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1A ADOLESCÊNCIA BLINDADA A ADOLESCÊNCIA BLINDADA2 Este Guia foi desenvolvido pela Parent Coaching Brasil, uma empresa em contínua busca do que há de mais atual sobre a parentalidade no Brasil e no Mundo. Traduzimos essas pesquisas para o universo do coaching, de forma didática e prática, para que o profissional possa aplicar e ter resultados. Estamos comprometidos a ir além: prover uma comunidade forte de apoio mútuo e parcerias entre alunos e com a Parent Brasil, além de proporcionar a conexão com os clientes potenciais para oferta dos serviços. NOSSA MISSÃO: Transformar as relações familiares de forma positiva e duradoura, contribuindo para a construção de uma geração mais conectada com os seus valores e propósitos. NOSSOS VALORES (que são compartilhados com os nossos alunos): Conexão, Cooperação, Respeito, Realização e Evolução. Este Ebook foi escrito pensando em profissionais sérios que possuem a vontade de impactar adolescentes. Para profissionais que amam ler e estudar mais sobre o tema e não medem esforços para entender cada vez mais sobre a adolescência. Se você baixou só por curiosidade, tem preguiça de ler ou não quer impactar adolescentes, este não é um material para você. Porque para fazer a diferença no mundo requer dedicação e mobilização real. Então, boa leitura! (E me mande um e-mail dizendo o que achou!) Um guia para o desenvolvimento saudável do adolescente usando o COACHING TEEN 3A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Sumário Por que você deve ler este GUIA até o final 4 Não é competição, é colaboração 5 Os nossos jovens não crescem em uma bolha e sim em comunidades 6 Precisamos de abordagens centradas na juventude, não centradas no sistema 7 O adolescente saudável em foco 8 A importância do contexto 12 Em constante expansão 14 O negócio é experimentar 18 Mentalidades cognitivas 20 Eu quero assumir uma causa! 23 As 4 áreas do desenvolvimento emocional e social 26 Desenvolvimento emocional e social dentro do contexto 31 O conceito de identidade 36 Ensinar aos jovens competências 39 Estabelecendo status: Onde eu me encaixo? 40 Intimidade: Amar e se sentir amado 42 Identidade sexual: Quem sou sexualmente? 43 Desafio 46 Sobre a criadora do Método Parent Coaching Teen 47 Bibliografia 48 A ADOLESCÊNCIA BLINDADA4 Por que você deve ler este GUIA até o final Se você tem como missão ajudar adolescentes e jovens e impactar positivamente o rumo das suas vidas, o GUIA será o seu maior amigo. Cada vez mais estamos aprimorando a ciência por trás da adolescência e o objetivo deste trabalho é reunir o maior número de especialistas interessados no nicho Teen, para compartilhar um material abrangente, porém acessível que: 1explique, sem simplificar demais, os complexos processos de desenvolvimento do adolescente; 2desafia os pais, profissionais e governos a investir mais atenção e mais recursos em adolescentes à medida que passam para a idade adulta; e 3oferece um panorama sobre como garantir que o desenvolvimento saudável dos adolescentes seja alcançado com o apoio de trabalhos interdisciplinares, incluindo as ferramentas de coaching para adolescentes. Precisamos agir, e o momento é agora. A Parent Brasil está empenhada em apoiar os líderes que estão trabalhando em questões juvenis. Temos como objetivo encontrar esses profissionais e ajudá-los a ver um caminho estruturado e de impacto para ajudar esse público. A verdade é que garantir que os adolescentes entrem na idade adulta com uma perspectiva positiva de futuro, autoestima alta e saúde mental e emocional está cada vez mais desafiador. É inaceitável para nós, profissionais parentais, o número de jovens que estão, de fato, perigosamente desconectados de si e do mundo. 5A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Não é competição, é colaboração Se quisermos fazer algo pelos nossos jovens, precisamos começar a investigar os caminhos possíveis para blindar a saúde deles. Você terá em mãos informações relevantes sobre o desenvolvimento do adolescente, traçando o paralelo com a contribuição e impacto do coaching teen, sem desconsiderar a importância da contribuição de todas as outras profissões que juntas somam a essa missão de reconstruir o cenário da adolescência no nosso país. Psicólogos, psicopedagogos, psiquiatras, educadores, coaches de adolescentes, líderes comunitários e religiosos, assistentes sociais, pediatras e hebiatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, entre outros: para causar impacto real na vida dos adolescentes, é urgente parar de competir e começar a colaborar. Analisando profundamente os resultados bem-sucedidos, que impedem problemas específicos com adolescentes e promovem resultados positivos no desenvolvimento, observamos que eles dependem diretamente do suporte nos relacionamentos, informações precisas e oportunidades reais para que o adolescente desenvolva suas habilidades. Podemos afirmar que o desenvolvimento se desenrola em diferentes domínios e todos processos estão inextricavelmente entrelaçados. O fato é que o trabalho com jovens é interdisciplinar e requer esforços conjuntos: 1. A saúde mental e emocional afeta a aprendizagem; 2. O desenvolvimento cognitivo afeta a saúde mental e emocional; 3. Influências do envolvimento familiar e social afetam a identidade. Este Guia desempenha um papel extremamente importante porque mostra aos profissionais – seja desempenhando seu papel como terapeuta, coach teen, nas escolas públicas ou particulares, centros para adolescentes, tribunais, igrejas, templos, consultórios ou hospitais – que é necessário um esforço para estudar e entender o desenvolvimento de adolescentes e para criar, dia após dia, ambientes de aprendizagem e de suporte em que os adolescentes possam confiar e prosperar. Isso significa que unir esforços tem se mostrado mais eficiente do que segregá- los, ou seja, profissionais comprometidos em impactar adolescentes precisam de uma visão mais sistêmica, compreendendo que a sua contribuição é parte de algo maior e que o adolescente pode se beneficiar de diversas abordagens, de acordo com o seu momento de vida e respeitando as necessidades. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA6 Os nossos jovens não crescem em uma bolha e sim em comunidades O desenvolvimento é um processo individual e significativamente influenciado pelos contextos formais e informais em que se desenrola. Os jovens entram e saem de diversas situações todos os dias – familiar, institucional, informal e, mais do que nunca, virtual. A variedade de ambientes onde eles se encontram cresce junto da autonomia da adolescência, e cada um representa uma enorme oportunidade para desenvolvimento, descarrilamento ou ambos. O desenvolvimento cognitivo não para quando o sinal da escola toca, e o desenvolvimento social não entra em ação somente nos grupos de amigos. Embora nem sempre tenhamos controle sobre os adolescentes, podemos, de fato, fazer com que eles consigam modelar e se inspirar nos ambientes positivos onde são inseridos. Em qual contexto você atua e qual é a sua forma de contribuição para o desenvolvimento desses adolescentes? E você, profissional que deseja trabalhar com adolescentes, precisa ser capaz de criar contextos que promovam o crescimento e minimizem os riscos e aumentem as interações positivas. 7A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Precisamos de abordagens centradas na juventude, não centradas no sistema A grande maioria das conversas políticas e práticas sobre o bem-estar dos jovens que ocorrem em todo o país concentra-se em sistemas. Como o sistema de justiça juvenil pode prevenir melhor o crime juvenil? Como podemos melhorar o sistema escolar para aumentar as competências socioemocionais dos alunos? Como os sistemas como igrejas, ONGs e organizações comunitárias ou governamentais podem trabalhar juntos para reduzir as taxas de gravidez precoce, criminalidade e abuso de substâncias químicas? As tentativasde trabalhar entre sistemas sempre são promissoras, mas compreendem apenas UMA esfera da vida do adolescente, justamente por serem mais engessadas e hierarquizadas. Em conjunto com essas mudanças necessárias nos sistemas que amparam o jovem, a sociedade precisa pensar em abordagens preventivas voltadas exclusivamente aos adolescentes e suas necessidades específicas de desenvolvimento. São iniciativas feitas por profissionais que atuam diretamente com o jovem olhando para as suas necessidades individuais. O profissional interessado em trabalhar com adolescentes precisa ter ferramentas específicas para promover o desenvolvimento dos adolescentes de modo que eles sejam capazes de sustentar a apreciação positiva da vida, compaixão, além das alegrias e frustrações típicas da adolescência: hormônios, as inseguranças, tendência a correr riscos e o crescimento das habilidades e competências. Nesse caminho, o processo de coaching teen se mostra extremamente eficaz, porque possui um objetivo simples e direto: ajudar os jovens a adquirir habilidades que os tornem mais prontos para a vida. