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2 - POLÍTICAS DE INCLUSÃO DOS SURDOS

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DEFINIÇÃO
As políticas linguísticas e inclusivas como parte das políticas
públicas. Os efeitos sociais, educacionais, inclusivos, práticos e
comportamentais dessas políticas na comunidade surda.
PROPÓSITO
Conceituar políticas linguísticas, planejamento linguístico,
comunidade linguística e minoria linguística, além de conhecer
as políticas inclusivas e sua relação com o preconceito, em
especial o que se relaciona com a comunidade surda.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir os conceitos gerais de políticas linguísticas voltadas
para a comunidade surda, como conquistas e garantias de
direitos linguísticos
MÓDULO 2
Reconhecer como as políticas inclusivas ou de inclusão, com
foco nos sujeitos surdos, contribuem para mitigar os
preconceitos sociolinguísticos e culturais
INTRODUÇÃO
Prepare-se para conhecer um assunto importante no âmbito da
inclusão social: a relevância das políticas linguísticas e
inclusivas como parte das ações do poder público para a
elaboração e efetivação de políticas públicas sociais,
objetivando a proteção, a preservação, a perpetuação, o uso, o
ensino e a interpretação de línguas de minorias linguísticas.
Para tanto, é válido o levantamento de algumas questões:
O que é política?
O que são políticas públicas?
As políticas linguísticas e inclusivas são políticas públicas
sociais?
Embora não seja o objetivo esgotar o conceito de “política”
aqui, basta nos lembrarmos de que, basicamente, a política é
um processo de tomada de decisões que norteia diretrizes,
ações, programas, projetos por diversos âmbitos (sociais,
econômicos, linguísticos, educacionais, políticos, dentre outros)
e sua aplicação com efeitos e atribuições na sociedade que
vigora.
É um processo de desenvolvimento dentro da própria
sociedade e resulta da dinâmica de cooperação e competição
entre os grupos que convivem no mesmo espaço,
compartilhando ambientes, motivações, valores, aspirações
sociais.
As políticas públicas sociais são instrumentos ou mecanismos
que institucionalizam a proteção e a promoção de todos os
cidadãos integrantes de uma sociedade ou grupos sociais
específicos, como uma comunidade etnolinguística. É o Estado
quem exerce o papel de efetuar o desenvolvimento de políticas
públicas para atender aos direitos, às garantias fundamentais e
ao bem-estar de todos os cidadãos.
As políticas linguísticas e inclusivas são direitos e garantias
que se caracterizam como políticas públicas sociais para a
equidade, o equilíbrio, a promoção do valor humano e a
democratização de acesso aos serviços com qualidade,
atendendo às peculiaridades individuais e coletivas.
Mas não se preocupe: ao longo de nosso estudo, tudo isso
ficará mais claro!
MÓDULO 1
 Definir os conceitos gerais de políticas linguísticas
voltadas para a comunidade surda, como conquistas e
garantias de direitos linguísticos
POR QUE AS POLÍTICAS
LINGUÍSTICAS SÃO
IMPORTANTES PARA A
COMUNIDADE SURDA?
Os surdos foram proibidos de falar as suas respectivas línguas
de sinais (pois não há uma língua de sinais universal) a partir
de 1880, após o Segundo Congresso Internacional de
Educação de Surdos – também conhecido como Congresso de
Milão ‒, onde se reuniram educadores de surdos, que
decidiram pela remoção das línguas de sinais na educação de
surdos.
Os professores surdos, à época, foram afastados da docência
e, assim, os alunos surdos passaram a ter aulas (das diversas
disciplinas) somente com professores ouvintes, que, por sua
vez, nem eram bilíngues, nem seriam modelos – ou pares
linguísticos culturais – para esse alunado.
 Fonte: Shutterstock.com | Por r.classen
 SAIBA MAIS
As comunidades surdas, como espaços de partilha linguística e
cultural presentes em milhares de cidades do mundo, reúnem
surdos e ouvintes – em geral, usuários das línguas de sinais –
com expectativas, histórias, olhares ou costumes comuns. A
ideia de comunidade, aqui, apoia-se na presença de vínculos
simbólicos que congregam sujeitos – concentrados no mesmo
local ou dispersos territorialmente – com interesses
convergentes e propostas coletivas. Entende-se comunidade
surda, então, como um espaço de trocas simbólicas em que as
línguas de sinais, a experiência visual e os artefatos culturais
surdos são partilhados entre sujeitos surdos (e ouvintes) que
congregam interesses comuns e projetos coletivos. 
 
Fonte: Hugo Heiji, no site cultura surda.
Implantou-se, nesse cenário, uma filosofia educacional
denominada oralismo. A educação oralista passou a seguir as
8 (oito) Resoluções aprovadas nessa conferência,
funcionando como uma espécie de “declaração”, “orientação”
que os governos e seus programas educacionais assumiram,
começando a preferir a oralização à língua de sinais de seu
país.
javascript:void(0)
8 (OITO) RESOLUÇÕES
Você pode encontrar mais informações sobre essas
Resoluções e sobre o próprio Congresso no site
libras.com.br.
Percebamos que tal decisão não partiu dos surdos adultos, dos
surdos professores, mas de um grupo de profissionais da
educação ouvintes, desfavorecendo um grupo social e
linguístico de uma comunidade com língua e cultura próprias.
Os efeitos negativos disso reverberam na história da educação
de surdos e seus efeitos resultam no distanciamento social
entre surdos e ouvintes.
Obviamente, o Congresso de Milão vai na contramão dos
avanços socioeducacionais conquistados pelos surdos nos dois
séculos anteriores e introduz, na história da comunidade surda,
um acontecimento obscuro e, consequentemente, prejudicial
que serve não apenas como meramente informativo, mas
também como pano de fundo para uma discussão de políticas
linguísticas no cenário mundial e no contexto brasileiro.
EIS UM PONTO QUE MOSTRA
COMO AS POLÍTICAS
LINGUÍSTICAS IMPORTAM:
O conjunto de leis, decretos, portarias, tratados e declarações
internacionais é ação de garantias de que as línguas
minoritárias estão protegidas na forma legal, institucionalizadas
nos países onde suas comunidades, também conhecidas como
minoria linguística, estão presentes para que o Estado abranja
os direitos linguísticos que tais grupos possuem.
Isso reflete nas relações e práticas sociais no interior das
minorias linguísticas, bem como nas inter-relações entre
sujeitos de diversos grupos etnolinguísticos. A forma de
sociabilidade pela língua e a mentalidade do uso, a
tradução/interpretação, o ensino e a disseminação de línguas
de comunidades minoritárias, por extensão, são modificados
pelas forças legais.
O valor e o estatuto das minorias linguísticas, em todos os
aspectos, também perpassam o valor e o status das suas
respectivas línguas. Respeitar a língua é respeitar o sujeito
da língua, sua identidade cultural, seu modo de enxergar a
vida e de se relacionar com ela e com seus pares. A
intervenção das políticas linguísticas, como modo de
operacionalizar, identifica e promove esses elementos e
mecanismos, estrategicamente.
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.com | Por Digital Storm
O QUE É POLÍTICA
LINGUÍSTICA?
