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A educação na Antiguidade História da Educação Profª Vânia Maria Siqueira Alves Graduação em História, Mestre em História e Drª. Museolgia e Patrimônio O mundo antigo 1. Antiguidade oriental 1.1 Mesopotâmia Sumérios e semitas, principais povos que dão origem a Mesopotâmia. II milênio a.c. → entrada de outros povos: Mari, Babilônia e Assíria. Sucessão de povos diferentes provocou poucas alterações na cultura suméria por cerca de 3000 anos. Escrita cuneiforme. Carência de informações sobre educação mesopotâmica Templo e técnicas: papel importante na civilização assírio-babilônica. Centralidade da religião → centralidade da função social dos sacerdotes → depositários da palavra, conhecedores da técnica da leitura e da escrita. Educação doméstica. Formação escolar: Aprendizagem oral, seguida de dimensão de escrita Formação do escriba em ambientes aparelhados para escrever sobre tabuleta de argila. O ensino era realizado com alguns alunos reunidos ao redor de um mestre. Disciplina rígida Após 1240 ac. Quando os assírios conquistaram a Babilônia, foram criadas escolas públicas, com a intenção de impor valores aos povos conquistados. Universidade palatina da Babilônia: história natural, astronomia e matemática. 2º milênio antes de Cristo – Código de Hamurabi Placa com assentamentos de contabilidade em cuneiforme, 1980 a.C. A escrita cuneiforme adquiriu tamanha importância que deu ao escriba o status de profissional qualificado: para que se pudesse desempenhar o ofício de um escriba, deveria-se passar um longo tempo na chamada edubba(“a casa dos tabletes”), que era o local destinado à educação e ao treinamento dos escribas. Existiu uma parábola babilônica que dizia: “A escrita é a mãe da eloquência e o pai dos artistas”. [2] O escriba em formação frequentava a escola desde o início da juventude até a idade adulta. A partir do IV milênio a. C formaram-se no Egito os nomos, (clãs reunidos em torno de um sacerdote ), e da unificação destes nomos surgiram dois reinos distintos, um ao norte e o outro ao sul do país. O reino do sul, vencendo o reino do norte unificou os dois reinados. 1.2 Egito A sociedade egípcia é considerada uma das mais ricas em termos de concepções educacionais. Egito: Berço Comum da Cultura e da Instrução Os próprios gregos – educadores dos romanos – reconhecem o "pioneirismo" desta civilização. Platão , expressa imensa admiração pelo saber do povo egípcio referindo-se ao deus Thort ( deus egípcio ) : "o inventor dos números, do cálculo, da geometria e da astronomia, sem falar do jogo do tabuleiro e dos dados e, enfim, das letras do alfabeto" ( Pedro, 274 c; Filebo, 18 b-d ) – ( Manacorda, p.10 ) Teor religioso da cultura egípcia. Informações práticas. Institucionalização da escola → Falta de provas sobre a existência da escola e do aprendizado profissional. Provas do processo de inculturação (reservado as classes dominantes). No Egito os saberes que se desenvolveram foram a geometria, a astronomia e a matemática. 3000 a.c. texto escrito: importante para escriba. Formação de escribas, médicos, engenheiros, arquitetos. Ensino dos ofícios especializados para formar artesãos. Grande maioria da população aprendia com a família. Estátua em calcário do escriba Amen-hotep, filho de Nebiri Datada do Império Novo, XVIII dinastia, cerca de 1426-1400 a.C Museu de Brooklyn, Estados Unidos. 1.3 India 2000 a.c – florescimento da civilização hindu. Hinduísmo (bramanismo)e budismo. Divisões de classe → discriminação Contemplação Aulas: iniciativa privada Disciplina: não abusava dos castigos Estudos: função religiosa e moral Exaltação do espírito e desinteresse pela educação física 1.4 China Educação conservadora → transmissão de conhecimentos Taoismo (caminho) – LaoTse (VI a.c): recomendação de uma vida tranquila. Confucionismo: exaltação da tradição e o culto aos mortos. Poder ilimitado dos pais sobre os filhos. Criou sistema de exames baseado no ensino dogmático e memorizado. Reprodução do sistema de hierarquia, obediência e subserviência aos mandarins. Letrados: mandarins Oficinas: artesão e camponeses Educação elementar: cálculo e alfabetização 1.5 hebreus Educação Religiosa Começava em casa e continuava quando os filhos iam com seus pais aos cultos religiosos. Os pais tinham responsabilidades definidas na educação. A educação dos filhos começava por volta dos três anos, quando já sabiam falar: orações e cânticos eram aprendidos por repetição. No princípio o povo adorava no *tabernáeulo. mais tarde em "sinagogasi. Ensinamento ministrado pelos sacerdotes: levitas ou rabinos. Aprendiam sobre as Escrituras e sobre o que Deus (Javé) queria do povo judeu: e sobre as festas anuais e festivais religiosos. As principais fontes de estudo para eles era a Bíblia (Torá). Educação rígida, minuciosa, desde a infância; pregava o temor a Deus e a obediência aos pais. Método: repetição e a revisão: catecismo Nas famílias ricas, os filhos tinham tutores em casa. Fonte http://amora.cap.ufrgs.br/2001/projetos/roma/conxandre.htm O mundo antigo 2. Antiguidade ocidental – Grécia e roma A Grécia Antiga dividia-se em três partes: Hélade: lado continental, localizada na Península Balcânica; Parte insular: ilhas do Mar Egeu (Lesbos, Rodes e Creta); Parte Asiática ou jônia: costa Ocidental. Periodização História da Grécia Antiga - A Grécia é considerada o berço de nossa civilização. - O mundo grego foi pródigo em tendências educacionais. - Sociedade escravista. 