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Discriminação e Generalização comportamento humano complexo (3)

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DISCRIMINAÇAO E GENERALIZAÇAO: 
COMPORTAMENTO HUMANO 
COMPLEXO
Tereza Maria de Azevedo Pires Sério 
Maria Amalia Andery 
Nilza Micheletto 
Paula Suzana Gioia
O estudo experimental e o aprimoramento 
conceituai dos processos de discriminação e 
generalização deixam claro que, na descrição 
do comportamento operante, duas relações 
resposta-ambiente devem ser consideradas: a 
relação entre a resposta e suas conseqüências e 
a relação entre a resposta e a situação presente 
quando da emissão da resposta. Deixam claro, 
também, que essas relações estão, por assim 
dizer, interligadas: por um lado, as conseqüên-
cias diferenciais produzidas pela resposta em 
diferentes situações é que estabelecerão o con-
trole da situação antecedente sobre a resposta, 
por outro lado, a resposta só produzirá tais 
conseqüências se for emitida em determinada 
situação. Assim, quando se trata de descrever 
e compreender o comportamento, é impossí-
vel falar de uma dessas relações isoladamente. 
Essa inter-relação é tão básica para o analista
58 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
do comportamento que ela passa a constituir 
sua unidade de análise: para analisar (isto é, 
decompor, dividir) um episódio, o analista do 
comportamento procurará identificar as inter- 
relações entre situação antecedente-resposta- 
conseqüência que o compõem.
Uma pergunta bastante freqüente entre os 
estudantes de psicologia é se, com essa unidade 
de análise, podemos compreender o comporta-
mento humano, em especial aqueles compor-
tamentos considerados complexos e que pare-
cem ser tipicamente humanos, como, por 
exemplo, os envolvidos nos fenômenos chama-
dos cognitivos. O analista do comportamento, 
é claro, responde afirmativamente: e mais, para 
ele, é exatamente essa unidade de análise com 
três termos que permite tratar desses fenô-
menos complexos. Sidman (1986) apresenta 
de forma muito clara o que a ampliação da 
unidade de análise de dois termos (resposta- 
conseqüência) para três termos (situação ante- 
cedente-resposta-conseqüência) possibilitou. 
Nada melhor, então, que recorrer ao próprio 
texto de Sidman (ibid.) para identificarmos as 
possibilidades dessa nova unidade de análise 
na compreensão do comportamento humano.
Como um bom analista do comporta-
mento, Sidman (ibid.) reconhece as imensas 
possibilidades abertas já pela unidade de dois 
termos (resposta-conseqüência):
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 59
ü reconhecimento da contingência de dois ter-
mos como uma unidade de análise, por mais 
simples que ela pareça, deve ser considerada 
como um marco no desenvolvimento da análise 
comportamental. O comportamento que pare-
cia controlado por eventos futuros, uma ano-
malia científica problemática, poderia agora ser 
visto como tendo sido gerado por contingências 
passadas. Uma importante área da cognição, o 
“propósito", foi pela primeira vez colocada em 
um bom arranjo científico. Não era mais neces-
sário invocar “expectativas”, “antecipações” ou 
“intenções” hipotéticas para trazer os determi-
nantes do futuro para o passado ou o presente; 
poder-se-ia, ao invés disso, indicar as contin-
gências reais que tinham já ocorrido, (p. 217)
Para Sidman (ibid.), a unidade de três ter-
mos só veio confirmar e ampliar as possibili-
dades abertas pelo desenvolvimento conceituai 
da análise do comportamento:
Ao adicionar um único termo a sua unidade 
menor, a análise do comportamento estende 
significativamente seu domínio. Por exemplo, 
a contingência de três termos abarca aque-
les fenômenos que tradicionalmente têm sido 
incluídos no tema “percepção" (...) A contingên-
cia de três termos também é a unidade analítica 
básica da cognição. O conhecimento é inferido 
de observações de controle de estímulos; diz-se 
que conhecemos um objeto de estudo apenas 
se nos comportarmos diferencialmente com 
relação aos materiais que definem esse objeto, 
(pp. 221-223)
60 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
Esses fenômenos citados por Sidman 
(ibid.), percepção e conhecimento, ao lado de 
outros, tais como atenção, formação de con-
ceitos, abstração e solução de problemas, têm 
sido vistos na psicologia como envolvendo ati-
vidades especiais, mais complexas que outras 
atividades humanas. Do ponto de vista da aná-
lise do comportamento, independentemente de 
sua maior ou menor complexidade, todos esses 
fenômenos envolvem a relação entre, pelo 
menos, uma classe de respostas e duas classes 
de estímulos; relação que vimos estudando com 
o nome de controle de estímulos e que é des-
crita com base nos conceitos básicos de discri-
minação e generalização. É objetivo deste texto 
apresentar, pelo menos introdutoriamente, 
como tais relações são compreendidas concei- 
tualmente e ilustrar o trabalho experimental 
que tem fundamentado essa compreensão.
