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Hitler e os Segredos do Nazismo (vol.2) by Sérgio Pereira Couto [Couto, Sérgio Pereira] (z-lib.org) (1)

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A primeira parte deste segundo volume além de tratar das 
peculiaridades de Hitler, detalha a ascensão e queda de seu império 
explica como a indústria bélica nazista "salvou" o país da crise 
econômica, com a diminuição da taxa de desemprego a quase zero e 
conseqüente estabilização da renda da população. Também apresenta 
o que foram de fato a Gestapo (polícia secreta) a AS(tropa do assalto) e 
a SS (guarda pessoal de Hitler) com toda a influência da ideologia de 
Himmler. Os ataques das tropas nazistas são expostos bem como as 
causas de seus sucessos e fracassos tal qual sua derrota na Rússia; 
revelando a verdadeira situação germânica durante a guerra assim 
como os fatores que levaram às diversas tentativas de assassinato do 
Führer dentre elas a famosa Operação Valquíria e que conduziram à 
derrocada de seu império resultando no cerco e suicídio de Hitler e de 
vários de seus seguidores sendo um dos mais chocantes o caso da 
família Goebbels em que o casal e seus filhos com idade entre 4 e 12 
anos realizaram suicídio coletivo. A segunda parte aborda as crenças 
por trás do pensamento nazista os mitos e lendas que povoavam o 
imaginário do povo ariano. Em um abrangente estudo sobre o 
Misticismo Nazista explica idéias como a suposta pureza da raça ariana 
a suástica seu significado e como se transformou em um dos mais 
fortes símbolos desta poderosa ideologia além de outras ligações como 
de generais com ordens de cavalaria e expedições nazistas ao Tibete. 
Para esclarecer os motivos que inflamaram toda uma nação e 
motivaram uma guerra de tamanha dimensão como a Segunda Guerra 
Mundial foi lançada a coleção Hitler e os segredos do nazismo. Em 
linguagem simples e aprofundada com total embasamento histórico 
esotérico e místico ela levará você leitor a entender um dos períodos 
mais lamentáveis da história da humanidade.
gora	que	havia	chegado	ao	poder,	o	nazismo	começou	realmente
a	mostrar	 para	 que	 .veio.	Hitler	 logo	 se	dedicou	ao	 rearmamento	do	país,
principal	 causa	 da	 queda	 do	 enorme	desemprego,	 que	 assombrava	 os
alemães,	a	ponto	de	o	ano	de	1936	ter	a	taxa	de	desemprego	quase	a	zero.
Com	a	crescente	produção,	a	renda	da	população	aumentou	e	 logo	a	crise
econômica,	que	havia	se	instalado,	estava	 inalmente	sob	controle.	 Junta-se
a	 isso	 a	 também	 crescente	 construção	 de	rodovias	 e	 ferrovias,	 que
incentivou	 a	 indústria	automobilística	 de	 forma	 a	 fazer	 surgir	 um	 carro
popular,	 o	 hoje	 mais	 que	 famoso	 Volkswagen,	 mas	 isto	 era	 apenas	 uma
distração	 para	 que	 os	 países	 estrangeiros	 não	 percebessem	 que	 o
principal	intento	era	mesmo	construir	veículos	de	guerra.
Na	política	externa,	Hitler	fez	de	tudo	para	derrubar	os	termos	do	Tratado
de	Versailles	 e	 possibilitar	 o	 rearmamento	 em	 vias	 o iciais.	 Não	 demorou
muito	 e	 a	 Alemanha	 saía	 da	 Liga	 das	 Nações	 (ou	Sociedade	 das	 Nações),
uma	 organização	 criada	quando	 do	 término	 da	 1	 Guerra	 Mundial,	 que
tinha	como	missão	evitar	a	violência	nas	relações	entre	países.	Com	relação
ao	país	que	governava,	o	Führer	reimplantou	o	serviço	militar	obrigatório,
o	que	 fez	 com	que	os	países	 vizinhos	 começassem	a	ver	 a	Alemanha	 com
descon iança.	 Assim,	 no	 ano	seguinte,	 as	 anexações	 de	 territórios
começaram,	 iniciando	com	a	Renânia,	onde	a	presença	de	 forças	armadas
estava	proibida.
A	famosa	aliança	com	a	Itália	de	Mussolini	aconteceu	no	 inal	de	1936,	logo
após	 o	 regime	 do	 ditador	 daquela	 Península	 ocupar	 com	 suas	 tropas	 a
Etiópia.	 Da	 mesma	 forma,	 preocupada	 com	 a	 nova	aliança,	 a	 França
aproximou-se	 da	 então	 União	 Soviética,	 da	 Polônia	 e	 da	 Tchecoslováquia,
em	 busca	de	 aliados	 para	 um	 possível	 con lito.	 A	 Inglaterra	 escolheu
permanecer	neutra	até	que	Hitler	se	mostrou	mantenedor	de	uma	política
de	acomodação	considerada	desastrosa	nos	anos	seguintes.
Em	1938,	o	sonho	da	união	dos	povos	germânicos	começou	a	tomar	forma.
A	 Áustria	 tornou-se	 parte	da	 Alemanha	 sem	 qualquer	 demonstração	 de
resis
tência,	 o	 que	 gerou	 alguns	 protestos	 de	 outros	 países,	 mas	 nada	 muito
o icial,	 somente	 algumas	 manifestações	 verbais.	 O	 clima	 tenso	 que	 havia
naqueles	dias	mostrava	que,	apesar	de	 tudo,	muitos	não	queriam	que	a	1
Guerra	Mundial	se	repetisse,	o	que	causaria	uma	crise	sem	precedentes	na
Europa.
Porém,	as	supostas	minorias	alemãs	presentes	na	 Tchecoslováquia	 deram
motivo	para	que	fossem	a	próxima	vítima	de	Hitler,	que	exigiu	a	ocupação
em	troca	de	paz.	O	então	Primeiro-Ministro	britânico,	Neville	Chamberlain,
teria	ouvido	de	Hitler	que	aquela	seria	a	última	reivindicação	que	ele	faria
no	continente.	Como	todos	sabemos,	foi	uma	mentira	deslavada,	mas	ainda
havia	 certa	 crença	nas	 supostas	 boas	 intenções	 do	 Führer,	 e	 assim	 os
países	 assistiram	 à	 ocupação	 da	 Tchecoslováquia,	 que	 duraria	 até	 março
de	1939.
No	 entanto,	 havia	muito	mais	 na	 cabeça	 do	 ditador	 da	 Alemanha	 do	 que
este	 aparentava.	 Assim,	 lentamente	 ele	 se	 voltou	 para	 a	 Polônia	 e	 outros
territórios	 do	 leste	 europeu.	 Isso	 porque	 Hitler	 considerava,	 como	 já
sabemos,	os	esvalos	"tão	inferiores	quanto	os	judeus".	Ele	procurava,	antes
de	dar	o	primeiro	passo,	uma	maneira	de	 fazer	uma	 anexação	sem	entrar
em	choque	direto	com	Stalin,	então	no	poder	da	União	Soviética.
Enquanto	 isso,	 a	 indústria	 alemã	avançava	 em	 sua	produção	de	materiais
bélicos.	Com	sua	atenção	toda	voltada	para	o	próximo	passo	expansionista,
Hitler,	 por	 meio	 de	 seu	 Ministro	 das	 Relações	 Exteriores,	 Joachim	 von
Ribbentrop,	 assinou	 um	pacto	 de	 não	 agressão	 com	 a	 URSS	 em	 agosto
daquele	 ano.	 Com	 isso,	 ele	 esperava	 que	 a	 Inglaterra	 e	 a	 França	 não	 se
pronunciassem	para	ajudar	qualquer	atividade	na	Polônia.
O	 dia	 1°	 de	 setembro	 marcaria	 a	 história	 da	 humanidade	 para	 sempre
quando,	 em	 plena	 madrugada,	 bombardeios	 aéreos	 começaram	 a	 ser
ouvidos,	enquanto	 a	 Gestapo	 simulava	 incidentes	 de	 fronteira.	 A	 Polônia
começava	a	ser	ocupada.
Dois	 dias	 depois,	 França	 e	 Inglaterra	 declararam	 guerra	 à	 Alemanha	 e	 o
conflito	mais	sangrento	da	História	começava.
A	GESTAPO
Façamos	agora	uma	análise	das	forças	que	mais	ajudaram	a	causa	nazista
a	 chegar	 a	 seu	 objetivo.	 Comecemos	 com	 a	 Gestapo,	 que	 terminaria	 por
fazer	a	 alegria	 daqueles	 que	 adoram	 ilmes	 ambientados	na	 II	 Guerra
Mundial	 e	 que	 teve	 um	 papel	 importante	 na	 invasão	 da	 Polônia.	 O	 nome
vem	 da	 sigla	em	 alemão	 de	 Geheime	 Staatspolizei	 e	 era	 a	 polícia	secreta
dos	nazistas,	criada	em	26	de	abril	de	1933,	na	Prússia,	a	partir	da	Polícia
Secreta	Prussiana.
Em	seus	primeiros	dias,	 tratava-se	 apenas	de	um	 ramo	policial	 conhecido
como	 "Departamento	 lA	da	Polícia	do	Estado	Prussiano",	 sendo	criada	em
26	de	abril	de	1933,	na	Prússia,	a	partir	da	Polícia	Secreta	Prussiana.	Teve
como	 primeiro	 comandante	Rudolf	 Diels,	 um	 político	 alemão	 que	 era
protegido	de	 Herman	 Gõring,	 um	 dos	 principais	 membros	 do	partido
nazista.	 Para	 incrementar	 sua	 polícia,	 Diels	 recrutou	 membros	 de
departamentos	 policiais	 pro issionais	 e	 fez	 com	 que	 a	 nova	 força
funcionasse	como	uma	Polícia	Federal,	nos	moldes	do	FBI.
O	 grupo	 só	 se	 envolveria	 com	 política	 a	 partir	 de	1934,	 quando	 Gõring
sucedeu	Diels	 como	comandante.	Foi	 ele	quem	 inventou	o	 termo	Gestapo,
q u e	originalmente	 se	 grafava	 Gestapa,	 e	 convenceu	 os	nazistas	 que
estavam	 no	 governo	 a	 expandirem	 sua	atuação	para	 além	da	Prússia	 e	 a
englobarem	toda	a	Alemanha.	A	exceção	foi	na	Baviera,	local	dominado	por
Heinrich	Himmler,	 o	 chefe	 das	 SS	 (guardas	 pessoais	de	Hitler),	 que	 era	 o
presidente	de	polícia	e	usava	as	forças	locais	das	SS	como	polícia	política.
Estabelecer	uma	união	entre	essas	forças	era	essencial	e	os	dois	dirigentes
sabiam	 disso.	 Foi	 então	 que,	em	 abril	 de	 1934,	 Gõring	 e	 Himmler
concordaram	em	deixar	as	diferenças	e	seus	pontos	de	vista	à	parte	e,	pelo
fato	 de	 ambos	 nutriremum	 ódio	 pelas	 SA	 (guardas	 do	 exército),	 Gõring
aceitou	que	a	Gestapo	ficasse	sob	a	autoridade	das	SS.
Assim,	 começamos	 a	 entender	 um	 pouco	 a	 luta	 de	poder	 que	 as	 três
principais	forças	do	governo	nazista	travavam	entre	si.	Na	verdade,	nunca
houve	união	entre	elas,	apenas	posições	políticas	e	conflito	de	interesses.
Logo,	 a	 Gestapo	 estava	 em	 plena	 atividade	 e	 obteria	 sua	 fama	 de	 uma
organização	 irmã	 das	 famosas	Sicherheitsdienst,	 ou	 SD.	 Estas,	 apesar	 de
serem	 muito	 comentadas,	 são	 pouco	 estudadas	 ou	 citadas	 pelos
pesquisadores	daquele	período.	As	 SD	eram	consideradas	 as	 tropas	mais
cruéis	 do	 regime	 nazista	 (alguns	historiadores	 arriscam	 dizer	 que	 ainda
mais	cruéis	que	a	própria	Gestapo).	Somente	durante	a	ofensiva	 alemã	no
leste	europeu,	calcula-se	que	mais	de	900	mil	pessoas	foram	mortas	pelas
SD,	 cujos	membros	 eram	 identi icados	 graças	 a	 um	 losango	negro	 com	 as
iniciais	 do	 grupo,	 que	 icava	 na	 manga	 esquerda	de	 sua	 roupa.	 Era	 a
principal	 responsável	 pela	 repressão	 nos	 países	 ocupados.	 Assim,
qualquer	suspeita	de	traição	era	logo	investigada	pelas	SD	e	o	suspeito	era
preso	 e	 torturado.	 Usava	 e	 abusava	 de	 seus	 direitos	 de	 busca,	 acesso,
prisão,	 interrogatório	 e	 morte	 de	 possíveis	 traidores	 e	 possibilitaram	 o
controle	nazista	por	um	bom	tempo	na	Polônia	e	na	Tchecoslováquia.
Assim,	a	Gestapo	seria	provisoriamente	como	uma	subdivisão	secreta	sem
uma	 identi icação	 especial,	apesar	 de	 seus	membros	 poderem	 se	 ocultar
como	membros	 de	 outras	 corporações.	 Seu	 papel	 era	 investigar	 e
combater	o	que	eles	de iniam	como	"todas	as	tendências	perigosas	para	o
Estado".	Tinha	autoridade	para	 investigar	 casos	 relacionados	 com	 traição,
espionagem	 e	 sabotagem,	 além	 de	 ataques	 criminosos	contra	 o	 partido
nazista	e	a	própria	Alemanha.
Durante	a	II	Guerra	Mundial,	seu	contingente	chegou	a	45	mil	membros	e
sua	operação	sem	supervisão	 jurídica	 foi	obtida	por	meio	de	algumas	 leis
aprovadas	em	1936.	Um	jurista	nazista,	Dr.	Werner	 Best,	apoiava	estas	leis
com	a	justificativa	de	que	"enquanto	a	Gestapo	cumprir	a	vontade	de	nossa
liderança,	estará	agindo	legalmente".	Desta	forma,	o	grupo	 icava	isento	de
responsabilidade	 na	administração	 de	 cortes	 jurídicas,	 onde	 o	 cidadão
poderia,	em	tese,	processar	o	Estado	conforme	as	leis	vigentes.