2.1.1 Formação da Grécia Antiga - Povos primitivos - Civilização Cretense ( egeia ou minóica) ◦ Estabelecimento por volta de 2500 a.c. ◦ Intenso comércio → Desenvolvimento urbano - A população da Grécia Antiga foi formada a partir da junção dos povos indo-europeus (aqueus, jônios, eólios e dórios) + egípcios, fenícios e minóicos. - Aqueus: primeiros povos que estabeleceram na península balcânica → Micenas. - Expansão micênica (400 a.c.) → Declínio de Creta ↓ - Guerra de Tróia 2.1.2 A idade Arcaica e o modelo homérico: as armas e o discurso a) A educação homérica - Tempos homéricos: (aprox. 1200 a 700 a.c.) → época em viveram os heróis. - A educação grega era constituída a partir do mito. - Ideal aristocrático e predomínio da tradição oral. - Homero, “O educador de toda a Grécia” (Platão) → sugestão entre o “dizer” e o “fazer”. - Ilíada (ideal heróico do homem corajoso, guerreiro, combativo) - Odisséia (valorizava a cultura e a moral aristocrática, a moral dos maiores), as grandes fontes inspiradoras do desenvolvimento da educação grega baseada no modo de vida virtuoso. - As ações exemplares representadas nos mitos já têm em si um conteúdo educativo → Pedagogia do exemplo. - Areté: a virtude guerreira de Homero. - Além da educação familiar, a forma que primeiramente predominou na Grécia Antiga foi a ginástica e a música. - O ensino formal parece não existir. 2.1.3 A polis e a formação do cidadão: leis e ritos, agonística e teatro - No período denominado Grécia Arcaica (800 e 480 a.C) – reinos independentes e territoriais – vivenciaram a cristalização do modelo urbano da civilização clássica e noções de cidadania. - Ideal político → formação do cidadão. - Valorização da razão. - Com a formação das cidades-Estados surgiram também a escrita, a lei e a pólis. - As pólis compunham um universo diverso e complexo. - Pólis: leis e ritos que formam a consciência do cidadão e inspiram seu comportamento por meio de normas que fixam ações e proibições. Fonte: https://escola.britannica.com.br/artigo/Gr%C3%A9cia-antiga/481417/recursos/134405 Acesso: 05/04/2019. 2.1.4 A polis e a formação do cidadão: leis e ritos, agonística e teatro - As formas de governo e de educação variaram bastante entre elas. - Dois modelos educativos, o de Atenas e o de Esparta têm sido os mais abordados nos estudos da História da Educação. - Esparta: conformismo, estatismo X Atenas: paidéia, de formação humana livre, nutrida de experiências diversas. - O nascimentoda paidéia. - A educação voltou-se à habilitação do cidadão livre, comum, para a carreira política onde a presença da palavra se tornou instrumento político. - Foi preciso educar para governar → A educação ensinava uns poucos a governar. -A literatura e a escola tornaram espaços por excelência da identidade grega. - Escola vem do grego Scholé, tempo livre. Não era aberta a todos. O surgimento da escola primária em Atenas deu–se por volta de 600 a.c. e com Sólon (VI a.c.) a legislação sobre a escola. - Nascimento da escola da escrita alfabética em meio democrático de comunicação e de educação se abre tendencionalmente a todos os cidadãos → surgimento do mestre das letras do alfabeto, o grammatistés. - A forma física da escola foi o ginásio (séc. V a.c.). Um pedagogo acompanhando o seu pequeno discípulo à palestra. Ele acompanha as crianças à escola e em parte exerce a função de mestre, ou pelo menos a de repetidor para elas; é um escravo e, em geral, um estrangeiro; mais raramente e só de modo temporário (isto é, até o previsível resgate), também um grego forasteiro, escravo numa cidade que não é a sua (MANCORDA, 2000, p. 48). Fonte: www.educ.fc.ul.pt/.../conceitodepaideia.htm A antiga educação, baseada na ginástica, na música e na gramática deixa de ser suficiente. Do significado original da palavra paideia como criação dos meninos, o conceito alarga-se para, no século IV. a.C., adquirir a forma cristalizada e definitiva com que foi consagrado como ideal educativo da Grécia clássica. Paideia Para alcançar este ideal é proposto um programa educativo que implica dois elementos fundamentais: a ginástica para o desenvolvimento do corpo, e a música (aliada à leitura e ao canto) para o desenvolvimento da alma. No fim da época arcaica, este programa educativo completava-se com a gramática. www.educ.fc.ul.pt/.../conceitodepaideia.htm 2.1.5 Da polis à cultura helenística - A instrução na