Percepção e atenção
Falar em percepção significa falar de res-
postas operantes controladas por estímulos 
antecedentes. Como outra relação operante, 
a relação envolvida no que chamamos de per-
cepção sofre a influência da história vivida 
pelo indivíduo que se comporta e de circuns-
tâncias presentes no momento em que o indi-
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 61
víduo se comporta. Poling, Schlinger, Starin e 
Blakely (1990) resumem muito bem esse ponto 
de vista:
Entre as variáveis que controlam a percepção, 
no sentido de respostas controladas por um 
estímulo, estão: 1) as características físicas do 
estímulo, 2) a presença concomitante de outros 
estímulos, e 3) a história (experiência) do indi-
víduo com relação ao estímulo, (p. 1U9)
A descrição da percepção como resposta 
operante sob controle de estímulos acarreta 
uma mudança em relação à concepção tradicio-
nal: uma vez que se assuma que percepção é 
comportamento operante, assume-se que per-
cepção como comportamento env olve ação em 
relação ao ambiente. Assim, do ponto de vista 
comportamental, o estudo da percepção não 
deve ser reduzido ao estudo das estruturas dos 
órgãos dos sentidos ou ao estudo da forma ou 
estrutura dos estímulos; nenhum desses aspec-
tos abrange o fenômeno que chamamos tradi-
cionalmente de percepção. Alguns trechos de 
Skinner, retirados do capítulo sobre percepção 
do livTO About Behaviorism (1976), represen-
tam o ponto de vista comportamental.
Uma pessoa não é um espectador indiferente a 
absorv er o mundo como uma esponja. (...) Não 
estamos simplesmente “cientes" do mundo ao 
nosso redor; respondemos a ele de maneiras
62 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
idiossincráticas por causa daquilo que aconte-
ceu quando estivemos em contato com ele. (...) 
Tem sido salientado, com freqüência, que uma 
pessoa que percorreu um caminho quando 
passageiro não consegue encontrá-lo tão bem 
quanto uma que tenha dirigido por ele igual 
número de vezes. (...) Ambos foram expostos 
aos mesmos estímulos visuaíf, mas as contin-
gências foram diferentes. Perguntar por que o 
passageiro (...) não “adquiriu conhecimento do 
caminho” é perder de vista a questão impor-
tante. (...) As grandes diferenças naquilo que 
é visto em diferentes momentos em uma dada 
situação sugere que um estímulo não pode ser 
descrito em termos puramente físicos. Tem 
sido dito que o behaviorismo falhou por não 
reconhecer que o que é importante é “como a 
situação aparece para uma pessoa" ou “como 
uma pessoa interpreta uma situação” ou “que 
significado uma situação tem para uma pes-
soa". Entretanto, para investigar como uma 
situação aparece para uma pessoa ou como ela 
a interpreta, ou que significado ela tem para 
a pessoa, devemos examinar o seu comporta-
mento com relação a tal situação, incluindo 
suas descrições dessa situação, e esse exame só 
pode ser feito em termos de sua história gené-
tica e ambiental. (...) pessoas vêem coisas dife-
rentes quando foram expostas a contingências 
de reforçamento diferentes, (pp. 82-88)
Do ponto de vista da análise do comporta-
mento, o que chamamos de atenção não difere 
do que chamamos de percepção; estamos, no
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO63
caso da atenção, mais lima vez falando de 
controle de estímulos, portanto, de uma rela-
ção entre condições antecedentes e respostas 
operantes. Vamos, mais uma vez, recorrer a 
Skinner (1965) para apresentar essa posição:
O controle exercido por um estímulo discrimi-
nativo é tradicionalmente tratado sob o rótulo 
de atenção. Esse conceito inverte a direção da 
ação sugerindo, não que um estímulo controla 
o comportamento de um observador, mas que 
o observ ador atenta para o estímulo e, assim, o 
controla. (...) Atenção é uma relação de controle - 
a relação entre uma resposta e um estímulo 
discriminativ o. Quando alguém está prestando 
atenção está sob controle especial de um estí-
mulo. Detectamos a relação mais prontamente 
quando os receptores estão claramente orien-
tados, mas isso não é essencial. Um organismo 
está atentando para um detalhe de um estímulo 
se o seu comportamento estiver predominante-
mente sob controle daquele detalhe, quer seus 
receptores estejam ou não orientados para pro-
duzir uma recepção mais clara. (pp. 122-124)
Se o analista do comportamento, nos dois 
casos - da percepção e da atenção -, estuda e 
descreve os fenômenos de uma mesma maneira, 
isto é, como controle de estímulos sobre res-
postas operantes, quase que inevitavelmente 
surge a pergunta se não está ocorrendo uma
64 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
grande simplificação ou, em outras palavras, 
por que existem dois termos se o fenômeno é 
um só?
