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Cultura e Governança Corporativa Créditos Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância Diretor Regional Luiz Francisco de Assis Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Reitor Sidney Zaganin Latorre Diretor de Graduação Eduardo Mazzaferro Ehlers Diretor de Pós-Graduação e Extensão Daniel Garcia Correa Gerentes de Desenvolvimento Claudio Luiz de Souza Silva Luciana Bon Duarte Roland Anton Zottele Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas Coordenadora de Desenvolvimento Tecnologias Aplicadas à Educação Regina Helena Ribeiro Coordenador de Operação Educação a Distância Alcir Vilela Junior Professora Autora Elizângela de Jesus Oliveira Revisor Técnico Antonio Palmeira de Araujo Técnica de Desenvolvimento Elizabeth Ribeiro Coordenadoras Pedagógicas Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Nivia Pereira Maseri de Moraes Otacília da Paz Pereira Equipe de Design Educacional Alexsandra Cristiane Santos da Silva Ana Claudia Neif Sanches Yasuraoka Angélica Lúcia Kanô Anny Frida Silva Paula Cristina Yurie Takahashi Diogo Maxwell Santos Felizardo Flaviana Neri Francisco Shoiti Tanaka Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida Hágara Rosa da Cunha Araújo Janandrea Nelci do Espirito Santo Jackeline Duarte Kodaira João Francisco Correia de Souza Juliana Quitério Lopez Salvaia Jussara Cristina Cubbo Kamila Harumi Sakurai Simões Katya Martinez Almeida Lilian Brito Santos Luciana Marcheze Miguel Mariana Valeria Gulin Melcon Mônica Maria Penalber de Menezes Mônica Rodrigues dos Santos Nathália Barros de Souza Santos Rivia Lima Garcia Sueli Brianezi Carvalho Thiago Martins Navarro Wallace Roberto Bernardo Equipe de Qualidade Ana Paula Pigossi Papalia Josivaldo Petronilo da Silva Katia Aparecida Nascimento Passos Coordenador Multimídia e Audiovisual Ricardo Regis Untem Equipe de Design Audiovisual Adriana Mitsue Matsuda Caio Souza Santos Camila Lazaresko Madrid Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo Christian Ratajczyk Puig Danilo Dos Santos Netto Hugo Naoto Takizawa Ferreira Inácio de Assis Bento Nehme Karina de Morais Vaz Bonna Marcela Burgarelli Corrente Marcio Rodrigo dos Reis Renan Ferreira Alves Renata Mendes Ribeiro Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti Thamires Lopes de Castro Vandré Luiz dos Santos Victor Giriotas Marçon William Mordoch Equipe de Design Multimídia Alexandre Lemes da Silva Cristiane Marinho de Souza Emília Correa Abreu Fernando Eduardo Castro da Silva Mayra Aoki Aniya Michel Iuiti Navarro Moreno Renan Carlos Nunes De Souza Rodrigo Benites Gonçalves da Silva Wagner Ferri Cultura e Governança Corporativa Aula 01 Conceito, Histórico e evolução da Governança Corporativa Objetivos Específicos • Conhecer, de modo básico, a Governança Corporativa (GC) e seus processos históricos e evolutivos até o uso da GC nas corporações. Temas Introdução 1 Conceito de governança corporativa 2 Introdução ao processo histórico e evolutivo da governança corporativa Considerações finais Referências Elizângela de Jesus Oliveira Professora Autora Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 3 Introdução Ao estudar o tema governança corporativa é importante entender que se trata de um assunto de grande relevância para a entrada das empresas no mercado de capitais. Tal tema pode envolver vários assuntos, por exemplo: os interesses dos acionistas de uma determinada sociedade; os interesses dos empregados; os interesses dos consumidores e incluindo até mesmo a comunidade em que se encontra inserida a companhia. Com a finalidade de contextualizar o tema governança corporativa, será apresentado nesta aula o seu conceito, bem como o seu processo histórico e evolutivo nas Corporações. 1 Conceito de governança corporativa Apesar de não apresentar uma nomenclatura própria, o conceito de governança corporativa existe há mais de cinquenta anos. Em 1960, utilizava-se a expressão governance corporate referindo-se às diretrizes que permeavam o funcionamento das sociedades. Na década de 1980, a expressão governança corporativa tornou-se comum, chegando aos Estados Unidos e difundindo-se ao Reino Unido e em outros continentes. Para a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2014), a governança corporativa é responsável pela estrutura institucional e política das corporações, o que abrange o início do empreendimento, suas estruturas de governança, direito societário, privatização, até a saída do mercado e sua insolvência. Pode-se afirmar então que a governança corporativa contribui para a integridade das corporações, instituições financeiras e mercados, tornando-se, assim, primordial para a saúde da economia do país e contribuindo para a busca de estabilidade. Assim, pode-se entender a governança corporativa como o mecanismo ou princípio em que se baseia o processo decisório dentro de uma empresa, sendo que um de seus objetivos não é a intervenção na autonomia das corporações, mas buscar equilibrar a produtividade e competitividade da empresa, por meio da execução de uma gestão transparente e responsável. Para Machado Filho (2006, p. 76), a governança corporativa busca reduzir os conflitos relacionados à delegação do poder: Em qualquer situação em que o poder de decisão é transferido ou compartilhado, surge, em maior ou menor grau, uma assimetria informacional. Em uma empresa privada ou pública, clube, associações, cooperativas, universidades, sempre existirão conflitos de interesse, derivados da delegação de algum tipo de poder. Isto é, “alguém” governa em nome de “alguém”, que delegou direitos para o exercício de poder. Na sua essência, a governança trata da minimização de assimetrias e conflitos de interesses inerentes à delegação de poder. Assim, um dos objetivos da governança corporativa é gerenciar um sistema de relações evitando o conflito de interesses entre o mandatário e um ou mais agentes. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 4 Sabia que se entende como mandatário o titular da propriedade que delega o poder para um ou mais agentes, os quais terão a responsabilidade de tomar decisões que representarão o titular da propriedade? Dessa forma, na governança corporativa, discutem-se vários temas que são desafios de interesse da cúpula das organizações, por exemplo, o próprio ambiente de governança corporativa e o processo de condução dos negócios organizacionais. De acordo com a OCDE (1999), o conceito de governança corporativa pode ser entendido como: O sistema segundo o qual as corporações de negócio são dirigidas e controladas. A estrutura da governança corporativa especifica a distribuição dos direitos e responsabilidades entre os diferentes participantes da corporação, tais como o conselho de administração, os diretores executivos, os acionistas e outros interessados, além de definir as regras e procedimentos para a tomada de decisão em relação a questões corporativas. E oferece também bases através das quais os objetivos da empresa são estabelecidos, definindo os meios para se alcançarem tais objetivos e os instrumentos para se acompanhar os desempenhos. Para o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2015), a governança corporativa constitui-se no: [...] sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo as práticas e os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de Governança Corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) foi fundado em 1995 e inicialmente buscava fortalecer a atuação dos conselhos de administração dasempresas no Brasil. Com o tempo, outras as questões surgiram relacionadas à propriedade, diretoria, conselho fiscal e auditoria independente. Para o conceito de governança corporativa, a Center for International Private Enterprise (2002) apresenta as seguintes definições consoante cada Instituição: • Universidad de Maryland (USM) conceitua a governança corporativa como o ato de compartilhar a responsabilidade da administração e tomada de decisões importantes Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 5 de uma empresa; considerando-se a potencialidade dos seus recursos humanos, a missão e capacidade financeira da corporação. • University of New South Wales School of Economics define a governança corporativa como a maneira pela qual uma empresa protege os interesses dos acionistas, bem como de outros devedores. Trata-se de uma definição mais restrita, na qual se enfatiza a proteção dos acionistas minoritários e, em um sentido mais amplo, refere-se ainda à responsabilidade da gerência, incluindo diretores face aos acionistas e devedores. • Corporate Governance Project descreve a governança corporativa como um sistema interno de uma empresa por meio do qual são estabelecidas diretrizes que têm como objetivo orientar as atividades da empresa. Dessa forma, a governança corporativa é estabelecida por meio da transparência, da objetividade e equidade no tratamento de sócios e acionistas de uma sociedade. Dentro do assunto de governança corporativa, será corriqueiro o surgimento do termo disclosure. Ele está relacionado às práticas que devem ser executadas dentro das corporações de forma transparente. Já o termo enforcement está relacionado à capacidade de se fazer cumprirem as leis ou regras estabelecidas nas Corporações. Aprenda mais sobre o disclosure e enforcement fazendo a leitura de artigos científicos sobre o assunto! Uma boa dica de leitura está em nossa Midiateca, com o link para o texto “Existe Relação entre Disclosure e Governança Corporativa no Brasil?”