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Unidade I ECONOMIA Prof. Mário Guerreiro Introdução à economia A ciência econômica tem como pressuposto estudar a escassez dos recursos, ou seja, que são limitados; todavia, as necessidades humanas são ilimitadas. Nesse sentido, a função da economia é alocar (distribuir) bem os recursos, otimizando-os, minimizando seus custos e maximizando sua rentabilidade. Nesse contexto da escassez há a necessidade de se fazer escolhas, ou seja, o que e quanto produzir, como produzir e para quem produzir. Continuação 1. Economia de mercado ou descentralizada estabelecida no modelo capitalista. 2. Economia centralizada ou planificada sedimentada no modelo socialista. A economia capitalista se apresenta com um viés mais dinâmico dentro da concepção do mercado, subdividindo-se em: a) Sistema de concorrência pura ou perfeita em que quase não há a intervenção do governo. b) Sistema de economia mista em que há maior participação do governo. Continuação No modelo de concorrência pura ou perfeita, o mercado proporciona o equilíbrio dos preços, o que é denominado de “laissez- faire”, isto é, sem a presença do Estado, ou seja, como explanou o célebre economista inglês Adam Smith, como se existisse uma “mão invisível” que levaria a economia ao equilíbrio. No âmbito da oferta/procura, podemos elucidar: a) Excesso de oferta (escassez de demanda): aqui haverá um excedente de estoques com a concorrência entre as empresas (concorrência intercapitalista), os preços tenderão a cair até atingir o equilíbrio. Continuação b) Excesso de demanda (escassez de oferta) Haverá filas de consumidores que irão competir entre si pelos produtos. Os preços tenderão a se elevar até atingir o equilíbrio. No âmbito das escolhas, caracterizamos: a) O que e quanto produzir: a decisão será no âmbito dos consumidores, ou seja, pelo cruzamento da oferta/procura. Continuação b) Como produzir: será decidido no âmbito das empresas, é uma questão de eficiência produtiva, de ter know-how. c) Para quem produzir: caracteriza-se por ser uma questão distributiva, isto é, haverá o benefício, o privilégio de se produzir determinado produto ao invés de outro. O sistema de concorrência pura ou perfeita se apresenta com imperfeições, pois a partir do instante em que a economia vai se tornando mais complexa, outras variáveis irão surgir, tornando o equilíbrio dos preços mais difícil. Continuação Vejamos as variáveis: a) A realidade econômica é analisada sob uma forma muito simplista, simplificada. b) Em uma economia de mercado, os preços nem sempre atingem o equilíbrio, pois: 1. Os sindicatos exercem pressão no valor dos salários que irá refletir nos preços. 2. Os monopólios e os oligopólios formam cartéis que irão pressionar para que não haja redução dos preços. 3. Intervenção do governo com subsídios, impostos, políticas cambial e salarial. Continuação 4. Preços mínimos. 5. Preços públicos (água, energia). 6. Nos países emergentes em processo de industrialização, o Estado irá intervir nos setores estratégicos como os de infraestrutura, isto é, aeroportos, portos, siderúrgicas, petroquímicas, hidrelétricas, indústrias petrolíferas, pois são setores que exigem altas inversões de capital e apresentam Taxa Interna de Retorno (TIR) de longo prazo inviabilizando investimentos do setor privado. Hoje, já há a PPP (Parceria Público Privada) no sentido de atenuar esse “gargalo”. Economia brasileira: fundamentos Ao final de cada bloco iremos efetuar uma abordagem sucinta sobre os períodos da economia brasileira a partir dos anos 1970 do século XX, pois é uma fase em que se estabelece uma relação mais dinâmica com o mercado internacional. 