Podemos entender políticas linguísticas por duas dimensões:
 
Fonte:Shutterstock
COMO UM CAMPO DE ESTUDO
CIENTÍFICO QUE LIGA A POLÍTICA E
A LINGUÍSTICA, TENDO COMO
OBJETO A CONSTRUÇÃO DE UM
PLANEJAMENTO LINGUÍSTICO QUE
ANALISA A PRÁTICA DE CARÁTER
ESTATAL-LEGISLATIVO.
Aqui, os objetivos são as oficializações e os reconhecimentos
legais de uma língua vista como subalterna, ou sequer
entendida como código ou sistema linguístico, de modo a
promovê-la na hierarquia social, elevando-a, inclusive, ao
patamar de língua oficial nos documentos e eventos público-
estatais. Nesse caso, estamos falando de política linguística
como uma área de conhecimento, saber e estudos
acadêmicos.
 
Fonte:Shutterstock
COMO AS DECISÕES E AÇÕES
SOBRE A LÍNGUA, POR MEIO DE
ESTRATÉGIAS, PROGRAMAS E
PROJETOS DE IMPLEMENTAÇÕES
DE USO, ENSINO, TRADUÇÃO
(INTERPRETAÇÃO) E
DISSEMINAÇÃO.
Ou seja, práticas de democratização da língua como, por
exemplo, a inserção da Libras nocurrículo do ensino superior
(a partir do Decreto 5.626/2005), ora obrigatória nos cursos de
formações de professores, pedagogos e fonoaudiólogos, ora
eletiva nas faculdades de bacharelado e tecnológicas.
São justamente essas políticas linguísticas – agora, sim, no
plural, e é a forma nominal que manteremos em nosso estudo
– que influenciam o comportamento dos sujeitos, dos cidadãos,
quer sejam membros das comunidades de minorias linguísticas
ou não.
As políticas linguísticas (ou política de línguas, em alguns
estudos) são bem complexas e plurais, partindo de diversos
contextos locais e nacionais, inclusive internacionais, de
prioridades e necessidades das comunidades linguísticas. Por
outro lado, é possível, e até necessário, para que possamos
estudá-las, encontrar elementos em comum.
Vamos identificar os seguintes elementos:
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
DECLARADAS
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
PERCEBIDAS
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
PRATICADAS
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
DECLARADAS
Referem-se à gestão das línguas das comunidades
linguísticas, tratam da política explícita e que oficializa o uso
das línguas. Como exemplo, podemos citar a criação da Lei nº
10.436, de 24 de abril de 2002, conhecida como a Lei da
Libras, sancionada pelo então presidente Fernando Henrique
Cardoso, e a regulamentação desse instrumento, com a
aprovação do Decreto nº 5.626, na gestão do então presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em 22 de dezembro de 2005. Esses
foram resultados de confluência e atitudes linguísticas dos
movimentos dos surdos brasileiros.
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
PERCEBIDAS
Alusivas às crenças e às ideologias linguísticas, que afetam os
usos linguísticos, sociais, no espaço público ou privado.
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
PRATICADAS
Cujas práticas linguísticas se vinculam, inclusive, aos padrões
interacionais.
 SAIBA MAIS
Outro ponto relevante que merece destaque no contexto das
políticas linguísticas, no âmbito da efetivação da legislação e
visualização da Libras, foi a criação do cargo de intérprete de
Libras-Português na Presidência da República do Brasil, a
partir de 2019, no governo do então presidente Jair Messias
Bolsonaro, proporcionando a atuação de dois profissionais para
realizar, simultaneamente, a interpretação dos
pronunciamentos oficiais da Presidência da República, tanto no
Palácio do Planalto quanto em localidades externas.
A presença de intérpretes de Libras, pela primeira vez, nesses
eventos oficiais, com transmissão ao vivo ou gravada, significa
a ocupação de um espaço político que atribui, promove e eleva
o status (ou estatuto) linguístico da Libras e o poder
comunicacional, informacional dos sujeitos surdos. Afinal,
agora ganham independência na compreensão e no
entendimento dos fatos pela coexistência de duas línguas no
mesmo ato público oficial, instituído com ineditismo e,
consequentemente, nunca experimentado pela comunidade
surda.
Assim, essas medidas, especialmente as legislativas, e a
visualização pública da Libras correspondem às perspectivas
projetadas na Declaração Universal do Direitos Linguísticos
(UNESCO, 1996) para a preservação das línguas das
comunidades linguísticas de minorias e a continuidade da
diversidade linguística.
É importante conhecê-las:
PERSPECTIVA POLÍTICA
Conceber uma organização da diversidade linguística que
permita a participação efetiva das comunidades linguísticas
javascript:void(0)
neste novo modelo de crescimento.
PERSPECTIVA CULTURAL
Tornar o espaço de comunicação mundial plenamente
compatível com a participação equitativa de todos os povos, de
todas as comunidades linguísticas e de todas as pessoas no
processo de desenvolvimento.
PERSPECTIVA ECONÔMICA
Promover um desenvolvimento duradouro baseado na
participação de todos e no respeito pelo equilíbrio ecológico
das sociedades e por relações equitativas entre todas as
línguas e culturas.
Mas para que haja efetivamente uma política de línguas ou de
proteção às línguas reconhecida legalmente, são necessários
uma planificação e um aparato jurídico que proponham, na
prática, as substituições de uma acepção monolíngue
(referente a uma única língua) para uma concepção plurilíngue
(referente a duas ou mais línguas).
javascript:void(0)
javascript:void(0)
O BRASIL É UM PAÍS COM
ABUNDANTE DIVERSIDADE
LINGUÍSTICA E, SEM SOMBRA DE
DÚVIDA, EM TERMOS DE
POLÍTICAS, DEVE-SE CONSIDERAR
O FATO DE A NAÇÃO SE
CONFIGURAR COMO
ESSENCIALMENTE PLURILÍNGUE.
PORTANTO, A CONSTRUÇÃO DE
PROPOSTAS QUE VISEM AO
ESTABELECIMENTO DO
EQUILÍBRIO ENTRE AS LÍNGUAS
DEVE PARTIR DA
PROBLEMATIZAÇÃO DOS EFEITOS
QUE CONCEPÇÕES MONOLÍNGUES
PODEM CAUSAR EM QUESTÕES
RELACIONADAS AO
PLANEJAMENTO LINGUÍSTICO.
(SOUZA, 2020)
Os reflexos de políticas linguísticas e a gestão do planejamento
linguístico influenciam as dimensões e perspectivas das
relações e da consciência territorial, local e nacional entre os
falantes das línguas majoritárias e os falantes das línguas de
minorias. O modo de compreensão e aplicação das mesmas
dimensões e perspectivas modificam as políticas linguísticas
adotadas e exercidas; se bem empregadas, ampliam, inclusive,
o acesso à educação e aos bens culturais, a inserção no
mercado de trabalho, o orgulho e valor de si como sujeito de
identidade linguística e a valorização da culturalidade da
comunidade linguística.
Até aqui estudamos o conceito básico de políticas linguísticas e
sua relevância para as comunidades linguísticas e para as
línguas de minorias. Porém, um questionamento poderia (ou
deveria) nos alcançar:
QUAIS SÃO AS IDEIAS DE
COMUNIDADE LINGUÍSTICA E
LÍNGUA DE MINORIAS?
