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12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=xp… 1/28 ECONOMIA POLÍTICA CAPÍTULO 1 - COMO SE FORMOU O PENSAMENTO ECONÔMICO? André Abdala INICIAR Introdução Você já ouviu falar dos pensadores econômicos? Provavelmente já deve ter escutado que Adam Smith é o “pai” da economia ou do liberalismo econômico, não é? Mas não é bem assim. Apesar de suas importantes contribuições, Smith sofreu influência de outros pensadores favoráveis às liberdades comerciais. Além disso, somente depois dele, durante a revolução marginalista, surgiu uma preocupação em quantificar a economia para melhor alocar os recursos produtivos. Aliás, você sabia que o comunismo e o socialismo são conceitos distintos? O segundo conceito não prescinde o primeiro. Neste primeiro capítulo, veremos a distinção quanto aos dois termos, assim como a explicação do pensamento de Smith, seus antecedentes e sucessores. Mas e quanto a interligação entre o mercado, a política e a sociedade na dinâmica dos sistemas econômicos? Foi a partir disso que se solidificou as nações hegemônicas ao longo da história, bem como o atraso industrial brasileiro. Para compreender essas e outras informações, a partir de agora, veremos sobre a interação entre o mercado, a política e a sociedade, assim como a formação das nações hegemônicas ao longo da história. Na sequência, também estudaremos as relações entre os regimes políticos e o mercado e as políticas econômicas; 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=xp… 2/28 aprenderemos sobre os pensadores que influenciaram na formação do pensamento econômico, como Smith; e veremos as diferenças entre socialismo, capitalismo e fundamentos da teoria econômica. Vamos aos estudos! 1.1 Sociedade, estudo da política e da política econômica Você sabia que há uma relação dinâmica entre Estado, mercado e sociedade? E que é sob essa relação dinâmica que a economia se molda, sendo que um é interconectado ao outro? A partir disso, vamos procurar entender a abordagem da escola de Sistemas-Mundo, que, como fator principal, encontra-se uma relação totalizante na análise da economia e, assim, da política econômica ocorrida no mundo. Além disso, vale ressaltar que os atores da política, da economia ou do mercado e da sociedade estão em constante ligação, cujas ações ensejam encadeamentos entre os fatos. Com base nessa análise, você compreenderá melhor o desenvolvimento da história mundial até os dias atuais, em que o capitalismo, sob a ótica do livre-mercado, prepondera sobre outros caminhos. Vamos em frente?! 1.1.1 Economia Política dos Sistemas-Mundo (EPSM) A EPSM surgiu na década de 1970, sob a influência de Immanuel Wallerstein e Giovanni Arrighi, entre outros pensadores menos conhecidos. Essa escola de pensamento possui uma visão holística da análise de mundo, por isso, não divide Estado, mercado e sociedade, mas os conjuga para efeitos de interdependência na dinâmica de um elemento em relação ao outro. Consequentemente, os sistemas são totalidades integradas. Dessa forma, cada unidade (Estado, mercado e sociedade) está interconectada a outra (ROEPER, 2007). 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=xp… 3/28 Com base em Wallerstein (2002 apud ROEPER, 2007), no mundo capitalista — em que a propriedade privada e a geração de excedentes produtivos imperam —, temos os sistemas históricos, nos quais há uma determinada divisão internacional do trabalho em cada época. Nessa divisão, as nações (ou Estados) dominantes fabricam mais produtos industrializados, enquanto que as nações periféricas pendem para os produtos primários, a exemplo de minérios e agrícolas; e outros de Figura 1 - O Sistemas-Mundo é uma dinâmica dos movimentos históricos, sendo que eles estão interligados as variáveis do meio social. Fonte: cidepix, Shutterstock, 2018. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=xp… 4/28 baixo valor, como bebidas e calçados. Com essa relação, há uma grande cadeia mercantil internacional hierarquizada, cujas produções estão interconectadas, sendo que em cada época temos novos produtos. Agora, a partir da EPSM, vamos entender os períodos hegemônicos na história mundial. Acompanhe! 1.1.2 Estado e poder econômico A história mundial demonstra que o vigor da influência da estrutura econômica nacional sobre outras regiões no mundo não dispensa de um complexo bancário/financeiro desenvolvido. Sendo assim, a influência ultramarina holandesa, no século XVI, sobrepôs o poder das Cidades-Estados italianas, como Gênova e Veneza, dada a sua estrutura financeira mais aprimorada em relação as demais regiões (ARRIGUI, 1996). VOCÊ SABIA? Cidades-Estados eram cidades providas de governos autônomos e independentes, ou seja, não havia uma unidade federativa, como temos os Estados (Bahia, Pará etc.) no Brasil ou as províncias na Argentina. Assim, Gênova, Veneza e outras Cidades-Estados italianas viriam, mais tarde, a se juntar (ARRIGUI, 1996). Na história mundial, a Inglaterra supera a Holanda, uma vez que a nação controladora de crédito tem maiores chances de desenvolver a sua economia, além de exercer determinada intervenção sobre outras economias nacionais. Assim, entre meados do século XVIII e fim do século XIX, quando a Inglaterra passa a ser a nação hegemônica no mundo, a doutrina do livre-comércio entra em voga na compreensão de que as nações se enriqueceriam sob a ótica de vantagens comparativas, na qual cada país se preocupa em produzir aquilo que é mais competitivo em relação aos outros países, justamente para ser transacionado no comércio internacional (ARRIGUI, 1996). 