. Dessa forma, pode-se entender que o conceito de governança corporativa está relacionado aos princípios de uma governança que abrange todas as partes interessadas, como acionistas majoritários e minoritários, credores, clientes e fornecedores que integram uma Corporação. Assim, existem vários conceitos que abordam o assunto governança corporativa sob óticas diferentes, seja sob o ponto de vista da corporação, por exemplo (mandatário), ou sob o ponto de vista dos sócios minoritários ou majoritários. Pode-se afirmar então que, por se tratar de uma realidade plural, a governança corporativa passa a atingir diversos ângulos de observação, ou seja, para a companhia, a governança corporativa está voltada ao controle e transparência; já na visão dos executivos, a governança corporativa é pautada na responsabilidade e compromisso, enquanto para os acionistas representa a democracia e justiça. Visite a Midiateca da disciplina e conheça o vídeo sobre governança corporativa que apresenta conceitos sobre o tema. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 6 Para Andrade e Rossetti (2012, p. 25), os conceitos de governança corporativa estão organizados a partir de seis perspectivas: • Direito: entendido como um sistema de gestão que tem como objetivo manter a maximização dos direitos dos acionistas, assegurando a proteção aos minoritários; • Relações: compreende os procedimentos de relacionamentos entre acionistas, conselhos e diretoria executiva com a finalidade de maximizar o desempenho da organização; • Governo: percebido como um sistema de governo, gestão e controle orientado para o gerenciamento das relações entre as partes interessadas em uma organização; • Poder: compreende a sistematização da estrutura de poder, ou seja, a definição de estratégia, operações, geração de valor e busca de resultados; • Valores: são sistemas de valores que conduzem as corporações em suas relações internas e externas; • Normas: são conjuntos de normas, derivados de estatutos legais e regulamentos com o objetivo de alcançar a excelência da gestão e a proteger os direitos das partes interessadas no alcance dos resultados dentro das corporações. Neste sentido, pode-se afirmar que umas das finalidades da governança corporativa é a busca do alinhamento de interesses entre gestores e acionistas. Segundo Machado Filho (2006, p. 80): A aplicação do conceito de governança corporativa trata dos mecanismos externos e internos para alinhamento de interesses entre os gestores e os acionistas, que desejam maior transparência entre si e os gestores e equidade entre as partes acionárias minoritárias e majoritárias. É importante entender ainda que a Teoria da Agência, instituída por Jesen e Meckling (1976), surgiu como um embasamento e tendo como finalidade solucionar os conflitos que envolvem a discrepância entre os interesses do principal (acionistas) e do agente (diretor executivo). Assim, para alcançar um maior alinhamento nas relações de agência, algumas iniciativas são necessárias (MACHADO FILHO, 2006, p. 81), por exemplo: • os gestores não devem trabalhar com informações ocultas ou ausência de assimetria informacional; • os acionistas (principais) devem ter acesso a informações completas sobre as ações empreendidas pelos gestores e seus resultados; • os gestores devem procurar atuar sob baixo risco – sendo conscientes do que receberão ao executarem uma conduta alinhada ao interesse dos acionistas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 7 Para Machado Filho (2006), essas iniciativas são praticamente inalcançáveis na sua plenitude, servindo apenas como pontos de referência, pois o objetivo de tais premissas é o de minimizar o desalinhamento, ou minimizar os custos de agência, partindo-se do pressuposto de que um empreendimento mais bem alinhado possui mais chances de sucesso. Dessa forma, o aumento do desempenho da organização será consequência da redução de atritos derivados dos conflitos de interesse (MACHADO FILHO, 2006) ou custos de agência que estão relacionados a alguns itens, como: • perdas residuais em consequência da redução da riqueza dos acionistas em função da tomada de decisões tomadas por parte dos gestores; • gastos com acompanhamento das ações dos gestores (relatórios, balanços, auditorias, sistemas de informação gerenciais e divulgação); • gastos para incentivo da transparência e prestação de contas das atividades dos gestores; • gastos com a elaboração de contratos entre gestores e acionistas. Ressalta-se ainda que, para os investidores, “governança corporativa” representa proteção e segurança (ROCHA; DAMASCENO, 2006 apud MAGALHÃES, 2007). A governança corporativa possui ainda quatro pilares, conforme apresentado a seguir: Fonte: Adaptada de Andrade e Rossetti (2012). Com a finalidade de entender o processo histórico e evolutivo da governança corporativa, são apresentadas na próxima seção as primeiras iniciativas que acabaram por ser reconhecidas mais tarde como governança corporativa, ou corporate governance. Sabia que a “Teoria da Agência” no contexto da governança corporativa tem como finalidade o combate à assimetria informacional, ou seja, reduzir os atritos de interesse entre os executivos e acionistas? Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 8 2 Introdução ao processo histórico e evolutivo da governança corporativa Com o objetivo de analisar a formação e a evolução do mundo corporativo, abordaremos uma síntese dos processos históricos, importantes para a compreensão de outro processo, que conduziu as razões do despertar da governança corporativa. Alguns dos processos mais significativos estão relacionados à formação, ao desenvolvimento e à evolução do capitalismo e do mundo corporativo, ao gigantismo e ao poder das corporações e ao próprio despertar da governançacorporativa. Esses passos, que serão abordados nesta disciplina têm, como embasamento teórico a obra de Andrade e Rossetti (2012), “Governança Corporativa”. Esses autores são referência quando o assunto é governança corporativa. 2.1 A formação, o desenvolvimento e a evolução do capitalismo e do mundo corporativo Existem vínculos indissociáveis entre o mundo corporativo e o sistema capitalista, assim, iremos analisar de forma breve as raízes históricas do capitalismo e, paralelamente, as das modernas corporações de negócios que se estabeleceram em todas as partes do mundo. Fonte: Adaptada de Andrade e Rossetti (2012). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 9 Sobre essas concepções históricas, afirmam Andrade e Rossetti (2012, p. 31) que: Todas estas expressões históricas são vistas como formas de um “capitalismo pré- adolescente”, moralmente sancionado pela reforma calvinista do século XVI, mas que amadureceu de fato com as transformações políticas e sociais do liberalismo econômico, conjugadas com as rupturas nos modos de produção que vieram com a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX. A partir de então, realmente, ocorreram mudanças dramáticas na organização da produção e nos mecanismos de financiamento de sua expansão. Para Andrade e Rossetti (2012), pelo menos oito fatores foram determinantes para evolução do capitalismo e, por consequência, das grandes corporações de negócios que atualmente dominam o cenário da economia globalizada, que foram: • a sansão da ética calvinista: essa força substituiu a aversão teológica aos princípios do ganho econômico e da acumulação de riquezas terrenas, na Idade Média. Sendo que a ascensão de uma nova perspectiva teológica, originária do pensamento reformista de Calvino, foi quem promoveu a conciliação da diligência empreendedora com a vida espiritual. Nesse sentido, trabalho produtivo e virtude passaram a ser sinônimos, e a energia empresarial passou a ser vista, aos olhos calvinistas, como uma inviolável e sagrada determinação divina (ANDRADE; ROSSETTI, 2012, p. 33); • a doutrina liberal como revolução política e econômica: desenvolvida a partir da segunda metade do século XVIII, a revolução liberal elaborou as bases conceituais de um novo modo de organização das forças produtivas. Nesse sentido, a racionalidade do homem econômico, o automatismo das forças de mercado e os ajustamentos que a livre concorrência se encarregaria de promover, ou seja, a “mão invisível” do interesse próprio, deveriam prevalecer nesse novo modo de organização das forças produtivas; • a Revolução Industrial: ao lado da rebelião das ideias liberais, a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX gerou as bases tecnológicas do desenvolvimento do sistema capitalista. Assim, essa nova estrutura industrial criada na Inglaterra e difundida pela Europa e com grande atuação na América conduziu mudanças substanciais nos modos de produção, como novas relações entre os agentes econômicos – empreendedores, trabalhadores e governos; • o desenvolvimento tecnológico incessante, o agigantamento das escalas, a produção em série, a diversificação e a multiplicação de novos ramos industriais: esse período foi marcado pelo impacto das invenções (máquina a vapor, bombas a vácuo, uso do pêndulo, entre outras invenções) nas escalas de produção e na intensidade dos bens de capital como recursos econômicos; • a ascensão do capital como fator de produção: o advento da economia fabril, baseada no uso crescente de equipamentos mecanizados, movidos a novas forças Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 10 motrizes (como o vapor), os motores a combustão e em seguida a energia elétrica levou ao desaparecimento do modo tradicional de produção, tanto das propriedades rurais quanto das manufaturas urbanas. Assim, a indústria, movida pelos novos bens de capital, aumentou significativamente sua participação na formação da riqueza nacional, e o capital se consolidou como fator de produção e como instrumento de poder; • o surgimento e a institucionalização do sistema de sociedade anônima: paralelo ao da ascensão do capital, surgiu e se institucionalizou