É exatamente o que veremos agora.
COMUNIDADE LINGUÍSTICA
De acordo com a Declaração Universal do Direitos Linguísticos,
comunidade linguística é:
TODA A SOCIEDADE HUMANA QUE,
RADICADA HISTORICAMENTE EM
DETERMINADO ESPAÇO
TERRITORIAL, RECONHECIDO OU
NÃO, IDENTIFICA-SE COMO POVO E
DESENVOLVEU UMA LÍNGUA
COMUM COMO MEIO DE
COMUNICAÇÃO NATURAL E DE
COESÃO CULTURAL ENTRE OS
SEUS MEMBROS. A DENOMINAÇÃO
LÍNGUA PRÓPRIA DE UM
TERRITÓRIO REFERE-SE AO
IDIOMA DA COMUNIDADE
HISTORICAMENTE ESTABELECIDA
NESTE ESPAÇO.
(UNESCO, 1996)
Essa definição poderia nos trazer algumas inquietações acerca
da afirmação sobre território. Se pensarmos pelos limites
geográficos, não haveria a clara compreensão dos surdos
como uma comunidade linguística, mas apenas como
pequenos grupos sociais sem uma macroestrutura que os
enlace como sujeitos identitários, por uma identidade linguística
e cultural.
 
https://www.flickr.com/photos/agenciabrasilia/21087308423/in/album-
72157658678112398/
 Fonte: https://www.flickr.com
Para esclarecer esse ponto, também afirma que:
NO CASO DE UMA COMUNIDADE
LINGUÍSTICA HISTÓRICA NO
RESPECTIVO ESPAÇO
TERRITORIAL, ENTENDA-SE ESTE
NÃO APENAS COMO A ÁREA
GEOGRÁFICA ONDE ESTA
COMUNIDADE VIVE, MAS TAMBÉM
COMO UM ESPAÇO SOCIAL E
FUNCIONAL INDISPENSÁVEL AO
PLENO DESENVOLVIMENTO DA
LÍNGUA.
(UNESCO, 1996)
Essa compreensão e esse alargamento do que é “territorial” ou
“espaço de convivência” para as comunidades surdas
brasileiras têm muita importância, pois os surdos estão
separados por núcleos regionais, por fronteiras políticas e
ideológicas; muitos habitam um espaço geográfico reduzido,
cercados por integrantes de outras comunidades linguísticas,
ou por família em que são os únicos membros surdos.
Isso porque a comunidade linguística se articula não só pelos
aspectos linguísticos, mas também pelos ângulos sociais,
psicológicos, identitários, políticos, históricos, constituídos por
compartilhamento dos mesmos valores e percepção dos
fenômenos, normas e comportamentos diante do uso da
língua.
MINORIA LINGUÍSTICA
Agora, responda:
PODEMOS AFIRMAR QUE
MINORIA LINGUÍSTICA
SIGNIFICA QUE HÁ MENOS
FALANTES DE UMA LÍNGUA?
VERIFICAR
javascript:void(0)
Não! Nada tem a ver com a quantidade de falantes de um
sistema linguístico, ou seja, de uma língua ou um idioma.
A definição está atrelada a um processo de minorização. É um
construto de marginalização,discriminação e preconceitos
sociopolíticos, socioeconômicos, de hierarquização entre os
extremos hegemônicos e subalternos das línguas e culturas
dos diversos grupos de línguas em contato, com implicações
desastrosas aos direitos sociais e básicos.
Há, por vezes, de maneira oculta e subjetiva, uma política de
apagamento dos grupos etnolinguísticos, que interfere
negativamente na vida de seus falantes, em sua autoestima,
em seus direitos básicos à cidadania. A discriminação e o
preconceito linguístico são constantes contra as minorias
linguísticas e ocorrem por meio de práticas de desprestígio
social por falantes das línguas majoritárias.
No entanto, as línguas minoritárias são sistemas simbólicos e
estruturantes, com as mesmas funcionalidades e
potencialidades das línguas majoritárias, e podem ter o mesmo
papel preponderante. Assim, entende-se que a questão é
focalmente social, pois, no que tange às condições linguísticas
e à estruturação gramatical do sistema, as línguas minoritárias,
a exemplo da Libras, em nada são inferiores às demais.
 Legenda: Índios Pataxó em atividade diurna. | Por celio
messias silva
O Brasil é um exemplo típico. Apesar de haver inúmeras
línguas indígenas, línguas estrangeiras, a língua brasileira de
sinais e a língua de sinais da tribo indígena Urubu-Kaapor,
apenas a língua portuguesa é o idioma oficial. Ou seja, há uma
pluralidade linguística, mas o português brasileiro é
hegemônico e possui privilégios que as outras línguas
brasileiras não alcançam. Observa-se, então, uma
desigualdade absoluta que gera graves impedimentos.
 ATENÇÃO
A Libras ainda não é a língua oficial do país, mas sim uma
língua com o estatuto de língua reconhecida legalmente, por
meio da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Mesmo com o
avanço legal, permanecem restrições para outras conquistas e
aplicação de políticas públicas.
Nesse ponto, vale até mesmo o questionamento: por que a
Libras seria uma língua minoritária se, em seu contexto e uso
pleno e de rede de interação, comunicação, ensino e
interpretação, abarca todo o território nacional para e por
aqueles que são, territorialmente e culturalmente, cidadãos
brasileiros, em um número expressivo próximo a 10 milhões de
surdos e deficientes auditivos?
Ou seria o caso de refazermos a pergunta sobre a classificação
prescrita? Seria a Libras uma língua minoritária ou uma língua
que sofre um processo de minorização linguística por causa da
língua de prestígio – a língua portuguesa?
Libras: minoria linguística ou língua minorizada? A professora
Nathalia Quintela esclarece alguns pontos a respeito do
assunto:
LIBRAS A PARTIR DAS
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
Os direitos linguísticos são direcionados tanto ao sujeito,
membro de dada comunidade linguística ou de fala, bem como
à comunidade, que se caracteriza como um coletivo onde a
língua falada é seu veículo de interação, comunicação, ensino,
uso e socialização, em diferentes contextos e para um número
sem fim de funções e papéis.
Os dispositivos jurídicos, documentos e tratados de
recomendação ou acordos internacionais são os pontos-chave
para iniciar um planejamento linguístico de oficialização,
reconhecimento e aplicação das políticas linguísticas. No
contexto brasileiro, as determinações de aparatos jurídicos e
de orientação favoreceram, em certo grau, o uso da Libras
como língua reconhecida legalmente.
No entanto, há distorção de apenas “reconhecê-la como língua
de comunicação e expressão das comunidades surdas
brasileiras”, conforme se lê no art. 1º da Lei de Libras, nº
10.436/2002, perpetuando uma condição hierárquica desigual
entre o português brasileiro e a língua brasileira de sinais.
Enquanto a língua portuguesa possui o status de língua oficial,
a Libras teve o alcance somente de língua reconhecida, e o
documento jurídico não explicita que o sistema linguístico dos
surdos brasileiros é também língua de instrução e de interação.
