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Tcc - Consequências jurídicas da fixação da tese da taxatividade mitigada

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ 
CAMPUS DE FOZ DO IGUAÇU 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
MILTON KLEBER KOZIEVITCH FILHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA FIXAÇÃO DA TESE DE TAXATIVIDADE 
MITIGADA NO TEMA REPETITIVO Nº 988/STJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FOZ DO IGUAÇU 
2021 
 
MILTON KLEBER KOZIEVITCH FILHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA FIXAÇÃO DA TESE DE TAXATIVIDADE 
MITIGADA NO TEMA REPETITIVO Nº 988/STJ. 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso 
apresentado como requisito parcial para 
obtenção do grau de Bacharel em Direito 
da UNIOESTE – Universidade Estadual 
do Oeste do Paraná, Campus Foz do 
Iguaçu. 
Orientador (a): Profa. Dra. Isadora Minotto 
Gomes Schwertner. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FOZ DO IGUAÇU 
2021 
 
 
RESUMO 
 
A fixação da tese da taxatividade mitigada na resolução do tema repetitivo nº 988 do 
Superior tribunal de justiça, alterou de forma significativa a lógica recursal do Código 
de Processo Civil de 2015. Referida tese tem sido alvo de severas críticas 
doutrinárias, as quais apontam que a tese desrespeitou a opção legislativa do 
legislador, bem como afrontou dispositivos constitucionais. Em vista disso, o estudo 
objetiva analisar quais as consequências jurídicas trazidas pela doutrina da adoção 
de referida tese. O tema é da maior importância na medida em que uma alteração 
no rol do art. 1.015 repercute sobre todo o sistema processual brasileiro e sobre 
todos os que a ele estão jurisdicionados. Para a sua compreensão, foi realizado um 
breve apanhado histórico acerca do agravo no Brasil, bem como uma exposição 
acerca das teorias defendidas pelas diferentes doutrinas. Ademais, fez-se uma 
análise do acordão e dos entendimentos doutrinários acerca da questão. Com base 
na análise crítica dos dados obtidos, concluiu-se que a decisão violou os princípios 
da legalidade e da separação de poderes, bem como repristinou a lógica recursal do 
CPC 1973 e desrespeito as normas de competência do judiciário. 
 
Palavras-Chave: Agravo de Instrumento, Tema Repetitivo 988/STJ, Taxatividade 
Mitigada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The fixation of the mitigated taxativiness thesis in the resolution of repetitive theme nº 
988 of the Superior Court of Justice, significantly altered the appeal logic of the Civil 
Procedure Code of 2015. This thesis has been the target of severe doctrinal 
criticisms, which indicate that the thesis disrespected the legislative option of the 
legislator, as well as facing constitutional provisions. In view of this, the study aims to 
analyze what are the legal consequences brought by the doctrine of the adoption of 
the thesis. The theme is of the most importance because a change in the list of art. 
1,015 has repercussions on the entire Brazilian procedural system and on all those 
subject to it. For your understanding, a brief historical overview was made about the 
problem in Brazil, as well as an exposition about the theories defended by different 
doctrines. In addition, an analysis was made of the agreement and doctrinal 
understandings on the issue. Based on the critical analysis of the data obtained, it 
was concluded that the decision violated the principles of legality and the separation 
of powers, as well as repristinating the appeal logic of CPC 1973 and disregarding 
the rules of jurisdiction of the judiciary. 
 
Key words: Aggravation of an Instrument, repetitive theme nº 988/STJ, mitigated 
taxativiness. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5 
2 DO AGRAVO DE INSTRUMENTO NO SISTEMA PROCESSUAL BRASILEIRO . 7 
2.1 O Agravo de Instrumento no Código de Processo Civil de 1939 ................... 7 
2.2 O Agravo de Instrumento no Código de Processo Civil de 1973 ................. 11 
2.3 O Agravo de Instrumento no Código de Processo Civil de 2015 ................. 16 
3 DO DEBATE DOUTRINÁRIO ACERCA DA TAXATIVIDADE DO ROL DO ART. 
1.015 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 ............................................... 20 
3.1 Rol de Natureza Taxativa com Interpretação Restritiva ................................ 20 
3.2 Rol de Natureza Taxativa com Interpretação Extensiva ou Analógica ........ 22 
3.3 Rol Meramente Exemplificativo ....................................................................... 26 
4 DA HIPÓTESE FIXADA NO TEMA REPETITIVO Nº 988 DO SUPERIOR 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA .......................................................................................... 29 
4.1 Tese Fixada no Tema Repetitivo nº 988 do Superior Tribunal de Justiça ... 29 
4.2 Dos Votos Divergentes. .................................................................................... 33 
4.3 Das Críticas e Apontamentos Doutrinários à Tese Fixada no Tema 
Repetitivo nº 988/STJ .............................................................................................. 37 
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 42 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45 
 5 
1 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem como objetivo principal analisar as consequências 
jurídicas da fixação da tese da taxatividade mitigada no tema repetitivo nº 988 do 
Superior Tribunal de Justiça, tendo em vista que a tese tem sido alvo de severas 
críticas por parte da doutrina, bem como que sua adoção introduz significantes 
modificações na sistemática do agravo de instrumento. 
Para que se pudesse efetivar referida análise, fez-se necessário a 
abordagem de alguns pontos, os quais constituíram os objetivos específicos do 
presente trabalho, sendo eles: a realização de uma breve retrospectiva histórica do 
agravo de instrumento no Brasil, a exposição da opção legislativa tomada pelo 
legislador do Código de 2015, a observação de quais eram os argumentos trazidos 
pelos diferentes autores quanto à natureza do rol do art. 1.015, a abordagem da tese 
fixada no tema repetitivo nº 988 do Superior Tribunal de Justiça e a verificação de 
quais os apontamentos feitos pela doutrina à tese fixada no referido tema. 
O tema é de grande relevância na medida em que apesar de ter sido fixada 
tese pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), a qual se faz de observância 
obrigatória, em razão da adoção do incidente de demandas repetitivas, esta não 
atendeu à sua finalidade de pacificar a questão, pois a tese inflamou ainda mais o 
debate doutrinário existente, bem como tem sido alvo de severas críticas 
doutrinárias, as quais tem apontado inúmeras violações à Constituição e à própria 
opção legislativa do legislador do Código de 2015. 
Em um primeiro momento, pode parecer uma questão meramente jurídica, a 
qual viria a despertar somente o interesse de operadores do direito, juristas e 
doutrinadores, entretanto, não há como deixar de considerar que quando a tese 
altera a lógica recursal e o momento de preclusão da matéria do recurso, ela passa 
a representar uma decisão que impacta a todos os jurisdicionados do Ordenamento 
jurídico brasileiro, ou seja, afeta a sociedade brasileira como um todo. 
Sendo assim, tendo em vista que a tese jurídica fixada afeta a todos os 
jurisdicionado do ordenamento jurídico brasileiro, bem como não pacificou a questão 
doutrinariamente, e ao contrário, incentivou ainda mais o debate sobre a questão, 
havendo inúmeros apontamentos doutrinários acerca de violações constitucionais, 
entende-se fundamental a resposta da questão que se faz o objetivo principal deste 
trabalho, qual seja: Quais as consequências jurídicas ocasionadas pela fixação da 
 6 
tese da taxatividade mitigada no Tema repetitivo nº 988 do Superior Tribunal de 
Justiça? 
Para que fossem concretizadostodos os objetivos, o presente trabalho 
valeu-se do método de abordagem dedutivo (conexão descendente) e do método de 
procedimento dogmático-jurídico, buscando relacionar aquilo que estava na norma 
jurídica com o que dispõe a doutrina e os julgados. Ademais, as fontes utilizadas 
foram os livros doutrinários, as publicações avulsas, os artigos, as jurisprudências, 
os diversos documentos sem força normativa emitidos pelo poder legislativo das 
épocas, como os pareceres das comissões legislativas e as exposições de motivo, 
bem como o próprio texto legal. 
O primeiro capítulo destina-se a trazer uma retrospectiva histórica do agravo 
de instrumento no Brasil, tendo com ponto de partida o Código de 1939, passando 
pelo Código de 1973 e suas numerosas reformas e chegando, por fim, ao Código de 
2015. Durante referido trajeto, é abordado dentro de cada subitem qual era a lógica 
recursal que imperava em cada um dos Códigos, quais foram as críticas sofridas, os 
motivos que ensejaram suas reformas, bem como qual era a finalidade do legislador 
com cada um deles. 
O segundo capítulo é destinado à observação dos argumentos trazidos pelos 
autores em relação à natureza jurídica conferida ao rol do art. 1.015, do Código de 
2015. Aqui são abordadas as principais correntes, sendo elas a da natureza taxativa 
com interpretação restritiva, natureza taxativa com interpretação extensiva ou 
analógica e, natureza meramente exemplificativa, sendo trazidos os argumentos 
defendidos por cada corrente. 
Já o terceiro capítulo adentra propriamente à tese fixada pelo STJ no tema 
repetitivo de nº 988, sendo trazidos o voto vencedor e os votos divergentes, bem 
como seus respectivos fundamentos e argumentos, sendo, por fim, abordadas as 
críticas e apontamentos realizados pela doutrina em relação às consequências 
jurídicas da fixação de referida tese. 
 