No	 inal	daquele	mesmo	ano,	a	Gestapo	estaria	sujeita	a	mais	uma	lei,	desta
vez	assumindo	a	responsabilidade	por	ativar	e	administrar	os	malfadados
campos	de	concentração.	Foi	também	o	mesmo	 período	em	que	a	liderança
de	campo	 icou	com	Reinhard	Heydrich,	que	também	assumiria	o	posto	de
governador	 das	 regiões	 de	 Boêmia	 e	 da	 Morávia,	 enquanto	 a	 che ia	 de
operações	ficava	para	Heinrich	Müller,	que	se	tornaria	o	comandante	desta
polícia	após	o	assassinato	de	Heydrich,	ocorrido	em	1942.	Adolf	Eichmann,
o	 responsável	 pelo	Departamento	 IV,	 seção	 B4,	 que	 comandou	 o
extermínio	 judeu	nos	campos	de	concentração,	era	 subordinado	direto	de
Müller.
O	poder	mais	 cruel	 exercido	pela	Gestapo,	 entretanto,	 foi	 a	 Schutzhaft	 ou
"custódia	protetora".	Tratava-se,	na	verdade,	de	um	eufemismo,	pois	jogava
pessoas	 na	 cadeia	 sem	 qualquer	 procedimento	judicial,	 em	 geral	 em
campos	 de	 concentração.	 O	prisioneiro	 assinava	 uma	 Schutzhaftbefehl,
uma	ordem	que	declarava	que	havia	pedido	para	ser	presa	 "por	medo	de
ser	 ferida	 isicamente".	 Esta	 assinatura	 era	 obtida	 por	 meio	 de	 surras	 e
torturas,	e	nunca	foi	confiável	como	documento.
OPRESSÃO	NA	ALEMANHA	E	O	FIM	DA	GESTAPO
Muitas	pessoas	acreditam,	de	maneira	errônea,	que	Hitler	chegou	ao	poder
com	as	bênçãos	da	maioria	absoluta	dos	alemães.	Esta	impressão	é	errada
e	 muito	 disso	 se	 deve	 às	 imagens	 e	 textos	 da	propaganda	 nazista.	 Na
verdade,	 se	 não	 fosse	 pelo	apoio	 de	 forças	 opressoras	 como	 a	 Gestapo,
talvez	o	ditador	não	tivesse	obtido	esse	sucesso	todo.
Entre	 fevereiro	e	março	de	1942,	 começaram	alguns	protestos	estudantis
que	pediam	o	 im	do	regime	nazista.	Dois	estudantes,	Hans	e	Sophie	Scholl,
eram	líderes	do	grupo	Rosa	Branca.	Apesar	 do	grande	apoio	popular	para
que	 Hitler	 fosse	 retirado	 do	 poder,	 estes	 grupos	 de	 resistência	 agiam	 de
maneira	discreta	por	medo	de	represálias	vindas	 da	Gestapo,	como	de	fato
ocorreram.	Com	medo	 de	ser	vítima	de	uma	derrubada	de	poder,	a	polícia
do	governo	nazista	 juntou	forças	com	o	pessoal	de	Himmler	e	passou	pelo
menos	 os	 cinco	 primeiros	meses	 de	 1943	 prendendo	 e	 executando
milhares	de	pessoas,	numa	mostra	de	severidade	inédita	na
história	da	Alemanha	até	aquele	período.	Muitos	 líderes	estudantis	 foram
executados	no	 inal	de	fevereiro	daquele	ano	e	a	maior	oposição	ao	regime
d e	Hitler,	 o	 chamado	 Círculo	 de	 Oster,	 liderado	 por	 Hans	 Oster	 (o	 qual
planejava	 um	 golpe	 contra	 Hitler	 em	 1937,	 que	 não	 chegou	 a	 ser
executado),	foi	assim	completamente	destruído	em	abril	de	1943.
No	 verão	 daquele	 ano,	 a	 oposição	 alemã	 tinha	 uma	posição	 quase	 dúbia.
Por	um	lado,	era	praticamente	impossível	derrubar	Hitler	e	o	partido,	que
defendiam	 suas	 posições	 com	 unhas	 e	 dentes.	 Por	outro,	 a	 exigência	 dos
aliados	de	rendição	incondicional	não	deixava	oportunidade	nenhuma	para
obter	 um	 compromisso	 com	 a	 paz,	 o	 que	 deixava	 as	pessoas	 sem	 opção
(conforme	 seus	próprios	 julgamentos),	 a	não	 ser	 continuar	 com	o	esforço
militar.	Mas	 aquele	 período	 continuou	 a	 mostrar	 tentativas	de	 alguns
alemães	em	apresentar	protestos	contra	 a	guerra	em	andamento,	o	que	só
aumentava	 o	medo	 de	 uma	 interferência	 da	 Gestapo,	 que	 na	 primavera
anterior	 havia	 continuado	 com	 as	 prisões	e	 execuções	 em	massa.	 Porém,
apesar	 dos	 muitos	planos	 e	 esforços	 surgidos	 na	 época,	 a	 polícia	 política
continuava	 a	 atacar	 impunemente	 os	 envolvidos	 em	 qualquer	 tipo	 de
manifestação.
A	 queda	 de	 Mussolini,	 em	 28	 de	 abril	 de	 1945,	 forneceu	 aos	 opositores
alemães	 esperança	para	 que	 algo	 semelhante	pudesse	 acontecer	 a	Hitler.
Passaram	 a	 esperar	 pelo	 momento	 certo	 para	 assassinar	 o	 Führer	 e
derrubar	 seu	 regime.	 Vários	 planos	 foram	 concebidos	 e	 o	 que	 mais	 se
aproximou	 de	 se	tornar	 realidade	 foi	 praticado	 em	 20	 de	 julho	 de	 1944
pelo	 Coronel	 Claus	 Schenk	 von	 Stauffenberg,	sobre	 o	 qual	 falaremos	 com
mais	detalhes	no	próximo	capítulo.	Por	causa	da	falha	em	matar	o	ditador,
cinco	mil	pessoas	foram	presas	e	200	executadas.
Entre	 junho	 e	 agosto	 daquele	 ano,	 a	 Gestapo	 continuou	 a	 checar	 o
progresso	 da	 oposição	 ao	 nazismo,	 o	 que	 tornava	 qualquer	 tentativa	 de
conspiração	impossível.	 Prisões	 e	 execuções	 logo	 se	 tornaram	 cenas
comuns.	 Para	 piorar	 a	 situação,	 o	 sentimento	 dos	 que	 ansiavam	 por	 paz
com	 os	 aliados	 não	 encontrava	 correspondente	 entre	 os	 países	 inimigos.
Parte	disso	deveu-se	a	um	incidente	ocorrido	em	1939,	quando	agentes	da
Gestapo,	disfarçados	de	antinazistas	na	Holanda,	sequestraram	dois	oficiais
do	 Serviço	 de	 Inteligência	 Secreta	 Britânica,	 durante	 uma	 reunião	 para
discutir	 os	 termos	 de	 paz.	 Foi	o	 principal	 motivo	 pelo	 qual	 Winston
Churchill,	 já	no	 poder	 pela	 Inglaterra,	 proibiu	 qualquer	 contato	 com	 a
oposição	 alemã.	 Além	 disso,	 os	 americanos	 e	britânicos	 temiam	 lidar	 com
antinazistas	por	receio	de	que	a	URSS	acreditasse	que	houvesse	tentativas
de	acordo	sem	que	o	governo	de	Stalin	soubesse.
Após	o	término	da	Guerra,	houveram	os	famosos	 Tribunais	de	Nuremberg,
nos	quais	24	nomes	importantes	nazistas	foram	julgados	por	crimes	contra
a	paz,	crimes	de	guerra	e	crimes	contra	a	humanidade.	Foram	decretadas
11	condenações	à	morte,	 três	prisões	perpétuas,	duas	condenações	de	20
anos	de	prisão,	uma	de	15	e	outra	de	10	anos.	A	Gestapo	só	deixou	mesmo
de	existir	após	esses	julgamentos.
A	 im	 de	 mostrar	 um	 registro	 das	 atrocidades	 da	 polícia	 política,	 foram
anunciadas	 as	 construções	de	 um	 centro	 de	 documentaçãoe	 um	 museu
sobre	os	horrores	do	nazismo	num	edifício	que	sediou	o	quartel-general	da
Gestapo	 e	 das	 SS	 em	 Berlim.	Este	 centro	 é	 patrocinado	 pela	 fundação
Topogra ia	 do	 Terror,	 e	 "abrigará	 uma	 vasta	 documentação	 sobre	 os
crimes	 cometidos	 pelos	 nazistas	 durante	o	 regime	 de	 Adolf	 Hitler".	 Sua
construção	 custará	20	milhões	 de	 euros	 e	 deverá	 passar	 a	 funcionar	 em
2009,	 quando	 acontece	 o	 70°	 aniversário	 da	 invasão	 da	 Polônia.	 A
fundação	já	possui	um	museu	ao	ar	livre,	no	prédio	que	sediou	a	Gestapo	e
a	 direção	 das	 SS,	 situado	 a	 400	 metros	 do	 local	 onde	 icava	 o	 quartel
general	central	de	Hitler.
As	SS
O	 termo	 SS	 vem	 do	 alemão	 Schutzstaffel,	 que	signi ica	 "escudo	 de
proteção".	Nascida	em	1925	da	Strof3trupp	(ou	"tropa	de	choque")	com	o
objetivo	de	ser	a	guarda	pessoal	do	Führer,	 teve	uma	rápida	 ascensão	 ao
poder	 com	 adesões	 cada	 vez	 mais	frequentes.	 Para	 se	 ter	 uma	 ideia,	 em
1932	contava	com	60	mil	membros;	apenas	dois	anos	depois	chegou	a	100
mil;	em	1939,	cresceu	para	240	mil;
e,	 durante	 a	 II	 Guerra,	 chegou	 à	 impressionante	 marca	 de	 um	milhão	 de
membros	ativos.
Os	feitos	atribuídos	à	atuação	das	SS	são	vários,	mas	o	mais	comentado	é	a
colaboração	máxima	na	perseguição	declarada	contra	milhares	de	 judeus,
comunistas,	 homossexuais,	 ciganos	 e	 possíveis	opositores,	 todos	 eles
presos	 e	 jogados	 nos	 campos	de	 concentração	 sem	 qualquer	 tipo	 de
julgamento.	Era	 considerado	 pelos	 nazistas	 como	 uma	 unidade	 de	 elite,
cujos	 membros	 eram	 cuidadosamente	 selecionados	 de	 acordo	 com	 seus
conceitos	racistas	e	distorcidos	de	pureza	genética.
Sua	 atuação	 como	 unidade	 de	 combate	 (batizada	de	 Waffen	 SS)	 era
frequentemente	confundida	com	a	do	próprio	exército	alemão.	No	entanto,
o	 grupo	 passou	 mesmo	 para	 a	 História	 graças	 à	 sua	 participação	 na
consolidação	da	política	nazista.
Poucas	 pessoas	 sabem,	 mas	 o	 conceito	 das	 SS	 não	 é	originário	 do
pensamento	 nazista,	 mas	 sim	 inspirado	num	 conto.	 Embora	 não	 esteja
ligado	 de	 nenhuma	maneira	 ao	 surgimento	 da	 famosa	 guarda	 pessoal	 de
Hitler,	 o	 escritor	 inglês	 M.	 P.	 Shiel	 publicou,	 em	 1895	 (bem	 antes	 de	 o
con lito	 começar),	 a	 história	 de	 um	grupo	 de	 assassinos	 frios	 e	 cruéis	 o
suficiente	para	devastar	a	Europa,	com	o	objetivo	de	exterminar	todos	que
"atravancavam	 o	 progresso	 da	 humanidade".	 O	 título	 do	 conto,
coincidentemente,	era	Os	SS.
Apenas	 cinco	 anos	 após	 a	 publicação	 dessa	 história	é	 que	 Heinrich
Himmler	 nasceu,	 ilho	 de	 um	 católico	 romano	 devoto,	 que	 fora	 preceptor
do	 príncipe	Heinrich	 da	Bavária.	Na	 época	 do	 II	 Reich,	 atuou	como	 o icial
cadete,	 função	 na	 qual	 começou	 a	aprender	 certos	 conceitos	 sobre
hereditariedade,	que	 seriam	 úteis	 para	 pavimentar	 seu	 caminho	 em
direção	ao	comando	das	SS.
No	 início	 dos	 anos	 1920,	muitos	 partidos	 políticos	 paramilitares	 viam	 seu
caminho	 para	 o	 poder	desimpedido.	 O	 período	 entreguerras	 e	 as
imposições	do	Tratado	de	Versailles,	que	efetivamente	 lançou	a	Alemanha
nos	braços	do	nazismo,	só	serviu	para	que	os	povos	germânicos	da	Áustria,
sufocados	pela	alta	concentração	de	eslavos,	alimentassem	o	sonho	de	uma
uni icação	 com	 a	 Alemanha	 e	 um	 consequente	 domínio	 dos	 territórios
europeus.	Um	campo	fértil	para	a	propagação	de	 ideias	racistas,	num	povo
humilhado	pela	derrota	e	pela	crescente	perda	de	identidade	pessoal.
Após	o	putsch	da	cervejaria	 (comentado	no	Volume	 I),	enquanto	Hitler	 se
ocupava	 em	 escrever	 Mein	 Kampf,	Himmler	 foi	 chamado	 pelos	 líderes
temporários	 do	Partido	Nazista	 (Otto	e	Gregor	Strasser)	para	ajudálos	no
controle	dos	a iliados.	Vale	lembrar	que	esta	é	 uma	fase	de	reestruturação,
em	virtude	do	fracasso	do	golpe	de	estado	e	pelo	fato	de	Ernst	Rõhm,	líder
das	SA,	também	estar	detido.
Essa	 prisão	 teve	 resultados	 efetivos	 para	 a	 ascensão	 nazista	 ao	 poder.
Hitler	 desistiria	 de	 promover	uma	 revolução	 armada	 para	 se	 dedicar	 à
conquista	da	vitória	 legal	por	meio	das	 eleições	de	1933,	 enquanto	Rõhm
desiste	 temporariamente	 das	 SA	 e	vai	 para	 a	 Bolívia	 para	 atuar	 como
adjunto	militar	da	Guerra	do	Chaco,	um	con lito	armado	entre	a	 Bolívia	e	o
Paraguai,	ocorrido	entre	1932	e	1935.
ASCENSÃO	DE	HIMMLER
Assim,	 o	 comando	 da	 SS	 por	 Himmler	 acontece	aos	 28	 anos	 do	 nazista.
