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3 - O Dia que Durou 21 Anos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
DISCIPLINA: TÓPICOS DE HISTÓRIA POLITICA DO BRASIL I
DOCENTE: JOSÉ ALVES DIAS
DISCENTE: YASMIN SILVA PAIXÃO
RESUMO CRÍTICO DO FILME “O DIA QUE DUROU 21 ANOS”
	O contexto internacional no período que antecedeu e se figurou o Golpe Militar de 1964 é bastante conhecido, a bipolarização entre capitalistas [EUA] e comunistas [URSS], ou seja, a Guerra Fria, que criou um clima de radicalização da direita e da esquerda na disputa sobre qual sistema triunfaria. Dessa forma, na perspectiva da direita conservadora do Brasil, o comunismo era uma grande ameaça que deveria ser combatida, algo bastante difundido e defendido pelo líder do bloco capitalista, os EUA, que, considerando o Brasil uma figura estratégica nessa disputa, se organizou de todas as formas possíveis para conter a disseminação do “perigo vermelho”. É nessa perspectiva que o documentário “O Dia que Durou 21 Anos” trabalha, a influência norte-americana no golpe militar brasileiro.
	Dirigido por Camilo Galli Tavares, “O Dia que Durou 21 Anos”, lançado em 2013, ganhou destaque ao expor provas concretas sobre a participação dos Estados Unidos na derrubada do presidente João Goulart em 1964, e consequentemente, a instituição de um governo ditatorial. O documentário é composto por fotografias e imagens em movimento, mostrando cenas de filmes antigos e reportagens televisas, além disso, traz áudios e documentos oficiais, dentre eles, materiais secretos da CIA, telegramas e até mesmo as gravações telefônicas entre o embaixador norte-americano e os presidentes dos EUA John Kennedy e Lyndon Johnson. 	
	O trabalho de pesquisa que durou três anos e que tem como resultado o filme, foi divido em três partes: “A conspiração”, “Golpe de Estado” e “O Escolhido”, cada uma relatando de forma minuciosa os bastidores que antecederam a ditadura. Desde as ações desestabilizaram o governo de João Goulart, passando pela criação do IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), órgãos influenciados pelos EUA, que tinham a função de financiar e manipular propagandas e campanhas de diversos de políticos que fizessem oposição ao governo.
	O longa tenta trabalhar numa perspectiva de imparcialidade, ouvindo “os dois lados”, dando voz a militares que participaram efetivamente da ditadura, como o ministro Jarbas Passarinho, general Newton Cruz, o almirante Bierrenbach e também dos militares que apoiavam João Goulart, como Capitão Ivan Proença e o Brigadeiro Rui Moreira Lima. Além disso, o filme faz uma construção heroica da imagem de Jango, retratando-o como uma pessoa que, apesar de rechaçada pela elite militar nacional já em 1961, mesmo assim, consegue apoio político e popular para tomar posse como presidente, e continua sua luta pela democracia até sua morte trágica em 1976. 	
	Apesar de fazer uma abordagem interessante sobre o tema, o filme, ao fazer a explicação histórica dos fatos, prioriza a voz dos peritos norte-americanos, ou seja, a explicação de como ocorreu o processo do golpe fica a encargo dos depoentes estadunidenses, enquanto os brasileiros ficam reservados, principalmente, a resgatar lembranças pessoais, assim, eles explicam e “nós” apenas corroboramos. 	
	Ainda assim, o documentário relata com dignidade e transparência esse episódio fatídico de nossa história, pois se apresenta como um agente intensificador da memória histórica, resgatando imagens simbólicas do imaginário a ser revelado, dando sentido a uma realidade que concerne ao brasileiro e a história do Brasil.
Referências:
O dia que durou 21 anos. Direção de Camilo Tavares. Brasil: Pequi Filmes, 2012. DVD, (77 min), NTSC-VHS, son., cor., leg.

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