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=xp… 5/28 Apesar do poder industrial britânico, a hegemonia inglesa entra em declínio a partir do século XIX, posto que a Alemanha e os Estados Unidos assumem a dianteira da economia internacional. A Inglaterra, durante seu período hegemônico, acumula capital por meio da colonização, enquanto que os Estados Unidos realizam um territorialismo interno ao ampliar suas fronteiras (ARRIGUI, 1996). Já a Alemanha encontra dificuldades para expandir seu território, principalmente após a perda da posição hegemônica inglesa, embora participe das negociações da partilha da África. Contudo, a busca alemã por um territorialismo para a acumulação de capital — aliada as pressões internas por maiores condições socioeconômicas — enseja sua entrada nas duas guerras mundiais, sendo que, na segunda, assume uma posição de maior protagonismo. Figura 2 - O poder inglês é considerado uma estrutura hegemônica, em que a doutrina do livre- comércio é imposta aos povos. Fonte: Sergey Mikhaylov, Shutterstock, 2018. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=xp… 6/28 Porém, com a derrota germânica e a Europa destruída após 1945, os Estados Unidos assume de vez uma posição de liderança, já no início do primeiro decênio do século XX (ARRIGUI, 1996). Entre 1917 e 1989, em especial após 1945, os Estados Unidos e a União Soviética se rivalizam para impor suas respectivas doutrinas liberal e comunista nos demais países (WALLERSTEIN, 2002). A doutrina liberal está assentada na defesa do livre- comércio e das iniciativas privadas, enquanto que a doutrina comunista defende a predominância da intervenção estatal e o controle sobre a propriedade privada, de modo a ser tratada como economia planificada. A maior influência que os Estados Unidos exercem no mundo ocidental permite difundirmelhor os valores do liberalismo em relação ao receituário da economia planificada, tanto nas Américas quanto em outras partes do mundo (WALLERSTEIN, 2002). Assim, também se difunde um modo de vida livre, em que as pessoas podem investir a sua riqueza material como lhe apetecem. Dessa maneira, o mercado financeiro passa a permitir o acesso do grande público. Em razão do bom momento econômico, muitos cidadãos adquirem, inclusive por meio de empréstimos, ações na bolsa de valores. No entanto, em 1929, com a superprodução do café e de produtos industrializados nos Estados Unidos, cujas empresas realizam emissão acionária na bolsa, há uma queda generalizada nos preços das ações — em consequência da crise de confiança dos agentes econômicos —, e, com isso, nos preços de mercado em geral (ARRIGUI, 1996). Por outro lado, a União Soviética pouco sofre com a Crise de 1929, já que possui uma economia planificada e intervencionista, ou seja, oposta à doutrina de livre- comércio. Entretanto, a intensa fragmentação étnica dentro do círculo soviético ocasiona sobreposição de uma etnia à outra, além das intensas intervenções de Krelim (central militar e política russa) sobre outras regiões soviéticas, o que causa uma quebra de identidade, e, assim, a dissolução da União Soviética em 1991 (ARRIGUI, 1996). Lenin foi uma proeminente liderança russa para a queda do governo imperial e fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (União Soviética) em 1922, perante à dominância da Rússia sob alguns territórios ou nações, em oposição ao modo de produção capitalista no ocidente (WALLERSTEIN, 2002). VOCÊ O CONHECE? 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=xp… 7/28 Com a dissolução da União Soviética, as novas nações, antes soviéticas, inclusive a Rússia, inserem-se no modelo de mercado capitalista aos moldes dos preceitos estadunidenses, apesar das relativas intervenções estatais, como ocorre em qualquer economia. Em especial, após 1945, os Estados Unidos expandem sua influência por intermédio da doutrina do livre-comércio, mas de forma diferente dos moldes ingleses, posto que o livre-comércio estadunidense compreende tratativas bilaterais e multilaterais (ARRIGUI, 1996). Além disso, essa influência se amplifica com a constituição de organismos financeiros internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o Eximbank; bem como por meio de investimento estrangeiro direto e instituições bancárias estadunidenses em países europeus para a reconstrução europeia no pós-Segunda Guerra Mundial. A partir de 1970, entra em voga a doutrina neoliberal, em que se defende não somente o liberalismo comercial inglês, mas também a livre mobilidade de capitais (livre movimentação ou fluxo financeiro entre países), além da adoção de um modelo de privatização, em que posteriormente as ações são ofertadas nas bolsas de valores (ARRIGUI, 1996). Esses valores se intensificam sob às diretrizes de liberalização dos mercados e privatizações, sendo que muitas economias, sob a influência russa, são cooptadas pelo novo modelo. Como resultado, as economias nacionais e as grandes empresas se tornam cada vez mais interligadas, já que os acontecimentos em um país influem nos outros, muitas vezes, de forma direta. O sistêmico apresenta, por exemplo, a crise econômica de 2008, mais conhecida como Crise do Subprime, quando o valor de certos títulos financeiros perde seu posto, e, com isso, desvalorizam outros títulos atrelados a eles. Isso gera riscos de falências no sistema bancário estadunidense, visto que se principia na esfera financeira da nação hegemônica vigente (Estados Unidos) e que apresenta efeitos mais duradouros do que as crises financeiras internacionais ocorridas na década de 1990. Uma delas, de acordo com Chesnais (1996), é a crise mexicana de 1994. Sendo assim, as crises mundiais têm como característica o caos sistêmico com o início da esfera financeira da nação hegemônica, e, igualmente, procedem de uma política internacional sob o manto de uma doutrina liberal. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=xp… 8/28 Uma vez visto os períodos hegemônicos, vamos, agora, analisar os aspectos que fundamentam o Estado. 1.2 Economista como articulador de política econômica Outro fato de bastante importância é a relação entre a economia, o direito e a política, tendo em vista que as normatizações ou regulações jurídicas definem ou cerceiam o comportamento do indivíduo. Assim, quanto maior o grau de liberdade, sem privar as pessoas de segurança, espera-se, também, maior liberdade de atuação econômica. No entanto, nesse caso, a atuação governamental se faz necessária, já que o governo tem como função controlar a economia, seja regulando-a, seja alocando os recursos públicos ou mantendo-a estável. É por meio de políticas econômicas que ações como essas são tomadas. Dessa forma, com a atuação do governo, espera-se que políticas voltadas para a produção, como as industriais praticadas no Brasil e nos Estados Unidos, gerem progresso. Vamos entender melhor sobre o assunto com os itens a seguir. 1.2.1 Economia, direito e política A formação estatal, ou os Estados, são unidades políticas e territoriais em que cada indivíduo cede parte da sua liberdade em troca de proteção. Essa cessão parcial significa que o cidadão (indivíduo provido de direito civis) renuncia uma porção de sua liberdade, uma vez que está sujeito a normas e leis, as quais implicam em punições caso eles as transgridam. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=xp… 9/28 No entanto, em troca, o cidadão adquire proteção estatal. Assim, ao formar sua família e realizar seu trabalho, ele não fica à mercê de outros que queiram praticar violência ou tomar seu patrimônio à força. Os Estados podem ser regidos por governos autoritários ou democráticos. No caso dos governos autoritários, as ditaduras são aplicadas, quando, por exemplo, os reinados impunham a palavra do rei ou da rainha como a única palavra inquestionável. Figura 3 - O direito, as normas e as regulamentações jurídicas são instituições que moldam o Estado e a sociedade. Fonte: Broker, Dreamstime, 2018. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 10/28 Já os respeitos às liberdades civis ganharam amplitude com a discussão da democracia hodierna. Entre as pautas dos regimes democráticos, temos o pluralismo partidário e o respeito à diversidade religiosa e étnica. Inclusive, pelo seu sentido de liberdade civil ou individual, a democracia é associada à diferentes liberdades econômicas, tendo em vista que o empresariado fica reticente a uma economia cujo governo interfere na atividade econômica quando bem entende, dificultando sua dinâmica. Na sequência, estudaremos um pouco mais sobre o Estado e sua relação com o mercado. Acompanhe! 1.2.2 Estado e mercado Quando o governo toma medidas econômicas para reduzir o nível de desemprego ou, até mesmo, elevar o crescimento econômico, ele se baseia em suas políticas econômicas. Elas, por sua vez, podem ser de cunho fiscal, monetário, cambial, comercial e de rendas. Na política fiscal, o governo trabalha com os gastos públicos e com os tributos. Dessa forma, a ação estatal pode estimular o crescimento econômico e, com isso, elevar o nível de emprego ao majorar o nível de gasto público e/ou reduzir o peso dos tributos na sociedade. Mas por que o crescimento econômico gera emprego? Analisaremos o caso a seguir para melhor compreensão. CASO Quando o governo eleva os dispêndios públicos, como investimento em infraestrutura (portos, rodovias etc.), ele realiza um procedimento licitatório,que é conhecida como uma seleção pública para contratar a empresa que realizará a obra. A empresa vencedora da licitação, por sua vez, contrata trabalhadores, os quais receberão seus salários. Com os salários recebidos, as pessoas consomem calçados, alimentos e se divertem. Enquanto isso, outras empresas que ofertam produtos (como calçados e alimentos) e serviços (como diversão e internet) também obtêm lucros e pagam salários para seus funcionários. Um efeito semelhante ocorre quando o governo alivia o peso dos tributos, uma vez que a tributação eleva os preços dos bens e serviços e, por consequência, reduz o consumo e, também, os investimentos. Dessa maneira, a política fiscal pode elevar o crescimento da economia e, assim, gerar emprego. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 11/28 Também podemos analisar que a política monetária eleva a renda e o emprego pela redução da taxa de juros, a qual encarece o crédito, os financiamentos e os empréstimos. Isso ocorre porque, quanto menos custoso for o crédito, mais consumo e investimentos acontecem. Já por meio da política comercial e cambial, o governo controla a entrada de produtos importados. Estes, por sua vez, em grande parte, são concorrentes do produto interno ou doméstico. Por meio dessa política, o governo também fomenta a venda de produtos domésticos para outros países (MATIAS-FERREIRA; FERREIRA, 2015). VOCÊ SABIA? Que o governo avalia o crescimento econômico por meio do Produto Interno Bruto (PIB)? O PIB, também podendo ser chamado de produto ou renda, representa o somatório de todos os bens e serviços produzidos em um país ou região. Quanto