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Amor de mãe - Maria Stella Salvador

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Prévia do material em texto

Maria Stella Salvador
Amor de Mãe
2
Paginação e capa: 
PAULUS Editora
Impressão e acabamento: 
www.artipol.net
Depósito legal: 341 790 /12
ISBN: 978-972-30-1258-3
© PAULUS Editora, 2012
Rua D. Pedro de Cristo, 
101749-092 LISBOA
Tel.: 218 437 620 – Fax: 218 437 629
editor@paulus.pt
Departamento Comercial:
Estrada de São Paulo 
2680-294 APELAÇÃO
Tel.: 219 488 870 – Fax: 219 488 875
comercial@paulus.pt
www.paulus.pt
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios, eletrónicos ou mecânicos, incluindo
fotocópias, gravações ou qualquer sistema de armazenamento e recuperação de informação sem autorização prévia, por escrito, do editor.
3
Avisa-se o leitor de que este livro não é fruto de quaisquer mensagens de visões ou
locuções recebidas pela autora, mas de estudo da mensagem de Fátima em alguns dos
diversos documentos sobre a mesma escritos, e ainda de meditações pessoais da
autora sobre as palavras da Virgem Maria aos pastorinhos em cada uma das
aparições.
Agradeço a Deus e a Nossa Senhora toda a luz e capacidade que me foi concedida
para escrever esta obra.
Para todos os que a lerem, peço as maiores bênçãos do Céu.
MARIA STELLA SALVADOR
4
Dedicatória
A Ti, Mãe, dedico este livro, que nos ensina a meditar nas palavras que nos vieste
dizer à Cova da Iria, palavras de Mãe atenta e cuidadosa, palavras de carinho, aviso,
exortação, ensinamento.
Por elas nos revelas o Teu Coração Imaculado e o Teu Amor de Mãe, que nos
indica o caminho estreito de Jesus.
Rogo-Te que abençoes este livro e todos aqueles que o lerem, a fim de que, ao
meditarem as Tuas palavras na Cova da Iria, sigam a direção que nos indicas e se
entreguem mais e mais ao Amor d’Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
MARIA STELLA SALVADOR
5
Prólogo
«O nosso mediador é só um, segundo a palavra dos Apóstolos: “Pois há um só Deus e um só mediador
entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem que se entregou para resgatar a todos.” (1TM 2,5-6) Mas a
função maternal de Maria em relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de
Cristo; manifesta antes a sua eficácia. Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os
homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos de
Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, aurindo aí toda a sua eficácia; de modo
nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece.»
Estas palavras do Concílio Vaticano II (LG, n.º 60) elucidam sobre a presença e a importância de Maria:
Ela de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece.
Encontramos a confirmação deste facto em Fátima.O centro de Fátima é Jesus Cristo, o culto eucarístico.
Mas é Maria quem nos conduz para este centro. E é esta precisamente a mensagem central de Fátima.
Maria quer dizer-vos: «Amo-vos, queridos filhos.» Todas as palavras que pronunciou em Fátima
manifestam o seu carinho maternal, a sua preocupação maternal por causa da nossa salvação eterna. Quer
conduzir-nos para Jesus, quer ensinar-nos a amar Jesus.
As páginas deste livro querem sublinhar estas verdades. Trata-se de contemplações sobre a mensagem de
Fátima. O autor põe as palavras na boca da Maria para nos ajudar a entrar em contacto pessoal com a Mãe que
fala aos seus filhos. Trata-se de contemplações, não de revelações privadas nem de um trabalho científico
sobre Fátima. As palavras foram escritas com muito amor e fervor para com Nossa Senhora de Fátima, e
pretendem despertar nos leitores estes mesmos sentimentos: um amor mais profundo para com a nossa querida
Mãe do Céu, que está preocupada connosco.
E isto é o que nós desejamos a todos os leitores deste livro: que encontrem um amor mais pessoal e mais
íntimo para com Maria, a Mãe de Deus e a nossa Mãe. «E os fiéis lembrem-se de que a verdadeira devoção
não consiste numa emoção estéril e passageira, mas nasce da fé, que nos faz reconhecer a grandeza da Mãe de
Deus e nos incita a amar filialmente a nossa mãe e a imitar as suas virtudes.» (LG, n.º 67) Portanto, que o
fruto deste livro seja: libertar-se dos pecados e imitar as virtudes de Maria.Para que isto se possa realizar nos
corações de todos os leitores deste livro, dirigimos as nossas orações confiantes ao Filho de Maria.
PE. PAULLUS SEEANNER, ORC
Neste livro, as aparições de Nossa Senhora estão reduzidas aos diálogos dela com Lúcia.
Para melhor conhecimento de cada aparição, aconselhamos a leitura livro Memórias da Irmã Lúcia, do qual os diálogos foram extraídos.
6
1.ª APARIÇÃO
13 de maio de 1917
NOSSA SENHORA: Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.
LÚCIA: Donde é Vossemecê?
NOSSA SENHORA: Sou do Céu.
LÚCIA: E que é que Vossemecê me quer?
NOSSA SENHORA: Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no
dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois, voltarei
ainda aqui uma sétima vez.
LÚCIA: E eu também vou para o Céu?
NOSSA SENHORA: Sim, vais.
LÚCIA: E a Jacinta?
NOSSA SENHORA: Também.
LÚCIA: E o Francisco?
NOSSA SENHORA: Também, mas tem que rezar muitos terços.
LÚCIA: A Maria das Neves já está no Céu?
NOSSA SENHORA: Sim, está.
LÚCIA: E a Amélia?
NOSSA SENHORA: Estará no Purgatório até ao fim do mundo.
Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser
enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica
pela conversão dos pecadores?
LÚCIA: Sim, queremos.
NOSSA SENHORA: Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o
vosso conforto.
Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da
guerra.
7
«Não tenhais medo»
Meus queridos filhos, sou vossa Mãe, a Mãe que vos visita,para vos avisar de
certas coisas, para chamar a vossa atenção, para vos aliviar dos vossos males, para
vos fazer alguns pedidos, para vos dizer que vos amo. A todos Eu digo: «Não tenhais
medo.»
Estas Minhas palavras não foram só para aquelas três crianças incultas, atónitas,
assustadas, que nada compreendiam daquilo que viam, apesar de já terem recebido
uma certa preparação dada pelo Anjo.
Essa preparação tocou-os interiormente e ficou-lhes no coração, em nível
inconsciente, pronta para agir em momento oportuno.
Naquele momento tudo foi admiração, tudo foi novo, porque nova era a
experiência pela qual estavam a passar. Em nada se parecia o que experimentavam
com o que tinham experimentado com o Anjo.
Por muito belo que o Anjo fosse, por muito que a sua presença se impusesse, essa
beleza e essa presença não se podiam comparar com a beleza que Deus Me deu, com
a graça que Ele irradia através de Mim, e faz da Minha presença uma presença de
amor, de confiança e de alegria.
Comuniquei esse amor, essa confiança e essa alegria àquelas crianças, e tornei
expansivo o coração da pequena Jacinta, para que a sua alegria a levasse à
comunicação da graça que lhe fora concedida, a fim de que o Meu Amor vos pudesse
transmitir o Amor de Deus e a Sua Mensagem, através de Mim.
Era preciso que todos soubessem o que vos viera dizer, e continua a ser preciso que
todos saibam, pois apesar de muitos procurarem Fátima, poucos conhecem o Amor
que tornou Fátima aquilo que é, a mensagem que Fátima vos transmite através
daqueles lábios inocentes, e que vos continua a transmitir, ainda, nos dias de hoje.
Meus filhos, muitos de vós têm medo de Fátima e, por isso, a contestam. Têm
medo daquilo que dela ouvem dizer. Têm medo porque não conhecem realmente
nada a respeito da Minha mensagem, que é acima de tudo uma mensagem de Amor,
do Amor de Deus, que Me permitiu visitar-vos, e do Meu amor que Me fez procurar-
vos, Amor que, como a Cruz, tem duas hastes: o Meu Amor a Deus, que me faz
entristecer, por O ver tão pouco amado, e o Meu Amor por vós, a quem vejo correr
perigos tão grandes.
Meus amados filhos, repito-vos o que então disse: «Não tenhais medo.» Não
tenhais medo de Mim, das Minhas palavras, do Meu Amor, porque o MeuAmor é
Amor de Mãe, é Amor vigilante, compassivo, cuidadoso. Meus filhos, quero
despertar em vós o desejo, o interesse pela Minha mensagem, para que depois vos
derrameis em obras de vida.
Não tenhais medo daquilo que a vida exija de vós, porque tendes convosco esta
Mãe vestida de luz, luz que é a graça de Deus, que mais não espera senão pelo vosso
consentimento, pela vossa confiança para derramar esta graça inesgotável sobre vós
que sois Meus filhos, a quem quero salvar, a quem quero abraçar, com quem quero
viver eternamente, na Pátria Celeste, onde já não tereis dor alguma, mas alegria
contínua e festa eterna.
8
«Eu não vos faço mal»
Meus pobres filhos, como vós sofreis! Comovo-Me com a vossa miséria, com os
vossos sofrimentos, com a vossa angústia, com os enganos em que viveis.
Acercai-vos de Mim. Eu não vos faço mal. Quem faz mal sois vós, a vós próprios,
e é o inimigo das vossas almas, que teimais em ignorar, e com o qual ides vivendo e
convivendo diariamente, pois ele assentou arraiais no vosso mundo.
É desse mal que vos quero libertar, não só a alguns, mas a todos vós. Sou, Meus
filhos, Mãe terníssima, que não ama mais uns que os outros. Amo-vos a todos, e a
todos quero conduzir à salvação.
Não tenhais receio daquilo que vos pode trazer a vossa convivência Comigo. Vede
que Eu não vos faço mal. Não vos vou conduzir a enganos. Vou conduzir-vos à
verdade, à luz, ao conhecimento verdadeiro que tanto ambicionais, mas ao qual não
conseguis chegar pelos vossos próprios meios, por muito inteligentes que sejais.
Vede onde vos conduziu a vossa ciência, essa ciência de que tanto vos ufanais.
Quantos conhecimentos, ainda há pouco tempo tidos como verdadeiros, constatais
agora que são falsos ou imperfeitos. Vedes que é sempre possível ir mais além no
conhecimento, que nunca sabeis tudo e que frequentemente vos enganais.
Se fordes por Mim, se caminhardes Comigo, chegareis facilmente a conhecimento
muito mais profundo, porque começareis a entender o pouco que sabeis e o nada que
sois.
Para chegar a este conhecimento é preciso passar pela escola do Meu Amor, que
vos ensinará a verdadeira humildade de coração. É desta humildade que tendes medo
e, por isso, a desdenhais.
O homem é naturalmente orgulhoso. Quer saber tudo, dar opinião em tudo, até
naquilo que não sabe, saindo disso, muitas vezes, profundamente humilhado quando
alguém lhe demonstra que não tem razão, quando vê que outro sabe mais que ele.