o sistema de sociedade anônima, de incorporação acionária ou de capitalismo de propriedade coletiva, assim, as expressões corporação e sociedade anônima são consideradas quase sinônimas. Como exemplos temos as corporações medievais de artes e ofícios e as companhias de comércio “licenciadas”, consideradas bases dos impérios mercantis da Grã- Bretanha, da França e dos Países Baixos; • o crash de 1929-1933, a revolução keynesiana, os avanços da macroeconomia e a revisão das funções do estado: o crash de 1929-33 afetou a economia como um todo. A riqueza acionária reverteu-se radicalmente em um único dia, 29 de outubro de 1929, momento este em que as bolsas de valores não registraram uma só ordem de compra. Sobre esse momento, afirmam Andrade e Rossetti (2012, p. 46): A corrida para operações massivas de vendas derrubou as cotações para níveis bem abaixo dos valores patrimoniais das companhias. Os fundos de investimento perderam metade de seu valor no fechamento do mercado. Milhões de rentistas passivos, que imaginavam estar prosperando, viram seu patrimônio acionário desmoronar. O estado de euforia coletiva, até́ então sem precedentes, deu lugar a um desalento geral como jamais havia ocorrido. A variação dos números mudou de direção. Agora era para baixo. O Produto Nacional Bruto caiu seguidamente, mês a mês: em 1929, havia chegado a US$ 104 bilhões; em 1930, recuou para US$ 91; depois para US$ 77 e para US$ 59 bilhões; finalmente, em 1933, ano em que se iniciou o movimento de reversão, havia chegado a US$ 56 bilhões. De uma situação próxima do pleno emprego, chegou-se a 12,5 milhões de desempregados em 1933, praticamente 30% da força de trabalho. Cerca de 85.000 empresas faliram. Dentre os vários motivos que conduziram o grande crash, ressaltam-se os de maior importância (ANDRADE; ROSSETTI, 2012): • insuficiência de demanda agregada, gerada pelo desencontro de informações entre o crescimento da produção e do emprego. Um exemplo foi o setor industrial, em que a produção física de 1929 foi 49,5% superior à de 1920, mas, ao analisar o emprego, por conta da produtividade do trabalho, do progresso técnico e da maior densidade do uso do capital no processo produtivo, pode-se observar que se manteve o mesmo; Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 11 • não transferência para os salários dos ganhos de produtividade decorrente do fator trabalho; • excessiva e crescente concentração da renda nacional, assim, os 5% mais ricos, em 1919, apropriavam-se de 24,3% da riqueza gerada e, dessa forma, a participação aumentou em 33,5% em 1929; • excesso de poupança aplicada em papéis, sem uma previsão de expansão dos investimentos em ativos reais produtivos; • febre especulativa, sob a forma de uma falsa crença de enriquecimento rápido; • perda do bom senso norteador dos negócios dos empreendedores, banqueiros e de corretores dos mercados do setor financeiro. Assim, diante do crash, Keynes alertou para os cuidados e riscos de saídas radicais, resumindo: os pontos importantes que deveriam ser preservados e que deveriam mudar no mundo capitalista. Os pontos são resumidos a seguir, considerando a nova modelagem do mundo capitalista nas proposições da filosofia social exposta na General teor de Keynes, após o crash de 1929-1933: O que deveria ser preservado: 1. LIBERDADE. Salvaguardá-la das investidas dos sistemas totalitários. 2. PROPRIEDADE PRIVADA DOS MEIOS DE PRODUÇÃO. A intervenção reguladora do governo não deve ser confundida com a coletivização dos recursos. 3. DESCENTRALIZAÇÃO DAS DECISÕES. Nada garante que os modelos centralistas sejam mais eficientes no uso dos recursos de produção. 4. INCENTIVO DO LUCRO. Força eficaz que não se substituivantajosamente pelas tentativas de mudar a natureza humana. 5. DIVERSIDADE. Sua perda é uma das mais agudas consequências institucionais impostas pelos regimes homogêneos. O que deveria ser preservado: 1. INTERESSE PESSOAL. Purgá-lo de seus vícios, defeitos e abusos. 2. ABSTENÇÃO DO GOVERNO. Maior extensão de suas funções tradicionais: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 12 a. política fiscal mais vigorosa; b. indução da demanda agregada; c. controle do nexo entre a moeda e o setor real. 3. LIVRE JOGO DO MERCADO. Guiá-lo para a realização das condições exigidas para promover o pleno emprego e o equilíbrio macroeconômico. 4. FORÇA DAS VISCOSIDADES. Promoção da concorrência responsável e controle de situações que implicam demasiado poder de monopólio. 5. DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA. Conciliar a liberdade de empreender e a eficiência econômica com a justa distribuição da riqueza e dos rendimentos. Fonte: Adaptado de Andrade e Rossetti (2012, p. 48). Assim, pode-se afirmar que as práticas de boa governança corporativa modificaram não somente a forma de operar do sistema capitalista, mas também os valores e estratégias de atuação do mundo corporativo. No próximo tópico, é apresentado o impacto da ciência da administração no mundo corporativo. Ao adotar práticas de boa governança, a Cementos Argos percebeu uma total falta de conhecimento sobre o assunto no mercado colombiano. Porém, ao tomar tal decisão, deparou-se com a importância e necessidade de transmitir ao mercado o significado de governança corporativa para a empresa. Assim, a empresa adotou inicialmente um Código de governança Corporativa básico, que foi posteriormente alterado de forma alinhada aos benchmarks internacionais. 2.1.1. O desenvolvimento da ciência da administração As contribuições advindas das teorias e práticas de gestão revitalizaram internamente as corporações, transmitindo mudanças nos valores e na cultura, que foram se adaptando às transformações do próprio sistema capitalista. Assim, o surgimento da escola clássica de administração passou a ser uma resposta aos desafios que os grandes negócios deveriam impor aos seus gestores (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 13 Figura 1 – Formação para os novos desafios dos grandes negócios Com Taylor enfatizando os métodos orientados para uma maior eficiência e Fayol na horizontalização das funções administrativas e departamentalização da gestão das grandes companhias, estabeleceram-se as bases das estruturas burocráticas sobre as quais se ergueu e se agigantou o sistema corporativo, conferindo-lhe suporte organizacional (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Para Andrade e Rossetti (2012, p. 53): A inevitável contrapartida do agigantamento do mundo corporativo foi, desde então, o aprofundamento dos conhecimentos de gestão e as adaptações permanentemente requeridas para os avanços qualitativos dos três mundos afins – o do capitalismo, o das corporações e o dos seus gestores. Não é de se estranhar, então, que o estruturalismo dos modelos burocráticos viesse a ser questionado quanto às suas disfunções – como a rigidez, o excesso de regras, o desestímulo às inovações, a lentidão decisória, o poder coercitivo, o autoritarismo e a desconsideração pelas relações humanas no trabalho. A ciência da administração, dessa forma, alinhava-se à ordem econômica global em mutação, caracterizada por uma postura: mudanças. Assim, ao longo do processo histórico, as forças de gestão do mundo corporativo, bem como os beneficiários de seus resultados, foram modificadas, ao mesmo tempo em que evoluíram as concepções, as abordagens e os instrumentos de gestão, além da própria estrutura de poder no seio do mundo corporativo. Nascia, assim, a governança corporativa – uma contribuição-chave que impactaria a alta gestão no século XXI. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 14 A Corporação Financeira Internacional (International Finance Corporation - IFC) é integrante do Grupo Banco Mundial e foi fundada em 1956 com a finalidade de estimular o crescimento liderado pelo setor privado em países em desenvolvimento. Seu foco em práticas de boa governança em seus clientes ajuda a administrar riscos, assim como a adicionar valor para empresas em mercados emergentes. Para saber mais sobre o assunto, visite a Midiateca da disciplina para realizar a leitura do texto “Estudos de caso de boa Governança Corporativa” (em inglês). 2.1.2. O agigantamento das corporações e o divórcio propriedade- gestão O mundo corporativo registrou um crescimento marcante ao longo de sua formação histórica, principalmente a partir da Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX, e ainda com mais vigor durante o século XX. O grande colapso do início dos anos 30 veio a interromper o movimento expansionista das grandes companhias, todavia, por um período de quatro anos (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Já em 1934 reiniciou-se o processo expansionista, com a implementação de alguns fatores determinantes. Destacamos aqui alguns (ANDRADE; ROSSETTI, 2012): • avanços tecnológicos: as ondas de inovações, gerando o desenvolvimento de novas indústrias, e diversificação de produtos; • expansão demográfica: o crescimento demográfico, acompanhado de expansão da renda e de mudanças qualitativas nos hábitos individuais e sociais; • aburguesamento da sociedade: surgimento de uma grande classe média nas grandes economias capitalistas industriais; • grandes escalas e produção em série: acesso das populações de rendas médias e baixas aos mercados de bens finais. Assim, o gigantismo e o poder das corporações ampliaram-se de forma contínua; todavia, por outro lado, manifestou-se um importante movimento em direção oposta à da concentração: a dispersão do número de acionistas e a pulverização da propriedade (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Nesse sentido, a propriedade acionária tornou-se menos permanente, devido ao crescente volume das negociações nas bolsas de