o produto aumenta, há crescimento, mas, no sentido inverso, chama-se recessão. Para entender melhor sobre o assunto, você pode acessar o link: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto- interno-bruto-pib (http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e- medido-o-produto-interno-bruto-pib)>. Quanto as políticas de rendas, a ação governamental busca reduzir as desigualdades de renda, como as transferências diretas que o governo faz às famílias carentes, a exemplo do Bolsa Família que é praticado no Brasil e outros programas assemelhados realizados nos Estados Unidos e na Europa. Além disso, temos, também, as políticas de preços mínimos, em que o governo garante um preço mínimo aos produtores de certos alimentos — como arroz e feijão — ao comprar seus produtos e estocá-los em um silo público ou arrendado. Visto os meios de ação governamental, vamos estudar, a seguir, como o governo atuou no desenvolvimento da indústria brasileira. 1.2.3 Aspectos ensejadores para o desenvolvimento da indústria estadunidense e brasileira http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 12/28 A economia brasileira começa a desenvolver a sua produção a partir do século XVIII, sob a influência da produção do café — cuja produção foi iniciada em São Paulo e se expandiu para o Rio de Janeiro e Minas Gerais —, que era o núcleo do ciclo da renda em toda a economia nacional. A partir do Governo Vargas (1930-1945), inicia-se uma preocupação maior em fomentar a indústria. Contudo, o capital industrial brasileiro só passa a obter maior dinâmica a partir do Governo de Kubitschek (1956-1961), quando o capital estrangeiro ganha maior peso na economia (ABREU, 2014). Enquanto que a indústria brasileira careceu de maior suporte governamental, a exemplos de investimentos em infraestrutura, a produção estadunidense logrou de sorte maior. Durante a formação econômica brasileira, o processo de plena ocupação e integração do espaço nacional ficou por conta da rede unificada de transporte — atualmente predominada pelo sistema rodoviário, que é o mais caro do ponto de vista social — como forma de garantir a integridade do território (GALVÃO, 1996). Ao depender amplamente do sistema rodoviário, o isolamento produtivo entre regiões, por outros modais, encarece e torna menos flexível a produção do país. Isso impede o desenvolvimento econômico, uma vez que o desenvolvimento do sistema de transporte constitui um fator importante para o alargamento da estrutura produtiva nacional. Como consequência, a ferrovia, que é positiva ao progresso da indústria, passou a ser vista como um modal de enorme impacto desenvolvimentista em muitos países, como nos Estados Unidos (GALVÃO, 1996). Em trajetos de longa distância, os modais ferroviários e de cabotagem são menos custosos e permitem uma produção mais eficiente, flexível e, consequentemente, mais competitiva no mercado internacional. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 13/28 No decorrer da história econômica brasileira, o desenvolvimento ferroviário sofreu muitos obstáculos, como o temor dos grandes proprietários de terras na perda de poder local (VELHO, 1976 apud GALVÃO, 1996), ou, até mesmo, com as críticas em diferentes segmentos na sociedade referentes aos altos gastos públicos com a sua manutenção e implementação. Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos, o setor ferroviário gozou de apoio político (GALVÃO, 1996). Galvão (1996) cita alguns pontos desfavoráveis ao desenvolvimento das ferrovias e hidrovias, como determinadas características naturais do território brasileiro e orientação histórica do crescimento econômico do país para a exportação de alguns produtos primários, a exemplo do café e da soja. No primeiro ponto, quanto as características do território brasileiro, algumas condições que dificultam a construção de ferrovias no Brasil são a topografia ondulada, o clima tropical com alta pluviosidade, a densa floresta atlântica e a localização geográfica dos principais rios. Todavia, vale lembrar que, em condições semelhantes, a economia estadunidense desenvolveu esses modais. Figura 4 - A cabotagem é considerada uma opção de navegação de longa distância, trazendo eficiência no transporte de mercadorias. Fonte: Shutterstock, 2018. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 14/28 Já no que diz respeito a orientação história do país, a cultura exportadora de poucos produtos primários limitou a dinâmica econômica e, consequentemente, o mercado interno, o que também restringiu as ferrovias e as hidrovias a algumas regiões do Brasil (GALVÃO, 1996). Países que desenvolveram o transporte não rodoviário, por exemplo, sempre foram o suporte econômico do mercado interno, o que ocasionou esse progresso econômico. Ou seja, a densidade do mercado interno dita o desenvolvimento das ferrovias e hidrovias. De modo oposto à economia estadunidense, a excessiva concentração da produção em poucas regiões (eixo Rio/São Paulo/Minas Gerais), como a produção do café e outros agrícolas para a exportação (produtos então dominantes na exportação brasileira), ensejou na economia brasileira um baixo nível de renda, assim como a concentração de renda e da riqueza nacional em poucas regiões, limitando o tamanho do mercado interno (GALVÃO, 1996). Agora que vimos os entraves do desenvolvimento industrial brasileiro, vamos estudar algumas escolas essenciais do pensamento econômico. 