Assumiu	 o	 cargo	de	Reichsfuhrer-SS	 por	 17	 anos,	 ou	 seja,	 até	 o	 im	da	 II
Guerra.	Naquela	época,	as	SS	eram	subordinadas	 às	SA	e	contavam	apenas
com	 200	 membros.	 Imediatamente,	 o	 novo	 líder	 do	 grupo	 entregou-se	 a
horas	 e	mais	 horas	 de	 trabalho	 e	 planejamento	 com	o	 irme	propósito	de
deixar	 o	 time	mais	 forte.	 Deixava	 que	 os	 líderes	 nazistas	 icassem	 com	a
estratégia	de	 incitação	por	oratória,	 pois	 o	que	 realmente	 importava	para
Himmler	era	conseguir	consolidar	seu	poder	dentro	da	estrutura	nazista.	E
como	 obter	 essa	 conquista?	 Simples,	 bastava	fornecer	 ferramentas	 que
provassem	 ser	 possível	a	 criação	de	uma	 raça	 superior	 ariana,	uma	nova
casta	de	guerreiros	para	dominar	o	mundo.
Entre	 seus	 estudos,	 ele	 ponderava	 todos	 os	 detalhes	 necessários	 para
obter	 seu	propósito.	Uma	de	 suas	mais	 irmes	convicções	era	a	de	que	os
camponeses	seriam	 "o	 corpo	 e	 o	 sustentáculo	 da	 nação	 alemã",	conforme
narra	o	escritor	 inglês	Nigel	Pennick	em	seu	 livro	As	Ciências	Secretas	de
Hitler:
Esta	combinação	de	reservas	raciais	-	o	sangue	-	com	o	lugar	ancestral	-
o	solo	-	seria	logo	elevada	à	categoria	de	doutrina	sagrada,	base	teórica
para	 a	 supremacia	 racial	 alemã.	 Amigos	 de	 Himmler	 na	 Baviera
compraram	uma	fazenda	para	que	ele	pudesse	concretizar	sua	ideia	de
uma	escola	 "camponesa".	 Esta	 escola	 seria	 o	 ponto	 de	partida	 de	 um
movimento	pela	"volta	à	terra",	movimento	que	Himmler	considerava	o
futuro	 da	Alemanha;	 e	 por	 im	 o	 desmantelamento	 da	maior	parte	 da
indústria	 e	 a	 recriação	 de	 uma	 sociedade	camponesa	 pura,
autossuficiente	e	saudável.
Por	que	Himmler	 voltava	 sua	 atenção	para	o	 campo?	A	união	descrita	no
trecho	anterior	era	 ideal	 para	que	houvesse	a	união	do	sangue	(genética)
com	o	solo	(ligação	com	os	antepassados),	o	que	 levaria	a	uma	espécie	de
"ativação	 de	 poderes"	 latentes	 nos	 genes	 arianos.	 Para	 colocar	 essa
estranha	ideologia	em	prática,	ele	se	inspirou	no	1	Reich,	aquele	que	durou
mil	 anos,	 fundado	 por	 ninguém	menos	 que	 o	 Rei	 Heinrich	 der	 Vogler,
conhecido	como	Henrique,	o	Passarinheiro,	Rei	da	Saxônia	e	 conquistador
dos	eslavos,	um	dos	povos	que	incomodavam	os	germânicos	na	época.	Para
efeito	 de	esclarecimento,	 vale	 lembrar	 que	 os	 eslavos	 atuais	 incluem
russos,	 bielo-russos,	 ucranianos,	 búlgaros,	 sérvios,	 croatas,	 macedônios,
eslovenos,	tchecos,	eslovacos,	polacos	e	lusácios.	Portanto,	estamos	falando
sobre	 um	 grupo	 étnico	 amplo	 que	 seria	 di ícil	 (para	 não	 dizer	 quase
impossível)	erradicar.
ARTAMANEN
A	tal	escola	 foi	apenas	um	primeiro	passo.	Pouco	depois,	entre	os	anos	de
1926	 e	 1928,	 Himmler	 se	juntaria	 a	 um	 movimento	 político-religioso
conhecido	como	Artamanen.	Sobre	ele,	temos	novamente	uma	descrição	de
Nigel	Pennick:
Esta	 organização	 político-religiosa	 dedicava-se	 à	 ideia	 da	 colonização
por	 direito.	 Embora	muitos	 dos	 seus	 seguidores	 não	 pertencessem	 ao
partido	nazista,	 juravam	 pelo	 "sangue	 e	 solo",	 prometen	 do	 a
reconquista	 e	 a	 recolonização	 da	 Europa	 pelos	 alemães.	 Em	 1924,	 o
primeiro	 grupo	 se	 estabeleceu	em	 uma	 fazenda	 na	 Saxônia	 para	 pôr
em	prática	sua	doutrina	da	autossuficiência;	um	pouco	mais	tarde	havia
mais	de	2.000	jovens	em	fazendas	da	Alemanha	Oriental	armados	para
o	 combate	contra	 os	 eslavos.	 O	movimento	 Artamanen	 era	 tão	 notório
que	o	novelista	Hanns	Nikol	publicou,	em	1924,	um	livro	intitulado	Das
Neue	Leben	(A	Nova	Vida)	sobre	as	origens	do	movimento.
Essas	 estranhas	 ideias,	 que	 para	 um	 leigo	 podemparecer	 totalmente
dissociadas	do	 esoterismo	ou	do	oculto,	escondem	em	si	 traços	 facilmente
reconhecíveis.	Tudo,	na	verdade,	não	passa	de	uma	tentativa	de	obter	um
contato	direto	com	os	supostos	"genes	arianos"	e	despertar	o	potencial	dos
superhomens	 escolhidos	 como	 membros	 das	 SS.	 Basta	dizer	 que	 havia,
entre	os	membros	do	Artamanen,	 nazistas	que	conseguiram	alcançar	altos
postos	no	 III	 Reich,	 incluindo	 Rudolf	 Hoss,	 comandante	do	 campo	 de
extermínio	 de	 Auschwitz,	 e	 Richard	Walt	 her	 Darré,	 descrito	 como	 "um
agrônomo	 racista	 nascido	 na	 Argentina	 e	 educado	 na	 Inglaterra	 que
acreditava	que	a	raça	era	um	fator	fundamental	em	tudo".	Assim,	para	ele,
o	camponês	"sempre	foi	à	única	base	con iável	de	nosso	povo	do	ponto	de
vista	do	sangue".
Darré	 acreditava	 que	 todas	 as	 grandes	 culturas	 mundiais	 haviam	 sido
fundadas	por	homens	nórdicos,	por	de inição,	 arianos.	Ao	 longo	dos	anos,
ele	 escreveria	 várias	 obras	 nas	 quais	 explicava	 suas	 ideias	 baseadas	 na
ligação	entre	sangue	e	solo,	e	todas	elas	contaram	com	o	apoio	de	Himmler.
Para	ele,	a	decadência	das	grandes	civilizações	do	 passado	aconteceu	pelo
fato	 de	 esses	 povos	 não	 prestarem	 atenção	 su iciente	 em	 suas	 reservas
genéticas	e,	 assim,	 não	 conservarem	 sua	 pureza	 racial.	 Baseado	 nessa
ideia,	 sua	 recomendação	 era	 que	 houvesse	 uma	 "supressão	 de	 todas	 as
organizações	humanistas	e	internacionalistas"	como	uma	maneira	e iciente
de	 evitar	 o	 declínio	 da	 cultura	 alemã	 moderna.	Mas	 que	 organizações
seriam	essas?	De	acordo	com	ele,	abrangeria	um	amplo	grupo	que	poderia
in
cluir	 do	 anarquismo	 e	 comunismo	 até	 a	 maçonaria,	o	 rosacrucianismo	 e
mesmo	o	cristianismo.
Himmler,	 fascinado	 por	 essas	 ideias,	 incorporouas	 à	 sua	 própria	 visão
ocultista	 do	 que	 deveria	 ser	uma	 ordem	 mundial	 ideal.	 O	 líder	 das	 SS
pensava	da	 seguinte	 maneira:	 uma	 vez	 que	 a	 continuação	 da	civilização
dependia	dos	arianos,	então	era	lógico	supor	que	os	verdadeiros	membros
teriam	 acesso	 a	poderes	místicos	 ou	 psíquicos	 que	 seriam	 característicos
deles.	 Para	 obter	 esse	 potencial	 oculto,	 era	 imprescindível	 que	 os	 super-
homens	 tivessem	 "contato	 íntimo	 com	 o	 solo	 sagrado	 de	 sua	 terra	 natal".
Darré	 foi,	 mais	 tarde,	 aproveitado	 por	 Himmler	 como	 responsável	 pelo
Rasse	und	Siedlungsamt	("Escritório	de	Controle	Racial")	das	SS.	De	 lá	ele
se	transferiria,	mais	tarde,	para	o	Ministério	da	Agricultura,	disposto	a	pôr
em	prática	suas	teorias	de	autossu iciência,	que	terminaram	por	dar	certo
com	o	reflorestamento	de	terras	áridas.
As	SA
Por	 im,	resta-nos	falar	sobre	as	SA,	as	Sturmabteilung	 (Tropas	de	Assalto
ou,	como	alguns	preferem,	as	 stormtroopers),	que	funcionavam	como	uma
organização	 paramilitar	 do	 partido	 nazista	 que,	 como	 já	vimos	 nos
capítulos	 anteriores,	 desempenhou	 um	papel	 importante	 na	 ascensão	 de
Hitler	ao	poder.
Basicamente,	 as	 SA	 eram	 a	 guarda	 do	 exército,	 enquanto	 as	 SS	 eram	 a
guarda	 especial.	 Seus	 membros	 eram	 chamados	 camisas	 marrons	 (ou
camisas	 pardas)	 por	 causa	 da	 cor	 de	 seus	 uniformes	 e	 também	como
maneira	 de	 distingui-los	 dos	 membros	 das	 SS,	 que	 usavam	 uniformes
negros.	 Um	 detalhe	 curioso:	a	 cor	das	 camisas	 foi	 escolhida	porque	havia
uma	grande	 quantidade	 dessas	 peças	 que	 eram	 vendidas	 por	 preços
baixos,	 todas	 sobras	 da	 1	 Guerra	 Mundial	 e	 que	 foram	 encomendadas
originalmente	para	as	tropas	alemãs	que	serviam	na	África.
As	 SA	 também	 foram	o	 primeiro	 grupo	paramilitar	 nazista	 a	 desenvolver
títulos	considerados	como	"pseudomilitares",	para	a	condecoração	de	seus
membros,	 que	 eram	 adotados	 por	 outros	 grupos	 ligados	 ao	 partido,
inclusive	as	SS.
Seu	líder	inicial	era	Ernst	Rõhm,	que	seria	assassinado	na	"Noite	das	Facas
Longas",	que	aconteceu	na	virada	de	29	para	30	de	junho	de	1934,	quando
Hitler	decretou	seu	fim	junto	ao	do	grupo	que	ajudara	a	criar.	Tudo	porque
Rõhm	ansiava	em	transformar	as	SA,	que	já	contavam	com	dois	milhões	de
"camisas	marrons",	no	"embrião	do	 futuro	Exército	da	Alemanha	 Nazista".
Porém,	o	exército	do	período	entre	guerras	 (conhecido	como	Reichswehr)
possuía	 o iciais,	 como	o	marechal	 Paul	 von	 Hindenburg	 (o	 presidente	 da
nação	 na	 época),	 que	 não	 o	 toleravam	 devido	 ao	 fato	de	 este	 ser
homossexual.	 E	 Hitler,	 que	 era	 chanceler	 da	 Alemanha	 e	 fora	 nomeado
pelo	próprio	Hindenburg,	não	queria	o	poder	político	dos	militares.
Assim,	no	dia	em	questão,	foi	preso	pessoalmente	por	Hitler	num	hotel	nos
arredores	de	Munique.	 Como	ele	 resistiu	à	prisão,	 foi	 levado	à	 força.	Uma
vez	 na	 cela,	 recebeu	 uma	 pistola	 e	 uma	 ordem:	 "Suicida-se	 com	 honra."
Como	se	recusou	a	fazê-lo,	foi	morto	por	guardas	da	SS.	Assim,	esta	última
se	tornou	a	organização	influente	da	qual	já	falamos.
AS	 SA	 eram	 organizadas	 em	 vários	 grupos	 grandes	 conhecidos	 como
Gruppen.	Em	cada	um,	havia	brigadas	 (Brigaden)	subordinadas	e,	nestas,
regimentos	 chamados	 Standarten.	 Estes	 últimos	 operavam	 fora	 das
cidades	alemãs	e	dividiam	se	em	unidade	menores	ainda,	as	Sturmbanne	e
as	Stürme.
O	comando	que	as	ligava	operava	nas	proximidades	 da	cidade	de	Stuttgart,
no	 sudoeste	 do	 país,	 e	 era	chamado	 Oberste	 SA-Führung.	 O	 supremo
comando	das	 SA	 tinha	 muitos	 subescritórios	 que	 enviavam	suprimentos,
dinheiro	 e	 recrutas.	 Diferente	 das	 SS,	 as	 SA	 não	 tinham	médicos	 nem	 se
estabeleciam,	 depois	 do	 início	 da	 II	 Guerra	 Mundial,	 em	 territórios
ocupados	fora	da	Alemanha.
As	 SA	 também	 tinham	 várias	 unidades	 de	 treinamentos	 militares,	 sendo
que	a	maior	delas	era	conhecida	como	SA-Marine	(SA	Marinha),	que	servia
como	auxiliar	 à	Kriegsmarine	 (Marinha	de	Guerra)	e	 realizava	 operações
de	busca	e	resgate,	bem	como	defesa	portuária.
Similar	 ao	 braço	 armado	 das	 SS	 (chamado	 Waffen-SS),	 as	 SA	 também
tinham	um	grupo	com	essa	 inalidade,	conhecido	como	Feldherrnhalle,	que
se	 tornaria,	 a	 partir	 de	 um	 grupo	 de	 regimento	 de	 tamanho	 comum	em
1940,	 na	 Divisão	 Alemã	 de	 Panzers,	 a	 Panzerkorps	Feldherrnhalle,	 em
1945.
Apesar	 das	 disputas	 internas	 pelo	 poder,	 os	 três	 grupos	 focados	 neste
capítulo	 exerceram	 papéis	 fundamentais	 para	 a	 consolidação	 do	 poder
nazista	dentro	e	fora	da	Alemanha	e	logo	se	tornaram	 mais	conhecidos	do
público	moderno	 graças	 às	constantes	menções	 em	 ilmes	 e	 séries	 de	 TV
que	enfocam	aquele	período.
rande	 parte	 dos	 historiadores	 concorda	 que,	 se	 tiverem	 de
apontar	uma	pessoa	como	a	principal	 causa	da	 II	Guerra	Mundial,	não	há
como	 escapar	 do	 nome	 de	 Adolf	 Hitler.	 Quando	 ele	 e	 seus	 seguidores
invadiram	 a	 Polônia,	não	 havia	 como	 negar	 o	 poderio	 militar	 e	 a
competência	do	exército	 alemão,	que	 conseguiu	 completar	 a	ocupação	em
apenas	três	semanas.