1979: é um momento em que a prioridade do governo será debelar o processo inflacionário e retomar o crescimento econômico. Entretanto, variáveis exógenas como o segundo choque internacional do petróleo e a elevação da taxa de juros internacionais na ordem de 22% ao ano retardam esse processo. Interatividade A economia como ciência “nasce” com a publicação em 1776 da célebre obra “A riqueza das nações” do economista inglês Adam Smith. A fundamentação analítica irá se impor, substituindo gradativamente colocações dogmáticas. Nesse contexto, a preocupação básica da economia será com a análise dos fatores de produção, ou seja, a economia é uma ciência ligada a problemas de escolha. Nesse sentido, aponte qual é problema fundamental com o qual a economia se preocupa. a) A pobreza. b) O controle dos bens produzidos. c) A escassez dos recursos. d) A taxação daqueles que recebem toda e qualquer espécie de renda. e) A estrutura de mercado de uma economia. Resposta c) A escassez dos recursos. Continuação Como expusemos anteriormente, com a evolução da economia, o grau de complexidade desta se elevou, surgindo outras variáveis, como monopólios, oligopólios, a especulação financeira, a dinamização do comércio internacional, a expansão dos sindicatos. Nesse contexto, esse modelo não mais conseguirá explicar as crises econômicas, principalmente a depressão de 29, “quebra” da Bolsa de Nova Iorque (EUA), em que 90% dos bancos faliram. A presença do Estado na economia no intuito de fazê-la retornar ao equilíbrio era necessária. Assim sendo, a sua atuação será através de: Continuação Complementação de investimentos da iniciativa privada em setores que exigem altas inversões de capital e taxa interna de retorno de longo prazo. Fornecimento de bens públicos, que não são vendidos pelo Estado como educação, saúde, segurança. Fornecimento de preços públicos como água, energia, saneamento básico. O governo é o maior tomador e emprestador de recursos, ou seja, na compra e na venda de serviços. Continuação Economia centralizada ou planificada. O maior representante desse modelo foi a antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), em que os meios de produção como máquinas, matérias-primas, terras, edifícios, sistema financeiro pertenciam ao Estado. Os meios de sobrevivência como vestuário, eletrodomésticos, veículos, pertenciam ao indivíduo. O que e quanto produzir, como produzir e para quem produzir em uma economia socialista é resolvido por um órgão central de planejamento; na economia capitalista é resolvido pelo mercado. Formação do pensamento econômico Mercantilismo: Essa escola de pensamento econômico caracteriza-se pelo acúmulo de metais preciosos, particularmente ouro e prata. Quanto maior esse acúmulo, mais forte seria a nação. Fisiocracia: Escola francesa de pensamento econômico (séc. XVIII). Segundo essa escola, a terra era a única fonte de riqueza de uma nação. Foi a primeira escola a dividir a economia em setores, mostrando que estes apresentavam uma inter-relação. Seu maior expoente foi François Quesnay. Os clássicos (século XVIII) 1. Adam Smith: Economista inglês, precursor da economia como ciência através da célebre obra “A riqueza das nações”, publicada em 1776. Segundo Smith, os preços se equilibrariam através do mercado, isto é, como se existisse uma “mão invisível”. Era um adepto do liberalismo econômico, ausência do Estado em assuntos econômicos. Criou a teoria do valor-trabalho, ou seja, a riqueza das nações era proveniente do trabalho humano. A divisão do trabalho levaria à especialização, na maior produtividade e qualidade. Os clássicos 2. David Ricardo: Teve Smith como seu inspirador intelectual, apresentando as mesmas conclusões de Smith no tocante à teoria do valor-trabalho. Ricardo desenvolveu a teoria das vantagens comparativas em que cada país deveria produzir determinado produtoa partir do momento em que seus custos de produção eram menores em relação a outro país, isto é, cada país deveria se especializar em determinado setor da economia. Os clássicos 3. Thomas Malthus: Economista inglês, foi o primeiro a se preocupar com o aspecto populacional em seus estudos econômicos. Segundo Malthus, a população crescia em Progressão Geométrica (PG) e os alimentos cresciam em Progressão Aritmética (PA). Depois de um determinado período haveria um desencontro entre as necessidades da população e a produção de alimentos. Nesse contexto, pregava o controle da natalidade. Economia brasileira: fundamentos 1980: a opção pelo crescimento econômico ainda está presente e a pauta governamental tem como enfoque um choque heterodoxo, ou seja, o governo irá pré-fixar o câmbio e a correção monetária; com isso, o governo “adivinha”, respectivamente, a inflação externa e interna. Com essa política, a especulação passa do setor financeiro para a especulação de ativos reais (estoques) e isso é de fundamental importância para o crescimento econômico. O Brasil crescerá