1.3 Escola clássica e neoclássica da economia A evolução do pensamento econômico apresenta alguns períodos bastantes notáveis, como as ideias do livre-comércio. Essa ideia se coloca em oposição à intervenção estatal na economia, como ocorrera no mercantilismo; ou à intelectualidade de Karl Marx, que sobreviveu em um período de pauperismo crônico na classe trabalhadora. Se pensado com cuidado, ela também seopõe à compreensão de que a satisfação dos indivíduos, em relação à certa mercadoria, pode gerar um valor, o qual difere da quantidade de trabalho empregada na produção. Contudo, Keynes traz um novo olhar para a economia ao observá-la sob a natureza de que o sistema apresenta desequilíbrios e que o investimento determina a produção. Na sequência, vamos estudar melhor sobre o assunto! 1.3.1 O pensamento clássico 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 15/28 Anteriormente às ideias do fisiocrata escocês Adam Smith (1723-1790), mais especificamente entre os séculos XV e XVIII, o mercantilismo predominava como política de Estado. Essas políticas eram tratadas sob a noção de intervenção estatal nas relações econômicas, e sob a compreensão de que a acumulação de riquezas se mensurava pela acumulação de metais preciosos (ouro e prata), em vez da geração da produção. Mas isso só vem a ser compreendido plenamente durante a hegemonia britânica ou inglesa, em meados do século XVIII (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013). Já entre os séculos XVII e XVIII, difundiu-se com mais intensidade as ideias de que as restrições ao comércio e à produção, assim como a proteção ou favoritismo à determinadas firmas, são prejudiciais aos interesses da nação. Entre os pensadores que influenciaram esses preceitos e o pensamento liberal clássico, o qual já vamos ver com mais detalhes, temos Gerard de Malynes (1586-1641), William Petty (1623- 1687) e Dudley North (1641-1691) (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013). Dudley North, por exemplo, entendia que os homens são motivados por interesses individuais, e que, diante da liberalidade de atuação econômica, a soma dos interesses individuais será benéfica para a sociedade (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013). De acordo com Hunt e Lautzenheiser (2013), Mendeville, em 1714, ao contrapor o código moral dominante, afirma que comportamento egoísta dos homens permitirá o progresso econômico. Nessa luta por sistema econômico livre, surgem os fisiocratas, pensadores defensores de um sistema tributário menos desordenado, ineficiente e opressivo. Tendo como base a França, temos François Quesnay (1694-1774), que defendia a remoção de tarifas, subsídios (auxílio financeiro às firmas), regulamentações nocivas à produção e ao comércio na economia francesa. Ele acreditava que a sociedade deveria ser moldada pelas leis naturais, sem a interferência estatal. Uma vez que compreendiam que a riqueza de uma nação provinha da terra, os fisiocratas defenderam a substituição da pequena produção agrícola pela produção do campo em larga escala (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013). Adam Smith, durante a sua vida acadêmica, teve contato com diversos intelectuais fisiocratas franceses, como Anne Robert Jacques Turgot (1727-1781) e o próprio Quesnay. Entretanto, as ideias de Smith se distinguiu das dos demais por ele ter sido 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 16/28 o primeiro a elaborar um modelo completo e relativamente coerente do sistema capitalista, ao tratar de sua natureza, estrutura e funcionamento (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013). Hunt e Lautzenheiser (2013) também mencionam que Smith, em 1776, aborda sobre os benefícios do livre comércio para a sociedade e os aspectos da divisão social do trabalho, a qual permite que cada trabalhador se especialize em uma função de Figura 5 - Adam Smith foi defensor do livre-comércio, política da nação hegemônica nos séculos XVIII e XIX na Inglaterra. Fonte: Shutterstock, 2018. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 17/28 produção, elevando a produtividade. Contudo, quando o filósofo fez suas análises, a economia inglesa já estava bastante desenvolvida, com um modo de produção capitalista consolidado. A ótica de Smith, assim como a dos demais intelectuais do pensamento clássico — inclusive David Ricardo e Karl Marx —, compreende que o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho produzida. Essa teoria do valor ficou conhecida como valor-trabalho (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013). Ainda de acordo com Smith, o trabalho produtivo era aquele que gerasse a acumulação de capital, ou seja, quando a renda obtida na produção supera os custos de produção (salários, aluguel, insumo etc.) (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013). Portanto, os trabalhos realizados pelas faxineiras ou copeiros, por exemplo, seriam classificados como trabalhos improdutivos, pois não geram renda, apesar de tais profissionais obterem salários. David Ricardo (1772-1823) foi outro importante pensador clássico inglês, porém não fisiocrata, que viria a influenciar, em grande parcela, a compreensão do pensador alemão Karl Marx (1818-1883) sobre o sistema capitalista. Ainda que ambos assumissem direções opostas — enquanto o primeiro defendia o capitalismo, o segundo buscava introduzir ideias de como rompê-lo —, cooperaram com o pensamento um do outro. De acordo com Vasconcellos (2011), a abordagem de Ricardo compreende que a introdução das máquinas e o progresso tecnológico, a despeito de elevarem a produção, aumentaram o nível de desemprego, uma vez que a produção de uma máquina corresponde à produção de diversos trabalhadores. Por consequência, em virtude de a máquina ser mais produtiva do que o Homem, ela substitui a mão de obra. Marx, por sua vez, demonstra a mesma compreensão, mas como forma de difundir a ideia da exploração do capitalista sobre o proletariado. Vale ressaltar que Marx viveu um momento histórico, quando o trabalhador não tinha quaisquer direitos, atuando sob uma jornada de trabalho que chegava, em muitos casos, a 16 horas diárias, sem dias de folga ou férias (VASCONCELLOS, 2011). 