O	 curioso	 foi	 que,	 graças	 ao	 pacto	 de	 não	 agressão	 com	 Stalin,	 parte	 do
ocupado	 território	 polonês	 estava	 nas	 mãos	 dos	 alemães	 e	 parte	 com	 a
União	Soviética,	que	também	ocupou	os	países	bálticos	como	a	Letônia	e	a
Lituânia.	A	União	Soviética	também	era	uma	fonte	de	matéria-prima	para	a
indústria	alemã.
Enquanto	 o	 lado	 oriental	 progredia	 com	 a	 ocupação,	 o	 lado	 ocidental	 via
também	 ofensivas	 rápidas	e	 e icientes.	 Essa	 estratégia-relâmpago,
chamada	Blitzkrieg,	 fez	 com	 que	 vários	 países	 caíssem	 sob	 o	domínio
nazista,	 incluindo	França,	Holanda,	Bélgica,	Dinamarca	e	Noruega.	E	Hitler
mostrou-se	rancoroso	 quando,	 ao	 assinar	 o	 armistício	 com	 a	 França,	 fez
com	 que	 a	 cerimônia	 acontecesse	 no	mesmo	 vagão	 de	 trem	 onde,	 anos
atrás,	foram	ditadas	as	cláusulas	de	rendição	que	comporiam	o	 Tratado	de
Versailles.
A	 situação	não	 era	 boa	para	 os	 povos	não	 germânicos,	 pois	 o	 domínio	 da
suposta	 "raça	 superior"	 servia	como	 desculpa	 para	 de lagrar	 um	 horror
pior	que	o	da	guerra	anterior.	Dessa	forma,	a	Grã-Bretanha	 estava	lutando
contra	Hitler	praticamentesozinha.	 A	Itália	entra	em	cena	em	10	de	junho
de	 1940	 enquanto	 Portugal	 e	 Espanha	 eram	 também	 controlados	 por
líderes	fascistas.	Pelo	fato	de	considerar	 o	fascismo	uma	ideologia	próxima
à	 sua	 própria,	Hitler	 chegou	a	 se	 aproximar	do	 general	 Francisco	 Franco,
da	Espanha,	para	que	aquele	país	entrasse	 no	con lito	ao	 lado	dele,	mas	o
convite	 foi	 recusado	devido	aos	problemas	 internos,	pois	 se	 recuperavam
de	uma	guerra	civil	que	durara	três	anos.
O	 Primeiro-Ministro	 britânico	 Winston	 Churchill,	 que	 fora	 nomeado	 em
maio	daquele	ano,	estava	isolado	e	com	pouco	contingente	a	seu	dispor.	Se
quisesse,	ele	poderia	ter	chegado	a	um	acordo	com	o	ditador	da	Alemanha,
que	ansiava	pelo	apoio	britânico	numa
frente	 contra	 a	 União	 Soviética,	mas	 Churchill	 optou	 por	 esperar	 até	 que
algo	de	novo	acontecesse	virando	a	maré	do	con lito	a	seu	favor,	pois	sabia
que,	se	atacasse	os	nazistas	naquele	momento,	os	resultados	poderiam	ser
catastróficos	para	seu	país.
Hitler,	vendo	que	não	disporia	de	ajuda	dos	britânicos,	 começou	a	pensar
numa	 operação	 que	 icou	apelidada	 de	 Leão-Marinho,	 na	 qual	 ataques
aéreos	da	 Luftwaffe	 iniciaram	 sua	 ofensiva	 contra	 os	 navios	 no	 canal	 da
Mancha	 e,	 depois,	 contra	 diversas	cidades,	 incluindo	 Londres.	 Como	 a
Força	 Aérea	 britânica	 estava	 com	 um	 contingente	 relativamente	novo
(todos	na	casa	dos	20	anos),	era	alto	o	índice	de	pessoas	inexperientes	em
combate,	 fator	 que	 só	não	 acabou	 em	 desastre	 porque	 dispunham	 de
tecnologia	 e iciente,	 incluindo	 radares,	 considerados	 os	 mais	 e icazes	 da
época.
A	operação	foi	cancelada	por	ordem	de	Hitler	depois	que	aviões	britânicos
conseguiram	romper	o	 espaço	aéreo	alemão	e	bombardearam	Berlim.	Este
seria	o	primeiro	revés	sofrido	por	Hitler	na	sequência	de	triunfos	com	que
começara	 a	 guerra.	 Os	 ingleses,	 por	 sua	 vez,	 adotavam	 uma	 posição
defensiva	justamente	por	não	disporem,	naquele	momento,	de	contingente
para	um	ataque	contra	os	nazistas.
Logo	 o	 Führer	 se	 dedicava	 a	 outra	 operação	 militar,	 chamada	 de	 Barba
Roxa,	 que	 objetivava	 a	 invasão	 da	 União	 Soviética.	 Hitler	 queria,	 assim,
achar	uma	nova	 fonte	de	recursos	naturais	e	mão	de	obra	 escrava,	 o	que
seria	o	golpe	 inal	para	a	consolidação	do	III	Reich.	Este	foi,	para	a	maioria
esmagadora	dos	historiadores	e	de	analistas	militares,	o	maior	erro	que	ele
cometeu	em	toda	a	guerra.
Em	22	de	junho,	a	ofensiva	começaria.	Hitler	adotou	a	mesma	estratégia	da
operação-relâmpago	 também	 para	 esta	 operação	 e	 queria	 ver	 a	 URSS
subjugada	 até	 setembro	 e	 as	 principais	 cidades	 (incluindo	 Moscou,
Stalingrado	e	Leningrado)	ocupadas	por	alemães.
O	REVÉS	DE	MUSSOLINI
Enquanto	 Hitler	 fazia	 o	 que	 queria	 no	 mapa	 europeu,	 Mussolini	 se
ressentia	 pelo	 fato	 de	 ser	 co	 locado	 em	 segundo	 plano.	 Planejou	 então
invadir	e	tomar	a	Grécia,	mas	não	contava	com	tropas	tão	 e icientes	quanto
as	 alemãs.	 Assim,	 Hitler	 se	 viu	em	 uma	 posição	 delicada	 quando	 teve	 de
adiar	 o	ataque	 à	URSS,	 originalmente	programado	para	 maio,	para	dispor
de	 seus	homens	 a	 im	de	 arrumar	 a	bagunça	provocada	por	Mussolini.	A
Operação	 Barba	 Roxa	 só	 começaria	 dali	 a	 cinco	 semanas,	um	 atraso	 que
ajudou	em	seu	fracasso.
Hitler,	 sempre	 desprezando	 as	 "raças	 inferiores",	 não	 acreditava	 que	 os
russos	 fossem	resistir	a	um	ataque	conjunto	por	céu	e	por	terra,	uma	vez
q u e	aquele	 povo	 era	 considerado	 "duas	 vezes	 inferior",	 já	 que	 eram
eslavos	e	comunistas.
Assim	 a	 operação	 começou	 e	 as	 tropas	 alemãs	 avançaram	 em	 direção	 a
Moscou	 sem	 di iculdades,	o	 que	 só	 os	 animou	 e	 assim	 dividiu	 o	 front	 de
batalha	em	dois,	o	ocidental	e,	agora,	o	oriental.	Stalin,	que	já	esperava	algo
assim	 há	 um	 tempo,	 decretou	a	 tática	 da	 terra	 arrasada,	 ou	 seja,	 que	 o
povo	batesse	em	retirada	e	não	deixasse	para	 trás	nada	que	 pudesse	 ser
utilizado	 pelos	 nazistas.	 Este	 ponto	 foi	decisivo	 para	 dar	 a	 derrota	 para
Hitler,	pois	seus	 soldados	não	esperavam	uma	batalha	de	 longa	duração	e
estavam	sem	alimentos	e	roupas	que	os	permitissem	enfrentar	aquele	que
ficou	conhecido	como	o	pior	inverno	russo	de	todos	os	tempos.
E	o	tempo	foi	fatal	para	os	alemães	da	mesma	forma	que	havia	sido	para	as
tropas	de	outro	general	 que	tentara	invadir	a	Rússia	anos	atrás,	Napoleão
Bonaparte.	As	armas	começaram	a	necessitar	de	reparos	com	lubri icante
de	maneira	constante	e	as	correntes	dos	tanques	quebravam	por	causa	do
frio.	Logo,	 alguns	comandantes	alemães	pediram	a	 retirada	das	 tropas	do
território	 russo,	 mas	 Hitler	se	 negava	 a	 concedê-la	 e	 ordenava	 que
icassem	lá	até	conseguirem	seu	intento.	Eles	não	tinham	outra	alternativa
a	 não	 ser	 aceitar	 as	 ordens,	 o	 que	foi	 fatal	 quando	 o	 mês	 de	 dezembro
chegou	e	o	exército	russo	começou	a	contra-atacar.
Enquanto	isso,	os	Estados	Unidos,	que	estavam	até	então	neutros,	sofreram
o	ataque	 japonês	 (mais	um	aliado	de	Hitler)	 contra	a	base	naval	de	Pearl
Harbor,	o	que	fez	os	americanos	entrarem	na	guer
ra.	Hitler,	 numa	decisão	que	mais	 tarde	 se	 revelaria	 impensada,	 declarou
guerra	em	11	de	dezembro	 contra	os	Estados	Unidos,	posição	logo	seguida
pela	Itália.
Com	 um	 novo	 "jogador",	 a	 guerra	 podia	 tomar	 outros	 rumos,	 pois	 a
produção	 ilimitada	 americana	ajudaria	 a	 limitar	 as	 forças	 nazistas.	 Hitler,
por	 sua	vez,	 procurou	 aumentar	 a	 produção	 bélica	 e	 forçou	 os	 povos
conquistados	a	trabalharem	nos	campos	 de	concentração.	Foi	nessa	época
que	 ele	 decidiu	adotar	 a	 "Solução	 Final",	 ou	 seja,	 o	 começo	 da	 destruição
dos	judeus.	Era	um	programa	que	foi	apresentado	tanto	para	a	população
alemã	quanto	para	os	próprios	 judeus	como	"a	nova	colonização	do	leste",
já	que	era	para	lá	que	iam	os	capturados.
Derrotas	 como	 a	 da	 Tunísia,	 em	 1943,	 não	 dissuadia	 Hitler	 de	 querer
conquistar	 os	 russos.	 Cada	 vez	mais	 obcecado	 com	 a	 batalha	 na	 frente
oriental,	o	 ditador	 da	 Alemanha	 acabou	 por	 deixar	 o	 front	ocidental
descoberto,	 brecha	 que	 logo	 faria	 com	que	 as	 forças	 anglo-americanas
entrassem	 na	 Itália	pela	 Sicília	 e	 provocassem	 a	 renúncia	 de	 Mussolini,
pelo	 fato	 de	 ter	 de lagrado	 uma	 guerra	 que	 não	 levou	 a	 Itália	 a	 nenhum
lugar.	 Em	 3	 de	 setembro	 de	 1943,	 a	 Itália	 assinou	 a	 rendição	 enquanto
Mussolini	estava	preso	e	sob	a	custódia	do	governo	de	Pietro	Badoglio.
Hitler	 logo	 enviou	 homens	 para	 libertar	Mussolini,	que	 era	 seu	modelo	 e
que,	 segundo	o	Führer,	 ainda	 poderia	 ser	útil	 na	guerra.	Uma	vez	 livre,	 o
agora	 exditador	 italiano	 fundou	 a	 República	 de	 Saló	 e	 prometeu
reorganizar	a	resistência	fascista	na	Itália.
AS	CONSPIRAÇÕES
A	atitude	autoritária	de	Hitler,	e	sua	recusa	em	 ouvir	os	demais	generais	a
respeito	de	trapalhadas	militares,	começou	a	perturbar	alguns	dos	de	alto
escalão.	O	próprio	Hitler	esperava	cada	vez	mais	 que	atentados	contra	sua
vida	acontecessem,	o	que	o	deixava	com	um	comportamento	paranoico	na
maior	 parte	 do	 tempo.	 Principalmente	 depois	 do	fracasso	 na	 URSS,	 ele
passou	 a	 se	 isolar	 cada	 vez	mais	 para	 que	 pudesse	 pensar	 com	 mais
clareza.
Joachim	 Fest,	 o	 biógrafo	 mais	 famoso	 de	 Hitler,	 autor	 de	 No	 Bunker	 de
Hitler,	 conta	 que	 o	 Führer	 era	 "brilhante	 em	 estratégias	 ofensivas,	 mas
chocantemente	 sem	 imaginação	 quando	 se	 tratava	 de	 se	defender".	 A
teimosia	de	Hitler	em	se	concentrar	em	outros	pontos	e	sua	imposição	para
os	demais	o iciais	alemães	 logo	causaram	um	sentimento	de	mal	estar,	em
que	suas	esquisitices	poderiam	causar	a	derrota.	Isso	sem	falar	do	prejuízo
financeiro	e	humano	acarretados	por	essas	decisões.
O	 documentário	 Plano	 Secreto	 para	 matar	 Hitler,	 disponível	 em	 DVD,
afirma	que	o	ditador	escapara	de	pelo	menos	42	atentados	contra	sua	vida.
Ou	seja:	era	apenas	uma	questão	de	tempo	até	que	surgisse	a	pessoa	que
conseguisse	 pegá-lo.	 Há	 registros	 de	 atentados	 planejados	 entre1938	 e
1939	 por	 o iciais,	 como	 o	 brigadeiro-general	 Hans	 Oster,	 líder	 da
Inteligência	Militar	(conhecida	como	Abwehr)	e	o	general	de	campo	Erwin
von	 Witzleben,	 que	queriam	 realizar	 um	 golpe	 de	 estado	 e	 prevenir	 que
Hitler	 provocasse	 uma	 nova	 guerra	 mundial.	 Estes	 planos	 só	 não	 foram
levados	 adiante	 por	 vacilações	 dos	 líderes	 do	 exército	 e	 falhas	 das
potências	 ocidentais	 em	 tomar	 alguma	providência	 contra	Hitler	 antes	 de
1939.
