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ARTIGO-EDUCAÇÃO E SOCIEDADE-JOAO ANDRRE AMORIM FERREIRA

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EDUCAÇÃO E SOCIEDADE 
Teoria e Prática 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
DIREÇÃO EDITORIAL: Willames Frank 
DIAGRAMAÇÃO: Willames Frank 
DESIGNER DE CAPA: Willames Frank 
 
O padrão ortográfico, o sistema de citações e referências bibliográficas 
são prerrogativas do autor. Da mesma forma, o conteúdo da obra é de 
inteira e exclusiva responsabilidade de seu autor. 
Todos os livros publicados pela Editora Phillos estão sob os 
direitos da Creative Commons 4.0 
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR 
2020 Editora PHILLOS ACADEMY 
Av. Santa Maria, Parque Oeste, 601. 
Goiânia-GO 
www.phillosacademy.com 
phillosacademy@gmail.com 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 
S159p 
 
BARROS. André Luís de Almeida; BRANDÃO. Hugo, 
 
Educação e Sociedade: teoria e prática. [recurso digital] / André Luís de 
Almeida Barros, Hugo Brandão (Orgs). – Goiânia-GO: Editora Phillos 
Academy, 2021. 
 
ISBN: 978-65-88994-57-3 
Disponível em: http://www.phillosacademy.com 
1. Educação. 2. Filosofia. 3. Ensino Médio. 4. Ensino 
5. Aprendizagem. I. Título. 
 
 CDD: 370 
 
Índices para catálogo sistemático: 
Educação 370 
 
 
https://www.cblservicos.org.br/servicos/meus-livros/visualizar/?id=4b42c3e8-1520-ec11-b6e6-00224837afbb
5 
 
André Luís de Almeida Barros 
Hugo Brandão 
(Orgs.) 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO E SOCIEDADE 
Teoria e Prática 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Direção Editorial 
 
Willames Frank da Silva Nascimento 
 
 
Comitê Científico Editorial 
 
 
Dr. Alberto Vivar Flores 
Universidade Federal de Alagoas | UFAL (Brasil) 
 
Drª. María Josefina Israel Semino 
Universidade Federal do Rio Grande | FURG (Brasil) 
 
Dr. Arivaldo Sezyshta 
Universidade Federal da Paraíba | UFPB (Brasil) 
 
Dr. Dante Ramaglia 
Universidad Nacional de Cuyo | UNCUYO (Argentina) 
 
Dr. Francisco Pereira Sousa 
Universidade Federal de Alagoas | UFAL (Brasil) 
 
Dr. Sirio Lopez Velasco 
Universidade Federal do Rio Grande | FURG(Brasil) 
 
Dr. Thierno Diop 
Université Cheikh Anta Diop de Dakar | (Senegal) 
 
Dr. Pablo Díaz Estevez 
Universidad De La República Uruguay | UDELAR (Uruguai) 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO ................................................................................. 8 
Capítulo 1 ................................................................................................ 11 
AS RELAÇÕES SOCIOFILOSÓFICAS NO ENSINO MÉDIO 
João André Amorim Ferreira 
Capítulo 2 ................................................................................................ 29 
ANÁLISE DO DISCURSO E A PESQUISA DOCUMENTAL: 
Caminhos para pesquisa filosófica em educação 
Thiago Pessoa Prudente 
Capítulo 3 ................................................................................................ 58 
A ORALIDADE NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO DO 
CAMPO: ESTUDO DE CASO DAS ESCOLAS PÚBLICAS DA 
CIDADE DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO (PE) 
Maricleide Maria de Farias Silva 
Juliana Maria Lima Coelho 
Tarciana Cecília de Souza Ferreira 
Capítulo 4 ................................................................................................ 85 
ENSINO DE FILOSOFIA, APRENDIZAGEM 
COLABORATIVA E INTERAÇÃO NO ÂMBITO DA EAD 
Thiago Pessoa Prudente 
Cleide Jane de Sá Araújo Costa 
Walter Matias Lima 
Capítulo 5 .............................................................................................. 105 
O PROBLEMA DA TÉCNICA NA ÉTICA AMBIENTAL: 
INCIDÊNCIA PEDAGÓGICA DA RESPONSABILIDADE E 
DA PRECAUÇÃO 
Renata Rodrigues da Costa 
José Lucas de Omena Gusmão 
Capítulo 6 .............................................................................................. 135 
A META 11 DO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E O 
ATUAL CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NOS 
ESTADOS DE ALAGOAS, PERNAMBUCO E SANTA 
CATARINA 
André Luis de Almeida Barros 
Antonio Iatanilton Damasceno de França 
Sandro Soares Diniz 
 
8 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Tratando-se de educação, não é difícil reconhecer 
que constitui fenômeno social complexo e universal, 
inserido na trajetória humana, da Pré-História aos dias 
atuais. 
Essencialmente relacionada à capacidade de 
trabalhar, traço inerente e exclusivo da espécie humana, a 
aptidão para conhecer determinou, e determina, as formas 
de produção, reprodução e sofisticação dos processos de 
trabalho, condicionando e transformando as relações 
sociais como um todo, funcionando como catalizador e 
motor da subsistência e da cultura. 
E, esse dito conhecimento, não se deve entender 
noutro sentido, senão enquanto produção, acúmulo, 
sofisticação e transmissão de conhecimentos acerca da 
natureza e da própria espécie cuja finalidade última é a 
continuidade do gênero humano. Afinal, o homem é o ser 
que trabalha e que conhece, sendo difícil determinar até que 
ponto tais aptidões são causa e consequência recíprocas. 
Quem poderia, pois – sem incorrer em imprecisão ou 
redundância – afirmar que o homem trabalha, porque 
conhece ou que conhece, porque trabalha? 
Quanto às relações sociais voltadas ao trato do 
conhecimento, estas devem viabilizar o aperfeiçoamento 
cultural direcionado à valorização da espécie. Nesse sentido, 
a educação deve visar à eliminação das causas dos conflitos 
que assolam a humanidade no curso da história. Tal 
condição implica rechaçar processos educacionais que 
promovam uma continuidade de cunho reprodutivista. 
9 
 
Assim, na atualidade, a superação dos conflitos urge como 
meta fundamental para a educação... 
Nesse contexto, a presente obra traz breves 
contribuições especialmente voltadas à reflexão de 
questões relativas à educação básica no Brasil atual. À 
escola, contemporaneamente consagrada como lugar onde 
se materializa o direito fundamental à educação, cabe a 
tarefa basilar de desenvolver nos alunos a capacidade de 
compreensão da realidade. 
Com efeito, a educação básica lida com sujeitos em 
formação, aos quais deve proporcionar a melhor 
concepção acerca da natureza e da sociedade como 
dimensões gerais, essenciais e irrecusáveis da realidade 
humana. Assim, fomentar a melhor compreensão de 
mundo, incluindo a melhor percepção de si mesmo, no 
sentido da construção da autonomia, deve ser o maior 
compromisso dos profissionais da educação em face dos 
alunos. Para alcançar esse fim, a Pedagogia, como ciência 
da educação, tem papel fundamental, destinando-se a 
investigar objetos e meios necessários à formação de 
sujeitos autônomos. 
É preciso destacar, portanto, que, acima e além do 
desenvolvimento tecnológico, não se deve descuidar do 
homem, do sujeito do conhecimento, do operador e 
destinatário dos recursos tecnológicos. Esse homem que é 
sujeito historicamente situado, mais ainda, sócio e 
economicamente condicionado, o ser que é consciente de 
si e do tempo e que deve ser educado para ser consciente 
de seu tempo, de suas determinações mediante a apropriação das 
melhores realizações do gênero humano. 
10 
 
Esse ser que desde o desencadear do processo 
civilizatório, atravessou Eras na mediação transformadora 
que segue sua eterna marcha ao porvir. Esse a quem não 
se pode olvidar, que não deve olvidar-se de si como sujeito 
do conhecimento, da história e da sua própria história, 
construída incessantemente no plano concreto das práticas 
sociais orientadas pelo saber. É preciso, então, questionar 
as práticas e saberes dominantes e, especialmente, 
conceber quais os saberes necessários a realização das 
melhores práticas e relações possíveis. 
 