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 18/28 O pensador alemão denominou de mais-valia o excedente ou a diferença entre o valor que o trabalhador produz e o que, de fato, recebe do empregador. Isso era explicado pelos salários miseráveis. Dessa forma, a mais-valia era a ensejadora de lucro. Por consequência, sem a mais-valia, não havia produção capitalista, tendo em vista que esse sistema sobrevive graças à acumulação de capital, ou seja, à geração de excedentes produtivos. Figura 6 - Karl Marx foi defensor do comunismo, em que não haviam mais proprietários e despossuídos, diferentemente do socialismo. Fonte: Elena Blokhina, Shutterstock, 2018. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 19/28 Com isso, Marx tutelou a ideia do comunismo, justamente por considerar que a propriedade privada era a razão da exploração e, por efeito, o capital deveria ser extinto. Assim, a classe trabalhadora deveria tomar o poder, em que, nessa fase transitória que levaria ao comunismo, compreendida de socialismo, expropria-se os excedentes de riqueza das classes mais abastadas para contemplar as carências dos despossuídos. Contudo, o pensador alemão previa a queda do sistema capitalista em função de sua própria natureza, uma vez que o capitalismo precisa gerar excedentes e explorar a mão de obra, gerando uma crise de superprodução, em que há uma massa explorada incapaz de assumir esse consumo. Consequentemente, o capital se desvaloriza. O filme O jovem Karl Marx, de 2016, demonstra como o filósofo alemão tenta se inserir nos grupos dos trabalhadores comunistas para exercer sua posição, contando com a ajuda de Friedrich Engels (1820- 1895), um jovem filho de industrial que discorda do conceito moral do sistema de produção vigente. Vale a pena assistir e agregar conhecimentos sobre o assunto! Temos como exemplo da desvalorização do capital a Crise de1929, que ocorreu nos Estados Unidos quando a queda nos preços das mercadorias gerou um efeito deflacionário, ou seja, o declínio generalizado no nível de preços, que, por sua vez, exacerbou-se, mesmo com a falência das empresas, ante um alto nível de desemprego e pobreza (VASCONCELLOS, 2011; HUNT; LAUTZENHEISER, 2013; IZIDORO, 2014). Fechamos a compreensão da escola clássica. Vejamos, agora, outras escolas que vieram posteriormente. 1.3.2 Revolução marginalista e pensamento keynesiano Na segunda metade do século XIX, começa a haver uma preocupação em como alocar os fatores produtivos (matérias-primas, máquinas e mão de obra) com mais eficiência, em vista da escassez de recursos (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013). VOCÊ QUER VER? 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 20/28 O filósofo inglês Jeremy Bentham (1748-1832) compreendia a noção de valor- utilidade, já que uma mercadoria receberá seu devido valor consoante o nível de satisfação que ela gera. Assim, sob tal ótica, a Escola Austríaca inseriu autores proeminentes em suas aulas, como Carl Menger (1840-1921), Stanley Jevons (1835- 1882) e Léon Walras (1834-1910), que compreendiam a utilidade marginal, a qual avaliava o grau de satisfação adicional ao consumir mais de uma unidade de certo produto. Essa satisfação ou valor-utilidade sofrem influência do grau de escassez. Sua análise, portanto, leva ao encontro da utilidade marginal decrescente, quando, depois de certa quantidade, a satisfação ou utilidade declina. Ao longo desse desenvolvimento da análise econômica, surge a teoria do equilíbrio geral, fundada por Walras e seguida por Vilfredo Pareto (1848-1923). De acordo com seu preceito, é quando toda a quantidade produzida no mercado se iguala à quantidade que os consumidores estão dispostos a demandar. Por outro lado, Alfred Marshall (1842-1924) direciona a análise da utilidade marginal para a teoria da firma, na qual emprega os conceitos de produtividade marginal, por exemplo, que seria o aumento adicional da produção ao aplicar mais fatores de produção (VASCONCELLOS, 2011; HUNT; LAUTZENHEISER, 2013). Keynes (2007), por sua vez, principia aquilo que é chamado de “revolução keynesiana”, rompendo com os preceitos clássicos, como a Lei de Say, a qual afirma que a oferta cria a demanda. Para ele, a demanda por consumo e investimento gera ou estimula a produção. O economista ainda pondera que o sistema não apresenta tendência ao equilíbrio de mercado, sendo que os atores de mercado têm incertezas quanto ao futuro. Isto é, a economia apresenta desequilíbrios, e, em um cenário de dúvidas sobre o que virá, os empresários tendem a poupar. Isso significa que ocorre uma preferência pela liquidez (moeda) em vez de bens ilíquidos (bens de capital), já que não é incerto se vale a pena investir e se haverá obtenção de lucros com o investimento. Por consequência, a redução do investimento gera queda na oferta e no emprego, fazendo com que a renda do país caia (KEYNES, 2007). No entanto, o governo pode elevar o investimento reduzindo a taxa juros. Isso ocorre ao se elevar a oferta da moeda. Keynes (2007) também propõe o aumento dos gastos públicos para expandir o investimento e, com isso, a renda, em especial, nos momentos de crise. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 21/28 1.4 O pensamento liberal e o pensamento socialista A análise microeconômica observa as firmas e os consumidores individualmente. Já a análise macroeconômica avalia os dados agregados, ou seja, o consumo de todos os consumidores e a renda de toda sociedade. Assim, espera-se que, em convergência com o pensamento liberal, os regimes democráticos, por permitirem a liberdade civil, melhorem o ambiente de investimentos. Enquanto isso, o pensamento socialista refuta a acumulação de riqueza sob a ótica da propriedade privada por considerar a propriedade pública como única benéfica para a sociedade. Veremos, nos próximos itens, a resposta para diversas perguntas que podem estar relacionadas a esse tema tão emergente no desenvolvimento das sociedades. 1.4.1 Fundamentos microeconômicos A microeconomia aborda os aspectos individuais. Isso significa que ela analisa o comportamento dos indivíduos e das empresas. Afinal, cada indivíduo possui um comportamento de consumo, o qual é estudado na teoria do consumidor; assim como o desempenho da empresa é explorada na teoria da firma. A teoria do consumidor compreende que os indivíduos sofrem de escassez. Ou seja, em razão da restrição orçamentária que atinge a sociedade, o consumidor sofre um trade off (um dilema). Por exemplo, se você dispõe de R$ 200,00 e deseja comprar um computador ao preço de R$ 150,00 e um tênis que custa R$ 180,00, sua escolha terá que pender para um dos lados. A teoria da firma, por outro lado, avalia a melhor combinação entre fatores de produção (ferramentas, matéria-prima, mão de obra etc.) para gerar determinada quantidade de mercadorias. Em virtude disso, ela precisa analisar o nível de custo, considerando que a empresa visa maximizar os lucros, uma vez que quanto maior a receita em comparação aos custos, maior será o nível de lucro. Dessa forma, ao avaliar a relação entre firmas e consumidores, observa-se que, quando os preços estão abaixo do nível de equilíbrio, a demanda aumenta e a oferta fica desestimulada. Então, passa a haver um excesso de demanda e, portanto, uma escassez de oferta, que faz com que os preços subam até o nível de equilíbrio ou de 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 22/28 igualação entre oferta e demanda. E se os preços estão acima do nível de equilíbrio, haverá escassez de demanda e excesso de oferta, até que os preços baixem em direção ao nível de equilíbrio (VASCONCELLOS, 2011; FERREIRA, 2015). Além disso, também temos os fundamentos macroeconômicos, os quais estudaremos na sequência. 1.4.2 Fundamentos macroeconômicos A macroeconomia não analisa as firmas ou os consumidores individualmente, como faz a microeconomia. Com ela, analisa-se o conjunto desses elementos. Por isso o termo “macro”, já que ela estuda as variáveis econômicas de modo amplo, ou seja, observa os agregados da economia. Dessa forma, a análise macroeconômica não estuda os preços, mas o nível geral de preços, cuja variação positiva (quando o nível geral de preços atual está maior do que o anterior) faz com que ocorra o fenômeno que chamamos de inflação. A teoria macroeconômica estuda as políticas econômicas (fiscal, monetária, cambial e comercial e de rendas); as ações do governo, como quando deseja reduzir a inflação, elevando a taxa de juros ou reduzindo o gasto público; ou, também, quando objetiva elevar a renda, diminuindo a taxa de juros ou aumentando os gastos governamentais. Assim, ao estimular o consumo, isto é, a demanda das pessoas pelo consumo — ou das firmas por investimentos —, o governo pode aumentar o salário mínimo, no primeiro caso; e reduzir a taxa de juros, no segundo caso. Dessa forma, tornará menos custosos os financiamentos e os empréstimos (VASCONCELLOS, 2011; FERREIRA, 2015). Agora que vimos os aspectos micro e macroeconômicos, vejamos como se diferenciam no capitalismo e socialismo. 1.4.3 Capitalismo e socialismo: aspectos micro e macroeconômicos O capitalismo — igualmente chamado de economia de mercado, uma vez que permite que os preços sejam formados pela dinâmica do mercado, sem tabelamentos ou mecanismos de fixação de preços pela ação estatal — advoga pelas liberdades econômicas, perante à livre atuação profissional e direito à propriedade. Dessa forma, na economia de mercado, a propriedade é privada, a qual está em posse do capitalista, ou seja, do produtor que emprega mão de obra. Assim, ainda que a compreensão da economiade mercado tome a direção do liberalismo 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 23/28 econômico, que significa a menor participação possível do Estado na economia, considera-se a atuação governamental como forma de regulação da economia. Com isso, há a possibilidade de uma grande empresa não sucumbir a concorrência e, assim, monopolizar o mercado, impedindo a dinâmica dos preços sob uma concorrência mais equilibrada (VASCONCELLOS, 2011). Em sentido inverso, o socialismo, dito também como economia planificada, permite o maior peso da propriedade pública. Aliás, o regime socialista mira aniquilar a propriedade privada, a qual é vista como um meio de opressão do capitalista sobre o trabalhador. Consequentemente, de acordo com a dinâmica do mercado, os preços não flutuam (VASCONCELLOS, 2011). Inclusive, no comunismo, que é a fase final (após o socialismo), a moeda é extinta, o que torna aniquilado o mecanismo de preços, tendo em vista que a acumulação