Em	1941,	um	novo	grupo	de	conspiradores	foi	formado	sob	a	liderança	do
coronel	 Henning	 von	 Tresckow,	 membro	 da	 equipe	 de	 seu	 tio,	 o
comandante	de	campo	Fedor	von	Bock,	que	 liderava	o	Exército	durante	a
operação	 Barba	 Roxa.	 Tresckow	 havia	 recrutado	 oposicionistas	 e
transformara	o	grupo	ao	qual	prestava	 serviço	no	centro	da	resistência	do
Exército.	 Porém,	 pouco	 pôde	 ser	 feito	 enquanto	 as	 tropas	 de	 Hitler
avançavam	no	território	russo.
Durante	 o	 ano	 de	 1942,	 Oster	 e	 Tresckow	 conseguiram	 reconstruir	 uma
rede	 de	 resistência,	 da	 qual	 o	membro	 mais	 importante	 era	 o	 general
Friedrich	Olbricht,	 que	 era	 líder	 do	 Exército	 no	 centro	 de	 Berlim,	 um
homem	 que	 controlava	 um	 sistema	 independente	 de	 comunicações	 que
alcançava	toda	aAlemanha.	Desta	vez,	tudo	parecia	ajudar	no	objetivo.
No	 inal	de	1942,	Tresckow	e	Olbricht	criaram	um	 plano	para	matar	Hitler
durante	 uma	 visita	 deste	 ao	quartel-general	 do	 Exército	 em	 Smolensk,
cidade	do
oeste	do	 território	 russo,	em	março	de	1943.	Eles	 colocariam	uma	bomba
no	 avião	 do	 Führer,	 que	 terminou	 por	 não	 explodir.	 Alguns	 dias	 depois,
uma	 nova	tentativa	 foi	 realizada	 quando	 Hitler	 visitava	 em	 Berlim	 uma
exposição	 de	 armas	 soviéticas	 capturadas,	 a	qual	 também	 não	 foi	 bem-
sucedida.	Tais	fracassos	só	ajudaram	a	desmoralizar	os	conspiradores.
Naquele	mesmo	ano,	a	situação	começava	a	se	mostrar	contra	a	Alemanha
e	 os	 conspiradores	 do	 exército	 resolveram	 que	 deveriam	 tentar
novamente.	Hitler	deveria	ser	morto	e	um	governo,	aceitável	por	parte	dos
aliados,	 seria	 formado	para	que	uma	negociação	separada	 fosse	posta	em
andamento,	 a	 im	de	prevenir	a	Operação	Barba	Roxa.	Em	agosto	 daquele
ano,	 Tresckow	 encontra	 a	 igura-chave	 do	 atentado	 que	 mais	 chegaria
próximo	de	seu	objetivo,	o	coronel	Claus	Schenk	Graf	von	Stauffenberg.
O	 militar	 era	 um	 político	 conservador	 e	 um	 nacionalista	 que	 zelava	 pelo
bem-estar	 de	 sua	 Alemanha.	 Embora	 gravemente	 ferido,	 graças	 a	 um
ataque	britânico	na	África	do	Norte,	que	resultou	na	perda	da	mão	direita,
partes	de	dedos	da	mão	esquerda	e	de	um	olho,	nunca	deixou	de	acreditar
que	 tempos	melhores	 poderiam	 chegar	 para	 seu	 país.	De	 início,	 aceitou	e
ajudou	 os	 nazistas,	 mas	logo	 se	 tornou	 desiludido	 com	 eles	 e	 favorável	 à
realização	de	um	golpe	de	Estado.	Em	1942,	 fazia	parte	do	 cada	vez	mais
amplo	 grupo	 de	 o iciais	 que	acreditava	 que	 Hitler	 os	 levava	 para	 o
desastre.	Por	algum	tempo,	não	considerou	matar	o	ditador	graças	às	suas
convicções	 religiosas,	mas	 após	 o	 fracasso	 na	 URSS	 convenceu-se	 de	 que
manter	Hitler	no	poder	seria	um	mal	muito	maior.
Olbricht	 logo	apresentou	um	novo	plano	para	Tresckow	e	Stauffenberg.	O
Exército	 de	 Reservas	 tinha	 uma	 estratégia	 chamada	 Operação	 Valquíria,
que	deveria	 ser	 usada	 em	 caso	 de	 os	 aliados	 causarem	problemas	 ao
bombardear	 cidades	 alemãs	 e	 isso	resultasse	 numa	 ruptura	 na	 lei	 e	 na
ordem,	 ou	 se	um	 levante	 de	 milhões	 de	 trabalhadores-escravos
acontecesse.	Olbricht	sugeriu	que	aquele	plano	fosse	usado	para	mobilizar
os	reservas	para	que	tomassem	o	controle	das	cidades,	desarmassem	as	SS
e	 prendessem	 a	 liderança	 nazista,	 uma	 vez	 que	 Hi	 tler	 estivesse	 morto.
Esta	 operação	 só	 poderia	 ser	acionada	 pelo	 comandante	 dos	 reservas,
general	Friedrich	 Fromm.	 Para	 que	 conseguissem	 isso,	 ele	 deveria	 ser
convencido	 a	 participar	 do	 complô	 ou	neutralizado.	 Fromm,	 como	muitos
outros	 o iciais,	sabia	sobre	as	conspirações	em	andamento,	mas	ou	 não	 se
envolvia	ou	as	delatava	para	a	Gestapo.
Entre	o	 inal	de	1943	e	o	começo	de	1944,	houve	uma	série	de	 tentativas
para	colocar	um	dos	conspiradores	 próximo	de	Hitler	por	tempo	su iciente
para	 matá-lo	com	 uma	 bomba	 ou	 um	 revólver,	 mas	 sem	 muito	 sucesso.
Com	 a	 situação	 na	 guerra	 cada	 vez	mais	 próxima	 de	 uma	 derrota,	 Hitler
não	 aparecia	 mais	 em	 público	 e	 raramente	 visitava	 Berlim,	 preferindo
passar	muito	 de	 seu	 tempo	 na	Wolfschanze	 (Toca	 do	 Lobo),	 seu	 quartel-
general	 localizado	 na	 Polônia,	 com	 algumas	 aparições	 ocasionais	 em	 seu
retiro	 nas	 montanhas	 em	 Berchtesgaden,	 cidade	 nos	 Alpes	 alemães.	 Em
ambos	 os	 lugares,	 havia	 uma	 guarda	 constante	 e	 raramente	 pessoas	 que
não	 tinham	 negócios	 a	 tratar	diretamente	 com	 Hitler	 ganhavam	 acesso.
Naquela	época,	 Himmler	 (com	 suas	 SS)	 e	 a	 Gestapo	 descon iavam
constantemente	 de	 planos	 contra	 Hitler	 e	 visavam	 principalmente	 os
o iciais.	 Alguns	 desses	 planos,	 como	 a	 tentativa	 de	 1943,	 falharam	 por
questão	de	minutos.
No	 verão	de	1944,	 a	Gestapo	 apertava	 o	 cerco	 a	 conspiradores	 em	 geral.
Havia	 um	 sentimento	 de	que	 o	 tempo	 para	 tomar	 iniciativas	 estava
acabando,	já	que	os	alemães	recuavam	no	front	oriental	 e	o	Dia	D,	ou	seja,
o	 desembarque	 aliado	 na	 Normandia,	 acabara	 de	 acontecer.	 Os
conspiradores	 acreditavam	 ser	 esta	 a	 última	 chance	 de	 algo	 assim
acontecer	 e	 os	 principais	 membros	 da	 conspiração	 começavam	 a	 pensar
em	 si	 mesmos	 como	 homens	condenados,	 que	 queriam	 salvar	 a	 honra
pessoal,	bem	 como	 a	 de	 suas	 famílias,	 e	 proporcionar	 à	 Alemanha	 uma
chance	de	realmente	se	converter	numa	nação	admirável.
Um	 dos	 auxiliares	 de	 Tresckow,	 o	 tenente	 Heinrich	 Graf	 von	 Lehndorff-
Steinort,	 escreveu	 a	 Stauffenberg	 dizendo	 que	 o	 assassinato	 "deve
acontecer,	custe	o	que	custar".	Ainda	hoje,	quando	se	pensa	neste	episódio,
parece	incrível	que	os	meses	de	pla
nejamento	 do	 grupo	 tenham	 passado	 despercebidos	 pela	 Gestapo.	 Os
registros	da	polícia	política	 só	indicavam	dois	grupos,	a	resistência	Abwehr
(sob	a	proteção	do	Almirante	Wilhelm	Canaris)	e	 da	resistência	civil	que	se
formava	 junto	 ao	 prefeito	da	 cidade	 de	 Leipzig,	 Carl	 Goerdeler.	 Se	 a
Gestapo	tivesse	 prendido	 essas	 pessoas	 e	 interrogado,	 teria	 fatalmente
descoberto	a	existência	desse	grupo	ligado	aos	reservas.
20	DE	JULHO	DE	1944
Enquanto	Hitler	se	concentrava	em	descobrir	melhores	táticas	para	que	o
im	dos	aliados	acontecesse,	crescia	o	número	de	o iciais	descontentes	com
o	rumo	da	guerra	e	que	queriam	deter	o	Führer.	A	oportunidade	 para	isso
parecia	 ter	 chegado	 em	 1°	 de	 julho	 de	 1944,	quando	 Stauffenberg	 foi
nomeado	 chefe	 de	 pessoal,	subordinado	 ao	 general	 Fromm	 no	 QG	 dos
reservas,	em	 Berlim.	 Essa	 posição	 permitia	 que	 ele	 comparecesse	 às
conferências	 militares	 de	 Hitler	 em	 qualquer	 dos	 dois	 lugares	 onde	 este
passava	a	maior	parte	do	tempo.	Isso	daria	a	desculpa	de	que	precisavam
para	matar	o	ditador.
Com	 a	 passagem	 do	 tempo,	 a	 resistência	 ao	 uso	 de	métodos	 para	 matar
caíra	 vertiginosamente,	 principalmente	 depois	 dos	 relatórios	 que	 falavam
dos	assassinatos	em	massa	no	campo	de	concentração	de	Auschwitz,	no	sul
da	 Polônia,	 e	 que	 representavam	 o	 ponto	 máximo	 do	 Holocausto.	 Novos
aliados	haviam	 aderido,	 incluindo	 o	 general	 Carl-Heinrich	von	 Stülpnagel,
comandante	militar	 na	 França,	 que	 assumiria	 o	 controle	 em	 Paris	 após	 a
morte	de	Hitler	e	que	negociaria	um	armistício	com	os	exércitos	aliados	em
solo	francês.
Estava	assim	tudo	pronto	para	que	o	plano	entrasse	em	ação:	Stauffenberg
iria	 para	 as	 conferências	 com	duas	bombas	britânicas	capturadas	em	sua
pasta.	 Porém,	 em	 duas	 oportunidades	 no	 começo	daquele	mês,	 o	 general
teve	 de	 cancelar	 seus	 planos	porque	 os	 conspiradores	 queriam	 queHimmler	 ou	Gõring	 também	 estivessem	 presentes,	 mas	 Himmler	não
aparecera	 no	 último	 minuto.	 O	 plano	 era	 que	 Stauffenberg	 plantasse	 a
pasta	 com	 a	 bomba	 próxi	 ma	 a	 Hitler,	 arranjasse	 uma	 desculpa	 para	 se
retirar	 da	 sala	 momentaneamente,	 esperasse	 a	 explosão,	voasse	 para
Berlim	 e	 se	 juntasse	 aos	 demais	 conspiradores.	 A	 Operação	 Valquíria
entraria	 em	 ação,	o	 exército	 reserva	 tomaria	 a	 Alemanha	 e	 os	 outros
líderes	nazistas	seriam	presos.
Em	outras	duas	oportunidades,	uma	no	dia	15	e	outra	no	dia	18,	o	plano	foi
cancelado	 no	 último	minuto	 por	 razões	 desconhecidas,	 já	 que	 os
participantes	 estavam	 todos	 mortos	 no	 inal	 daquele	mês.	 Stauffenberg,
depressivo	e	furioso,	retornou	a	Berlim.	No	dia	18,	corriam	boatos	de	que	a
Gestapo	 estava	 atrás	 de	 uma	 conspiração	 e	 que	 poderiam	 prender	 os
envolvidos	 a	 qualquer	 momento,	o	 que	 só	 fez	 com	 que	 os	 envolvidos
sentissem	que	o	tempo	estava	acabando	e	que	da	próxima	vez	não	poderia
passar.
O	 dia	 em	 que	 o	 plano	 inalmente	 entrou	 em	 ação	foi	 20	 de	 julho.
Stauffenberg	decolou	para	outra	conferência	com	Hitler,	mais	uma	vez	com
as	bombas	a	 tiracolo.	Apesar	das	medidas	de	segurança	 para	controlar	as
pessoas	que	entravam	na	Toca	do	Lobo,	os	oficiais	não	eram	revistados.
Na	 toca,	 Hitler,	 que	 geralmente	 fazia	 seus	 encontros	 no	 bunker	 do
complexo,	 resolve	 transferi-lo	 para	 uma	 cabana	 por	 causa	 de	 algumas
obras	 em	andamento	 e	 porque	 o	 dia	 estava	 abafado	 e	 quente.	Marcada
inicialmente	para	as	13	horas,	o	Führer	 adianta	em	meia	hora	o	encontro,
o	que	provaria	ser	benéfico	para	sua	sobrevivência.
Quando	Stauffenberg	chegou	à	Toca	do	Lobo,	 icou	sabendo	que	a	reunião
fora	 adiantada.	 Ficou	nervoso,	 mas	 continuou	 com	 o	 plano:	 pediu,	 então,
para	 ser	 levado	 a	 uma	 sala	 a	 im	de	 se	 refrescar.	 Lá,	 com	 a	 ajuda	 de	 um
colega	 conspirador,	 o	 o icial	 menor	 Werner	 von	 Haeften,	 aciona	 o
detonador	 de	uma	 das	 bombas,	 uma	 cápsula	 de	 ácido	 que	 corrói	a	 mola
que	 dispara	 o	 pino	 para	 a	 detonação	 de	 uma	 bomba	 com	 um	 quilo	 de
explosivos.	 Quando	 estão	para	 acionar	 a	 segunda	bomba,	 um	mensageiro
bate	na	porta	da	sala	e	avisa	que	já	estão	à	espera	de	Stauffenberg.	Ele	e	o
colega,	nervosos,	conseguem
esconder	 a	 bomba	 não	 acionada	 em	 outra	 pasta	 e	decidem	 sair	 apenas
com	a	bomba	armada.