É possível que a dificuldade que temos em 
lidar com relações sujeito-ambiente, no lugar 
de lidar com eventos estanques, delimitados e 
com existência independente, seja a responsá-
vel pela existência de dois termos que supõem 
e, ao mesmo tempo, sugerem a existência de 
dois fenômenos distintos. A dificuldade em 
lidar com relações sujeito-ambiente pode fazer 
com que lidemos isoladamente com os elemen-
tos que compõem a relação: quer enfatizando 
o sujeito e supondo que ele é o iniciador autô-
nomo de suas atividades, quer enfatizando 
o ambiente e supondo que ele se impõe sobre 
o sujeito, que é visto, então, como receptáculo 
das estimulações ambientais. O primeiro caso 
parece estar representado no recurso ao termo 
atenção; no segundo caso, no recurso ao ter-
mo percepção.
Como em outros assuntos, as proposições 
feitas pelo analista do comportamento acabam 
sendo fonte de problemas de pesquisa para o 
próprio analista. Assim, um primeiro desafio, 
no caso da percepção e da atenção, é o de inves-
tigar a natureza operante das respostas envol-
vidas e a presença de controle de estímulos.
Uma pesquisa historicamente importante 
sobre o fenômeno da atenção é a Attention in
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 65
the pigeon (Reynolds, 1961). Para exemplificar 
como esse fenômeno pode ser estudado expe-
rimentalmente, será relatado, aqui, apenas o 
primeiro experimento realizado. Os sujeitos 
experimentais foram dois pombos privados 
de alimento. O equipamento utilizado foi uma 
caixa-padrão com um comedouro e um disco 
que podia ser iluminado com diferentes for-
mas e cores. O estimulo reforçador utilizado 
foi 3 segundos de acesso ao alimento. O experi-
mento foi iniciado com o disco iluminado com 
um triângulo branco em um fundo vermelho; 
respostas de bicar o disco foram reforçadas 
em CRF por duas sessões (cada sessão durava 
o tempo necessário para que 60 reforços fos-
sem liberados) e em VI 3 min por três sessões, 
de 3 horas cada uma. O treino discriminativo 
foi realizado nas seis sessões seguintes. Esse 
treino foi realizado com um procedimento de 
discriminação sucessiva: durante 3 minutos, o 
disco era iluminado com o triângulo branco em 
fundo vermelho e o responder era reforçado 
em um VI 3 min; durante 3 minutos, o disco 
era iluminado com um círculo branco em um 
fundo verde e respostas de bicar o disco não 
eram reforçadas. As sessões duravam 3 horas, 
com 30 apresentações de cada estímulo; no 
final da sexta sessão, foi alterada a duração de 
apresentação dos estímulos para 1 minuto. Na 
sétima e na nona sessões, cada componente
66 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
dos estímulos (círculo, triângulo, fundo verme-
lho e fundo verde) foi apresentado separada-
mente por um minuto, em ordem randômica, 
por várias vezes, completando um total de 52 
minutos para cada estímulo para o sujeito 105 
e 69 minutos para o sujeito 107. Foi realizada, 
entre as duas sessões (8a sessão), uma sessão 
na qual vigorava o procecMmento do treino dis 
criminativo. A Figura 1 apresenta alguns resul-
tados obtidos.
Como pode ser visto na Figura 1, os sujei-
tos responderam diferencialmente, dependendo 
do estímulo presente: é baixa a freqüência de 
respostas na presença do círculo sobre verde e 
alta na presença de triângulo sobre vermelho. 
Entretanto, ao separar os componentes dos 
estímulos, Reynolds (ibid.) verificou que o com-
portamento de cada um dos sujeitos ficou sob 
controle de diferentes aspectos do S*: triângulo 
para um dos sujeitos e vermelho para o outro.
O estabelecimento da relação de con-
trole de estímulos que descreve a relação que 
caracteriza os fenômenos que têm sido cha-
mados tradicionalmente de atenção e percep-
ção pode, à primeira vista, não revelar toda a 
complexidade nela envolvida. Ao comentar a 
possibilidade de estudar experimentalmente 
discriminação, Skinner (1966) afirma:
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 67
Figura I - Taxa de respostas de cada pombo na presença de 
cada um dos discos de iluminação no treino discriminativo e 
no teste do Experimento I 
Fonte: adaptado de Reynolds (1961, p. 204).
Podemos estudar essa relação em um experi-
mento simples. Planejamos reforçar um pombo 
quando ele bica uma chave, mas apenas quando 
uma pequena luz localizada acima da chave está 
piscando. O pombo forma uma discriminação
68 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
na qual ele responde à chave quando a luz 
pisca e não responde quando ela não está pis-
cando. Notamos também que o pombo começa 
a observar a luz. Podemos dizer que ele está 
atentando para ela ou que ela mantém sua 
atenção. O comportamento é facilmente expli-
cado em termos de reforçamento condicionado. 
