenfeld (1950) afirmam: O que é um “conceito"? Este é outro termo da linguagem popular introduzido na psico- logia, que traz muitas conotações diferentes. Devemos ter cuidado ao usá-lo, lembrando que é apenas um nome para uma determinada espé- COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 77 cie de comportamento. Rigorosamente falando, não temos um conceito, assim como não temos uma extinção - ao contrário, revela-se compor- tamento conceituai, atuando de certa maneira. A análise deveria na realidade começar por uma questão diferente: Qual o tipo de com- portamento que denominamos “conceituai”? E a resposta é que, quando um grupo de obje- tos obtém a mesma resposta, quando formam uma classe a cujos membros se reage de modo semelhante, falamos de um conceito. (...) “Mas”, poder-se-á dizer, “isto é generalização e discri- minação novamente” - c assim é. Generalização intra classe e discriminação inter classes - isto é a essência dos conceitos, (pp. 168-169) Podemos aprender, com Keller e Schoenfeld (ibid.), que quando estamos falando de forma- ção de conceitos estamos falando de um tipo especial de controle de estímulos que surge quando os processos de discriminação e gene- ralização se relacionam de forma tal que é for- mada uma classe de estímulos que apresenta duas características básicas: a) não fica fora da classe nenhum estímulo que “deve” pertencer a essa classe (generalização intraclasse) e b) não é incluído na classe nenhum estímulo que “não pode" pertencer a ela (discriminação interclas- ses). Podemos, então, dizer que quando fala- mos em formar conceitos, na verdade, estamos falando em formar classes de estímulos. A expressão “comportamento conceituai”, utili- 78 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE zada por Keller e Schoenfeld (ibid.), refere-se à relação de controle dessa classe de estímulos sobre uma determinada classe de respostas. Numa tentativa de indicar a extensão e abrangência dessa maneira de olhar para a “formação de conceitos”, de Rose (1993) recorre a um conto de Jorge Luis Borges cha- mado Fîmes, o Memorioso. Nesse conto, Borges descreve um personagem (Irineu Funes) que, entre outras características, percebe cada evento, cada objeto, cada faceta do evento ou objeto, em cada interação particular, como único. Por exemplo, um cachorro visto de lado não era considerado por Funes como o mesmo quando ele o via de frente ou o cachorro visto numa determinada hora não era considerado o mesmo quando visto minutos depois. Ao comentar essa característica de Funes, Borges (1989) diz que ele, talvez, não fosse capaz de pensar, já que “pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair” (p. 117). A partir desse exemplo, de Rose (1993) afirma: O pensamento e a linguagem requerem, por- tanto, a capacidade de agrupar os estimulos em classes. Estas classes, formadas a partir de alguma relação entre os estímulos, constituem a base do que chamamos genericamente de conceitos. Compreender a natureza das cias- COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 79 ses de estímulos e o processo de sua forma- ção é, portanto, fundamental para a Psicologia, (p. 284) Algumas vezes, o processo de formação de classes de estímulos envolve o que tradi- cionalmente é chamado de abstração. Se exis- tem diferenças importantes entre os processos envolvidos em cada caso (formação de con- ceitos e abstração), elas estão nos detalhes do procedimento de discriminação exigidos para o estabelecimento de um controle de estímu- los com determinadas características e, como conseqüência, nas propriedades dos estímulos que controlam o responder. Segundo Skinner (1965), Comportamento pode ser colocado sob con- trole de uma única propriedade ou de uma combinação especial de propriedades de um estímulo ao mesmo tempo que libertado do controle de todas as outras propriedades. O resultado é conhecido como abstração. A rela- ção com a discriminação pode ser mostrada por um exemplo. Reforçando respostas a um ponto vermelho na forma de círculo, enquanto extin- guimos respostas a círculos de todas as outras cores, podemos dar ao ponto vermelho con- trole exclusivo sobre o comportamento. Isso é discriminação. Uma vez que pontos de outras cores aparentemente não têm efeito, parece que as outras dimensões que eles possuem - por exemplo, tamanho, forma e localização - 80 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE não são importantes. Mas, isso não é verdade (...). Colocamos (...) a resposta sob controle de pontos vermelhos na forma de círculo, mas não da “propriedade vermelho” apenas. Para atin- gir este último objetivo, devemos reforçar res- postas a muitos objetos, todos eles vermelhos, mas que diferem em suas outras propriedades. Finalmente, o organismo responde apenas à propriedade “vermelho”. (...) Abstração, tam- bém, não é uma forma de ação por parte do organismo. É simplesmente um estreitamento do controle exercido pelas propriedades dos estímulos. A propriedade controladora não pode ser demonstrada em uma única ocasião. (...) A relação de controle pode ser descoberta apenas por meio da investigação de um grande número de instâncias, (pp. 134-135) Para introduzir a análise experimental do processo básico de formação de classes de estímulos, vamos, mais uma vez, recor- rer a um experimento realizado com sujeitos infra-humanos. Um experimento tradicional, nessa área, foi o realizado por Kelleher (1958). O autor teve como sujeitos dois chimpanzés e utilizou o seguinte equipamento: uma chave de telefone que podia ser pressionada pelos sujeitos e um painel no qual os estímulos eram apresentados; esse painel continha nove pequenas janelas, distribuídas em três fileiras e três colunas que podiam ser iluminadas individualmente. Um determinado padrão de iluminação (quantidade COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 81 exem plo de S utilizado na Ia parte do experimento □ □ □ exem plo de S utilizado na I a parte do experimento exemplo de SD utilizado na 2a parte do experimento □ ■ □ ■ □ ■ □ □ □ exemplo de SA utilizado na 2a parte do experimento Figura 3 - Exemplos de distribuições de janelas iluminadas em cada um dos quatro padrões de estímulos utilizados como SD e como SA por Kelleher ( 1958). e posição de janelas iluminadas) constituía o conjunto dos estímulos considerados como SD, outro padrão, o conjunto de estímulos consi- derados SA. Na primeira parte do experimento, foram consideradas como SD as distribuições que apresentassem como padrão as três jane- las inferiores iluminadas e como SA as distribui- ções que não tivessem as três janelas inferiores iluminadas. Na segunda parte do experimento,foram consideradas como SD quaisquer distri- buições de janelas iluminadas que tivessem como padrão três janelas quaisquer ilumina- das e como SA distribuições que tivessem como padrão duas ou quatro janelas iluminadas. 