Stauffenberg	 entrega	 a	 pasta	 com	a	bomba	 armada	para	um	assistente	 e
pede	 que	 a	 coloque	 na	 sala	de	 reunião	 enquanto	 ele	 se	 apresenta	 para
Hitler.	 A	pasta	 é	 colocada	próxima	do	ditador	 ao	pé	de	uma	pesada	mesa
de	 carvalho.	 Stauffenberg	 se	preocupa	 com	 o	 tempo	 passado	 entre	 o
acionamento	 do	 ácido	 e	 a	 detonação	 da	 bomba.	 Se	 não	vierem	 chamá-lo
para	sair	da	sala,	ele	morrerá	com	os	outros.
Quando	 a	 chamada	 chegou,	 o	 conspirador	 saiu	da	 sala	 e	 aguardou	 a
explosão.	 Ela	 aconteceu	 em	questão	 de	 minutos.	 O	 relógio	 marcava
12h40min	e	a	cabana	onde	todos	estão	rui.	Sem	esperar	pelos	resultados,
Stauffenberg	 sai	 para	 voltar	 a	 Berlim.	 Porém,	 não	 sabe	 que,
milagrosamente,	 Hitler	escapa	 da	 explosão,	 enquanto	 alguns	 o iciais	 e	 o
estenógrafo	 morreram	 e	 os	 demais	 participantes	 icaram	 seriamente
feridos.
Explicações	foram	dadas	para	o	fato	de	Hitler	ter	 sobrevivido,	desde	o	fato
de	ter	adiantado	a	reunião	em	meia	hora	(o	que	só	serviu	para	aumentar	o
nervosismo	 dos	 conspiradores)	 até	 a	 mudança	 do	 local	 da	 reunião	 (se
tivesse	 feito	 no	 bünker,	 um	 local	 fechado,	 e	 não	 na	 cabana,	 aberta,	 a
explosão	teria	matado	todos	instantaneamente).	Mas	aparentemente	o	que
salvou	 Hitler	 foi	 mesmo	 a	 mesa	de	 carvalho.	 A	 pasta	 de	 Stauffenberg,
conforme	 se	apurou	 depois,	 foi	 movida	 ligeiramente	 por	 um	 o icial	 que
esbarrou	 nela	 com	 o	 pé,	 colocando-a	 na	frente	 do	 tampo.	 Quando	 a
explosão	 aconteceu,	 o	tampo	 teria	 se	 levantado	 com	 a	 força	 e	 protegido
Hitler,	que	só	receberia	arranhões	leves	e	farpas	de	carvalho	nas	pernas.
Convencido	de	que	a	Providência	o	salvara	para	 continuar	a	guerra,	Hitler
continuou	o	programa	 do	dia,	que	incluiu	uma	visita	de	Mussolini	ao	 local,
exibindo	o	Führer	o	lugar	da	explosão	e	até	 seu	uniforme	rasgado,	que	ele
enviaria	de	 "recordação"	para	 sua	 amante	 e	posterior	 esposa,	Eva	 Braun.
Somente	depois	que	Mussolini	se	fora,	ele	recebe	relatos	de	seus	homens,
que	verificaram	que	há	um	desaparecido,	justamente	Stauffenberg.
FIM	DE	UMA	CONSPIRAÇÃO
Quando	Stauffenberg	chegou	a	Berlim,	já	percebeu	que	algo	estava	errado,
uma	vez	que	não	havia	nenhum	automóvel	esperando	por	ele	conforme	o
combinado.	Nesse	meio	tempo,	de	 fato,	o	general	Erich	Fellgiebel,	 também
conspirador	 e	 que	 estava	na	 Toca	 do	 Lobo,	 avisou	 por	 telefone	 seus
colegas	de	 que	 Hitler	 estava	 vivo,	 o	 que	 fez	 com	 que	 a	 maioria	 dos
envolvidos	perdesse	a	coragem	para	continuar	com	o	plano.
Sem	 saber	 o	 que	 acontecia,	 Stauffenberg	 telefonou	do	 aeroporto	 e	 disse
que	 Hitler	 estava	 morto,	 o	 que	só	 causou	 confusão.	 A	 maioria	 de	 seus
colegas	 no	plano	 não	 sabia	 em	 quem	 acreditar.	 Somente	 às	 16h	 daquele
dia	 é	 que	 a	 ordem	 para	 colocar	 a	 Operação	 Valquíria	 em	 andamento	 foi
expedida.
O	 general	 Fromm,	 entretanto,	 hesitava	 e	 telefonou	 para	 o	 comandante	de
campo	Wilhelm	Keitel	 na	Toca	do	Lobo	para	saber	se	Hitler	havia	mesmo
sobrevivido.	 Quando	 Keitel	 exigiu	 saber	 do	 paradeiro	 de	 Stauffenberg,
Fromm	 teve	 certeza	 de	 que	 os	 nazistas	 haviam	 rastreado	 as	 pistas	 até	 o
quartelgeneral,	o	que	poderia	implicá-lo.
Quando,	 às	 16h40min,	 Stauffenberg	 e	 Haeften	chegam	 ao	 QG,	 Fromm	 já
havia	 decidido	 trocar	de	 lado.	 Tentou	 prender	 Stauffenberg,	 mas	 a	 este,
com	a	ajuda	de	Olbricht,	o	deteve	sob	a	mira	de	uma	arma.
Nesse	momento,	Himmler	 já	 conseguira	o	 controle	 da	 situação	 e	 expedira
contra-ordens	 que	 anulavam	 a	 Operação	 Valquíria.	 Em	 seguida,
ordenaram	 a	 prisão	 do	 ministro	 da	 propaganda,	 Joseph	 Goebbels.	 No
entanto,	 esqueceram	 de	 cortar	 as	 linhas	 de	 telefone	 do	ministro,	 que
conseguira	entrar	em	contato	com	o	 próprio	Hitler,	que	acaba	falando	com
o	 comandante	das	 tropas	 que	 haviam	 cercado	 os	 principais	 pontos	 do
governo,	major	Otto	Remer.	O	Führer	assegurou
que	estava	bem	vivo	e	que	Remer	deveria	obter	o	controle	de	Berlim.
Enquanto	isso,	Stauffenberg	insistia	para	que	o	plano	fosse	levado	adiante.
Quando,	 às	 20h,	 o	 general	 Witzleben	 chegou	 ao	 QG,	 teve	 uma	 discussão
acalorada	com	Stauffenberg	e	deixou	o	local	pouco	depois.
Assim,	os	menos	resolutos	membros	do	complô	 terminaram	por	 trocar	de
lado.	 Stauffenberg	 terminou	por	ser	 ferido	numa	luta	que	se	seguiu	entre
os	o iciais	que	apoiavam	e	os	que	eram	contra	o	golpe.	As	 23h	daquele	dia,
Fromm	recobrou	o	 controle	 e	 capturou	os	 conspiradores,	 ordenando	que
fossem	 executados.	 A	 0h10min	 do	 dia	 21	 de	 julho,	 Stauffenberg	e	 os
demais	 foram	levados	ao	pátio	do	QG	e	executados.	Fromm	tentou	 levar	o
crédito	por	 ter	detido	os	conspiradores,	mas	os	nazistas	 já	 sabiam	de	 seu
envolvimento	no	golpe	e	ele	também	foi	executado.
Nas	 semanas	 que	 se	 seguiram,	 a	 Gestapo	 vigiou	quase	 todos	 que	 tinham
mesmo	uma	remota	conexão	com	os	conspiradores.	A	descoberta	de	cartas
e	 diários	 nas	 residências	 e	 escritórios	 dos	 presos	 revelou	 os	 complôs	 de
1938,	1939	e	1943,	o	que	só	levou	a	novas	prisões.	Todos	os	parentes	dos
principais	 conspiradores	 foram	 presos	 e	 muitos,	 incluindo	 Tresckow,	 se
mataram.	 Poucos	 tentaram	 escapar	 ou	 negar	 participação	 quando	 foram
presos.
Os	 que	 sobreviveram	 aos	 interrogatórios	 foramjulgados	 em	 júri	 público.
Foram	 no	 total	 cinco	 mil	 prisões	 e	 200	 execuções.	 Muitos	 deles	 não
estavam	ligados	diretamente	ao	complô	do	dia	20	de	 julho,	mas	a	Gestapo
aproveitou	a	ocasião	para	acertar	as	contas	com	muitos	suspeitos	de	serem
simpatizantes	da	oposição	ao	regime	deHitler,	uma	situação	que	continuou
até	os	últimos	dias	da	II	Guerra	Mundial.
Stauffenberg	foi	homenageado	com	um	busto	que	hoje	está	no	memorial	à
Resistência	Alemã,	 em	Berlim,	e	é	considerado	um	herói	e	um	dos	poucos
que	 admitiram	 publicamente	 serem	 contra	 as	 atrocidades	 movidas	 por
Hitler.
im	da	 II	Guerra	Mundial	e	o	de	Adolf	Hitler	não	poderiam	ter
sido	mais	tristes	do	que	conforme	o	dito	em	recentes	trabalhos	publicados,
como	No	Bunker	de	Hitler,	de	Joachim	Fest,	ou	o	visto	no	 ilme	A	Queda	-	as
Ultimas	 Horas	 de	 Hitler	 (em	 DVD	 pela	 Europa	 Filmes).	 Longe	 de	 querer
provocar	qualquer	 tipo	de	empatia	pela	morte	do	tirano	mais	sanguinário
da	História	 mundial,	 estes	 trabalhos	 retrataram	 a	 realidade	 de	 um	 líder
político	 que	 conheceu	 o	 auge	de	 seu	 poder	 para	 terminar	 sozinho	 e
abandonado	por	seus	colegas.	Mas	o	pior	é	quando	veri icamos	que,	 além
de	 ter	adotado	o	suicídio	como	solução	para	escapar	da	derrota	 iminente,
Hitler,	 mesmo	 na	 morte,	 in luenciou	 seus	 seguidores,	 que	 logo	 izeram	 o
mesmo	 para	 se	 juntar	 a	 seu	 Führer,	 a	 ponto	 de	 a	 esposa	 do	ministro	 da
propaganda,	 Magda	Goebbels,	 matar	 seus	 seis	 ilhos	 porque	 não	 queria
que	 eles	 "vivessem	 num	 mundo	 sem	 o	 nazismo".	Como	 tudo	 isso
aconteceu?	 Lembremos	 que	 a	 situação	 de	 Hitler	 na	 guerra	 se	 voltou
rapidamente	 contra	 ele,	 quase	que	 exclusivamente	devido	 à	 sua	 teimosia.
Tão	 rapidamente	 quanto	 conquistou	territórios,	 ele	 terminou	 por	 perdê-
los,	 como	 a	 libertação	 da	 França	 pelas	 tropas	 aliadas.	 E	 também	 não
podemos	 esquecer	 que	 os	 russos	 avançavam	rapidamente	 em	 direção	 a
Berlim,	 numa	 ofensiva	dupla	 que	 logo	 desorientou	 não	 só	 Hitler,	 como
também	seus	 generais	 que	não	 sabiam	o	que	 fazer.	 Vamos	 recapitular	os
acontecimentos	 que	 levaram	a	 esse	 trágico	 desfecho.	 Como	 já	 foi	 dito,
formaram-se	 dois	 frontes	 para	 enfrentar	 os	 nazistas:	 o	 oriental,	 onde	 as
tropas	 russas	 avançavam,	 e	 o	ocidental,	 com	 o	 desembarque	 na
Normandia.	As	forças	anglo-americanas	iniciaram	uma	operação,	 chamada
de	 Tocha,	 sob	 o	 comando	 do	 general	 Dwight	 Eisenhower,	 cujo	 ponto	 de
desembarque	foram	dois	países:	o	Marrocos	e	a	Argélia.	As	forças	italianas,
junto	aos	chamados	africakorps	(conjunto	das	forças	da	Alemanha	na	Líbia
durante	a	Campanha	do	Norte	da	África	na	II	Guerra	Mundial,	 formado	em
1941),	 estavam	 com	duas	 frentes	 de	batalha,	porém,	 a	 superioridade	das
forças	 aliadas	 logo	 se	 fez	 sentir	 e	 o	 Eixo	 começou	 a	 perder	 terre	 no.
Apavorados,	 os	 alemães	 ainda	 tentaram	 enviar	 reforços	 para	 a	 Tunísia,
mas	 logo	 aconteceu	 a	 capitulação	 naquela	 região,	 em	 maio	 de	 1943,
quando	252	mil	soldados	alemães	e	italianos	renderam-se.	 Em	apenas	seis
meses,	 o	 Eixo	 perdia	 o	 controle	 do	 Mediterrâneo,	 fator	 importante	 para
abrir	as	portas	para	uma	invasão	da	Itália.
No	 verão	 daquele	 ano,	 os	 aliados	 invadiram	 a	 Sicília,	 ilha	 de	 grande
importância	 estratégica.	 O	 marechal	 de	 campo	 Bernard	 Montgomery	 e	 o
general	George	 S.	 Patton	 che iaram	 as	 forças	 conjuntas	 que	 ocuparam
principais	 cidades	 da	 ilha	 (entre	elas	 Tarento,	 Palermo	 e	Messina).	 Foi	 a
queda	 da	Sicília	 que	 provocou	 o	 desprestígio	 de	 Mussolini,	 que,	 como	 já
citamos,	foi	destituído	pelo	Grande	Conselho	Fascista.
O	governo	constituído	após	a	queda	de	Mussolini,	comandado	pelo	general
Pietro	Badoglio,	 inicia	conversações	secretas	com	os	aliados	para	retirar	a
Itália	do	con lito	e	o	armistício	 inal	é	assinado	em	setembro	daquele	ano,	o
que,	sem	dúvida,	foi	um	golpe	e	tanto	na	máquina	estratégica	de	Hitler.
O	 Führer,	 temendo	 perder	 terreno,	 ordenou	 a	 Operação	 Eixo,	 na	 qual	 as
principais	 cidades	da	Itália	deveriam	ser	ocupadas	e	os	soldados	 italianos
desarmados	 e	 aprisionados.	 Neste	 momento,	Mussolini	 é	 resgatado	 pelos
alemães	e	 forma	a	República	de	Saló,	supostamente	sob	seu	controle,	mas
na	verdade	governada	pelas	SS.