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA8 O adolescente saudável em foco Durante muito tempo, a maioria dos livros sobre adolescência destacou os problemas que os adolescentes enfrentam e como os adultos podem ajudar a resolvê-los. Poucos se preocuparam com o fato de que a grande maioria chega na adolescência com um desenvolvimento normal e saudável, com dilemas, confusões e conflitos típicos da idade, sendo necessário um trabalho preventivo para garantir uma passagem pela adolescência sem fatores que possam comprometer significativamente a fase adulta. J.-D. Nasio, psiquiatra e psicanalista francês, denominou esses dilemas de neurose saudável de crescimento, que causa angústia, tristeza ou revolta de forma moderada e são sinais precursores da futura maturidade. É um equívoco relacionar 100% das angústias juvenis com distúrbios mais sérios, assim como é preciso um olhar apurado para perceber quando essa neurose moderada se torna intensa ou exacerbada, passível de tratamentos mais especializados. O processo de teen coaching trabalha com essa parcela de jovens que passam pela neurose de crescimento de forma moderada (a esmagadora maioria), promovendo o desenvolvimento saudável ao ensinar o adolescente a se conhecer melhor e fazer melhores escolhas. O método foi desenvolvido com base em diversas evidências e pesquisas: A adolescência é um momento de oportunidade, não de turbulência; O desenvolvimento normal e saudável não acontece de forma igual para todos os adolescentes; e Os jovens desenvolvem habilidades positivas por meio da aprendizagem e da experiência. 1 32 9A ADOLESCÊNCIA BLINDADA A adolescência é um momento de oportunidade, não de turbulência Pesquisas mostram que a adolescência – ao contrário das opiniões que predominam na nossa mídia e cultura – é realmente positiva para adolescentes e adultos. A maioria dos adolescentes tem uma capacidade enorme de obter sucesso na escola, estar ligada a suas famílias e comunidades e emergir da adolescência. Apesar de os adolescentes experimentarem mais intensamente as emoções – muito em consequência do desenvolvimento cerebral –, é possível, para a maioria, não preencher com comportamentos perigosos e disfunções mentais. Em vez disso, são tempos de interação social, desenvolvimento emocional e cognitivo. No entanto, a adolescência é a fase em que os jovens sentem-se desarmados para administrar as turbulências, visto que a natureza do sofrimento é inconsciente. O que isso significa? O adolescente nem sempre sente nitidamente o sofrimento e, se o sente, não consegue verbalizá-lo. Essa ausência de consciência das suas emoções durante a adolescência explica por que ele, mesmo desesperado, não pensa em pedir ajuda. Sem saber que pode obter ajuda e sem o apoio desse sistema vivo (pais, profissionais e sociedade), a solidão, o rancor e a desconfiança em relação aos adultos só tende a aumentar. O novo para o movimento do adolescente impedirá que a neurose normal se torne intensa ou exacerbada. Essa forma de enxergar a adolescência favorece processos que visam capacitá-los a expressar pensamentos e emoções, por isso o teen coaching se torna poderoso. 1 A ADOLESCÊNCIA BLINDADA10 O desenvolvimento normal e saudável não acontece de forma igual para todos os adolescentes Adicionando ainda mais complexidade, esse padrão de desenvolvimento muda constantemente. No início da adolescência, um jovem pode não estar tão desenvolvido fisicamente e com um desenvolvimento emocional adiantado. Esse padrão pode reverter mais tarde, especialmente se as neuroses de crescimento não forem bem administradas. Embora os adolescentes possam parecer fisicamente com adultos – e, às vezes, querer ser tratados como adultos –, ainda estão em um estágio formativo. Entender a desigualdade de desenvolvimento é crucial para que o profissional ofereça apoio ativo adequado com as ferramentas certas para a adolescência. 2 A adolescência inclui períodos de rápido crescimento físico e mudanças corporais significativas, por exemplo, seios em meninas e vozes mais graves em meninos. Entretanto, algumas mudanças não são visíveis, como fisiológicas, cognitivas e emocionais, e nem sempre elas acontecem em sincronia (ao mesmo tempo). Fisicamente e sexualmente, os jovens, especialmente as meninas, podem amadurecer pelo meio da adolescência. No entanto, o processo de amadurecimento do cérebro pode não ser concluído até os 25 anos. 11A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Os jovens desenvolvem habilidades positivas por meio da aprendizagem e da experiência3 ATIVO DEFINIÇÃO COMO TRABALHAR COMPETÊNCIA Percepção de que se tem habilidades e talentos. Fornecer treinamento e prática em habilidades específicas, acadêmico ou prático. CONFIANÇA Sentido interno de autoeficácia e autovalorização. Oferecer oportunidades para que os jovens experimentem o sucesso ao tentar algo novo. CONEXÃO Laços positivos com família, pessoas e instituições. Construir relacionamentos positivos entre jovens e colegas, professores e pais. CARÁTER Um senso de certo e errado (moralidade), integridade e respeito pelos padrões de comportamento correto. Oferecer oportunidades para praticar o aumento autocontrole e desenvolvimento da espiritualidade. CUIDADO Um sentimento de simpatia e empatia pelos outros. Cuidar do jovem. Ensinar o cuidado com os familiares, com os mais novos ou mais velhos, com o planeta, os amigos e os relacionamentos. No teen coaching, o profissional trabalha na criação de oportunidades para desenvolver um conjunto de ativos principais, denominados os 5 Cs: Competência, Confiança, Conexão, Caráter e Cuidado. Os adolescentes desenvolvem esses 5 ativos principais quando os experimentam em suas próprias vidas. Um jovem aprende que é bom em algo (competência) quando é dada a oportunidade de tentar praticar novas coisas. Da mesma forma, um jovem aprende a cuidar experimentando ser cuidado e desenvolve o caráter praticando o autocontrole. O modelo de coaching teen foca na premissa de que uma juventude saudável (neurose de crescimento) não significa dizer que o jovem está totalmente preparado. O método SER, que trabalha com o desenvolvimento do adolescente saudável, requer a criação de oportunidades para que eles experimentem, aprendam e pratiquem os 5 Cs com maestria. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA12 A importância do contexto Antes de meados da década de 1980, as pesquisas sobre adolescência eram focadas principalmente no crescimento físico e nas ações individuais dos adolescentes. Infelizmente pouca atenção era dada ao contexto em que viviam, fato que hoje é amplamente considerado. O contexto refere-se ao ambiente em que uma criança é inserida e cresce, ou seja, os lugares onde jovens passam grande parte do seu tempo – em casa, com amigos, na escola,no trabalho, em frente à televisão, celular ou jogos, filmes ou outras mídias, ou na comunidade. Existe uma interação complexa entre o adolescente e seu contexto que pode influenciar o desenvolvimento emocional, cognitivo e até físico do adolescente. Os adolescentes não são simplesmente receptores passivos de experiência, todos respondendo às “entradas” de estímulos do mesmo jeito. Eles interpretam e respondem a cada nova experiência através das lentes de suas personalidades inatas e experiências anteriores. É crucial entender os pontos fortes e as necessidades dos adolescentes para a perfeita elaboração de programas ou estratégias. Por isso, dentro da metodologia da Parent Brasil, os profissionais são ensinados a olhar para o sistema onde o jovem está inserido, para que consiga ajudá-lo efetivamente a lidar com ele. Além disso, o profissional que trabalha com adolescentes precisa olhar e trabalhar em aspectos cruciais da saúde mental e emocional do jovem: desenvolvimento do cérebro, cognitivo, emocional e identidade. Vamos comentar cada um desses aspectos com mais detalhes a seguir. O que isso significa para o profissional que trabalha com jovens? 