Quantas vozes arrogantes se levantam no vosso mundo, falando do que não sabem!
São vozes irónicas, escarninhas, pois a ignorância tapa-se, muitas vezes, com a ironia,
como com uma capa, para esconder que não sabe e fingir conhecimentos.
Para vós é fácil conhecer este engano. Meus filhos, nunca o verdadeiro
conhecimento, a inteligência, a ciência, se mascaram com a ironia, porque os homens
verdadeiramente sabedores não descem a tal, nem disso têm necessidade.
Não vos faço mal, Meus filhos. Não vos vou conduzir onde não quereis. Vou, com
Amor de Mãe, ensinar-vos o caminho por onde vós próprios quereis seguir: o
caminho da luz e da felicidade.
Não vos venho atormentar, venho abrir-vos a porta da vida, a porta que em vão
procurais tatear no vosso mundo de cegos.
Venho abrir os vossos olhos, mostrar-vos onde está a verdade de que suspeitais e
que vos foge pelos caminhos que procurais frequentar.
Não recuseis ouvir-Me. Prestai-Me ao menos alguma atenção, porque Eu trago-vos
o segredo da paz de que tanto precisais.
Acercai-vos, como se acercaram as crianças inocentes, quando o mais natural seria
fugirem daquilo que não entendiam, como acontece a qualquer criança ignorante que
viva no meio das serras.
Fazei como elas, aproximai-vos que, como a elas, quero ensinar-vos com o Meu
9
carinho de Mãe, fazer soar as Minhas palavras nos vossos corações, derreter neles o
gelo do materialismo, da indiferença, do espírito do mundo, que tanto vos faz sofrer.
Venho cuidar de vós. Não recuseis os Meus cuidados. Vinde, Meus filhos. Acercai-
vos. Eu não vos faço mal.
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«Sou do Céu»
Sou do Céu, o Céu é a Minha Casa, é lá que Eu moro. Moro junto do Meu Deus,
porque o Céu é o lugar onde está Deus.
Eu sou do Céu. O Céu é verdadeiramente a Minha Pátria, como é de todos vós.
Com mais propriedade, Eu sou do Céu, porque a Minha Alma foi sempre um lugar
onde Deus esteve plenamente, desde que fui concebida. Tornei-Me, na Minha
conceção, o Céu de Deus, o lugar por Ele ocupado na totalidade, que nunca Lhe foi
disputado por rival algum. Eu sou, realmente, a Casa de Deus.A Casa d’Ele é a
Minha Casa. Sou do Céu. Sempre pertenci ao Céu, sempre estive no Céu, mesmo
quando o Meu corpo vivia na Terra e passava pelas mesmas dificuldades que vós.
Vede se compreendeis, Meus filhos. Eu sou do Céu, por lá habitar agora em corpo
e alma, mas isso não foi mais que tornar sensível para Mim uma realidade que já
existia, porque Eu, por ser Imaculada, sempre fui do Céu, porque sempre fui o
Tabernáculo de Deus.
Vós também sois do Céu, mas para vós é uma Pátria longínqua, uma Pátria em que
nem sempre pensais, que normalmente não desejais, à qual nem sempre pertenceis,
porque muitas vezes a recusais quando pelo pecado a trocais.
No entanto, sabeis que não ficareis sempre neste mundo.Não há ninguém entre vós
que o ponha em dúvida. E, apesar disso, ai, Meus filhos! O pensamento de que um
dia haveis de sair daqui é para vós um pensamento estranho, perturbador, ao qual
procurais fugir. Para vós é espantoso, é até aflitivo, pensar que passareis desta vida
para uma outra que não vedes, da qual ouvistes falar, mas de que não vistes
testemunhas pessoais.
É isso que vos assusta e vos faz afastar esse pensamento.
Eu desejaria, Meus filhos, despertar em vós a consciência da existência do Céu,
não uma consciência de conhecimento vago, mas um conhecimento cheio de certezas,
baseadas na fé que deveis ter na Palavra do Senhor. Desejaria encher os vossos
corações de desejos do Céu. Queria ver-vos a desejar o Céu não para fugir ao
sofrimento, mas por uma verdadeira saudade da Pátria a que pertenceis com mais
verdade do que à Pátria que tendes neste mundo, porque esta tereis de a deixar e o
Céu é para sempre.
A vossa Pátria aqui é uma Pátria de empréstimo. Deveis suspirar pela Pátria
verdadeira, onde vos espera o amor do Pai, os carinhos da Mãe, que vos enxugarão
todas as lágrimas, que vos tirarão todas as dores.
Meus filhos, não há lugar mais belo, mais feliz que o Céu. Porque é que não o
desejais? Porque é que vos apegais tanto ao mundo que tendes de deixar? Eu sei que
há em todos vós o instinto da defesa da vida. O instinto foi Deus quem o pôs em vós,
para que a defendêsseis dos perigos que por vezes a ameaçam.
É normal, é até bom que gosteis de viver, em parte por esse instinto de
sobrevivência, em parte por amor à vontade de Deus. Mas isso não impede que o
vosso coração não sinta o desejo do Céu, uma certa saudade desse lugar melhor, a
que, pelos merecimentos de Meu Filho, tendes direito.
É um pouco à maneira daquelas pessoas que vão viver para o estrangeiro e que, por
muito bem que sejam tratadas, por muito que lhes agrade esse país, sentem sempre a
saudade, a nostalgia da Pátria.
11
É assim que vos quero ver a desejar o Céu. Ponde de parte a ideia de que a morte
deve ser só para os outros, só para os mais velhos. Exercitai-vos no desejo do Céu.
Imaginai-o como quiserdes, mas ficai com a certeza de que a vossa imaginação fica
sempre muito aquém da realidade, que ela não consegue atingir a beleza e a felicidade
que vos espera no Céu. Então porquê recusar tal pensamento? Pensai no Céu com
amor, sem receio da hora da passagem, porque quando o nosso Deus quiser que deis
tal salto, Eu receber-vos-ei nos braços, estes braços de Mãe, ansiosa de vos abraçar.
Não receeis a morte, Meus filhos, receai só o pecado. A morte é apenas uma
passagem, uma porta que se abre para maravilhas que não conseguis imaginar.
Quero ajudar-vos a preparar o vosso céu, a vossa passagem para junto de Mim,
para que, quando chegar a hora, tal não vos seja difícil,não entreis em pânico, nem
sequer em receios, por nessa hora terdes as vossas almas preparadas, prontas para
entrar, e não vos ser preciso ainda alguma espera de purificação.
Filhinhos, Eu sei verdadeiramente o que vos espera, a grande felicidade que vos
aguarda. Habituai-vos a dizer Comigo no vosso íntimo: «Eu sou do Céu.»
12
«No dia 13, a esta mesma hora vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos »
Pedi àquelas crianças que fossem ali seis meses seguidos, no mesmo dia e à mesma
hora, porque eles não tinham preparação para lhes poder transmitir a Minha
Mensagem toda num dia só. Precisava de os ir preparando mês a mês com as Minhas
palavras, com a oração e com o sofrimento que os iria fazer crescer na direção certa.
O mesmo era pedir-lhes que fossem fiéis ao seu encontro Comigo, porque, no
encontro Comigo, encontrariam a luz e a força de que necessitavam para a missão
que Deus lhes confiava.
Este encontro mensal era para eles visível, mas todos os dias tinham Comigo vários
encontros invisíveis, através da oração e, principalmente, da oração do terço.
E vós, gostaríeis de vos encontrar Comigo? Vejo esse desejo nos vossos corações.
Meus filhos, é tão fácil encontrardes-vos Comigo! Depende só de vós, porque Eu
aproximo-Me sempre que Me chamais. E vós? Quanto vos chamo! Não vos
aproximais! Estais sempre longe, sempre fora da Minha casa, que é o ambiente da
oração.
É tão fácil encontrardes-vos Comigo! Quereis? Então pegai no vosso terço. Rezai.
Quanto melhor o rezardes, mais verdadeiro e profundo é o nosso encontro.
Quando pegais no terço, chamais-Me. Fico feliz quando um filho assim Me chama
e vou logo para junto dele. Mas constato, com tristeza, que a maioria de vós, depois
de Me ter chamado, não Me presta atenção, desvia de Mim os seus olhos, esquece-
Me, e vai dizendo palavras soltas, enquanto brinca com os seus pensamentos, com os
seus interesses.
É assim que Me mandais embora. É assim que Me ausento do vosso terço, com a
tristeza da Mãe que se vê desprezada pelos filhos tão amados.
Como os pastorinhos perseveraram nos seus encontros Comigo, é preciso que vós
também persevereis.
Não vos aflijais se vos distraís sem querer, porque Eu própria quero ensinar-vos a
rezar. Quando dais conta de que estais distraídos, chamai-Me de novo, virai a atenção
para Mim que Eu só desejo ajudar-vos. Estendo para vós os Meus braços, e só espero
que vos lanceis neles através da oração, que procurareis fazer cada vez melhor, com a
Minha ajuda.
Sede fiéis a estes encontros. Mostrai-Me, por eles, o vosso amor, que Eu vos
prometo mostrar-vos o Meu Amor, abençoando os vossos esforços, como abençoei os
esforços daquelas três crianças.
Que nenhum de vós pense que os amei mais a eles do que vos amo a vós, pelo
motivo de Me ter mostrado visivelmente.Eles tinham, pela Vontade de Deus, uma
missão especial.Vós também, pela Vontade de Deus, tendes a vossa. Tanto vós, como
Eu, apenas temos de nos curvar, adorar a Sua Vontade Santíssima, e cumpri-la com
amor.
Aceitai a missão que tendes, cada um na sua casa, no seu trabalho, como as
crianças aceitaram a delas, e Eu vos protegerei, como as protegi.
Sois todos Meus filhos. A todos quero acompanhar. Só vos peço fidelidade,
perseverança, como lhes pedi a eles. Como a eles,Eu vos acompanho. Não penseis
que a missão deles era mais fácil, porque vos enganais. Aquelas três crianças tiveram
uma missão muito difícil. Vós, ao menos, estais protegidos daquilo que os curiosos e
13
os interrogatórios necessários, as dúvidas e a proximidade familiar lhes fazia sofrer.
Meus filhos, não tenhais ambições fora da Vontade de Deus. Vivei a vossa
realidade. Não vivais de sonhos.
No segredo da vossa oração, estais Comigo. Eu venho para junto de vós, todos os
dias. Não falteis ao nosso encontro, não só seis meses, mas todos os dias da vossa
vida.
14
«Depois vos direi quem sou e o que quero»
Naquele primeiro dia não lhes anunciei formalmente quem era, mas os seus
corações simples e puros facilmente entraram em comunicação Comigo e, no seu
íntimo, eles sabiam quemEu era. Nunca sequer aqueles meninos puseram em dúvida,
no interior das suas almas, que fosse Eu a Senhora que tinham visto.
