Buscar

Doenças Infecciosas: Cadeia do Processo Infeccioso

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

53
EPIDEMIOLOGIA
Unidade II
5 DOENÇAS INFECCIOSAS
5.1 Cadeia do processo infeccioso 
O agente etiológico nas doenças infecciosas é um ser vivo denominado de patógeno, palavra que 
pode ser traduzida em agente gerador de doença.
De acordo com Leser et al. (2002), o estímulo à doença pode ser estabelecido por três formas, que 
são: a) infecção: consiste na penetração e multiplicação de um agente, no organismo do homem e 
do animal; b) infestação: alojamento, com ou sem desenvolvimento, e reprodução de artrópodes na 
superfície do corpo ou nas vestes; c) absorção: refere-se aos casos em que não ocorre por infecção, mas 
pelas toxinas produzidas fora do hospedeiro.
A infecção é um processo biológico comum, que pode ou não resultar em uma doença infecciosa, 
aparente ou inaparente. O agente infeccioso ou patógeno possui variado grau de complexidade, podendo 
ser vírus, bactéria, fungo, protozoário, helminto ou rickéttsia. E, de acordo com as diferentes formas que 
esses agentes assumem no ciclo reprodutivo, como larva, esporo, cisto etc. e a penetração em outro 
ser vivo, podem se desenvolver e/ou multiplicar-se, de acordo com a predisposição do hospedeiro ou 
dos seus fatores intrínsecos, gerando ou não um estado patológico denominado por doença infecciosa 
(ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2006). 
A doença infecciosa corresponde a qualquer enfermidade causada por um 
agente infeccioso específico, ou seus produtos tóxicos, que se manifesta 
pela transmissão deste agente ou de seus produtos, de uma pessoa ou 
animal infectados ou de um reservatório a um hospedeiro suscetível, direta 
ou indiretamente por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza 
vegetal ou animal, de um vetor ou do meio ambiente inanimado (ALMEIDA 
FILHO; BARRETO, 2012, p. 460).
 Observação
Apenas a presença de microrganismos, mesmo que potenciais 
causadores de doenças, em roupas, objetos e em superfície do corpo, não 
deve ser denominada de infecção, mas, sim, de contaminação. Portanto, 
devemos dizer que a água é contaminada ao invés de infectada.
54
Unidade II
Alguns termos relacionados às doenças infecciosas podem, muitas vezes, ser utilizados como 
sinônimos, mas por conceito possuem significado diferente, como o termo doença transmissível, 
que não deve ser utilizado como sinônimo de doença infecciosa. Doença transmissível, segundo a 
Organização Pan-Americana de Saúde (1983): 
É qualquer doença causada por um agente infeccioso específico, ou seus 
produtos tóxicos, de uma pessoa ou animal infectados ou de um reservatório 
a um hospedeiro suscetível, direta ou indiretamente, por meio de um 
hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou do 
meio ambiente inanimado.
“Temos como exemplo algumas doenças infecciosas, mas não transmissíveis, ou seja, não são 
transmitidas do doente para outra pessoa, como o tétano, a malária e a leptospirose” (ALMEIDA FILHO; 
BARRETO, 2012, p. 460).
Outro termo que também pode causar confusão é doença contagiosa, que é aquela transmissível, 
já que o doente a transmite para outra pessoa; entretanto, esse termo é utilizado nos casos em que a 
doença é transmitida pelo contato direto.
As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são exemplos de doenças contagiosas, assim como o 
sarampo, transmitido por secreções da orofaringe. 
 Lembrete
Toda doença contagiosa é infecciosa, mas nem toda doença infecciosa 
é contagiosa.
Há situações em que não há necessidade da introdução do agente no interior do organismo para 
que a pessoa adoeça, pois alguns micro-organismos produzem substâncias tóxicas (exotoxinas) em 
algum meio que, se ingeridas por indivíduos suscetíveis, podem posteriormente causar doenças. O 
botulismo exemplifica bem essa situação, pois é uma forma de intoxicação alimentar que ocorre 
pela ingestão da toxina produzida pelo bacilo Clostridium botulinum, presente em alimentos 
malconservados, carnes, embutidos e alimentos (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2006). 
Para que a doença infecciosa ocorra, é necessário que haja a interação de vários fatores: a) existência 
de um agente infeccioso em número suficiente; b) via de acesso ao hospedeiro; c) porta de entrada; d) 
hospedeiro suscetível. 
55
EPIDEMIOLOGIA
 
Agente
Contato direto
Porta de 
entrada
Gotículas
Contato diretoVia aérea
Vetor
Veículo
 Figura 40 – Representação esquemática da cadeia do processo infeccioso
Na cadeia do processo infeccioso, devemos considerar os seguintes fatores: reservatório; fonte de 
infecção; vias de eliminação; fatores do agente; modo de transmissão; vias de penetração.
5.1.1 Reservatório
De acordo com o Ministério da Saúde, o reservatório corresponde ao hábitat onde o agente infeccioso 
vive, cresce e multiplica-se, e difere da fonte de infecção, tendo como principal característica o fato de 
ser indispensável para a perpetuação do agente. 
A situação em que as doenças infecciosas são transmitidas de animais para o homem é conhecida 
como zoonose. Em geral, são transmitidas de animal para animal, e o homem é uma vítima acidental. 
Entre essas doenças e seus respectivos reservatórios, temos: a leptospirose – roedores e equinos; a raiva 
– várias espécies de mamíferos; e a doença de Chagas – mamíferos silvestres. 
O ambiente, representado pelas plantas, pela água e pelo solo, também pode atuar como importante 
reservatório para determinados agentes. Entre alguns exemplos, temos o fungo Paracoccidioides 
brasiliensis, que tem como reservatório alguns vegetais, e o solo pode causar no homem uma 
doença denominada de blastomicose. A água também atua como reservatório da bactéria Legionella 
pneumophila, encontrada com certa frequência em sistemas de aquecimento de água e de circulação 
de ar, ou umidificadores, e é responsável pela doença dos legionários. 
5.1.2 Fonte de infecção
A fonte de infecção (ou infestação) é a responsável pela eventual transmissão do agente. Para o 
melhor entendimento das fontes de infecção, é necessário elucidar alguns conceitos pertinentes: 
Período de incubação – trata-se do intervalo de tempo entre a exposição ao agente infeccioso e o 
aparecimento dos sinais e sintomas da doença. Nesse período, os sinais clínicos e os sintomas da doença 
56
Unidade II
ainda são inespecíficos. Como manifestações, temos a febre, a coriza e a congestão nasal, além de 
náuseas, vômitos, dor de cabeça e tosse, presentes no quadro inicial de várias doenças, como sarampo, 
gripe, dengue etc.
O período de incubação é variável conforme a doença, pode ser de horas até anos. As características 
do hospedeiro, do agente infeccioso e a interação entre eles, além da dose infectante, são responsáveis 
por essa variação. 
Período de transmissibilidade – corresponde ao período emque o agente etiológico pode ser 
transferido ou eliminado de um indivíduo infectado ou de um animal a outro indivíduo ou animal, 
de forma direta ou indireta. Esse período está presente em várias doenças, como sífilis, tuberculose, 
caxumba, rubéola, sarampo, entre outras, e pode ser curto ou longo. Em algumas doenças, ele pode 
iniciar já no período de incubação; em outras, só se inicia no período prodrômico. No caso do sarampo, 
a transmissibilidade inicia-se no final do período de incubação e continua no período prodômico, e é 
interrompida logo após o aparecimento do exantema.
Período prodrômico – corresponde ao período em que o indivíduo apresenta sinais e sintomas 
inespecíficos da doença, e muitas vezes ele antecede o período em que há manifestação dos sinais e 
sintomas característicos da doença em curso.
De acordo com Leser et al. (2002), as fontes de infecção podem ser classificadas como:
• doentes típicos – aqueles que apresentam as manifestações típicas da doença.
• doentes atípicos – apresentam a doença em decorrência da infecção, mas as manifestações são 
mais brandas do que nos casos típicos, ou seja, os sinais e sintomas são muitas vezes insignificantes. 
Esses casos, muitas vezes, não são diagnosticados. Entretanto, a eliminação do agente ocorre 
damesma forma que os casos típicos. Também podem ser definidos como casos subclínicos e 
corresponder ao período prodrômico.
Portadores ou não doentes: são aqueles que não apresentam sinais e sintomas da doença, mas 
podem transmitir o agente, representam uma fonte de infecção em potencial. Podem ser divididos em 
três categorias:
• em incubação: não estão doentes, mas estão em período de incubação e manifestarão a doença 
após esse período.
• convalescentes: não estão doentes, mas já tiveram a doença. Esses portadores podem ainda ser 
classificados como temporários e crônicos (ou permanentes). 
É importante salientar que, em algumas situações, o indivíduo infectado não apresentará sinais e 
sintomas da doença, ou seja, não ultrapassará o chamado horizonte clínico; porém, poderá eliminar 
o agente por um período variável. E, ainda, mesmo que ultrapasse o horizonte clínico, isto é, que 
apresente manifestação da doença em decorrência da infecção, os sinais e sintomas poderão ser tão 
57
EPIDEMIOLOGIA
brandos (subclínico) que o indivíduo não procura por atendimento médico, o que dificulta o diagnóstico 
e favorece a transmissão da doença.
Infecção inaparente
Manifestações clínicas moderadas
Casos gravesProporção de 
casos clinicamente 
discerníveis
Proporção de casos 
não discerníveis 
clinicamente
Linha do horizonte clínicoÓbitos
Figura 41 – Conceito de icebergs em doenças infecciosas
 Observação
De acordo com Centers for Diseases Control, CDC (2012), podemos dizer 
que o hospedeiro é a pessoa ou o organismo sensível ao efeito do agente. 
Segundo Rouquayrol e Almeida Filho (2006), as doenças infecciosas podem se manifestar de 
diferentes formas no hospedeiro, como:
• doença manifesta – é aquela que apresenta todas as características típicas de uma doença;
• forma fulminante da doença – é aquela que se apresenta de forma grave e com alto índice 
de letalidade;
• forma inaparente ou subclínica da doença – é quando o hospedeiro não apresenta sinais ou 
sintomas da doença. Essa situação é preocupante, já que são pessoas sadias, infectadas, mas 
que podem transmitir o agente a outros suscetíveis, os quais poderão ou não manifestar a 
doença. Em alguns casos, como na meningite e na pólio, a proporção de infecções subclínicas 
é maior que as infecções manifestas. O portador assintomático, por desconhecer sua situação, 
fica mais suscetível a transmitir o agente entre outros suscetíveis. O conceito de iceberg 
facilita no entendimento dessa questão, pois ilustra que esses portadores assintomáticos 
ficam abaixo do horizonte clínico, por não apresentarem sinais e sintomas, portanto, 
dificilmente são identificados.