Os organizadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Capítulo 1 
 
AS RELAÇÕES SOCIOFILOSÓFICAS NO 
ENSINO MÉDIO 
 
João André Amorim Ferreira 
 
 
RESUMO 
 
Tanto a Filosofia quanto a Sociologia são tratadas 
como disciplinas obrigatórias no Ensino Médio, devendo 
ser tratadas como condições integrantes desucesso para 
projetos transversais com outras disciplinas, fundamentais 
para o pleno desenvolvimento do educando. Este artigo 
tem como finalidade analisar os aspectos que envolvem as 
relações filosóficas e sociológicas no Ensino Médio. Foi 
realizada uma pesquisa bibliográfica a partir do 
levantamento dos principais autores: Almeida (2007); Del 
Prette e Del Prette (1996); Santos (2002); Schwartzman 
(2005); Stoltz (2011); Trindade e Menezes (2009) e 
Vasconcelos (2011), de modo a compreender os 
fundamentos filosóficos e sociológicos da educação e 
analisar como a Filosofia e Sociologia podem ser 
implementadas projetos inovadores no Ensino Médio. A 
pesquisa indica que a permanência destas disciplinas no 
Ensino Médio permite o fortalecimento de valores 
culturais, éticos e morais, onde os sujeitos estarão mais 
aptos a adquirirem noções mais conscientes de suas 
práticas enquanto cidadãos. 
12 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
No Ensino Médio, a Filosofia e a Sociologia 
atualmente são disciplinas obrigatórias fundamentais para 
os projetos transversais, uma vez que são complementares 
a outras disciplinas, contribuindo significativamente com o 
pleno desenvolvimento do educando. No entanto, a 
obrigatoriedade nem sempre pode ser observada, pois, as 
mesmas haviam sido banidas do currículo educacional 
brasileiro desde 1971, sendo novamente inseridas no ano 
de 2008 a partir da Lei nº 11.684. 
Embora a legislação reconhecesse a importância 
das disciplinas para a construção da identidade dos alunos 
enquanto cidadãos brasileiros, a lei careceu de propostas 
mais eficientes e realistas, deixando à escolha das 
instituições de ensino às três séries que os conteúdos 
deveriam ser aplicados. 
Com isso, a problemática deste estudo parte da 
necessidade de compreender verdadeiramente o papel das 
disciplinas de Filosofia e Sociologia para o 
desenvolvimento integral do sujeito, considerando a 
construção de sua identidade enquanto cidadão e reflexão 
sobre os de valores e princípios de ética e da moral, 
solidariedade e democracia, criticidade social e político-
ideológico. 
A hipótese que este trabalho busca comprovar é 
que a permanência da Filosofia e da Sociologia no 
ambiente educacional é fundamental para que os alunos 
possam desenvolver uma postura mais crítica, sendo 
fundamental ainda para a compreensão do 
13 
 
comportamento do ser humano enquanto sujeito nas 
relações sociais e a multipluralidade que envolve seu 
ambiente de socialização a partir de sua própria 
cosmovisão. 
Diante dessa esfera sociofilosófica, este estudo 
busca analisar os aspectos que envolvem o ensino de 
filosofia e sociologia no Ensino Médio. 
Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica 
através de livros, artigos científicos de bases de dados 
reconhecidas e periódicos que abordam o assunto, 
proporcionando o conhecimento aprofundado necessário 
para a conclusão deste estudo. 
 
FILOSOFIA PARA QUÊ? 
 
Conforme relata Stoltz (2011) até os anos 90, o 
Brasil mantinha políticas públicas educacionais 
insuficientes para proporcionar o desenvolvimento 
socioeconômico do país consistente, sendo necessária a 
elaboração de propostas mais efetivas direcionadas ao 
atendimento das necessidades da classe mais baixa. 
Entretanto, os benefícios não foram colhidos pela 
população mais carente, pois, houve apenas a melhoria da 
acessibilidade nas escolas públicas, não impactando na 
qualidade das propostas pedagógicas, principalmente no 
ensino público. 
A educação na sociedade contemporânea 
enfrentou mudanças significativas com o desenvolvimento 
e modernização das políticas públicas voltadas para a 
educação iniciada no final do século XIX, vindo a se 
fortalecer no século XX, com o crescimento político, social 
14 
 
e econômico. A partir daí o país passou a manter propostas 
pedagógicas, a fim de reconstruir a sociedade brasileira, 
considerando a perspectiva de que uma educação com 
qualidade seria capaz de formar cidadãos mais conscientes 
(TRINDADE; MENEZES, 2009). 
Sem dúvida que o ensino se tornou uma prática 
social, onde grandes e contínuas transformações, culturais, 
políticas, sociais e tecnológicas, exigem que alguns 
comportamentos pedagógicos precisem ser imediatamente 
sofisticados para formar integralmente o aluno, buscando 
assim a construção do conhecimento contextualizado e 
reflexivo. Óbvio que isto permite o desenvolvimento de 
inúmeras vias de oportunidades e de aprendizagem, tanto 
para os alunos quanto para todos os profissionais da 
educação (SCHWARTZMAN, 2005). 
A aprendizagem precisa de definições mais 
complexas, principalmente quando relacionada às relações 
existentes entre as grandes estruturas das instituições 
educacionais e as necessidades da atual sociedade. Percebe-
se que quando são formados cidadãos mais conscientes de 
suas funções, os projetos com atividades educacionais são 
considerados mais eficientes, sendo a Educação 
importante instrumento para o desenvolvimento social e 
cultural (VALLE et al, 2009). 
A aprendizagem significativa na modernidade está 
voltada para o desenvolvimento da vontade de aprender 
dos alunos, porém, isto não depende apenas de suas 
vontades próprias, mas também de inúmeras ações 
didáticas e projetos com atividades que permitam 
condições agradáveis e favoráveis para conseguir o 
conhecimento no ambiente educacional que permitirá uma 
15 
 
vivência através de seu processo de aprendizagem e de 
ensino. A probabilidade perante as habilidades do docente 
e de estratagemas pedagógicos tem sido bastante 
observada no debate desta questão. 
Cabe afirmar que cada aluno é capaz de realizar 
uma filtragem dos conteúdos e das informações 
importantes e significativas para si próprio. A partir deste 
objetivo, o aluno conseguirá a aprendizagem, passando a 
se manter devidamente assimilado com a construção de 
ideias científica, sendo possível organizar as inúmeras áreas 
do conhecimento que deseja aprimorar e compreender no 
universo de pesquisa que está ao seu redor. 
Neste sentido, especificamente no que se 
menciona ao conhecimento filosófico, Viero, Trevisan, 
Conte (2004, p. 93) relatam que: 
 
[...] a filosofia da educação surgiu do forte vínculo 
entre a filosofia e a pedagogia estabelecida no 
decorrer dos anos, pois a filosofia, preocupada com 
as formas do conhecimento perfeito, orientou o 
homem segundo a razão, inferindo um pensamento 
pedagógico que busca a perfeição. Assim, percebe-
se a disciplina sendo marcada pela história do 
pensamento filosófico, com fundamentos e 
objetivos voltados aos entendimentos da tradição. 
 
De modo geral, Vasconcelos (2011, p. 10) afirma 
que a Filosofia da Educação “lida, na verdade, com 
questões aparentemente muito simples, mas que se 
revelam complexas, uma vez que a levamos a sério”. Estas 
questões investigam os aspectos históricos e atuais que 
impactam na construção dos elementos educacionais. 
16 
 
Para Nogueira (2009) os fundamentos filosóficos 
da educação são os pilares que sustentam as políticas 
pedagógicas, já que possuem a finalidade de proporcionar 
a reflexão e crítica dos conteúdos que precisam ser 
melhorados, sendo possível transformar a realidade dos 
aprendizes. Quando estes fundamentos se encontram 
inseridos, na prática docente, auxiliam na avaliação de 
estratégias e projetos que visam o aprendizado efetivo, 
demonstrando os benefícios das práticas educativas para o 
sujeito. 
Diante deste contexto, Santos (2007) afirma que a 
educação na contemporaneidade permanece embasada em 
uma perspectiva construtivista, onde o docente, enquanto 
educador busca a produção de conhecimento por meio das 
aquisições de experiências, permitindo o crescimento 
humano. Isto não significa que é preciso garantir 
unicamente a dimensão pedagógica. Entretanto, é essencial 
haver a produção de saberes participada, onde o professorserá capaz de assumir o processo educativo de forma 
interativa e dinâmica. O docente poderá então trocar 
experiências com seus alunos e partilhar conhecimentos 
suficientes para desenvolver ambientes de 
desenvolvimento mútuo. 
O construtivismo exige que o professor esteja 
preparado e capacitado para fornecer atividades e 
problemáticas que instiguem o aluno a se desenvolver e 
crescer. É indispensável que os professores mantenham os 
conhecimentos científicos dentro de sua área de atuação, 
mantendo ainda os saberes voltados para a prática da 
docência e para a construção do conhecimento, essenciais 
17 
 
para que este profissional possa conhecer sua própria 
atuação no ambiente educativo (SANTOS, 2007). 
Além disso, o construtivismo auxiliará na 
superação dos desafios encontrados no ambiente escolar 
que podem prejudicar o desenvolvimento dos alunos, pois, 
os professores desenvolverão uma postura mais crítica-
reflexiva, pontuando o que deve ser mudado e quais 
estratégias poderão ser praticadas para melhorar a 
realidade da escola. 
De acordo com Nogueira (2009) as bases 
Sociológicas e Filosóficas da Educação partem do 
raciocínio de que as instituições escolares precisam 
disponibilizar profissionais, conteúdos e instrumentos 
didáticos que fazem parte da sociedade moderna, 
facilitando o engajamento dos alunos em sala de aula. 
Com isso, a Sociologia e a Filosofia propõem que 
o aprendizado seja praticado através de medidas dinâmicas, 
porém rigorosas, permitindo o envolvimento do aluno nas 
diversas teorias humanas, havendo o alcance de sensos 
comuns para a construção de debates e questionamentos 
que proporcionem o crescimento. Quando voltada para a 
educação, a filosofia determina que as reflexões sejam 
realizadas a partir das teorias, princípios e práticas 
pedagógicas (ALVES, 2002). 
Na visão de Nogueira (2009) a Filosofia é uma 
disciplina indispensável para os professores, pois, auxiliam 
na avaliação do desempenho dos alunos, propiciando o 
conhecimento necessário para realizar julgamentos 
coerentes e justos. Para o autor esses fundamentos 
apresentam importante papel na formação do homem 
18 
 