 
 
 
 
 
 7 
2 DO AGRAVO DE INSTRUMENTO NO SISTEMA PROCESSUAL BRASILEIRO 
 
2.1 O Agravo de Instrumento no Código de Processo Civil de 1939 
 
Antes de expor-se propriamente acerca da evolução histórica do agravo de 
instrumento, entende-se relevante esclarecer o porquê de o presente trabalho ter 
como seu marco histórico inicial de análise o Código de Processo Civil (CPC) de 
1939, tendo em vista que o agravo encontra-se previsto na legislação brasileira 
desde a adoção das Ordenações Filipinas, em 20 de outubro de 1823.1 
O motivo que levou à seleção do Código de Processo Civil de 1939 como 
marco histórico inicial do presente trabalho, é que foram justamente as Constituições 
que o antecederam, de 1934 e 1937, as primeiras a preverem que a competência 
para legislar sobre Direito Processual Civil seria privativa da União, ou seja, foram as 
primeiras a determinarem a uniformização do Direito Processual em todo o território 
nacional, logo, a partir do Código de Processo Civil de 1939, o Direito Processual 
Civil passou a ser o mesmo em todo o país.2 
Feita referida justificativa preliminar, a seguir serão abordados os principais 
tópicos que dizem respeito ao agravo de instrumento no Código de Processo Civil de 
1939, dentre eles: a sistemática dos recursos de decisões interlocutórias e as 
hipóteses de cabimento do agravo de instrumento propriamente ditas. 
Da exposição de motivos do Código de Processo Civil de 1939, extrai-se 
que o Código buscava “tornar precisa em cada caso a vontade da lei”3, e que, sem 
isso, “o processo decairia de sua dignidade de meio revelador do direito e tornara-se 
uma arma do litigante, um meio de protelação”4. Quando aos recursos, consta na 
exposição que: 
 
foram abolidos os dos despachos interlocutórios. Tais recursos 
concorriam para tumultuar o processo, prolongá-lo e estabelecer 
confusão no seu curso. Fundavam-se na sua generalidade em 
matéria de caráter puramente processual, e só se justificariam em 
um sistema de processo concebido de maneira rígida ou hierática, 
 
1 ARRUDA ALVIM, Tereza. Os Agravos no CPC Brasileiro, 4ª ed. São Paulo: RT, p. 50, 2006. 
2 QUINAUD, Flávio Pedron; SAMPAIO, Mariana Fram Lima. O recurso de agravo de instrumento e a 
possibilidade de interpretação extensiva das suas hipóteses de cabimento conforme o CPC/2015. 
Brasília: Revista CEJ, n. 75, p.4, 2018. 
3 BRASIL. Exposição de motivos ao anteprojeto do Código de Processo Civil de 1939. Rio de Janeiro, 
24 de julho de 1939. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-
lei-1608-18-setembro-1939-411638-norma-pe.html. Acesso em: 01/08/2020. 
4 Idem. 
 8 
como tento por única finalidade a estrita observância das suas regras 
técnicas, sem atenção ao seu mérito e à sua finalidade. 5 
 
Sendo assim, extrai-se que o Código de Processo Civil de 1939 buscou 
instaurar uma lógica recursal de irrecorribilidade das decisões interlocutórias, na 
medida em que, como exposto acima, o legislador entendia que o recurso contra as 
decisões interlocutórias servia apenas para tumultuar o processo, tendo como objeto 
principal, questões processuais voltadas a uma observação técnica exagerada. 
Entretanto, em que pese adotar essa irrecorribilidade das interlocutórias 
como regra, entendeu o legislador de 1939 que o afastamento do recurso não 
deveria ser absoluto, sendo assim, o legislador optou por consagrar hipóteses 
específicas de interlocutórias nas quais eram cabíveis certos recursos.6 
Conforme exposto pelo legislador nos motivos do Código de 1939, seria 
necessária uma distinção entre as falhas do processo que afetam materialmente o 
direito das partes e aquelas que possuem uma natureza meramente técnica, 
justificando que permitir o recurso em todos os casos em que se alegue um erro 
acarretará males desproporcionais aos benefícios que se podem verificar em casos 
relativamente raros.7 
Nesse sentido, conforme apontado por Arruda Alvim, o Código de 1939 
optou por prestigiar o princípio das decisões juridicamente relevantes, princípio este 
que se dirige ao legislador e consiste em proporcionar a ele um critério 
discriminatório, o qual leva em conta o diversificado grau de possíveis prejuízos que 
podem ser ocasionados pelas diversas decisões, as quais são dimensionadas em 
face da lesão que poderiam causar, possibilitando ao legislador dispor, por meio da 
lei, quais as decisões juridicamente relevantes aptas a possibilitar o direito ao 
agravo.8 
À luz do referido princípio, e pela lógica estabelecida pelo legislador de 
1939, era cabível agravo de instrumento contra decisões que haviam sido 
previamente determinadas pelo próprio legislador como possíveis de causar 
 