Olhar em direção à luz é ocasionalmente refor-
çado por ver a luz piscar. O comportamento é 
comparável a procurar um objeto. (...)
Uma orientação estável dos olhos não é o único 
resultado possível. O comportamento de pro-
curar com os olhos no escuro ou numa neblina 
forte é um exemplo de olhar com orientação 
para o campo visual inteiro. O comportamento 
de esquadrinhar o campo - ou responder para 
cada parte dele em algum padrão exploratório - 
é comportamento que é mais frequentemente 
reforçado pela descoberta de objetos importan-
tes, assim ele se torna forte. (pp. 122-123)
Como vemos, o estabelecimento do con-
trole de estímulo discriminativo sobre o res-
ponder envolve a emissão de um conjunto de 
respostas que nos colocam em contato com o 
estímulo discriminativo. Essas respostas são 
as respostas de observação. Vale a pena notar 
que, nesse trecho, podemos identificar mais 
um problema do termo atenção tal como ele 
é usado em nossa linguagem cotidiana. Ele 
parece referir-se indistintamente a duas rela-
ções comportamentais diversas: as respostas 
que nos colocam em contato com os estímulos
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 69
discriminativos e as respostas que estão sob 
controle desses estímulos, portanto, dependem 
desse contato.
Os resultados de experimentos realiza-
dos por Holland (1966) e Schroeder e Holland 
(1968) ilustram de forma clara o caráter ope-
rante das respostas de observação.
Holland (1966) chama de respostas de 
observação aquelas que possibilitam a detec-
ção de um sinal e sugere que tais respostas são 
respostas operantes. O experimento foi reali-
zado com sujeitos humanos. Esses participan-
tes deveriam detectar e relatar o movimento de 
um ponteiro em um mostrador. Os participan-
tes trabalhavam no escuro e podiam iluminar o 
mostradorpor um breve período (0,07s) aper-
tando um botão; para indicar que o movimento 
do ponteiro havia sido detectado, os participan-
tes deviam apertar um segundo botão. O expe-
rimentador planejou diferentes esquemas para 
o movimento do ponteiro, cada um dos esque-
mas correspondia a um esquema diferente 
de reforçamento, por exemplo, intervalo fixo, 
razão fixa. Assim, quando o esquema em vigor 
era uma razão fixa (FR 36, por exemplo), o pon-
teiro era movimentado depois que 36 respostas 
de apertar o botão que iluminava o mostrador 
tivessem sido emitidas. Os resultados indicam 
que o padrão de respostas de apertar o botão 
que iluminava o mostrador variou segundo os
70 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
diferentes esquemas utilizados pelo experimen-
tador (por exemplo, FR 36, FR 84, FI 1 min, FI 2 
min , VI 15 s, VI 1 min). Com esses resultados, 
Holland (1966) pôde concluir que as respostas 
de apertar o botão que iluminava o mostrador 
(respostas de observação) estavam sob controle 
da detecção do sinal.
É possível que o fato ae esse experimento 
lidar com respostas motoras arbitrárias, tais 
como apertar o botão que ilumina o mostra-
dor, dificulte considerá-las como respostas de 
observação, análogas às que emitimos cotidia- 
namente. Schroeder e Holland (1968) realiza-
ram um experimento que envolvia respostas de 
observação que podem ser consideradas “natu-
rais”: movimentos dos olhos. Os experimenta-
dores utilizaram um equipamento que permitia 
medir a freqüência e a duração de fixação dos 
olhos em determinados pontos, o tempo que 
o participante levava para indicar a detecção 
do sinal e a “correção” da detecção. Os parti-
cipantes (três estudantes universitários) senta-
vam-se, confortavelmente, diante de um painel 
no qual os estímulos eram apresentados; esse 
painel tinha quatro mostradores com pontei-
ros que podiam ser movimentados e quatro 
lâmpadas, todos em volta de uma foto de uma 
moça. A Figura 2 representa esquematicamente 
o equipamento de apresentação de estímulos.
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 71
Mostrador 1 I Luz O Foto □
Figura 2 - Esquema do painel de apresentação dos estímulos 
Fonte: adaptado de Schroeder e Holland ( 1968, p. 162).