contemporâneo, fornecendo o saber a respeito do 
processo de socialização dos sujeitos. 
O ensino de filosofia possui a função de propor um 
aprendizado do pensamento através de métodos rigorosos, 
aumentando o potencial do pensamento em questionar as 
teorias alcançando um nível acima do senso comum, 
formando um indivíduo completamente apto a lidar com 
o realismo que o cerca. Quando voltada para a educação, a 
filosofia determina que as reflexões sejam realizadas a 
partir das teorias, princípios e práticas pedagógicas. 
Os fundamentos sociológicos influenciam 
diretamente a prática docente, já que o papel do professor 
no processo de inserção envolve a organização dos 
conhecimentos e experiências divulgados entre os alunos 
que contribuirão para que os mesmos possam desenvolver 
suas capacidades. Com isso, o docente se torna o 
responsável por liderar as ações educativas do grupo, 
sendo um agente moralizador que busca a harmonia da 
relação em grupo. 
Através destes fundamentos é possível identificar 
novas oportunidades de problematização sociológica das 
ações e realidades educativas, ampliando os 
questionamentos exercidos em sala de aula acerca da 
construção do conhecimento. Com isso, os professores 
poderão se tornar muito mais reflexivos em relação às 
estratégias didáticas adotadas, identificando os desafios 
que precisam ser superados para colocar em prática os 
conteúdos programáticos. 
 
 
19 
 
PERMANÊNCIA DA FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NO 
CURRICULO DO ENSINO MEDIO 
 
Por sua vez, Santos (2002, p. 05) relata que a 
permanência da Sociologia no ambiente em sala de aula é 
capaz de contribuir para que o aluno desenvolva 
“capacidades de observação, análise e síntese que 
possibilitam o entendimento dos fundamentos das 
relações sociais, em especial, aquelas geradas pelas 
mudanças na produção, no conhecimento e no mundo do 
trabalho”. 
No entanto, para que a permanência de ambas as 
disciplinas no Ensino Médio seja eficaz e produtiva, torna-
se fundamental a reforma educacional, deixando as 
propostas pedagógicas mais dinâmicas, flexíveis e práticas, 
para assim, atuar na formação de cidadãos mais 
conscientes e responsáveis de seus deveres e direitos na 
sociedade em que vivem. 
O exercício da cidadania atualmente não pode ser 
compreendido apenas através do reconhecimento da 
diversidade e das necessidades de cada indivíduo, mas, 
sobretudo viver em uma comunidade onde o respeito ao 
pluralismo das civilizações é fundamental, principalmente 
pela necessidade em combater qualquer tipo de 
preconceito. 
Este objetivo é muito complexo, pois, engloba 
ensinar e educar crianças, jovens e adultos através de 
valores coerentes ao bem-estar da sociedade, assegurando 
uma postura explícita ao incentivo da prática de ações 
democráticas, justas e igualitárias. Com isso, a cidadania 
parte do princípio da equidade, onde todos os membros da 
20 
 
população possuem o direito de participar ativamente de 
seus caminhos, garantindo o desenvolvimento da 
democracia social. 
 
Partindo do pressuposto de que a cidadania é uma das 
finalidades da educação, podemos afirmar que não 
existe cidade educadora sem professores, sem escolas 
públicas de qualidade e sem uma sociedade que participe 
e que seja cidadã, onde o cidadão é ao mesmo tempo, 
educador e educando. A cidade dispõe de inúmeras 
possibilidades de educação: a vivência na cidade se 
constitui num espaço cultural de aprendizagem 
permanente por si só, “espontaneamente”. Mas a 
cidade, pode e deve ser “intencionalmente” educadora 
(ALMEIDA, 2007, p. 12). 
 
Almeida (2007) ainda relata que os princípios de 
cidadania na educação brasileira só serão alcançados 
quando houver o respeito pela diversidade cultural e a 
redução dos conflitos de ideias. 
A partir do pressuposto de que o Brasil possui uma 
diversidade cultural, o ensino de filosofia e sociologia deve 
ser pensado a partir das realidades oriundas dessa 
diversidade, uma vez que a reflexão filosófica é situada em 
períodos históricos e fundamentada na realidade atual. 
Também para a reflexão sociológica, faz-se necessário a 
apreensão da realidade cultural a partir de ideologias, 
considerando o caráter científico dos estudos sociológicos. 
Isto é fundamental, pois, o processo de 
desenvolvimento humano está associado com a 
aprendizagem de elementos e experiências que ofereçam a 
reprodução e a vivência nos ambientes aos quais o homem 
se encontra inserido na sociedade. 
21 
 
Para Del Prette e Del Prette (1996, p. 208) a 
educação para a cidadania deve ser proporcionada pela 
educação formal assegurando a “análise dos valores e 
práticas sociais da instituição escolar e do grau em que 
efetivamente promovem ou suprimem a cidadania 
enquanto compromisso com mudanças sociais”. 
Educar para a cidadania, consiste em refletir sobre 
os conceitos morais de liberdade, uma vez que esses 
conceitos implicam em compreender que os valores 
existem e devem ser respeitados por uma questão ética, 
atingindo assim, mudanças sociais efetivas. 
Dessa maneira, “a escola deve constituir um 
ambiente formador completo. Deverá abranger condições 
para que o educando possa construir os dois sistemas de 
valores mais importantes para a adaptação da pessoa ao 
meio: a lógica e a moral” (FACCINI, 2004, p. 09). Sendo a 
lógica a forma e a moral a regra para a formação do sujeito 
ôntico e ontológico. 
Com isso, o aluno pode interagir com o 
conhecimento científico, estabelecendo uma relação com 
suas próprias experiências, definindo uma nova 
compreensão, o que fortalece a visão de que os 
fundamentos sociológicos da educação melhoram 
significativamente o processo de aprendizagem. 
Baseado nesses princípios oseducadores devem 
adotar uma abordagem de trabalho que permite a melhoria 
do processo de aprendizagem, a fim de reduzir os 
problemas enfrentados em sala de aula, substituindo-os 
por métodos positivos capazes de aumentar o desempenho 
dos alunos. 
Para Freire (1996): 
22 
 
 
É importante afirmar que não basta reconhecer que 
a cidade é educativa, independente de nosso querer 
ou de nosso desejo. A cidade se faz educativa pela 
necessidade de educar, de aprender, de ensinar, de 
conhecer, de criar, de sonhar, de imaginar de que 
todos nós, mulheres e homens, impregnamos seus 
campos, seus vales, impregnamos suas casas, seus 
edifícios, deixando em tudo o selo de certo tempo, 
o estilo, o gosto de certa época. A cidade somos nós 
(FREIRE, 1996, p. 97). 
 
É através destas experiências, que o indivíduo 
passa a definir seus próprios valores e construir sua própria 
escala de princípios. Os valores apropriam os indivíduos 
através das experiências mais significativas durante sua 
vida, sendo que conforme relata Araújo (2007) o 
desenvolvimento moral depende diretamente da qualidade 
das relações interpessoais entre os cidadãos e as situações 
de valor, que poderão ser trabalhadas devidamente no 
âmbito educacional pelas disciplinas de Filosofia e 
Sociologia. 
É imprescindível o conhecimento dos conteúdos 
sociais e filosóficos de maneira aberta, passando a 
considerar o comportamento cognitivo que conduzem o 
aluno a aumentar seu potencial de aprendizagem, 
adquirindo novos valores e princípios necessários para as 
boas práticas das políticas pedagógicas. 
O entendimento das diversas teorias que 
diferenciam os fenômenos, os modelos, os diversos 
conceitos e a realidade permite que o ser humano possa 
obter o conhecimento científico necessário para colocar 
em prática o atributo da cidadania, uma vez que fornece o 
23 
 
aprendizado do caráter histórico da comunidade ao qual 
está inserido (VASCONCELOS, 2011). 
 É importante frisar que os aspectos sociológicos e 
filosóficos são essenciais, pois, estas disciplinas não são 
compostas de conceitos e conteúdos científicos acabados, 
pois apresentam áreas reflexivas em constante renovação 
com o mundo atual, permitindo que o aprendiz relacione 
a teoria com as mudanças sociais, sendo importantes 
instrumentos na identificação de respostas consistentes 
para os problemas que enfrentam em seu dia a dia (DEL 
PRETTE; DEL PRETTE, 1996). 
Vasconcelos (2011) defende que a incorporação 
dos fundamentos filosóficos na educação seja realizada de 
maneira mais abrangente, adequada e consciente, pois, 
ocorre de maneira didática, já que é obtida de maneira 
crítica e reflexiva, articulando os conteúdos, as propostas 
metodológicas e a realidade vivenciada. Com isso, por 
meio da compreensão da evolução da humanidade é 
possível identificar a mola propulsora que tem permeia as 
principais conquistas e a superação dos obstáculos na 
sociedade, sendo possível estabelecer questionamentos e, 
ao mesmo tempo, encontrar respostas. 
Isto ocorre, pois, a aprendizagem está intimamente 
ligada à transmissão cultural, pois os indivíduos adquirem 
conhecimentos, assim como os comportamentos éticos, 
práticos e sociais, que são aprendidos pelo princípio do 
desejo e do prazer. Com o levantamento das evidências 
sociológicas e filosóficas, há o enriquecimento 
epistemológico, pois, estas áreas possuem vasto campo de 
experimentações, propiciando ao homem fontes 
24 
 