5 BRASIL. Exposição de motivos ao anteprojeto do Código de Processo Civil de 1939. Rio de Janeiro, 
24 de julho de 1939. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-
lei-1608-18-setembro-1939-411638-norma-pe.html. Acesso em: 01/08/2020. 
6 GONZALEZ, Gabriel Araújo. A recorribilidade das decisões interlocutórias no Código de Processo 
Civil de 2015. 2. ed. São Paulo: Juspodivm, p.80, 2019. 
7 BRASIL. Op. Cit. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-
1608-18-setembro-1939-411638-norma-pe.html. Acesso em: 01/08/2020. 
8 ARRUDA ALVIM, José Manoel de. Notas a respeito dos aspectos gerais e fundamentais da 
existência dos recursos, São Paulo: RePro, vol. 48, p.07-26, 1987. 
 9 
prejuízos de maior envergadura, chegando-se à conclusão da taxatividade do rol de 
hipóteses de cabimento do agravo de instrumento. 
Fixado este pressuposto, de que o legislador do Código adotou a 
taxatividade das hipóteses de recorribilidade de decisão interlocutória, passam a ser 
abordados os recursos previstos, pelo Código de Processo Civil de 1939, como 
adequados à impugnação de decisões interlocutórias, sendo eles: o agravo de 
instrumento e o agravo no auto do processo. 
Esclarece-se que havia previsão de um terceiro agravo, chamado de agravo 
de petição, todavia, este não tinha função de impugnação de interlocutória,mas sim 
destinava-se à impugnação de decisões terminativas, portanto, decisões que 
punham fim ao processo sem a resolução de mérito, conforme apontado por 
Gonzalez.9 
O agravo no auto do processo pressupunha a tramitação posterior de 
apelação, sendo que seu julgamento era feito como preliminar, conforme disposto no 
art. 852 do Código, e buscava “evitar a preclusão a respeito de determinadas 
decisões, sobretudo aquelas que cerceassem, de qualquer forma, a defesa do 
interessado”10. As matérias recorríveis por agravo no auto do processo eram 
previstas no art. 851 do referido Código, podendo ser sintetizadas em: I. que 
julgarem improcedentes as exceções de litispendência e coisa julgada; II. que não 
admitirem a prova requerida ou cercearem a defesa do interessado; III. que 
concederem, na pendência da lide, medidas preventivas; IV. que considerem, ou 
não, saneado o processo.11 
Quanto ao agravo de instrumento, como já apontado, o legislador de 1939, 
na elaboração do Código, optou pela enumeração casuística de decisões 
impugnáveis por agravo de instrumento, fazendo a ressalva de que poderiam haver 
outras casos expressamente previstos em lei12. Dessa forma, como apontado por 
Nery Jr.13, verificou-se que o CPC de 1939, arrolou as hipóteses de cabimento do 
agravo de instrumento taxativamente em números clausus, ou seja, adotou um rol 
taxativo. 
 
9 GONZALEZ, Gabriel Araújo. A recorribilidade das decisões interlocutórias no Código de Processo 
Civil de 2015. 2. ed. São Paulo: Juspodivm, p.81, 2019. 
10 Marques apud ARRUDA ALVIM, Tereza. Os Agravos no CPC Brasileiro, 4ª ed. São Paulo: RT, p. 
81, 2006. 
11 BRASIL, Decreto-Lei nº 1.608. Código de Processo Civil. Rio de Janeiro, 18 de setembro de 1939. 
12 GONZALEZ, Gabriel Araújo. Op. cit. p.83. 
13 NERY JR., Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado, 16 ed. 
São Paulo: RT, p. 2207, 2016. 
 10 
Referido rol de hipóteses de cabimento de agravo de instrumento, foi trazido 
pelo Código de Processo Civil de 1939, em seu artigo 842, o qual sofreu leves 
alterações ampliativas pelos Decreto-Lei 4.565/1942 e Decreto-Lei 4.672/1965, e 
que previa o cabimento de agravo de instrumento, além dos demais casos previstos 
em lei, quando a decisão: 
I. não admitisse a intervenção de terceiro na causa; 
II. julgar a exceção de incompetência; 
III. denegar ou conceder medidas requeridas como preparatórias da 
ação; 
IV. não conceder vista para embargo de terceiro ou que julgá-lo; 
V. denegue ou renove o benefício de gratuidade; 
VI. ordenar a prisão; 
VII. nomear ou destituir inventariante, tutor curador, testamenteiro ou 
liquidante; 
VIII. arbitrar, ou deixar de arbitrar a remuneração dos liquidantes ou 
a vintena dos testamenteiros; 
IX. denegar a apelação, inclusive a de terceiro prejudicado, julgar 
deserta ou relevá-la da deserção; 
X. decidir a respeito de erro de conta; 
XI. conceder, ou não, a adjudicação ou remissão dos bens; 
XII. anular a arrematação, adjudicação ou remissão cujos efeitos 
legais já se tenham produzido; 
XIII. admitir, ou não, o concurso de credores, ou ordenar a inclusão 
de crédito; 
XIV. julgue, ou não, prestadas as contas; 
XV. julgue processos de que tratam os títulos XV a XXII do Livro V, 
ou os respectivos incidentes; 
XVI. neguem alimentos provisionais; 
XVII. sem caução idônea, ou independentemente de sentença 
anterior, autorizem a entrega de dinheiro ou quaisquer outros bens 
ou a alienação, hipoteca, permuta, sub-rogação ou arrendamento de 
bens.14 
 
Contudo, ao analisar referido rol, Arruda Alvim15, concluiu o legislador do 
Código de 1939, ao adotar o princípio da decisão juridicamente relevante deixou de 
dosar as hipóteses de forma satisfatória, o que, consequentemente, levou à 
utilização dos chamados sucedâneos recursais que eram ainda mais prejudiciais a 
um processo que pretendia ser livre de tumultos e confusões.16 
Justamente este panorama caótico, onde os sucedâneos recursais 
começaram a ser utilizados até quando era caso de agravo de instrumento, por 
 
14 BRASIL, Decreto-Lei nº 1.608. Código de Processo Civil. Rio de Janeiro, 18 de setembro de 1939. 
15 ARRUDA ALVIM, Tereza. Os Agravos no CPC Brasileiro, 4ª ed. São Paulo: RT, p. 147, 2006 
16 GONZALEZ, Gabriel Araújo. A recorribilidade das decisões interlocutórias no Código de Processo 
Civil de 2015. 2. ed. São Paulo: Juspodivm, p.100, 2019. 
 11 
conta de gozarem de efeito suspensivo, que levou Nery Jr. e Rosa Nery17, a 
afirmarem que no Código de 1939 reinava a balburdia no sistema processual, bem 
como, levou o legislador à elaboração de um novo Código de Processo Civil, o qual 
restou promulgado em 1973, e que a seguir será abordado. 
 
2.2 O Agravo de Instrumento no Código de Processo Civil de 1973 
 
Quanto ao agravo de instrumento no Código de Processo Civil de 1973, 
percebe-se, de uma análise do art. 522 de referido Código, que a lógica recursal 
estabelecida difere substancialmente daquela que imperava no Código de 1939, 
prevendo, em um primeiro momento, a recorribilidade de toda e qualquer decisão 
interlocutória, pautada na suscetibilidade de a decisão causar à parte lesão grave e 
de difícil reparação.18 
 Diz-se, em um primeiro momento, porque diferentemente do Código de 
1939 que passou por pequenas mudanças pontuais, a lógica recursal estabelecida 
no início do Código de 1973, mostrou-se completamente oposta à lógica que restou 
estabelecida ao final da vigência do próprio Código de 1973, conforme será 
demonstrado na análise a ser feita no presente capítulo. 
Conforme aponta Gonzalez, depois que o Código de 1973 entrou em vigor, 
houveram três leis que alteraram o regime jurídico dos agravos, sendo elas a Lei n. 
9.139/1995, a Lei n. 10.352/2001 e a Lei n. 11.187/2005. Nesse sentido, justifica-se 
que o estudo da recorribilidade das interlocutórias no Código de 1973 seja dividido 
em 4 momentos: I. 01/01/1974 até a Lei 9.139/1995; II. Lei 9.139/1995 até a Lei. 
10.352/2001; III. Lei 10.352/2001 até a Lei 11.187/2005; IV. Após a Lei 
11.187/2005.19 
Como já mencionado anteriormente, o Código de 1973 foi elaborado 
justamente para contrapor a lógica recursal estabelecida pelo Código de 1939, 
abandonando de certa forma o princípio da oralidade que imperava no Código de 
1939 e que tinha como princípio reinante, no que diz respeito à recorribilidade, o 
princípio das decisões juridicamente relevantes, tema esse já abordado. 
 
