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História Natural da Doença - Aula 2 EAD ciclo 1

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História Natural da Doença (desenvolvimento da doença sem a interferência de ninguém)
É o nome dado às inter-relações entre o agente, o susceptível e o meio ambiente, formando o que se chama de tríade da saúde. Engloba desde o estímulo patológico no meio ambiente, a resposta do homem a esse estímulo, até as alterações que podem resultar em um defeito, invalidez, morte ou recuperação.
Período epidemiológico (Pré-patogênese) – interesse dirigido à relação suscetível-ambiente. Analisar quais são as possíveis causas que pode levar um individuo a ficar doente 
Fatores sociais: 
· Fatores socioeconômicos: os grupos sociais de maior poder aquisitivo estão menos sujeitos a determinados tipos de doenças. 
Exemplo: as parasitoses, a frequência de nascimento de crianças de baixo peso e a mortalidade infantil é mais prevalente em grupos economicamente menos favorecidos.
· Fatores sociopolíticos: conceitos relacionados à decisão política, à participação popular e ao acesso à informação podem contribuir positiva ou negativamente na prevalência de determinadas doenças.
Exemplo: comunidades onde o acesso às informações relativas à educação sexual é mais efetivo tendem a ter menor incidência de doenças sexualmente transmissíveis; 
· Fatores socioculturais: a propagação de uma doença pode estar relacionada aos hábitos, comportamentos, crendices de um grupo populacional.
Exemplo: grandes centros, onde há consumo excessivo de fastfood, exibem maior índice de obesidade e problemas cardiovasculares.
· Fatores psicossociais: a convivência em um ambiente com estímulos psicossociais adversos pode influenciar negativamente no processo saúde-doença. Entre esses estímulos, pode-se citar marginalidade, relações familiares instáveis, condição de trabalho estressante, desemprego, entre outros.
Exemplo: pessoas com cargas de trabalho excessivas, que sofrem assédio psicológico no ambiente profissional ou com funções que demandem grande responsabilidade, são propensas a problemas de saúde física, tais como lesões cardiovasculares ou musculoesqueléticas.
Fatores ambientais:
· Fatores genéticos: dizem respeito à susceptibilidade individualizada frente à exposição a um mesmo agente etiológico. Exemplo: algumas mulheres têm predisposição genética ao desenvolvimento de câncer de mama.
· Multifatorialidade: o estado final provocador de doença é o resultado do sinergismo de fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, psicológicos, genéticos, biológicos, físicos e químicos. Exemplo: doenças cardiovasculares podem advir do somatório dos diversos fatores citados acima. 
Período patológico (patogênese) – inicia-se com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o homem. Englobam todas as alterações fisiológicas, bioquímicas, histológicas decorrentes do curso da doença no organismo e culmina com uma das opções: morte, invalidez, cronicidade ou recuperação. 
· Interação estímulo-suscetível: presença de todos os fatores necessários para o aparecimento da doença, sem que essa esteja presente. 
Exemplo: presença de sedentarismo, hipercolesterolêmia e fumo aumentam a probabilidade de desenvolvimento de doença coronariana.
· Alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas: já existe a implantação da doença, porém em um estado subclínico, de modo que pode ser percebida através de exames clínicos minuciosos ou laboratoriais. 
Exemplo: suspeita da presença de diabetes quando o paciente relata na anamnese dificuldade de cicatrização
· Sinais e sintomas: antes confusos, tornam-se nítidos. É chamado de estágio clínico e a evolução poderá culminar em morte, invalidez, cronicidade ou recuperação.
Exemplo: em uma amigdalite, o paciente relata dificuldade de deglutição, febre, mal-estar, dor de garganta, caracterizando claramente a doença.
· Cronicidade: a doença pode persistir por um longo período de tempo e pode, em algum momento, evoluir para uma situação de cura, invalidez ou até morte. 
Exemplo: asma, diabetes, doenças autoimunes etc.
Níveis de Prevenção 
Correspondem ao conjunto de procedimentos que visam prevenir a ocorrência ou evolução de uma doença e melhorar a saúde de uma população, a partir do entendimento de sua história natural.