13A ADOLESCÊNCIA BLINDADA O cérebro adolescente A ADOLESCÊNCIA BLINDADA14 Um dos mais emocionantes aspectos da adolescência é a capacidade do cérebro de desenvolver novas habilidades de pensamento. Como sua capacidade de pensar em termos abstratos cresce, os jovens adoram debater, desafiar ideias ou valores estabelecidos e questionar a autoridade. Eles começam questionar noções de verdade absoluta e adquirir a capacidade de apresentar argumentos lógicos. Esse nível mais alto de inteligência ajuda os adolescentes a pensar mais no futuro, avaliar as opções, resolver problemas e estabelecer metas. Parte da conquista de novas habilidades de pensamento inclui cometer erros e aprender com eles. A adolescência é o momento perfeito para aprendizados. Somente na primeira infância as pessoas são tão receptivas assim a novas informações como eles estão na adolescência. Em constante expansão 15A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Os três principais componentes das habilidades cognitivas do adolescente Na adolescência, desenvolvimento cognitivo ocorre em três áreas principais: Primeiro os jovens fortalecem suas habilidades de raciocínio, que incluem pensar em várias opções e possibilidades, ponderando as coisas hipoteticamente (o antigo “e se...?”, perguntas) e seguindo uma lógica processo de pensamento. Segundo os adolescentes começam a desenvolver habilidades de pensamento abstrato, ou seja, o que não pode ser visto, ouvido ou tocado. Pensamento abstrato permite pensar nos valores, como fé, amor, confiança e espiritualidade, nas crenças e nas forças. Cada parte do pensamento abstrato é trabalhada dentro do coaching teen, por meio de ferramentas específicas para o adolescente. Terceiro eles aumentam sua capacidade de pensar a respeito do próximo pensamento, um processo conhecido como “metacognição”. Metacognição permite que os jovens considerem como se sentem em relação ao que pensam, e também pode ser usado para desenvolver estratégias como dispositivos mnemônicos, úteis em memorização e aprendizado. O coaching teen desempenha um papel importante na orientação e no desenvolvimento cognitivo, ajudando os jovens a dominar as habilidades de pensamento crítico e tomada de decisão. Com ferramentas 100% voltadas ao universo adolescente, o profissional consegue, em um espaço curto de tempo, fortalecer as habilidades de raciocínio, pensamento abstrato e metacognição. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA16 Achados neurológicos recentes sobre a mudança no cérebro do adolescente O cérebro de bebês e crianças pequenas produz bilhões de células cerebrais (neurônios) e conexões entre células cerebrais (sinapses). Então, por volta dos 3 anos de idade, essa explosão de sinapses é “podada”. Pesquisadores descobriram um segundo período de superprodução de sinapses que começa pouco antes da puberdade (11 anos em meninas, 12 em meninos), também seguido de poda. A poda de sinapses parece ser uma parte essencial do cérebro em maturação. Tornando-as mais fracas, permite que as já criadas se tornem mais fortes e mais estáveis, assim como uma poda de uma árvore permite que os ramos restantes consigam prosperar. O surto de formação de sinapses e poda durante a adolescência ocorre em várias partes do cérebro, incluindo o córtex pré-frontal, responsável pelo raciocínio avançado, incluindo a capacidade de planejar, entender causa e efeito, pensar em cenários e gerenciar impulsos. Há uma importante ligação entre o desenvolvimento do cérebro e a capacidade de um adolescente considerar consequências das suas ações, desenvolver lógica, planejar ou filtrar pensamentos antes de desfocar totalmente. As alterações cerebrais continuam pelo menos 21 anos, e alguns cientistas acreditam que a maturação não está completa até 25. O desenvolvimento cerebral parece variar entre indivíduos, por isso é impraticável identificar determinada idade única em que os jovens atingem plena maturidade no pensamento e no raciocínio. 17A ADOLESCÊNCIA BLINDADA BRAIN BOX A adolescência é um período de intensas alterações cerebrais. Curiosamente, duas das funções cerebrais primárias se desenvolvem em taxas diferentes. Pesquisas recentes sobre o cérebro indicam que a parte do cérebro que percebe recompensas do risco corrido, chamado de sistema límbico, entra em marcha alta no início adolescência. A parte do cérebro que controla os impulsos e fornece uma perspectiva de consequências a longo prazo, chamada de lóbulo frontal, só amadurece mais tarde. Isso pode explicar por que os adolescentes no início da curva da adolescência correm mais riscos do que adolescentes mais velhos. Enquanto os lóbulos frontais tornam-se mais desenvolvidos, duas coisas acontecem: 1. Autocontrole: Os adolescentes são mais capazes de avaliar causa e efeito. 2. Mais áreas do cérebro se envolvem no processamento de emoções, o que melhora a interpretação precisa as emoções dos outros. FONTE: Steinberg, L. (2008) Uma neurociência social perspectiva sobre a assunção de riscos pelos adolescentes. Desenvolvimento Review, 28: 78-106. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA18 Muitos adultos acreditam que os adolescentes se sentem invencíveis: “Isso nunca vai acontecer comigo”. No entanto, estudos científicos recentes evidenciaram que os adolescentes percebem os riscos inerentes a certas atitudes (como beber e dirigir), porém essa percepção falha em impedi-los de participar. O motivo? Os adolescentes julgam os benefícios de participar de comportamentos de risco de maneira diferente do que os adultos, e essa diferença de julgamento pode ter uma base biológica no cérebro. Estudos de imagem feitos através de ressonância magnética funcional mostraram que o centro de “recompensa” do cérebro acende mais na adolescência do que no cérebro dos adultos, o que significa que os adolescentes experimentam maior emoção e satisfação ao assumir riscos que no final produzem um resultado desejado. Nas escolas e comunidades onde os estudantes populares são mais propensos a fumar, beber e ter experiência sexual sem proteção, experimentar esses comportamentos de risco pode ser visto pelos jovens como estratégia racional por obter a aprovação de seus amigos e colegas. Dada a diretiva cerebral para experimentar, não é de surpreender que táticas de intimidação (muito usadas pelos pais) provaram ser ineficazes com jovens. Sou capaz de tomar minhas próprias decisões e me desafio muito mais desde que não sou mais criança. Adolescente menino, 15 anos “ ” O negócio é experimentar 19A ADOLESCÊNCIA BLINDADA E como lidar com esse impulso do adolescente? As estratégias mais bem-sucedidas são as que envolvem os jovens no uso das suas emergentes habilidades de pensamento crítico, e é por isso queas ferramentas de coaching teen são tão eficientes, porque levam o adolescente a pensar nos riscos de determinada ação avaliando escolhas, consequências e impactos, convidando-o Tomando decisões estratégicas Adolescentes precisam de oportunidades praticar e discutir a tomada de uma decisão. Aqui estão algumas maneiras que os adultos podem facilitar o processo: ▸Faça com que os jovens pratiquem ativamente, por meio de jogos e exercícios de resolução de problemas em grupo; ▸Veja como você toma decisões e depois lidere pelo exemplo; ▸Demonstre aos adolescentes como escolher entre escolhas reativas e conscientes; ▸Muitos adolescentes vivem no agora. Mostre a eles os benefícios do futuro pensando antecipadamente nas perdas e nos ganhos e trabalhem o planejamento com consciência de como lidar com imprevistos; ▸Incentive os adolescentes a passar tempo com amigos que compartilham seus valores. a desenvolver técnicas que fazem com que se sintam mais no controle. Essa abordagem do coaching teen é bem-sucedida porque desafia o intelecto do adolescente, enquanto simplesmente proibir ou dar sugestões desafia o seu senso de autonomia, por isso não costuma funcionar. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA20 Mentalidades cognitivas Esta seção detalha alguns dos aspectos cognitivos – maneiras de pensar e crer – vivenciados por adolescentes como resultado do desenvolvimento do cérebro. Não acho justo Avanços nas habilidades de raciocínio levam adolescentes a se interessar pelo o que é justo ou injusto. Eles são rápidos em apontar inconsistências entre as palavras e as ações dos adultos. No entanto, o não desenvolvimento completo do cérebro adolescente ainda torna difícil que eles vejam nuances em argumentos e opiniões. Eles tendem a ver as coisas em extremos preto e branco, permitindo pouco espaço para erro. Suas habilidades de raciocínio podem ser aprimoradas, com o incentivo a falar sobre seus pontos de vista, suas crenças políticas ou espirituais, ou incentivando-os a fazer pesquisas conscientes na Internet ou em revistas/livros especializados. O pesquisador PHD Laurence Steinberg sugeriu que adultos e adolescentes têm visões diferentes de conflito. Os adultos se estressam por problemas do dia a dia, porque veem as decisões como decorrentes de distinções morais de certo e errado, tradições, regras e costumes sociais e crenças. Já os adolescentes tendem a ver as decisões simplesmente como questões de escolha pessoal. Um exemplo clássico de estresse do dia a dia para os pais: “Arrume seu quarto!”