Não lhes disse logo o que queria, mas o seu amor de filhos deu-lhes uma intuição
muito fina e eles começaram desde logo a descobrir aquilo que Eu queria deles e das
outras pessoas que se acercavam.
Começaram por perceber que Eu queria o terço, que queria a conversão dos
pecadores.
Deixaram de rezar terços a correr para irem brincar, e começaram a sofrer com
amor aquilo que de desagradável lhes acontecia, vendo aí a Vontade de Deus, a sua
missão reparadora, a conversão de muitos irmãos.
Meus filhos, a vós também digo que depois Me manifestarei com mais clareza e
vos direi aquilo que quero de todos. Ainda não compreendeis bem estas coisas. É
preciso que vos vá ensinando, instruindo passo a passo, como a crianças pequeninas.
Depois vos direi muitas coisas, mas só depois de Me mostrardes que as quereis
conhecer, depois de mostrardes o vosso interesse por Mim e pela Minha Mensagem.
Sabeis quem sou. Sabei-lo todos vós. Sabeis que sou a vossa Mãe, a Mãe que Jesus
vos deu quando estava pendente da Cruz, mergulhado num mar de dores, de tal
maneira que só por ser Deus e vos amar de forma infinita, se compreende que tenha
sido possível lembrar-se de tal delicadeza de amor, que tenha sido possível, até,
lembrar-se de vós.
Sabeis que sou a Mãe que, do Céu, vos segue com os olhos, atenta a todos os
vossos movimentos, cuidadosa, preocupada com as vossas infidelidades, com os
vossos descuidos.
Mas a Meu respeito pouco mais sabeis e Eu quero que saibais mais. Quero
mostrar-vos a Minha forma de pensar e de amar, a Minha forma de sofrer e de viver.
Se fordes fiéis, diariamente, aos vossos encontros Comigo, manifestar-Me-ei a vós,
dir-vos-ei muitas coisas a Meu respeito, entre elas, irei dizer-vos o que quero.
O que quero de vós é pouco e é muito. É pouco para os que Me amam. É muito
para os indiferentes e para aqueles que não querem deixar as vias do pecado.
Aos poucos vos irei dizendo o que quero. Nunca vos digo tudo de uma vez.
Nenhum de vós tem capacidade para receber de repente a manifestação de tudo o que
Eu quero, até porque muitas coisas dependem do vosso desenvolvimento e da
aceitação diária.
Agora já sabeis alguma coisa. Não é muito, mas chega, por agora, se o souberdes
aceitar, se puserdes em prática aquilo que sabeis que Eu quero.
A cada um de vós peço todos os dias, em nome de Jesus, qualquer coisa daquilo
que fazeis. Peço-vos que façais com mais amor o vosso dever, que ameis o vosso
próximo, o trateis com delicadeza, com caridade. Peço-vos que aceiteis a Vontade de
Deus, como ela se manifestar. Chega-vos este programa? Oh! Se chega!Com ele
podereis chegar a alta santidade.
Mas não vos esqueçais de que só o cumprireis se rezardes, e que, quanto mais
rezardes, melhor o cumprireis. Esta é uma das coisas que agora vos peço, é até a
15
primeira coisa que vos peço, a que vos é indispensável para viverdes bem.
Meus filhos, hoje e sempre sou vossa Mãe, a Mãe que enxuga os prantos, que
modera as dores, que ensina a viver as alegrias. Confiai-Me a vossa vida, que ficareis
em boas mãos. Confiai em Mim. Sabeis quem sou. Sou vossa Mãe.
16
«Sim, vais»
«Sim, vais», disse Eu à pequena Lúcia, quando ela Me perguntou se ia para o Céu.
E como gostaria de o poder dizer a todos vós!
Meus filhos, entendei que isto que Eu disse à Lúcia, disse-o vendo o futuro na luz
de Deus, pois só Deus conhece o futuro e só a Sua luz no-lo desvenda. Foi na luz de
Deus que Eu vi qual seria a opção final de Lúcia. O que lhe disse não foi como que
um destino. Não foi o Céu oferecido de bandeja, por ela Me escutar naquele
momento. Disse-lhe: «Sim, vais», mas isso não excluía todo o esforço que ela teria de
fazer. Não foi um presente que lhe fiz, foi o desvendar daquilo que ela iria querer e
escolher, por sua própria vontade e determinação.
Eu não determinei que ela se salvaria. Seria ela que iria querersalvar-se, lutar e
sofrer para tal. Lutar contra as tentações, sofrer tudo o que tal opção lhe traria a nível
de vencimento pessoal e de trabalho pelo Reino do senhor nos seus irmãos.
Igualmente para vós, Meus filhos, não sou Eu que disponho do vosso futuro. Sois
vós que dispondes dele. O vosso Pai do Céu respeita-vos tanto que não vos impõe a
salvação à força. Vós é que tendes de a escolher.
É para que façais a vossa opção em termos de vida eterna que Eu vos procuro
tanto, que corro atrás de vós, porque sei, porque vejo na luz de Deus as vossas
possibilidades. Sei e vejo que muitos de vós não vos salvaríeis se não fosse com estas
Minhas ajudas, com esta Minha perseguição amorosa de Mãe.
Ai, Meus queridos filhos! Quantos de vós! Quantos de vós nem com as Minhas
ajudas quererão salvar-se! Ai, Meus filhos! É com os olhos cheios de lágrimas que
vejo na luz de Deus a opção final de muitos de vós!
Sou vossa Mãe e sei os perigos grandes que correis com o vosso procedimento,
com a vossa lassidão, os vossos desleixos, os descuidos com a oração, os perigos que
correis pela falta de critério, pela falta de discernimento entre o que é pecado e o que
não é pecado.
Meus filhos, atualmente cometem-se os mais horríveis pecados e, o que é pior de
tudo, é que vós já nada considerais pecado!
Meus filhos, como podeis comungar com as vossas almas nesse estado? Não sentis
bater o vosso coração de temor de Deus?Os vossos corações são de pedra! Tantos de
vós fazem comunhões sacrílegas, porque vivem em pecado, alguns de vós até
publicamente, em situações contra a lei de Deus, em falsos matrimónios, em recusa
da maternidade, e, com os vossos pecados, aumentais a confusão geral daqueles que
já não sabem o que pensar e que, por ignorância, acabam por dizer que as leis da
Igreja devem ter mudado, e fazem como vós, porque vós passais por bons a seus
olhos.
Cuidado, Meus filhos, com o escândalo que provocais! Não queirais, com o vosso
pecado, com o vosso escândalo, com a vossa falsidade mascarada de virtude, atrair ao
pecado outras almas!
Meus filhos, só Deus vê os vossos corações, e os vossos irmãos muitas vezes são
enganados com as vossas aparências de santidade, quando nas vossas almas está o
pecado e o sacrilégio!
A vossa Mãe angustia-se a olhar para muitos de vós. Meus filhos, olhai para Mim!
Convertei-vos, arrependei-vos! Largai toda a vida de pecado, por muito que isso vos
17
custe!
É preciso muita oração da vossa parte para dar força a muitos dos vossos irmãos
que são tão fracos, que não conseguem optar por Mim e pelo nosso Deus. Ajudai-Me,
Meus filhos, vós que estais perto do Meu Coração. Ajudai-Me com as vossas orações
por esses irmãos, para que também se salvem, como vós vos quereis salvar.
É preciso trabalhar muito para impedir o avanço do mal, que alastra em rios de
lama.
Filhinhos, trabalhai Comigo. Orai, orai muito, para não cairdes em tentação, para
que os vossos irmãos não caiam, e para que os que caíram saiam do pecado.
Aceitai toda a cruz, todo o sofrimento. Mortificai-vos, mesmo, por amor deles,
porque só a oração e a penitência vencem o mal.
Colaborai Comigo, Meus filhos, pois vós e só vós sois os autores da vossa escolha,
da vossa salvação. Ajudai-Me a ajudar-vos, para que Eu possa dizer a todos vós como
disse à Lúcia: «Sim, vais.»
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«Também»
Também a Jacinta iria para o Céu, respondi Eu à pergunta de Lúcia. Com que
amor, com que carinho o disse, fitando o rosto da pequenita, levantando assim o véu
que cobria o futuro, que cobria a sua vontade, a sua opção final, que não foi mais que
o continuar da sua opção diária, pois a Jacinta nunca optou senão por Deus.
Basta-Me a palavra “também” para definir aquilo que ela iria escolher, porque o
seu amor a isso a inclinava. Por essa escolha, ela iria sofrer e sofrer muito, porque o
caminho que leva ao Céu não é um caminho fácil.
Caminho fácil é o do mundo, que vos embala com promessas falsas de vãos
prazeres de luxos e de modas. Mas esse caminho fácil, por onde tantos de vós querem
seguir, desemboca em becos sem saída, onde tantas vezes vos desesperais sem saber
o que fazer, ou como resolver os vossos problemas.
Para alguns de vós, esse beco sem saída é um caminho de conversão, porque, ao
sentir-vos aflitos, recorreis a Mim, e mudais de caminho. É justamente com esse fim
que o Senhor permite certas situações bastante aflitivas para vós, e que levam aqueles
que não têm fé a perguntar porque é que Deus permite tais coisas.
Pois é, Meus filhos, permite-o para vos levar à conversão, à mudança de vida, para
verdes que o mundo não vos dá felicidade e não resolve os vossos problemas, para
que vos desiludais dele e procureis o caminho estreito, rude, mas verdadeiro e seguro,
esse caminho onde Me encontrais, pronta a amparar-vos, a resolver as vossas
dificuldades, a vencer as vossas angústias, a trazer-vos a cura dos vossos males.
Também a vós, Eu quero dizer essa pequena palavra: “também”. Também, sim,
também vós podereis ir para o Céu, se quiserdes acompanhar-Me neste caminho,
seguir Comigo dentro da lei do Senhor, se não andardes por caminhos maus,
caminhos falsos, tentando desculpar-vos de tantas formas, nenhuma delas válida,
porque a lei do Senhor é só uma, e só tereis a Vida Eterna se Lhe obedecerdes.
Filhinhos, dizei-Me porque não quereis escutar a Minha voz? Porque não fazeis o
que tanto vos tenho recomendado, e continuais na mesma vida descuidada, de mãos
dadas com o pecado a que já vos habituastes? Ai, Meus filhos, tende muito cuidado,
se vos adaptastes a algum pecado, de forma a viverdes comodamente com ele e a já
não vos incomodar nem inquietar.
Meus filhos, se isso vos acontece, estais em grande perigo, porque com esse
pecado que não quereis corrigir, em que já não pensais, estais diariamente a dizer
“não” a Deus, e correis o perigo de, se morrerdes ainda nessa forma de pensar,
passardes desta vida para a outra com o não na boca.
Na outra vida, Meus queridos filhos, não vos poderei valer, porque não poderei
demover a vossa vontade, como estou tentando fazer agora. Na outra vida, nem vós
podereis modificar aquilo em que a vossa vontade estava no momento da morte.