· Prevenção primária: primeiro nível (promoção à saúde) – relaciona-se com medidas de ordem geral e educativas para criar condições favoráveis para a melhoria da resistência e do bem-estar do indivíduo durante a fase de susceptibilidade do período pré-patológico. Está relacionada diretamente à qualidade de vida do ser humano.
Exemplos: hábitos alimentares, atividade física, boas condições de moradia, lazer e etc.
· Prevenção primária: segundo nível (proteção específica) – é quando são aplicadas medidas dirigidas especificamente contra um determinado agravo à saúde, a fim de que os indivíduos resistam às agressões dos agentes. Ocorre durante a fase de susceptibilidade do período pré-patológico.
 Exemplos: imunizações, iodo no sal, flúor na água de abastecimento, aconselhamento genético, combate aos criadouros de mosquitos causadores da dengue e etc. 
· Prevenção secundária: terceiro nível (diagnóstico precoce e tratamento imediato) – nos agravos à saúde que foram impossibilitados de serem evitados, devem-se detectar o mais precocemente possível processos patogênicos já instalados para que o tratamento se inicie o mais cedo possível. Relaciona-se à fase patológica pré-clínica do período patológico. 
Exemplos: exame de Papanicolau, autoexame de mama ou oral, dosagem de glicemia, isolamento para evitar propagação de doenças, tratamento para evitar a progressão de doença e etc.
· Prevenção secundária: quarto nível (limitação do dano) – o cuidado é aplicado aos casos em que o processo de adoecimento está completamente instalado, a fim de que seja possível a cura ou, na impossibilidade dessas, que as sequelas ou complicações sejam os menores possíveis.
Exemplos: amputações em tromboses, evitar futuras complicações em enfermidades crônicas como diabetes mellitus, hipertensão, problemas psiquiátricos, doenças autoimunes, AIDS e etc.
· Prevenção terciária: quinto nível (reabilitação) – no último nível de prevenção, o processo saúde-doença alcançou uma estabilidade em longo prazo com a cura, porém acompanhada de sequelas, portanto, o objetivo é conseguir a manutenção em equilíbrio funcional para que as limitações afetem minimamente a qualidade de vida dos indivíduos e do meio em que se inserem.
Exemplos: reabilitação física através do uso de próteses ou fisioterapia, apoio psicoemocional, terapia ocupacional, inserção no mercado de trabalho.
Atenção à Saúde
As ações propostas pela atenção à saúde devem buscar a integralidade, com foco no atendimento de todas as necessidades de saúde, englobando desde a prevenção até a reabilitação, sendo necessário para isso estender a atividade para setores extra saúde, através de atividades intersetoriais. Como dito, as ações preventivas ou terapêuticas podem ser destinadas tanto à assistência individual, por exemplo, vacina, restauração dentária, sutura e etc; como aos grupos populacionais, de caráter coletivo, ações essas exemplificadas por atividades de educação em saúde através de palestras, dinâmicas de grupo, debates, propagandas publicitárias, entre outras.
Exemplos de programas de atenção à saúde criada pelo Ministério da Saúde: 
Programa de Atenção Integral à Saúde do Adulto (Paisa)
Programa de Atenção à Saúde da Mulher (Paism)
Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança (Paisc)
Programa de Atenção à Saúde do Adolescente (Prosad)
Programa de Atenção à Saúde do Trabalhador (Past)
Programa de Assistência Integral à Saúde do Idoso (Paisi).
Promoção da Saúde na Modernidade
O modelo de níveis de prevenção de Leavell e Clark foi mantido durante décadas, porém, após a Conferência Internacional de Promoção à Saúde, em Ottawa, Canadá (1986), o entendimento de promoção da saúde sofreu algumas alterações, passando a relacionar as doenças às condições e modos de vida de uma população, deixando para trás um modelo preventivista tradicional.
Cinco
campos de ações principais para a promoção da saúde
· Implementação de políticas públicas saudáveis: priorização da saúde por parte dos políticos e dirigentes em todos os níveis e setores, buscando maior equidade e distribuição mais equitativa de renda e políticas sociais. A adoção das políticas públicas saudáveis deve ser estabelecida por qualquer setor da sociedade, mesmo naqueles que não estão diretamente ligados à saúde, devem demonstrar potencial para produzir saúde socialmente.