inesgotáveis de pesquisas para investigações, reflexões e 
aprendizagens. 
Alves (2002) destaca a necessidade da integração e 
articulação entre diferentes áreas de conhecimento, a fim 
de manter a sintonia de tratamentos metodológicos e 
garantir com que o aprendizado ocorra a partir do 
desenvolvimento de competências gerais. Isto não envolve 
o mero tratamento de assuntos comuns entre as disciplinas 
que visem descaracteriza-las, mas sim, a promoção de 
ações conjuntas que possuem o intuito de complementar 
o conhecimento disciplinar. É possível que uma disciplina 
possa abordar desde que seja mantido o contexto e a 
interdisciplinaridade, de um assunto que lhe seja próprio, 
sem que outras disciplinas estejam abordando o mesmo 
assunto. O esforço parte de cada profissional possibilitar 
tal conquista. 
O autor ainda afirma que o trabalho interdisciplinar 
entra em ação no intuito de melhorar o potencial do 
homem na busca por respostas às necessidades de sua 
ação, construindo novos potenciais e habilidades de 
desenvolvimento e contextualização dos conteúdos 
aprendidos no âmbito social e cultural. 
Compreende-se que este processo permite que o 
homem possa desenvolver diferenciais para expressar seus 
conhecimentos, demonstrar comportamentos e praticar 
habilidades de maneira contínua e progressiva. No entanto, 
é preciso destacar que qualquer ser humano não pode ser 
avaliado somente por meio de suas capacidades, mas 
também através de suas experiências que o ambiente em 
que vive oferece. 
 
25 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A educação para a modernidade se encontra 
voltada para o oferecimento de propostas pedagógicas, 
visam suprir as necessidades dos alunos diante das 
transformações sociais e tecnológicas observadas na 
sociedade, sendo possível oferecer um currículo 
contextualizado e reflexivo. 
As disciplinas de Filosofia e Sociologia trabalham 
com o mesmo objeto de estudo, ou seja, o ser humano em 
sociedade, buscando despertar o senso de observação, 
análise e de síntese dos aprendizes, possibilitando que o 
mesmo adquira maior potencial de entendimento acerca 
das relações sociais, culturais, emocionais, psicológicas, 
existenciais no processo de humanização dos indivíduos. 
Além disso, por apresentarem conceitos e conteúdos que 
permanecem em constante evolução, garantem ao aluno 
maior compreensão das mudanças sociais que os cercam. 
A permanência destas disciplinas no Ensino Médio 
permite o fortalecimento de valores culturais, éticos e 
morais, onde os sujeitos estarão mais aptos a adquirirem 
noções mais conscientes de suas práticas enquanto 
cidadãos. Com isso, os alunos ainda estarão em contato 
com um vasto campo de experimentações, já que ambas as 
áreas apresentam fontes inesgotáveis de pesquisa, 
fundamentais para o aprendizado significativo. 
No entanto, ressalta-se que para que haja a 
permanência de ambas as disciplinas no Ensino Médio de 
modo eficiente e produtivo, é indispensável que as 
propostas pedagógicas se tornem mais dinâmicas e 
flexíveis, sendo possível contextualizar o conteúdo com a 
26 
 
prática, deixando as aulas mais prazerosas e interessantes. 
Além disso, estas disciplinas podem fazer parte do caráter 
multidisciplinar, sendo complementares a outras 
disciplinas. 
 
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Acesso em: 25/09/2013. 
 
 
 
 
29 
 
Capítulo 2 
 
ANÁLISE DO DISCURSO E A PESQUISA 
DOCUMENTAL: 
Caminhos para pesquisa filosófica em educação. 
 
Thiago Pessoa Prudente 
 
 
 
RESUMO 
 
Este artigo visa analisar a existência de uma 
possível relação epistemológica entre a Análise do 
Discurso e a Pesquisa Documental para o 
desenvolvimento da pesquisa filosófica em Educação. 
Nessa proposta estudamos a concepção, percepção, 
qualificação e aplicação desses objetos através de uma 
pesquisa documental feita em notas de aula, artigos e livros 
publicados nas últimas duas décadas dedicados aos temas: 
análise do discurso, pesquisa documental, filosofia da 
Educação e pesquisa filosófica educacional. Analisou-se o 
processo de origem e definição dos temas ao longo da 
história e da estruturação de cada uma das ciências 
envolvidas, como eles atuam e se correlacionam. 
Apontamos como e onde se estabelecem relações entre 
elas ao longo das últimas décadas e o que se pode produzir 
de concreto com isso. Averiguou-se, também, a 
importância e o papel individual e conjunto de cada tema 
para o desenvolvimento do universo epistemológico 
30 
 
educacional. E por fim tentamos evidenciar que é possível 
estabelecer essa relação de nível epistemológico entre 
Análise do Discurso e a Pesquisa Documental tendo em 
vista as coerências e aproximações metodológicas 
existentes e necessárias para o desenvolvimento de 
pesquisas filosóficas em Educação. 
 
INTRODUÇÃO 
 
 A pesquisa educacional por si só é um universo de 
estudo extremamente amplo, complexo e diferenciado 
dentro do mundo da Educação por se desprender em 
diversos caminhos e possibilidades de levantamento e 
análise de dados, inferências e produção de novos 
conhecimentos ou pela reinterpretação de outros já bem 
conhecidos e aclamados. 
É diante dessa constatação e das inferências nela 
contidas que buscamos neste trabalho fazer uma breve 
análise da relação entre os métodos de pesquisa 
documental e Análise do Discurso (AD) para o 
desenvolvimento de um modelo de pesquisa filosófica que 
atenda algumas das necessidades do universo da Educação, 
enquanto campo de conhecimento e enquanto ciência. 
Antes de formalmente iniciarmos nossa pequena 
análise queremos deixar claro que essa temática é ampla e 
bastante explorada no âmbito dos estudos das ciências 
sociais e da linguagem vista a existência de uma prática 
mais antiga, ampla e trabalhada nestas áreas dos métodos 
de pesquisas centradas na prática da leitura, interpretação, 
compreensão de textos e da associação entre a pesquisa 
documental e a Análise do Discurso apresentam. É esta 
31 
 
proximidade e corroboração existentes entre elas, no 
sentido de garantir e propor elementos para as discussões 
e elaboração de problemas, além é claro da análise sobre o 
social que as mesmas carregam, que nos levam a querer 
entender como se comporta essa relação no âmbito da 
Educação e em especial como isso contribui para pesquisa 
filosófica no universo educacional. 
Além disso este trabalho se propõe, tão 
meramente, revisar o conjunto teórico que fundamenta a 
Análise do Discurso, como este se desenvolve em 
conjunto com a Pesquisa Documental e como eles se 
relacionam para o desenvolvimento da pesquisa filosófica 
no âmbito da Educação, dessa forma, deixa-se claro que 
não é objetivo deste artigo realizar ou demonstrar o 
funcionamento da Análise do Discurso em nenhuma das 
estruturas em que ela atua para embasar ou fundamentar 
as informações e afirmações que foram encontradas 
durante a pesquisa ou produzidas ao longo da mesma. 
Assim, nosso trabalho se encontra estruturado em 
cinco sessões que tratam dessa temática na seguinte ordem: 
na primeira sessão, apresentamos os conceitos básicos que 
trabalhamos em nossa pesquisa que são os de pesquisa 
documental, análise do discurso, pesquisa filosófica para 
educação; na segunda, apresentamos a relação prévia entre 
pesquisa documental e análise do discurso comum nos 
universos das ciências sociais e da linguagem; a terceira, 
traz a ação da pesquisa filosófica no universo da Educação; 
na quarta sessão apresentamos nossa visão acerca da 
relação e dos possíveis frutos entre os conceitos por nós 
abordados; e na última apresentamos nossas considerações 
finais. 
32 
 
PESQUISA DOCUMENTAL, ANÁLISE DO DISCURSO E 
PESQUISA FILOSÓFICA PARA EDUCAÇÃO – O que 
são? 
 