Apenas um dos ponteiros era movimen-
tado a cada vez; e cada um deles se movi-
mentava um mesmo número de vezes em cada 
sessão; a seqüência na qual cada um deles era 
movimentado era randômica. Tal como no 
experimento anteriormente relatado, os parti-
cipantes indicavam a detecção do movimento 
do ponteiro apertando um botão; entretanto, 
a resposta de observação medida foi o movi-
mento dos olhos. Para lidar com essa res-
posta, os autores estabeleceram áreas em volta 
de cada um dos mostradores e definiram um 
movimento do olho como
[...] a intrusão da reflexão da córnea em uma 
área quadrada de 4o x 4o em volta de cada mos-
tradores. Na medida em que a reflexão perma-
72 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
necia em uma área, ela era contada como uma 
resposta. Uma nova resposta de movimento do 
olho era contada apenas se o sujeito olhasse 
para íora desta área e de volta para ela ou para 
a área de um outro mostrador. Assim, o sujeito 
tinha que fazer quatro fixações para observar 
todo painel, ou o que poderia ser considerado, 
funcionalmente, uma resposta de observação, 
(p. 163)
Em linhas gerais, no procedimento pro-
posto pelos experimentadores, respostas de 
movimento dos olhos produziam o movimento 
dos ponteiros, cuja detecção podia ser indi-
cada pelos participantes do experimento, que, 
diante de tal movimento, pressionavam um 
botão. Nas sessões iniciais, o movimento dos 
olhos era seguido pelo movimento do ponteiro 
em esquemas de reforçamento simples (DRL 10 
segundos,1 FR 45 e FI 2 minutos): o primeiro 
esquema em vigor foi o DRL 10 s (o movi-
mento do olho só seria seguido do movimento 
do ponteiro se por 10 s nenhum olhar para os 
mostradores tivesse ocorrido). Quando a taxa 
de respostas nesse esquema de reforçamento 
se estabilizou, o esquema de reforçamento em 
vigor passou a ser o FR. Quando a taxa de res-
I DRL é a sigla para o esquema de reforçamento denominado 
differential reinforcement of low rate ; nesse esquema, são reforçadas 
apenas respostas que ocorram após algum tempo decorrido da res­
posta anterior. Ao exigir um intervalo entre as respostas, esse esque­
ma acaba por produzir baixas taxas de respostas.
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 73
postas novamente se estabilizou, o esquema 
de reforçamento passou a ser FI. Concluídas as 
sessões iniciais, uma nova fase começou. Nessa 
nova fase, os três esquemas estavam em vigor, 
alternadamente, em uma mesma sessão: cada 
esquema ficava em vigor durante quatro minu-
tos, período no qual permanecia acesa uma das 
quatro luzes, de forma que cada esquema de 
reforçamento estivesse sempre relacionado a 
uma mesma luz (por exemplo, a luz localizada 
acima da foto permanecia acesa quando um 
dos três esquemas estava em vigor, a da direita, 
quando outro estava operando e a da esquerda, 
quando um terceiro estava operando). Tal 
arranjo de esquemas (alternação sinalizada de 
diferentes esquemas) é denominado esquema 
múltiplo de reforçamento; nesse caso, um múl-
tiplo DRL 10s, FR 45, FI 2 min.
Os resultados obtidos por Schroeder e 
Holland (ibid.) confirmam os resultados de 
Holland (1966). O padrão de respostas de 
movimentar os olhos se alterou de acordo com 
o esquema de reforçamento em vigor: era pro-
duzida uma alteração na taxa e na distribui-
ção das respostas quando mudava o esquema; 
por exemplo, de uma baixa taxa de respostas, 
quando estava em vigor o esquema DRL 10s, 
para uma taxa bem maior, quando o FR 45 
estava em vigor. Os resultados indicam, tam-
bém, que não houve relatos “incorretos” de
74 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
detecção de sinais e pouquíssimos sinais deixa-
ram de ser detectados, independentemente do 
esquema em vigor. Esses resultados mostram 
que as respostas comumente consideradas 
respostas “naturais” de observação são res-
postas operantes, isto é, controladas por suas 
conseqüências.
Conhecimento, formação 
de conceitos e abstração
Vamos iniciar a análise desses fenôme-
nos, novamente, recorrendo a Skinner; agora, 
ao capítulo sobre conhecimento, do livro About 
Behaviorism (1976).
Skinner (ibid.) inicia sua análise do que 
chamamos conhecimento abordando diferentes 
situações nas quais falamos em conhecimento:
Dizemos que um bebê recém-nascido sabe 
(conhece/know's] chorar, sugar e espirrar. 
Dizemos que uma criança sabe [conhece/ 
knows] como falar e andar de triciclo. A evidên-
cia é simplesmente que o bebê e a criança exi-
bem o comportamento especificado. Passando 
do verbo para o substantivo, dizemos que eles 
possuem conhecimento e a evidência é que eles 
possuem comportamento. É nesse sentido que 
dizemos que as pessoas anseiam por, buscam e 
adquirem conhecimento, (p. 151)
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 75
Nesse trecho, Skinner (ibid.) afirma que 
sempre que falamos em conhecimento estamos 
falando em comportamento. Algumas vezes, 
falamos em conhecer (verbo) e, nessas oca-
siões, partimos da ação do indivíduo, nosso 
vocabulário enfatiza o agir. Outras vezes, fala-
mos em conhecimento (substantivo); essa trans-
formação no vocabulário indica uma mudança 
mais extensa, transformamos a ação em uma 
“coisa” e, nessas ocasiões, então, supomos 
que o indivíduo possui um comportamento. 