Quando	o	ano	de	1944	começou,	a	resistência	dos	alemães	torna	o	avanço
aliado	lento	e	doloroso.	Somente	depois	do	período	entre	fevereiro	e	maio,
quando	 acontece	 a	 rendição	 alemã	 em	 Monte	Cassino,	 é	 que	 os	 aliados
ocuparam	 toda	 a	 Itália	Central,	 incluindo	 cidades	 como	 Roma,	 Pisa	 e
Florença.	 Os	 alemães,	 encurralados	 na	 "linha	 gótica"	 (uma	 faixa	 da	 Itália
que	 vai	 de	 Spezia,	 no	 mar	 Ligúrico,	 até	 Rimini,	 no	 mar	 Adriático,	 e	 que
corta	o	país	de	oeste	a	 leste),	resistiriam	por	mais	um	ano	e	renderiam-se
em	abril	de	1945.
Mussolini	 foi	 capturado	 e	 fuzilado	 por	 forças	 guerrilheiras	 nessa	 mesma
época,	 quando	 tencionava	 ir	 para	 o	 exílio	 na	 Suíça.	 Este	 fato,
aparentemente	sem	 importância,	é	o	que	 fez	com	que	Hi	 tler	 se	decidisse
pelo	 suicídio	 e	 pelos	 "cuidados"	que	 decretou	 que	 seus	 seguidores
tivessem	com	seus	restos	mortais.
O	DESEMBARQUE	NA	NORMANDIA
Stalin	 insistia,	 desde	 1942,	 com	 os	 aliados	 para	 que	fosse	 aberto	 um
segundo	 front	 de	 batalha	 no	 ocidente,	 já	 que	 os	 soldados	 soviéticos
passavam	por	maus	momentos	quando	enfrentavam	as	divisões	 invasoras
na	 Europa	 oriental	 (266	 no	 total,	 sendo	 193	 alemãs).	Tanto	 americanos
quanto	 britânicos	 lembravam	 que,	para	 uma	 operação	 desse	 porte,	 era
necessário	um	longo	período	de	preparação,	justamente	para	ultrapassar	a
chamada	"Fortaleza	do	Atlântico",	um	conjunto	de	forti icações	construídas
pelos	 alemães	 no	litoral	 da	 Bélgica	 e	 da	 França	 que	 tinha	 por	 objetivo
garantir	a	tranquilidade	das	tropas	nazistas	que	combatiam	na	Rússia.
Em	meados	de	1944,	os	 aliados	 começaram	a	Operação	Overlord,	usando
uma	frota	com	mais	de	três	mil	barcos	que	transportavam	350	mil	homens.
O	batalhão	partiu	das	costas	do	sul	da	Inglaterra	com	destino	à	Normandia,
o	que	confundiu	os	nazistas,	que	esperavam	um	ataque	na	região	de	Calais.
Após	as	di iculdades	 iniciais	do	desembarque,	as	 tropas	 anglo-americanas
logo	 formaram	 uma	 força	 sólida	 baseada	 no	 litoral	 francês,	 sendo	 que	 os
portos	 da	região	 dominados	 e	 os	 alemães	 começaram	 a	 recuar.	 Em
seguida,	começou	a	ofensiva	sobre	Paris.
Foi	 nessa	 época	 que	 o	 atentado	 contar	 Hitler	 de	 20	de	 julho	 de	 1944
aconteceu.	 Como	 vimos	no	 capítulo	 anterior,	 em	 vez	 de	 desistir,	 o	 Führer
sentiu-se	renovado	 por	 esse	 episódio	 e	 disposto	 a	 continuar	 lutando	 por
seus	objetivos.
Paris	 foi	 inalmente	 libertada	 em	 setembro	 de	1944,	 quando	 norte-
americanos,	 britânicos	 e	 franceses	 livres,	 acompanhados	 pelo	 general
Charles	de	 Gaulle,	 entraram	 triunfantes	 na	 cidade.	 A	 França	 estava
completamente	 liberta	até	o	 im	do	ano,	o	que	não	 impediu	os	alemães	de
tentarem	uma	operação	contra-ofensiva	em	Arderias,	região	de	coli
nas	 montanhosas	 partilhada	 principalmente	 pela	Bélgica	 e	 por
Luxemburgo,	 com	 uma	 parte	 francesa.	 Os	 nazistas	 aproveitaram	 o	 mau
tempo	 para	neutralizar	 a	 superioridade	 aérea	 dos	 aliados	 que,	 embora
tivessem	mesmo	sido	pegos	de	surpresa,	rapidamente	se	recompuseram	e
atacaram.	Como	resultado,	as	divisões	panzers	foram	liquidadas.
No	 inal	de	1944	teria	início	a	invasão	da	Alemanha,	com	as	forças	aliadas
divididas	em	três	blocos	principais:	os	britânicos	iriam	para	o	norte	do	país
e	 isolariam	as	 tropas	nazistas	na	Holanda;	os	norte-americanos	rumariam
para	o	 sul,	 onde	 fariam	ligação	 com	os	 soviéticos	no	Elba;	 e	uma	 segunda
frente	 americana,	 liderada	 pelo	 general	 Ornar	 Nelson	 Bradley,	 seguiria
para	a	região	do	Ruhr,	considerada	o	coração	industrial	do	III	Reich.
O	CERCO
Durante	 1942,	 houve	 uma	 série	 de	 vitórias	militares,	 quando	 os	 alemães
perderam	 suas	 energias	 e	 não	 tiveram	 alternativa	 senão	 abrir	 mão	 de
certas	regiões	ocupadas.	E	a	contra-ofensiva	russa	foi	violenta	e	maciça,	em
grande	parte	graças	aos	equipamentos	de	que	dispunham,	superiores	aos
usados	pelos	 alemães.	 Gradualmente,	 estes	 foram	 empurrados	 de	 voltapara	 suas	 fronteiras.	 Logo,	 até	 os	 alemães	que	ocupavam	a	Criméia	 (uma
península	que	é	hoje	uma	república	autônoma	da	Ucrânia,	situada	na	costa
setentrional	do	Mar	Negro)	ficaram	isolados	e	tiveram	de	se	render.
A	 Batalha	 de	 Stalingrado,	 que	 provocou	 a	 primeira	 derrota	 dos	 nazistas,
deu	 muita	 esperança	 para	 os	 exércitos	 soviéticos,	 apesar	 de	 ser
considerada	 a	 batalha	 mais	 sangrenta	 da	 História	 da	 humanidade,	 com
mais	mortes	no	total	do	que	qualquer	outro	combate	anterior	ou	posterior.
Foi	marcada	pela	 brutalidade	e	pelo	desrespeito	por	civis	em	ambos	lados
e	incluiu	o	ataque	alemão	a	Stalingrado	(hoje	Volgogrado),	o	enfretamento
de	 forças	 dentro	 da	 cidade	 e	 a	 contra-ofensiva	 soviética	 que	 destruiu	 as
forças	alemãs	dentro	e	fora	dela.	O	total	de	baixas	é	 estimado	em	cerca	de
dois	milhões	de	pessoas,	entre	tropas	e	civis.
A	maior	derrota	alemã	pelas	mãos	russas	aconteceu	mesmo	entre	 julho	e
agosto	 de	 1943,	 quando	foram	 registradas	 as	 presenças	 de	 cerca	 de	 seis
mil	blindados	 e	 quatro	 mil	 aviões	 durante	 a	 chamada	 Batalha	 de	 Kursk,
considerada	a	maior	batalha	de	blindados	de	todos	tempos	e	a	que	inclui	o
maior
custo	de	perdas	 aéreas	 em	um	 só	dia.	Nunca	mais	 as	Wehrmacht	 (forças
armadas	alemãs	do	III	Reich)	recuperaram-se.
O	quadro	a	seguir	mostra	um	comparativo	dos	dados	dessas	duas	batalhas
citadas:
Fonte:	Wikipédia.
O	con lito	de	Leningrado	 (atualmente	São	Petersburgo)	é	 considerado	até
hoje	um	dos	piores	de	toda	a	II	Guerra	Mundial.	Sua	população	foi	cercada
e	 isolada	do	 resto	 do	 país	 por	 900	 dias.	 Dos	 seus	 três	 milhões	 de
habitantes	 registrados	 até	 1941,	 estima-se	 que	 um	 terço	 tenha	 morrido
por	 consequência	 de	 bombas	 e	fome.	 Foi	 um	 dos	 maiores	 e	 mais
prolongados	 cercos	 que	 uma	 cidade	 moderna	 já	 enfrentou	 desde	 os
tempos	medievais.	O	jornalista	Harrison	Salisbury,	correspondente	do	New
York	 Times,	 em	Moscou,	 durante	 a	 II	 Guerra	 Mundial,	 descreveu	 que	 os
alemães	"conseguiram	 destruir	 as	 reservas	 de	 alimento"	 e	 que	 "pessoas
debilitadas	pela	falta	de	proteínas	simplesmente	morriam	no	trajeto	para	o
trabalho,	nos	bancos	das	praças,	nos	escritórios	ou	em	suas	habitações.	 Foi
preciso	 esperar	 mais	 de	 seis	 meses	 para	 poder	 evacuar	 parte	 da
população,	 aproveitando	 o	 congelamento	 do	 Lago	 Ladoga,	 única	 via	 de
ligação	 existente	 com	 a	 parte	 russa	 não	 ocupada	 pelos	 invasores".	A
população	 que	 restou	 aguentou	 até	 a	 libertação	 da	 cidade,	 mas	 anos
depois,	nos	julgamentos
de	Nurenbergh,	 falava-se	de	um	total	de	632	mil	mortos,	enquanto	outras
fontes	aumentavam	esse	número	para	pelo	menos	900	mil.
OS	RUSSOS	CHEGAM	À	ALEMANHA
Quando	o	ano	de	1944	começou,	os	soviéticos	conseguiram	 fazer	grandes
avanços.	 Minsk,	 capital	 da	Bielo-Rússia	 e	 hoje	 sede	 da	 Comunidade	 de
Estados	 Independentes,	 viu	 na	 época	 o	 im	 de	 25	 divisões	 alemães.	 Em
agosto,	 estavam	 próximos	 de	Varsóvia,	 na	 Polônia,	 o	 que	 só	 aumentava	 o
desejo	 de	 Stalin	 de	 obter	 domínio	 sobre	 aquele	 país.	Dois	 meses	 depois,
pisavam	 pela	 primeira	 vez	 em	solo	 alemão	 e	 a	 Prússia	 Oriental	 foi
conquistada.	Durante	o	 inverno,	os	soviéticos	esperaram	as	tropas	aliadas
tomarem	 posição	 no	 resto	 do	 país	 e	 começaram	 a	 planejar	 sua	 ofensiva
sobre	 Berlim.	Estima-se	 que	 somente	 para	 essa	 ofensiva	 foram
concentrados	cerca	de	dois	milhões	e	meio	de	soldados,	6.250	blindados	e
7.500	aviões.
Quando	o	dia	16	de	abril	de	1945	chegou,	o	exército	 soviético	começou	seu
avanço	 inal.	Stalin	tinha	pressa	na	captura	da	cidade	que	queria	oferecer
como	marco	para	o	povo	de	seu	país	e	no	fim	da	guerra.
Os	 nazistas	 acompanharam	 o	 desenrolar	 dos	 soviéticos	 com	 atenção	 e
repreensão.	A	grande	quantidade	 de	mortes	que	se	seguiu	ao	atentado	de
20	 de	 julho	de	1944	deixou	 todos,	 civis	 e	militares,	 com	grande	 receio	 de
que	o	Führer	estivesse	perdendo	o	controle	da	situação,	o	que	só	piorava
com	os	 avanços	do	inimigo.	Quando	os	 russos	 começaram	a	pisar	 em	solo
alemão,	Hitler	ordenou	a	mobilização	geral	da	 população	e	convocou	todos
os	homens	 aptos	 entre	os	16	e	60	anos.	Estas	 eram	as	 chamadas	milícias
populares	(Deutscher	Volksturn),	que	podem	ser	vistas	 no	 ilme	A	Queda	-
as	últimas	Horas	de	Hitler.
A	 indústria	 alemã	 continuava	 a	 produzir	 a	 todo	vapor,	 apesar	 dos
bombardeios	 aliados	 constantes.	Porém,	 o	 que	 lhes	 faltava	 mesmo	 era
combustível	e	homens	que	se	qualificassem	para	usar	o	material	bélico.	E	o
maior	 medo	 alemão	 era	 que	 sofressem	 represálias	 russas	 pelo	 o	 que
aconteceu	com	os	civis	soviéticos.
Em	 ins	 de	 abril,	 os	 russos	 chegaram	 a	 Berlim.	 Hitler	 escreveu	 seu
testamento	político	e	indicou	o	almirante	Doenitz	para	Presidente	do	Reich
e	 Joseph	Goebbels	 para	 Chanceler.	 Começaram	 assim	 os	 últimos	 dias	 do
ditador	da	Alemanha.
Lembremos	 de	 que	 os	 russos	 também	 provocaram	 uma	 situação	 di ícil
para	 a	 parte	 da	 Alemanha	 que	 icou	 conhecida	 como	 Alemanha	 Oriental
por	 um	bom	 tempo.	 Apesar	 de	 ter	 icado	 com	 a	 parte	 menos	 rica	 da
Alemanha,	 a	 URSS	 em	 compensação	 ganhou	 boa	 parcela	 da	 Polônia	 e	 da
Prússia	Oriental	e	acabou	de	vez	com	o	chamado	corredor	polonês,	a	 faixa
de	 terra	 que	 separava	 a	 Alemanha	 da	 Prússia.	 O	 resultado	 desta	 nova
configuração	foi	a	perda	de	22%	do	território	polonês	para	os	russos.
Assim,	o	sonho	nazista	de	uma	grande	Alemanha	com	mais	de	200	milhões
de	habitantes	 foi	 reduzido	a	uma	perda	maciça	de	territórios	e	ocupações
em
grande	 escala.	 A	 Alemanha	 saiu	 do	 con lito	 menor	do	 que	 entrou	 e
dividida,	 inicialmente,	em	quatro	zonas	para	depois	 se	con igurar	em	dois
países.
0	FIM	DE	HITLER
Em	20	de	abril,	o	Führer	completou	56	anos,	sendo	 este	o	ponto	no	qual	a
história	 de	 A	 Queda	 começa.	Naquele	 dia,	 depois	 de	 ser	 cumprimentado
por	 todos	 os	 presentes,	 reuniu-se	 com	 seus	 homens	 para	 analisar	 o
andamento	da	guerra.	Seus	 iéis	seguidores	já	sabiam	que	a	guerra	estava
perdida	para	 eles	e	insistiram	para	que	Hitler	deixasse	a	cidade	 atacada	e
se	 refugiasse	 em	 Berchtesgaden.	 O	 ditador	 não	 só	 recusou	 a	 ideia,	 como
também	acalentava	seriamente	a	hipótese	de	que	o	con lito	ainda	poderia
ser	vencido	por	suas	tropas.