17 NERY JR., Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado, 16 ed. 
São Paulo: RT, p. 2232, 2016. 
18 GONZALEZ, Gabriel Araújo. A recorribilidade das decisões interlocutórias no Código de Processo 
Civil de 2015. 2. ed. São Paulo: Juspodivm, p.97, 2019. 
19 Ibidem, p.109-110. 
 12 
De acordo com a exposição de motivos do Código de Processo Civil de 
1973: 
 
... o projeto, por amor aos princípios, não deve sacrificar as 
condições próprias da realidade nacional. O Código de Processo 
Civil se destina a servir ao Brasil. Atendendo a estas ponderações, 
julgamos de bom aviso limitar o sistema do processo oral, não só no 
que toca ao princípio da identidade da pessoa física do juiz, como 
também quanto à irrecorribilidade das decisões interlocutórias. 20 
 
Nesse sentido, justificou o legislador de 1973 que a aplicação do princípio da 
irrecorribilidade em separado das interlocutórias provou que os litigantes, 
impacientes com a demora do recurso, acabaram por engendrar esdrúxulas formas 
de impugnação, fazendo clara referência aos chamados sucedâneos recursais.21 
Em sua redação original, o Código de 1973 previa em seu art. 522 que era 
cabível agravo contra todas as decisões interlocutórias proferidas no processo, 
exceto os despachos de expediente e as sentenças, pronunciamentos que estavam 
definidos pelos artigos 504 e 513 do referido Código.22 
Além disso, o Código de 1973, em sua versão original, previa que o agravo 
estava sujeito a dois regimes, o primeirode instrumento, o qual ensejava a subida 
imediata, e o segundo era o chamado retido, o qual, como o próprio nome sugere, 
não tinha subida imediata e ficava retido para ser julgado como preliminar de 
apelação, cabendo à parte a escolha de qual dos recursos iria utilizar. 23 
Quanto a este primeiro momento, um ponto importante a ser ressaltado é 
que a formação do instrumento ainda não era ônus da parte agravante, sendo esta 
tarefa competência do cartório.24 
Tal questão se torna relevante, pois conforme exposto por Theodoro Jr.25, 
verificou-se que o imenso volume de agravos interpostos diante da livre 
recorribilidade das interlocutórias, veio a congestionar os tribunais de segundo grau 
de jurisdição, mas não só, porque como a competência de formação do instrumento 
era da primeira instância, esta restou também prejudicada, pois como o número de 
 
20 BRASIL. Exposição de motivos do Código de Processo Civil 1973. Brasília, 31 de julho de 1972. 
P.19. Disponível em: 
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/177828/CodProcCivil%201974.pdf?sequence=4 
21 Idem. 
22 BRASIL, Lei nº 5.869. Código de Processo Civil. Brasília, 11 de janeiro de 1973. 
23 Idem. 
24 ARRUDA ALVIM, Tereza. Os Agravos no CPC Brasileiro, 4ª ed. São Paulo: RT, p. 83, 2006. 
25 THEODORO JR., Humberto. O problema da recorribilidade das interlocutórias no processo civil 
brasileiro. Curitiba: Revista de Direito Processual Civil, vol. 3, n. 30, p. 840-848, 2003. 
 13 
agravos era enorme, o número de peças processuais a serem juntadas no 
instrumento também o eram. Dessa forma, verificou-se que a lógica recursal das 
interlocutórias continuava imperfeita, chegando-se à conclusão de que hipóteses tão 
amplas de cabimento não eram convenientes.26 
Contudo, este não era o único problema gerado pera recorribilidade geral 
das interlocutórias, pois se verificou também que, mesmo possibilitando o recurso de 
toda e qualquer decisão interlocutória, o manejo de sucedâneos recursais não restou 
solucionado, pois o agravo de instrumento ainda não gozava do efeito suspensivo, o 
qual podia ser concedido por meio da liminar no mandado de segurança, como 
asseverou Arruda Alvim.27 
Com os problemas expostos, logo começaram a surgir críticos da 
recorribilidade ampla das decisões interlocutórias, dentre eles Pará Filho, o qual 
defendia que deveriam ser inclusas nas hipóteses de cabimento de agravo de 
instrumento, as decisões que acarretassem dano irreparável ou de difícil reparação 
para as partes, entretanto, defendia que as hipóteses de cabimento fossem definidas 
em numerus clausus, pois, dessa forma, seria reestabelecido a tradição do direito 
nacional, sendo ainda respeitada a melhor doutrina sobre o tema.28 
Entretanto, referida crítica não foi considerada para as reformas seguintes 
do Código de 1973. A primeira destas reformas foi implementada pela Lei 
9.139/1995, a qual dá início ao segundo momento do estudo da recorribilidade das 
interlocutórias no Código de 1973. 
A Lei 9.139/1995, trouxe duas importantes modificações ao sistema do 
agravo de instrumento. Referida lei, determinou que o agravo de instrumento 
passaria a ser interposto diretamente no tribunal e que cabia ao agravante formar o 
instrumento, verificando-se, assim, clara tentativa de diminuir o impacto dos agravos 
em primeira instância, e, além disso, conferiu ao Relator o poder de atribuir efeito 
suspensivo ao agravo, em uma tentativa de inibir o uso dos sucedâneos recursais29. 
Quanto aos efeitos positivos da lei, Arruda Alvim pontua que com a 
concessão de possibilidade de efeito suspensivo ao agravo “eliminou-se a prática, 
 
26 ARRUDA ALVIM, José Manoel de. Notas a respeito dos aspectos gerais e fundamentais da 
existência dos recursos, São Paulo: RePro, vol. 48, p.07-26, 1987. 
27 ARRUDA ALVIM, Tereza. Os Agravos no CPC Brasileiro, 4ª ed. São Paulo: RT, p. 405, 2006. 
28 PARÁ FILHO, Tomas. A recorribilidade das decisões interlocutórias no novo Código de Processo 
Civil. São Paulo: RePro, vol. 5, 15/42, 1977. 
29 ARRUDA ALVIM, Tereza. Op. cit. p. 83-84. 
 14 
até então bastante difundida, de se impetrar mandado de segurança com a 
finalidade de se suspenderem os efeitos da decisão agravada”. 30 
No entanto, conforme disposto por Theodoro Jr.31, e também pela própria 
Arruda Avim32, essa facilitação de acesso à instância recursal, que permitiu que as 
partes obtivessem uma decisão do tribunal de forma mais rápida, bem como pelas 
possibilidades de efeito suspensivo e da concessão de medidas fundadas em 
cognição sumária, fez com que o número de recursos aumentasse 
consideravelmente, prejudicando o desempenho dos tribunais. 
Frente a esse panorama, de incentivo ao recurso das interlocutórias e onde 
a carga excessiva apenas havia sido redirecionada da 1ª instância para os tribunais 
de 2ª instância, fez-se necessária outra reforma, que foi operada por meio da Lei 
10.352/2001, a qual dá início ao estudo do terceiro momento da recorribilidade das 
interlocutórias dentro do Código de 1973. 
A Lei 10.352/2001, ao contrário da anterior, visava restringir a utilização do 
agravo de instrumento, e, para isso, introduziu dois casos em que a capacidade de 
escolha da parte, acerca de qual o recurso a ser interposto da decisão interlocutória, 
seria restringida33. O primeiro caso estava contemplado no art. 523, §4, que 
dispunha, em síntese, que as interlocutórias proferidas em audiência de instrução 
seriam desafiadas necessariamente por agravo retido, e o segundo caso estava 
contemplado pelo art. 527, inciso II, que passou a prever que o Relator teria o poder 
de converter o agravo de instrumento em agravo retido, salvo nos casos dos danos 
de difícil e incerta reparação, nos de inadmissão de apelação e nos relativos a 
efeitos em que a apelação é recebida.34 
Ocorre que, conforme Sica35, o resultado foi decepcionante, tendo em vista 
que não era de costume dos magistrados proferirem decisões na audiência de 
instrução, bem como, caso o relator viesse a converter o agravo de instrumento em 
retido, dessa decisão seria cabível agravo interno, o que ensejaria novo relatório e 
 