• sãos – aqueles que nunca estiveram e nunca estarão doentes.
58
Unidade II
5.1.3 Vias de eliminação
Trata-se do trajeto percorrido pelo agente etiológico, do reservatório ou fonte de infecção até 
alcançar o ambiente. As principais vias são: os tratos respiratórios e digestório, por meio de secreções e 
excreções como urina, sangue, pele e mucosas. Segundo Leser (2012), as vias de eliminação podem ser: 
• secreções nasobucofaríngeas: algumas infecções das mucosas que revestem as vias respiratórias 
ocasionam o aumento da umidade do local, facilitando a eliminação de partículas, por meio 
da tosse ou espirro que transportam pelas gotículas, ou da expiração (aerossóis) dos agentes 
infecciosos que se encontram na mucosa de revestimento. Entre os exemplos desses agentes, 
temos o vírus do resfriado, da gripe, difteria, meningite, sarampo e outros. 
• fezes: esta é a via natural de eliminação de alguns agentes, como os vírus da pólio, da coxsackie, 
de algumas enterobactérias, como a Shigella e a Salmonella, e alguns protozoários, como a 
Entamoeba histolytica e a Giardia lamblia. 
• genitourinária: diversos agentes de infecções urogenitais são eliminados pela urina, além dos 
agentes infecciosos da leptospirose, da hepatite A e E, da cólera e da amebíase, febre tifoide, Aids, 
gonorreia e outras doenças de transmissão sexual.
• sangue: pode representar uma importante fonte de infecção em alguns casos, como transfusão 
sanguínea por meio de agulhas ou materiais perfurocortantes contaminados. Em outros casos, há 
necessidade da presença de um artrópode hematófago, como na malária e na febre amarela. 
• secreções, exsudatos e descamações do tecido epitelial: nesse grupo, existe uma variedade de 
condições, como as secreções oculares, uretral e de mucosas, e as lesões superficiais abertas – 
cancro duro, na sífilis. 
• leite: entre os agentes eliminados por essa via de contaminação não humana, temos a brucelose 
e a febre aftosa, e nos casos de contaminação humana, o vírus HIV.
• placenta: o agente é transmitido ao feto por meio da placenta, que em geral é uma barreira 
efetiva de proteção do feto contra infecções congênitas: doença de Chagas, HIV, rubéola, sífilis.
• pele: pelo contato direto com lesões superficiais, como na herpes zoster, na sífilis e na varicela, 
ou ainda por picadas, mordidas, perfuração por agulha ou outro mecanismo que tenha contato 
com sangue infectado, como na sífilis, na doença de Chagas, na malária, na leishmaniose, na febre 
amarela, na hepatite B etc.
5.1.4 Fatores do agente
Os agentes etiológicos possuem características que regem a relação com o hospedeiro, as quais 
podem ser determinantes para a ocorrência das doenças, como:
59
EPIDEMIOLOGIA
• infectividade: é definida como a capacidade do agente etiológico de penetrar, desenvolver-se ou 
multiplicar-se no hospedeiro, ocasionando a infecção. Podemos dizer que os fungos, em geral, 
têm como característica a baixa infectividade, pois, mesmo presentes no ambiente, dificilmente 
levam a um quadro infeccioso. Já o vírus da gripe, é tido como altamente infeccioso, pois se 
propaga facilmente entre os suscetíveis.
• patogenicidade: representa a capacidade do patógeno de, quando instalado no organismo do 
hospedeiro, homem ou animal, produzir sintomas em maior ou menor intensidade. O vírus 
do sarampo é tido como altamente patogênico, porque, uma vez instalado no organismo do 
hospedeiro, frequentemente irá ocasionará sinais e sintomas específicos. O mesmo não acontece 
com o vírus da pólio, que tem uma baixa patogenicidade, já que muitas pessoas infectadas por 
esse agente não apresentam sinais nem sintomas.
• virulência: é definida como a capacidade de o agente etiológico provocar casos graves ou fatais de 
infecção, e está relacionada a algumas características do agente, como a capacidade de produzir 
toxinas e multiplicar-se no organismo do hospedeiro. Embora o vírus do sarampo tenha alta 
patogenicidade e infectividade, é de baixa virulência, já que raramente causa quadro grave da 
doença. Em contrapartida, o botulismo é uma doença altamente virulenta.
• imunogenicidade (ou poder imunogênico): representa a capacidade de o agente induzir o 
hospedeiro à imunidade. Alguns são reconhecidos pelo alto poder imunogênico, como os vírus 
da rubéola, do sarampo, da caxumba e da varicela. Alguns, ao infectar o hospedeiro, induzem à 
imunidade permanente, outros, conferem apenas imunidade temporária ao hospedeiro, como o 
vírus da gripe e da dengue (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2006).
5.1.5 Modo de transmissão 
Entende-se por transmissão a transferência de um agente etiológico do reservatório ou fonte de 
infecção para um novo hospedeiro suscetível. 
Quanto às vias de transmissão, é importante considerar que o meio externo é, em geral, desfavorável 
para a sobrevida dos agentes etiológicos. Entretanto, alguns agentes possuem formas especiais (cistos, 
ovos, esporos) que conferem resistência quando expostos ao meio externo, além de alguns poderem 
encontrar no nesse ambiente condições que possibilitem a realização das diferentes fases do seu ciclo 
biológico. Contudo, o comportamento dos agentes é diferente na presença de fatores variáveis de 
umidade, radiações, temperatura etc.
A classificação das vias de transmissão considera o tempo entre a eliminação do agente pela fontede infecção e a sua entrada em outro hospedeiro. Via de transmissão em que a permanência do agente 
no meio externo é curta ou nula também pode ser denominada de transmissão direta.
• contágio imediato: o tempo de exposição do agente ao meio externo é nulo, como nos casos de 
transferência do agente por meio de relações sexuais, do beijo na boca, nas infecções congênitas 
e na mordedura.
60
Unidade II
• contágio mediato: o tempo de exposição do agente ao meio externo é relativamente curto, o que 
assegura sua sobrevida. As formas de contágio mediato ocorrem por:
— gotículas: a eliminação do agente pela fonte ocorre pela fala, pela tosse ou pelo espirro; 
podem manter-se em suspensão no ambiente conforme seu tamanho e peso.
— fômites: são representados por objetos, como talheres, copos, brinquedos, chupetas, entre outros.
— por meio das mãos/boca: ocorre por meio das mãos do novo hospedeiro, contaminadas 
com material infectante recentemente eliminado pela fonte de infecção. O agente é 
transferido ao novo hospedeiro quando suas mãos entram em contato com a boca ou 
mucosa nasal ou conjuntival. 
A via de transmissão que exige exposição mais prolongada do agente no meio exterior também pode 
ser denominada de transmissão indireta. Nesse caso, é essencial que os agentes consigam sobreviver 
fora do organismo durante certo tempo, além da presença de veículos (insetos, por exemplo) que 
transportem os micro-organismos ou parasitas de um lugar a outro. 
Quadro 2 – Modos de transmissão de um agente infeccioso
Transmissão direta Transmissão indireta 
Mãos
Beijo
Respiratória (gotículas decorrentes da fala, da tosse ou 
do espirro) 
Transfusão de sangue
Relação sexual
Transmissão vertical (transplacentária ou amamentação)
Outras formas: parto, injeção endovenosa, 
procedimentos médicos etc.
Veículos (alimentos contaminados, água, 
toalhas, instrumentos agrícolas etc.)
Vetores (insetos e animais)
Respiratória – longa distância (poeira e 
aerossóis)
Parenteral (injeção com seringas 
contaminadas)
A classificação da transmissão indireta dá-se segundo a natureza do veículo de transmissão:
• Transmissão por vetores: em epidemiologia o termo vetor se relaciona a artrópodes que participam 
da transmissão de agentes infecciosos. E podem ser divididos em biológicos e mecânicos:
— vetor biológico: é aquele vetor essencial, ou obrigatório, na disseminação da doença. Portanto, 
se erradicarmos o vetor biológico, a doença que ele transmite desaparecerá. Os anofelinos que 
transmitem a malária são exemplos desse tipo de vetor.
— vetor mecânico: é um vetor acidental e representa mais uma modalidade de transmissão 
do agente etiológico. Sua erradicação retira apenas um dos componentes da transmissão da 
doença. Exemplo: as moscas, que podem transmitir agentes eliminados pelas fezes, na medida 
em que os transportam em suas patas ou asas após pousarem em matéria fecal. 
61
EPIDEMIOLOGIA
Figura 42 – Vetor biológico 
A) Transmissão por ar e poeira.
B) Transmissão indireta por fômites.
C) Transmissão por alimentos.
D) Transmissão pelo solo.
E) Transmissão com hospedeiro invertebrado “intercalado”.
Quadro 3 – Principais mecanismos de transmissão dos agentes de doenças infecciosas
Modo de 
transmissão Via de transmissão Veículo Meio de transmissão Doenças (exemplos)
Direta
 Respiratória Ar Gotícula de Flügge 
Meningite por meningococo, 
sarampo, coqueluche, rubéola, 
gripe 
Digestiva Fezes/fômites Oral/fecal Hepatite A, poliomielite, febre tifoide
Sexual Secreções sexuais
Solução de 
continuidade da pele e 
feridas
Sífilis, HPV, Aids 
Pele Fômites, pele Pele íntegra Escabiose
Intrauterina Sangue materno Placenta
Rubéola, toxoplasmose, Aids, 
sífilis
62
Unidade II
Indireta
Sanguínea Fômites Sangue e secreções Hepatite B, Aids, Doença de Chagas (transfusão) 
Digestiva Água e alimentos alimentar
Cólera, febre tifoide, 
toxicoinfecções alimentares e 
hepatite A 
Pele Solo, água Penetração ativa Esquistossomose mansoni, ancilostomíase, estrongiloidíase
Vetor Saliva ou fezes do vetor Picada de artrópode Dengue, febre amarela, malária
Fonte: adaptado de Almeida Filho; Barreto (2012, p. 462).