do capital passa a inexistir. Entre as diversas críticas dos regimes capitalista e socialista, temos que o primeiro é excludente, ou seja, a liberdade econômica alcança somente os possuidores de capital, enquanto os demais atores na sociedade são oprimidos. Já o segundo regime é classificado como ineficiente produtivamente, pois a produção estatal tende a ser mais custosa, já que visa atender ao público por completo, em vez de racionalizar a lógica do lucro, desestimulando, assim, a inovação. Por exemplo, um banco público pode ser obrigado pelo governo a manter agências deficitárias financeiramente em municípios mais carentes, além de manter as taxas de juros menores. Já os bancos privados colocam agências apenas onde têm lucros, além de poder aplicar taxas de juros maiores. Portanto, a lógica do lucro tende a ser mais eficiente, por ser permissível a eliminação de prejuízos e a maximização dos ganhos. 1.4.4 Padrões políticos e econômicos no Brasil e na China A China é uma nação sob um regime ditatorial e de ideologia socialista, porém pratica a economia de mercado. No território chinês, devido ao grande peso do Estado na economia, muitas das grandes empresas são estatais. Isso significa que elas estão sob a orientação governamental, mas aceitam a participação do capital privado, sendo que, inclusive, estão listadas nas bolsas de valores, como o Banco da China e da PetroChina. 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 24/28 A democracia, por ensejar liberdades individuais, vai de encontro às liberdades econômicas, ainda que esses sentidos não sejam os mesmos. Por exemplo, um governo pode permitir a opinião política dos cidadãos, mas criar restrições ao fluxo comercial. Todavia, as exigências dos atores da sociedade, em um regime democrático, ensejam maior pressão de diversos atores sociais pelas aberturas econômicas. O artigo “Democracia e Desenvolvimento Econômico: relação de identidade, instrumentalidade ou contradição?” cita com maiores detalhes o que estudamos sobre a democracia, a qual permite o controle sobre o governo. No entanto, por ela não ser suficiente a ponto de gerar riquezas, há a necessidade de liberdades econômicas. Leia o texto completo no link: <http://www.abdconst.com.br/revista/ARTIGO%205.pdf (http://www.abdconst.com.br/revista/ARTIGO%205.pdf)>. Na economia chinesa, a despeito da censura política, foram criadas as Zonas Econômicas Especiais (ZEE) durante as reformas econômicas de Deng Xiaoping na década de 1970, para a abertura econômica e atração de capital estrangeiro na sua estrutura produtiva (NONNENBERG, 2010). Além disso, os investimentos públicos em infraestrutura se tornaram vultosos. VOCÊ QUER LER? http://www.abdconst.com.br/revista/ARTIGO%205.pdf 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 25/28 Já a estrutura política brasileira oportuniza a participação dos cidadãos e a pluralidade dos partidos políticos, enquanto que as liberdades civis e as políticas são amplas. Entretanto, o país não consegue a mesma dinâmica econômica chinesa. Os investimentos em infraestrutura, ciência e tecnologia no Brasil são bastante retardatários com relação aos aplicados na China, faltando recursos para o desenvolvimento das ferrovias e da pesquisa em tecnologias de alta intensidade nos diversos segmentos econômicos. Para compreender melhor como a China pratica uma economia de mercado — na qual se busca a abertura econômica, por exemplo —, que substanciou no crescimento elevado, leia o artigo “China: estabilidade e crescimento econômico”, de Marcelo José Braga Nonnenberg. O texto está disponível em: Figura 7 - Na produção chinesa, os altos investimentos em ciência e tecnologia garantiram um desenvolvimento econômico sob a forte participação do Estado. Fonte: BartlomiejMagierowski, Shutterstock, 2018. VOCÊ QUER LER? 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 26/28 <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572010000200002 (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572010000200002)>. Por consequência, temos que não necessariamente o regime democrático é suficiente para a geração de riquezas, visto que falta, possivelmente, maior integração do mercado brasileiro a outros mercados no mundo, além de investimentos em setores essenciais para o desenvolvimento da estrutura produtiva. Síntese Concluímos a unidade relativa à formação do pensamento econômico. Agora, você já conhece os períodos hegemônicos, os fundamentos da micro e macroeconomia, entre outros pontos relevantes da economia. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: entender que a EPSM integra em sua análise o Estado, o mercado e sociedade; analisar que a ótica neoliberal exerce dominância, em especial após a queda da União Soviética, em 1991; compreender que os fisiocratas defendiam que o livre-comércio era benéfico para a sociedade; perceber que a revolução marginalista aplica a utilidade marginal; entender que Keynes afirma que investimento determina a oferta; absorver que o capitalismo é a economia de mercado, enquanto que o socialismo corresponde à economia planificada; compreender que a democracia enseja o progresso econômico, mas não necessariamente como demonstra a China. Referências bibliográficas http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572010000200002 12/09/22, 17:27 Economia Política https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=L3kNgFfmjYtuJe%2bT6C3TPw%3d%3d&l=N5BDPdeI%2bbIqyNPbvaTPAg%3d%3d&cd=x… 27/28 ABREU, M. de P. (Org.). 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