É grave, muito grave este perigo, Meus filhos. É a vossa Mãe que vos pede, não
arrisqueis a vossa eternidade por uns instantes de prazer, por uns dias ou uns anos que
sejam, mais a vosso gosto.
É tão horrível, Meus filhos, o estado de quem passa assim para a eternidade, que
não dá para se arrepender perante essa desgraça, que só então vê! Garanto-vos que, se
fosse possível alguma alma então arrepender-se, Deus a perdoaria e a salvaria. Mas
tal não é possível, porque a alma não quer. A vossa teimosia branda de agora
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transformar-se-á em teimosia agressiva e deliberada.
Filhos meus, o Céu também é para vós, sejam quais forem os vossos erros, os
vossos pecados. Peço-vos como Mãe, arrependei-vos, convertei-vos, mudai de vida.
Quero dar-vos a felicidade, quero-vos eternamente Comigo, porque vos amo,
porque sou vossa Mãe e quero no Céu não só aqueles três pastorinhos, não só os
santos que já lá estão, mas vós também.
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«Também, mas tem que rezar muitos terços»
Assim Me referi ao pequeno Francisco.
Francisco era um rapazinho como qualquer rapazinho da sua idade, com qualidades
e com defeitos. Na verdade, Francisco tinha mais qualidades que defeitos, e estes
também não eram grandes, dada a sua pouca idade.
No entanto, as traquinices habituais dos rapazes iam já aparecendo na sua vida. Os
rapazes foram sempre dados a brincadeiras mais violentas que as meninas, e para eles
é mais fácil cair em faltas, pelos maus exemplos, pelas companhias que frequentam e
que arrastam para as mesmas coisas.
Compreendei, Meus filhos, que a alma do Francisco era ainda uma alma de criança
serrana, sem contágio do mal, mas cujo brilho começava a ser embaciado aos olhos
de Deus, pelas companhias de outros rapazes menos delicados e com educação
familiar muito inferior.
O mesmo não acontecia com a Jacinta que, mais pequena, vivia mais recolhida na
sua casa, nem com a Lúcia, dado oseu carácter e a sua condição de filha mais nova,
vigiada por todos em casa.
Apontei ao Francisco a forma de apagar as suas faltas com a oração, uma vez que
não lhe seria exigido o sofrimento da Jacinta, e porque seria o primeiro a partir.
Apontei-lhe a oração do terço. Isso não queria dizer que a irmã e a prima estivessem
dispensadas de o rezar. Elas igualmente iriam rezar muitos terços.
Quis, principalmente, ao apontar-lhe este meio de santificação, apontá-lo a todos
vós, que tendes muito mais a purificar que o Francisco.
Meus filhos, se o Francisco, que era um rapaz, uma criança inocente, precisava de
rezar muitos terços, que direi de vós? Se as pequeninas faltas do Francisco
precisavam de muitos terços para se apagarem, que direi das vossas, cheias de
malícia? Que direi de vós a quem tanto tenho falado e ensinado, e que continuais sem
emenda das vossas faltas, que as escudais com a desculpa do vosso feitio, dos tempos
em que viveis, do vosso trabalho, de que os outros também fazem, e quantas mais
desculpas, todas inválidas aos olhos de Deus.
Compreendei, Meus filhos, que no Céu não entra sombra alguma. Todas as almas,
para entrarem no Céu, têm de estar cristalinas, a fim de refletirem a luz de Deus.
Sereis vós próprios que vos lançareis na purificação se não estiverdes em
condições, e, conforme for a natureza das manchas que levardes e a sua quantidade,
assim poderá levar mais ou menos tempo a vossa purificação.
Apontei ao Francisco o meio fácil de se purificar na Terra.A purificação do
Francisco seria centrada principalmente na oração, como a da Jacinta e da Lúcia seria
no sofrimento, que também não as dispensou da oração.
Para vós todos também, aponto o terço como meio mais fácil de vos purificardes. É
um caminho que abro àqueles que são mais frágeis, com mais medo de sofrer. Mas
reparai que não rezeis terços maquinais, a correr, para serem muitos. O terço deve ser
rezado com amor, para realmente vos purificar. Terços maquinais, a pensar noutras
coisas, perdem o valor. Não era assim que o Francisco rezava. Foi por rezar muitos
terços com amor que ele se tornou uma alma contemplativa, porque Eu, através do
terço, dou às vossas almas, quando o rezais bem, a graça da contemplação.
Aproveitai este meio poderoso, que ponho nas vossas mãos, e tereis tudo a ganhar
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com ele.
Reparai agora noutro ponto que vos desvendo a respeito dos terços que mandei
rezar ao Francisco.
Não penseis, Meus filhos, que esses terços todos que ele rezou foram apenas para
se purificar, nem que ele tivesse faltas grandes para tal. Já vos disse que o Francisco
apenas tinha pequenas faltas de rapazinho, que ainda pouco pensa no que faz.
O Francisco rezou os terços por si e pelas almas que Deus tinha ligado à dele. Era
através do terço que Eu queria que ele as ajudasse a salvar. O Francisco seria o
primeiro a partir. Tinha pouco tempo. Era preciso, portanto, rezar muito para
satisfazer a sua missão, para cumprir aquilo de que, perante o Senhor, tinha
obrigação. E ele só entraria no Céu depois de o cumprir.
Aconselhei-lhe a forma de o conseguir na Terra, no pouco tempo que lhe restava, e
ele obedeceu com fidelidade. Aliou a isso também bastante sofrimento voluntário,
como a sua irmã e a sua prima.
Mas ele tinha pressa, por isso era preciso rezar muito. E assim o Francisco, através
do Meu terço, chegou à oração contínua aconselhada por Jesus.
Tirai das vossas cabeças a ideia de que o Francisco precisou de rezar muitos terços
para expiar os seus pecados. Ele expiou as suas pequenas faltas, e conseguiu, através
do terço, a conversão de muitas almas e a perfeição da oração, que muitos de vós
passam dezenas de anos sem conseguir.
O terço, quando o rezais bem, é para vós um meio de expiação, intercessão,
reparação, santificação.
Prestai-Me atenção, Meus filhos. O terço é um tesouro que ponho nas vossas mãos.
Pensai nisto cada vez que lhe pegais, e acabareis por lhe pegar muito mais e com
mais amor. Pensai que é o tesouro que vossa Mãe vos dá para vos santificardes e para
santificardes aqueles de quem tendes responsabilidade. Não se pega num tesouro de
qualquer maneira, e não deve ser de qualquer maneira que rezais o terço.
Prendei-lhe a vossa atenção. Meditai-o com amor. Pensai que vos dirigis a Mim,
que estais a usar o crédito da vossa Mãe para comprar a santidade e para comprar
almas para o Céu.
Este foi o caminho simples do Francisco, que o levou a uma santidade grande. Será
também o vosso, se quiserdes ser fiéis.
Filhos queridos, não recuseis o colar de pérolas que vos ofereço e que é formado
por tantas lágrimas que choro por vós em todo o mundo.
Pegai no terço e rezai, Meus filhos. Vós também ireis para o Céu, mas tendes de
rezar muitos terços.
22
«Sim, está»
Sim, está, respondi à curiosidade infantil de Lúcia. Em duas palavras revelei-lhe o
destino eterno de uma jovem que ela conhecera. E foi com verdadeira satisfação de
Mãe que o disse, de Mãe que vê um filho alcançar a meta almejada, chegar com êxito
ao fim da carreira, iniciando uma vida de contínua felicidade, sem possibilidade de a
vir a perder.
Sim, estão Comigo, essa alma e muitas mais, muitos irmãos vossos, que aceitaram
a Salvação que o Meu Filho lhes trouxe, pelas quais Ele não derramou em vão o Seu
Sangue, que não deixaram esterilizar para si o Meu sofrimento, que souberam aceitar
o tesouro que o Senhor oferece a todos.
Sabeis, Meus filhos, que enquanto estais no mundo, estais sempre em perigo,
correis sempre algum risco de deixar perder esse tempo, de o desperdiçar, de, como
loucos, o trocar por punhados de lixo?
Meus filhos, vejo tanto lixo à vossa volta que, como Mãe, temo pela sorte de
muitos de vós que, inconscientemente, brincam com esse lixo, como crianças
ignorantes que se entretivessem brincando numa lixeira. A qualquer de vós, a vossa
própria mãe procuraria retirar do meio do lixo, falando-vos das doenças, dos
contágios que poderíeis apanhar.
Maiores doenças, maiores contágios apanham as vossas almas junto do lixo
espiritual que vos rodeia por todos os lados e de que já nem fazeis caso, dizendo,
como quem sabe o que diz, que isso não vos faz mal, não vos afeta.
Se vísseis como Eu, estremeceríeis de horror e perguntaríeis a vós próprios como é
possível terdes os olhos abertos e não verdes, serdes criaturas inteligentes e não
quererdes reconhecer o grande mal que vos faz o contágio com os ambientes que
frequentais porque quereis, onde vos meteis com tanta imprudência só porque outros
que conheceis também vão, e não quereis ficar para trás, mal vistos entre os amigos.
Sou uma Mãe que avisa, sou uma Mãe que vê ao longe, que vê onde as mães da
Terra não veem. Sou uma Mãe que vê do Céu, à luz de Deus, os perigos de que vós
não tendes consciência.
Meus filhos, todo o ambiente de moral confusa é perigoso.São ambientes
resvaladiços, onde podereis facilmente escorregar e sujar-vos. Todas essas conversas
livres, esses divertimentos que entontecem, que vos fazem sair de vós, são ambientes
maus. Essas euforias, tantas vezes provocadas pelo álcool ou por qualquer outra
excitação, são sinais de doença, de contágio no ar.
Muitos de vós estão ofendendo a Deus com a forma de falar, de proceder e de
vestir.
Grande doença, Meus filhos, grassa no mundo, com as modas que são vírus que ele
vos lança, com os quais adoeceis, e passeais a vossa doença por todo o lado, às vezes
até nos santuários, como se ela fosse agradável de ver.
Meus filhos, é a vossa Mãe que vos diz, sois muito desagradáveis de ver do Céu,
com as roupas que a vossa moda vos dita, e com ela ofendeis a Deus diariamente.
Não estais belas, minhas filhas, assim vestidas estais muito feias a Meus olhos, aos
olhos dos Anjos, aos olhos de todos que vos veem com os olhos clarificados pela luz
de Deus e, o que é pior, aos olhos do próprio Deus.
Venho abrir os vossos olhos, tentar fazer neles penetrar alguma luz, e pedir-vos
23
que, por amor de Deus e por amor das vossas almas imortais, deixeis de vos meter
nesse lixo, deixeis de proceder assim, de vestir assim, para Eu poderdizer de vós
daqui a algum tempo, tempo esse que vós não sabeis quanto será, muito ou pouco,
aquilo que disse dessa jovem: «Sim, está no Céu.»