Todo campo de conhecimento para adquirir o 
status de ciência necessita, antes de tudo, possuir meios 
pelos quais possa produzir conhecimento, e, para definir e 
qualificar seus objetos de estudo. Pensando dessa forma 
seus agentes procuram, então, determinar quais serão os 
instrumentos e os caminhos necessários e possíveis para 
tal empreitada. E dentre esses instrumentos e caminhos 
um que se destaca é o da pesquisa científica. 
Cada ciência possui seus métodos e metodologias 
para produzir conhecimento e poder determinar e estudar 
seus objetos. Com a Educação enquanto campo de 
conhecimento e ciência não é diferente. Ela está 
classificada como integrante das chamadas ciências 
humanas, ou ainda ciências sociais, uma vez que seus 
diversos objetos de estudos tratam de processos e relações 
que envolvem os seres humanos no mais diferentes níveis 
e condições de realidade, e, que se caracterizam como 
partes importantes do desenvolvimento individual e social 
dos sujeitos. 
O que chama atenção é que nas chamadas ciências 
humanas por mais específicas que cada uma delas sejam 
não se encontram métodos e metodologias exclusivas ou 
principais como se encontra em outras áreas de 
conhecimento, como as ciências exatas ou da terra por 
exemplo, devido complexidade e distinção do objeto de 
estudo das mesmas, que é o homem em sua totalidade e 
especificidades, que conduz a produção de diversos 
33 
 
caminhos de pensamento e pesquisa, além do fato de que 
grande parte dessas ciências serem consideradas jovens 
ciências que surgiram ou se organizaram com rigores 
científicosnecessários apenas nos últimos três ou quatro 
séculos. 
Dessa maneira compreende-se o porque da 
Educação procurar adquirir seus saberes e produzir seus 
conhecimentos através de diferentes e diversificados 
caminhos de pesquisa que ora se apresentam como 
meramente quantitativos, e, ora estabelecem-se como 
qualitativos. Desses os métodos e metodologias de ordem 
qualitativos se destacam, mostrando-se como os mais 
viáveis e interessantes no sentido de obter e trabalhar os 
mais diversos e distintos dados oferecendo uma grande de 
gama de questões, inferências e possibilidades de 
resultados. 
Na Educação diversos desses métodos e 
metodologias se apresentam como novidades, outros por 
sua vez, devido à recorrência de suas práticas se mostram 
com mais antigos e usuais, sendo eles muitas vezes 
relegados a um plano secundário ou, considerado, de 
menor valor. No entanto, o mais interessante no processo 
de construção científica para o universo da Educação é a 
possibilidade de se combinar esses diferentes métodos e 
metodologias em busca de um novo e próprio caminho 
metodológico, pois, como ressalta Alves (1992, p. 55-56) a 
Educação ainda tem a necessidade de constituir um corpo 
teórico próprio e consistente, indo recorrentemente buscar 
os ferramentas e fundamentos em outros campos de 
conhecimento. 
34 
 
Com base nessa constatação é que procuramos, 
neste primeiro momento, definir quais são os conceitos 
que buscamos entender e relacionar em nosso trabalho, 
são eles: o de Pesquisa Documental, o de Análise do 
Discurso e o de Pesquisa Filosófica, de forma geral e mais 
especificamente para o desenvolvimento da Educação 
enquanto ciência. 
Seguindo o itinerário proposto, comecemos então 
buscando definir o que é a Pesquisa Documental. 
A Pesquisa Documental é um método de pesquisa 
científica considerado por muitos especialistas como 
básico e muito comum dentro e fora do universo 
acadêmico uma vez que busca analisar e refletir sobre 
todos os tipos de documentos e registros que se possa ter 
sobre algo em um determinado local e período de tempo 
na história de um povo ou de um evento natural ou não. 
Por ser um método de pesquisa tão básico e comum 
acontece de ser, geralmente, confundida ou associada com 
outro método de pesquisa também muito comum e 
naturalmente adotado pelo universo acadêmico que é a 
Pesquisa Bibliográfica. 
Apesar de serem parecidas, existe uma diferença 
grande entre a pesquisa documental e a bibliográfica que 
reside no conteúdo analisado por elas. A pesquisa 
documental procura trabalhar conjuntamente tanto os 
materiais e fontes previamente analisados e aceitos pela 
Academia, como os textos e conteúdos escritos por 
pesquisadores, autores e artistas notoriamente 
reconhecidos por sua produção acadêmica, literária ou 
artística, e, publicados ou expostos por fontes idôneas e 
reconhecidas por suas especificidades e rigorosidade 
35 
 
textual e acadêmicas, com outros documentos e registros 
com pouca ou nenhuma análise prévia por parte de 
pesquisadores, tais como: artigos de jornais diários, 
revistas, e sítios da internet; entrevistas realizadas das mais 
diversas formas e expostas nos diversos meios e mídias de 
comunicação; softwares; programas audiovisuais 
produzidos paras os mais diversos tipos, fontes e formas 
de divulgação; documentos históricos de fontes oficiais ou 
não; dados e índices oferecidos por fontes oficiais ou não 
etc. Já a pesquisa bibliográfica trabalha exclusivamente 
focada em materiais publicados e analisados previamente 
pela academia, tais como artigos científicos, obras de 
autores constituídos de grande experiência e renome em 
uma determinada área científica ou artística, como afirma 
Gil (1991) apud Silva e Menezes (2005, p. 21). 
Essa diferenciação é de vital importância para o 
entendimento dos processos de pesquisas em educação, 
visto que, a compreensão do que pode ser analisado e 
estudado dependerá de se entender como plausível ou não 
de análise para uma determinada área, ou seja, se precisa 
ou não do prévio crivo da academia para ser aceita como 
objeto ou fonte de pesquisa e de conhecimento. 
Por isso compreendemos que para a Educação a 
pesquisa documental se apresenta como um universo 
muito mais abrangente, dinâmico e que possibilita o 
desenvolvimento de novos conhecimentos e das estruturas 
educacionais vigentes “porque possibilita ampliar o 
entendimento de objetos cuja compreensão necessita de 
contextualização histórica e sociocultural.”, como afirma 
Sá-Silva, Almeida e Guidani (2009, p. 2), dado isso a maior 
36 
 
gama de conteúdos possíveis de serem acessados e 
analisados. 
Visto a definição sobre Pesquisa Documental, 
atentemo-nos agora para a ideia de Análise do Discurso, 
ou simplesmente AD. 
A Análise do Discurso é um campo de estudo, 
assim como uma metodologia de pesquisa científica, que 
tem suas origens na Linguística. Ela surge, durante a 
década de 60 do século XX, como um caminho científico 
diferente ao Estruturalismo linguístico francês, proposto 
por Saussure, vigente nos estudos sobre a língua francesa 
à época. 
Essa diferença ou contraposição se deve 
principalmente a mudança que a AD propõe no objeto de 
estudo da linguística, que na visão tradicional estruturalista 
a linguística deveria se ater basicamente ao estudo da língua 
pura e formal, livre das interferências sociais e subjetivas 
que pudessem existir. Já na Análise do Discurso, o foco 
proposto passa a ser o discurso, que segundo Florêncio et al 
(2009, p.21) se trata de “uma relação indissociável entre 
língua, história e ideologia”. Ainda guiado por esses 
autores pudemos entender que o discurso se constitui de 
conjunto de ações onde, ainda segundo esses autores, a 
“materialidade da língua [ou seja, as falas subjetivas 
incutidas na língua e que estão presentes e manifestadas 
nos indivíduos e seus grupos sociais, sendo até então 
desprezadas pelos modelos tradicionais de construção 
linguística] funde-se a materialidade da história e opera nas 
relações sociais” (2009, p.21) existentes em um grupo ou 
meio social e sustentadas pelas ideologias presentes nessa 
mesma estruturação social. 
37 
 
Essa proposta de caminho científico, apresentada 
pelo pensador francês Michel Pêcheux, logo ultrapassaria 
os limites dos campos linguísticos em face da sua 
necessidade de correlacionar os elementos históricos, 
sociais e ideológicos para ganhar corpus científico e 
condições de se estabelecer enquanto campo e 
metodologia científica. É essa necessidade e sua intrínseca 
condição transdisciplinar que aproxima a AD de outros 
campos científicos das ciências humanas, como a 
Sociologia, a Psicologia, a História e a Filosofia, como 
afirmam em seus escritos Florencio et al (2009), Pêcheux 
(1998), Cavalcante (2007) e Rossi [2013?]. E é graças a 
esses relacionamentos entre a Análise do Discurso e outros 
campos das ciências humanas e da reestruturação da 
própria AD durante os anos de 1980, que se torna possível 
também aproximá-la de outras ciências como a Educação. 
A aproximação com a Educação se fortaleceu, 
especialmente, com a difusão da AD para fora da França, 
e, sua chegada nas Américas, onde no Brasil passou a ser 
utilizada mais fortemente para analisar não somente a 
língua, mas, especialmente, o meio social, sendo posta 
como um caminho para se entender, através dos vários 
discursos que se difundiam, o que ocorria nos campos da 
política, da economia, da comunicação, e para o nosso caso 
em especial, da Educação, enquanto campo de 
conhecimento e ciência, e, tendo em vista o cotidiano das 
relações e práticas acadêmicas que se estabelecem no 
âmbito das instituições de ensino de quaisquer níveis e com 
a formação dos educadores frente as mudanças 
sociopolíticas, históricas e econômicas que vinham 
ocorrendo na América Latina desde o final da década de38 
 