Em qualquer um dos casos, os mais variados 
comportamentos (lembrando-se que compor-
tamento é sempre uma relação) podem estar 
envolvidos, isto é, falamos em conhecimento a 
partir de diferentes comportamentos. Skinner 
(ibid.) fornece alguns exemplos para ilustrar 
essa diversidade:
Um sentido de “conhecer” é simplesmente estar 
em contato com, ser íntimo de (...) Dizemos 
que sabemos como [conhecemos/know' how] 
fazer algo - abrir uma janela (...) resolver um 
problema - se pudermos fazê-lo. Se pudermos 
ir daqui para lá, dizemos que conhecemos o 
caminho. Se pudermos recitarum poema ou 
tocar uma música sem lê-los, dizemos que os 
conhecemos “de cor” [by heart] (...) Dizemos 
que sabemos coisas [conhecemos sobre/know 
about]. Conhecemos álgebra, Paris, Shakespeare, 
ou latim (...) no sentido de possuir várias for-
mas de comportamento em relação a eles. (...)
76 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
afirmamos, também, ter um tipo especial de 
conhecimento se pudermos simplesmente for-
mular instruções, orientações regras ou leis. 
(p. 152)
Com todos esses exemplos, Skinner (ibid.) 
está enfatizando, mais uma vez, que conhecer 
implica sempre a emissão de respostas, mesmo 
quando essa emissão não é reconhecida, quando 
fica, por assim dizer, escondida, quando é “coi- 
sificada” pelo emprego do substantivo “conhe-
cimento”. Para não deixar nenhuma dúvida, 
Skinner (ibid.) afirma: “Não agimos colocando 
em uso o conhecimento; nosso conhecimento 
é ação ou, pelo menos, regras para a ação” 
(p. 154).
Partindo da afirmação de que conhecer é 
comportar-se, os analistas do comportamento 
tratam de formação de conceitos e de abstra-
ção - comumente tidos como fenômenos que 
se referem ao conhecimento, à cognição - tam-
bém como comportamento.
Já em um dos primeiros livros publica-
dos para apresentar os princípios e conceitos 
básicos da análise do comportamento, Keller e 
Schoenfeld (1950) afirmam:
O que é um “conceito"? Este é outro termo 
da linguagem popular introduzido na psico-
logia, que traz muitas conotações diferentes. 
Devemos ter cuidado ao usá-lo, lembrando que 
é apenas um nome para uma determinada espé-
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 77
cie de comportamento. Rigorosamente falando, 
não temos um conceito, assim como não temos 
uma extinção - ao contrário, revela-se compor-
tamento conceituai, atuando de certa maneira. 
A análise deveria na realidade começar por 
uma questão diferente: Qual o tipo de com-
portamento que denominamos “conceituai”? 
E a resposta é que, quando um grupo de obje-
tos obtém a mesma resposta, quando formam 
uma classe a cujos membros se reage de modo 
semelhante, falamos de um conceito. (...) “Mas”, 
poder-se-á dizer, “isto é generalização e discri-
minação novamente” - c assim é. Generalização 
intra classe e discriminação inter classes - isto 
é a essência dos conceitos, (pp. 168-169)
Podemos aprender, com Keller e Schoenfeld 
(ibid.), que quando estamos falando de forma-
ção de conceitos estamos falando de um tipo 
especial de controle de estímulos que surge 
quando os processos de discriminação e gene-
ralização se relacionam de forma tal que é for-
mada uma classe de estímulos que apresenta 
duas características básicas: a) não fica fora da 
classe nenhum estímulo que “deve” pertencer a 
essa classe (generalização intraclasse) e b) não 
é incluído na classe nenhum estímulo que “não 
pode" pertencer a ela (discriminação interclas-
ses). Podemos, então, dizer que quando fala-
mos em formar conceitos, na verdade, estamos 
falando em formar classes de estímulos. A 
expressão “comportamento conceituai”, utili-
78 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
zada por Keller e Schoenfeld (ibid.), refere-se à 
relação de controle dessa classe de estímulos 
sobre uma determinada classe de respostas.