Não brinqueis com a eternidade. Não troqueis o Céu por uns gozos passageiros,
por uns simulacros de beleza, que são banalidade mundana. Prestai atenção. Se Me
amais um pouco, fazei o que vos digo, porque o que vos digo é a expressão do Meu
Amor de Mãe, que vê mais do que vós e que quer a vossa salvação, que quer dar-vos
todo o bem, dar-vos o Céu.
24
«Estará no Purgatório até ao fim do mundo»
Queridos filhos, como vossa Mãe tenho o direito e o dever de vos avisar daquilo
que vos espera do lado de lá do vosso mundo, assim como a vossa mãe terrena vos
avisa das coisas que não sabeis, conforme a vossa idade e a vossa inexperiência.
Perante Mim, todos vós sois crianças e muito inexperientes. Todos,
constantemente, vos meteis em perigos, mesmo aqueles que se ufanam do seu saber.
Se vós soubésseis, ao menos, como sabeis pouco, procuraríeis, com mais frequência,
aprender algumas lições junto de Mim. Mas como presumis que sabeis, torna-se-Me
muito difícil, para não dizer impossível, ensinar-vos, pois faltais às Minhas aulas.
Sois como crianças que, por conseguirem ler algumas palavras se recusassem a ir à
escola, dizendo já saber.
Meus filhinhos, vede que, junto de Mim, aprendereis a ciência de vossa Mãe, que
está em melhor posição que vós para ver.Vós vedes de baixo, muito de baixo, e
tendes à vossa frente as limitações da vossa carne, o orgulho do vosso espírito, as
ambições pessoais, as tentações que rondam, os espaventos do mundo, os barulhos, a
grande confusão em que viveis.
Como quereis ver para este lado com tanta coisa à frente e, para mais, sendo
bastante fracos de vista?
Eu, vossa Mãe, vejo tudo do lado de cima. Nada se põe diante dos meus olhos a
dificultar-Me a visão. Vejo bem, vejo mais do que, por vezes, desejaria ver, porque
vejo coisas que Me magoam e afligem muito, coisas que vós fazeis por inconstância,
por desinteresse, por apego ao pecado.
Vinde, meus filhos, aqueles entre vós que têm vontade de aprender Comigo. Não
recuso ninguém nas minhas lições. Todos podeis vir quando quiserdes, mas procurai
não adiar, não aconteça que não chegueis a vir e que fiqueis dolorosamente
surpreendidos ao chegar ao lado de cá. Foi o que aconteceu a esta jovem.
Bem gostariam, muitos de vós, de poder apagar estas Minhas palavras àquelas
crianças, mas elas estão firmemente escritas em todos os livros que descrevem, com
rigor, as aparições de Fátima, e digo-vos, meus filhos, elas são muito importantes.
Lendo-as, aprendereis a não vos deixar enganar por aqueles que inventarem a ideia de
que o Purgatório não existe.
Meus filhos, onde ouvistes tal coisa? As pessoas que o dizem estão erradas e são
maus instrumentos no vosso mundo, procurando enganar-vos e levar-vos a uma vida
descuidada de facilidades.
É o Meu Coração de Mãe que vos procura e vos fala em Fátima. Reparai que nessa
altura ainda não havia estas ideias modernas que dizem que o Purgatório não existe, e
Eu vim avisar-vos da sua existência com alguma antecedência, para que, quando
essas teorias chegassem, não lhes désseis atenção. Elas chegaram e vós estais
descuidados. Por isso, muitos de vós estão confusose já não sabem bem em que
acreditar.
Meus filhos, prestai atenção. O Purgatório existe e é muito doloroso, muito mais
doloroso do que qualquer dor que experimenteis na Terra, porque na Terra tendes
sempre possibilidade de vos distrairdes e a vossa própria carne abafa a dor. No
Purgatório não há distrações, não há carne, é pura dor, dor purificadora, é dor de estar
afastado de Deus, é dor de verdes as vossas manchas, tantas, tão grandes, que
25
demoram, por vezes, muito a desaparecer, mesmo no meio dessa purificação.
E não penseis que é o vosso Deus de Amor que vos lança aí. Sois vós próprios que,
ao verdes como sois, à luz de Deus, para lá fugis, vos retrais d’Ele, vos colocais nessa
situação, pois não podeis suportar a vossa fealdade no meio da luz do Pai.
Meus filhos, tende cuidado com os pecados que praticais, porque o pecado, mesmo
perdoado, deixa sempre uma marca difícil de tirar. É como a cicatriz que fica de uma
ferida curada. Vede se conseguis, por vossos próprios meios, tirar uma cicatriz do
vosso corpo. Para isso são precisas operações delicadas.
O mesmo acontece com as vossas almas. Tende cuidado.Procurai viver em pureza,
em reta intenção, no Amor de Deus.
A respeito das marcas que tendes dos pecados já cometidos, colocai-vos, desde já,
sob a ação poderosamente purificadora da Caridade que apaga a multidão dos
pecados. A Caridade tem força para purificar as vossas almas, fazer nelas as
operações necessárias para vos retirar essas cicatrizes, a fim de que chegueis belos e
sem marcas, no fim da vossa vida.
Mas aviso-vos, meus filhos, a ação da Caridade não é fácil.A Caridade é fogo que
vos queimará, mas é preferível, é maisfácil que seja agora.
A Caridade é o fogo do Amor que vos levará a fazer tudo por Deus, a não
reclamar, a sorrir aos vossos irmãos, mesmo aqueles que vos incomodam, vos levará
a perdoar sem condições, nem divulgações do perdão, vos levará a viver sem críticas,
sem murmurações, sem duplas intenções.
É difícil, mas Eu sou a vossa Mãe e companheira. Estou convosco, quero e
prometo ajudar-vos a trilhar este caminho que vos aponto.
A Caridade deve levar-vos também a rezar por estes pobres irmãos vossos que já
não se podem valer a si mesmos pois é sempre possível, pelas vossas orações, ou
sacrifícios, diminuir o tempo previsto inicialmente para a sua purificação no
Purgatório. Lembrai-vos de que o que rezais por eles encontrareis em depósito para
vós se tiverdes de ir para tal lugar. Por isso, é duplamente vantajoso rezar por tais
irmãos.
Filhinhos, esta é a lição que hoje vos queria transmitir. Aproveitai-a. Ponde-a em
prática. Fazei o que puderdes para chegardes sem demora, depois da morte, aos Meus
braços ansiosos de Mãe.
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«Quereis oferecer-vos a Deuspara suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão
dos pecadores?»
Esta minha pergunta não perturbou, nem causou confusão ou dúvidas naquelas
crianças. A sua resposta afirmativa foi imediata. Eles aceitaram sem qualquer
reticência a minha proposta, porque viram nela o Meu desejo de Mãe, que,
preocupada com outros filhos, lhes pedia este oferecimento e, para tal, os fortaleceria.
Não recearam a sua fraqueza de crianças, porque naquele momento de decisão
confiaram em Mim. Foi como lançarem-se no espaço, com a certeza de que cairiam
nos Meus braços.
Esta confiança das crianças, em vão a procuro em vós, meus filhos. Tendes sempre
tantos raciocínios, tantos receios, tantas falsas prudências! Tudo isso é porque não
confiais em Mim, porque não Me vedes realmente como vossa Mãe.
Não pensais que, se sou vossa Mãe, tenho forçosamente de vos proteger? Qual é a
mãe que não protege os filhos que vê em perigo, mesmo que sejam culpados desse
perigo por qualquer imprudência? Vede que a imprudência, se é cometida na base da
confiança em Mim, torna-Me responsável por vós. É uma imprudência muito
diferente daquelas que fazeis com tanta frequência, para satisfazer a vossa vontade, os
vossos apetites, as vossas ambições.
A estes Meus pequeninos filhos Eu pedi diretamente este oferecimento, o que não
faço, geralmente, a todos vós, Meus filhos. Dou-vos muitas vezes a entender o que
gostaria que fizésseis, convido-vos de diversas maneiras, através de leituras, de
conselhos, de inspirações na oração. Mas a resolução, como com aquelas crianças,
tem de ser sempre vossa. Nunca forcei um filho a coisa alguma. Apenas peço.
Peço a todos que ganheis consciência do mal que alastra pelo mundo e que tanto
preocupa o Meu Coração.
Este Meu pedido não é por vós tomado em consideração, pois, se o fosse, não
viveríeis com tanta despreocupação, de mãos dadas com o mundo, com o
secularismo, com o pecado. Viveis indiferentes a este problema porquenão Me
amais. Como não Me amais, não pensais em Mim, não escutais as palavras que, por
todas as formas, segredo aos vossos corações.
Vim a Fátima para chamar a vossa atenção, para vos prevenir, antes que as lamas
do pecado do mundo chegassem até vós.
Tendes a Minha Mensagem esquecida. Dizeis, como quem sabe, que Fátima é
oração e penitência, mas que são essas palavras para vós? Têm algum eco nos vossos
corações? Se tivessem, praticá-las-íeis e, através dessa prática, Eu faria chegar ao
vosso conhecimento tudo o mais que precisais de conhecer.
Mas vós não rezais, não fazeis penitência. Se rezais algumas orações, muitas vezes
fazei-lo a correr, como quem cumpre uma obrigação aborrecida, e deixais essas
orações para depois de tudo o resto que vos apetece fazer.
Rezais sem amor, Meus filhos, e, por isso, não conseguis fazer penitência, a
verdadeira penitência, que significa mudançade vida.
Não mudais de vida. Continuais escravizados à vossa forma de pensar, aos vossos
apetites, às vossas raivas, aos vossos pecados.
Com quem poderei contar, entre vós, para que Me ajudem a rezar por todos aqueles
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que não Me escutam e se afundam mais nas lamas do pecado?
Quem, entre vós, Me quer escutar, escutar a Minha Mensagem até ao fim e pôr em
prática, na própria vida os Meus conselhos de Mãe?
Se vísseis um filho vosso em perigo de morte, sem lhe poderdes valer, o vosso
coração e a vossa boca gritariam que se afastasse desse perigo. Então
compreenderíeis a Minha aflição, o motivo por que percorro o mundo à procura de
filhos transviados.
Ai, queridos filhos, muito ou pouco, todos vós estais transviados, todos vos
transviais todos os dias. Escutai a Minha voz. Sede dóceis a vossa Mãe, como o
foram aquelas três crianças.
Não peço a todos o oferecimento que lhes pedi a elas, mas peço a todos, isso sim,
que aceiteis com amor a Vontade de Deus, o sofrimento que Ele vos quiser mandar, e
que o ofereçais pela conversão dos pecadores, e para reparar o vosso Deus
tãoofendido.
Meus filhos, vós precisais de mudar de vida, de fazer bons propósitos. Fazei hoje o
propósito de aceitar a Vontade do Senhor, mesmo que não a compreendais. E fazei o
propósito de rezar com mais amor, de pensar em Mim, de pedir a Minha ajuda,
porque Eu não vos faltarei. Não deixarei cair nenhum filho que confie em Mim.