. Adultos veem essa questão do ponto de vista moral (a limpeza é sinônimo de bom cidadão; limpar o seu quarto é a coisa Como adolescente, penso mais por mim agora. Eu também estou mais consciente dos sentimentos das pessoas ao meu redor e mais ciente de meus próprios sentimentos. Adolescente menina, 15 anos “ ” 21A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Compreendendo as novas habilidades de pensamento dos adolescentes Os adolescentes gostam de exercitar sua capacidade de um debate animado. Para eles, os conflitos podem ser apenas uma maneira de se expressar. Os adultos, por outro lado, tendem a levar argumentos para o lado pessoal e podem vê-los como intensos e perturbadores ou como uma ameaça direta à sua autoridade. • Seja paciente quando o adolescente testar suas habilidades de raciocínio recém-adquiridas e incentive a saúde, debate respeitoso, estabelecendo “regras para debate de ideias”; • Desrespeito nunca deve ser tolerado por um adolescente ou um adulto; • Nunca corrija ou desmereça a lógica do adolescente; simplesmente ouça e reconheça o que ele diz. Depois, dê o seu ponto de vista sem menosprezar o dele. Uma boa estratégia é perguntar como ele chegou aos pensamentos ou conclusões que está expressando; • Não leve tão a sério quando o adolescente criticar opiniões de adultos e comportamentos; • Ele pode desafiar, mas ainda precisa de você; • A menos que um adolescente tenha um histórico de problema de comportamento, não se preocupe se ele ou ela demonstrar tendências melodramáticas; • Lembre-se de que nem todo desacordo é um conflito. certa a fazer). Já o adolescente está mais comprometido com a questão da justiça: “Meu quarto é o meu domínio”; “Não é justo que os meus pais imponham as suas regras no meu quarto”; “O que o fato de o meu quarto estar arrumado ou desarrumado importa no meio de tantas outras coisas mais relevantes no mundo?”. Adolescentes estão menos interessados na moral e nos bons costumes, e esse tipo de conflito pode não ser significativo para eles. Portanto, os pais podem ficar chateados – e geralmente ficam – com mais frequência do que o seu filho adolescente. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA22 Compartilhando Experiências Os adultos geralmente se apoiam compartilhando histórias sobre sua própria experiência em uma situação semelhante. Essa estratégia funciona menos bem com adolescentes, que podem responder às tentativas dos adultos de ajudar dessa maneira com exclamações do tipo: “Você não me entende!” ou “Minha vida está arruinada!” Tente não levar isso para o lado pessoal, quando os jovens descartarem suas experiências. Apenas ouça suas preocupações e tenha empatia. Procure entender seus sentimentos antes de contar histórias sobre a sua adolescência e, quando o fizer, fale sobre suas vulnerabilidades e os erros que você cometeu nessa idade. Não desista, no entanto, de compartilhar. Especialistas aconselham que adultos falem sobre suas experiências passadas com cautela e dentro de um contexto, sem comparar e nem minimizar o relato do adolescente. 23A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Uma experiência consistente na adolescência é o constante sentimento de estar "no palco" e que todos e tudo está centrado em sua aparência e ações. Essa preocupação decorre do fato de que o cérebro mudou e estimula realmente os adolescentes a passar uma quantidade excessiva de tempo pensando sobre e olhando para si mesmos. Isso não significa os jovens são inerentemente egoístas. Pelo contrário, o desenvolvimento cognitivo também os capacita a direcionar a atenção para algo maior que si mesmos. Abrace esse paradoxo e aceite isso. A nova capacidade de considerar conceitos abstratos pode fazer os adolescentes quererem se envolver em coisas que têm significado mais profundo. Eles querem enfrentar grandes problemas e são frequentemente atraídos por causas. Isso não apenas amplia a perspectiva, mas também os capacita a viver melhor em sociedade. Depois de ler sobre crueldade com animais, por exemplo, um adolescente pode tornar-se vegetariano e ativo em campanhas de direitos pelos animais. Apoie seus interesses e ajude-os a encontrar maneiras (grandes e pequenas) de contribuir para as causas em que acreditam. Esse é um excelente caminho para os adolescentes migrarem da autoconsciência para uma maior consciência do mundo. Agora que estou mais velha, eu posso fazer escolhas para mim e pensar antes de agir. Menina, 12 anos “ ” Eu quero assumir uma causa! A ADOLESCÊNCIA BLINDADA24 Como ajudar no desenvolvimento Cognitivo Faça perguntas abertas que convidam à reflexão e ao debate. Isso vai ajudar os adolescentes a considerar uma gama de opções e as consequências naturais de cada escolha. Exemplo de uma pergunta aberta que convida à discussão: “Como você acha que essa decisão vai beneficiá-lo e/ou prejudicá-lo?” (convida ao pensamento e debate) Exemplo de uma pergunta fechada que limita a uma resposta sim ou não: "Você vai se arrepender de ter tomado essa decisão?" Nunca submeta um adolescente a críticas públicas ou zombe de seus pensamentos ou ideias. Incentive uma compreensão mais profunda do que é trazido pelo adolescente, apontando-os para informações precisas e factuais. Certifique-se de que os adolescentes compreendam o papel das emoções na tomada de decisões – sentimentos como raiva, medo, tristeza ou euforia podem obscurecer o julgamento. Decisões, especialmente asimportantes, devem ser tomadas com calma e revisitadas depois de “uma boa noite de sono”. Perceba que os adolescentes trazem uma variedade de pontos fortes – lógica, bom senso, criatividade – ao processo de tomada de decisão. Use a favor deles. 25A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Competências emocionais A ADOLESCÊNCIA BLINDADA26 As 4 áreas do desenvolvimento emocional e social Embora o estereótipo da adolescência enfatize as explosões emocionais e as mudanças de humor, na verdade, a adolescência é uma busca por competência emocional e social. Competência emocional é a capacidade de perceber, avaliar e gerenciar as próprias emoções. Competência social é a capacidade de ser sensível e eficaz em se relacionar com outras pessoas. A sociedade espera que os jovens aprendam a impedir que suas emoções interfiramno desempenho acadêmico e que se relacionem bem com outras pessoas, mas isso não ocorre apenas com o desenvolvimento do cérebro – deve ser cultivado. Desenvolvimentos emocional e social trabalham em conjunto: por meio do relacionamento com outras pessoas, o adolescente obtém insights sobre si mesmo. As habilidades necessárias para gerenciar emoções e relacionamentos bem-sucedidos foram chamadas de "inteligência emocional" e incluem autoconsciência, a capacidade de se dar bem com os outros e fazer amigos. Eu vejo e penso diferente agora que eu sou um adolescente. Eu sei que há resultados negativos e positivos para tudo o que você faz. Menino, 14 anos “ ” 27A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Nosso centro de autoconsciência aprende a reconhecer e nomear as emoções. Os sentimentos não podem ser rotulados com precisão, a menos que a atenção consciente seja dada a eles, e isso envolve ir mais profundo do que dizer para alguém que se sente "bem", "mal" ou "OK" para todos os fins. Ir mais fundo significa que um adolescente pode descobrir que se sente "ansioso" sobre um próximo teste ou "triste" quando rejeitado por alguém, por exemplo. Identificar a fonte de um sentimento pode levar a descobrir maneiras construtivas para resolver um problema. Sem essa consciência, os sentimentos ficam indefinidos e podem se tornar desconfortáveis o suficiente para que os adolescentes cresçam introspectivos ou deprimidos ou para que se coloquem em risco com entorpecentes como beber álcool, usar drogas ou comer demais. Autoconsciência: o que fazer com o que eu sinto? Embora seja vital que os jovens reconheçam suas próprias emoções, eles também devem desenvolver empatia e levar em conta os sentimentos dos outros. Compreender os pensamentos e sentimentos dos outros e apreciar o valor das diferenças humanas são as pedras angulares da consciência social. Adolescentes realmente leem emoções por meio de uma parte diferente do cérebro do que os adultos. A Dra. Deborah Yurgelun- Todd, diretora de Neuropsicologia e Neuroimagem Cognitiva em McLean Hospital em Belmont, Massachusetts, examinou a ressonância magnética (MRI) do cérebro de adolescentes