· Criação de ambientes saudáveis: a saúde, por ser socialmente produzida enquanto modo de vida, de trabalho e de lazer, está intimamente ligada à construção de uma sociedade saudável. Portanto, a promoção da saúde deve gerar condições de trabalho e de vida gratificantes, agradáveis, seguras e estimulantes. Além disso, a proteção do meio ambiente e a conservação dos recursos naturais devem fazer parte de qualquer estratégia de promoção da saúde.
· Reforço da ação comunitária: a elaboração de estratégias para alcançar um melhor nível de saúde deve contar com a participação social, tanto do Estado como da sociedade civil, os quais são responsáveis pelas ações de promoção à saúde. A comunidade deverá passar por um processo de empoderamento, onde terá acesso às informações e se tornará capaz de participar das decisões e da elaboração e desenvolvimento de estratégias
· Desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas: proporcionar o desenvolvimento pessoal e social através da divulgação de informação, educação à saúde por meio de programas de formação e atualização que capacitem os indivíduos à participação e criação de ambientes de apoio à promoção da saúde. Assim, a população terá maior controle sobre sua própria saúde e sobre o meio ambiente e terá opções que conduzam a estilos de vida saudáveis. As ações devem se realizar através de organizações educacionais, profissionais, comerciais e voluntárias, bem como pelas instituições governamentais.
· Reorientação de serviços de saúde: a responsabilidade pela promoção da saúde por parte dos serviços sanitários deve ser dividida entre os indivíduos, grupos comunitários, profissionais da saúde, instituições e serviços sanitários e governos. Os serviços de saúde devem ampliar seu acesso com equidade, porém respeitando as peculiaridades culturais, focando nas necessidades globais do indivíduo em sua integralidade, estimulando a comunidade a ter uma vida mais saudável, criando meios de comunicação entre o setor sanitário e os setores sociais, políticos e econômicos.
Determinantes Sociais de Saúde 
Os fatores sociais, econômicos, étnico-raciais, culturais, psicológicos e comportamentais que influenciem a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população constituem os Determinantes Sociais de Saúde.
São definidos pela OMS como as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham. Em decorrência disso, não se pode explicar da mesma forma as diferenças no estado de saúde dos indivíduos expostos a diferentes condições de vida e trabalho. Isso implica no fato de que as diferenças de saúde entre grupos humanos resultam de hábitos e comportamentos construídos socialmente – e não por fatores biológicos. Dito de outra forma são as desigualdades sociais as mais determinantes no processo saúde-doença, principalmente na produção das iniquidades em saúde, que é o principal foco de estudo em se tratando dos determinantes sociais em saúde.
· Aspectos físicos e materiais, onde as diferenças de renda influenciam a saúde devido à escassez de recursos e falta de infraestrutura comunitária. A alimentação, por exemplo, é um dos mais importantes determinantes sociais da saúde e seu acesso e qualidades sofrem influência direta dos fatores socioeconômicos, comportamentais e culturais.
· Aspectos psicossociais, que levam os indivíduos a perceberem de modo diferente as desigualdades sociais, baseados em suas experiências distintas.
· Integração de aspectos pessoais e grupais, sociais e biológicos de maneira dinâmica, onde se consideram as características individuais, relacionamento com o grupo, com o mundo e com a natureza.
· Relações e contatos que os indivíduos possuem condição chamada de “capital social”, analisando a saúde das populações em torno da coesão social, solidariedade e confiança entre as pessoas e grupos. O desgaste dessas relações é um mecanismo importante, pelo qual as iniquidades socioeconômicas impactam de maneira negativa na situação da saúde.
Indicadores de Saúde 
São medidas-síntese que contêm informação relevante sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde.
Os indicadores devem ser capazes de analisar a situação atual de saúde, possibilitar fazer comparações, avaliar tanto as mudanças ocorridas ao longo do tempo, como a execução das ações em saúde. Alguns exemplos de indicadores em saúde são aqueles que: 
· Traduzem diretamente a situação de saúde em um grupo populacional. 
Exemplo: mortalidade e morbidade; 
· Referem-se às condições ambientais que influenciam a área de saúde. 
Exemplo: abastecimento de água, rede de esgotos;
· Medem os recursos materiais e humanos relacionados às atividades de saúde. 
Exemplo: número de profissionais de saúde e de leitos hospitalares em relação à população.

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