1970 até o início do século XXI, ganhando assim o status 
de metodologia de pesquisa para o universo da Educação, 
como apontado por Marli André (2001), quando esta em 
seu trabalho discute a questão da pesquisa em educação e 
a necessidade de se estabelecê-la com certo rigor para 
garantir a qualidade dos resultados, métodos e 
metodologias de trabalho próprias para a Educação. 
E por fim entremos na concepção de Pesquisa 
Filosófica. Em linhas gerais pode-se entender a Pesquisa 
Filosófica, hoje, como um processo de busca ou de 
construção de conceitos a partir de um determinado 
itinerário teórico. A ideia da pesquisa filosófica é a de 
buscar nos referenciais prévios de saberes, científicos ou 
não, as bases para do conhecimento de um determinado 
tema, área ou problema. 
Esse modelo de pesquisa se fundamenta na 
aplicação do método de análise filosófico sobre as diversas 
metodologias e linhas de pensamentos existentes, sejam 
elas referenciais consolidados ou não de uma área de 
conhecimento ou ciência, a partir desse trabalho procura-
se correlacionar as ações de ordem prática com as de 
ordem teórica em busca da formulação de ideias ou 
conceitos que expliquem e tornem mais compreensível a 
realidade que se insere determinada ciência, buscando 
dessa forma revelar os pontos frágeis e não preenchidos 
do itinerário científico que se procura construir. 
Basicamente consiste em lançar questionamentos ou 
dúvidas, de ordem epistemológicas, éticas, estéticas, 
políticas, antropológicas etc sobre o objeto que se busca 
conhecer ou que se discute, ao fim de contribuir com 
processo de formação de um campo de conhecimento 
39 
 
enquanto ciência específica e na ação de seus agentes, quer 
como afirma Henning (2006) em seu trabalho. 
No campo da Educação consiste basicamente em 
questionar sobre os processos de produção dos 
conhecimentos próprios ou sobre a possibilidade de uso 
ou adequação de referenciais provenientes de outras 
ciências sobre as problemáticas comuns a educação. E na 
reflexão sobre os caminhos teóricos e seus problemas 
também. 
Em geral, remete-se a discutir os marcos teóricos e 
suas aplicações nos campos epistemológicos, éticos, 
estéticos, políticos, antropológicos etc tendo por fim a 
construção de conceitos, problemas e de fundamentações 
teóricas para a Educação e seus campos de conhecimento. 
 
A RELAÇÃO ENTRE A ANÁLISE DO DISCURSO E A 
PESQUISA DOCUMENTAL – História e raízes. 
 
A Análise do Discurso enquanto metodologia de 
pesquisa pode ser considerada um caminho recente frente 
aos mais diversos itinerários científicos conhecidos, no 
entanto, as raízes de seu desenvolvimento se voltam para 
caminhos mais antigos no processo de construção e 
produção do conhecimento humano. É possível garantir 
essa afirmação ao se analisar o processo de concepção da 
AD realizado por Pêcheux, ainda nos anos de 1960, a partir 
de seu campo científico inicial, a linguística. 
A Análise do Discurso surge na Linguística como 
uma via diferente aos modelos da época, em especial ao 
estruturalismo, por deter-se em estudar o discurso dos 
sujeitos e não somente a língua formal ou a fala 
40 
 
oficializada. Esse rompimento como a estrutura científica 
vigente da época só foi possível graças a duas condições 
impostas ao processo de concepção da AD que foram: 1. 
A aproximação da linguística com outras ciências 
humanas, para no seu cerne poder construir o conceito de 
discurso; 2. E, o entendimento, por parte de seus criadores, 
do trajeto científico que era necessário ser tomado para que 
o discurso não esteja somente ligado ao que está 
institucionalizado e aceito pela Academia, mas, também ao 
que se encontra em outras falas apresentadas pelos 
diversos meios e mídias de comunicação cotidianas aos 
sujeitos. 
Essas determinações se mostraram vitais ao 
processo de construção da Análise do Discurso. 
Primeiramente por ampliarem o raio de ação da linguística, 
retirando-a de uma práxis puramente teórica e 
conduzindo-a para um processo de intervenção mais 
prático junto ao cotidiano social e individual dos sujeitos 
praticantes de uma mesma língua e pertencentes a um 
mesmo agrupamento social, e, como afirmado por Andréa 
Rossi “o discurso é uma prática, uma ação do sujeito sobre 
o mundo.” ([2013?], p. 20). 
Essa condição prática se dá a partir da aproximação 
entre as práxis da Linguística com as da Sociologia, da 
História, da Psicologia e da Filosofia para o 
estabelecimento dos elementos irão compor o discurso, ou 
seja, foi somente com a associação entre os diversos 
conceitos dessas diferentes ciências humanas que permitiu 
o estabelecimento do discurso, que pode ser 
compreendido como uma reconstrução da fala contida na 
língua a partir de estruturas e relações individuais entre um 
41 
 
sujeito com o meio social em que está inserido, com o 
momento histórico em que vive e com as ideologias 
sociopolíticas e econômicas que o cercam. 
Assim, o discurso pode ser entendido como a 
produção linguística individual dos sujeitos que partem da 
língua formal e da fala oficializada para uma derivação da 
fala em uma ordem menos formal, mais cotidiana e não 
oficializada da língua. Além disso, no discurso busca-se 
compreender e dar relevância tanto aos conceitos e/ou 
ideias que estão explícitas quanto as que encontram-se 
implícitas nas falas do sujeito, conceitos e ideias estas 
contidas e/ou manifestadas nas estruturas de consciente e 
subconsciente dos indivíduos através de suas visões e 
relações de mundo. 
Diante de tudo isso se pode determinar que o papel 
da Análise do Discurso, enquanto metodologia de pesquisa 
científica para o campo da Linguística, é o de analisar e 
comparar os discursos oficiais e não oficiais dos diversos 
sujeitos, buscando compreender os contextos individuais, 
históricos, sociais e ideológicos explícitos e implícitos 
nesses discursos, a fim de encontrar o sentido daquilo que 
se fala para quem transmite e para quem recebe a 
mensagem. Em outras ciências ela contribui com a 
possibilidade compreender as estruturas e os contextos 
sociais, históricos, simbólicos e ideológicos que existem 
nas (inter)relações entre os diversos indivíduos e os meios 
ambientes em que estão inseridos, ajudando também na 
formulação de questionamentos e problemáticas que 
colaborem com a produção de ideias e de conceitos sobre 
os objetos estudados. E de modo geral podemos afirmar 
que “ela pretende é reconstruir as falas que criam uma 
42 
 
vontade de verdade científica em certo momento 
histórico” (ROSSI, [2013?], p. 19) 
De ordem outra conexão que podemos estabelecer 
a partir das inferências anteriores é que a Análise do 
Discurso foi produzida a partir dos ideais teóricos e 
filosóficos marxistas de Althusser, Bakhtin e, mais 
tardiamente, Lukács de filosofia da linguagem, de discurso 
político, de ontologia e de produção epsitemológica, como 
afirmam Cavalcante (2007, p. 32-36) e Florêncio et al 
(2009, p. 24-27). Compreendemos com isso que analisar 
um discurso se constrói mediante a crítica da constatação 
de uma ligação dos sujeitos envolvidos com um 
determinado momento histórico, sociopolítico e 
econômico que estabelecem os padrões sociais de cultura, 
produção econônima, normas sociais e ideologias que 
regem as relações sociais e de poderes entre os indivíduos, 
indivíduos-grupos e entre grupos sociais nos diversos 
ambientes sociais, ou seja, o conceito marxiano de 
materialismo histórico-dialético. 
Essa constatação da influência do modelo marxista 
de pensamento é, também, um dos fatores importantes 
que permitiram o desenvolvimento teórico da AD, pois, ao 
se constatar que as construções linguísticas dos sujeitos 
também se submetem e se dão através das diversas e 
diferentes práxis e relações sociais, e, que essas estão 
regulamentadas pelas relações de produção material-
econômicoque geram os modos de vida de uma 
determinada época e local, constituindo por isso algumas 
das bases para o entendimento do modo de pensar e agir 
dos indivíduos, e, consequentemente no próprio discurso 
que cada sujeito é capaz de produzir. 
43 
 
Esse entendimento marxista de mundo, via de 
regra, apresenta o embate entre duas correntes ideológicas 
opostas, ora dentro de um mesmo contexto sócio-
produtivo, a exemplo o capitalismo no que compete a 
relação entre o pensamento burguês e o pensamento 
proletário, ora diante de contextos sócio-produtivos 
distintos, como entre o capitalismo e o socialismo. 
Seguindo ainda essa linha de raciocínio, o embate 
ideológico não se restringe só as questões econômicas mas 
tende a si refletir também em outras esferas sociais, como: 
nas artes, na literatura, na educação etc, criando assim 
diversas formas de falas e de contextos sociais que 
resultam nos mais variados discursos. 
No entanto, outro ponto que chama atenção é a 
influência, que geralmente ocorre, das ditas ideologias 
dominantes sobre as dominadas. De acordo com o 
marxismo essa é uma situação historicamente 
comprovada, visto a necessidade da ideologia dominante 
manter-se sempre no poder. As construções sociais 
procuram manter a ordem ideologicamente estabelecida 
reproduzindo nos variados discursos essa condições, ora 
de forma explicita ora implicitamente. 
Contudo, observa-se que nos discursos as falas 
implícitas tendem a apresentarem-se com algum grau de 
discordância das explícitas, isso se explica devida o embate 
ideológico frente a organização social, vê-se muito desse 
contraste ao analisar, por exemplo, os discursos oficiais 
onde se propõem a redução da pobreza através do 
aumento de educação pública, gratuita e de qualidade, mas 
no próprio discurso não se apresentam formas concretas 
para atingir essa meta, e, isso ocorre porque o pensamento 
44 
 
promovido pela ideologia dominante, que está implícita no 
discurso, entende que atingir essa meta geraria não 
somente uma mão de obra mais qualificada mas, também, 
um indivíduo pensante e esclarecido que poderia 
simplesmente discordar da estrutura social vigente e exigir 
mudanças no sistema social impondo a queda da ideologia 
dominante em prol de outra melhor para os anseios sociais 
da classe menos favorecida, dessa forma, o próprio 
discurso que explicitamente fala em mudança se 
apresentando como um resultado de um construto 
ideológico contrário ao modelo dominante, em seu interior 
se contradiz em prol da manutenção da ideologia 
dominante que o propôs como forma de controlar o meio 
social. 
É justamente por se dedicar a analisar esses 
diversos tipos de discurso utilizando elementos que, aos 
olhos do tradicionalismo acadêmico não passam de lugares 
comuns e sem um fundo científico viável que os 
sustentem, que a Análise do Discurso rompe com vários 
paradigmas, primeiramente os ligados ao estruturalismo na 
linguística e depois aos modelos tradicionais de pesquisa 
de outras ciências, ao começar a utilizar diferentes tipos de 
documentos como fontes de pesquisa e de análise. Ela sai 
do refúgio bibliográfico acadêmico oficial e se aventura em 
outras linguagens e literaturas tidas como não formais ou 
não oficiais. Essa quebra paradigmática com relação as 
fontes de pesquisa e análise também se deve ao processo 
de aproximação de seu itinerário de trabalho com o de 
outras metodologias e ciências distintas a de sua origem 
que já utilizavam de um processo de pesquisa documental 
mais amplo como base para seus trabalhos. 
45 
 