Aumentai a vossa confiança. Fitai o Meu rosto. Quero comunicar-vos a Minha
Mensagem.
A Minha Mensagem para hoje é esta: Há almas a salvar. É preciso que vos
responsabilizeis, que rezeis, que trabalheis para a sua salvação. Há pecado a reparar.
É preciso que repareis. É preciso que vos convertais vós próprios, em primeiro lugar,
a um amor mais puro ao Senhor, pela aceitação da Sua Vontade.
Conto convosco, Meus filhos. Agradeço e abençoo a todos os que Me escutarem e
disserem sim ao Meu convite.
28
«Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto»
Meus amados filhos, vim junto de vós para vos mostrar o Meu Amor de Mãe e
arredar de todos vós o medo de sofrer, como o arredei das três crianças que tão
prontamente abriram os seus corações às Minhas palavras e aos Meus convites.
É fácil para Mim trabalhar em almas tão maleáveis como as daqueles pequenitos, e
gostaria muito que todos vós Me désseis tal facilidade, com a abertura sincera dos
corações às Minhas palavras, ao Meu Amor de Mãe.
Filhos muito queridos, Eu desejaria ter só alegrias para vos anunciar, mas tenho de
vos anunciar dores, porque, forçosamente, vos esperam dores, quer pela vossa
situação de criaturas da Terra, quer pelos vossos pecados, mas, mais ainda, pela
reparação que é precisa pelos pecados tão graves deste século.
Não vos posso retirar o sofrimento, mas posso fortalecer-vos, para que o encareis
sem medo, até com amor. Este é o milagre que quero fazer nas vossas almas fracas e
temerosas, que tudo fazem para escapar à mais pequena dor, que inventam mil
mentiras para se desculparem e fugirem à humilhação.
Meus filhos, vede diante de Mim aquelas três crianças serranas. Vede como Eu as
fortaleci, porque elas precisavam de fortaleza para a grande missão que acabavam de
aceitar. Não lhes escondi o sofrimento que as esperava, mas mergulhei-as na luz da
graça de Deus, que as fortaleceu, como a mais forte couraça.
É isso precisamente que quero fazer a todos vós, mas só o posso fazer se, como
elas, estiverdes dispostos a aceitar o que Deus vos enviar, estiverdes permeáveis à
graça.
Vós já ouvistes falar da graça de Deus. Alguns de vós até já ouviram e leram muito
sobre isso, mas nenhum de vós a conhece verdadeiramente, porque a vossa carne
pecadora, o vosso espírito soberbo são barreiras que a afastam e são cegueira que
afeta os olhos da vossa alma.
A graça que foi concedida a estas crianças foi sensível e muito especial, porque tal
era necessário para a sua missão.
Não espereis ver a luz da graça de Deus, como a viram os meninos, pois vós não
tendes a missão deles. Mas podeis ter a certeza de que, se Me abrirdes os vossos
corações, se acederdes aos Meus pedidos, Eu nela vos mergulharei, mesmo sem
sentirdes, como os mergulhei a eles sensivelmente, e a graça agirá em vós da mesma
forma, dando-vos força para sofrer tudo aquilo que for preciso para a reparação de
tanto pecado e para a conversão, vossa e dos vossos irmãos.
Não tenhais medo, Meus filhos, confiai em Mim. Nada vos darei que não possais
suportar. Ajudar-vos-ei, com a Minha mão, a levar o peso da vossa cruz.
Prometo-vos estar junto de vós sempre que sofrerdes, amparar-vos na vossa luta,
segurar-vos para não cairdes, defender-vos, como a mãe defende os seus filhos, de
qualquer perigo que os ameace.
Vós não sabeis, Meus filhos, mas correis muitos perigos e precisais de Mim muitas
vezes, muitas mais vezes do que aquelas em que reparais que escapastes de um
perigo, porque há perigos que não vedes, dos quais vos defendo e de que não dais
conta.
Agradecei, filhos Meus, todas as noites, antes de adormecerdes, todos os perigos de
que vos defendi durante o dia, pois sou como mãe que vigia o seu filhinho, afasta
29
qualquer inseto que nele queira pousar e se lança na frente de alguém que o queira
roubar.
Assim vos vigio, Meus filhos, e com solicitude especial, aqueles que se Me
entregam, que aceitam as Minhas palavras e Me dizem “sim”.
Não tenhais medo. De qualquer forma teríeis de sofrer.Faz parte da vossa condição
de seres humanos. Todos sofrem na Terra. Também sofri quando aqui vivi e podeis
ter a certeza de que foi muito mais do que vós, mas como Me entregava à Vontade de
Deus para o que Ele quisesse, a Sua graça fortalecia-Me.
Abro-vos os Meus braços. Só precisais de vos lançar neles, para que vos erga, vos
mergulhe no banho da graça. O caminho nos Meus braços é um caminho mais fácil
do que aquele que podereis fazer pelo vosso pé, a tremer de medo.
Vamos! Os Meus filhos não têm medo! Eu torno-os fortes e valentes. Avançai para
Mim, para avançardes Comigo para a batalha em que triunfaremos juntos.
30
«Rezem o terço todos os diaspara alcançarem a paz para o mundoe o fim da guerra»
Apareci em Fátima com o terço nas mãos. Levava-o Comigo para vos mostrar
quanto o prezo, quanto o abençoo. Porque Eu terei de abençoar, certamente, aquilo
que transporto Comigo.Ao meu contacto, qualquer objeto fica abençoado. Mas Eu
não apareci em Fátima com qualquer objeto nas Minhas mãos. Apareci com o terço.
Este é o objeto que Eu abençoo especialmente.
Meus filhos, quantos de vós trazeis o terço convosco? Quantos de vós o trazeis nas
vossas mãos, no vosso corpo? Tendes atualmente tantas formas de usar o terço
convosco! E vós, trazei-lo?
Sabei, Meus filhos, que o terço é um objeto que vos protege de muitos perigos, não
sabeis quantos, além de o seu uso tornar mais fácil para vós a sua recitação, trazer-vo-
la-á memória com mais frequência e facilitar-vos a contagem.
E quantos de vós, Meus filhos, nem um terço têm! Quantos de vós sabem que têm
um em algum lugar, mas não sabem bem onde. Quantos de vós sabem onde têm o
terço, mas nunca ou quase nunca o rezam!
Pergunto-vos: Quantosde vós têm verdadeiro amor ao Meu terço? Quantos de vós
mo rezam com desejo de Me agradar, de Me dizer palavras belas, palavras que só
mães e filhos entendem?
E, no entanto, ouvis o Meu pedido bem claro: Rezem o terço todos os dias. E vós,
rezais?
Vós, os que rezais, como o fazeis? Ai, Meus filhos, vejo-vos tantas vezes rezá-lo à
pressa a pensar noutra coisa! Quantas vezes o rezais só para “não deixardes de o
rezar”. É uma fidelidade que vos agradeço, mas não o façais farisaicamente. Não
fiqueis presos à obrigação pela obrigação, a uma recitação que vos maça, só porque
prometestes rezá-lo.
Volto a pedir-vos: Rezai o terço com amor. Nem sempre o podeis fazer com
alegria, com satisfação espiritual, mas podeis sempre fazê-lo com amor, se não com
amor sentido, pelo menos com amor de vontade, que é ainda o mais importante.
Rezai o terço para Me agradar, para Me dar satisfação, mesmo que vós não sintais
nenhuma, mesmo que as preocupações andem à vossa volta, mesmo que as distrações
venham perturbar-vos.
Procurai durante o terço repousar em Mim, como se estivésseis sentados nos Meus
joelhos, e Eu prometo-vos pacificar as vossas inquietações.
Lembrai-vos que prometi dar-vos paz. Pedi que rezásseis oterço para alcançar a paz
e não falto às Minhas promessas.Pelo terço dar-vos-ei a paz, a paz nos vossos
corações, a paz nas vossas famílias, no vosso ambiente social, no vosso país, no
mundo.
Para alcançardes a paz, todos deveis rezar o terço. Não basta mandardes rezar os
vossos amigos, ou algumas pessoas que pensais rezarem melhor que vós. É bom que
eles rezem, mas não é bastante, porque é necessário que vós também rezeis.
Por muito fraca que vos pareça a vossa oração, não a enfraqueçais ainda mais,
deixando de a fazer. A vossa oração, mesmo fraca e imperfeita, é preciosa para Mim,
e se não a fazeis ficará uma falha, uma lacuna, no muro protetor da paz.
Vede agora, Meus filhos, quantas pessoas não rezam! Quantas falhas, quantas
lacunas neste muro! É por essas brechas, tantas, tantas, que entra aquele que vos traz
31
a desunião, que vos traz a mentira e a guerra.
Todos os males de que vos queixais, vede-os agora à luz que projeto sobre eles. É
tudo muro por construir, pela vossa falta de oração.
Se há muitos que não rezam, vede a vossa responsabilidade. Deveis fazer a vossa
obra e a deles, pois dela depende a paz e a felicidade de todos. Sois como pedreiros
que fizessem serões para erguer a proteção, porque os seus companheiros não
cumprem com o seu dever. Mas eles veem que, se não o fazem, deixarão entrar os
inimigos à vontade. Deitam as mãos ao trabalho porque é preciso trabalhar
rapidamente, pois o tempo urge, e nem sabem se ainda chegará. Nem têm tempo para
pensar de quem é essa obrigação.
De facto, Meus filhos, a oração é cada vez mais urgente, é obrigação de todos, e
não há tempo para fazer cálculos, para ver se já a cumpristes na parte que vos
compete. Pois, se assim foi, não pareis, e lançai mãos à parte que os vossos irmãos
deixaram por fazer, porque por aí, vede, o vosso inimigo está entrando. Vede como
entra!... Vede através das notícias de crimes, de brigas, de escândalos, de guerras,
com todas as suas consequências.
Rezai, Meus filhos, rezai, que Eu vos sustentarei, não deixarei que caiais de
cansaço. Rezai, porque o interesse é vosso. Rezai, Meus filhos! Sou vossa Mãe, e as
mães nunca enganam.
Escutai a Minha voz, filhos! Quero dar-vos a paz, quero que sejais felizes, mas
depende muito de vós. Ouvi o Meu conselho, o conselho que hoje vos deixa o Meu
Coração de Mãe: Rezai, rezai com amor, rezai o terço todos os dias.
32
2.ª APARIÇÃO
13 de junho de 1917
LÚCIA: Vossemecê, que me quer?
NOSSA SENHORA: Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem; que
rezeis o terço todos os dias e que aprendeis a ler. Depois direi o que quero.
Lúcia pediu a cura de um doente.
NOSSA SENHORA: Se se converter, curar-se-á durante o ano.
LÚCIA: Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu.
NOSSA SENHORA: Sim, a Jacinta e o Francisco levo-os em breve, mas tu ficas
cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele
quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. A quem a abraçar
prometo a salvação, e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por
Mim a adornar o Seu trono.