O art. 1º da Lei de Libras, nº 10.436/2002, afirma apenas:
É RECONHECIDA COMO MEIO
LEGAL DE COMUNICAÇÃO E
EXPRESSÃO A LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS E
OUTROS RECURSOS DE
EXPRESSÃO A ELA ASSOCIADOS.
(LEI 10.436/2002, art. 1º)
A ausência de descrição da Libras na qualidade de língua de
instrução afeta diretamente toda a política linguística
educacional e, inclusive, impacta o planejamento linguístico na
educação de surdos. Assim, eles ainda permanecem educados
na língua de prestígio social e de privilégios jurídicos. A língua
instrucional para surdos brasileiros falantes de Libras é o
português.
Obviamente, há alcances e reparos de direitos fundamentais
presentes e praticados com a Lei de Libras. O próprio fato de
ser juridicamente reconhecida já garante aos surdos a
acessibilidade linguística e o poder de ter a Libras como
primeira língua, e a ocupação de espaços por meio da
interpretação entre os códigos linguísticos em contato (ou seja,
quando há duas ou mais línguas sendo faladas no mesmo
ambiente).
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.com | Por
Percebe-se claramente a mudança do estatuto da Libras no
contexto brasileiro, especialmente na Educação e nos espaços
políticos. Antes da criação da lei, a Libras era uma língua de
total desprestígio social, entendida como linguagem, sem
estruturação gramatical. No parágrafo único do art. 1º., a Lei de
Libras apresenta duas conceituações essenciais para abranger
o entendimento da Libras como língua e não como qualquer
maneira de comunicação agramatical.
1
É um sistema linguístico.
2
Possui estrutura gramatical própria.
A afirmação desses conceitos desmitifica a equivocada
percepção de que a Libras seria uma linguagem, uma
comunicação por gestos e que haveria um sistema de
linguagem universal e unificado entre os surdos em todo o
mundo. São intervenções legais e jurídicas relevantes, pois
alteram a visão social sobre a Libras e, subjacentemente,
acerca dos surdos.
Outro direito linguístico, visto em um documento jurídico em
defesa da Libras, encontra-se no parágrafo único do art. 1º da
Lei de Libras, que explica ser a Libras um importante
instrumento para transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Como sistema linguístico, essa assertiva é conceitual, positiva
e modifica a visão errônea de que a Libras seria um modo de
comunicação apenas para coisas concretas. Ao afirmar a
condição de transmissão de ideias e fatos, faz entender que
a realização de falas abstratas é usualmente construída pelos
surdos falantes de Libras, na mesma proporção de outros
falantes de línguas orais (línguas vozeadas).
 COMENTÁRIO
Veja que o posicionamento legal transforma o
comportamento linguístico dos falantes de Libras e dos não
falantes, em especial de quem fala o português brasileiro.
Muito provavelmente é o seu caso! E você pode ter o
comportamento linguístico modificado a partir do estudo deste
tema.
Certamente, as explicações dadas até aqui o fazem entender a
importância da disciplina de Libras na sua formação e, mais à
frente, no próximo módulo, compreenderemos o motivo de a
Educação ser a instância necessária para a implementação de
políticas inclusivas visando a novas práticas sociais entre
diferentes no plano plurilinguístico.
O direito de ter sua língua respeitada é inegociável. Mas
também é de extrema conquista que seja entendida tal como é:
língua. O Decreto de Libras nº 5.626, de 22 de dezembro de
2005, descreve indiretamente como a Libras é constituída de
ordem visual, fomentando a compreensão e a interação com o
mundo por meio de experiências visuais. Ou seja, a Libras
forma sujeitos identitários, molda o pensamento e as maneiras
de interpretar os eventos e de agir neles. Está profundamente
relacionada com a existência do indivíduo.
O Decreto de Libras regulamenta a Lei de Libras e a Lei nº
10.098, de 19 de dezembro de 2002, que trata do direito à
acessibilidade e, em seu art. 18, explicita a formação do
profissionalintérprete de Libras-Português. Nesse aspecto,
existe um planejamento linguístico para a
tradução/interpretação a fim de proporcionar aos surdos a
eliminação de barreiras comunicacionais.
No entanto, o mesmo artigo, que traz à comunidade surda o
direito de ter intérprete para o acesso à informação e à
intercomunicação, deturpa a Libras, nomeando-a como
linguagem de sinais e fortalecendo a inverdade de que Libras
não é língua.
O Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, estabelece a
promoção dos seguintes direitos legais:
1
A identidade linguística da comunidade surda.
2
A língua de sinais como língua de instrução no processo
educacional dos surdos.
3
A aquisição e o aprendizado da língua de sinais.
 Fonte: Flickr.com | Por Agência Brasília
COM ISSO, PODEMOS
CONSIDERAR A
POSSIBILIDADE DE AÇÕES E
AVANÇOS FUNDAMENTAIS.
ENTRE ELES, O PLENO
DESENVOLVIMENTO DA
CRIANÇA SURDA, POR
EXEMPLO.
A Lei nº 12.319, de 12 de setembro de 2010, aponta as
competências e as atribuições na formação e na atuação dos
tradutores e intérpretes de Libras. Esse documento ainda
carece de regulamentação para especificações necessárias.
Também no Decreto de Libras nº 5.626, de 22 de dezembro de
2005, o capítulo V é dedicado a definir os procedimentos da
formação dos intérpretes e tradutores de Libras-Português.
Trata-se de dois instrumentos legais relevantes para o
planejamento linguístico de tradução e interpretação, que
geram outras práticas e intervenções significativas para toda a
comunidade surda.
A pluralidade linguística no Brasil é ampla e as políticas
linguísticas são intervenções e ações diversas e demandadas
pelas necessidades das comunidades de línguas. Mas, aqui,
buscamos sintetizar o conhecimento basilar sobre políticas
linguísticas voltadas para a Libras.
 COMENTÁRIO
Ressaltamos que a participação do poder público, do Estado,
na elaboração de políticas públicas linguísticas, inclusivas e
educacionais é de grande valia.
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. IDENTIFICAMOS OS CONCEITOS BÁSICOS DE
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E SUAS APLICAÇÕES
E INTERVENÇÕES, POSITIVAS E NEGATIVAS,
ESSENCIAIS PARA A REFLEXÃO DE NOVOS
COMPORTAMENTOS E NOVAS PRÁTICAS
SOCIAIS DE USO DA LÍNGUA E DAS RELAÇÕES
ENTRE AS LÍNGUAS EM CONTATO. MARQUE A
ALTERNATIVA CORRETA SOBRE OS AVANÇOS
DE DIREITOS DOS SURDOS COMO SUJEITOS
COLETIVOS:
A) Uma planificação da Libras como prática social dentro da
comunidade surda para que os surdos não sejam guetos
sociais.
B) Um planejamento linguístico de uso da Libras como língua
reconhecida legalmente, com efeitos substanciais na
Educação, seja na formação de docentes, seja para política de
tradução.
C) Participação em debates de intérpretes de Libras-Português
para garantir o direito constitucional de ouvintes bilíngues à
escolha de assistir ao evento em uma das duas línguas
brasileiras.
D) A inclusão da Libras em todos os cursos superiores para
que formandos ouvintes sejam bilíngues.
