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CAPITULO I Nós vitorianos - FOUCAULT ( História da sexualidade)

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FOUCAULT, M. Nós, vitorianos. In: ________. História da sexualidade I: A
vontade de saber, tradução: Maria Thereza da Costa Albuquerque ; J. A. Guilhon
Albuquerque.13 ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988, p. 9- 18.
O autor intitula o capítulo de
"nós, vitorianos", época conhecida
pela sua sexualidade contida e muda,
e seus efeitos se alastram para além
do período de tempo que durou. A
história afirma que ainda no início do
século XVII a sexualidade ainda era
uma prática livre, não procurava
escondê-la, ficava além das paredes
do quarto do casal, era assunto nas
conversas sem um cuidado excessivo
das palavras e de quem estaria
presente.
Do século XVII ao XIX, muita
coisa mudou em relação ao sexo,
aumentou-se os códigos de condutas
sobre essa prática, que fica restrita ao
quarto do casal legítimo, com a função
de procriar, com o modelo que o torna
um segredo, "o decoro das atitudes
esconde os corpos, a decência das
palavras limpa os discursos" (pg. 08).
Tudo que não é norma parece deixar
de existir, devido ao silêncio no
domínio público sobre essas práticas,
quando aparecem nesses espaços é
considerado anormal e faz-se de tudo
para que volte a desaparecer, caso
não consiga, o silêncio traz uma falsa
ideia de inexistência. As sexualidades
periféricas ficaram no espaço do lucro,
no qual nesses espaços o sexo
selvagem, autorizado em surdina e
através de discursos clandestinos,
codificados e fora deles se mantinha
"o puritanismo moderno teria imposto
seu tríplice decreto de interdição,
inexistência e mutismo" (pg. 09).
Foucault aponta que desde a
época clássica existe uma relação
entre poder, saber e sexualidade. Um
ponto interessante do texto é a crítica
à hipótese repressiva, no qual
evidencia que não foi tão simples
como parece, a sociedade não
reprimiu as sexualidades periféricas de
maneira simples, essa repressão tem
brechas, conciliação e relação com o
que oprime. A sexualidade não foi
somente reprimida, mas também
dominada, negociada e enfatizada no
discurso a partir da época burguesa,
"o anunciado da opressão e a forma
de pregação referem-se mutuamente,
reforçam-se reciprocamente" (pg. 12),
ou seja a repressão e a ênfase
discursiva sexual se retroalimentam e
é isso que o texto foca, em como a
sociedade fala detalhadamente sobre
seu silêncio e promete um futuro livre
das leis que a fazem ser o que ela é.
As contra-hipóteses sobre a
hipótese repressiva que Foucault
levanta não negam a repressão sexual
nas sociedades capitalistas e
burguesas, mas tem o objetivo de
determinar seu funcionamento e as
razões pelas quais o regime do poder
sustenta o discurso sobre a
sexualidade humana, considerando a
forma que se fala, quem fala, os
lugares e os pontos de vistas de que
se fala resumindo o fato discursivo,
para entender as técnicas polimorfas
do poder, como o próprio autor
escreve “ não digo que a interdição do
sexo é uma ilusão; e sim que a ilusão
está em fazer dessa interdição o
elemento fundamental e constituinte a
partir do qual se poderia escrever a
história do que foi dito do sexo a partir
da Idade Moderna” (p. 16)
Os exemplos que Foucault traz
confirma que a partir do fim do século
XVI, o sexo foi posto no discurso, foi
submetido a mecanismos crescente de
incitação, no qual o saber não foi
parado pelo tabu, que inclui a
constituição ciência da sexualidade."
Esse tema é tão extenso e
complexo,com aspectos históricos,
teóricos e políticos.

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