LÚCIA: Fico cá sozinha?
NOSSA SENHORA: Não, filha. E tu, sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te
deixarei. O Meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá
até Deus.
33
«Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem; que rezeis o terço todos os dias e que aprendeis a ler»
Escolhi o dia 13 de maio para a Minha primeira aparição e os outros dias 13 para
as aparições seguintes.
Comecei em maio, mês que há muito Me é dedicado pelos Meus filhos. As Minhas
aparições começaram com o perfume das flores, no mês em que elas atapetam os
campos.
Eu gosto de flores, sabeis? Gosto das flores do campo, das flores dos jardins e das
flores que são as vossas almas em graça.
Meus filhos, sois as Minhas flores, nas quais procuro beleza e perfume para
oferecer ao Pai, através de Jesus. São as flores que compõem o magnífico jardim que
Lhe quero apresentar. Por isso cuido de vós com tanto cuidado, e penaliza-Me
quando deixais que os ventos do pecado vos levem as pétalas, vos sequem as folhas,
vos murchem.
Colocai-vos nas Minhas mãos, que Eu cuidarei da flor das vossas almas, como a
melhor jardineira. Vereis que, com as Minhas lições, haveis de florir, como floriam
os campos quando, em maio, vim à Terra.
Mês a mês, chamei as três crianças e chamei as pessoas que, com elas, se
apresentaram na Cova da Iria, por piedade, por curiosidade, pelo desejo de pedir
alguma coisa. Tudo servia e tudo continua a servir para agrupar os Meus filhos à
Minha volta e tentar conquistá-los.
Fui ali no mês seguinte e nos outros, e chamei cada vez mais pessoas para junto de
Mim.
Meus filhos, Eu não fui a Fátima só nessas seis vezes. Fui muitas mais, e continuo
a ir, mas vós não Me vedes, porque o tempo em que Me apresentei visivelmente
passou. Mas vou até lá e gosto de lá vos encontrar, sempre que podeis ir a Fátima.
Fátima é o lugar onde vos podeis encontrar Comigo com mais facilidade. Mas
Fátima é também uma mágoa para Mim, porque muitos de vós não vão lá para Me
encontrarem, vão para passear. Às vezes, alguns vão a Fátima para pedir alguma
coisa ou para cumprir uma promessa.
Meus filhos, apesar de em Fátima vos poderdes encontrar melhor Comigo, pedidos
podeis fazê-los em qualquer parte que sempre vos ouço.
Prefiro ver-vos em Fátima apenas por amor, para vos encontrardes com vossa Mãe,
que ali vos espera em ambiente de oração.
Sabei que tudo o que fazeis em Fátima sem respeito Me desagrada. Desagradam-
Me todas essas conversas no Meu Santuário, conversas completamente desligadas de
Mim, todo o ambiente de excursão folclórica de que, por vezes, vos rodeais e que vos
dissipa do espírito de oração, todas essas roupas modernas que exibis, que desnudam
os vossos corpos! Tudo isso são as mágoas que, em Fátima, chora o Meu Coração
Imaculado, que se aflige perante as vossas nódoas!
Sabei que, se vos apresentais assim, apresentais-vos cheios de nódoas. Não vos
admireis que muitos dos vossos pedidos fiquem por atender e que não tenhais paz nos
vossos corações.
Desejo muito ver-vos em Fátima. Vir a Fátima é como vir abraçar-Me. Mas não
Me venhais abraçar cobertos das nódoas dos vossos pecados, das vossas imodéstias,
da vossa vida dissipada e sem arrependimento.
34
Abraço todo o filho que aqui se apresenta arrependido, seja qual for o volume dos
seus pecados. Quisera o Meu Coração que todos os pecadores, os maiores de todos,
aqui viessem com o coração arrependido, porque uma mãe não recusa filho algum.
Mas manda lavar os que estão sujos e manda vestir os que estão despidos.
Não façais também, da vossa vinda a Fátima, uma ocasião de maior pecado,
coroando uma vida pecadora com uma comunhão sacrílega. Quantos de vós o fazem,
e fazem com isso chorar mais o Meu coração!
Quantos devós que faltam sistematicamente à Missa de domingo, tantos que nem o
domingo respeitam, outros que carregam consigo pecados numerosos, se atrevem,
porque aqui vieram passear, a ir à Comunhão, sem terem passado primeiro pelo
confessionário.
Meus filhos, isso é muito grave. Pensais que não vejo essas coisas? Tirai das
vossas cabeças a ideia, atualmente tão espalhada, de que basta arrepender-vos no
vosso íntimo para não ser preciso confessar-vos e poderdes ir à Comunhão.
Essa ideia é errada! Como é esse vosso arrependimento? Vós sabeis muito bem que
é um arrependimento fingido, um teatro que fazeis diante do Senhor, e que, saindo de
Fátima, voltareis a fazer o mesmo, porque não tendes intenção de vos emendardes.
Um verdadeiro arrependimento tem sempre propósito de emenda, mesmo que a
pessoa saiba que é fraca e que pode voltar a cair. Por isso, confia-Me sinceramente o
seu propósito, com o desejo firme de não voltar a cair nesses pecados de que se
arrepende.
Meus filhos, não venhais a Fátima ofender a Deus.
Vinde para vos converterdes, isso sim, e, mesmo aqueles que se consideram
convertidos, vinde procurar, junto de Mim, nova conversão, conversão para mais
perto de Mim, para que Eu vos leve ao Senhor, e façais progressos de virtude e
santidade.
Escolhi, meus filhos, o dia 13, como podia ter escolhido qualquer outro, mas
preferi este dia procurando, com esta escolha, mostrar-vos a inutilidade das vossas
superstições, que não vos levam senão a outras superstições e, por vezes, a lugares
perigosos.
Meus filhos, vós que vindes a Fátima, não frequenteis lugares de superstição, que
são lugares do meu inimigo.
O dia escolhido para as Minhas aparições em Fátima denuncia a falsidade de tudo
aquilo que se liga a essas vias estranhas de superstição, crendice, espiritismo e
bruxaria, onde, tantas vezes, procurais remédio para os vossos males, onde vos
afundais, cada vez em maior profundidade de mal, e que, se por vezes parece aliviar-
vos e conceder-vos alguma coisa, tantas vezes tapando-se até com imagens Minhas, é
para melhor vos agarrar nas suas malhas.
Meus filhos, mais vale a cruz, por mais pesada que seja, levada por amor de Deus,
do que o alívio, tomado pelas mãos do inimigo do Senhor.
Filhinhos, esta é a lição que tenho hoje para vós. Aproveitai-a. Vinde ter Comigo,
de coração aberto ao Meu Amor, como o Meu Coração se abre para vós.
Vinde a Fátima falar Comigo, estar Comigo, que Eu vos aben-çoarei. Do Meu
trono no Céu desço lá muitas vezes. Vejo os vossos corações e aquilo que Me trazeis
da vossa vida.
35
O Meu Amor de Mãe espera-vos. Enquanto não podeis vir, abençoo-vos, abençoo
os vossos projetos, tudo o que fazeis por Jesus.
A Minha bênção desce sobre vós neste momento. Recebei-a nas vossas almas,
como chuva benfazeja nesse jardim que, dia a dia quero cultivar.
36
«Depois direi o que quero»
Meus filhos, na frase anterior, reparai, já tinha anunciado que queria três coisas:
que ali voltassem no dia 13 do mês seguinte, que rezassem o terço todos os dias e que
aprendessem a ler. Estas são três coisas que também vos peço. Peço que vades a
Fátima algumas vezes, que rezeis o terço todos os dias e que cumprais o vosso dever.
Vede agora que, depois de lhes ter pedido estas três coisas, acrescentei: «Depois
direi o que quero.» Isto quer dizer que os Meus pedidos não estavam esgotados. Quer
dizer que, depois de terdes rezado, depois de cumprirdes o vosso dever, quando
fordes a Fátima, quando escutardes, quando meditardes a Minha Mensagem, ela
encerrará novos pedidos Meus.
Foi a ida à Cova da Iria nos outros dias 13 que trouxe às crianças a revelação das
outras coisas que Eu queria. Será o estudo dessa Mensagem, a união que tereis
Comigo em Fátima ou nas vossas casas, se lá não puderdes ir, que vos trará o resto
dos Meus pedidos.
Já vos disse que nunca vos peço tudo de uma vez. Tenho de preparar os vossos
corações. Tenho de os encher de amor, para eles se resolverem e até desejarem dar o
que Eu quiser, dar-se até a si próprios.
Meus filhos, tenho realmente outras coisas a pedir-vos, mas ireis conhecê-las
gradualmente, à medida que os vossos corações forem derretendo o gelo que os isola
de Mim. Quereis dar-Me os vossos corações gelados, para que Eu os aqueça e os
torne mais agradáveis a Jesus?
Meus pobres filhos, quantos de vós desejam tanto ser agradáveis a Jesus, desejam
amá-l’O mais, amá-l’O muito, mas simplesmente não conseguem, fracassam em
todos os propósitos, caem sempre em pequenas faltas, que são como pequenos atilhos
que vos prendem e não vos deixam correr, voar para Ele. As vossas almas sofrem,
gemem, choram, com a impotência da vossa miséria. Chegais a perguntar a vós
próprios o que há de verdade em toda a história da vossa vida, nos vossos desejos, por
vezes contraditórios. E duvidais, se não será ilusão, erro de sentimentos, o que vos
parece quererdes.
Queridos filhos, sei que muitos de vós pensam ter andado para trás, e nada vos
parece verdade, daquilo que desejastes na juventude. Parece-vos serem fogos de
palha, coisas do passado, a que não conseguis voltar. E, no entanto, bem que o
desejaríeis.
Esse vosso desejo é a melhor garantia, para Mim, daquilo que vós sois, no vosso
íntimo. Pouco Me importa que não tivésseis conseguido atingir o grau de amor que
desejais. Será que nesse grau de amor desejado não se meteria um pouco de vaidade,
que é necessário abater?
Meus filhos, importa-Me ainda menos que não sintais nada, pois não desejo
amimar a vossa sensibilidade. Quero fazer de vós almas que desejem puramente, e
não almas que desejem sensivelmente.
Toda a impotência para o bem, de que vos queixais, filia-se apenas na miséria da
criatura humana. Aceitai que sois fracos. Aceitai não conseguir nada. Aceitai não
sentir nada. Aceitai o desgosto imenso de vos parecer amar menos agora do que no
passado, com entusiasmos fáceis. Aceitai o sofrimento tremendo de vos parecer que
sois almas sem amor.
37
Sois isso mesmo, é verdade. Humilhai-vos nessa verdade. Dai-Me esta vossa
humilhação. Entregai-vos nas Minhas mãos. Entregai-Me os vossos corações, e
podeis ter a certeza de que Eu os farei amar como vós nunca pensastes que fosse
possível.