5.1.6 Vias de penetração
As portas de saída e entrada nem sempre são as mesmas. Temos como exemplo as intoxicações 
alimentares por estafilococos, em que o agente entra no novo hospedeiro, por meio de alimentos 
contaminados com secreção da lesão, e é eliminado por uma lesão aberta da pele (OPAS/MS, 2010).
5.2 Aspectos estruturais e funcionais na prevenção e na exposição às doenças 
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), 2010, o corpo humano possui 
alguns aspectos estruturais e funcionais que podem atuar tanto como mecanismo de defesa como para 
aumentar a suscetibilidade do hospedeiro em desenvolver doenças. 
A pele e as membranas mucosas proporcionam ao corpo uma barreira de proteção contra muitos 
parasitas vivos e agentes químicos. As membranas mucosas são mais permeáveis do que a pele intacta, 
o que muitas vezes acaba servindo de porta de entrada a vários patógenos.
Os reflexos, a tosse e o espirro, por exemplo, representam uma tentativa de limpar as vias 
respiratórias de substâncias nocivas. As secreções mucosas, como as lágrimas e a saliva, possuem uma 
ação limpante e também podem conter anticorpos específicos contra micro-organismos patogênicos.
As secreções gástricas (acidez gástrica), o peristaltismo e os anticorpos inespecíficos: os 
micro-organismos, ao invadirem o corpo, enfrentam uma série de mecanismos de defesa imunológica, 
tanto do tipo celular (linfócitos T, macrófagos e outras células que apresentam antígenos) como 
do tipo humoral (linfócitos B, anticorpos e outras substâncias). A inflamação que ocorre no lugar 
da invasão é devida ao estímulo dos micro-organismos extracelulares, sendo que os anticorpos 
produzidos pela infecção natural ou vacinação poderiam prevenir ou limitar a invasão do hospedeiro 
(memória imunológica). A imunossupressão decorrente de infecção pelo HIV, do uso de drogas 
imunossupressoras ou de doenças crônicas facilita a multiplicação de outros micro-organismos, como 
o bacilo da tuberculose ou de agentes oportunistas, como o Pneumocistis carinii. 
A idade é um aspecto importante, uma vez que a gravidade de muitas doenças no indivíduo 
relaciona-se a ela. As doenças benignas da infância, como varicela, sarampo e rubéola, são 
63
EPIDEMIOLOGIA
exemplos de como a esse fator influencia na ocorrência das doenças contagiosas. Crianças 
pequenas apresentam maior risco de adquirir a infecção e desenvolver a doença, devido a sua 
alta suscetibilidade (pela ausência de memória imunológica) e alto grau de exposição. Entre as 
doenças que acometem os adultos com mais frequência, estão a tuberculose e a esquistossomose. 
Na velhice, predominam as degenerativas, como o câncer, e as doenças cardiovasculares, como 
hipertensão, diabetes e cardiopatias. 
O gênero também pode influenciar na suscetibilidade de certas infecções, mas essas diferenças 
relacionadas intrinsecamente ao sexo são mais difíceis de demonstrar. Sabe-se que a transmissão 
sexual de algumas doenças, como a gonorreia ou a clamídia, é maior nas mulheres do que nos 
homens, devido em parte aos aspectos anatômicos, fisiológicos e à presença de coinfecções (duas 
ou mais infecções simultaneamente). As variações na ocorrência da doença entre homens e 
mulheres refletem os diferentes graus de exposição a riscos, devido a outros aspectos e diferentes 
estilos de vida.
Nas mulheres, além da gravidez, que predispõe à infecção das vias urinárias, também são mais 
comuns a ocorrência de algumas doenças crônicas, como tirotoxicose, diabete mellitus, colecistite, 
colelitíase, obesidade, artrite e psiconeurose. Entretanto, são mais frequentes nos homens a ocorrência 
de úlcera péptica, câncer de pulmão, hérnia inguinal, acidentes, suicídio e cardiopatia arterioesclerótica.
A etnia e o grupo familiar também podem ser relevantes para o hospedeiro. Esse fato sedeve às 
características genéticas que compartilham. Além das características físicas (o fenótipo), também pode 
ocorrer um aumento na suscetibilidade ou na resistência aos agentes específicos da doença. Esse conceito 
é de fácil compreensão, mas demonstrar que as diferenças na incidência da doença são geneticamente 
determinadas é difícil, já que devemos considerar também a associação dos fatores ambientais e 
socioeconômicos. A resistência à tuberculose, maior na população europeia do que na indígena, é um 
exemplo claro da interferência da etnia. Embora seja uma característica importante, principalmente pelo 
componente genético, o aspecto cultural das diferentes etnias também pode influenciar a ocorrência 
das doenças. Esses padrões determinam o estilo de vida e as percepções específicas da realidade, o que 
influencia diretamente nas suas condutas frente ao risco e, portanto, no seu potencial de exposição a 
fatores causais de doença.
Os indivíduos que integram um grupo familiar, assim como ocorre com os grupos étnicos, podem 
diferir entre si em relação à suscetibilidade a doenças geneticamente determinadas. É importante 
salientar que não apenas os fatores hereditários podem contribuir para a ocorrência de doenças, 
deve-se considerar as múltiplas influências sociais e ambientais que atingem a família como grupo, 
incluindo seu nível socioeconômico, dieta, nível educacional, grau de coesão social e a exposição 
comum a agentes infecciosos.
As infecções estão intimamente relacionadas com o estado nutricional do hospedeiro. 
O sistema imunológico pode ser deteriorado pala desnutrição grave, tornando o hospedeiro mais 
suscetível às doenças bacterianas. Uma criança com desnutrição proteico-calórica tem risco 
muito maior de adquirir algumas doenças e manifestá-las na sua forma mais grave, ficando 
também mais propensa a complicações, sequelas e deficiência permanente. No início dos anos 
64
Unidade II
1990, ocorreu em Cuba uma epidemia de neuropatia, em decorrência da supressão brusca de 
nutrientes, deixando claro o papel dos macrodeterminantes socioeconômicos na produção 
de doenças na população, bem como a utilidade da epidemiologia para controlar oportunamente 
os problemas de saúde. 
Atualmente, um dos maiores problemas de saúde pública em países desenvolvidos, inclusive no 
Brasil, está relacionado à nutrição, que levou ao aumento na incidência da obesidade. Esta é considerada 
fator do hospedeiro, que o torna mais suscetível às doenças crônicas como hipertensão arterial, doenças 
cardiovasculares, diabetes e redução da qualidade e esperança de vida. 
5.3 Conceitos e tipos de imunidade
A origem da imunologia é atribuída a Edward Jenner. Em 1796, ele verificou que a proteção induzida 
pelo vírus da varíola bovina também era eficiente contra a varíola humana. Esse processo foi, então, 
chamado de vacinação, em decorrência do significado da palavra vacina; em latim, vaccinus significa 
relativo à vaca, das vacas. Jenner notou que as ordenhadoras que se recuperavam da varíola bovina 
não contraíam a varíola humana. Dessa forma, resolveu injetar o material de uma pústula de varíola 
no braço de um menino de 8 anos e, mais tarde intencionalmente, inoculou a varíola na criança para 
estudar o que ocorreria. Como resultado, a doença não se desenvolveu. Em 1798, escreveu seu tratado 
sobre vacinação, descrevendo os resultados de sua experiência (EPM, 2012). A figura a seguir ilustra a 
pesquisa de Jenner:
Figura 43 – Células e órgãos do sistema imune 
65
EPIDEMIOLOGIA
No entanto, existem outros relatos sobre as tentativas da humanidade referentes à descoberta da 
vacina. Na antiguidade, os chineses já inalavam o pó das crostas secas das pústulas de varíola ou as 
inseriam em pequenos cortes na pele, em busca de proteção (MOLINARO, 2009). 
 Lembrete
As vacinas fazem parte das medidas de prevenção primária à saúde 
como ações de proteção específica, que dentro da história natural da 
doença devem ser adotadas no período pré-patogênico.
O sistema imunológico é o conjunto de células, tecidos, órgãos e moléculas utilizado para a eliminação 
de antígenos, com a finalidade de manter a homeostasia orgânica. Os mecanismos fisiológicos desse 
sistema consistem numa resposta coordenada dessas células e moléculas diante dos antígenos, o que 
leva ao aparecimento de respostas específicas e seletivas, inclusive com o desenvolvimento de memória 
imunológica contra patógenos específicos, que também pode ser criada artificialmente por meio das 
vacinas (MOLINARO, 2009).
Os conceitos de imunidade e resistência são bem similares; a imunidade pode ser definida como 
o estado de resistência conferida pelo sistema imune, que geralmente está associada à presença de 
anticorpos com ação específica sobre os micro-organismos patogênicos ou suas toxinas. Já resistência, 
é o conjunto de mecanismos que serve de defesa contra a invasão ou multiplicação de agentes 
infecciosos, ou contra os efeitos nocivos de seus produtos tóxicos. A pessoa imune possui anticorpos 
protetores específicos e/ou imunidade celular, como consequência de uma infecção ou imunização 
anterior (OPAS, 2010). 
A imunidade pode ser classificada de formas diferentes:
a) imunidade inata: determinada geneticamente, está presente desde o nascimento (pele, secreções, 
mucosas e cílios), sem especificidade; é a primeira linha de defesa contra antígenos. Divide-se em:
• humoral: principal função das células B e dos plasmócitos, que secretam anticorpos na corrente 
circulatória e em outros líquidos corpóreos, resultando em efeitos protetores. Os anticorpos 
são moléculas agrupadas em uma classe de substâncias denominadas imunoglobulinas 
(IgA, IgD, IgE, IgG e IgM). A resposta humoral conduz à destruição dos micro-organismos 
extracelulares e seus produtos nocivos ao ser humano.
• celular: linfócitos T, macrófagos, neutrófilos, eosinófilos, mastócitos e células NK. Diferente das 
imunoglobulinas e não são secretados, precisam migrar até as áreas de lesão para exercer seus 
efeitos protetores, por meio do contato direto com a célula-alvo ou para influenciar as atividades 
de outras células do sistema imune.
b) Imunidade adquirida: também conhecida como específica ou adaptativa, está ausente no 
nascimento, é decorrente da exposição a antígenos específicos, o que pode aumentar sua intensidade. 