e adultos, submetidos a um teste em que rostos expressando medo foram mostrados. Todos os adultos identificaram o medo corretamente e cerca de metade dos adolescentes entendeu errado, confundindo a expressão com choque, tristeza ou confusão. Yurgelun-Todd descobriu que, na ressonância magnética dos adultos, tanto a área límbica do cérebro (a parte do Consciência social: o que fazer com o que outras pessoas sentem? São 4 as esferas do desenvolvimento emocional e social: A ADOLESCÊNCIA BLINDADA28 cérebro ligado a emoções) quanto a córtex pré-frontal (conectado ao julgamento e raciocínio) foram iluminadas. Já nos adolescentes a área límbica estava brilhante, mas quase não havia atividade no córtex pré-frontal. Até o córtex pré-frontal se desenvolver totalmente na idade adulta, O adolescente pratica o autogerenciamento monitorando e regulando as emoções e estabelecendo e trabalhando em direção positiva de metas. E essa é uma tarefa desafiadora nessa idade. Pesquisadores descobriram que o aumento de testosterona em meninos e meninas na puberdade incha literalmente a amígdala, uma área do cérebro associada a aceitação social, respostas à recompensa e emoções, especialmente o medo. Difícil sim, impossível nunca, necessário sempre. Se os adultos querem que os adolescentes passem de forma saudável por essa fase, precisam ensiná-los a gerenciar suas emoções. A autogestão em um jovem envolve o uso do desenvolvimento do raciocínio e de habilidades de pensamento abstrato para dar um passo atrás, examinar as emoções e considerar como essas emoções afetam a longo prazo seus relacionamentos e metas. Ao gerenciar ativamente as emoções em vez de reagir a uma inundação sentimentos, os jovens podem aprender a evitar as armadilhas e os problemas que as emoções fortes frequentemente evocam. Reconhecer que eles têm o poder de escolher como reagir a uma situação pode melhorar significativamente a maneira como os adolescentes experimentam essa situação. Autogestão: como eu controlo minhas emoções? os adolescentes podem interpretar mal a linguagem corporal e as expressões faciais. Os adultos podem ajudar criando o hábito de sempre dizer aos adolescentes como estão se sentindo. Por exemplo, um os pais podem dizer: "Eu não estou bravo com você, apenas cansado e ranzinza”. 29A ADOLESCÊNCIA BLINDADA O desenvolvimento social e emocional depende do quanto o adolescente é capaz de estabelecer e manter relacionamentos saudáveis e gratificantes com base na cooperação, eficácia da comunicação e capacidade de resolver conflitos e resistir à pressão inadequada dos colegas. Os adolescentes geralmente preferem gastar boa parte do seu tempo com colegas adolescentes e menos com a família. Esses pares (amigos) proporcionam uma nova oportunidade para formar habilidades sociais e uma identidade fora da família. A influência dos colegas é normal e esperada. Os amigos têm significativas influências nos valores do dia a dia, atitudes e comportamentos em relação à escola, bem como gostos para vestuário e estilo musical. Também desempenham um papel central no desenvolvimento de identidades sexuais e na formação de amizades íntimas e relacionamentos românticos. Amigos não precisam ser uma ameaça para a autoridade suprema dos pais. Os pais permanecem como pilar central durante toda a adolescência. Jovens ainda são dependentes de afeto, identificação, valores e tomada de decisão e habilidades, especialmente vindos da família. As pesquisas confirmam: quando a família é estruturada, os pais têm mais influência do que os colegas sobre se os adolescentes vão ou não fumar, usar álcool e outras drogas ou iniciar relações sexuais. Na falta da estrutura familiar, os adolescentes também costumam procurar outros adultos para se espelhar e servir de modelo, como parentes mais próximos ou vizinhos. Relações entre pares: como eu faço e mantenho amigos? Minha mãe é minha maior influência porque ela sempre sabe as respostas às minhas perguntas e nunca diria qualquer coisa que me machucaria a longo prazo. Menino, 15 anos “ ” A ADOLESCÊNCIA BLINDADA30 Estudos mostram que as conexões com professores, por exemplo, podem ser tão protetoras quanto as conexões com os pais em atrasar o início de relações sexuais atividade e uso de drogas, álcool e tabaco. Alguns adolescentes, é claro, trocam a influência dos pais e outros adultos pela influência de seus pares (amigos), mas isso geralmente acontece quando a família não pratica a proximidade e há falhas ou ausência no monitoramento parental. Os jovens precisam aprender a pensar de forma independente, tomar suas decisões, e adquirir habilidades de resolução de problemas com os seus pais, responsáveis ou outros adultos para que possam aplicar essas habilidades dentro de sua rede de pares (amigos). A neurociência indica que, durante o início da adolescência, a convivência social ou a aceitação pelos amigos podeser processada pelo cérebro de forma semelhante a outros prazeres e recompensas, como receber dinheiro ou tomar um sorvete. Isso torna a aceitação social altamente desejável e ajuda a explicar por que os adolescentes mudam de comportamento para corresponder às expectativas dos amigos. Os adolescentes frequentemente adotam estilos, valores e interesses do grupo com o objetivo de manter uma identidade que distingue seu grupo de outros alunos. Grupos de pares na adolescência média (14-16 anos) tendem a conter ambos meninos e meninas, e membros do grupo são mais tolerantes às diferenças de aparência, crenças e sentimentos. No final da adolescência (17-19 anos), os jovens diversificam sua rede de amigos para além de um único grupo e desenvolvem relacionamentos íntimos dentro desses grupos, como amizades mais estreitas e romances. O namoro é uma maneira de desenvolver habilidades de relações sociais, aprender sobre outras pessoas e explorar sentimentos românticos e sexuais. O namoro traz a oportunidade de crescimento emocional expandido. Namoros e amizades abrem um adolescente a experimentar extremos de felicidade, emoção, decepção e desespero. Pesquisas recentes mostraram que meninos e meninas valorizam a intimidade em relacionamentos românticos, dissipando o estereótipo predominante de que os meninos preferem relações sexuais casuais. 31A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Possíveis causas de emoções intensas em adolescentes ▹Os hormônios, que desencadeiam mudanças físicas na puberdade também afetam o humor e geram respostas emocionais em adolescentes; ▹Preocupações com mudanças físicas – altura, peso, pelos faciais, desenvolvimento dos seios nas meninas – são uma fonte de sensibilidade e emoções intensas; ▹Padrões irregulares de refeição, como pular o café da manhã e jejuar para perder peso podem afetar o humor; ▹Uso excessivo de tecnologias, que causa alterações cerebrais e distúrbios de sono; ▹O sono inadequado pode levar a mau humor, melancolia, irritabilidade e tendência a reagir exageradamente; ▹Experimentar os altos e baixos normais das relações sociais, especialmente relacionamentos românticos, pode fazer um adolescente sentir qualquer coisa, desde exaltação ao desespero. Adolescentes enfrentam uma variedade surpreendente de opções na sociedade moderna – desde a possibilidade de escolher várias fontes de entretenimento até decidir entre os inúmeros caminhos profissionais. Os adolescentes são confrontados com decisões muito mais complexas do que seus pais e avós enfrentaram, muitas vezes em ambientes que desencadeiam conflitos de sentimentos e desejos. A tomada de decisão responsável envolve gerar, implementar e avaliar escolhas éticas em dada situação. As escolhas idealmente devem beneficiar tanto o tomador de decisão quanto o bem-estar dos outros. O lóbulo frontal do cérebro, ainda em desenvolvimento, torna os adolescentes vulneráveis a tomar más decisões; eles podem ter problemas para formar julgamentos quando as coisas estão confusas ou incertas. Desenvolvimento emocional e social dentro do contexto A ADOLESCÊNCIA BLINDADA32 Em um recente estudo experimental, adolescentes, estudantes universitários e adultos foram convidados para jogar on- line um jogo de direção. Os participantes que fizeram os testes sozinhos possuíam os mesmos níveis de risco na direção, seja adolescentes, estudantes universitários ou adultos. Contudo, quando eles jogaram o jogo na frente de amigos, dirigir de forma arriscada dobrou entre os adolescentes e aumentou em 50 por cento entre os estudantes universitários, mas permaneceu inalterado entre os adultos. Quando os adolescentes efetuaram a condução sozinhos, regiões do cérebro ligadas ao controle cognitivo e raciocínio foram ativadas. Já quando os amigos estavam presentes, circuitos cerebrais adicionais de recompensas de processos também foram ativados, sugerindo que, para adolescentes, os comportamentos se tornam potencialmente gratificantes – e potencialmente arriscados – na presença de colegas. A vulnerabilidade e a influência dos colegas são partes naturais e normais do desenvolvimento neurobiológico, por isso dizer aos adolescentes para não ceder à influência dos amigos pode não ser eficaz, especialmente durante o início da adolescência. Os adolescentes podem ser mais bem protegidos, tornando- os racionalmente mais conscientes de escolhas e consequências. Nesse sentido, o processo de coaching teen apresenta as melhores estratégias para ajudar jovens com sua tomada de decisão e na avaliação de riscos versus prazeres imediatos. 