2. O DECRETO DE LIBRAS Nº 5.626, DE 22 DE
DEZEMBRO DE 2005, NO CAPÍTULO I, ART. 2º,
PARÁGRAFO ÚNICO, CLASSIFICA A DEFINIÇÃO
DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA. A
IDEIA DE DEFINIR A CARACTERIZAÇÃO DO
INDIVÍDUO NO DOCUMENTO JURÍDICO
SIGNIFICA:
A) Usar um instrumento de proteção, preservação e promoção
de língua para fortalecer a concepção clínica sobre os sujeitos
linguístico-identitários, incorrendo em equívoco.
B) Estabelecer garantias de direitos linguísticos para os
sujeitos surdos pelo uso, ensino, pela tradução e disseminação
da Libras.
C) Interferir nos comportamentos linguísticos e sociais dos
sujeitos das línguas em contato.
D) Reconhecer os sujeitos surdos como sujeito identitários, de
cultura e línguas próprias.
GABARITO
1. Identificamos os conceitos básicos de políticas
linguísticas e suas aplicações e intervenções, positivas e
negativas, essenciais para a reflexão de novos
comportamentos e novas práticas sociais de uso da língua
e das relações entre as línguas em contato. Marque a
alternativa correta sobre os avanços de direitos dos
surdos como sujeitos coletivos:
A alternativa "B " está correta.
 
O planejamento linguístico favorece a construção, as
estratégias e as ações de políticas linguísticas a favor das
comunidades de línguas de minorias. Nesse ponto, a
comunidade surda ganha espaço nos eixos políticos
educacionais e tradutórios.
2. O Decreto de Libras nº 5.626, de 22 de dezembro de
2005, no capítulo I, art. 2º, parágrafo único, classifica a
definição das pessoas com deficiência auditiva. A ideia de
definir a caracterização do indivíduo no documento
jurídico significa:
A alternativa "A " está correta.
 
A preocupação de definir a deficiência auditiva num
instrumento legal é um equívoco por enxergar o surdo, ainda,
como um grupo social não linguístico e por manter a visão
patológica sobre a surdez.
MÓDULO 2
 Reconhecer como as políticas inclusivas ou de
inclusão, com foco nos sujeitos surdos, contribuem para
mitigar os preconceitos sociolinguísticos e culturais
 Fonte: Shutterstock.com | Por Marcel Van der Horst
PILARES CENTRAIS PARA
POLÍTICAS INCLUSIVAS
Para iniciar este módulo, é necessário pensar as políticas
inclusivas por pilares centrais, para a construção de uma
sociedade e educação inclusivas. Isso se torna importante
porque o tema é extremamente vasto e, sob alguns aspectos,
bastante polêmico, trazendo, na maioria das vezes,
pressupostos – nem sempre explícitos – que sustentam a
simples definição do termo.
Os pilares a seguir explicitam tais pressupostos com os quais
fundamentamos as afirmações seguintes acerca das políticas
inclusivas. E, como qualquer pressuposto, são frutos de
perspectivas não só pessoais, mas também daquelas
geralmente aceitas por determinado grupo social, neste caso, a
maioria que se identifica como comunidade surda.
PRIMEIRO PILAR
Tudo que é inclusivo é para todos; tudo que não é inclusivo é
para alguns.
SEGUNDO PILAR
O valor humano é o principal e maior objetivo a ser alcançado
para o enfrentamento ao preconceito.
TERCEIRO PILAR
O enfretamento aos preconceitos é uma das relações mais
focais das políticas inclusivas.
QUARTO PILAR
Políticas inclusivas são políticas sociais, são políticas públicas,
na forma de instrumentos e documentos jurídicos para garantir
os direitos básicos e constitucionais, nos quais apostamos
estratégias, ações, programas, projetos e atividades pensadas
para, com e por todos os tipos de pessoas.
QUINTO PILAR
As políticas inclusivas devem legitimar todas as pessoas e
efetivar o direito de participação ativa na sociedade e em todos
os seus processos, sua estrutura, sua organização e suas
relações.
SEXTO PILAR
As políticas inclusivas estabelecem a equiparação de direitos e
de oportunidades, a ética da diversidade acima da ética da
igualdade, as práticas inclusivas e a construção de culturas
inclusivas.
SÉTIMO PILAR
A acessibilidade inclusiva é fundamental para assegurar o
acesso em condições plenas de participação.
OITAVO PILAR
Todas as pessoas, sem exceção, são agentes da inclusão e da
exclusão.
NONO PILAR
Toda maneira de discriminação, exclusão e preconceito precisa
e deve ser tratada tal como é, evitando que, mesmo quando a
relativização seja necessária, quem realiza tais práticas e quem
as sofre tenha seu papel camuflado.
DÉCIMO PILAR
Estamos incluídos ou excluídos, o que difere de afirmar que
somos incluídos ou excluídos, o tempo todo.
DÉCIMO PRIMEIRO PILAR
A fragmentação da inclusão em blocos, tais como: inclusão
social, inclusão escolar, inclusão digital, torna-se um problema
para as políticas públicas inclusivas, por diluir o ideário de e por
uma sociedade inclusiva e educação inclusiva.
 Fonte: Flickr.com | Por Agência Brasília
POLÍTICAS INCLUSIVAS:
TROCANDO IDEIAS
As políticas inclusivas, nos âmbitos sociais e educacionais,
surgem ligadas às demandas das pessoas surdas, com
deficiência e outros grupos vulneráveis, buscando a equidade e
a equitativa oportunidade de promoção, de legitimidade,de
direitos básicos garantidos para o seu pleno desenvolvimento
na sociedade e da própria sociedade.
A validação e aplicação dos direitos sociais reafirmados,
respaldados e revistos por políticas inclusivas e políticas
linguísticas nos campos social e educacional, com foco na
comunidade surda, evidenciam e solucionam questões e
brechas inerentes à construção de uma sociedade e de uma
educação inclusivas, em que o valor humano é o centro das
ações e práticas.
As políticas de inclusão nos remetem à busca de novos
caminhos para a Educação, uma vez que a escola é o reflexo
da sociedade e o lugar para transformá-la. A transformação só
pode ocorrer de maneira natural se os espaços sociais e
educacionais repensarem as reflexões e os conceitos de
diversidade humana e de acessibilidade.
Os pressupostos da inclusão com, por e para todos referem-se
à democratização da qualidade dos serviços e produtos que
contemplem todos os tipos de gente em suas especificidades,
sem exceção. Por isso, os processos inclusivos,
implementados por políticas de inclusão, necessariamente,
perpassam mudanças e contínuos melhoramentos nas
relações humanas e no cumprimento dos direitos institucionais,
a serem exercidos e vistos constantemente, à educação.
As políticas de inclusão devem ser, prerrogativamente, com,
por e para todas as pessoas com e sem deficiência, surdas e
ouvintes, pois sociedade e educação divididas não subsistem.
Pensar o termo “inclusão” associado a adjetivos genéricos, ou
com sentido e significado restringidos, é um uso inoportuno,
desvantajoso, indevido – senão inútil. O impacto disso é um
risco ao processo de anulação, desprestígio ao valor humano,
à legitimação social, coletiva e individual do sujeito, e a perda
da celebração da diversidade humana.