66
Unidade II
Essa característica é conhecida como efeito de memória. A figura a seguir apresenta a divisão da 
imunidade adquirida:
Imunidade
Ativa
Natural (doença)
Natural (transplacentária)
Artificial (vacina)
Artificial (soros)
Passiva
Figura 44 – Tipos de imunidade
• passiva: tem efeito de curta duração, alguns dias a vários meses; é obtida naturalmente por 
transmissão materna (via transplacentária/vertical) ou artificialmente, por inoculação de 
anticorpos protetores específicos prontos (soro antitetânico e antidiftérico, gamaglobulina etc.). 
Ex.: mãe/filho – quando a gestante toma vacina dT – dupla adulto, os anticorpos produzidos por 
ela passam para o feto por meio da placenta, que evita que o RN tenha o tétano neonatal.
• ativa: tem ação, em geral, duradoura; pode ser adquirida naturalmente como consequência de 
uma infecção clínica ou subclínica ou artificialmente por inoculação de frações ou produtos 
de um agente infeccioso ou do mesmo agente, morto, atenuado ou recombinado a partir de 
técnicas laboratoriais específicas (como a engenharia genética) – vacinas (OPAS, 2010).
— massa/rebanho: imunização de grande parcela da população, fazendo com que o 
agente etiológico infeccioso tenha menor probabilidade de disseminação no ambiente. 
O controle de doenças, como o sarampo no ser humano ou a raiva no cão, pode servir 
como exemplo dessa situação. Seria desejável saber exatamente que proporção da 
população deve ser imune para que a disseminação de uma infecção seja altamente 
improvável. Ainda que não seja fácil contarmos com informação precisa a esse respeito, 
dispomos de estimativas razoáveis para algumas doenças.Por exemplo, estima-se que, 
para interromper a transmissão da difteria na população, requer-se de 75 a 85% de 
população imune, pois os modelos matemáticos e a análise de epidemias demonstraram 
que a proporção da população imune não precisa ser de 100% para que a disseminação 
da doença na população se detenha (OPAS, 2010). 
67
EPIDEMIOLOGIA
A figura a seguir apresenta um esquema da imunidade de rebanho:
Caso índice Caso índice
Suscetível ou infectado Suscetível ou infectado
Imune Imune
Disseminação de doença infecciosa 
numa comunidade com elevada 
proporção de suscetíveis
Comunidade protegida pela 
imunização
Figura 45 – Esquema da imunidade de rebanho
 Saiba mais
Para saber mais sobre vacinas e seu desenvolvimento histórico, consulte:
http://www.saude.gov.br/svs
http://www.portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_pni_
consulta.pdf 
http://www.butantan.gov.br 
http://www.pasteur.saude.sp.gov.br 
http://www.sbim.org.br
PONTE, C. F. (Org.). Na corda bamba de sombrinha: a saúde no fio da 
história. Rio de Janeiro: Fiocruz/EPSJV, 2010.
68
Unidade II
5.4 Contexto epidemiológico das doenças infecciosas transmissíveis 
Segundo a OMS (2006), 14,2 milhões de óbitos por ano são decorrentes de doenças transmissíveis, 
representando 30% dos óbitos que ocorrem em todo o mundo e 39% da carga global de incapacidade. 
Aproximadamente 80% dessas mortes são decorrentes de infecção respiratória aguda (3,76 milhões); 
HIV/Aids (2,8 milhões); doenças diarreicas (1,7 milhão); tuberculose (1,6 milhão); malária (1 milhão); e 
sarampo (0,8 milhão). A maioria dessas mortes ocorre em países em desenvolvimento. A OMS estima 
que nos próximos dez anos haverá uma redução de 3% no total de mortes resultantes dessas doenças 
infecciosas, em decorrência da melhoria na prevenção.
Doenças emergentes e reemergentes, como Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sara), difteria, febre 
amarela, antraz, praga, dengue e influenza, representam uma ameaça não só à saúde dos indivíduos, 
consequentemente à segurança das populações, mas também aos sistemas de saúde, particularmente 
nos países em desenvolvimento. Embora os países desenvolvidos tenham menor mortalidade por 
doenças transmissíveis, a morbidade elevada ainda é um problema de saúde nesses países. Podemos 
citar as infecções do trato respiratório superior, que acometem e matam os grupos de idades extremas 
(idosos e jovens).
O desafio para os profissionais de saúde é o uso de métodos epidemiológicos na investigação e 
no controle das doenças transmissíveis; entretanto, as investigações frequentemente se limitam pela 
escassez de recursos (BONITA, 2010). 
O Ministério da Saúde no Brasil (2005) reconhece que, apesar da redução da morbidade e da 
mortalidade pelas doenças infecciosas parasitárias (DIP), ainda se observa o reaparecimento de 
problemas de saúde pública como a cólera e a dengue, evidenciado nas duas últimas décadas, 
que, além de exporem a fragilidade nas estruturas ambientais urbanas em nosso país, tornando 
as populações vulneráveis a doenças que pareciam superadas, contribuem para o aumento da 
carga de doenças da população. Esses fatores somam-se ao surgimento de novas doenças ou 
novas formas de manifestação das doenças na população, ao aumento na severidade, causado 
pelo surgimento de novas cepas patogênicas, à ampliação da resistência aos antimicrobianos e à 
persistência de problemas como a desnutrição e doenças endêmicas como a tuberculose. Situação 
essa que requer manutenção de estruturas altamente dispendiosas de atenção básica à saúde, 
as quais já são escassas e poderiam ser utilizadas na solução de questões de saúde de maior 
magnitude, caso não houvesse esses problemas. 
O Ministério da Saúde entende que a melhoria da qualidade da assistência médica, 
principalmente no que diz respeito ao correto diagnóstico e tratamento dos pacientes, associada 
ao encaminhamento e adoção das medidas de controle indicadas em tempo hábil, desempenha 
importante papel na redução de uma série de doenças infecciosas e parasitárias. Por isso, elaborou 
um guia de bolso sobre as DIPs (2005), para divulgar aos profissionais de saúde, especialmente 
aos médicos, orientações sobre as estratégias que devem ser adotadas como contribuição a 
esse processo.
69
EPIDEMIOLOGIA
Tabela 4 – Classificação das causas de óbito no mundo
Classificação Causa Total de mortes
1 Doença isquêmica do coração 6.894.057
2 Acidente vascular cerebral 5.101.446
3 Pneumonias 3.866.321
4 Aids 2.942.901
5 COPD 2.522.983
6 Diarreias infecciosas 2.124.032
7 Tuberculose 1.660.411
8 Doenças de infância 1.385.445
9 Acidentes de trânsito 1.259.838
10 Câncer de pulmão, brônquios e traqueia 1.212.635
11 Malária 1.079.877
12 Baixo peso ao nascer 1.025.584
13 Hipertensão 940.818
14 Injúrias autônomas 814.778
15 Diabetes mellitus 809.685
Total 33.640.821
Fonte: OMS (2010).
No Brasil, de acordo com a análise da situação de saúde realizada pelo Ministério da Saúde (2004), 
a principal causa de morte na década de 1930 eram as doenças transmissíveis, e nas áreas rurais, onde 
não havia registro adequado, a situação era ainda pior. Com os avanços da tecnologia, das mediadas 
de controle, como vacinas, antibióticos e vigilância epidemiológica, além da melhoria no acesso aos 
serviços de saúde, essa situação pôde ser revertida.
Entre as tendências atuais observadas, está a redução da mortalidade por doenças infecciosas e 
parasitárias, que a partir dos anos 1960, passaram a ocupar a quinta posição entre as causas de óbitos no 
Brasil, o aumento dos agravos relacionados aos acidentes e à violência, as doenças crônico-degenerativas, 
como as neoplasias e doenças respiratórias, e as doenças do aparelho circulatório. Essa última é responsável, 
a partir deste momento, por representar a principal causa de mortalidade no país. 
Apesar da redução significativa na mortalidade pelas doenças transmissíveis, o impacto sobre a 
morbidade, principalmente por aquelas doenças que não contam com mecanismos eficazes de prevenção, 
está associado a outras causas – ambientais, sociais e econômicas.
A mudança do quadro de morbimortalidade e a diminuição da importância das doenças transmissíveis 
no Brasil nos últimos anos podem dar a ideia errônea de que essas doenças deixaram de ser um problema de 
saúde pública. Pior, estariam extintas ou próximas da extinção, o que não é condizente com realidade do país e 
de outros países do mundo. O enorme êxito alcançado na prevenção e no controle de várias dessas doenças, de 
fato, contribuiu para a queda no número de casos, mas não significa que foram erradicadas. 
70
Unidade II
As doenças transmissíveis ainda constituem um dos principais problemas de saúde pública no 
mundo. A crença de que todas seriam, naturalmente, erradicadas fez com que, no passado, as ações de 
prevenção e controle fossem sendo subestimadas na agenda de prioridades em saúde, resultando em 
capacidade de resposta governamental ineficiente e perda de oportunidade na tomada de decisão sobre 
medidas que teriam tido um impacto positivo nessa área. 
Também se observam doenças que estão sendo eliminadas no continente americano, como o 
sarampo, que ainda tem alta incidência em países da Europa, o que representa um risco de disseminação 
para os países que já conseguiram a sua eliminação ou têm a incidência controlada, como o Brasil.
A situação das doenças transmissíveis no Brasil é complexa e pode ser resumida em três grandes 
tendências: a) doenças transmissíveis com tendência descendente; b) doenças transmissíveis com 
quadro de persistência e c) doenças transmissíveis emergentes e reemergentes.
Uma das doenças que melhor retratam a situação epidemiológica atual das doenças transmissíveis 
é a Aids, doença emergente e com alta morbimortalidade no mundo.
Tabela 5 – Taxas das principais dez causas de óbito: Brasil, 2005 
Ordem Causas Número de óbitos
Taxa bruta de 
mortalidade 
(óbitos/100.000 hab.)