30 ARRUDA ALVIM, Tereza. Os Agravos no CPC Brasileiro, 4ª ed. São Paulo: RT, p. 84, 2006 
31 THEODORO JR., Humberto. O problema da recorribilidade das interlocutórias no processo civil 
brasileiro. Curitiba: Revista de Direito Processual Civil, vol. 3, n. 30, p. 840-848, 2003. 
32 ARRUDA ALVIM, Tereza. Op. cit. p. 86. 
33 Idem. 
34 BRASIL, Lei nº 10.352/2001. Altera dispositivos da Lei nº 5.869/1973. Brasília, 26 de dezembro de 
2001. 
35 SICA, Heitor Vitor Mendonça. O agravo e o mito de Prometeu: considerações sobre a Lei n. 
11.187/2005. In: Teresa Arruda Alvim Wambier; Nelson Nery Jr. (Org.). Aspectos polêmicos e atuais 
dos recursos cíveis. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 193-219, 2006. 
 15 
sessão para julgamento. Logo, referida norma teve impacto reduzido, e não foi 
capaz de satisfazer os interesses reformistas, tendo em vista que não reduziu o 
número de recursos nos tribunais. 
Diante desse cenário, foi promulgada a Lei 11.187/2005, a qual buscando 
solucionar os problemas ilustrados anteriormente, instituiu a vedação ao cabimento 
de recurso contra decisão que convertesse o agravo de instrumento em agravo 
retido, tornando, dessa forma, o agravo retido a regra do sistema, deixando o agravo 
de instrumento para hipóteses específicas.36 
Nesse sentido, o art. 522 passou a indicar que todas as interlocutórias eram 
recorríveis por agravo na forma retido, salvo em casos em que a decisão inadmitisse 
apelação, decidisse sobre os efeitos desta ou em casos em que as decisões fossem 
capazes de causar à parte lesão grave ou de difícil reparação.37 
Como apontou Sica38, esta lei também pôs fim à controvérsia sobre a 
facultatividade na conversão do agravo de instrumento em agravo retido, na medida 
em que deixou claro que o relator do processo converteria o agravo de instrumentoem retido, quando a decisão impugnada não fosse suscetível de causar à parte 
lesão grave e de difícil reparação, ou não fosse algum dos outros dois casos acima 
já citados. 
Outra disposição acerca do agravo retido alterada pela lei 11.187/2005, foi 
quanto à sua interposição de forma oral, a qual havia sido positivada com a Lei. 
9.139/1995. Como elucida Arruda Alvim39, se antes do advento da lei 11.187/2005 
permitia-se a interposição oral do agravo retido, de decisões proferidas em 
audiência, com referida lei, a interposição oral do recurso passou a ser obrigatória, 
não se admitindo a interposição por escrito, ou seja, se não interposto de forma oral 
na própria audiência, ocorria a preclusão temporal com a manutenção da matéria 
decidida. 
Portanto, após toda a exposição, conclui-se que, apesar de iniciar sua 
trajetória defendendo a recorribilidade imediata geral das interlocutórias, cabendo à 
parte, se quisesse esperar, interpor agravo retido, o Código de 1973, com sua última 
 
36 BRASIL, Lei nº 11.187/2005. Altera dispositivos da Lei nº 5.869/1973. Brasília, 19 de outubro de 
2005. 
37 Idem. 
38 SICA, Heitor. O agravo e o mito de Prometeu: considerações sobre a Lei n. 11.187/2005. In: Teresa 
Arruda Alvim Wambier; Nelson Nery Jr. (Org.). Aspectos polêmicos e atuais dos recursos cíveis. São 
Paulo: Revista dos Tribunais, p. 193-219, 2006. 
39 ARRUDA ALVIM, Tereza. Os Agravos no CPC Brasileiro, 4ª ed. São Paulo: RT, p. 269, 2006. 
 16 
reforma, mostrou sistemática recursal completamente diferente de suas origens, na 
medida em que, com a Lei 11.187/2005, a recorribilidade das interlocutórias deixou 
de ser imediata, bem como não cabia mais à parte escolher em qual momento esta 
seria analisada. 
Neste sentido, conforme aponta a exposição de motivos do Código de 
Processo Civil de 2015, as múltiplas reformas pelas quais passou o Código de 1973 
levaram ao enfraquecimento da coesão existente entre suas normas, o que, de certa 
forma, levou ao comprometimento de toda a sistemática do Código, fato este, que 
ensejou também a elaboração de novo Código. 40 
 
2.3 O Agravo de Instrumento no Código de Processo Civil de 2015 
 
O ponto de partida para a análise do Código de Processo Civil de 2015, 
como não poderia deixar de ser, é a exposição de quais são os objetivos que 
referido Código traçou no que diz respeito à lógica recursal e, mais especificamente, 
em relação à recorribilidade das decisões interlocutórias. 
Da exposição de motivos do Código de 2015, extrai-se que o objetivo geral 
do legislador era a celeridade e otimização processual, na medida em que 
argumentava que “sendo ineficiente o sistema processual, todo o ordenamento 
jurídico passa a carecer de real efetividade” 41. Ademais, quanto à seara recursal, o 
legislador, ainda na exposição de motivos, deixou claro que referido código se 
propunha a simplificar o sistema recursal, resolvendo problemas e reduzindo sua 
complexidade, entendida como unanimidade na comunidade jurídica.42 
Nesse sentido, importante frisar que como aponta Neves43, nesse período 
mantinha-se a percepção de que o agravo de instrumento tinha utilização descabida, 
o que levava ao atraso das pautas de julgamento dos recursos de apelação, 
prejudicando, assim, a celeridade da tutela jurisdicional. 
Logo, com a busca dessa celeridade processual, combinada com a noção 
de que a recorribilidade imediata de todas as interlocutórias levava a um atraso 
 
40 BRASIL. Exposição de motivos do Código de Processo Civil 2015, datada de 08 de junho de 2010. 
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-
temporarias/especiais/54a-legislatura/8046-10-codigo-de-processo-civil/documentos/outros-
documentos/via-de-tramitacao/exposicao-de-motivos-comissao-de-juristas 
41 Idem. 
42 Idem. 
43 NEVES, Daniel Amorim Assupção. Novo Código de Processo Civil, 3 ed. São Paulo: Método, p. 
625, 2016. 
 17 
descabido da prestação jurisdicional, pois, nas palavras do parlamento, “aos olhos 
do perdedor, todo resultado desfavorável de um processo judicial poderia se 
constituir em injustiça extrema” 44 e enseja o recurso, o legislador foi levado a 
restringir a recorribilidade imediata das interlocutórias. 
Quanto a isso, Donizetti45 menciona que na comissão de juristas que 
elaborou o anteprojeto do Código, da qual ele foi integrante, cogitou-se a aprovação 
de texto que impedisse toda e qualquer possibilidade de recorribilidade das decisões 
interlocutórias, entretanto, referido modelo não logrou êxito frente à complexidade 
das questões cíveis, e o anteprojeto acabou por prever, além dos demais casos 
previstos em lei, o cabimento de agravo contra decisões que versassem sobre 
mérito, tutela de urgência e cumprimento de sentença. 
Feito isso, o anteprojeto foi encaminhado para o Senado federal, de onde se 
iniciou o processo legislativo, o qual após extenso trâmite, dispôs no art. 1.015 que 
cabe agravo de instrumento em face as decisões interlocutórias que versem sobre: 
I. Tutelas provisórias; 
II. mérito do processo; 
III. rejeição da alegação de convenção de arbitragem; 
IV. incidente de desconsideração da personalidade jurídica; 
V. rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do 
pedido de sua revogação; 
VI. exibição ou posse de documento ou coisa; 
VII. exclusão de litisconsorte; 
VIII. rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; 
IX. admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; 
X. concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos 
embargos à execução; 
XI. redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1; 
XIII. outros casos expressamente referidos em lei; 
§ú. Também caberá agravo de instrumento contra decisões 
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de 
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo 
de inventário.46 
 