neste ano de 1980. Interatividade Analisando os fundamentos de uma economia de mercado, podemos verificar os papéis dos consumidores e das empresas, cada qual tendo a sua importância no cenário econômico. Na concepção dos fundamentos econômicos de uma economia de mercado, aponte a alternativa falsa: a) O que produzir e quanto é definido pelos consumidores pelo cruzamento da oferta e da demanda. b) Como produzir será resolvido no âmbito dos consumidores. c) Para quem produzir é uma questão distributiva, alguns setores serão beneficiados com a atividade produtiva. d) Como produzir será definido no âmbito das empresas. e) Como produzir é uma questão de eficiência produtiva. Resposta b) Como produzir será resolvido no âmbito dos consumidores. Os neoclássicos (século XIX) Alfred Marshall: Economista inglês que vivenciou um período em que a firma capitalista estava consolidada. A preocupação tem como “pano de fundo” o consumidor, isto é, a sua satisfação, assim como a maximização do lucro. Os custos de produção, a maximização da rentabilidade e análises numéricas fazem-se presentes nesta fase e o foco de análise é a microeconomia. John Maynard Keynes (século XX) Podemos caracterizar a era keynesiana a partir da publicação, em 1936, da célebre obra “Teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, escrita por John Keynes. Keynes rompeu um paradigma do modelo clássico, ou seja, o equilíbrio dos preços é realizado pelo mercado. A partir da depressão de 29 (crash) da Bolsa de Valores de Nova Iorque, o modelo clássico não conseguia mais responder conceitualmente essa crise. Keynes propôs que o Estado interfira na economia a fim de trazê-la novamente ao equilíbrio. Criou-se então o princípio da demanda efetiva que se fundamenta em: Continuação Segundo John Keynes, “O volume de emprego em uma economia é explicado pela produção nacional de um país, e esse é determinado pela demanda agregada ou efetiva”, ou seja, rompe-se a doutrina do economista clássico francês Jean Baptiste Say, isto é, toda oferta cria a sua própria procura. O mais importante é que a oferta agregada é a demanda agregada. A escola keynesiana “abriu as portas” para o surgimento de outras escolas de pensamento econômico como a monetarista e a fiscalista. Continuação Escola Monetarista: O seu maior expoente é o economista norte- americano Milton Fridman, da Universidade de Chicago, e prêmio Nobel de economia. O seu foco de análise é um forte controle da oferta de moeda e uma baixa intervenção do Estado na economia. Escola Fiscalista: Os maiores expoentes são os economistas norte-americanos James Tobin e Paul Samuelson das Universidades de Yale e Harvard, respectivamente. O foco é um rígido controle fiscal e uma relativa intervenção do Estado na economia. Os críticos Acreditam que a análise econômica, efetuada sem contemplar aspectos históricos e sociais, “mascara” o lado verídico da economia. Os marxistas são os maiores expoentes fundamentados no pensador mais relevante: o economista e filósofo alemão Karl Marx que, em conjunto com o inglês Engels, desenvolveu o socialismo científico que tem como premissa a divisão das classes sociais em burgueses e proletários. Nasce a mais-valia que é a diferença do valor das mercadorias produzidas em um determinado período de tempo e o valor da força de trabalho vendida aos capitalistas. Estruturas de mercado Monopólio: caracteriza-se por existir apenas uma empresa controlando determinado mercado. Exemplo: Petrobrás. Oligopólio: caracteriza-se por haver um pequeno número de empresas controlando determinado mercado. Exemplo: os setores de bancos, hipermercados, automobilístico. CADE: Conselho Administrativo de Direito Econômico foi criado para combater a formação de cartéis, todavia, seu maior desafio foi a partir da globalização quando houve um forte processo de fusões e aquisições. Ex.: AMBEV Economia brasileira: fundamentos 1981: antes de o Brasil adentrar no programa do FMI, ele praticou uma política recessiva visando a obter superávits a fim de amortizar o serviço da dívida, isto é, o efeito do choque internacional dos juros. A prioridade é uma política recessiva com elevação dos juros internos e restrições ao crédito. Os aumentos salariais são abaixo da inflação, coibindo uma elevação da demanda interna. A política aqui adotada