82 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE A seguir, é apresentado um esquema que ilustra uma distribuição possível de janelas ilumina- das dentro de cada um dos padrões utilizados por Kelleher (ibid.). Os sujeitos foram inicialmente treinados a pressionar a chave de telefone tendo como con- seqüência alimento. O treino discriminativo, nas duas partes do experimento, foi realizado com um procedimento de discriminação sucessiva: na presença dos estímulos Sn, as respostas de pressionar foram reforçadas em VR 100 (com a amplitude de 1 a 200). Cada apresentação do SD terminava quando se completava o número de respostas necessário para produzir reforço naquela oportunidade. Ou seja, havia períodos em que apenas uma resposta era necessária e períodos em que até 200 respostas eram neces- sárias, produzindo, assim, diferentes durações de apresentação do SD. Na presença dos estí- mulos SA, nenhuma resposta foi reforçada e a apresentação terminava decorrido 1 minuto sem respostas de pressionar a chave. Entre uma apresentação e outra, havia um período de 30 s de intervalo, quando todo o equipamento era desligado. As apresentações dos estímulos eram programadas em seqüências compos- tas por 26 estímulos: treze SD e treze SA; essa seqüência de 26 estímulos era programada de forma que se alternassem períodos de SD com períodos de SA e uma sessão tinha a duração COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 83 necessária para que 50 reforços fossem libera- dos. Quando o desempenho dos sujeitos ficava estável, uma nova seqüência com os mesmos 26 estímulos era apresentada. Depois de esta- bilizado o desempenho com essa nova seqüên- cia de estímulos, seis do conjunto de treze Sn e seis do conjunto de treze SA eram trocados, compondo uma nova seqüência de 26 estímu- los, que era, então, apresentada aos sujeitos. A seguir, reproduzimos a figura apresen- tada por Kelleher (ibid.) com os resultados de um dos sujeitos experimentais. Figura 4 - Exemplos de SD e S ' utilizados e curvas de freqüên cia acumulada de respostas de pressionar nas duas partes do experimento. Os blocos A e B correspondem à primeira parte do experimento e os blocos C e D, à segunda parte Fonte: adaptado de Kelleher (1958, p. 778). A Figura 4 está dividida em quatro blo- cos; A e B apresentam exemplos de estímulos 84 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE utilizados e curvas de freqüência acumulada da resposta de pressionar da 1" parte do expe- rimento (SD arranjos nos quais as três janelas inferiores estava acesas); C e D apresentam as mesmas informações relativas à 2a parte do experimento (SD arranjos com quaisquer três janelas iluminadas). Deve ser salientado que as partes B eD apresentam o desempenho inicial após a mudança dos conjuntos de estímulos utilizados, respectivamente, na I a e 2a partes do experimento. No bloco A são apresentadas as curvas obtidas após 100 horas de treino dis- criminativo com a primeira seqüência de 26 estímulos. Observa-se alta taxa de respostas na presença do SD e poucas respostas na presença do SA. O mesmo desempenho ocorreu quando houve a troca de seis de SD e de seis dos SA da seqüência anteriormente apresentada. No entanto, o mesmo não ocorreu na segunda parte do experimento. Embora os sujeitos tenham respondido com altas taxas de res- postas na presença dos estímulos discrimina- tivos, após 150 horas de treino discriminativo em uma seqüência de 26 estímulos (bloco C), ao alterar seis dos SD e seis dos S4, o desem- penho foi marcadamente rompido. Como pode ser visto nas curvas, pode-se dizer que o sujeito ficou sob controle do padrão de estímulos dis- COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 85 criminativo, ou seja, formou o conceito “jane- las inferiores iluminadas”, mas não o conceito “três janelas iluminadas”. Como foi dito, esse experimento apenas introduz a questão do estudo experimental da “formação de conceitos” ou, mais apropriada- mente, da formação de classes de estímulos. É possível que esses resultados sugiram per- guntas, como, por exemplo: é necessário que o sujeito que forma a classe de estímulos iden- tifique os critérios de formação dessa classe? Ou formar classe de estímulo implica nomear a classe? Ou, ainda, só há esse processo de for- mação de classes (discriminação entre classes e generalização intraclasses)? Perguntas como essas têm desafiado os analistas do comporta- mento e muito estudo experimental tem sido realizado para respondê-las. Alguns desses estudos serão objeto do próximo texto. Referências bibliográficas BORGES, J. L. (1989). Ficções. Rio de Janeiro, Globo. DE ROSE, J. C. (1993). Classes de estímulo: implicações para uma análise comporta- mental da cognição. Psicologia: Teoria e Pesquisa, n. 9, pp. 283-303. 86 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE HOLLAND, J. G. (1966). “Human vigilance”. In: ULRICH, R.; STACHNIK, T. e MABRY, J. (eds.). Control o f Human Behavior: Expanding Behavioral Laboratory'. New Jersey, Scott, Foresman and Company (Publicado originalmente em 1958). KELLEHER, R. T. (1958). Concept formation in chimpancés. Science, n. 128, pp. 777-778. KELLER, F. S. e SCHOENFELD, W. N. (1950). 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