Quanto à taxatividade do rol do art. 1.015, Arruda Alvim apontou que a ideia 
do legislador foi a de restringir as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento 
com segurança, preocupando-se em não deixar nenhum caso relevante de fora, 
 
44 BRASIL. Exposição de motivos do Código de Processo Civil 2015, datada de 08 de junho de 2010. 
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-
temporarias/especiais/54a-legislatura/8046-10-codigo-de-processo-civil/documentos/outros-
documentos/via-de-tramitacao/exposicao-de-motivos-comissao-de-juristas. 
45 DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil, 21 ed. São Paulo: Atlas, p. 1406, 
2018. 
46 BRASIL, Lei 13.105. Código de Processo Civil. Brasília, 2015. 
 18 
apresentando, assim, uma resposta à eterna queixa da magistratura e dos 
jurisdicionados no sentido de que havia recursos demais. 47 
Assevera Wambier que apesar de o rol se apresentar taxativo, isso não quer 
dizer que ele traz todas as hipóteses de cabimento, tendo em vista que o próprio 
artigo, em seu inciso XIII, remete as hipóteses de cabimento a outros casos 
previstos na lei, ou seja, enuncia que além dos ali constantes no rol, haverá o 
cabimento do agravo de instrumento sempre que indicado pelo legislador. 48 
Quanto a essas hipóteses de cabimento, previstas além do art. 1.015, 
Gonzalez as divide em três tópicos: 1. Resolução parcial do processo (com ou sem 
exame de mérito) – prevista no art. 354, §ú do CPC, que engloba também o 
indeferimento de petição inicial, prevista no art. 321 do CPC, e a extinção de 
reconvenção; 2. Ligada ao requerimento de distinção, quando há sobrestamento de 
recursos especiais ou extraordinários repetitivos, previsto no art. 1.037, §13, I, do 
CPC; 3. Hipóteses previstas em legislação extravagante, entre elas o art. 17, §10, da 
Lei n. 8.429/1992, arts. 17 e 100, da Lei n. 11.101/2005, art. 19, §1, da Lei 
4.717/1965, art. 12, da Lei 7.347/19855 e o art. 7, §1, da Lei 12.016/2009. 49 
Além disso, conforme aponta Câmara, “a afirmação de quecerta decisão 
interlocutória não é agravável não implica dizer que ela é irrecorrível. Contra as 
decisões interlocutórias não agraváveis será admissível a interposição de apelação” 
50. Referida possibilidade encontra-se prevista no art. 1.009, §1, do CPC, o qual 
dispõe que: 
 
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a 
seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas 
pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, 
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas 
contrarrazões. 51 
 
47 ARRUDA ALVIM, Tereza. Um agravo e dois sérios problemas para o legislador brasileiro. Consultor 
Jurídico, 14 jun. 2018. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-jun-14/teresa-arruda-alvim-
agravo-dois-seriosproblemas. Publicado em 14/06/2018. Acesso em 30/08/2020. 
48 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de Processo Civil. vol. 2. 17 ed. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, p. 552, 2018. 
49 GONZALEZ, Gabriel Araújo. A recorribilidade das decisões interlocutórias no Código de Processo 
Civil de 2015. 2. ed. São Paulo: Juspodivm, p.363-370, 2019. 
50 CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro, 5ª ed., São Paulo: Atlas, p. 514, 
2018. 
51 BRASIL, Lei 13.105. Código de Processo Civil. Brasília, 2015. 
 19 
Ao analisar referida possibilidade, Arruda Alvim52 apontou que as 
contrarrazões que tenham como conteúdo a impugnação de interlocutórias devem 
ser consideradas verdadeiro recurso, pois deverão ser apreciadas pelo órgão 
competente independentemente da desistência do apelante do recurso de apelação 
que ensejou a apresentação das contrarrazões, na medida em que foram apontadas 
pelo legislador como um dos modos aptos a impugnar decisões interlocutórias não 
passíveis de recurso imediato por agravo de instrumento. 
Ainda, quanto à questão das contrarrazões como verdadeiro recurso, Didier 
Jr. e Cunha53 afirmam que as contrarrazões apresentam uma natureza híbrida, na 
medida em que representam tanto o ato jurídico de resposta à apelação quando da 
interposição de recurso contra as decisões interlocutórias não agraváveis. 
Observa-se então que a opção legislativa adotada no Código de 2015 
representou um ruptura com a sistemática até então vigente no Código de 1973, 
tendo em vista que, como abordado no tópico, enquanto o Código de 1973, após a 
Lei n. 11.187/2005, dispunha de uma cláusula geral de cabimento, a qual previa que 
demonstrada a urgência, qualquer decisão interlocutória seria passível de agravo de 
instrumento, o Código de 2015 optou por privilegiar certas decisões que “seja do 
ponto de vista substancial, seja pela perspectiva prática, a solução de determinadas 
questões delineia-se prejudicial à marcha normal do procedimento”54. 
Entretanto, no decorrer do tempo, surgiram diversas correntes doutrinárias, 
cada qual com sua tese, acerca da natureza e possibilidades de interpretação que 
deveriam ser adotadas para o rol do art. 1.015. Dentre essas correntes, destacam-se 
três: I. a que defende a natureza taxativa do rol, em conjunto com uma interpretação 
restritiva; II. que defende a natureza taxativa, mas admite a interpretação extensiva 
ou analógica; III. a que defende a natureza exemplificativa; as quais serão 
abordadas no capítulo seguinte. 
 
 
52 ARRUDA ALVIM, Tereza. Um agravo e dois sérios problemas para o legislador brasileiro. 
Consultor Jurídico, 14 jun. 2018. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-jun-14/teresa-arruda-
alvim-agravo-dois-seriosproblemas. Publicado em 14/06/2018. Acesso em: 30/08/2020. 
53 CUNHA, Leonardo Carneiro da; DIDIER JR., Fredie. Apelação contra decisão interlocutória não 
agravável: a apelação do vencido e a apelação subordinada do vencedor. Duas novidades do 
CPC/2015. Revista de processo. Ano 40, v. 241, 2015, p.237. 
54 CRUZ E TUCCI, José Rogério. Ampliação do cabimento do Recurso de Agravo de Instrumento. 
Consultor Jurídico, São Paulo, 18. Jul. 2017. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-jul-
18/paradoxo-corte-ampliacao-cabimento-recurso-deagravo-instrumento. Acesso em: 18 abr. 2020. 
 