 %
Total de óbitos 1.006.827
Causas mal definidas104.455 115,2 10,4
Total de óbitos por causas definidas 902.372 995,2 100
1 Doenças cerebrovasculares (160-169) 90.006 99,3 10,0
2 Doenças isquêmicas do coração (120-125) 84.945 93,7 9,4
3 Agressões (homicídios) (X85-Y89) 47.578 52,5 5,3
4 Diabetes mellittus (E10-E14) 40.317 44,5 4,5
5 Influenza e pneumonia (J10-J18) 36.053 39,8 4,0
6 Doenças crônicas das vias respiratórias inferiores (J40-J47) 36.555 40,3 4,1
7 Acidentes de transporte terrestre (V00-V89) 35.994 39,7 4,0
8 Doenças hipertensivas (110-115) 33.487 36,9 3,7
9 Insuficiência cardíaca (150-159) 31.054 34,2 3,4
10 Certas afecções originadas no período perinatal (P00-P96) 29.799 32,9 3,3
Fonte: Brasil (2005). 
5.4.1 Doenças transmissíveis com tendência descendente
O Brasil tem obtido grandes conquistas na redução de muitas doenças transmissíveis, demonstrando 
que os instrumentos de prevenção e controle têm sido eficazes, causando reduções drásticas nos índices 
de incidência. A varíola está erradicada desde 1978; a poliomielite recebeu a certificação da Organização 
Mundial da Saúde pela erradicação da transmissão autóctone em 1994, e desde 2000 não há casos 
71
EPIDEMIOLOGIA
autóctones de sarampo. A incidência do tétano neonatal apresenta um patamar muito abaixo do 
estabelecido (1/1.000 nascidos vivos) para ser considerado eliminado como problema de saúde pública, 
ou seja, está caminhando para a erradicação. As próximas doenças a serem erradicadas são a raiva 
humana, transmitida por animais domésticos, e a rubéola congênita. A difteria, a coqueluche e o tétano 
acidental, doenças imunopreveníveis, são outras moléstias transmissíveis que tendem ao declínio, devido 
aos investimentos realizados na detecção precoce dos casos suspeitos, na adoção de ações de vigilância 
epidemiológica e na cobertura vacinal de rotina, visando a atingir níveis adequados nos municípios. A 
Doença de Chagas, endêmica há várias décadas em nosso país; a febre tifoide, associada a condições 
sanitárias precárias; e a oncocercose, a filariose e a peste, todas estas têm áreas de ocorrência restritas. 
Difteria – trata-se de uma doença infecciosa aguda causada por bacilo que se aloja mais 
frequentemente nas vias aéreas superiores: nariz, faringe e amídalas. Devido ao aumento da cobertura 
vacinal da tríplice bacteriana (DTP), o número de casos da doença no Brasil vem decrescendo 
progressivamente.
Coqueluche – o número de casos da doença caiu abruptamente a partir de década de 1980, e vem 
desde então mantendo uma tendência decrescente. No início da década 1980, foram notificados mais 
de 40 mil casos anuais, mas a partir de 1996 esse número ficou em torno de 2.000.
Entre as estratégias adotadas pelo Ministério da Saúde para seu controle, estão a intensificação 
da vigilância epidemiológica, a detecção precoce dos casos e o bloqueio vacinal imediatamente ao ser 
detectado algum foco de surto, além da manutenção de cobertura vacinal, em todos os municípios, de 
95% para crianças menores de 1 ano com a vacina tetravalente (DTP + Hib), sendo que a partir de 2012 
passou a ser administrada a vacina pentavalente (DTP + Hib + HB).
Tétano – é uma doença transmissível, mas não contagiosa, que apresenta duas formas de 
ocorrência: acidental e neonatal. A forma acidental acomete pessoas que sofreram lesões ou 
ferimentos com materiais contaminados ou se expuseram ao bacilo pela manipulação do solo. 
O tétano neonatal, por instrumentos cortantes ou material de hemostasia durante a secção do 
cordão umbilical, ou por meio de substâncias contaminadas, como teia de aranha, pó de café e 
fumo, colocados no coto umbilical.
Em 1982, foram notificados 2.226 casos da doença, e vinte anos depois, apenas 600, o que 
demonstra uma redução acentuada na incidência. Essa situação é de suma importância, considerando 
que a letalidade da doença é de aproximadamente 70%; portanto, houve uma redução acentuada na 
mortalidade neonatal.
As estratégias utilizadas na redução do tétano acidental consistem no uso da vacina DTP na infância 
e na dupla adulto (dT) em adultos, além do reforço que deve ser realizado a cada dez anos. A vacina 
apresenta uma eficácia de 100%, portanto é extremamente importante a realização da manutenção do 
esquema vacinal preconizado e ainda a adoção de procedimentos adequados de limpeza de ferimentos 
ou lesões nas unidades de saúde e a conscientização de profissionais expostos ao risco de contato com 
material contaminado por meio de lesões e ferimentos. 
72
Unidade II
Entre as estratégias de prevenção do tétano neonatal, a mais eficaz consiste na vacinação das 
gestantes durante o pré-natal, e também a realização de parto asséptico ou limpo e o tratamento 
correto do coto umbilical. Sem dúvida alguma, com essas medidas, a eliminação da doença está cada 
vez mais próxima.
Poliomielite (paralisia infantil) – é uma doença que pode deixar graves sequelas e evoluir ao 
óbito. Até a década de 1970, acometeu um alto número de crianças, foram notificados 3.596 casos 
em 1975. Entretanto, com a adoção de medidas de controle, como a vacinação em massa nos anos 
1980 e a intensificação da vigilância epidemiológica, o número de casos confirmados foi reduzindo 
drasticamente, até culminar na notificação do último caso, em 1989. Graças a esse feito, o Brasil recebeu 
da Organização Mundial de Saúde (OMS) o certificado de erradicação da doença.
Estratégias para a manutenção da erradicação da doença, como a vacinação homogênea em todo o 
território nacional e a vigilância das paralisias flácidas, ainda vêm sendo utilizadas. A manutenção dessas 
estratégias se deve à persistência da poliomielite em outros continentes, o que leva ao permanente risco 
de importação do vírus.
Sarampo – é uma doença transmissível e contagiosa que chegou a acometer 3 milhões de crianças 
na década de 1970; em 1980, ocorreram 3.236 mortes. Entretanto, após a adoção de ações de controle, 
foi possível chegar às últimas duas mortes ocorridas no país, em 1999, ano em que o Ministério da 
Saúde implantou o Plano de Erradicação do Sarampo. Esse plano conta com várias estratégias: a 
manutenção do Grupo Tarefa – que atua nos 26 estados e no Distrito Federal, intensificando as ações 
de vigilância epidemiológica, que têm como objetivo primordial a detecção e investigação de todos os 
casos suspeitos; a realização do bloqueio vacinal nos casos suspeitos, além da garantia de cobertura 
vacinal de 95% nas crianças de 1 ano.
Após a interrupção da transmissão do vírus nos país, em outubro de 2000, não houve mais registros 
de mortes. Desde então, alguns casos da doença vêm sendo confirmados, mas provenientes de outros 
países, como Japão, Alemanha e França. 
70.000
56.000
42.000
28.000
14.000
0
19911990 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
1999 2000 2001 2002 2003 2005 2006
Região Norte Região Nordeste Região Sudeste
Região Sul Região Centro-Oeste Brasil
Figura 46 - Casos confirmados de sarampo: Brasil e grandes regiões, 1990-2006
73
EPIDEMIOLOGIA
Rubéola – 30 mil casos foram notificados em 1997, ano em que o Brasil sofreu sua última epidemia. 
Entretanto, por meio da implementação do Plano de Erradicação do Sarampo, em 1999, houve um 
decréscimo na incidência da doença, devido às ações de vigilância epidemiológica e ao controle da 
rubéola. Em 2002, foram noticiados 443 casos no Brasil, o que representa uma queda de 90%, quando 
comparada ao número de casos registrados em 1997. 
Uma das estratégias adotadas para o controle dessa doença foi realização de campanha de vacinação 
em massa em todo o país entre 1998 e 2002, para mulheres em idade fértil, com cobertura vacinal de 
95%, acarretando a redução na ocorrência da síndrome da rubéola congênita (SRC).
 Saiba mais
Acesse o relatório da verificação dos critérios de eliminação da 
transmissão dos vírus endêmicos do sarampo, da rubéola e da síndrome 
da rubéola congênita (SRC) no Brasil, de 2010. Disponível no site do 
Ministério da Saúde, no link http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/
pdf/livro_relatorio_rubeol.pdf.Consulte também o Programa Nacional de Controle da Malária, no 
link: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pncm.pdf. 
Raiva humana – é uma doença infecciosa viral aguda transmitida por mamíferos. Pode ser urbana 
ou silvestre, tem letalidade 100%, ou seja, todas as pessoas que a contraem evoluem ao óbito. Está aí 
justificada a grande importância de atenção pela saúde pública.
Os cães e gatos representam as principais fontes de infecção no ciclo urbano no Brasil, e o morcego 
hematófago é o principal responsável pelo ciclo silvestre.
Nas últimas três décadas, houve redução significativa do número de casos da doença em humanos. A maior 
concentração de casos ocorre nas regiões Norte e Nordeste do país; na região Sul e em alguns estados da 
região Sudeste, a raiva humana transmitida pelo cão está controlada. Entre as estratégias de controle, estão o 
monitoramento da circulação viral e a intensificação da vacinação antirrábica canina nas áreas de maior risco.
O aumento do número de casos de raiva em outros mamíferos, como morcegos, raposas e saguis, 
além de outros aspectos de transmissão da doença, indicam uma mudança no perfil epidemiológico em 
nosso país. Portanto, o desafio atual do Ministério da Saúde é o estabelecimento e a criação de novas 
estratégias para o controle dessa doença.
Doença de Chagas – é transmitida principalmente por insetos hematófagos – os barbeiros. No final 
da década de 1970, foram registrados até 100 mil novos casos anuais da doença no Brasil. Atualmente, 
está controlada graças às estratégias utilizadas, como a identificação e o combate do vetor com 
inseticidas específicos e as melhorias habitacionais nas áreas endêmicas.
74
Unidade II
O inquérito sorológico realizado sistematicamente entre 1989 e 1990 em todos os estados endêmicos 
encontrou uma prevalência de 0,13% da doença. Com esses resultados, além de outras evidências, a 
Organização Pan-americana de Saúde (Opas) conferiu o certificado de interrupção da doença em dez 
estados brasileiros: São Paulo, Paraíba, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, 
Tocantins e Piauí, além dos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, certificados posteriormente.