Os vossos corações são de pedra. Eu derreterei essa pedra, como gelo no meio do
fogo. Sossegai os vossos anseios nos Meus braços de Mãe. Ficai Comigo. Hei de
pedir-vos algumas coisas, mas dar-vos-ei tanto amor que, tudo quanto vos pedir, vos
parecerá pouco.
Aquietai-vos. Encostai a vossa cabeça no Meu Coração. Esperai em paz, na paz
que Eu vos quero transmitir. Orai em silêncio. Acostumai-vos ao Meu ambiente de
oração, de recolhimento. Esperai calmamente. Depois vos direi o que quero.
38
«Se se converter, curar-se-á durante o ano»
Meus filhos, toda a cura implica mudança de vida. A própria cura é uma mudança,
uma passagem do estado de doença ao estado de saúde.
Mas como quereis mudar o estado dos vossos corpos e não pensais no estado das
vossas almas?
Todos vós que estais doentes, já perguntastes a vós próprios como está a saúde das
vossas almas? Não estarão as vossas almas mais doentes que os vossos corpos? Já
pensastes se a doença não será uma chamada de atenção que Deus vos faz, para
pensardes na doença das vossas almas?
Meus filhos, não tenhais ilusões, nem sejais soberbos. Muito ou pouco doentes,
todos vós tendes na vossa alma qualquer ponto fraco que é preciso curar. Às vezes
tendes até diversas doenças que teimais em não ver, mas cujas manifestações os
vossos irmãos sentem, por vezes, bem dolorosamente.
Tende cuidado com a vossa alma. Não a deixeis desprezada, como se não vos
servisse para nada. Se o corpo vos é necessário e o trazeis devidamente tratado e
asseado, não vos esqueçais de que a alma se vê muito bem aqui do lado de cima e
muitos de vós trazem-na tão suja e maltratada que enoja os anjos.
Tende cuidado, meus filhos, com o asseio e com a saúde da vossa alma. Lembrai-
vos de que é com ela que atravessareis para o lado de cá. O corpo fica aí, e desfazer-
se-á. A alma viverá eternamente, segundo a forma como a tiverdesno momento da
partida, que vós não sabeis quando será.
Desejai curar os vossos corpos, sim, meus filhos, mas não vos esqueçais das vossas
almas. Se apenas pedis a cura do corpo e deixais a alma no mesmo estado de pecado,
não estranheis de não vos curardes, até porque muitas doenças da alma se manifestam
nos vossos corpos.
Desejo muito curar-vos, se tal estiver nos eternos planos do Senhor, mas quero, em
primeiro lugar, que vos convertais, porque vejo as coisas com realidade e sei
conhecer o que é mais importante para vós.
Esta Minha resposta a Lúcia é chamada de atenção para todos vós. Primeiro
convertei-vos. Primeiro virai-vos para a Vontade de Deus e para o Seu Amor,
purificando as vossas almas de todo o pecado e do afeto ao pecado. E se pensais que
já cumpristes estes requisitos, que já estais virados para Deus, virai-vos ainda mais,
pois nos caminhos da Vontade do Senhor e do Seu Amor é sempre possível avançar.
Cada avanço é uma cura de alma a nível mais profundo, um novo embelezamento
para ela.
Como Eu gosto de vos ver curados e belos, mas curados e belos, primeiro, a nível
de alma, e só depois a nível de corpo.
Dir-Me-eis, talvez, que sem a doença, sem essa preocupação, esse incómodo ou
essas dores, amaríeis mais o Senhor.Não tenhais essas ilusões, Meus filhos! Como foi
que O amastes, quando não sofríeis desse mal? Aceitai primeiro a Vontade d’Ele.
Convertei-vos ao Senhor e, então, pedi a cura do vosso corpo.
Não vos esqueçais de que prometi aquela cura durante o ano, e não imediatamente,
se essa pessoa se convertesse. Isso quer dizer que quero uma conversão perseverante.
Não penseis que Me enganais! Meus pobres filhos, Eu vejo os vossos corações,
conheço os vossos pensamentos. Não podeis mentir-Me. Sei exatamente se a vossa
39
conversão é sincera ou se são só aparências, para pedir a cura.
É preciso que sejais sinceros e perseverantes.
Os Meus cuidados de Mãe não são cuidados levianos. Sei o que faço e o que peço.
O que faço e o que peço é para vosso bem, são medidas inteligentes, que têm em vista
o vosso futuro, o futuro que quero que partilheis Comigo.
Fazei o que vos digo e tereis a alma sã, sereis felizes, poderei curar-vos, poderei
esperar ficar convosco eternamente, no Céu, onde é a Minha morada, e onde vos
quero receber no dia em que partirdes da Terra.
40
«Sim, a Jacinta e o Franciscolevo-os em breve»
Que melhor prenda pode receber um filho do que saber que irá em breve reunir-se
com a sua mãe, se dela estiver fisicamente afastado?
Aqueles meninos, durante todo o mês estavam fisicamente afastados de Mim, tal
como vos acontece a vós. Os seus corações, porém, estavam unidos a Mim, coisa que
pouco vos acontecea vós.
Nos dias 13 daqueles seis meses, estavam perto de Mim fisicamente e viam-Me
com os seus olhos. Essa visão enchia-lhes o olhar de tanta beleza e o coração de tanto
amor, que ansiavam todo o mês seguinte pela Minha presença, de novo.
E vós, quantas vezes Me desejais? Se hoje vos dissesse que vos levaria em breve
para junto de Mim, como ficaria o vosso ânimo? Ficaríeis alegres ou tristes? Sei que a
grande maioria de vós viria pedir-Me para não vos levar ainda, lembrando-Me de que
fazeis falta na vossa família, no vosso trabalho, no vosso grupo, no vosso apostolado,
em tantas coisas a que vos deixais prender, mas que são a manifestação do vosso
pouco espírito sobrenatural, da vossa falta de amor, do vosso pouco ou nenhum apego
à Vontade de Deus.
Meus filhos, venho hoje dizer-vos que Eu levarei em breve vários entre vós, até
vários daqueles que menos contam com isso neste momento. Se não vos importais,
desejaria muito ser Eu própria a levar-vos, em vez de vos deixar fazer sozinhos esta
passagem, sempre difícil para vós, passagem que vos assusta, que vos atemoriza. Se a
fizerdes de mão dada Comigo, ou até nos Meus braços, vereis que não é difícil.
Atravessareis de olhos fechados e não vereis nada de assustador. Só os abrireis
quando Eu vos disser que já passámos e então deslumbrar-vos-eis com a magnífica
claridade, com a beleza que vos espera.
Gostaríeis de passar assim a porta que vos assusta? Meus filhos, é fácil. Basta
deixar-vos guiar por Mim, sem protestos, sem reclamações. Basta dizer sim ao que
vos peço, mesmo que não vos seja agradável. Vós sabeis que nem sempre aquilo que
as mães mandam os filhos fazer é agradável. Mas obedecem, porque sabem que ela só
ordena o que é bom, certo e justo para eles.
Amados filhos, levarei nos Meus braços todos aqueles que o quiserem. Mas não
basta dizer que quereis. É preciso fazer aquilo que vos tenho aconselhado, que vos
tenho pedido e o que vos continuarei a pedir. É preciso mudar de vida. É preciso
serdes bons, viverdes em pureza e em caridade. Tereis algumas dificuldades. Sim, a
felicidade não é fácil e é preciso conquistar o Céu à custa de renúncia e de obediência
à Vontade de Deus.
Mas Eu sou uma Mãe guerreira e, por vós, empunharei armas. Se quiserdes que
vos ajude, aceitai esta luta e Eu estarei ao vosso lado. Empunhareis as armas Comigo
e Comigo vencereis.
Haverá alguma luta, algum sofrimento, agora. Aquelas crianças também os
tiveram. Mas depois, na hora da passagem, nessa hora em que os fortes tremem,
vereis como é fácil Comigo. Direis então que valeu a pena a luta na Minha
companhia para tão facilmente vencerdes.
Prestai atenção. Vós não sabeis os desígnios do Senhor.Não sabeis se tendes muito
tempo, se tendes pouco. Normalmente aconselhais-vos uns aos outros a não pensar
nisso. Eu aconselho justamente o contrário, e digo-vos: Pensai nisso.
41
Pensai nisso, sim, Meus filhos, porque é o negócio mais importante da vossa vida,
o único verdadeiro negócio, pelo qual vale a pena lutar, fazer cálculos, estabelecer
estratégias e manhas.
Esses cálculos, essas estratégias e essas manhas, Eu vo-las quero ensinar, para que
a vossa luta seja o mais fácil possível, e tenhais o menor número de feridas e quedas.
Ficai junto de Mim. Juntos vamos calcular as vossas possibilidades. Veremos
juntos o que é que vos falta e o que é que tendes de deixar ao entrar nesta luta. Se
seguirdes os Meus conselhos, se fizerdes o que vos peço, chegareis ao fim vitoriosos
e, junto de Mim, gozareis eternamente o prémio que o Senhor dá àqueles que optam
por Ele, que O amam, que fazem a Sua Vontade.
Estais na Terra para preparar a vossa eternidade. Não desperdiceis o tempo que
tendes para isso. Lembrai-vos: como à Jacinta e ao Francisco, a muitos de vós virei
buscar em breve.
42
«Mas tu ficas cá mais algum tempo»
Meus filhos, há coisas que vós desejais e que o Senhor não vos concede, porque
não fazem parte dos Seus desígnios, dos Seus planos sobre vós. Nem tudo o que
desejais é bom, e, mesmo entre as coisas que vos parecem boas, nem todas são boas
para vós.
Lembrai-vos de que não basta uma coisa ser boa para que a tenhais. É preciso que
Deus o queira a vosso respeito. Se Ele não o quiser, é em vão que procurais, que
desejais ter, fazer, estar nisso que vos atrai e que os outros têm, fazem ou onde estão.
Não desejeis as coisas desmedidamente, mesmo que sejam coisas boas. Perguntai
antes se elas são do agrado do Senhor para vós.
Quantas vezes fracassais em coisas onde irmãos vossos têm proveito, e perguntais
a vós próprios porque é que tal vos acontece. Não precisais de vos interrogar muito,
porque Eu explico-vos os motivos dos vossos fracassos. Fracassais em muitas coisas,
porque vos meteis nelas por vossa própria vontade, porque achais bonito,
interessante, proveitoso talvez, mas não procurais ver qual será a Vontade de Deus
para vós a esse respeito.
Pedis poucos conselhos e, muitas vezes, quando os pedis, não os seguis. Fiais-vos
na vossa própria cabeça, naquilo que ouvis dizer, e seguis os vossos impulsos
imprudentes.
Vede a Lúcia, Meus filhos. Bem que ela gostaria de seguir os primos para o Céu,
mas calou-se, assim que Eu lhe disse que ficaria cá mais algum tempo, porque tal era
da Vontade de Deus.Não voltou a pedir para a levar para o Céu, porque sabia que, por
muito bom que o Céu seja, não era ainda para ela. Embora

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