Quando, ao termo “inclusão”, são adicionados seus adjetivos
(social, digital etc.), o que geralmente temos é a permanência
da mesma estrutura de exclusão, porque deixa de ser “com,
por e para todos”. O termo “inclusão social”, por exemplo, não
afirma a diversidade humana, não define que tipo de pessoa
está fora das relações e nem esclarece se a expressão “social”
se refere apenas à socialização ou à sociedade.
 ATENÇÃO
Quantos são os projetos denominados de “inclusão digital” que
carregam a semântica belíssima do conceito de inclusão, mas
não contemplam a presença de intérpretes de Libras-Português
para que os sujeitos surdos possam ter acessibilidade
linguística e comunicacional ao que é ofertado? Quantos
programas e ações de “inclusão social” realizados em
comunidades periféricas, com grandes investimentos
financeiros e diversos recursos, não são levados a outras
comunidades que não estão naquela periferia específica, mas
sim nas ruas e nos bairros, com pessoas igualmente
vulneráveis?
Quando não refletido como ação global, em que as diferenças
sejam tratadas como de fato são, qualquer projeto, ação ou
programa destinado a ser “inclusivo” pode tornar-se um tipo de
inclusão marginal.
Entender – e até defender a crença de – que as pessoas
surdas, por exemplo, devem estar ao mesmo tempo e no
mesmo espaço das pessoas não surdas (ouvintes) não é
suficiente. Há necessidade de mudanças de consciência, nas
estruturas, nas arquiteturas, nos procedimentos, na
organização e no ordenamento das coisas, sobretudo nas
atitudes e nos comportamentos.
É fundamental haver intérpretes de Libras-Português para
estabelecer o diálogo intercomunicacional entre surdos e
ouvintes. No entanto, o modo como esse processo é
conduzido pode melhorar ou dificultar mais ainda a relação.
Um exemplo é inserir intérpretes de Libras-Português nas
produções televisivas, mas deixá-los em janelas pequenas,
impedindo ou dificultando a plena visualidade para os surdos.
São, nesse sentido, e ainda que nem sempre deliberadamente,
práticas de inclusão marginal.
A utilidade dos nomes associados entre si para propostas
supostamente inclusivas, por meio de instrumentos legais que
não propiciam estratégias de convivência na diversidade
humana e que não atribuem impulsos à sociedade inclusiva,
serve apenas a um ensaio inclusivo. Ou seja, existe a
percepção do direito básico, mas não a preocupação de se
perguntar: A quem cabe este projeto?
Por isso, é fundamental compreender a inclusão e as políticas
públicas inclusivas como um conjunto de processos, de ações,
de práticas, de procedimentos, de conhecimentos e de
comportamentos voltados a reconhecimento, conceitos e
concepções da diversidade humana e de acessibilidade. Isso,
consequentemente, implicará intervenções capazes de
modificar as relações humanas, não só do grupo social que se
pretende incluir, mas de todas as subsequentes relações
desse grupo e dos demais na sociedade.
Assumindo os pressupostos apresentados anteriormente,
podemos concluir:
EDUCAÇÃO INCLUSIVA

SOCIEDADE INCLUSIVA

(CRIAÇÃO DE) PRÁTICAS E
CULTURAS INCLUSIVAS PARA
CONVIVER NA DIVERSIDADE
HUMANA
INCLUSÃO EDUCACIONAL

INCLUSÃO SOCIAL

(CRIAÇÃO DE) NOVOS MODELOS
DE ESTIGMATIZAR, HIERARQUIZAR
E SEGREGAR PESSOAS
Porém, se forem considerados outros pressupostos acerca das
políticas inclusivas, essa conclusão poderá ter outra
interpretação.
Sociedade inclusiva? Inclusão social? Vamos entender esses
pontos com a ajuda da professora Nathalia Quintela:
DIVERSIDADE HUMANA E
PRECONCEITO
Quando pensamos em inclusão como paradigma na Educação
e para uma sociedade mais justa, acessível, plena e equitativa,
alguns termos são elencados e assumem importância por dois
motivos:
Primeiro motivo
Por possibilitar mudanças psicolinguísticas entre o fato e o
nome correlacionado a ele.
Segundo motivo
Para desmembrar alguns atos escamoteados, enveredados
nas práticas, e que são exercidos mesmo por aqueles que
buscam desfazer barreiras para a promoção do valor humano.
Perceba que, aqui, falamos sobre o valor humano e o
reafirmamos. A crença da inclusão é, prioritariamente, para
todos, com todos e por todos. E, para isso, entender a
concepção de diversidade humana é relevante, pois o
preconceito contra o valor humano, (singular, individual,
coletivo, grupal e identitário) é fruto de comportamentos
preestabelecidos ante o Outro (usemos a palavra em
maiúsculo).
 Fonte: Flickr.com | Por Agência Brasília
A diversidade humana constitui-se a partir da visão de que o
Outro não sou eu e vice-versa; e que homogeneizar pares
sociais identitários consiste no apagamento das características,
das essências, das demandas, das necessidades, dos
interesses, da visão de mundo e do direito de se expressar
individualmente.
O reconhecimento da diversidade humana pressupõe o direito
e o dever de conviver nas diferenças com o maior número de
tipos de gente, com os mais diversificados grupos e o máximo
possível de identidades sociais, que em seu interior há
diferenças humanas entre os pares. O legado do preconceito,
porém está em todos nós.
A diversidade humana, instaurada pelo princípio do valor
humano, segundo o qual todas as vidas importam na mesma
equidade, implica diretamente a transformação do
comportamento de todos os humanos com todos os tipos de
gente, no estímulo de repensar as práticas com o Outro, o
tempo todo, entre os diversos grupos sociais. Então, um surdo
que esteja na pirâmide socialmente mais abastada e outro
surdo numa classe social menos favorecida estão em
condições sociológicas dessemelhantes. No entanto, o valor
humano, em caráter individual e identitário, é o mesmo.
NAS PRÁTICAS SOCIAIS, NA
RELAÇÃO ENTRE SURDOS E
OUVINTES, HÁ UM SENSO
COMUM QUE OUVINTES
EXERCEM PRECONCEITOS
SOBRE SURDOS.
Nesse ponto, temos presente a falta de reconhecimento da
diversidade linguística, a princípio, do desconhecimento da
condição humana, cultural e social do sujeito surdo por parte
de quem ouve. Mas vale lembrar que também é possível
encontrar, na comunidade surda, aqueles que exercem
preconceito sobre um casal ouvinte, por exemplo, que opta
pela utilização detecnologia eletrônica (extra ou intracraniana)
em seu filho, deficiente auditivo.
 Fonte: Shutterstock.com | Por Por Kalah_R e GUNDAM_Ai
Há outros preconceitos exercidos, mais ocultos e menos
discutidos, entre pares sociais e identitários, o exercício de
poder entre pessoas partícipes dos mesmos grupos sociais e
da mesma coletividade cultural. Até entre grupos que buscam,
no paradigma da inclusão, a equidade social, não há ausências
de exclusão e de preconceitos. O valor da diversidade humana,
das diferenças individuais, pode ser deslegitimado quando o
direito de ser, de se expressar, de ativamente participar por
perspectivas incomuns ao coletivo for ignorado, discriminado.