A partir dessa constatação pudemos inferir que a 
AD também tem suas bases no processo de pesquisa 
documental. Ela utiliza-se não somente dos discursos 
oficializados para constituir seu objeto de pesquisa, mas, 
que combina os discursos oficias e extraoficiais dos 
diferentes sujeitos associando-os as condições históricas, 
sociais e ideológicas contidas nos diferentes e distinto 
documentos postos em diversos meios e mídias de 
comunicação, desde propagandas em outdoors espalhados 
pela cidade às obras científicas e academicamente 
reconhecidas e aceitas. 
É dessa riqueza de mobilidade e fontes que a 
perpassa a Pesquisa Documental que a faz ser um método 
de pesquisa importante para complementar os processos 
de pesquisa da Análise do Discurso, mas, além disso a 
pesquisa documental serve também de base para outras 
metodologias de pesquisa como: a pesquisa filosófica, a 
pesquisa etnográfica e a análise de conteúdo. Nesses 
contextos a pesquisa documental se mostra como via 
principal de acesso as fontes para os diversos temas, 
problemáticas e a base conceitual de uma pesquisa devido 
sua possibilidade de múltiplas abordagens para estudo e 
compreensão de uma realidade que ela permite. 
Por essa facilidade de acesso às informações e 
saberes que servem de base para constituição de uma 
pesquisa é possível creditar a Pesquisa documental a 
condição de um dos primeiros métodos de pesquisa 
científica que se pode averiguar, como afirmam Sá-Silva, 
Almeida e Guidani (2009, p. 13-14). Ela consiste em buscar 
seja no meio acadêmico ou não objetos que transmitam ou 
possam transmitir informações que após a intervenção 
46 
 
científica transformam-se em conhecimentos e saberes 
técnicos capazes de serem amplamente reproduzidos, e, de 
explicar e/ou ajudar a compreender um determinado 
evento, momento sócio-histórico ou objeto. 
A Pesquisa Documental, assim como a AD, utiliza 
desde artigos ou obras científicas, literárias e artísticas 
previamente reconhecidas e aprovadas pela Academia à 
postagens em redes sociais, propagandas, artigos e colunas 
em jornais diários e/ou revistas semanais, registros 
audiovisuais, entrevistas etc. 
Com o advento de outros métodos e metodologias 
de pesquisas científicas a Pesquisa Documental passou a 
ser relagada por muitos como um método complementar 
de pesquisa. Contudo, é possível afirmar que esse 
entendimento é enganoso e um tanto falacioso, uma vez 
que averiguamos seu uso como método base e principal de 
acesso a dados e informações para muitas pesquisas 
científicas, em especial as que se desenvolvem no universo 
das ciências sociais e humanas conformem explicitam Sá-
Silva, Almeida e Guindani (2009, p. 3). O que é coerente 
considerá-la é como uma simbiose perfeita para muitos 
caminhos de pesquisa, entre eles a AD, devido sua 
amplitude de ação e de materiais para estudos que ela pode 
oferecer. 
 
FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: A Análise do Discurso e a 
produção de conceitos 
 
Ao longo de toda a história encontramos em 
diversos pensadores registros sobre o que é a Filosofia e 
qual é o papel/função que ela tem para o desenvolvimento 
47 
 
do ser humano, quer seja através do pensamento, das artes 
e ciências, do meio social etc. Nesse contexto um dos 
papéis se destaca a capacidade que ela tem para definir e 
qualificar os seres e objetos de acordo com sua natureza 
não somente física, mas também social e prática. Ao longo 
de toda sua história e de acordo com cada um de seus 
pensadores essa capacidade recebeu diversos nomes, tais 
como: ideias, conceitos, espírito e outros. 
É possível, assim, afirmar que para cada filósofo 
que se debruça(ou) sobre a questão da capacidade que a 
filosofia tem para definir e qualificar existe uma 
nomenclatura distinta para determinar o que é essa tal 
definição e qualificação dos seres. Dessas diversas 
nomenclaturas distintas duas chamam mais atenção devido 
suas capacidades em compreender a natureza dos seres e 
objetos para daí tentar defini-los e qualificá-los, são os 
termos ideias e conceito. 
O termo ideia aparece pela primeira vez ainda na 
antiguidade clássica com o filósofo grego Platão de Atenas 
em sua obra “A República”, sendo melhor apresentado e 
demonstrado através da “Alegoria da Caverna” presente 
no Livro VII dessa obra. Paraele as ideias eram a definição 
e qualificação da verdade dos seres e objetos constituídos 
no mundo inteligível que podem ou não possuir 
representações materiais no mundo sensível, ou seja, para 
Platão as ideias são os seres ou objetos reais e verdadeiros 
que só existem no mundo inteligível, mundo este que só 
pode ser acessado apenas através do Demiurgo e da alma 
por meio práticas como a meditação, a contemplação ou 
dos sonhos, e, que se manifestam na realidade como uma 
cópia ou imagem imperfeita do seu eu ideal. Essa 
48 
 
terminologia ainda que antiga é altamente usual nos meios 
acadêmicos e científicos atuais, pois, em geral, refere-se ao 
ser ou objeto ainda em desenvolvimento ou que só existe 
num plano teórico, tendo este ser ou objeto comprovação 
ou não científica. 
Já o uso do termo conceito no universo científico 
é mais atual, datando dos anos de 1990, sendo 
desenvolvido e divulgado pelos pensadores franceses 
Gilles Deleuze e Felix Guattari. Para eles o processo de 
definição e qualificação de um ser ou objeto vem de um 
processo de criativo semelhante ao de um artista, ou seja, 
para esses filósofos o “conceito” de algo se estabelece a 
partir da relação particular que existe entre o sujeito que 
estuda algo, o objeto ou ser que é estudado e a realidade 
que ambos se encontram, e, da forma como essa relação 
venha ser compreendida e trabalhada frente a concepção 
de mundo que ela apresenta e a realidade em que se insere. 
Por esse trabalho criativo Deleuze e Guattari 
ousam afirmar que “a Filosofia é a arte de formar, de 
inventar, de fabricar conceitos.” (1997, p. 9). No entanto, 
a criação dos conceitos não é algo que possa nascer do 
puro abstrato, para eles o tanto o sujeito quanto o objetos 
devem estar inserido dentro de um contexto social de 
mundo, onde o indivíduo não só seja capaz de pensa-lo, 
mas, que o sujeito possa também senti-lo, materializá-lo de 
modo a encontrá-lo no rumo da história e das sociedades. 
Ou seja, a definição ou qualificação dos seres/objetos 
mesmo dependente da 'criatividade' e da visão de mundo 
do pesquisador deve estar ligada a uma realidade física e 
tangível, mas independente dele. (DELEUZE; 
GUATTARI, 1997, p. 28-30). 
49 
 