 20 
3 DO DEBATE DOUTRINÁRIO ACERCA DA TAXATIVIDADE DO ROL DO ART. 
1.015 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 
 
3.1 Rol de Natureza Taxativa com Interpretação Restritiva 
 
O Código de Processo Civil de 2015, ao restaurar o princípio das decisões 
jurídicas relevantes, para dispor sobre as hipóteses de recorribilidade imediata das 
decisões interlocutórias, estabeleceu, por consequência, um rol de hipóteses 
taxativas. Ocorre que, uma questão que ganhou bastante relevância desde que o 
Código de 2015 foi promulgado, é se estaria o rol de natureza taxativa sujeito a 
ampliações por meio de interpretação extensiva de seus incisos ou não? 
Referida questão surgiu, porque parte da doutrina entende que o art. 1.015 
não foi capaz de prever todas as hipóteses que necessariamente teriam de estar lá, 
o que fez com que estes autores defendessem formas diversas de interpretação do 
rol. Por conta disso, referida questão será justamente o ponto central do presente 
capítulo, tendo em vista que a resposta e os argumentos para tal, variam de acordo 
com o posicionamento doutrinário que se segue, e são importantes para 
compreender a tese fixada pelo Superior Tribunal de Justiça. 
A primeira corrente a ser aqui abordada é a que defende que o rol do art. 
1.015 é de natureza taxativa, bem como, que sua interpretação seria restritiva. 
Porém, antes de expor os argumentos, faz-se necessária uma breve exposição 
acerca dos conceitos de taxatividade e de interpretação restritiva. 
A taxatividade como discorre Maximiliano55, decorre quando da enumeração 
de hipóteses verifica-se que os motivos e os fins do dispositivo se restringem aos 
casos expressos, sem a adoção de termos amplos e genéricos, e, geralmente, com 
a utilização das expressões: apenas, unicamente, só e seguinte, seguidas pelas 
hipóteses de cabimento. 
Quanto à interpretação restritiva, de acordo com Ferraz Junior: 
 
ocorre toda vez que se limita o sentido da norma, não obstante a 
amplitude de sua expressão literal. Em geral, o intérprete vale-se de 
considerações teleológicas e axiológicas para fundar o raciocínio. 
Supõe, assim, que a mera interpretação especificadora não atinge os 
 
55 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 20 ed. Rio de Janeiro: Forense, p. 
190, 2011. 
 21 
objetivos da norma, pois lhe confere uma amplitude que prejudica os 
interesses, ao invés de protegê-los. 56 
 
Ao analisar o Código de 2015, sob a lente das ideias de Maximiliano, Nery Jr 
e Rosa Nery57, afirmam que da simples leitura do rol, é possível verificar que a lei se 
fundou em motivos e fins de restringir o cabimento do agravo de instrumento, sendo 
que a especificação das hipóteses não foi feita com o intuito de esclarecer o 
dispositivo, mas sim de restringi-lo, constituindo, um rol de hipóteses taxativas. 
A partir disso, Nery Jr e Rosa Nery58, apontam que apesar de entenderem 
que com o Código de 2015 houve um retrocesso no que diz respeito à recorribilidade 
das interlocutórias, “não há dúvida de que o rol do art. 1.015 é taxativo e não permite 
ampliação, nem interpretação analógica ou extensiva.”. 59 
Quanto à possibilidade de interpretação extensiva ou analógica, referidos 
autores esclarecem que utilizar interpretação extensiva ou analógica em hipótese 
taxativamente prevista em lei é erro crasso, bem como, erro de lógica formal, “pois a 
premissa (taxatividade) impede a conclusão (interpretação extensiva ou analógica)” 
60, afirmando que tal interpretação seria contra legem, contra a democracia e contra 
o sistema jurídico vigente.61 
Ainda na defesa da interpretação restritiva, Wambier alerta que: 
 
O discurso da ampliação de tal elenco, se adotado, tende a no futuro 
gerar armadilhas. Os jurisdicionados, com frequência, ouvirão do 
tribunal: “a parte deveria ter agravado dessa decisão interlocutória. 
Tal decisãonão está explicitada no elenco legal de hipóteses 
agraváveis, mas seria dela extraível, por interpretação “ampliativa” 
ou “analogia”. 62 
 
Logo, verifica-se que Wambier indica aquele que é apontado como o 
principal problema da interpretação extensiva ou analógica, qual seja, a preclusão 
da matéria quando não alegada no momento determinado, pois, se referidas 
 
56 FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. 10 ed. São Paulo: Atlas, p. 
320, 2018. 
57 NERY JR., Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado, 17 ed. 
São Paulo: RT, p. 2208, 2018. 
58 Idem. 
59 Idem. 
60 Ibidem, p. 2209. 
61 Idem. 
62 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de Processo Civil. vol. 2. 17 ed. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, p. 557, 2018. 
 22 
matérias podem ser extraídas do art. 1.015, também estão sujeitas à preclusão 
especial nele disposta.63 
No mesmo sentido posicionam-se Gajardoni, Delorre, Roque e Duarte, para 
quem “os limites do texto legal devem ser observados, principalmente no que 
estabelece rol fechado, numerus clausus, para cabimento do agravo, que é o piso 
sobre o qual está edificado o sistema de preclusões.”64 
Nesse sentido, antes de fixada a tese do Superior Tribunal de Justiça, 
diversos tribunais entendiam pela taxatividade com interpretação restritiva do art. 
1.015 do CPC, como exemplo, cita-se a 10ª Câmara Cível do TJPR nos autos 
0021557-95.2018.8.16.000065; 15ª Câmara Cível do TJPR nos autos 0037263-
21.2018.8.16.000066; a primeira turma do TRF4 no AG 5046570-
77.2018.4.04.000067; bem como a 2º Turma do Superior Tribunal de Justiça no REsp 
1.700.308/PB.68 
Em que pese ser está a tese defendida pela ampla maioria da doutrina 
conforme apontaram Streck e Crevelin69, bem como ser a tese mais aplicada quando 
da análise jurisprudencial dos tribunais, para os fins a que se destina o presente 
trabalho, se faz necessário a abordagem das outras duas correntes que ganharam 
relevância no debate, quais sejam, a da natureza taxativa com interpretação 
extensiva ou analógica e o da natureza exemplificativa, as quais serão abordadas a 
seguir. 
 
3.2 Rol de Natureza Taxativa com Interpretação Extensiva ou Analógica 
 
Como dito anteriormente, em que pese a natureza taxativa com 
interpretação restritiva represente a corrente mais aplicada, a corrente da 
 
63 CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. 5ª ed. São Paulo: Atlas, p. 518-519, 
2018. 
64 GAJARDONI, Fernando da Fonseca, Et al. Comentários ao CPC de 2015, vol. III, 2ª ed. Dão Paulo: 
Método, p. 1029, 2018. 
65 BRASIL, Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. AG 0021557-95.2018.8.16.0000. Relatora Des. 
Ângela Khury. 
66 BRASIL, Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. AG 0037263-21.2018.8.16.0000. Relator Des. 
Hamilton Mussi Corrêa. 
67 BRASIL, Tribunal Regional Federal (4ª Região). AG 5046570-77.2018.4.04.0000. Relator Des. 
Alexandre Rossato da Silva Ávila. 
68 BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. REsp 1.700.308/PB. Relator Ministro Herman Benjamin. 
69 STRECK, Lenio Luiz; SOUZA, Diego Crevelin de. No STJ, taxatividade não é taxatividade? Qual é 
o limite da linguagem? Consultor Jurídico, São Paulo, 07 ago. 2018. Disponível em: 
https://www.conjur.com.br/2018-ago-07/stj-taxatividade-nao-taxativa-qual-limite-linguagem. Acesso 
em: 24/08/2020. 
 23 
taxatividade com interpretação extensiva e analógica tem ganho espaço no debate 
jurídico nacional, sendo inclusive adotada pela 4ª Turma do Superior Tribunal de 
Justiça no Resp 1.679.909/RS.70 
Para seguir a metodologia utilizada no presente trabalho, primeiramente, 
será exposto, de forma breve, os conceitos de interpretação extensiva e analógica, 
conceitos estes que são de fundamental importância para a compreensão do tópico, 
tendo em vista que, apesar de, em um primeiro momento, parecerem semelhantes, 
na verdade, não o são, e inclusive geram discordância entre os autores que 
defendem uma interpretação ampliativa. 
 Conforme Ferraz Junior, interpretação extensiva é aquela que “amplia o 
sentido de uma norma para além do contido em sua letra. Isso significa que o 
intérprete toma a mensagem codificada num código forte e a decodifica conforme 
um código fraco” 71. Nesse sentido, argumenta o autor que dessa maneira será 
respeitada a ratio legis, na medida em que o legislador não poderia deixar de prever 
certos casos, os quais não seriam alcançados por uma interpretação meramente 
especificadora. 72 
Ao tratar sobre a diferença da interpretação extensiva para a analógica, 
Ferraz Junior destaca que: 
 