O valor humano e a diversidade humana também podem ser
rejeitados quando o preconceito inverso estabelece
resistências ao Outro, e por isso são impedidos de conviver
nas diferenças por acontecimentos e fatos precedentes aos
sujeitos da atualidade, que ativa e passivamente exercem o
preconceito: o julgamento do Outro é explícita ou
implicitamente atribuído às circunstâncias históricas.
A violação das diferenças, do valor humano, da diversidade
humana, pode ser praticada por diversos tipos de preconceitos
substanciais quando a legitimidade e a liberdade individuais
são desrespeitadas. O legado do preconceito, da
discriminação, da exclusão, de práticas de distanciamento
social e psicológico inscrito em nós precisa dar lugar ao fazer
inclusivo, acessível, coerente e justo. As práticas inclusivas
podem gerar culturas inclusivas em todos para a convivência
no mesmo espaço e tempo.
No contexto do paradigma da inclusão, das políticas inclusivas,
seja na educação ou na sociedade de um modo geral, vale
perguntar:
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte: Flickr.com | Por Universidade de Brasília
O QUE PODE SER ENTENDIDO
COMO PRECONCEITO?
VERIFICAR
A resposta não é simples! Mas, no contexto de nosso estudo
neste módulo, podemos responder:
Todo ato e comportamentos linguísticos (verbais), atitudinais,
ações e reações que negam a equiparação de direitos sociais,
políticos, educacionais, de conviver na diversidade humana,
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bem como a indiferença à ética da diversidade, ao
entendimento e à compreensão de que a espécie humana
escolheu diferentes formas de se manifestar e a recusa da
legitimidade de todos os tipos de gente – sujeitos individuais e
coletivos – e de seu direito à participação conforme sua
perspectiva e visão sobre os temas, as situações e os
problemas.
Nesse aspecto, a acessibilidade inclusiva ganha relevância em
todas as instâncias dos direitos elementares do cidadão, desde
sua individualidade e relação com o Outro (que não de sua
coletividade cultural) e vice-versa, até a sua inter-relação
nuclear com o Outro por aproximações identitárias,
evidenciando práticas inclusivas para a anulação dos
preconceitos.
 ATENÇÃO
Por políticas inclusivas, precisamos materializar os
princípios de inclusão: assegurar as condições plenas de
participação. Assim, os instrumentos jurídicos, o conjunto de
leis, decretos e outros documentos e mecanismos são meios
de garantir e promover os direitos comuns e específicos dos
sujeitos – por dimensões e enfoques individuais e identitários.
BREVES REFLEXÕES
SOBRE DOCUMENTOS
LEGAIS
Separamos as reflexões pelos tópicos abaixo:
PRIORIDADE DE ATENDIMENTO E
ACESSIBILIDADE
Comecemos por destacar o Decreto nº 5.296, de 2 de
dezembro de 2004: ele regulamenta a Lei nº 10.048, de 8 de
novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às
pessoas que especifica, e a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro
de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para
a promoção da acessibilidade. Esse decreto e as leis citadas
são dispositivos legais para políticas inclusivas de grande
importância, pois evidenciam os direitos comuns, exercidos sob
a ética da diversidade humana, comunicacional, linguística e
outras promoções de efeitos inclusivos, que atendem às
características e especificidades individuais e coletivas.
OFERECIMENTO OBRIGATÓRIO DE
INTÉRPRETES PELO PODER
PÚBLICO
Destaquemos também o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de
dezembro de 2000, que afirma que o poder público deve
fornecer a formação de intérpretes de linguagem de sinais: o
termo linguagem de sinais é um impedimento ao avanço social
de compreensão da Libras como língua, um sistema linguístico-
gramatical complexo. Tanto esse equívoco como os que serão
identificados em outro documento legal reforçam os
preconceitos existentes no imaginário social.
LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO (LBI)
Com base na ausência de serviços públicos e nas demandas
das pessoas com deficiência, e ainda com o intuito de
harmonizar-se com a Convenção Internacional sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência, alterando partes das leis
que não correspondiam ao conceito de deficiência, a Lei nº
13.146 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), aprovada em
6 de julho de 2015, também conhecida como Lei Brasileira de
Inclusão (LBI), assegura e promove os direitos a serem
exercidos pelas pessoas com deficiência e surdas para sua
efetiva participação como cidadãos.
Especificamente sobre a comunidade surda, as políticas
inclusivas se alinham às políticas linguísticas como
instrumentos de direitos à comunicação, à interação em sua
própria língua, a Libras. O direito de falar, interagir, comunicar e
de ser comunicado e se expressar na Libras perpassa a
inclusão plena, não fragmentada.
A LBI é um documento que valida o uso da Libras como a
língua dos sujeitos surdos e trata sobre as singularidades
linguísticas da Libras. Apesar disso, no documento, há
problemas terminológicos, pois, ainda que apresente a Libras
como a língua usada pelos deficientes auditivos para se
comunicar, afirma também que, por definição, eles são
oralizados. Observa-se, portanto, uma preferência pela língua
portuguesa em detrimento da Libras.
A LBI, por outro lado, também traz impactos inclusivos na
formação educacional dos sujeitos surdos e para a construção
de escolas, educação e currículos educacionais bilíngues. O
ensino de Libras é posto como primeira língua para surdos em
escolas e classes bilíngues e como segunda língua nas
escolas inclusivas. Na prática, as escolas inclusivas, se bem
aplicado o ensino, passariam a ser também escolas bilíngues:
assim, nelas, o espaço escolar acessivo, inclusivo é resultado
do ambiente diglota – duas línguas em contato e de uso
comum a todos.
A formação e a inserção de intérpretes de Libras-Português
são aspectos fundamentais, também apontados pela LBI, nos
âmbitos sociais e educacionais de comunicação, informação e
didáticos. É interessante observar, no que se refere
especificamente à Educação, a prática pedagógica inclusiva,
pois nos leva a repensar o papel da docência nas políticas
inclusivas e a necessidade dessa formação como prática
contínua.
OFICIALIZAÇÃO DA LIBRAS COMO
LÍNGUA
A Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, o Decreto nº 5.626, de
22 de dezembro de 2005, e a Lei nº 12.319, de 1º de setembro
de 2010, são dispositivos para a proteção e efetivação da
Libras como língua e a defesa de uso, ensino e tradução
(interpretação), além da formação de profissionais tradutores e
intérpretes de Libras-Português, no contexto das políticas
linguísticas. São reflexos de políticas sociais para a construção
de uma sociedade e educação inclusivas.
As políticas inclusivas são contempladas nas proposições de
todos os documentos de defesa à Libras, visto que o avanço, a
disseminação e a democratização de uso e ensino da Libras
para os ouvintes ampliam a rede de comunicação entre surdos
e ouvintes. A isso chamamos de intercomunicabilidade.
POLÍTICAS DE TRADUÇÃO
Outro passo importante para as práticas sociais e relações
identitárias são as políticas de tradução porque impactam as
relações interculturais entre ouvintes e surdos, reaproximando-
os no mesmo espaço e tempo, além de permitir a convivência
na diversidade humana, já que asatuações dos intérpretes de
Libras-Português são demandadas a partir de interesses,
objetivos e necessidades interlinguísticos comuns para as duas
comunidades de fala.