Numa tentativa de indicar a extensão 
e abrangência dessa maneira de olhar para 
a “formação de conceitos”, de Rose (1993) 
recorre a um conto de Jorge Luis Borges cha-
mado Fîmes, o Memorioso. Nesse conto, Borges 
descreve um personagem (Irineu Funes) que, 
entre outras características, percebe cada 
evento, cada objeto, cada faceta do evento ou 
objeto, em cada interação particular, como 
único. Por exemplo, um cachorro visto de lado 
não era considerado por Funes como o mesmo 
quando ele o via de frente ou o cachorro visto 
numa determinada hora não era considerado 
o mesmo quando visto minutos depois. Ao 
comentar essa característica de Funes, Borges 
(1989) diz que ele, talvez, não fosse capaz de 
pensar, já que “pensar é esquecer diferenças, 
é generalizar, abstrair” (p. 117). A partir desse 
exemplo, de Rose (1993) afirma:
O pensamento e a linguagem requerem, por-
tanto, a capacidade de agrupar os estimulos 
em classes. Estas classes, formadas a partir de 
alguma relação entre os estímulos, constituem 
a base do que chamamos genericamente de 
conceitos. Compreender a natureza das cias-
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 79
ses de estímulos e o processo de sua forma-
ção é, portanto, fundamental para a Psicologia, 
(p. 284)
Algumas vezes, o processo de formação 
de classes de estímulos envolve o que tradi-
cionalmente é chamado de abstração. Se exis-
tem diferenças importantes entre os processos 
envolvidos em cada caso (formação de con-
ceitos e abstração), elas estão nos detalhes do 
procedimento de discriminação exigidos para 
o estabelecimento de um controle de estímu-
los com determinadas características e, como 
conseqüência, nas propriedades dos estímulos 
que controlam o responder. Segundo Skinner 
(1965),
Comportamento pode ser colocado sob con-
trole de uma única propriedade ou de uma 
combinação especial de propriedades de um 
estímulo ao mesmo tempo que libertado do 
controle de todas as outras propriedades. O 
resultado é conhecido como abstração. A rela-
ção com a discriminação pode ser mostrada por 
um exemplo. Reforçando respostas a um ponto 
vermelho na forma de círculo, enquanto extin-
guimos respostas a círculos de todas as outras 
cores, podemos dar ao ponto vermelho con-
trole exclusivo sobre o comportamento. Isso é 
discriminação. Uma vez que pontos de outras 
cores aparentemente não têm efeito, parece 
que as outras dimensões que eles possuem - 
por exemplo, tamanho, forma e localização -
80 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
não são importantes. Mas, isso não é verdade 
(...). Colocamos (...) a resposta sob controle de 
pontos vermelhos na forma de círculo, mas não 
da “propriedade vermelho” apenas. Para atin-
gir este último objetivo, devemos reforçar res-
postas a muitos objetos, todos eles vermelhos, 
mas que diferem em suas outras propriedades. 
Finalmente, o organismo responde apenas à 
propriedade “vermelho”. (...) Abstração, tam-
bém, não é uma forma de ação por parte do 
organismo. É simplesmente um estreitamento 
do controle exercido pelas propriedades dos 
estímulos. A propriedade controladora não 
pode ser demonstrada em uma única ocasião. 
(...) A relação de controle pode ser descoberta 
apenas por meio da investigação de um grande 
número de instâncias, (pp. 134-135)
Para introduzir a análise experimental 
do processo básico de formação de classes 
de estímulos, vamos, mais uma vez, recor-
rer a um experimento realizado com sujeitos 
infra-humanos.
Um experimento tradicional, nessa área, 
foi o realizado por Kelleher (1958). O autor 
teve como sujeitos dois chimpanzés e utilizou 
o seguinte equipamento: uma chave de telefone 
que podia ser pressionada pelos sujeitos e um 
painel no qual os estímulos eram apresentados; 
esse painel continha nove pequenas janelas, 
distribuídas em três fileiras e três colunas que 
podiam ser iluminadas individualmente. Um 
determinado padrão de iluminação (quantidade
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 81
exem plo de S utilizado 
na Ia parte do experimento
□ □ □
exem plo de S utilizado 
na I a parte do experimento
exemplo de SD utilizado 
na 2a parte do experimento 
□ ■ □
■ □ ■
□ □ □
exemplo de SA utilizado 
na 2a parte do experimento
Figura 3 - Exemplos de distribuições de janelas iluminadas 
em cada um dos quatro padrões de estímulos utilizados 
como SD e como SA por Kelleher ( 1958).
e posição de janelas iluminadas) constituía o 
conjunto dos estímulos considerados como SD, 
outro padrão, o conjunto de estímulos consi-
derados SA. Na primeira parte do experimento, 
foram consideradas como SD as distribuições 
que apresentassem como padrão as três jane-
las inferiores iluminadas e como SA as distribui-
ções que não tivessem as três janelas inferiores 
iluminadas. Na segunda parte do experimento,foram consideradas como SD quaisquer distri-
buições de janelas iluminadas que tivessem 
como padrão três janelas quaisquer ilumina-
das e como SA distribuições que tivessem como 
padrão duas ou quatro janelas iluminadas.