valores. Ao lado da pulverização e das mudanças na constituição dos proprietários, um processo de despersonalização da propriedade foi estabelecido. Assim, a dispersão da propriedade e a consequente ausência dos acionistas Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 15 acarretaram outras mudanças profundas nas companhias, por exemplo, a propriedade, que se desligou da administração; os “capitães de indústria”, fundadores-proprietários, foram substituídos por executivos contratados, os objetivos deixaram de se limitar à maximização de lucros, entre outros. Dessa forma, conforme a riqueza na forma de capital acionário foi se dispersando, a propriedade e o controle das companhias não se concentravam mais nas mesmas mãos, estabelecendo o divórcio entre a propriedade e o controle e uma nova forma de organização da sociedade (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Na próxima seção serão apresentadas as considerações finais sobre esta aula. Considerações finais Nesta aula, iniciamos com o conceito de governança corporativa, que é composta por várias questões que norteiam os assuntos e pessoas envolvidas nas corporações. No entanto, o que se buscou evidenciar é que boas práticas de governança corporativa são vistas como pontos positivos na atração de investidores estrangeiros para as Organizações. Apresentou-se ainda o processo histórico da governança corporativa, bem como as contribuições da Revolução Industrial, do capitalismo, do calvinismo e da ciência da administração para a formação das corporações e, por consequência, da necessidade do surgimento da governança corporativa. O objetivo foi o de sintetizar os principais processos históricos que levaram à mudança na força de gestão: a ética calvinista, a doutrina liberal, a Revolução Industrial, a tecnologia, as escalas e a produção em série, a ascensão do capital, o sistemade sociedade anônima, o crash, a revolução keynesiana e os avanços da macroeconomia e o desenvolvimento da ciência da administração. Além do que estudamos nesta aula, para aprofundar mais sobre o tema governança corporativa, continue seus estudos e realize pesquisas sobre o assunto. Referências ANDRADE, Adriana; ROSSETTI, Paschoal José. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. 6. ed. São Paulo: Atlas; Abril, 2012. CENTER FOR INTERNATIONAL PRIVATE ENTERPRISE (2002). Disponível em: <www.cipe.org/>. Acesso em: 11 mar. 2015. IBGC. Governança Corporativa. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/inter.php?id=18161>. Acesso em: 3 mar. 2015. ______. Governança Corporativa. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. 2015. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/inter.php?id=18161/governanca-corporativa>. Acesso http://www.cipe.org/ Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 16 em: 20 jul. 2015. JENSEN, Michael C.; MECKLING, William H. Theory of the firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, v. 3, p. 305-360, oct., 1976. MACHADO FILHO, Cláudio Pinheiro. Responsabilidade social e governança: o debate e as implicações: responsabilidade social, instituições, governança e reputação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. OCDE (2014). Disponível em: <http://www.institutoatkwhh.org.br/compendio/?q=node/63>. Acesso em: 11 mar. 2015. ROCHA, Bruno; DAMASCENO, Pedro. Descobrindo o valor que o mercado não vê nas empresas. In: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Uma década de governança: história do IBGC: marcos da governança e lições da experiência. São Paulo: Saint Paul, 2006, p. 107-111. http://www.institutoatkwhh.org.br/compendio/?q=node/63 Cultura e Governança Corporativa Aula 02 Fundamentos da Governança Corporativa Objetivos Específicos • Conhecer os principais conceitos da Governança Corporativa, os seus objetivos, os seus valores e os 8 Ps da GC. Temas Introdução 1 Conceitos de governança corporativa 2 Valores ou princípios da governança corporativa Considerações finais Referências Elizângela de Jesus Oliveira Professora Autora Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 2 Introdução Dentre os vários conceitos que abordam o tema governança corporativa, é possível afirmar que uma de suas finalidades é a busca de um alinhamento entre os interesses dos executivos e acionistas das corporações. Nesta aula será apresentado, de forma mais profunda, o conceito de governança corpo- rativa, seus principais objetivos e valores. Assim, será possível compreender seus principais conceitos sob a ótica de quatro grupos, apresentados a seguir, na primeira seção, que são: a governança entendida como guardiã de direitos, a governança como sistema de relações, a governança como estrutura de poder e a governança corporativa como sistema normativo. 1 Conceitos de governança corporativa Ao abordar o tema governança corporativa, é importante que se entenda que um de seus benefícios é o aumento da riqueza dos acionistas e a maximização dos benefícios dos gestores. Sendo assim, é de suma importância que haja um alinhamento de interesses entre gestores, sócios majoritários e minoritários nas corporações. Nesse sentido, a tomada de decisão por parte de um sócio majoritário, executada por meio de um gestor, deve ser prudente, de forma a não impactar negativamente ou desfavoravelmente os acionistas minoritários. A governança corporativa busca, então, estabelecer, por meio de normas, regulamentos e tomadas de decisões transparentes, uma equidade entre as partes minoritárias e majoritárias. Assim, com uma gestão transparente, pautada numa alocação eficiente de recursos nas corporações, as chances de atrair e motivar os investidores a aplicarem cada vez mais recursos serão bem maiores. Para os autores Andrade e Rossetti (2012), o tema governança pode ser agrupado segundo quatro conceitos, a partir dos quais a governança corporativa pode ser entendida como: Fonte: Adaptado de Andrade e Rossetti (2012). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 3 As práticas de governança corporativa constituem uma forma de proteção aos acionistas, especialmente aos minoritários, ante os gestores que conduzem a organização. A seguir, veja o conceito de cada dimensão da governança corporativa. 1.1 A governança entendida como guardiã de direitos Na perspectiva de guardiã de direitos, Andrade e Rossetti (2012), que são referência quando o assunto é governança corporativa, citam vários autores que apresentam o conceito de governança corporativa, visão da governança como guardiã de direitos. Assim, para Monks e Minow (2004), a governança corporativa está relacionada ao conjunto de leis e regulamentos com o objetivo de assegurar os direitos dos acionistas das empresas, controladores ou minoritários, possuindo, ainda, a finalidade de disponibilizar informações que permitirão aos acionistas monitorar decisões empresariais impactantes, verificando assim o quanto tais decisões podem interferir em seus direitos. Nesse sentido, afirmam ainda Monks e Minow (2004) e Cadbury (1999) que a governança corporativa como guardiã de direitos possibilita aos diferentes públicos envolvidos e impactados pelos atos das empresas utilizarem instrumentos que terão a finalidade de assegurar seus direitos e, ainda, contribuir para a interação dos acionistas, dos conselhos de administração e da direção executiva das empresas. Como reflexo da prática de governança corporativa, a empresa Ferreyros adotou um “Código Interno de Conduta para assegurar conformidade com as obrigações resultantes do registro de títulos junto ao Cadastro Público do Mercado de Valores”. Na concepção de Blair (1999), a governança corporativa aborda os meios utilizados pelas corporações com a finalidade de estabelecer processos que amenizam os interesses em conflito que envolvem acionistas das empresas e seus dirigentes de alto nível. Já Williamson (1996) entende que a governança corporativa deve enfatizar a justiça, o processo de transparência e responsabilidade nas empresas no que se refere às questões relacionadas aos interesses do negócio e da sociedade em geral. Na visão da OCDE (1999): Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 4 A governança corporativa é o sistema segundo o qual as corporações de negócio são dirigidas e controladas. A estrutura da governança corporativa especifica a distribuição dos direitos e responsabilidades entre os diferentes participantes da corporação, tais como o conselho de administração, os diretores executivos, os acionistas e outros interessados, além de definir as regras e procedimentos para a tomada de decisão em relação a questões corporativas. E oferece também bases através das quais os objetivos da empresa são estabelecidos, definindo os meios para se alcançarem tais objetivos e os instrumentos para se acompanhar o desempenho. (OCDE, 1999 apud ANDRADE; ROSSETTI, 2012, p. 138-139). No próximo tópico é apresentado o conceito de governança corporativa entendida como um sistema de relações. Você sabia que na visão de governança corporativa exclusivamente direcionada para a performance financeira, o exercício da responsabilidade social pode ser inicialmente entendido, como um custo adicional para as empresas, seus sócios e acionistas? 