Por isso, acreditamos ser extremamente relevante que o aluno
não surdo (ouvinte) – provavelmente, você, que estuda este
tema – esteja disposto a duas atitudes fundamentais:
1
Conhecer e valorizar a Libras como fator de inclusão.
2
Assumir a responsabilidade de sujeito direto na inclusão, por
meio do conhecimento específico da Libras.
E, QUEM SABE, SER BILÍNGUE
EM DUAS LÍNGUAS
EFETIVAMENTE BRASILEIRAS.
VERIFICANDO O
APRENDIZADO
1. NO PARADIGMA DA INCLUSÃO, AS
POLÍTICAS INCLUSIVAS VOLTADAS PARA AS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS E SURDAS, SE
NÃO FOREM BEM REFLETIDAS E A
TERMINOLOGIA E AS AÇÕES CORRETAMENTE
APLICADAS, INCORREM NOS REFORÇOS DE
PRÁTICAS DISCRIMINATÓRIAS E
EXCLUDENTES. COM BASE NESTE TEMA, TAIS
EXERCÍCIOS INTITULADOS INCLUSIVOS, MAS
COM INCOERÊNCIAS CONCEITUAIS E
TERMINOLÓGICAS, SÃO ENTENDIDOS COMO:
A) Exclusão generalizada e exclusão específica, pois declaram
abertamente a ausência de garantia de direito das pessoas
com deficiência e surdas.
B) Sociedade inclusiva e inclusão plena porque são programas
e projetos sociais e inclusivos em que o valor humano é núcleo
para todas as ações.
C) Inclusão marginal e ensaio inclusivo por não atenderem a
uma série de necessidades e recursos para contemplar todos
os tipos de gente que possam usufruir do programa, do projeto.
D) Educação inclusiva e sociedade inclusiva, visto que todos os
tipos de gente são legitimados e sua participação ativa
respeitada.
2. MATERIALIZAR E INSTRUMENTALIZAR AS
POLÍTICAS INCLUSIVAS NO ÂMBITO DE
POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS A FIM DE
FOMENTAR OS DIREITOS ELEMENTARES DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E SURDAS
CONFIGURA ELEVADA VALIA PARA O
RESPEITO E A LEGITIMAÇÃO DE GRUPOS
SOCIAIS MAIS VULNERÁVEIS. MAS ESSES
DOCUMENTOS AINDA PODEM REFLETIR
TERMOS E PERCEPÇÕES COMUNS DO
IMAGINÁRIO SOCIAL. COM BASE NESTE TEMA,
PODE-SE AFIRMAR QUE:
A) Os problemas terminológicos e conceituais alusivos à
comunidade surda reafirmam os mitos sobre as pessoas
surdas e a Libras.
B) Os direitos fundamentais das pessoas surdas, garantidos
por mecanismos legais, importam mais do que erros e
equívocos conceituais ou de termos.
C) As pessoas que redigiram os textos das leis e dos decretos
fazem parte do coletivo do senso comum, por isso houve esses
problemas de afirmação da Libras como língua e dos surdos
como sujeitos.
D) Na planificação de políticas sociais inclusivas, os equívocos
conceituais terminológicos podem ser corrigidos a cada 4 anos,
sempre com a transição de presidentes e parlamentares.
GABARITO
1. No paradigma da inclusão, as políticas inclusivas
voltadas para as pessoas com deficiências e surdas, se
não forem bem refletidas e a terminologia e as ações
corretamente aplicadas, incorrem nos reforços de práticas
discriminatórias e excludentes. Com base neste tema, tais
exercícios intitulados inclusivos, mas com incoerências
conceituais e terminológicas, são entendidos como:
A alternativa "C " está correta.
 
A inclusão marginal e o ensaio inclusivo carregam em si a
semântica, ou seja, a proposta de serem programas, ações etc.
inclusivos, mas fomentam ainda mais estereótipos e práticas
excludentes, quando não são pensados quais tipos de gente
podem frequentar e se apropriar deles.
2. Materializar e instrumentalizar as políticas inclusivas no
âmbito de políticas públicas sociais a fim de fomentar os
direitos elementares das pessoas com deficiência e surdas
configura elevada valia para o respeito e a legitimação de
grupos sociais mais vulneráveis. Mas esses documentos
ainda podem refletir termos e percepções comuns do
imaginário social. Com base neste tema, pode-se afirmar
que:
A alternativa "A " está correta.
 
A questão conceitual e terminológica agrava mais ainda as
concepções equivocadas sobre as pessoas surdas e a Libras.
Pedagogicamente, deveriam fomentar as alusões corretas
sobre a comunidade surda e não atribuir mitos a ela.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, as políticas linguísticas consistem em um campo
de estudos científicos por serem um saber, um conhecimento
sobre objetos observáveis e analisáveis. Elas também podem
ser vistas como ações, programas e estratégias para a
efetivação dos direitos das comunidades de fala, que buscam a
equitativa, justa, inclusiva e equilibrada democratização dos
direitos constituintes, dentre eles, o de ter sua língua falada e
usada em todos os espaços sociais.
A Libras é a língua natural da comunidade surda brasileira e,
pela força da legislação, os surdos têm o uso da língua de
sinais garantido para acessibilidade linguística deles por meio
da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, e do Decreto nº 5.626,
de 22 de dezembro de 2005, os quais dão à Libras segurança,
proteção, preservação de uso, ensino, tradução e
disseminação.
As comunidades linguísticas ou de fala e as minorias
linguísticas não podem ser medidas pela quantidade de
falantes, pelo padrão de quantificação. Elas são estigmatizadas
pelo processo de minorização, de um entendimento abaixo da
real concepção de comunidades. E, com este tema,
apresentamos elementos para superar esse estigma.
As políticas inclusivas somam-se às políticas linguísticas
visando à ascensão social das pessoas surdas e funcionam
como ferramentas de proteção e promoção dos seus direitos
elementares. Para compreensão dos campos apresentados, foi
necessário que alguns termos fossem explicados, tais como
diversidade humana, valor humano, preconceito e convivência.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Casa Civil. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de
2004. Regulamenta as Leis nºs 10.048, de 8 de novembro de
2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que
especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que
estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção
da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Brasília,
2004.
BRASIL. Casa Civil. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de
2005. Regulamenta a Lei nº 10. 436, de 24 de abril de 2002.
Brasília, 2005.
BRASIL. Casa Civil. Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de
2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Brasília,
2009.
BRASIL. Casa Civil. Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002.
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras
providências. Brasília, 2002.
BRASIL. Casa Civil. Lei nº 12.319, de 1º de setembro de
2010. Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete de
Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Brasília, 2010.
BRASIL. Casa Civil. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015.
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, 2015.
SOUZA, L. C. S. Avaliação das Políticas Linguísticas da
Libras. Tese de Doutorado, Programa Interdisciplinar de Pós-
Graduação em Linguística Aplicada, Faculdade de Letras,
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2020.
UNESCO. Declaração Universal dos Direitos Linguísticos.
1996.
EXPLORE+
Veja como o assunto estudado em nosso tema é abordado
na obra virtual Revista Sinalizar, publicada em 6 de julho
de 2018.
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CONTEUDISTA
Fabiano Guimarães da Rocha
 CURRÍCULO LATTES
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