O interessante da constituição filosófica do termo 
conceito foi a aceitação e a expansão que o mesmo teve no 
universo acadêmico e científico, dado sua concepção ter 
origem num contexto de pensamento materialista que 
defende que processo de criação, definição e qualificação 
dos seres e objetos, seja ele de qual área for, deve estar 
ligado a um uso prático e sensível em virtude das 
necessidades produtivas dos homens, em detrimento do 
uso do termo ideia que vem cunhado diante de um 
contexto de pensamento puramente inteligível onde tudo 
deve ser criado somente em prol e para a constituição de 
uma razão dedutiva e lógica não necessitando para isso de 
um corpus físico, real ou prático. Outro detalhe que chama 
atenção é o fato de que essa mudança ocorreu 
principalmente nos campos das ciências sociais e humanas, 
e, em especial nas tidas como mais recentes, como a 
Sociologia e a Educação por exemplo. 
Para a Educação o termo conceito alinhou-se 
muito bem, uma vez que seus objetos de estudo se 
constituem dentro de uma realidade tangível e tendem a 
ser materializados em sujeitos, objetos físicos ou em 
(inter)ações de ordem práticas quer sejam físicas ou sociais 
passíveis de comprovação dentro da realidade. Assim é 
possível inferir que a Filosofia para a Educação se mostra 
como uma companheira natural para seu processo de 
produção conhecimento, visto que fornece ferramentas e 
aponta caminhos pertinentes para esse processo. Dessa 
comunhão entre a Filosofia e a Educação denota-se a 
elaboração de uma disciplina dedicada a pensar e construir 
os conceitos próprios e necessários para a manutenção e 
desenvolvimento da Educação, além de ser capaz de 
50 
 
estabelecer os caminhos para produção de problemáticas e 
questões essenciais que tenderão a mover a produção 
científica e de conhecimento em geral e nos seus diversos 
campos de pensar, esse campo é conhecido como Filosofia 
da Educação. 
Com esse objetivo a Filosofia da Educação, 
utilizando-se dos processos de pesquisa filosófica em 
conjunto com diversos outros métodos e metodologias de 
pesquisa científica, procura estabelecer caminhos para se 
pensar a Educação, enquanto ciência, através de seus 
próprios conceitos, sujeitos, objetos, (inter)ações e 
realidade, como permite apontar o trabalho de Henning 
(2006, p. 7-12) sobre o papel do filósofo e da Filosofia na 
pesquisa em educação. Esse processo muitas vezes 
perpassa pela necessidade de se associar a Educação a 
outras ciências para poder compreender explicar os 
elementos que se que conhecer. Na procura por atender 
essas condições é se estabelecem as relações entre a 
Pesquisa documental, a Análise do Discurso e a Pesquisa 
filosófica na Educação, visto também as origens e que 
existem fundamentos comuns em todas. 
Como exposto anteriormente, a Análise do 
Discurso tem suas bases científicas na associação de 
processos de pesquisa e análises provenientes dos diversos 
campos das ciências humanas, como a Linguística, a 
Sociologia, a História, a Psicologia e a Filosofia 
(FLORENCIO ET AL, 2009; PÊCHEUX, 1998; 
CAVALCANTE, 2007; ROSSI, [2013?]). Essa relação 
quando aplicada no universo da Educação possibilita que 
o trabalho de pesquisa estruturado pela AD habilite o 
pesquisador a enxergar novas linhas de pensamento, a ter 
51 
 
uma nova visão de mundo e compreensão da realidade que 
o podem levar a estabelecer novas definições e 
qualificações aos seres outrora já pertencentes e objetos de 
estudo em outra ciência como próprios ou aptos ao meio 
de pesquisa da Educação. 
Um exemplo que se poder averiguar da aplicação 
da AD na pesquisa filosófica em Educação, é o conceito 
de Estudante frente outras metodologias de pesquisa mais 
tradicionais no universo da pesquisa educacional. Na 
maioria das metodologias tradicionais da Educação o 
estudante é compreendido apenas como objeto de estudo 
a quem se aplica determinadas ações ou como um sujeito 
que se relaciona com o objeto estudado, com isso, pode-se 
dizer que o estudante é encarado como um sujeito 
passional que quando atua tem suas ações e falas analisadas 
de modo isolado ou dissociado de seu contexto histórico, 
social e ideológico, em favorecimento da visão que o 
pesquisador tem desse estudante ou da relação dele com o 
objeto principal de seu estudo. Esse afastamento é sempre 
conduzido de modo a firmar alguma ideia já 
preestabelecida, condizente ou não, com o discurso 
empregado pelo pesquisador. 
Por sua vez quando se trabalha com Análise do 
Discurso, e com outras metodologias como a Pesquisa 
Etnográfica por exemplo, esse sujeito tido como passional 
torna-se um sujeito ativo, visto que seu discurso, que está 
associado a características específicas de seu grupo social, 
do momento histórico pessoal ou global, de 
particularidades de seu comportamento e de uma visão de 
mundo composta por diversos embates ideológicos que o 
cercam, traz novas inferências sobre a realidade, e, 
52 
 
contribui com a produção de novas questões ao tema ou 
problemática que está interligado, serão justamente essas 
novidades promovidas pela AD com a inserção de um 
sujeito ativo na pesquisa que ajudarão o pesquisador da 
Educação a conceber seus conceitos sobre “o que é?” algo 
no universo da Educação, e, o “como é?” ou “como age?” esse 
algo nesse mundo e frente o itinerário científico da 
pesquisa em Educação. 
Dessa maneira é possível a compreensão da 
Análise do Discurso como produtora de conceitos para a 
Educação, uma vez que ela se faz presente no processo de 
pesquisa filosófica que a Educação desenvolve, trazendo 
novos caminhos e compreensões acerca do mundo, sendoessas independentes da visão inicial ou principal do 
pesquisador, mas, que o auxiliam a encontrar respostas ou 
questões que o conduzirão na criação de seu próprio 
conceito de Educação ou de como ela é? Como ela age ou 
deverá agir dentro de uma determinada realidade social 
e/ou de mundo. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ao longo de toda a pesquisa ficou claro que é 
possível a utilização da Análise do Discurso, associada ao 
método de Pesquisa documental, como um caminho para 
a pesquisa filosófica em Educação. 
Isso por causa de diversos fatores que 
possibilitaram a associação da Análise do Discurso como 
uma metodologia de pesquisa propícia aos estudos no 
universo da Educação, a começar pelo processo de origem 
da AD no universo científico da Linguística como uma 
53 
 
metodologia que centra seus estudos nos discursos dos 
sujeitos, discurso esse é formulado a partir das falas 
individualizadas dos sujeitos associadas a um conjunto de 
fatores históricos, sociais e ideológicos que possibilitam ao 
pesquisador traçar um perfil do meio social capaz de 
explicar e tornar compreensível diferentes percepções da 
realidade de mundo que possam se apresentar. 
Outro fator de associação é expansão da AD para 
outros campos científicos das ciências humanas como a 
Sociologia e a Psicologia foi a possibilidade de uma 
“construção teórica da intertextualidade” (PÊCHEUX, 
1998, p. 48), onde o discurso passa a ser um elemento-
chave para o desenvolvimento de diversas teorias e objetos 
de pesquisas para esses universos, atribuindo sentidos e 
interpretações as falas que se apresentam nas fontes e 
materiais que possibilitam a construção de seus trabalhos, 
o mesmo valendo para o universo da Educação. Além da 
possibilidade de trabalhar em conjunto com a Pesquisa 
Documental, assim como outros métodos de pesquisa 
tradicionais nas ciências humanas, vem ajudando 
mutuamente ao desenvolvimento dos arcabouços teóricos 
e na busca de novos objetos, problemas e caminhos para 
pesquisa científica para si e para as diversas ciências a quem 
se associa. 
Essa capacidade de desenvolvimento dos 
arcabouços teóricos, tantos os existentes como os novos, 
e de buscar ou identificar novos objetos, problemas e 
caminhos para pesquisa científica se dá graças a ampliação 
das fontes de pesquisa que a Análise do Discurso 
conjuntamente com a Pesquisa Documental permitem e 
possibilitam, fontes essa que estão além dos materiais 
54 
 
aceitos e entendidos pela Academia como naturais e 
válidos à pesquisa científica. Com uso da AD é possível 
extrair conceitos tanto em obras e textos academicamente 
aceitos quanto em documentos textuais ou não que são 
produzidos no âmbito por crianças em idade escolar por 
exemplo. 
Além disso tudo, some-se a condição de 
contraponto ao modelos tradicionais de pesquisa científica 
em todos os campos de conhecimento que ela se associa, 
a exemplo sua ruptura com o modelo estruturalista de 
pesquisa e estudo da língua no universo da Linguística. 
Essas condições carregam a Análise do Discurso de novos 
valores e visões de mundo capazes de (re)determinar e 
(re)qualificar os seres ou objetos de estudo e pesquisa de 
acordo com as necessidades de cada campo de 
conhecimento, ou seja, de conceituar os seres ou objetos 
estudados e/ou pesquisados de acordo com necessidades 
de cada itinerário de pesquisa ou de cada ciência, ajudando 
assim a melhorar e ampliar a compreensão de mundo e o 
entendimento da realidade para os pesquisadores e 
estudiosos de cada ciência. 
Vale ressaltar que esses valores e essa visão de 
mundo diferenciada extraída pela Análise do Discurso está 
incutida nos mais variados meios e mídias de comunicação 
utilizáveis pelos indivíduos e o acesso científico a esses 
discursos se faz através do método trabalho da Pesquisa 
documental, que vem auxiliar o pesquisador a identificar o 
que lhe é necessário e importante para sua pesquisa. Dessa 
forma como diria Pêcheux “o desafio crucial é o de 
construir interpretações, sem jamais neutralizá-Ias, nem no 
'qualquer coisa' de um discurso sobre o discurso, nem em 
55 
 
um espaço lógico estabilizado com pretensão universal.” 
(1998, p. 55) 
Assim, a possibilidade de (re)formar os conceitos 
dos seres e objetos de uma ou para uma ciência a partir da 
visão de mundo oferecida pelos próprios sujeitos inseridos 
no processo de pesquisa, e não apenas pela visão do 
pesquisador, é o que se apresenta como o diferencial 
trazido pela Análise do Discurso em conjunto com 
Pesquisa Documental capaz de inseri-las no rol das 
metodologias de pesquisa associáveis aos padrões 
filosóficos de pesquisa científica, em especial, ao universo 
da pesquisa em Educação. 
 
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Acessado

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