1.2 A governança como sistema de relações A governança corporativa pode ser entendida como um sistema de relações, afirmam Shleifer e Vishny (1997), que a conceituam como o campo da administração que aborda as relações entre a direção das empresas, seus conselhos de administração, seus acionistas e ainda outras partes interessadas. Dessa forma, a governança corporativa tem como finalidade definir os caminhospelos quais os supridores de capital das corporações terão assegurado o retorno de seus investimentos. Já para o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2003), a governança corporativa pode ser entendida como o sistema através do qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, abrangendo os relacionamentos entre acionistas ou cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. Dessa forma, boas práticas de governança corporativa contribuirão para o aumento do valor da sociedade, facilitando seu acesso ao capital e, como consequência, contribuindo para sua perenidade. No próximo tópico, apresenta-se o conceito de governança corporativa sob o ponto de vista de estrutura de poder. 1.3 A governança como estrutura de poder A governança corporativa como estrutura de poder, na visão de Cadbury (1999), pode ser entendida como um sistema e estrutura de poder que regem os mecanismos utilizados para dirigir e controlar as companhias. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 5 Já Babic (2003) entende a governança corporativa como um campo delineado por uma dada estrutura de poder envolvendo questões relacionadas aos processos de tomada de decisões estratégicas, ao exercício da liderança e métodos para se atender aos interesses estabelecidos. Nesse sentido, a governança corporativa relaciona-se à sociologia das elites, a qual é fortemente influenciada pelos institutos legais e pelos marcos regulatórios de cada país. A aplicação do conceito governança corporativa possui como um dos seus objetivos o alinhamento de interesses entre os gestores e acionistas, que desejam maior transparência e equidade entre as partes acionárias minoritárias e majoritárias. Na já na visão de Hitt, Ireland e Hoskisson (2001), pelo fato de a governança corporativa ter sido resultado da separação entre a propriedade e a gestão das empresas, tem-se que o seu objetivo está voltado à definição de uma estrutura de governo orientada para a maximização da relação entre o retorno dos acionistas e os benefícios auferidos pelos executivos, o que envolve a estratégia das corporações, as operações, a geração de valor e a destinação de resultados. No último tópico, a seguir, conheça quarto grupo de conceito de entendimento da governança corporativa. 1.4 A governança corporativa como sistema normativo Como sistema normativo, Mathiesen (2002) compartilha da visão de que a governança corporativa se trata de campo de investigação orientado para a atividade de monitoramento das corporações, utilizando-se de mecanismos normativos, estabelecidos em estatutos legais, termos contratuais e estruturas organizacionais que têm como finalidade conduzir ao gerenciamento eficaz das organizações em busca de uma taxa competitiva de retorno. Você sabia que as ações de responsabilidade social das empresas, especialmente projetos sociais, devem ser analisadas considerando-se os princípios de governança corporativa? Já na visão Cadbury (1999), a governança corporativa pode ser traduzida por meio de um sistema de valores que orienta as organizações em sua rede de relações internas e externas. Nesse sentido, a governança corporativa passa a refletir os padrões da companhia, que, por consequência, refletem os padrões de comportamento da sociedade. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 6 Pontuam ainda Claessens e Fan (1996) que a governança corporativa se relaciona a padrões de comportamento voltados para o desempenho da eficiência, ao crescimento e ao tratamento concedido aos acionistas e a outras partes interessadas, tendo como princípios a ética aplicada à gestão de negócios. Segundo Machado Filho (2006), existem forças de controle que podem reduzir os problemas provenientes das divergências entre as decisões tomadas internamente e aquelas que seriam melhores do ponto de vista da sociedade. Tais mecanismos de controle podem ser classificados em externos (sistema político-legal e regulatório; mercados de capitais e do produto) e internos (sistema de controle exercido pelo conselho, sistemas de remuneração e outros incentivos). Com a finalidade de resumir os quatro conjuntos de conceitos, o quadro a seguir demonstra as expressões-chave que aparecem nas definições usuais e apresenta uma de síntese conceitual, listando as principais dimensões das práticas de alta gestão tratadas pela governança corporativa. Quadro 1 – Conceitos de governança corporativa: uma tentativa de síntese. Da diversidade à síntese Expressões-chave e conceitos alternativos Abrangência e diversidade das categorias conceituais VALORES Sistema de valores que rege as corporações em suas relações internas e externas. DIREITOS Sistema de gestão que visa preservar e maximizar o máximo retorno de longo prazo dos proprietários, assegurando justo tratamento aos minoritários e a outros grupos de interesse. RELAÇÕES Práticas de relacionamento entre acionistas, conselhos e direção executiva, objetivando maximizar o desempenho da organização. GOVERNO Sistema de governo, gestão e controle das empresas que disciplina suas relações com todas as partes interessadas em seu desempenho. PODER Sistema e estrutura de poder que envolve a definição da estratégia, as operações, a geração de valor e a destinação dos resultados. NORMAS Conjunto de instrumentos, derivados de estatutos legais e de regulamentos que objetivam a excelência da gestão e a observância dos direitos de stakeholders que são afetados pelas decisões dos gestores. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 7 Uma tentativa de síntese conceitual Partindo de uma concepção que define sua abrangência, a governança corporativa é um conjunto de princípios, propósitos, processos e práticas que rege o sistema de poder e os mecanismos de gestão das empresas, abrangendo: • Propositos dos proprietarios. • Sistema de relações proprietários-conselho-direção. • Maximização do retorno total dos proprietários, minimizando oportunismos conflitantes com esse fim. • Sistema de controle e de fiscalização das ações dos gestores. • Sistema de informações relevantes e de prestação de contas às partes interessadas nos resultados corporativos. • Sistema guardia/o dos ativos tangiveis e intangiveis das companhias. Fonte: Adaptado de Andrade e Rossetti (2012, p. 1). Você sabia que o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) lançou o Código das melhores práticas com um check-list de procedimentos para operacionalização dos princípios de transparência, equidade, prestação de contas (accountability) e ética? 2 Valores ou princípios da governança corporativa Uma das mais importantes dimensões da governança corporativa são os valores que lhes conferem sustentação, unindo concepções, práticas e processos de alta gestão (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Nesse sentido, os quatro valores da governança corporativa podem ser conceituados como: • Fairness: entendido como senso de justiça, equidade no tratamento dos acionistas. E, ainda, um tratamento de respeito aos direitos dos minoritários, por participação unânime com a dos majoritários, tanto no aumento da riqueza corporativa quanto nos resultados das operações e na presença ativa em assembleias gerais. • Disclosure: conceituado como a transparência das informações, principalmente de alta relevância, e que impactam os negócios envolvendo resultados, oportunidades e riscos. • Accountability: compreende uma prestação responsável de contas, executada com as melhores práticas contábeis e de auditoria. • Compliance: voltada para a conformidade no que se refere ao cumprimento de normas reguladoras, constante nos estatutos sociais, nos regimentos internos e nas instituições legais do país. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 8 Andrade e Rossetti (2012) afirmam ainda que os valoresda governança corporativa estão presentes, explícita ou implicitamente, nos próprios conceitos usuais de governança corporativa. Dessa forma, os valores estão expressos nos códigos de boas práticas, os quais têm como objetivo definir critérios enraizados em uma conduta ética que deve ser praticada no exercício das funções e das responsabilidades dos órgãos que exercem a governança das companhias. Dessa forma, como posturas essenciais para a boa governança são necessárias (ANDRADE; ROSSETTI, 2012): • a integridade ética: presente em todos os sistemas de relações internas e externas; • o senso de justiça: constante no atendimento das expectativas e das demandas de todos os “constituintes organizacionais”; • a exatidão na prestação de contas: de suma importância para a confiabilidade na gestão; • a conformidade: ou seja, conformidade com as instituições legais e com os marcos regulatórios dentro dos quais se exercerão as atividades das empresas; e • a transparência: os objetivos estratégicos, os projetos de alto impacto, as políticas e as operações das companhias não podem ser conflitantes. A figura a seguir sintetiza os valores da governança corporativa. Figura 1 – Os valores da governança corporativa Fonte: Adaptada de Andrade e Rossetti (2012). Destaca-se ainda que a governança corporativa pode ser entendida ainda através dos 8 os, que são: propriedade, princípios, propósitos, papéis, poder, práticas, perenidade e pessoas. Ainda, segundo Andrade e Rossetti (2012): 1. Propriedade: Considerada como um dos principais atributos que diferenciam as razões de ser e as diretrizes da governança corporativa, é a estrutura da propriedade nas companhias, bem como o regime legal de sua constituição. 2. Princípios: São a base ética, têm como atributo essencial a universalidade, trata-se de conjuntos diferentes de atributos, que podem ou não, a longo prazo, caminhar para maior homogeneidade pelas exigências de processo de globalização. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 9 3. Propósitos: Voltados a contribuir para o máximo retorno total de longo prazo dos shareholders. 