Goebbels	 ainda	 tentou	 animá-lo	 com	 a	 notícia	 da	morte	 do	 presidente
americano	Rooselvelt:
Meu	 Führer,	meus	 parabéns.FranklinRooseveltestá	 morto.	 Está	 escrito
nas	estrelas	que	a	segunda	metade	de	abril	será	o	momento	da	virada
para	nós.
Hitler,	 sempre	 dado	 a	 "viradas	 do	 destino",	 viu	 o	 fato	 como	 um	 sinal	 de
esperança	 e	 começou	 a	 acreditar	 que	 dois	 exércitos	 alemães	 poderiam
libertar	Berlim	 e	 dar	 uma	 virada	 a	 seu	 favor,	 como	 a	 Batalha	 de
Stalingrado	favoreceu	os	russos.	Porém,	seus	 seguidores	sabiam	que	esses
exércitos	 só	 existiam	 na	 cabeça	 dele.	 Convencido	 a inal,	 proibiu	 que	 se
falasse	em	derrota.
Os	presentes	sabiam	que	Hitler	estava	com	a	saúde	debilitada.	O	 coquetel
de	substâncias	que	ele	tomava	diariamente	desde	antes	do	atentado	de	20
de	julho	de	1944	já	era	um	sinal	terrível	de	que	algo	ia	errado,	mas	depois
que	a	bomba	plantada	pelos	conspiradores	explodiu,	piorou.	Desde	então,
não	andava	 ereto	 e	 tinha	 tremores	 nos	 braços	 e	 nas	 pernas	 que	 hoje
podem	 ser	 reconhecidos	 como	 início	do	 Mal	 de	 Parkinson.	 No	 ilme	 A
Queda,	 pode-se	ver	o	 ator	Bruno	Ganz	no	papel	de	Hitler	 reproduzindo	o
andar	e	o	tremor	que	o	personagem	real	apresentava	no	lado	esquerdo	do
corpo,	justamente	o	afetado	pela	explosão	do	atentado.
Pelo	 tempo	 que	 passara	 no	 bunker,	 estava	 pálido	 e	 seu	 olhar,	 antes
vibrante,	 perdera	 sua	 força.	 Estava	 muito	 abatido	 e	 recorria
constantemente	 a	injeções	 de	 estimulantes.	 A	 situação	 foi	 piorando	cada
vez	 mais	 com	 as	 constantes	 notícias	 de	 derrotas	 e	 deserções	 de	 seus
generais,	 mas	 o	 golpe	 que	ele	 mais	 sentiu	 foi	 quando	 soubeque	 seu
protegido	Heinrich	Himmler	havia	aberto	negociações	de	paz	em	nome	do
Reich	 com	 o	 conde	 sueco	 Folke	Bernadotte.	 Aos	 gritos,	 declarou	Himmler
um	 traidor,	 o	 qual	 deveria	 ser	 condenado	 à	 morte.	 Como	 o	 chefe	 das	 SS
estava	 longe,	 quem	 terminou	 por	 ser	executado	 foi	 um	 auxiliar	 deste,
Hermann	Fegelein,	que	era	casado	com	uma	irmã	de	Eva	Braun,	 a	amante
de	Hitler	que	permaneceu	com	ele	todo	o	tempo	no	buuker.
Eva	 conhecera	 Hitler	 quando	 trabalhava	 como	 ajudante	 de	 Heinrich
Hoffmann,	 um	 fotógrafo,	 em	1929.	Na	mesma	 época,	 Geli	 Raubal,	 ilha	 da
meiairmã	 de	 Hitler,	 é	 encontrada	 morta,	 um	 fato	 que	 esconde	 muita
suspeita	até	hoje	sobre	as	relações	desta	 com	seu	tio.	Especula-se	que	Geli
teria	se	matado	por	ciúme	de	Eva,	por	estar	grávida	de	Hitler	ou	que	tenha
sido	morta	por	Himmler.	O	fato	é	que,	logo	após	 este	episódio,	Eva	e	Hitler
passaram	a	se	encontrar	 com	mais	frequência.	O	Führer	deu-lhe	uma	casa
e	um	carro	 com	chofer	depois	que	Eva	 se	 recuperou	de	 uma	 tentativa	de
suicídio,	entre	1932	e	1935.
A	relação	dos	dois	era	mantida	em	segredo	pelos	 nazistas,	 sob	a	alegação
de	 que	 o	 Führer,	 pela	 importância	 de	 seu	 cargo,	 não	 poderia	 ter
preocupações	de	um	homem	normal.	Como	Eva	era	vista	muito	pouco	em
público,	a	tarefa	era	fácil	e	muitos	 partidários	nazistas	só	souberam	que	os
dois	foram	casados	quando	do	final	da	II	Guerra	Mundial.
Aparentemente,	Eva	sempre	quis	se	casar,	mas	 quando	perguntava	 isso	a
Hitler,	 ele	 respondia:	 "Tenho	 de	 me	 preocupar	 com	 os	 interesses	 do
Estado".	 Há	 registros	 de	 que	 Hitler	 a	 tratava	 com	 certo	 escárnio,	 como	 a
vez	 em	 que	 disse	 que	 "um	homem	 extraordinariamente	 inteligente	 tinha
de	ter	uma	mulher	burra	e	primitiva".
Eva	 nunca	 se	 imiscuía	 nos	 assuntos	 da	 política.	 Segundo	 Albert	 Speer,
arquiteto	 do	 Reich	 e	 Ministro	 do	 Armamento,	 ela	 sabia	 apenas	 de
manobras	 militares	 ligadas	 ao	 Holocausto	 e	 à	 "Solução	 Final"	 que	 Hitler
impusera	 aos	 judeus.	 Ela	 interessava-se	 por	 fotogra ia,	 sendo	a	autora	de
muitas	 fotos	 e	 ilmes	 de	 seu	 marido.	 Ela	 teria	 mesmo	 declarado:	"Pobre,
pobre	Adolf.	Abandonado	por	todos,	traído	por	todos".
Mesmo	 assim,	 não	 conseguiu	 salvar	 seu	 cunhado	 quando	 foi	 decretada	 a
execução	 de	 Fegelein,	 como	 retratado	 em	 A	 Queda,	 submetendo-se	 à
vontade	absoluta	de	um	Führer	decadente.
Foi	depois	da	suposta	traição	de	Himmler	que	Hitler	 anunciou	sua	decisão
de	 cometer	 suicídio	 por	 duas	razões	 principais:	 a	 primeira	 era	 que	 não
queria	ser	capturado	vivo	pelos	aliados	e	a	segunda	era	que	não	queria	ter
o	 mesmo	 destino	 de	 Mussolini.	 Além	disso,	 também	 temia	 que	 seu	 corpo
fosse	 exibido	como	 troféu	 de	 guerra	 pelos	 russos.	 Assim,	 tomou
providências	para	que	o	suicídio	acontecesse	logo	 após	que	sua	união	com
Eva	Braun	se	oficializasse.
Depois	 disso,	 falou	 a	 quem	 estava	 no	 bunkerque	 poderiam	 partir	 a
qualquer	 momento.	 Goebbels	 e	 outros	 decidiram	 icar.	 Hitler	 distribuiu
ampolas	 de	cianureto	 para	 os	 que	 icaram	 e	 foi	 se	 casar.	 Poucos
entenderam	 por	 que	 fazia	 questão	 de	 se	 casar,	 naquela	 altura,	 com	 uma
mulher	com	a	qual	passara	16	anos	sem	se	preocupar	com	esse	detalhe.
Logo	após	o	casamento,	Hitler	chamou	uma	de	suas	secretárias	para	ditar
seu	 testamento	 pessoal	seguido	 do	 político.	 Foram	 feitas	 três	 cópias	 do
documento	e	mandadas	para	a	sede	do	partido	e	para	mais	dois	 generais
que	ainda	estavam	no	comando	da	"resistência".
No	 dia	 30	 de	 abril,	 Hitler	 e	 Eva	 almoçaram	 e	 depois	 se	 despediram	 dos
presentes	 no	 bunker.	 Recolheram-se	 para	 o	 quarto	 dele	 onde	 alguns
minutos	depois	das	15h30min	um	disparo	de	pistola	 foi	ouvido.	O	Führer
estava	 no	 sofá	 com	 a	 cabeça	 estourada	 enquanto	 Eva	 havia	 tomado
cianureto.	 Ele	também	 tinha	 uma	 cápsula,	 mas	 "preferiu	 morrer	 com	 a
honra	dos	militares",	segundo	a	análise	de	alguns	historiadores.
Depois	de	verem	que	o	fato	havia	se	consumado,	o	criado	de	quarto	e	mais
alguns	presentes	 levaram	os	 corpos,	envoltos	em	cobertores,	para	fora	do
bunker,	 onde	 foram	 queimados	 com	 170	 litros	 de	 gasolina	 recolhidos	 de
carros	 abandonados	nas	 ruas.	Quando	as	 chamas	 inalmente	 cederam,	os
restos	de	ambos	foram	enterrados	nos	jardins	da	Chancelaria.
Goebbels,	 que	 agora	 era	 o	 Chanceler,	 enviou	 mensagem	 comunicando	 a
morte	do	Führer	e	depois	 cometeu	um	dos	atos	mais	chocantes	da	história
nazista:	 ele	 e	 Magda,	 sua	 esposa,	 eram	 nazistas	 iéis	 a	Hitler	 e	 haviam
levado	seus	seis	filhos	para	o	bunker	justamente	para	tê-los	por	perto.
Erna	 Flegel,	 enfermeira	 da	 Cruz	 Vermelha	 na	 Clínica	 Universitária	 de
Berlim,	 era	 a	 responsável	 por	 tratar	 dos	 integrantes	 dos	 altos	 escalões
nazistas.	Numa	entrevista	publicada	em	2005	pelo	 jornal	alemão	 Berliner
Zeitung,	 a	 enfermeira,	 com	 93	 anos,	 lembrou	 desse	 terrível	 episódio	 no
qual	 Hitler,	 que	 de iniu	 como	um	homem	que	 "não	precisava	de	cuidados
especiais"	 e	 que	 "havia	 envelhecido	muito	 nos	 últimos	 dias,	 uma	 vez	 que
seu	 lado	 direito	estava	 debilitado,	 devido	 ao	 atentado	 que	 sofreu".	Sobre
Eva	 Braun,	 ela	 a	 quali icou	 como	 "uma	 jovem	insigni icante"	 e	 que	 seu
casamento	foi	"um	sinal	de	declínio	do	111	Reich".
Mas	 foi	quando	se	 lembrou	do	casal	Goebbels	e	dos	 ilhos	deles	que	Erna
mais	 se	 emocionou.	 Diz	o	 artigo	 do	 site	 da	 Deutche	Welle	 em	 português
(http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1572	684,00.html)	:
A	enfermeira	também	se	referiu	na	entrevista	ao	 suicídio	posterior	dos
altos	 dirigentes	 do	 regime,	em	 especial	 ao	 da	 família	 de	 foseph
Goebbels,	 Ministro	 da	 Propaganda	 nazista	 que	 herdou	 o	 comando	 do
Reich	após	a	morte	de	Hitler.	Erna	dis
se	que	tentou	em	vão	salvar	a	vida	dos	seis	 ilhos	de	Goebbels,	que	tinham
entre	quatro	e	12	anos	de	idade.
Magda	 Goebbels	 não	 lhe	 deu	 a	 oportunidade	 de	salvar	 as	 crianças,	 e
elas	morreram	 no	 bunker.	 "Eu	 pertenço	 ao	meu	marido	 e	meus	 ilhos
pertencem	a	mim",	teria	argumentado	a	esposa	de	Goebbels	antes	de	a
enfermeira	tentar	levar	pelo	menos	dois	dos	filhos	embora	de	Berlim.
Erna	 presenciou	 o	 inal	 do	 suicídio	 da	 família	 e,	segundo	 ela,	 foi	 o
dentista	 Helmut	 Kunz	 que	 deu	veneno	 às	 crianças.	 Depois	 o	 casal	 se
matou.
O	 suicídio	 coletivo	 no	 bunker	 acabou	 em	 rajadas	de	 uns	 contra	 os
outros.	 Quando	 tudo	 estava	 perdido,	 o	 grupo	 de	 o iciais	 da	 SS	 que
continuava	vivo	 tentou	 escapar.	 Erna,	 porém,	 permaneceu	 no	 bunker
com	 outras	 pessoas,	 esperando	 a	 chegada	 dos	 russos	 e	 cuidando
deferidos.
Quando	 os	 russos	 inalmente	 chegaram	 ao	 bunker,	 em	 1°	 de	 maio,
encontraram	os	corpos	de	Hitler	e	Eva	Braun	queimados.	Foram	eles	quem
avistaram	 os	 restos	 humanos	 e	 foram	 principais	 testemunhas	 e	 podiam
montar	o	cenário	inicial	sobre	o	que	acontecera	por	lá.	Em	23	de	maio,	um
médico	informou	que	a	autópsia	revelara	ser	mesmo	o	cadáver	de	Hitler	e
que	 fora	 identi icado	 por	 meio	da	 cápsula	 de	 cianureto	 encontrada	 no
crânio.	Os	russos	logo	começaram	a	veicular	a	informação	de	que	Hitler	se
envenenara,	 quase	 um	 sinônimo	de	uma	morte	 covarde.	Mas	britânicos	 e
norte-americanos	 que	 também	 tiveram	 acesso	 ao	 material	colhido,
concluíram	 que	 o	 Führer	 havia	 mesmo	 se	 matado	 com	 um	 tiro.	 Assim
terminou	o	pesadelo	nazista	na	Alemanha.
Os	 demais	 líderes	 nazistas	 seriam	 presos	 e	 julgados	 pelo	 Tribunal	 de
Nuremberg.
modo	confuso	como	o	 im	do	III	Reich	chegou	está	presente	nos
depoimentos	que	 foram	dados	por	aqueles	que	passaram	com	Hitler	seus
últimos	dias.	Soma-se	a	isto	o	fato	de	que,	quando	os	russos	chegaram	por
im	 a	Berlim,	 estavam	 sedentos	 de	 sangue	 e	 loucos	 por	uma	 vingança
contra	 as	 atrocidades	 nazistas	 cometidas	 contra	 seu	 povo.	 E	 Stalin,	 o
"homem	 de	 aço",	como	 era	 conhecido	 por	 seus	 próprios	 soldados,	 estava
mesmo	desesperado

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