música e na ginástica era prerrogativa das classes dominantes/homens livres. - A Infância não foi valorizada em toda antiguidade, o menino era inserido na vida social a partir dos sete anos. - Nas famílias, encontrava-se também o “pedagogo”. - Havia distinção entre os graus de mestre: grammatistés, o grammatikos, o rhétor. - O método de ensino-aprendizagem era baseado na memorização e na repetição (método mnemônico). - Séc. IV e V a.c. cultura grega sob hegemonia de Atenas → crise e transformação. - No fim do século IV a.C., iniciou-se a decadência das cidades-Estados grega → Guerra do Peloponeso →até a perda de sua autonomia. - Crise da Pólis como modelo educacional. -A fusão de elementos culturais gregos e orientais deu origem a uma nova cultura, que caracterizou, daí em diante, as regiões do Império de Alexandre – a cultura helenística”. A antiga paideia tornou-se uma educação geral: enciclopédia, ou seja, a “educação geral”, que consiste na ampla gama de conhecimentos exigidos na formação do homem culto, reduzindo ainda mais o aspecto físico e estético . Realeza (735 - 509 a.C.); Período republicano (509 - 27 a.C.); Império (27 a.C. - 476 d.C.). 2.2 roma Civilização escravista Predomínio moral, cívica e religiosa: características próprias. Instrução escolar: origem nos gregos Utilitarista e militarista Permanência da nobreza hereditária no poder → constituição cívica → governo oligárquico tradicional (Perry Anderson) Educação na família Pater famílias → função educadora do pai Civis Romanus → Educação heróico-patrícia Protagonismo da mãe nos primeiros anos → inexistência na Roma Antiga durante muito tempo de forma de educação pública para a primeira infância. Texto básico da educação romana: Lei da Doze Tábuas (451 a.c.) Educação para a arte do poder: o “dizer” e o “fazer” A educação por obra de escravos e libertos Provável evolução histórica do escravo pedagogo e mestre na própria família ao escravo mestre da criança de várias famílias. ↓ Escravo liberto que ensina na sua própria escola (estrangeiros/gregos) Educação se torna um ofício praticado inicialmente por escravos no interior da família e libertos na escola. Existência de escolas em Roma sob influência dos gregos e etruscos antes do processo de aculturação. As resistências à aculturação grega Fins do séc. IV e início do séc.III a.c.→ escola em Roma é uma instituição normalmente difundida. Ensino de 1ªs letras (se. IV a.c. – realeza): heróico-patrícia e cosmopolita. séc. III a.c. → Educação secundária Introdução da gramática em 169 a.c. → resistência {escolas que preparavam para a participação democrática. Curso do séc. II e início do séc. I → ampla difusão das idéias filosóficas e escolas gregas → epicurismo ao estoicismo. Séc. II a.c. → organização das escolas secundárias segundo modelo grego. Séc. I a.c.→ humanitas A escola de Estado Séc. IV d.c Escola de tipo grego: instituição consolidada e difundida nos últimos anos da república e primeiros principados. Escola de gramática e retórica: escola das classes privilegiadas. apoio direto do poder público a partir da ditadura de César. Escolas de retórica latina Séc. I a.c.→ humanitas Cícero: formação do orador Sêneca: educação para a vida e individualidade Quintiliano: O estudo deveria dar-se no espaço de alegria (schola) Plutarco: Biografia de grandes homens como exemplo vivos de virtude e de caráter. A escola e seus ensinamentos Ler, escrever e gramática Escola de gramática → escola de cultura geral {ciências a partir dos poetas. Domínio da retórica sobre a filosofia O mestre e a escola Mestre: sádica, severidade e miséria Tédio e pavor da escola Memória: principal instrumento de ensino Escrita mecânica Distância entre ensinamentos e realidade Primeira crítica fundamental à escola Diferentes graus de escola e de mestre Educação Física Educação Física foi acrescentada, tornando-se a principal e mais importante à formação do homem. Preparação militar Introdução de competições ginásticas (Nero) Treinamento físico e militar e oratória política foi suplantado pelo profissionalismo dos atletas, gladiadores. O trabalho e a aprendizagem Atividades produtivas são indignas do homem livre. Instrução profissional dos plebeus e dos escravos gerida por seus patrões Linhas de um escolar. Tábua escolar grega de madeira alvejada. "Trabalha duro, caso contrário você apanha!". Escrito pelo mestre e copiado quatro vezes pelo menino. Berlin Staatsmuseen. Fonte: BONNER, Stanley F. Education in Ancient Rome. Methuen & Co Ltd. p.61, fig. 10. Fonte: www.paideuma.net/indice.htm Referências ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: geral e Brasil São Paulo:Moderna, 2006. VALE, José Misael Ferreira do. A Educação Contemporânea SOUZA, Neusa Maria Marques de (Org.). História da Educação: Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Contemporânea. São Paulo; Avercamp, 2006 (p. 15 – 35).
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