82 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
A seguir, é apresentado um esquema que ilustra 
uma distribuição possível de janelas ilumina-
das dentro de cada um dos padrões utilizados 
por Kelleher (ibid.).
Os sujeitos foram inicialmente treinados a 
pressionar a chave de telefone tendo como con-
seqüência alimento. O treino discriminativo, nas 
duas partes do experimento, foi realizado com 
um procedimento de discriminação sucessiva: 
na presença dos estímulos Sn, as respostas de 
pressionar foram reforçadas em VR 100 (com 
a amplitude de 1 a 200). Cada apresentação do 
SD terminava quando se completava o número 
de respostas necessário para produzir reforço 
naquela oportunidade. Ou seja, havia períodos 
em que apenas uma resposta era necessária e 
períodos em que até 200 respostas eram neces-
sárias, produzindo, assim, diferentes durações 
de apresentação do SD. Na presença dos estí-
mulos SA, nenhuma resposta foi reforçada e a 
apresentação terminava decorrido 1 minuto 
sem respostas de pressionar a chave. Entre 
uma apresentação e outra, havia um período de 
30 s de intervalo, quando todo o equipamento 
era desligado. As apresentações dos estímulos 
eram programadas em seqüências compos-
tas por 26 estímulos: treze SD e treze SA; essa 
seqüência de 26 estímulos era programada de 
forma que se alternassem períodos de SD com 
períodos de SA e uma sessão tinha a duração
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 83
necessária para que 50 reforços fossem libera-
dos. Quando o desempenho dos sujeitos ficava 
estável, uma nova seqüência com os mesmos 
26 estímulos era apresentada. Depois de esta-
bilizado o desempenho com essa nova seqüên-
cia de estímulos, seis do conjunto de treze Sn 
e seis do conjunto de treze SA eram trocados, 
compondo uma nova seqüência de 26 estímu-
los, que era, então, apresentada aos sujeitos.
A seguir, reproduzimos a figura apresen-
tada por Kelleher (ibid.) com os resultados de 
um dos sujeitos experimentais.
Figura 4 - Exemplos de SD e S ' utilizados e curvas de freqüên­
cia acumulada de respostas de pressionar nas duas partes do 
experimento. Os blocos A e B correspondem à primeira 
parte do experimento e os blocos C e D, à segunda parte 
Fonte: adaptado de Kelleher (1958, p. 778).
A Figura 4 está dividida em quatro blo-
cos; A e B apresentam exemplos de estímulos
84 CONTROLE DE ESTÍMULOS E COMPORTAMENTO OPERANTE
utilizados e curvas de freqüência acumulada 
da resposta de pressionar da 1" parte do expe-
rimento (SD arranjos nos quais as três janelas 
inferiores estava acesas); C e D apresentam as 
mesmas informações relativas à 2a parte do 
experimento (SD arranjos com quaisquer três 
janelas iluminadas). Deve ser salientado que as 
partes B eD apresentam o desempenho inicial 
após a mudança dos conjuntos de estímulos 
utilizados, respectivamente, na I a e 2a partes 
do experimento. No bloco A são apresentadas 
as curvas obtidas após 100 horas de treino dis-
criminativo com a primeira seqüência de 26 
estímulos. Observa-se alta taxa de respostas na 
presença do SD e poucas respostas na presença 
do SA. O mesmo desempenho ocorreu quando 
houve a troca de seis de SD e de seis dos SA 
da seqüência anteriormente apresentada. No 
entanto, o mesmo não ocorreu na segunda 
parte do experimento. Embora os sujeitos 
tenham respondido com altas taxas de res-
postas na presença dos estímulos discrimina-
tivos, após 150 horas de treino discriminativo 
em uma seqüência de 26 estímulos (bloco C), 
ao alterar seis dos SD e seis dos S4, o desem-
penho foi marcadamente rompido. Como pode 
ser visto nas curvas, pode-se dizer que o sujeito 
ficou sob controle do padrão de estímulos dis-
COMPORTAMENTO HUMANO COMPLEXO 85
criminativo, ou seja, formou o conceito “jane-
las inferiores iluminadas”, mas não o conceito 
“três janelas iluminadas”.
Como foi dito, esse experimento apenas 
introduz a questão do estudo experimental da 
“formação de conceitos” ou, mais apropriada-
mente, da formação de classes de estímulos. 
É possível que esses resultados sugiram per-
guntas, como, por exemplo: é necessário que o 
sujeito que forma a classe de estímulos iden-
tifique os critérios de formação dessa classe? 
Ou formar classe de estímulo implica nomear 
a classe? Ou, ainda, só há esse processo de for-
mação de classes (discriminação entre classes 
e generalização intraclasses)? Perguntas como 
essas têm desafiado os analistas do comporta-
mento e muito estudo experimental tem sido 
realizado para respondê-las. Alguns desses 
estudos serão objeto do próximo texto.
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