Hanseníase – é uma doença endêmica com declínio do número de casos nos últimos anos. A meta 
proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) era alcançar 1,0 caso para cada 10 mil habitantes, 
vislumbrando a sua eliminação no transcorrer dos anos.
Em 2007, a prevalência da hanseníase no Brasil era de 1,54/10 mil habitantes, sendo a região Sul a 
que apresenta o menor número de casos. 
A estratégia para diminuir a incidência está voltada para a atenção básica, por meio do diagnóstico 
e do tratamento precoce, impedindo a cadeia de transmissão. 
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
19911990
N
º c
as
os
Co
ef
. d
e 
de
te
cç
ão
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Ano
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Nº casos novos Conf. de detecção
Figura 47 – Série histórica do número de casos novos e coeficiente de detecção, Brasil, 1990-2007
Norte
152.574
Sudeste
174.259
Nordeste
246.135
Centro-Oeste
124.353
Sul
33.307
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
140
120
100
80
60
40
20
0,0
N
º c
as
os
Co
ef
. d
e 
de
te
cç
ão
Nº casos novos Coef. de detecção
Figura 48 – Somatório dos casos novos de hanseníase e coeficiente de detecção, por região, Brasil, 1990-2007
75
EPIDEMIOLOGIA
180.000 
160.000 
140.000
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
0
N
º c
as
os
1994
161.180 137.831 106.513 88.826 79.780 80.999 79.933 68.812 76.824 79.908 30.883 27.713 28.338 41.549 39.115 38.179 28.781
33.190 38.263 40.505 45.125 42.444 43.817 43.817 46.874 49.476 51.941 50.58 48.464 43.862 40.126 39.047 37.810 34.894
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 20082006 20092007 2010
Pacientes em tratamento Casos novos
Figura 49 – Pacientes em tratamento e casos novos de hanseníase no Brasil, 1994 a 2010
5.4.2 Doenças transmissíveis com quadro de persistência 
Apesar de o Brasil já ter conseguido sucesso no controle de muitas doenças, algumas ainda 
não foram controladas e apresentam quadro de persistência. A tuberculose e as hepatites virais, 
especialmente as B e C, fazem parte desse grupo. Essa denominação se dá em função das altas 
prevalências, da ampla distribuição geográfica e do potencial evolutivo para formas graves que 
podem levar a óbito. Entretanto, pela adoção de medidas preventivas, como a disponibilidade 
de tratamento específico de alta eficácia, foram alcançados resultados favoráveis na redução da 
mortalidade pela tuberculose. Outro impacto positivo poderá ser evidenciado em médio prazo na 
incidência da hepatite B, devido à implantação universal da vacinação, inclusive para adolescentes, 
que se deu no final dos anos 1990.
A leptospirose, por apresentar grande número de casos nos meses mais chuvosos e pela alta 
letalidade, assume relevância para a saúde pública. Por sua vez, as meningites também se inserem nesse 
grupo de doenças, principalmente as infecções causadas pelos meningococos B e C, que apresentam 
níveis importantes de transmissão e taxas médias de letalidade acima de 10%. A meningite causada por 
H. influenzae tipo B evoluiu com significativa redução do número de casos, muito provavelmente em 
consequência da implantação da vacinação em menores de 1 ano, a partir de 1999. 
Algumas doenças, como as leishmanioses (visceral e tegumentar) e a esquistossomose, ainda mantêm 
índices elevados de prevalência, em decorrência das modificações ambientais provocadas pelo homem, 
pelos deslocamentos populacionais originados de áreas endêmicas e também pela infraestrutura na 
rede de água e esgoto precária.
A malária apresentava níveis de incidência persistentemente elevados na região amazônica, 
onde se concentram mais de 99% dos casos registrados no país, e a partir de 1999 a redução de 
76
Unidade II
número de casos foi superior a 40%. O Plano de Intensificação das Ações de Controle da Malária, 
criado em julho de 2000, além de ampliar o acesso ao diagnóstico e tratamento por intermédio da 
descentralização e da integração com as ações de atenção básica e de melhor equacionamento das 
ações seletivas de controle vetorial, também possibilitou a implementação de importantes ações 
extrassetoriais a partir do estabelecimento de normas específicas voltadas para a instalação de 
assentamentos rurais e projetos de desenvolvimento. Entretanto, em 2003 voltou a aumentar o 
número de casos da doença em grande parte dos Estados da região amazônica, deixando evidente 
que as ações de controle foram descontinuadas. 
Mesmo após a eliminação do ciclo urbano da febre amarela, em 1942, ciclos de epidemia 
têm sido observados na transmissão silvestre, como os ocorridos em 2000 (Goiás), 2001 e 2003 
(Minas Gerais). Contudo, a partir do ano 2000, tem se observado uma redução na incidência da 
doença. Com a ampla dispersão do mosquito Aedes aegypti no Brasil, aumenta a possibilidade 
de reintrodução do vírus amarílico no ambiente urbano; por isso, como medida de controle, foi 
realizada intensa atividade de vacinação que resultou em mais de 60 milhões de doses aplicadas 
entre 1998 e 2003. Atualmente, em decorrência dos eventos adversos graves associados a essa 
vacina, a vacinação teve de ser ajustada, passando a ter uma cobertura mais focalizada, ao invés 
da vacinação universal, para a área de circulação natural do vírus amarílico e também para a 
área de transição. 
Grande parte dos fatores de endemicidade dessa doença está voltada para as questões externas ao 
setor da saúde, que são as alterações ambientais sofridas ao longo dos anos, os processos migratórios e 
as grandes obras de infraestrutura.
Malária – na década de 1940, acometia 6 milhões de brasileiros por ano. Atualmente mais 
de 99% dos casos registrados concentram-se na região da Amazônia Legal. Os casos notificados 
nas outrasregiões são quase na sua totalidade importados da região amazônica, ou provenientes 
de outros países.
Em 1999, o número de casos aumentou 34% em relação ao ano anterior, devido aos aspectos 
socioeconômicos, como o deslocamento de grupos para o interior das florestas, e a fatores ambientais 
(variação dos índices pluviométricos). Por essa razão, passou a vigorar no período de 2000 a 2002 o 
Plano de Intensificação das Ações de Controle da Malária (PIACM). As ações realizadas contribuíram 
para a redução de aproximadamente 50% nessa incidência. Atualmente o Ministério da Saúde vem 
adotando uma política permanente para a prevenção e controle dessa doença por meio do Programa 
Nacional de Controle da Malária.
Tuberculose – a média anual, nos últimos anos, de novos casos dessa doença foi de 85 mil. O 
advento da Aids, na década de 1980, contribuiu para o crescimento do número de casos em todo o 
mundo. No Brasil, a associação de tuberculose e Aids é de 25%, o que significa que ¼ dos pacientes com 
tuberculose também são infectados pelo HIV.
O Ministério da Saúde, nos últimos anos, tem investido nas ações de controle, mantendo, ano a 
ano, a taxa de incidência da doença, como princípio para o controle a descentralização do atendimento 
77
EPIDEMIOLOGIA
do paciente. As ações estratégicas para o controle da tuberculose no Brasil são fundamentalmente: 
1) a garantia da continuidade do tratamento pelo paciente, o que é possível por meio da implantação 
do tratamento supervisionado pela equipe de saúde, a fim de impedir o abandono determinante para a 
ocorrência de resistência bacteriana, além da mudança no tratamento realizada recentemente pelo MS; 
2) a ampliação da capacidade de detecção de novos casos da doença; e 3) o aumento no percentual de 
cura. Entretanto, o impacto da adoção de tais medidas só poderá ser avaliado nos próximos anos.
60
50
40
30
20
10
0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
2002 2004 2006 20082001 2003 2005 2007 2009
Figura 50 – Taxa de incidência de TB por região: Brasil, 2001 a 2009
200
150
100
50
0
Pr
ev
al
ên
ci
a
(ra
te
 p
er
 1
00
.0
00
 p
op
ul
at
io
n)
1990 1995 2000 2005 2010
Figura 51 – Distribuição de tuberculose no mundo
Meningites – a meningite é um processo inflamatório das meninges em decorrência ou não de 
agentes infecciosos, como vírus, bactérias, fungos e protozoários. As meningites mais relevantes em 
saúde pública são as causadas por bactérias e vírus. O quadro clínico da meningite é variável conforme 
a etiologia do agente causador, mas em algumas situações o quadro clínico pode ser grave e levar o 
indivíduo à morte.
Diferentes bactérias podem provocar a meningite; as mais preocupantes são a meningocócica, 
causada pela bactéria Neisseria meningitidis, a causada pelo pneumococo e pela bactéria Haemophilus 
influenzae tipo b e a tuberculosa. 
Na década de 1970, ocorreu no Brasil uma grande epidemia de doença meningocócica, forma mais 
grave da doença, devido à infecção da corrente sanguínea pela bactéria. A situação era tão grave que, 
de acordo com dados não oficiais, apenas na cidade de São Paulo ocorreram 12.330 casos, uma média 
78
Unidade II
de 33 novos casos por dia. Aproximadamente 900 pessoas morreram em decorrência da doença, que só 
foi controlada com a vacinação em massa e possivelmente devido ao esgotamento de suscetíveis.
Ao longo dos anos, o Ministério da Saúde vem investindo nas medidas de controle, como a notificação 
imediata dos casos suspeitos de meningite meningocócica, a quimioprofilaxia para os comunicantes e a 
vacinação de bloqueio. Mais recentemente, o Ministério da Saúde, junto com gestores do SUS, aprimorou 
o diagnóstico ambulatorial, a assistência médica, implantou a vacina meningocócica AC e C em casos 
de surto, aumentou a cobertura vacinal de BCG e incluiu no calendário vacinal básico a vacina contra 
o Haemophilus influenzae tipo b (1999), para todas as crianças menores de 5 anos; posteriormente 
(2012), a vacina contra o meninococo C. Após a introdução da vacina contra o haemophilus influenzae, 
foi observada uma redução de 95% na incidência de meningite por esse agente. 