4. Papéis: Os proprietários, conselheiros e gestores têm papéis distintos no interior das companhias. 5. Poder: As formas como se articulam as negociações e se estabelecem as relações entre os órgãos de governança definem a estrutura de poder no interior das corporações. 6. Práticas: Começam pela constituição e pelo empowerment (descentralização) dos conselhos de administração, da direção executiva e do sistema de auditoria órgãos- chave da governança. 7. Perenidade: Em todas as estruturas societárias, o propósito de perenização está presente, movido por grande diversidade de razões, isto é, a permanência saudável da empresa nas cadeias de negócio de que participa. 8. Pessoas: Quaisquer que sejam as dimensões das empresas, o seu regime estatutário e as estruturas societárias, as pessoas são, em síntese, o elemento-chave dos sistemas de governança. Considerações finais Apresentou-se nesta aula que o tema governança pode ser agrupado segundo quatro conceitos, nos quais a governança corporativa pode ser entendida como: • Guardiã de direitos das partes com interesses em jogo nas empresas; • Sistema de relações pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas; • Estrutura de poder que se observa no interior das corporações; • Sistema normativo que rege as relações internas e externas das companhias. Reforçamos que a governança corporativa vincula seus principais conceitos a quatro valores, que são: fairness, disclosure, accountability e compliance. Dessa forma, é possível afirmar que a governança corporativa apresenta uma dimensão conceitual diversificada com um de seus objetivos principais voltados para a condução ética, responsável e transparente da gestão das corporações. Referências ANDRADE, A.; ROSSETI, J. C. Governança corporativa. São Paulo: Atlas, 2012. BABIC, V. Corporate governance problems in transition economies. Winston-Salem: Wake Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 10 Forest University, Social Science Research Seminar, 2003. BLAIR, M. M. For whom should corporations be run? An economic rationale for stakeholder management. Long Range Planning, v. 31, 1999. CADBURY COMMITTEE. The report of the committee on financial aspects of corporate governance. Londres: Cadbury Committee, dec., 1992. Mimeografado. CADBURY, Adrian. The future of governance: the rules of the game. Journal of General Management, v. 24, 1999. CLAESSENS, S.; FAN, P. J. Corporate governance and investment policy. Pitts- burgh: Center for Research on Contracts and the Structure of Enterprise. Working paper, 1996. HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E. Strategic management: competitiveness and globalization. Cincinnati, Ohio: South-Werstern College Publishing, 2001. INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (IBGC). Governança corporativa. São Paulo: IBGC, 2003. MACHADO FILHO, C. P. Responsabilidade social e governança. São Paulo: Thomson, 2006. MATHIESEN. Management ownership and financial performance. PhD dissertation, series 18.2002. Copenhagen Business School, 2002. MONKS, R. A. G.; MINOW, N. Corporate governance. 3. ed. Oxford: Black- well, 2004. OECD. OECD principles of corporate governance. Paris: OECD, 1999. SHLEIFER, A.; VISHNY, R. W. A survey of corporate governance. Journal of Finance, v. 52, 1997. WILLIAMSON, O. E. The mechanisms of governance. Oxford: Oxford University; Press, 1996. Cultura e Governança Corporativa Aula 03 Stakeholders e shareholders. Objetivos Específicos • Reconhecer os conceitos de stakeholders e shareholders. Temas Introdução 1 A conduta das organizações 2 Classificação ordinal dos stakeholders Considerações finais Referências Elizângela de Jesus Oliveira Professora Autora Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 2 Introdução Um dos objetivos da governança corporativa é tratar das relações que envolvem o mundo corporativo, a sociedade, entre as empresas de um mesmo ramo de negócio, dentro das companhias, entre os acionistas, as relações entre os conselhos e a direção executiva. Nesta aula será apresentado o objetivo das companhias levando em consideração as exigências ou demandas de outros “atores ou constituintes organizacionais” denominados stakeholders e sua relação com os shareholders ou stockholders. É importante ressaltar que os shareholders ou stockholders são um tipo de stakeholder. 1 A conduta das organizações A atividade empresarial deve ser pautada em uma dimensão ética, integrada às suas dimensões econômica e legal. Todavia, a visão não é a mesma quando se discute o enfoque sobre a natureza da dimensão ética. Nesse sentido, a visão dos stockholders ou shareholders defende que os gestores possuem a responsabilidade de aprimorar o retorno dos acionistas ou cotistas da empresa e, para tal, devem atuar as forças impessoais do mercado, que demandam eficiência e lucro (MACHADO FILHO, 2006). Outra concepção argumenta a conduta das organizações com base na visão dos stakeholders, em que os gestores possuem a atribuição ética de respeitar os direitos de todos os agentes que possam a vir ser afetados pela empresa, buscando promover o seu bem, e incluindo no conjunto de agentes fornecedores, funcionários, acionistas ou cotistas (majoritários e minoritários), bem como a comunidade local e os próprios gestores (MACHADO FILHO, 2006). Stockholders ou shareholders são formados por sócios e acionistas, majoritários e minoritários, que são detentores dos direitos sobre os lucros do empreendimento. Stakeholders são constituídos, além dos próprios stockholders ou shareholders, por funcionários, fornecedores, clientes, consumidores, investidores, comunidades, governos, entre outros agentes que – direta ou indiretamente – afetam a empresa ou são por ela afetados.Os stakeholders podem se dividir a partir de quatro grupos (ANDRADE; ROSSETTI, 2012): • os shareholders (denominação genérica de proprietários e investidores); Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 3 • os internos, efetivamente envolvidos com o monitoramento e a geração de resultados nas companhias; • os externos, integrados à cadeia de negócios; e • o entorno, que alcança categorias que não participam diretamente das cadeias de geração de valor, mas que são alcançadas pelos objetivos corporativos. O quadro a seguir ilustra uma definição de stakeholders em seus quatro grupos. Quadro 1 – Uma listagem dos principais stakeholders, internos e externos, com que as empresas interagem STAKEHOLDERS Pessoas, grupos ou instituições, com interesses legítimos em jogo nas empresas e que afetam ou são afetados pelas diretrizes definidas, ações praticadas e resultados alcançados. SHAREHOLDERS (Proprietários, investidores) Quanto ao regime legal: Acionistas/Cotistas Quanto à participação: Majoritária/Minoritária Quanto à gestão: Participantes ativos/Outorgantes Quanto ao controle: Integrantes do bloco de controle/Fora do bloco de controle Quanto à classe de ações: Com direito a voto/Sem direito a voto INTERNOS (efetivamente envolvidos com a geração e o monitoramento de resultados) Órgãos de governança: Direção executiva/Conselho de administração/ Conselho fiscal/Auditores independentes/Auditores internos Empregados EXTERNOS (integrados à cadeia de negócios) Credores Partes interessadas a montante: Fornecedores diretos/Integrantes distantes da cadeia de suprimentos Partes interessadas a jusante: Clientes/Consumidores ENTORNO Restrito: comunidades locais em que a empresa atua Abrangente: a sociedade como um todo Governos ONGs Fonte: Adaptado de Andrade e Rossetti (2012, p. 109). Em relação às quatro categorias, apresentadas no Quadro 1, afirmam Andrade e Rossetti (2012) que tais categorias podem ser abertas em subgrupos mais específicos, em que: • Os shareholders estão diretamente relacionados ao regime legal das empresas (sociedades anônimas ou limitadas), considerando-se, ainda, a dimensão de suas participações, a sua presença na gestão e no controle e, quando SAs, considera-se a classe das ações de sua propriedade. • Os outros stakeholders internos, relacionados com o monitoramento e geração de resultados, são subagrupados em órgãos de governança e empregados. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 4 • As partes interessadas externas envolvidas diretamente com as relações de negócio estão subagrupadas em credores e em dois outros subgrupos, levando em consideração a cadeia de geração de valor – a montante (fornecedores) e a jusante (clientes e consumidores). • O entorno que pode ser, ainda, aberto em quatro categorias, conforme o grau de proximidade com as companhias. As empresas são constituídas com a finalidade de proporcionar retornos aos proprietários que integralizaram o capital subscrito nos contratos sociais. O lucro, como motivação mobilizadora, está presente na iniciativa de empreender e, portanto, na origem de todos os negócios. Nesse sentido, pode-se afirmar que os subgrupos de stakeholders estão relacionados a interesses legítimos em jogo nas companhias. O Quadro 2 apresenta um resumo desses interesses. Quadro 2 – Interesses legítimos dos diferentes grupos de stakeholders STAKEHOLDERS Interesses SHAREHOLDERS Proprietários, investidores: Dividendos ao longo do tempo (a). Ganhos de capital: maximização do valor da empresa (b). Máximo retorno total (a) + (b). INTERNOS (Efetivamente envolvidos com a geração e o monitoramento de resultados) Conselho de administração e direção executiva: Base fixa de remuneração. Bonificações de balanço. Stock options. Outros órgãos de governança: retribuições em bases fixas. Empregados: Segurança. Salários. Participação nos lucros. Benefícios assistenciais materiais. Reconhecimento, oportunidades, desenvolvimento pessoal. EXTERNOS (Integrados à cadeia de negócios) Credores: resultados positivos, capacidade de liquidação de dívidas contraídas. Fornecedores: regularidade, desenvolvimento conjunto. Clientes/consumidores: preços justos, produtos conformes, confiáveis e seguros. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 5 ENTORNO Comunidades locais: geração de empregos e contribuições para o desenvolvimento. Sociedade como um todo: bem-estar social, balanço social efetivamente contributivo para inclusão socioeconômica. Governos: conformidade legal, crescimento, geração de empregos. ONGs: adesão às suas três principais causas – preservação ambiental, direitos de minorias e provisões. Fonte: Adaptado de Andrade e Rossetti (2012, p. 109). Sabia que o foco no máximo retorno total dos proprietários não se contrapõe a uma agenda de boas práticas de governança voltada para a satisfação dos anseios e objetivos de outros stakeholders internos e externos? Para Machado Filho (2006), existem ainda outras visões a serem consideradas quando o assunto diz respeito aos stakeholders, que são a visão clássica e institucional. Estude tais visões nos próximos subtópicos. 1.1 Visão clássica A visão clássica utiliza-se do argumento de que os administradores, ao incrementarem os lucros e quando se utilizam dos lucros para gerar um aumento do valor da empresa, ao agirem dessa forma, estão respeitando os direitos de propriedade dos acionistas ou cotistas das empresas e promovem de forma agregada o bem-estar social (MACHADO FILHO, 2006). Por outro lado, se os administradores se voltam para os problemas de cunho social em decisões do dia a dia, podem vir a violar suas atribuições de defesa dos interesses da empresa, interferindo na habilidade do mercado no que se refere à promoção do bem-estar geral. Dessa forma, um dos objetivos da visão dos stakeholders pode ser, na verdade, interpretado como estratégia para a criação de valor, ou seja, o principal objetivo a se seguir como referência dentro da visão clássica. A doutrina da teoria dos stakeholders centra-se na ideia de que o resultado final da atividade de uma dada organização empresarial deve ser orientado para o alcance dos retornos que aperfeiçoam os resultados de todos os stakeholders envolvidos, e não somente o alcance dos resultados dos acionistas (MACHADO FILHO, 2006). Assim, tem-se que “[...] a ideia de responsabilidade social corporativa é que a atividade de negócios e a sociedade são entidades interligadas, não distintas. Portanto, a sociedade tem certas expectativas em relação ao comportamento e aos resultados das atividades de negócios” (MACHADO FILHO, 2006, p. 9). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 6 A Figura 1 apresenta o modelo de stakeholders das organizações. Figura 1 – O modelo da visão dos stakeholders Fonte: Adaptada de Freeman (2000, p. 9). Ao analisar a Figura 1, que apresenta o modelo de visão dos stakeholders, pode-se concluir que os proprietários têm uma porção (stake) financeira da organização, na forma de ações ou cotas, e que de certa forma esperam algum tipo de retorno por essa porção. Em relação ao proprietário, pode-se afirmar ainda que: O tipo de proprietário, nesse caso, pode variar amplamente daquele de uma empresa familiar, na qual pode ser o próprio gestor e funcionário, ao acionista de uma grande corporação com milhares de acionistas, todos eles tendo uma determinada porção do capital da organização (MACHADO FILHO, 2006, p. 9). Já em relação aos funcionários, como dependem de seus empregos e, de forma direta, da organização como resultado de seu trabalho, esperam desta salários, segurança, benefícios, entre outros retornos. Os fornecedores como stakeholders são responsáveis pelo suprimento de matérias- primas, o que impactará na qualidade e preço final dos produtos. Por outro lado, a organizaçãoé cliente de seu fornecedor e também um stakeholder dele (MACHADO FILHO, 2006, p. 10). Os consumidores como stakeholders recebem os produtos e/ou serviços da organização e fornecem o recurso monetário que é vital para a sustentabilidade do negócio das empresas. Já a comunidade local permite à organização a construção de suas instalações, plantas industriais, escritórios e, em troca, recebem benefícios tais como taxas e contribuições. Nesse sentido, afirma Machado Filho (2006) que a organização deve ter cautela para não provocar externalidades negativas à comunidade local, como a poluição do ar e da água e outros agravantes ambientais (MACHADO FILHO, 2006). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 7 1.2 Visão institucional Para Machado Filho (2006), as diferenças entre a visão clássica e institucional estão relacionadas ao ambiente institucional em que a atividade de negócios ocorre. De acordo com a visão institucional, as limitações impostas pelo contexto institucional é que irão definir o conjunto de oportunidades, bem como os tipos de organizações que irão surgir e sua forma de conduta (MACHADO FILHO, 2006). Nesse sentido, as organizações em um determinado mercado e sua forma de interagir são influenciadas pelo ambiente institucional. Sobre isso, afirma Machado Filho (2006, p. 11) que: Mudanças nesse ambiente podem levar a mudanças na forma de conduta das organizações, e ao surgimento de outras. Em alguns ambientes institucionais, os condicionantes competitivos para a atuação de forma socialmente responsável podem se tornar restritivos. Sabia que, de acordo com Machado Filho (2006), o darwinismo econômico exige das empresas a produção de bens desejados pelos consumidores com o menor custo possível e qualidade elevada? Nesse sentido, as empresas que adotam políticas ineficientes não conseguirão se adaptar ao longo prazo, perdendo seu espaço no mercado. A Figura 2 apresenta um modelo que ilustra a complexa inter-relação entre os aspectos psicológicos, éticos, econômicos e legais que fazem parte do ambiente institucional (MACHADO FILHO, 2006). Figura 2 – Construção de modelo: o ambiente institucional e as atividades de negócios Fonte: Adaptada de Dienhart (2000 apud MACHADO FILHO, 2006). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 8 Para compreender como o ambiente institucional e a atividade de negócios são interligados, é importante a estruturação de um modelo no qual os elementos do ambiente institucional – mercado, organizações e indivíduos – e as relações existentes nas seguintes dimensões – econômica, ética, legal e psicológica – estejam todos envolvidos (MACHADO FILHO, 2006). Assim, pode-se afirmar que as instituições se constituem em mecanismos sociais que fazem uso das regras e princípios éticos, econômicos e legais para a gestão dos “comportamentos”. Dessa forma, o ambiente institucional formal e informal é quem influencia os conjuntos de direitos de propriedade sobre ativos de valor, este último responsável por definir as ações estratégicas das corporações (MACHADO FILHO, 2006). Um exemplo de como as instituições afetam as organizações é a lei norte- americana de responsabilidade civil. Essa lei prevê multas para empresas que afetarem a sociedade, o que as leva a ações focalizadas de estabelecimento de normas e códigos de ética internos. 2 Classificação ordinal dos stakeholders As tentativas de classificação ordinal dos stakeholders levam em consideração os graus presumidos de sua importância na constituição, na operação e na continuidade das empresas, apresentando ainda algumas dificuldades (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Vamos conhecer os três critérios de classificação de interesses legítimos dos diferentes grupos de stakeholders. CLASSIFICAÇÃO ORDINAL: • Abordagens: M. Clarkson A stakeholder framework for analyzing and evaluating corporate social performance (1994). • Critérios de classificação em ordem decrescente de importância: Riscos assumidos voluntariamente - Agentes que incorrem em riscos voluntários, assumidos por alguma forma de investimento feito na empresa. Involuntariamente - Agentes que não estão sujeitos a riscos de investimento nas empresas. • Abordagens: R. Mitchell, B. Agle e D. Wood, Toward a theory of Stakeholders indentification and salience (1997). • Critérios de classificação em ordem decrescente de importância: Três atributos - Legitimidade em auferir resultados. Poder de decisão na empresa. Relação entre contribuições e impactos de suas exigências na empresa. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 9 • Abordagens: A. Altkinson e J. Waterhouse. A Stakeholders approach to strategic performance measurement (1997). • Critérios de classificação em ordem decrescente de importância: Grau de dependência da empresa - Primária. Agentes sem os quais as companhias não teriam surgido e não sobreviveriam. Secundária. Agentes não vitais para a existência da companhia. PROPOSIÇÕES NORMATIVAS: • Abordagens: J. Chrisman e A. Carroll. Social responsability and strategic management (1990) • Critérios de classificação em ordem decrescente de importância: Os interesses dos acionistas é que devem orientar as decisões da gestão. O objetivo da empresa é maximizar a remuneração dos acionistas, agentes que viabilizam a existência dos negócios e as dos demais Stakeholders. • Abordagens: T. Donaldson e L. Preston • The stakeholder theory of the corporation: concepts, evidence and implications (1995) • Critérios de classificação em ordem decrescente de importância: As empresas não têm o objetivo primário de maximizar um conjunto constituído pelos interesses de todos os Stakeholders, mas de um de seus elementos: os shareholders. • Abordagens: A. Sundaran e A. Inkpen The corporate objective revisited (2001.) • Critérios de classificação em ordem decrescente de importância: Desvios em relação ao objetivo de maximizar o retorno total dos shareholders podem acentuar, em vez de atenuar, conflitos e custos de agência. • Abordagens: R. Freeman e J. McVea. A stakeholder approach to strategic management (1998.) • Critérios de classificação em ordem decrescente de importância: As dificuldades em definir critérios ordinais da importância do conjunto de Stakeholders podem gerar mais conflitos do que soluções se os objetivos da empresa privilegiarem múltiplos interesses. • Abordagens: E. Sternberg. The stakeholder concept: a mistaken doctrine (1999) • Critérios de classificação em ordem decrescente de importância: Realmente, os efeitos das decisões de maximizar o retorno total dos proprietários afetam os interesses dos demais Stakeholders, mas isto não implica que cada empresa seja responsável pela maximização dos interesses de todos os que com ela estabeleçam relações. • Abordagens: M. Jensen. Value maximization, stakeholder theory and the corporate objective function (2001). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 10 • Critérios de classificação em ordem decrescente de importância: A maximização do retorno total dos acionistas é o critério que atende ao máximo interesse da sociedade como um todo, mas as companhias dificilmente maximizarão o seu valor se desatenderem aos interesses do conjunto de seus Stakeholders. • Abordagens: J. Boatright. Ethics and the conduct of business (1999) • Critérios de classificação em ordem decrescente de importância: A legitimidade da maximização do interesse dos shareholders provém de serem maiores os seus riscos e residuais as garantias do retorno dos seus investimentos. Fonte: Andrade e Rossetti (2012, p. 112). As relações entre as empresas e os stakeholders que com elas interagem têm se modifi- cado substantivamente nos últimos 20 anos, com crescentes pressões para se materializarem em distribuição de benefícios. Analisando o Quadro 3, observa-se que a abordagem propostapor Clarkson (1994) é focada nos riscos incorridos pelos agentes que interagem no mundo dos negócios, sendo que a ordem de importância pode ser definida pela voluntariedade com que os riscos são assumidos e pela involuntariedade de seus efeitos sobre o capital ou outros recursos disponibilizados às companhias (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Em termos de melhorias na governança corporativa, a empresa Atlas, citada como exemplo na obra de Andrade e Rossetti (2012), busca aperfeiçoar ainda mais seus procedimentos de controle interno, no sentido de que as informações financeiras sejam divulgadas e estejam isentas de omissões relevantes, assegurando a si mesma e a seus acionistas que as ações de sua direção são tomadas de acordo com políticas aprovadas. Já a abordagem proposta por Mitchell, Agle e Wood (1997) baseia-se em três atributos, que são a legitimidade em auferir resultados, poder e responsabilidade pelas decisões na empresa e relação entre contribuições e impactos de suas exigências na empresa. A terceira abordagem, apresentada por Altkinson e Waterhouse, considera o grau de dependência das empresas em relação a cada um dos stakeholders. Essa dependência é dividida em dependência primária e secundária. “A primeira é a que se estabelece entre a empresa e os agentes sem os quais ela não teria surgido ou não teria continuidade. A segunda é a que se estabelece com pessoas, grupos ou instituições não vitais para a existência da companhia” (ANDRADE; ROSSETTI, 2012, p. 113). Sendo assim, existem duas linhas que apresentam os interesses da gestão das comp- anhias. A primeira propõe que o objetivo central, derivado dos indicadores de desempenho e pelo qual são formuladas as estratégias de negócios, está voltado para a maximização do Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 11 retorno total dos shareholders. Já a segunda defende que a empresa deve ser gerida com a finalidade de maximizar uma função de múltiplos interesses, como atender às demandas de todos os stakeholders e atribuindo-lhes benefícios justificados por critérios ordinais de classificação (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Considerações finais Nesta unidade, foi apresentada a conduta das organizações no ambiente corporativo sob o ponto de vista dos grupos de interesses que envolvem as corporações. Apresentou-se também o conceito de stakeholders e shareholders, bem como a influência de cada um na definição dos objetivos e estratégias corporativas. Foi apresentada ainda a visão clássica e institucional dos stakeholders e sua classificação ordinal. Dessa forma, abordou-se nesta aula como os stakeholders, definidos como partes que têm interesses legítimos em jogo nas empresas, afetam ou podem ser afetados pelas diretrizes definidas, pelas ações praticadas e pelos resultados alcançados das corporações. Sugiro a você aprofundar o assunto por meio de consulta a outros livros e pesquisas. Referências ANDRADE, A.; ROSSETTI, J. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. BOATRIGHT, J. R. Ethics and the conduct of business. New Jersey: Prentice Hall, 1999. CLARKSON, Max B. E. Reflections on Stakeholders theory. The Toronto Conference. Business and Society, apr. 1994. DIENHART, J. W. Business, institutions and ethics. Nova York: Oxford University Press, 2000. DONALDSON, T.; PRESTON, L. E. The stakeholder theory of the corporation: concepts, evidence and implications. Academy of Management Review, v. 20, Ohio, 1995. FREEMAN, E. A Stakeholder theory of the modern corporation. In: DIENHART, J. W. Business, institutions and ethics. Nova York: Oxford University Press, 2000. FREEMAN, R. E.; MCVEA, J. A stakeholder approach to strategic management. In: SILVEIRA, A. Di Micelida; YOSHINAGA, Claudia E.; BORBA, Paulo R. F. Crítica à teoria dos Stakeholders como função-objetivo corporativa. Caderno de Pesquisas em Administrac ̧ão, v. 12, nº 1, São Paulo, jan./mar. 2005. JENSEN, Michael. Value maximization, stakeholder theory and the corporate objetive function. Journal of Applied Corporate Finance, v. 14, nº 3, 2001. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 12 MACHADO FILHO, Cláudio Pinheiro. Responsabilidade social e governança: o debate e as implicações: responsabilidade social, instituições, governança e reputação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. MITCHELL, R.; AGLE, B.; WOOD, D. Toward a theory of Stakeholders identification and salience: defining the principle of who and what really counts. Academy of Management Review, v. 2, 1997. STERNBERG, E. The Stakeholders concept: a mistaken doctrine. Foundation for Business Responsibilities. Issue Paper, nº 4, nov., 1999. SUNDARAM, Anant K.; INKPEN, Andrew C. The corporate objective revisited. Thunderbird School of Management Working Paper, oct., 2001. Cultura e Governança Corporativa Aula 04 Estrutura de Controle e de Poder da Governança Corporativa (Parte 1) Objetivos Específicos • Recordar os conceitos de poder e controle, apresentando as estruturas de GC (Assembleia Geral, Conselho Fiscal, Conselho de Administração, Comitê de Auditoria, Auditoria Independente, Auditoria Interna, Diretoria Executiva). Temas Introdução 1 O ambiente, os atores e órgãos da governança corporativa Considerações finais Referências Elizângela de Jesus Oliveira Professora Autora Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 2 Introdução Esta aula tem como objetivo apresentar os conceitos de poder e controle e as estruturas de governança corporativa. Dessa forma, conforme uma sequência hierárquica, será apresentado inicialmente o órgão soberano das companhias, a Assembleia Geral, responsável pela estrutura de poder que preside os destinos da empresa. Posteriormente, serão apresentados dois órgãos de governança cujos titulares são eleitos pelos proprietários controladores, o Conselho Fiscal e o Conselho de Administração. Na sequência, serão apresentados os órgãos subsidiários os quais os Conselhos de Administração têm poderes para constituir, que são os comitês técnicos – com destaque para o Comitê de Auditoria. E, por fim, focalizaremos a Diretoria Executiva e a Auditoria Interna. 1 O ambiente, os atores e órgãos da governança corporativa É importante entender que uma governança corporativa bem estruturada é determinante para o alcance de um melhor desempenho financeiro das organizações (SILVA, 2006). Refletindo sobre o ambiente e os atores da governança corporativa, é importante lembrar do alcance e do sistema de auditoria e de fiscalização das estruturas de poder estabelecidas. Existem ligacões entre os órgãos e atores; e no ambiente de governança as outras partes com interesses em jogo na companhia também fazem parte da estrutura do poder (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Dessa forma, o ambiente e os atores da governança corporativa são subdivididos em quatro blocos interligados, que são: propriedade, controle, administração, auditoria e fiscalização (ANDRADE; ROSSETTI, 2012). Em uma perspectiva abrangente é possível identificar a hierarquia dos órgãos constituídos e de onde emana a estrutura de poder, responsável por conferir consistência à governança das companhias. Os órgãos da governança corporativa podem ser entendidos como estruturas autônomas operantes em ambientes distintos e com funções exclusivas, tendo necessidade de estabelecer relações entre si, uma vez que a governança corporativa se constitui em um sistema de relações, internas e externas, pelo qual as companhias são dirigidas e monitoradas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Cultura e Governança Corporativa 3 Figura 1 – O ambiente e os atores da governança corporativa: uma visão abrangente Fonte: Adaptada de Lamb (2002 apud ANDRADE; ROSSETTI, 2012, p. 256). Pode-se afirmar, ainda, que a subordinação dos órgãos da administração à Assembleia Geral acontece
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