33A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Pontos positivos e negativos da popularidade A maioria dos pais deseja que seus filhos adolescentes sejam populares. Certamente, a maioria dos adolescentes quer ser popular também. No entanto, um estudo recente na revista Child Development sugere que estar na lista A nem sempre é o que se espera. Os adolescentes populares possuem uma variedade mais ampla de habilidades sociais do que seus amigos menos queridos, melhor autoconceito, maior capacidade de formar relacionamentos significativos com amigos e pais, e maior capacidade de resolver conflitos dentro desses relacionamentos. Mas existe um lado ruim. Eles correm maior risco de exposição a participação em quaisquer comportamentos de risco tolerados por seus amigos. A popularidade pode estar associada a níveis mais altos de abuso de álcool e substâncias e comportamento perigosos, como vandalismo e furtos em lojas. As crianças populares tendem a se dar melhor com seus amigos e familiares e parecem ter mais maturidade emocional do que outros. Essa maturidade pode ser comprometida pela necessidade de aprovação em grupo, pois os adolescentes populares estão mais dispostos a adotar comportamentos que acham que trarão ainda maior aceitação. Por este motivo, o olhar do profissional para a saúde do adolescente deve abranger adolescentes com todas as personalidades, inclusive os populares. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA34 Fale sobre limites Ser amigo não significa ser um capacho ou viver junto 24 horas por dia. Amizades precisam de limites, assim como outros tipos de relacionamentos. Saber quais são as fronteiras aceitáveis, estabelecer limites e respeitar a privacidade, além de reservar um tempo para "ficar sozinho", faz com que as amizades sejam mais saudáveis e mais fortes a longo prazo. Maneiras de ajudar os adolescentes a fazer conexões sociais saudáveis Discuta o significado da verdadeira amizade Debata com os jovens sobre o que distingue amigos verdadeiros de amigos que os colocam em riscos desnecessários. As pessoas têm muitos conhecidos, mas amigos verdadeiros podem ser presentes raros. O seu primeiro amigo verdadeiro é você. Amigos verdadeiros tentam ajudar e incentivar você, e eles ficam ao seu lado quando as outras pessoas zombam de você ou dão apoio em um momento difícil. Um amigo de verdade não o julga pelas roupas que veste ou quanto ao material barato/caro que você tem, não pressiona você a acompanhar tudo o que faz e nem induzem a fazer coisas perigosas ou ilegais ou o deixa sozinho quando as coisas ficam difíceis. Ajude os adolescentes a se envolver em coisas com as quais se preocupam Os jovens podem fazer amigos na escola, mas eles também podem formar relacionamentos por meio de interesses mútuos. Descubra no que os adolescentes são interessados: em computadores, música, dança, poesia, jogos, esportes, livros, ciência, ficção/fantasia – e ajude a iniciar um clube ou envolvê-los em organizações. Encontre exemplos de amizade Dê muitos exemplos de boas amizades em filmes, livros e músicas, e também na sua comunidade. Amizade poderia ser o tema de um clube do livro ou de um filme/série em um programa para jovens. Exponha adolescentes a modelos da vida real e depois discuta o que boas amizades têm em comum. Quais atributos ou valores essas pessoas compartilham? Promover o serviçoa outras pessoas Envolver os jovens em um projeto social é uma maneira de fortalecer amizades, tanto com pessoas da mesma idade quanto entre gerações, e estabelece conexões sociais pela busca de objetivos comuns. O serviço comunitário também promove os valores de cuidar e de bondade e ajuda os adolescentes a desenvolver um senso de empatia. Deixe que eles decidam que tipo de projeto de serviço gostariam de fazer. Ensine sobre o relacionamento entre honestidade e sutileza Amigos não colocam você para baixo – mesmo em nome da honestidade. Você pode ajudar a desenvolver as habilidades do jovem na tomada de decisão falando sobre maneiras de lidar certas situações sem prejudicar o outro. Os cenários possíveis incluem o que dizer quando alguém pergunta "Você gosta do meu novo corte de cabelo?" ou o que dizer quando um amigo ou parente menciona: "Essas roupas não ficam bem em você”. 35A ADOLESCÊNCIA BLINDADA A identidade do adolescente A ADOLESCÊNCIA BLINDADA36 O conceito de identidade A identidade é o senso de si mesmo. A adolescência é a primeira vez na vida que uma pessoa considera intensamente a questão "Quem sou eu?". A resposta para essa pergunta continuará evoluindo ao longo da vida e constitui a base de identidade pessoal, ou o senso de si mesmo. As alterações no cérebro dão aos adolescentes as ferramentas para começar a construir uma identidade pessoal. Os dois aspectos-chave da identidade são: o autoconceito e a autoestima. AUTOCONCEITO – Diz respeito ao quanto o adolescente acredita em si mesmo e é determinado pelas percepções sobre seus talentos, qualidades, objetivos e experiências de vida. O autoconceito também pode incluir crenças religiosas ou políticas. Por exemplo, o autoconceito de um adolescente pode basear-se na crença de que ele é inteligente, artístico, politicamente conservador e interessado em se tornar um médico. O autoconceito do adolescente também é influenciado pela identificação com um grupo étnico e as experiências que ele ou ela tem como resultado dessa conexão. AUTOESTIMA – Como o adolescente se sente em relação ao seu autoconceito. Ou seja, ele tem alta consideração por quem é? A autoestima é afetada pela sensação de aprovação dos pais e outros adultos, o nível de apoio recebido dos amigos e da família e sucesso pessoal. Índices mais baixos de autoestima são normais durante a adolescência, particularmente no início (em torno do Ensino Médio), e se torna mais estável à medida que adolescentes envelhecem. Durante a segunda década de vida, jovens estão descobrindo seu autoconceito e sua autoestima, em parte, por meio de cinco tarefas de desenvolvimento: • tornar-se independente; • alcançar domínio ou senso de competência; • estabelecer status social; • experimentar intimidade; • determinação da identidade sexual. Desde o nascimento, as crianças começam a desenvolver autonomia ou capacidade de pensar e agir de forma independente. Durante a adolescência, alcançar autonomia significa tornar-se uma pessoa desassociada dos pais. 37A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Trabalhar nesse período da adolescência essas questões de autonomia é necessário para o adolescente se tornar autossuficiente nos anos posteriores. É importante lembrar que os jovens estão dando passos em direção à independência, mas não são qualificados em autonomia. Como já vimos, as partes do cérebro que controlam o raciocínio, o planejamento e a resolução de problemas não estão totalmente desenvolvidas em adolescentes, de forma que eles ainda são incapazes de avaliar com precisão os riscos de uma situação. Para ajudar os adolescentes, um adulto precisa ser essa figura consistente que fornece e mantém limites seguros em que eles possam praticar sua independência e habilidades. Os limites seguros incluem claramente definir e impor regras claras de responsabilidade pelo comportamento. As regras tendem a ser aplicadas com sucesso quando são explícitas, práticas, apropriadas à idade e acordadas por ambos os adultos e os adolescentes envolvidos. Por exemplo, enfatizar o que fazer em dada situação, em vez de focar sobre o que não fazer ou fazer ameaças. Autonomia física é a capacidade de fazer as coisas por conta própria, além da família. À medida que os adolescentes ganham autonomia física, eles assumem mais responsabilidades, como organizar o próprio material de estudo, cuidar da grade de horários e provas, resolver certos problemas burocráticos sozinhos, entre outros. Autonomia psicológica é a capacidade de exercer independentemente o julgamento e descobrir os próprios princípios do certo e do errado. Os adolescentes começam a afirmar suas próprias opiniões e apontam quando os adultos próximos cometem erros. À medida que desenvolvem autonomia ou independência, os adolescentes exercitam sua capacidade crescente de agir por meio de suas próprias decisões e formular seus próprios princípios de certo e errado. Identidade saudável é derivada em parte do aprendizado dos jovens em confiar na sua capacidade de tomar escolhas para si mesmos. Existem dois tipos de autonomia: física e psicológica. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA38 Ensinando empatia Empatia é a capacidade de se identificar as preocupações e os sentimentos de outra pessoa. A empatia é a base da tolerância, da compaixão e da capacidade de diferenciar certo do errado. Ser empático motiva os adolescentes a cuidar daqueles que estão abalados ou perturbados. Maneiras de ajudar a criar empatia em um adolescente: • Demonstre tolerância e generosidade em seus pensamentos, palavras e ações; • Participe ativamente de organizações religiosas ou sociais que se concentram em ações e questões maiores que você; • Ajuste seus próprios comportamentos empáticos e aja para ajudar outras pessoas, para que os adolescentes possam copiar suas ações; • Amplie o vocabulário emocional de um jovem nomeando os "sentimentos”, como "Seu amigo parece realmente (ansioso, louco, desanimado)". Você pode também apontam sinais de sentimentos não verbais para um adolescente; • Ensine empatia e conscientização de questões importantes, como ajudar os jovens a entender, no nível emocional, as consequências negativas do preconceito; • Converse com um jovem sobre como seu próprio sofrimento pode levar à compaixão por outros adolescentes que experimentam o mesmo sofrimento; • Faça o jovem se colocar no lugar do outro com perguntas do tipo: O que você sentiria se fosse essa pessoa? Como você acha que essa pessoa se sente? Definir limites não significa dizer a um adolescente como pensar ou sentir ou envergonhá- lo, dizendo que a sua forma pensar em um assunto está errado ou é "ruim", o que impede o seu desenvolvimento saudável. Adolescentes que relatam que seus pais não dão a autonomia de pensar por si e sentir suas próprias emoções são mais propensos a depressão e vícios. 39A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Ensinar aos jovens competências É essencial que os adolescentes ganhem um senso de competência, a capacidade de dominar algo que outros valorizam. Durante a adolescência, haverá um esforço para provar as competências na escola, nos esportes, na esfera social, com relacionamentos com colegas e familiares. Um amplo corpo de pesquisa indica que os adolescentes que pontuam alto em medidas de competência percebida são menos suscetíveis a efeitos negativos no comportamento, correm menos riscos e não sofrem de depressão. Eles geralmente lidam melhor quando estão sob estresse. Durante todo o processo de coaching teen, as ferramentas conduzem o adolescente a essa autodescoberta, tão essencial para o desenvolvimento saudável. A partir de ferramentas exclusivas para esse público (e portanto mais atrativas), os adolescentes são incentivados a testar seus interesse, encontrar habilidades e talentos e se sentir motivados a agir para atingir autonomia. Em vez de resolver problemas dos adolescentes ou dizer a eles o que fazer, o coaching teen os ajuda por meio de decisõesmais assertivas em relação à sua vida. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA40 Estabelecendo status: Onde eu me encaixo? Uma das muitas contradições fascinantes na adolescência é que os adolescentes desejam independência e, ao mesmo tempo, têm uma profunda necessidade de se encaixar e pertencer. Por um lado, os jovens podem chorar e dizer: "Deixe-me em paz", mas por outro buscam grupos com os quais sentem afinidade – os geeks, os atletas, os nerds, e assim temos uma lista enorme. Esse aparente comportamento contraditório é uma parte previsível do processo de formação de identidade. A aceitação social pelos pares desencadeia emoções positivas mais fortes (uma "resposta de recompensa" maior) durante a adolescência do que em idade adulta. Fazer parte de um grupo oferece aos adolescentes oportunidades de aprender e praticar os novos papéis que irão assumir como membros adultos da sociedade. Adolescentes muitas vezes se sentem inseguros sobre o futuro e é mais fácil suportar essa ambiguidade quando compartilhada com jovens passando pelas mesmas experiências. Se pertencer a um grupo é saudável, o que os profissionais especialistas em adolescentes precisam trabalhar é a motivação para pertencer. Ela vai influenciar, inclusive, o quão prontamente os adolescentes podem ceder à pressão dos colegas e quanto de influência o grupo terá nas suas vidas. Curiosamente, adolescentes populares também são suscetíveis de se deixar influenciar pelos amigos porque racionalizam que precisam manter sua posição no topo da pirâmide social. Por isso, para impressionar, eles podem ter mais comportamentos de risco, como fumar, beber ou fazer sexo sem proteção. Alguns estudos relatam que um sólido senso de pertença ao grupo étnico e suas tradições, referido como identidade étnica, está associado a muitos benefícios, como alta autoestima e o alto desempenho escolar. Estudos também descobriram que uma identidade racial positiva protege os adolescentes negros contra o dano psicológico ou emocional de discriminação racial. Estar em um grupo e compartilhar experiências positivas da sua cultura fazem com que as mensagens e experiências negativas resultantes do preconceito e da discriminação sejam atenuadas. Mensagens que enfatizam orgulho étnico, história e tradições ajudam a promover a identidade positiva, assim também como expor os adolescentes a livros, músicas, filmes e histórias relacionadas a sua raça, herança cultural e experiência. Pais adotivos de crianças de outra raça ou etnia podem precisar obter apoio 41A ADOLESCÊNCIA BLINDADA externo para ajudá-los a desenvolver uma identidade étnica positiva. Adolescentes minoritários são mais propensos a usar estratégias ineficazes quando os pais não falam abertamente com eles sobre discriminação. Lidando com a pressão dos amigos Responsabilidade e colaboração Se os adolescentes forem tratados como responsáveis pelos adultos importantes em suas vidas, eles geralmente se comportam de maneira responsável com seus amigos. Ouça suas ideias, permita que tomem decisões e desenvolva uma apreciação saudável por sua perspectiva. A pressão dos colegas é vital Os adolescentes não são os únicos influenciados pela pressão dos colegas; todos nós enfrentamos no local de trabalho, com nossos amigos e familiares e até mesmo em nossas comunidades. Use suas experiências para ajudar os adolescentes a ver que tomar decisões geralmente significa fazer malabarismos com pressões e expectativas alheias. O poder do planejamento futuro Os adolescentes geralmente decidem o que fazer no calor do momento, porque suas habilidades de pensamento futuro ainda não estão totalmente desenvolvidas. Discuta possíveis situações e cenários de risco com antecedência e incentive os adolescentes a considerar estratégias para lidar com eles. FONTE: Steinberg, L. and Levine, A. (1997). You and your adolescent. New York: Harper Perennial, p. 191-193. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA42 Intimidade: Amar e se sentir amado Como qualquer outra pessoa, adolescentes precisam saber que são amados pelos pais e outros adultos. Eles também precisam ter certeza de que são capazes de dar e receber carinho em amizades estreitas. Jovens que foram criados em famílias nas quais a proximidade está ausente ou em que o relacionamento interpessoal é distorcido podem ter uma dificuldade considerável em aprender e se sentir confortável em falar sobre o que sente e se expressar para os outros, dois aspectos importantíssimos para a construção da saúde juvenil. As amizades são os principais ambientes em que os jovens praticam as habilidades de intimidade envolvidas em iniciar, manter e terminar relacionamentos. Dentro das amizades, os adolescentes aprendem (ou praticam) o que significa ser confiável, honesto e atencioso com colegas da mesma idade. Quando os adolescentes experimentam essa nova identidade, os amigos são instrumentos de feedback valioso. Embora a relação de intimidade passe da convivência familiar para os amigos, o apoio emocional e a orientação de adultos (especialmente os pais) permanecem cruciais durante a adolescência. Quando o adolescente se sente amado e aceito pelos pais, consegue construir uma identidade forte. Ao contrário, quando o amor não é percebido, o adolescente passa a querer se afirmar de outras maneiras, podendo aderir a comportamentos perigosos para procurar a prova do próprio valor. Dentro do processo de coaching teen, é essencial que o profissional identifique a percepção de amor do adolescente, de modo a fazer com que ele tenha uma visão mais realista do amor dos pais. Em alguns casos, é extremamente benéfico conscientizar os pais para que eles possam demonstrar amor de forma mais perceptível aos seus filhos adolescentes. 