Quadro 4 – Calendário de Vacinação Infantil (2012)
Idade Vacina Dose
Ao nascer
BCG-ID Dose única
Hepatite B 1ª dose
2 meses
Pentavalente (DTP+Hib+HB)
1ª dose
Vacina poliomielite inativada
Vacina oral Rotavírus Humano
Vacina pneumocócica 10
3 meses Vacina meningocócica C 1ª dose
4 meses
Pentavalente (DTP+Hib+HB)
2ª dose
Vacina poliomielite inativada
Vacina oral Rotavírus Humano
Vacina pneumocócica 10
5 meses Meningocócica C 2ª dose
6 meses
Pentavalente (DTP+Hib+HB)
3ª dose
Vacina oral poliomielite
Vacina pneumocócica 10
9 meses Febre amarela Dose inicial
12 meses
Tríplice viral 1ª dose
Vacina pneumocócica 10 Reforço
15 meses
Tríplice bacteriana (DTP) 1º reforço
Vacina oral poliomielite
Reforço
Meningocócica C
4 anos
Tríplice bacteriana (DTP) 2º reforço
Tríplice viral 2ª dose
10 anos Febre amarela Uma dose a cada 10 anos
Opcionais para crianças
Menores de 5 anos Vacina oral de poliomielite
De 6 meses a menores de 2 anos Vacina Influenza (gripe)
 Fonte: Brasil (2012). 
79
EPIDEMIOLOGIA
Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) – é uma doença originalmente silvestre que 
acometia as pessoas, ocasionalmente, quando em contato com a doença. Entretanto, os estudos 
epidemiológicos realizados a respeito nos últimos anos indicam mudanças no comportamento 
da doença, que começou a se expandir geograficamente para áreas rurais desmatadas e para 
as regiões periféricas das cidades, com ocorrência de novos casos praticamente em todos os 
estados brasileiros.
Uma característica própria da LTA é a constante mudança no padrão epidemiológico de 
transmissão, devido à associação de diferentes fatores decorrentes da ação do homem, como 
a grande diversidade de vetores, agentes etiológicos e reservatórios, o que sem dúvida acaba 
dificultando seu controle.
Para o controle efetivo da LTA, é importante que as estratégias utilizadas sejam específicas para a 
situação epidemiológica de cada área. E, para isso, é fundamental o conhecimento dos casos suspeitos 
e da área de transmissão, a realização do diagnóstico, o tratamento precoce e a adoção de medidas 
específicas que reduzam a exposição do homem ao vetor, o que é possível pelo uso de inseticidas, entre 
outras medidas.
Febre amarela silvestre – existem duas formas da doença – urbana e silvestre. A forma urbana foi 
erradicada no Brasil em 1942. Entretanto, a silvestre é praticamente impossível de ser erradicada, porque 
o ciclo da doença se dá entre os primatas das florestas tropicais. 
A última epidemia foi registrada em 2003 no estado de Minas Gerais, onde ocorreram 58 dos 
64 casos notificados no Brasil e 21 óbitos (75%). Essa epidemia mobilizou o Ministério da Saúde, 
em conjunto com as secretarias estaduais de saúde, órgãos de turismo e transporte, a realizar uma 
campanha de divulgação, visando a alertar os viajantes que se deslocavam para áreas endêmicas 
sobre o risco da doença e a importância de se vacinar previamente. Para isso, o acesso à vacina na 
rede pública precisou ser ampliado. 
A meta do Ministério da Saúde para o controle da febre amarela é alcançar a cobertura vacinal 
de 100% em todos os municípios endêmicos. Uma das estratégias utilizadas consiste na vacinação de 
grupos de maior vulnerabilidade, como moradores de áreas de assentamento e de acampamento de 
sem-terra, boias-frias, caminhoneiros e grupos indígenas.
Hepatites virais – apresentam variações no perfil epidemiológico de acordo com a região do país. 
Nos países com condições socioeconômicas e de saneamento básico precárias, a maior prevalência da 
doença é pelos vírus A e E.
A hepatite B tem alta prevalência entre populações de risco e em países em que não há controle na 
transmissão vertical e intradomiciliar. Segundo estimativa da OMS, “2 bilhões de pessoas no mundo já 
tiveram contato com o vírus”.80
Unidade II
Tabela 6 – Dados preliminares de hepatites virais notificados entre 1999 e 2011
Hepatite Número de casos 
A 138.305
B 120.343
C 82.041
D 2.197
E 967
Fonte: Brasil (2012).
No Brasil, segundo dado divulgado pelo Ministério da Saúde, a forma da doença mais notificada 
entre 1999 e 2011 foi a hepatite A, seguida pelas hepatites do tipo B, C, D e E, respectivamente. Ainda a 
infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) tem se mostrado muito dinâmica, com taxas muito variáveis de 
prevalência. A região Sul do país apresenta índice menor de 2% da doença, porém a região amazônica 
uma alta prevalência, com índice superior a 7%.
A prevalência da hepatite C no mundo pode oscilar de índices abaixo de 1% (países do Reino Unido) 
a índices em torno de 26% (Cairo). No Brasil, ainda não é possível estabelecer uma prevalência confiável 
devido aos poucos estudos realizados sobre essa questão. Estudo realizado no município de São Paulo 
detectou uma prevalência em torno de 1,42% de portadores anti-HCV. 
Dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo mostram que o número de casos 
noticiados de hepatites B e C foi ascendente no período de 2000 a 2009, devido provavelmente à intensificação 
da notificação dessas doenças. Embora os dados mostrem alto número de casos de hepatite B no Estado de São 
Paulo, essa situação tende a diminuir gradativamente, graças à introdução da vacina da hepatite B no Estado 
para menores de 15 anos, o que levará a uma diminuição da circulação do vírus entre a população. 
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
2000 2004 20082001 2005 20092002 2006
Ano
172
N
úm
er
o
20102003 2007 2011 2012
147
309
917 1.207
1.348
2.271
2.029
2.338 2.465
3.009
3.455
4.344
HEP B = 29.059
HEP C = 52.804
5.242
5.660
6.292
6.491 6.579
5.732
6.087
3.940
1.785
2.421
3.405
3.887
331
Figura 52 - Número de casos de hepatite B e C por ano de notificação: Estado de São Paulo – 2002 a 2012 
81
EPIDEMIOLOGIA
A figura a seguir mostra que a fonte de infecção mais provável para a hepatite C, no Estado de São 
Paulo, foi o uso de drogas (34%), e para a hepatite B foi sexual (57%), o que pode ser evidenciado na 
distribuição dos casos notificados de hepatite B, por sexo e idade, que mostra que a doença acomete 
principalmente pessoas na faixa etária de 20 a 49 anos.
Um dos grandes problemas relacionados às hepatites virais é o fato de a grande maioria dos 
infectados apresentarem forma assintomática ou branda de manifestação da doença, o que inviabiliza 
a captação do doente pela vigilância epidemiológica e torna o controle mais difícil.
Sexual
57%
Domiciliar
1%
Transfuncional 
6%
Transfuncional 
23%
Vertical 
4%
Vertical 
1%
Outros
17% Outros
22%
Acid. Trab.
0%
Acid. Trab.
1%Domiciliar
8%
Hepatite B Hepatite C
Drogas
7% Drogas
34%
Hemodiálise
0%
Hemodiálise
1%
Sexual
18%
Figura 53 - Distribuição porcentual das prováveis fontes/mecanismos de transmissão definidos 
dos casos de hepatites virais B e C: Estado de São Paulo, 2000 a 2012
5000
4000
3000
2000
1000
0
< 1 ano 01 a 04 
anos
05 a 09 
anos
15 a 14 
anos
15 a 19 
anos
40 a 49 
anos
20 a 29 
anos
50 a 59 
anos
70 a 79 
anos
30 a 39 
anos
60 a 69 
anos
80 e + 
anos
Masc.
Fem.
Figura 54 - Número de casos de hepatite B de acordo com a faixa etária e sexo: Estado de São Paulo, 2000 a 2012
Esquistossomose – a esquistossomose mansônica, embora apresente uma ampla distribuição 
geográfica no Brasil, devido ao processo de urbanização e migração, tem o maior número de casos na 
região Nordeste e norte de Minas Gerais.
A prevalência da doença tem diminuído desde a década de 1950, assim como os indicadores de 
morbidade e mortalidade hospitalar por formas graves da doença. A ocorrência da forma hepatoesplênica, 
82
Unidade II
que ainda ocorre nas áreas endêmicas da região Nordeste do país, porém, representa um importante 
problema de saúde pública, devido à gravidade dessa forma da doença, que pode evoluir ao óbito em 
consequência da hemorragia digestiva.
A evolução nas condições de saneamento básico refletiu positivamente na melhoria dos indicadores 
de esquistossomose, assim como a maior oferta de assistência médica e o tratamento adequado vêm 
contribuindo para a redução dos indicadores de morbidade e mortalidade.
O controle da doença no Brasil teve início na década de 1970, com a investigação de portadores 
por meio da coleta e análise das fezes. Também foram enfatizados a melhoria no tratamento dos 
portadores, nas condições de saneamento básico, no tratamento dos criadouros e na educação 
em saúde.
A tendência atual do controle da doença consiste na descentralização das ações de controle por 
meio das secretarias municipais de saúde.
Leptospirose – é uma zoonose que pode sazonalmente evoluir para situação de surto ou epidemia 
em decorrência das condições climáticas, de infraestrutura sanitária, climática e de infestação de 
roedores. Os principais reservatórios da doença são os roedores sinantrópicos – ratazanas, camundongos 
e ratos de telhado, mas outros animais como cães, porcos, cabras, bois e cavalos também são afetados, 
podendo atuar como portadores. A doença atinge tanto área rural como urbana, sendo mais frequente 
em capitais e regiões metropolitanas.
 Lembrete
Animais sinantrópicos são geralmente aqueles indesejáveis, por 
transmitirem doenças, inutilizar ou destruir alimentos, mas que preferem 
viver próximos ao homem, mesmo que este não o deseje, devido à oferta 
de alimento e abrigo. Entre eles, estão baratas, mosquitos, ratos, carrapato, 
escorpião, formiga, morcego, pulga, entre outros.
A leptospirose pode ocorrer quando o homem entra em contato com a urina de roedores, e o risco 
de exposição é maior quando ele tem contato com água e lama contaminadas, situação mais frequente 
no caso de enchentes e chuvas fortes.
 Algumas categorias profissionais têm maior risco de adquirir a doença devido ao risco de exposição ao 
agente; entre eles estão os trabalhadores em limpeza urbana e desentupimento de esgotos, veterinários, 
agricultores, pescadores, bombeiros etc. 