é do tipo ortodoxa clássica monetarista. Interatividade No mercado brasileiro, quem tem a competência legal de zelar pela manutenção da livre concorrência é: a) CADE. b) SDE. c) SEAE. d) Ministério da Fazenda. e) Ministério da Economia. Resposta a) CADE. Macroeconomia Política cambial Câmbio: conceito É o preço de um ativo financeiro, o preço de uma forma de riqueza. É uma troca, uma intermediação de unidades monetárias entre países. Basicamente, o câmbio subdivide-se em três níveis: câmbio fixo, flutuante e semifixo ou bandas cambiais. Câmbio fixo: modelo de política cambial em que o preço de equilíbrio é fornecido pelo governo, o que geralmente acarreta distorções entre o valor real da moeda estipulado pelo mercado e o valor arbitrado pelo governo. Continuação Esse modelo torna a moeda sobrevalorizada, fazendo com que o país fique suscetível a ataques especulativos. Outro fator é a tendência do país em apresentar déficit na balança comercial, devido as importações suplantarem as exportações. Câmbio flutuante: modelo de política cambial em que o preço de equilíbrio é fornecido pelo mercado através da oferta/demanda por moeda estrangeira. Modelo que é adotado pela maioria dos países. Continuação Câmbio semifixo ou bandas cambiais: Consiste em um modelo híbrido dos modelos de câmbio fixo e flutuante, havendo a influência tanto do mercado como do governo; todavia, há um maior peso por parte do governo. O governo provoca minidesvalorizações cambiais diárias no intuito de beneficiar os exportadores. O governo deixa a moeda “oscilar” em um patamar preestabelecido com o objetivo de valorizá-la ou desvalorizá-la. Particularmente, o Brasil adotou esse modelo em 1997 quando houve a crise da Bolsa de Valores de Hong Kong. Plano de estabilização econômica (Plano Real - 1994) O Brasil apresentava altas taxas inflacionárias, ou seja, um processo de hiperinflação. Havia a necessidade de se construir um novo programa de estabilização que não cometesse os mesmos erros dos planos anteriores (Planos Cruzado I e II, Bresser, Verão, Collor I e II). Nesse sentido, no Plano Real estabeleceu- se o câmbio fixo, a elevaçãodos juros e a extinção da correção monetária, que é um fator de indexação da economia, isto é, corrige a perda inflacionária, é um fator que mantém a inflação. A âncora do plano foi o câmbio. Continuação O Plano Real veio corrigir um grande “gargalo” de nossa economia que era uma inflação sem controle. Ao estabelecer o modelo de câmbio fixo, o país sofreu fortes pressões dos especuladores internacionais quando houve as crises do México, em 1995; da Bolsa de Hong Kong, em 1997, e da crise russa de 1998 que até certo ponto mediram força com o nosso plano de estabilização. O processo de privatizações em 1994, 1995, 1996 e 1997 com a entrada de dólares atenuou a crise, mas não resolveu o problema principal que era o modelo de câmbio fixo. Continuação 1998: o retorno ao FMI – US$41,5 bilhões. 1999: a maxidesvalorização do real. Economia brasileira: fundamentos 1982: foi um ano conturbado do ponto de vista internacional. Houve a moratória mexicana e uma crise no mercado de eurodólares (Europa). Esse quadro dificultou o refinanciamento da dívida externa, ou seja, a troca, swap de “títulos velhos” para “títulos novos”. Essa dificuldade de swap eleva as taxas de juros, os spreads. Interatividade Os modelos de câmbio fixo e flutuante se apresentam com uma gama de peculiaridades perante o mercado, tendo cada qual o seu peso, intervindo e interagindo na economia através de uma série de ações que visam a equilibrá-la. Visualizando a segunda metade dos anos 1990, observamos que se fez necessário o Brasil retomar o modelo de política cambial em que o preço ou o ponto de equilíbrio se realiza através da oferta / procura por moeda estrangeira, efeito que tem como reflexo as crises internacionais (Hong Kong / Rússia). Dentro desse contexto, aponte por que esse modelo foi retomado. a) Ausência de capitais externos adentrando na economia brasileira. b) Inconsistência do modelo de câmbio fixo. c) Alta credibilidade externa perante a comunidade financeira internacional. d) Superávit na balança de serviços. e) Superávit da balança comercial. Resposta b) Inconsistência do modelo de câmbio fixo. ATÉ A PRÓXIMA!
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