43A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Identidade sexual: Quem sou sexualmente? A adolescência marca a primeira vez que jovens experimentam sentimentos sexuais e são cognitivamente maduros o suficiente pensar em sua sexualidade. A identidade sexual é a identificação de alguém com um sexo e com uma orientação sexual: • Identidade de gênero (masculino / feminino) pode diferir do biológico de uma pessoa sexo (masculino / feminino). • Orientação sexual (heterossexual / bissexual / lésbica / gay / transexual) baseia-se na consciência de ser atraídos pelo mesmo sexo ou sexo oposto. A identidade sexual não é simplesmente em qual dessas categorias o jovem acredita que se enquadra, mas também como ele se identifica como membro de um grupo. Como em todas as outras áreas de desenvolvimento, o processo de formação da identidade sexual pode ser desigual, fora de sincronia, e, portanto, possivelmente confuso. O quanto os adolescentes são educados e expostos à sexualidade influencia como se sentem sobre sua identidade sexual. Pode parecer assustador para os pais, mas os adolescentes podem considerar uma ampla gama de orientações ou comportamentos sexuais antes de estabelecer a identidade sexual que os definirá na vida adulta. A experimentação (incluindo com o mesmo sexo) é uma maneira comum que os adolescentes adotam para entender as diferentes identidades sexuais para ver em qual se encaixa. A formação da identidade é um processo interativo, significando que os adolescentes tentam repetidamente respostas diferentes para a pergunta Quem sou eu? Em alguns pontos do processo, eles são firmes em sua resolução, e em outros pontos eles se sentem inseguros. Ao formar uma identidade, os adolescentes podem questionar suas paixões, valores e crenças espirituais e também examinar seus relacionamentos com família, amigos, interesses românticos e adultos. A formação da identidade do adolescente difere em contextos, porque os adolescentes muitas vezes se veem de uma maneira quando estão com pais e professores e outra maneira quando estão com seus amigos. Não importa qual seja o contexto, os adultos podem facilitar o processo de autodefinição, fornecendouma base de proteção segura a partir da qual os jovens possam explorar sua identidade e, como falamos no começo deste GUIA, essa base é criada de forma interdisciplinar. A ADOLESCÊNCIA BLINDADA44 O coaching teen e a eficácia com adolescentes Descobrimos, a partir dos capítulos anteriores, que o desenvolvimento do cérebro ainda não está completo. Isso torna a adolescência um terreno fértil para potencial para aprendizados, mas com tendências a correr riscos e querer recompensas imediatas igualmente potencializadas. A manutenção de uma adolescência saudável, que compreende uma neurose de crescimento moderada, depende do quanto o adolescente se sente apoiado para trilhar esse caminho. Com tantas variáveis do mundo moderno, tecnologias e informações rápidas, falta de tempo e muitas opções, cada vez mais se fazem necessárias práticas pontuais e específicas que ensinem o adolescente a continuar nos trilhos, percorrendo um caminho mais assertivo para escolhas, influências e autoimagem. É necessário um trabalho conjunto que ampare o adolescente nas diversas frentes, seja por meio das instituições e sistemas ou de iniciativas individuais. Dentro do cenário atual, o coaching teen se mostra extremamente eficiente na condução e manutenção de uma juventude saudável, em que a neurose moderada não progrida para intensa ou exacerbada. Os pais que se conscientizam para buscar ajuda aos filhos adolescentes imediatamente ao perceberem que não estão conseguindo lidar sozinhos com as variáveis que a adolescência demanda estarão garantindo uma adolescência menos traumática e com mais aprendizados para a vida. O coaching teen favorece tanto profissionais que desejam aplicar as ferramentas em processos individuais com adolescentes quanto profissionais envolvidos no sistema, como assistentes sociais, professores, diretores de escola, coordenadores pedagógicos. Além de trazer uma abordagem mais rápida e eficaz para profissionais de outras áreas, como psicólogos, psicopedagogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, entre outros. Os profissionais credenciados da Parent Coaching Teen devolvem ao jovem a capacidade exercer a liderança em sua vida, bem como na escola, em casa e na sua comunidade. É um protagonismo essencial para os dias em que vivemos, para restaurar o equilíbrio da sociedade através dos que, em breve, ingressarão no mercado de trabalho e contribuirão econômica e socialmente para o mundo. É usar o que a psicologia positiva e a psicologia do esporte já descobriram em prol da vida e de escolhas melhores. É devolver o equilíbrio na medida certa, não para tirar do jovem a ousadia e a liberdade, mas ensiná-lo a vivê-las de modo a não se prejudicar e nem aos outros. 45A ADOLESCÊNCIA BLINDADA É ajudar o jovem a olhar para dentro. Existe um mundo a ser explorado, desconhecido e assustador, novo e fascinante. O programa Parent Coaching Teen funciona porque está orientado para o atendimento dos jovens e foi construído dentro de conceitos sólidos e muita pesquisa. E é com imenso prazer e satisfação que convidamos você a se tornar parte desse movimento em prol de uma adolescência inteira, consciente e emocionalmente equilibrada. Quero saber mais sobre o Ou entre em contato conosco no WhatsApp: 11 99696-0373 https://clkdmg.site/campaign/ebook A ADOLESCÊNCIA BLINDADA46 Se você chegou até esta página, parabéns. Isso significa que você é um profissional preocupado com os nossos adolescentes e quer obter o maior número de informações sobre o tema. Por isso, eu tenho um desafio para você. Como apontamos, o nosso objetivo é reunir o maior número de profissionais nessa causa maior que é a adolescência saudável. Para sabermos se a informação compartilhada é relevante (e continuarmos a gerar ainda mais conteúdo), mande um e-mail para contato@jacquelinevilela.com. br contando como este Ebook ajudou na sua missão e como você pretende usar esses ensinamentos (ou já usa) na sua rotina profissional. Você concorrerá a prêmios, como livros, cursos e palestras, e ainda nos ajudará a melhorar cada dia mais. Desafio Posso contar com você? Estou esperando o seu e-mail! mailto:contato%40jacquelinevilela.com?subject= 47A ADOLESCÊNCIA BLINDADA Jacqueline Vilela é mãe da Bianca, 11 anos, esposa do Alexandre. Fundadora da Parent Coaching Brasil, empresa pioneira em formação de profissionais parentais e criadora do método SER. Formada em Parent Coaching pela ACPI – Academy for Coaching Parents International (EUA). Administradora de empresas, com MBA em Coaching e Certificação de Master Coach. Autora dos Livros “Meu Filho Cresceu, e Agora”, “Pare o Mundo que Eu Quero Descer” e “Detox Digital”. Acesse www.parentcoachingbrasil.com.br para saber mais. Sobre a criadora do Método Parent Coaching Teen http://www.parentcoachingbrasil.com.br A ADOLESCÊNCIA BLINDADA48 ALLEN, J. P.; PORTER, M. R.; McFARLAND, F. C. The two faces of adolescents’ success with peers: adolescent popularity, social adaptation, and deviant behavior. Child Development, 2005. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1551978/ McNEELY, Clea; BLANCHARD, Jayne. The Teen Years Explained: A Guide to Healthy Adolescent Development. Centro de Saúde do Adolescente em Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, 2009. NÁSIO, J.-D. Como agir com um adolescente difícil? Rio de Janeiro: Zahar, 2011. STEINBERG, L.; Levine, A. You and your adolescent. New York, NY: Harper Collins, 1997. SELIGMAN, Martin. Authentic Happiness. Basic Books, 2002. SIEGEL, Daniel J. Cérebro Adolescente. São Paulo: nVersos, 2016. SMITH, Stephen M.; FANNING, Shaun. Who Do You Think You Are?: Three Crucial Conversations for Coaching Teens to College and Career Success. Wiley, 2017. WOLIN, Steven J.; WOLIN, Sybil. The Resilient Self: How Survivors of Troubled Families Rise Above Adversity. New York: Villard Books, 1993. Bibliografia Créditos das imagens Capa: Halfpoint / Istockphoto Ebook: FreeImages https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1551978/
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