Entre 1994 e 2003, a média anual de leptospirose foi de 3.324 casos e de 334 óbitos, o que corresponde 
a uma taxa de letalidade de aproximadamente 10%.
83
EPIDEMIOLOGIA
É extremamente importante para o controle da doença que a rede de atenção à saúde identifique os 
casos suspeitos e forneça tratamento adequado aos doentes para diminuir a letalidade da doença por 
esse agente. 
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
20001997 2004 200820011998 2005 200920021999 2006
Ca
so
s
20102003 2007 2011 2012
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Figura 55 - Casos anuais confirmados de leptospirose: Brasil e grandes regiões, 1997-2012
5.4.3 Doenças transmissíveis emergentes e reemergentes
De acordo com o guia elaborado pelo Ministério da Saúde (2005, p. 42):
Doenças transmissíveis emergentes são as que surgiram, ou foram 
identificadas, em período recente ou aquelas que assumiram novas condições 
de transmissão, seja devido a modificações das características do agente 
infeccioso, seja passando de doenças raras e restritas para constituírem 
problemas de saúde pública. As reemergentes, por sua vez, são as que 
ressurgiram, como problema de saúde pública, após terem sido controladas 
no passado. 
A epidemia de Aids no Brasil teve início em 1980, com crescimento acelerado até 1997; a seguir 
houve diminuição na velocidade de crescimento da epidemia, com redução da incidência. A taxa de 
letalidade da Aids sofreu uma queda importante, de 50%, entre 1995 e 1999, em comparação aos 
primeiros anos do início da epidemia, quando era de 100%. O advento dessa doença no país impactou 
na ocorrência de uma série de outras doenças infecciosas, em particular a tuberculose. A qualidade de 
vida para os portadores da infecção pelo HIV, porém, melhorou com a disponibilidade de novas drogas, 
que têm propiciado o aumento na sobrevida.
A cólera foi introduzidaem 1991 no Brasil, levando a uma situação de epidemia em 1993, com 60.340 
casos. Sua incidência foi reduzida drasticamente com os esforços do sistema de saúde, mesmo diante de 
situação ambiental e sanitária precárias em parte da população, dispondo de ambiente favorável para sua 
disseminação e persistência. Diante dessa situação, foram registrados surtos da doença, principalmente 
84
Unidade II
nas pequenas localidades do Nordeste, com maior dificuldade de acesso à água tratada e deficiência 
de saneamento básico. A partir de 2001, a sua transmissão foi interrompida. Entretanto, novos casos 
ocorreram na região Nordeste em 2004, com intensidade reduzida.
Uma das maiores campanhas de saúde pública realizadas no Brasil desde 1982 é a de combate à 
dengue. Embora o Aedes aegypti, mosquito transmissor, tenha sido erradicado nas décadas de 1950 
e 1960 em vários países do continente americano, retornou na década de 1970, em decorrência das 
falhas na vigilância epidemiológica e das mudanças sociais e ambientais propiciadas pela urbanização 
acelerada. Eliminar um mosquito domiciliado que se multiplica em diversos recipientes que armazenam 
água tem exigido um substancial esforço do setor de saúde. Entretanto, esse trabalho necessita ser 
articulado com outras políticas públicas e a necessidade de a população manter seu ambiente livre do 
mosquito. A mudança de hábitos da população tem sido apontada como uma das medidas mais efetivas 
na prevenção da infestação do mosquito. Entretanto, a introdução de novos sorotipos, DEN-3, DEN-4, 
colabora para o aumento na incidência da dengue, além de propiciar aumento na ocorrência da febre 
hemorrágica, que contribui para o aumento da mortalidade causada pela doença. 
Os primeiros casos de hantaviroses, no Brasil, foram detectados em 1993, em São Paulo, e essa 
doença tem sido registrada com maior frequência nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O aumento 
na capacidade de detecção do vírus permite conhecer melhor a situação epidemiológica no Brasil e a 
adoção de medidas adequadas de prevenção. Entre as medidas de controle da doença, estão a implantação 
de vigilância epidemiológica, o desenvolvimento da capacidade laboratorial para realizar diagnóstico, 
a divulgação das medidas adequadas de tratamento para reduzir a letalidade e o conhecimento da 
situação de circulação dos hantavírus nos roedores silvestres brasileiros.
Aids – o primeiro caso no Brasil foi identificado em 1980, sendo que, desde o início da epidemia 
até junho de 2011, foram registrados 608.230 casos com manifestação da doença. Em 2010, foram 
notificados 34.218 casos, com taxa de incidência de 17,9 casos por 100 mil habitantes.
Até meados de 2003, aproximadamente 70% de todos os casos notificados no Brasil foram verificados 
em homens. Entretanto, entre os 5.761 novos casos em 2003, notou-se um aumento importante no 
número de casos em mulheres (2.069). Até 2010, observou-se maior número de casos entre homens, 
mas a tendência é de que essa diferença diminua ainda mais. Esse dado pode ser observado pela razão 
dos sexos (número de casos em homens dividido pelo número de casos em mulheres); enquanto em 
1989 a razão era de seis casos de Aids em homens para um caso em mulheres (6:1), em 2010, passou a 
ser 1,7 caso em homens para cada 1 em mulheres (1,7:1).
Em relação à faixa etária, a de 25 a 49 anos é a mais incidente em ambos os sexos. Entretanto, entre 
adolescentes de 13 a 19 anos, o número de casos é maior entre mulheres, mostrando um aumento na 
incidência de Aids em adolescentes do sexo feminino. A justificativa provável para esse fato é o início da 
atividade sexual, cada vez mais precoce, que se dá geralmente com homens mais velhos, experientes e 
também mais expostos aos riscos de contaminação pelo HIV.
A principal forma de transmissão do HIV ocorre pela relação sexual, sendo que, em 2010, 42,4% dos 
casos registrados em homens ocorreram por relações heterossexuais; 22% por relações homossexuais; 
85
EPIDEMIOLOGIA
e 7,7% por bissexuais; 83,1% das mulheres contraíram o HIV em decorrência de relações heterossexuais 
com pessoas infectadas pelo HIV. Outras formas menos frequentes de transmissão são a transfusão 
sanguínea e a transmissão vertical (de mãe para filho).
O número de casos em crianças menores de 5 anos sofreu uma redução de 55% de 2000 para 2010, 
o que confirma a eficácia da política de redução da transmissão vertical.
A chance de transmissão vertical cai para menos de 1%, quando todas as medidas preventivas são 
adotadas. O Ministério da Saúde recomenda o uso de medicamentos antirretrovirais durante o período 
de gravidez e no trabalho de parto, além de realização de cesárea para as mulheres que têm carga 
viral elevada ou desconhecida. Para o recém-nascido, a determinação é de substituição do aleitamento 
materno por fórmula infantil (leite em pó) e uso de antirretrovirais.
O boletim epidemiológico Aids e DST 2011 (Ministério da Saúde) sinaliza queda de 17% na taxa de 
mortalidade em doze anos. A taxa de incidência baixou de 7,6 para 6,3 a cada 100 mil pessoas. 
Estudo realizado com mais de 35 mil meninos jovens de 17 a 20 anos de idade indica que a 
prevalência do HIV nessa população passou de 0,09% para 0,12%, em cinco anos. O estudo também 
revela que o percentual de infectados pelo vírus da Aids é maior no grupo com menor escolaridade 
(prevalência de 0,17% entre os meninos com Ensino Fundamental incompleto e 0,10% entre os com 
Ensino Fundamental completo).
A infecção pelo HIV está relacionada, principalmente, ao número de parcerias (quanto mais parceiros, 
maior a vulnerabilidade), além da coinfecção com outras doenças sexualmente transmissíveis e as 
relações homossexuais (BRASIL, 2011).
De acordo com a OMS (2010), cada vez mais a epidemiologia tem contribuído no controle e no 
tratamento das doenças, por meio da identificação das epidemias, da determinação do padrão de 
disseminação das doenças, da identificação de fatores de risco e seus determinantes, assim como na 
avaliação de intervenções.
As principais formas de controle do HIV são a prática de sexo seguro, que deve ser incentivada, o 
controle de qualidade do sangue doado, o tratamento de outras DSTs, a proibição do compartilhamento 
de seringas e a prevenção da transmissão do vírus da mãe para a criança por meio da administração de 
drogas antirretrovirais.
Nos últimos anos, a qualidade de vida de portadores do vírus HIV/Aids melhorou muito, assim como 
o aumento na expectativa de vida. Esse fato se deve ao desenvolvimento de novas drogas antirretrovirais 
administradas de forma combinada. Entretanto, o alto custo das drogas limita seu uso, uma vez que 
a maioria dos portadores de HIV não têm acesso a esse tipo de tratamento. Por isso, um dos grandes 
desafios globais é universalizar o acesso, já que somente o conhecimento não garante a realização de 
ações preventivas apropriadas sobre essa doença (BONITA, 2010).
86
Unidade II
50
40
30
20
10
0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
19931990 1997
Ano
200119941991 1998 200219951992 1999
N
úm
er
o 
de
 p
es
so
as
 e
m
 m
ilh
õe
s 
vi
ve
nd
o 
co
m
 H
IV
 e
 A
ID
S
Pr
ev
al
ên
ci
a 
(%
) d
e 
H
IV
 e
nt
re
 p
es
so
as
 
co
m
 id
ad
e 
en
tr
e 
15
 e
 4
9 
an
os
20031996 2000
Número de pessoas vivendo com HIV e AIDS
Prevalência (%) de HIV entre pessoas de 15 e 49 anos
Figura 56 - Epidemia mundial de Aids entre 1990 e 2003
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
1998
Ano de diagnóstico
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 20082006 20092007 2010
Ta
xa
 d
e 
in
ci
dê
nc
ia
Norte NordesteBrasil Sudeste Sul Centro-Oeste
Figura 57 - Taxa de incidência de Aids (por 100.000 hab.), segundo região 
de residência por ano de diagnóstico: Brasil, 1998 a 2010
N
úm
er
o 
de
 c
as
os
25.000 
22.500 
20.000 
17.500
15.000
12.500
10.000
7.500
5.000
2.500
0
Ano de diagnóstico
19
97
19
90
19
87
9,1
6,5
6,0
5,4
4,7
19
98
19
91
19
88
19
99
19
92
19
89
20
00
19
93

Continue navegando