a primeira (extensiva) se limita a incluir no conteúdo da norma um 
sentido que já estava lá, apenas não havia sido explicitado pelo 
legislador. Já na segunda (analógica), o intérprete toma de uma 
norma e aplica-a um caso para o qual não havia preceito nenhum, 
pressupondo uma semelhança entre os casos. 73 
 
Portanto, dos conceitos expostos, conclui-se que a diferença basilar entre a 
interpretação extensiva e a interpretação analógica, está no fato de que na primeira 
tem-se como objeto uma norma jurídica, enquanto na segunda, está-se diante de 
uma lacuna de normas, ou seja, inexiste previsão legal. 
No que diz respeito à dissenso entre os autores a respeito da interpretação 
extensiva e analógica, este está no fato de que embora todos defendam a 
 
70 BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Relator. Resp 1.679.909/RS. Relator Min. Luis Felipe 
Salomão. 
71 FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. 10 ed. São Paulo: Atlas, p. 
322, 2018. 
72 Idem. 
73 Idem. 
 24 
interpretação ampliativa por interpretação extensiva, nem todos entendem que essa 
possa se dar por interpretação analógica. 
Os grandes defensores da aplicação da interpretação analógica são 
Marinoni, Mitidiero e Arenhart, os quais argumentam que é amplamente reconhecido 
que “o raciocínio analógico perpassa a interpretação de todo o sistema jurídico, 
constituindo ao fim e ao cabo um elemento de determinação direto” 74. Sendo assim, 
referidos autores defendem que “a taxatividade não elimina a equivocidade dos 
dispositivos e a necessidade de adscrever sentido aos textos mediante 
interpretação”75, sendo cabível, assim, a interpretação analógica. 
Entretanto, referido entendimento é minoritário, e deveras criticado por 
muitos autores os quais defendem a interpretação apenas extensiva, dos quais se 
destacam Arruda Alvim76, a qual aponta ser incompatível a interpretação analógica 
com a ideia de rol taxativo, e Theodoro Jr., o qual argumenta que a analogia 
“destina-se ao preenchimento da lacuna da lei, não se prestando para modificá-la, 
naquilo que expressamente disciplina”.77 
Outra questão que também divide os doutrinadores que defendem a 
possibilidade de interpretação extensiva, diz respeito à possibilidade de o inciso III, 
do art. 1.015, o qual prevê o cabimento do agravo de instrumento quando da 
rejeição de convenção de arbitragem, comportar os casos em que a questão 
decidida verse sobre competência. 
Os expoentes quando se defende essa possibilidade, são os processualistas 
Didier Jr. e Cunha78, os quais argumentam que haveria uma equiparação entre 
competência e arbitragem, devendo, assim, receberem tratamento isonômico. 
Entretanto, Streck afirma que Didier Jr e Cunha: 
 
se equivocaram ao dizerem que “em virtude da convenção de 
arbitragem, transfere-se o litígio para a competência do arbitro”. A 
convenção não transfere o litígio para a competência do árbitro, ela 
 
74 MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel; ARENHART, Sergio Cruz. Novo Código de 
Processo Civil Comentado. 3. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, p. 1.091, 2017. 
75 Idem. 
76 ARRUDA ALVIM, Tereza. Um agravo e dois sérios problemas para o legislador brasileiro. Consultor 
Jurídico, 14 jun. 2018. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-jun-14/teresa-arruda-alvim-
agravo-dois-seriosproblemas. Publicado em 14/06/2018. Acesso em 30/08/2020. 
77 THEODOROJR., Humberto. Código de Processo Civil anotado, 22 ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 
p. 1197, 2019. 
78 DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil, vol. III, 13ª 
ed. Salvador: Juspodivm, p. 216, 2016. 
 25 
atribui poder jurisdicional ao árbitro. O poder precede a 
competência.79 
 
Ainda, Streck80 aprofunda, argumentando que arbitragem se liga à jurisdição 
e não à competência, na medida em que ao convencionar arbitragem, outorga-se o 
arbítrio da jurisdição, situação jurídica ativa que possibilita ao seu titular submeter 
alguém, enquanto a competência é apenas limitativa do exercício da jurisdição. 
No mesmo sentido, também negando a possibilidade do agravo de 
instrumento contra decisão que verse sobre competência baseado na interpretação 
extensiva, Gonzalez81, afirma que em que pese defender a recorribilidade imediata, 
por agravo de instrumento, da decisão que verse sobre competência, entende que 
essa não pode ser extraída a partir da interpretação extensiva do art. 1.015, mas 
precisa partir da premissa de que o rol é exemplificativo, questão essa que será 
abordada na próxima seção. 
Por fim, conforme aponta Gajardoni, ao analisar os argumentos trazidos 
pelos defensores da interpretação extensiva para que o inciso III, comporte a 
competência: 
 
todas essas considerações são de lege ferenda, ou seja, de como 
gostaríamos que o novo CPC fosse. Querendo ou não, assim não se 
deliberou no processo legislativo que culminou com a promulgação 
do CPC/2015, o qual não contemplou a competência entre as 
hipóteses do artigo 1.015. 82 
 
Entretanto, verifica-se que, em que pese representar corrente minoritária, e 
alvo de diversas críticas por grande parte dos doutrinadores, a recepção da tese, 
defendida por Didier Jr. e Cunha, pela jurisprudência foi notável. Entre os acórdãos 
que mencionaram referida teoria, destacam-se: REsp 1679909/RS83 e REsp 
1707652/RJ84, entre outros. 
 
79 STRECK, Lenio Luiz. Por que o STJ deve rever a decisão sobre a taxatividade do artigo 1.015. 
Consultor Jurídico, São Paulo, 13 ago. 2018. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-ago-
13/stj-rever-decisao-taxatividade-11015. Acesso em: 24 ago. 2020. 
80 Idem. 
81 GONZALEZ, Gabriel Araújo. A recorribilidade das decisões interlocutórias no Código de Processo 
Civil de 2015. 2. ed. São Paulo: Juspodivm, p. 293, 2019. 
82 GAJARDONI, Fernando da Fonseca; Et al. Hipóteses de agravo de instrumento no novo CPC: os 
efeitos colaterais da interpretação extensiva. Jota, São Paulo, 04 abr. 2016. Disponível em: 
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/hipoteses-de-agravo-de-instrumento-no-novo-cpc-os-
efeitos-colaterais-da-interpretacao-extensiva-04042016. Acesso em: 09 de mov. 2020. 
83 BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Relator. REsp 1.679.909/RS. Relator Min. Luis Felipe 
Salomão. 
84 BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Relator. REsp 1707652/RJ. Relator Min. Herman Benjamin. 
 26 
Logo, verifica-se que a adoção à teoria do rol taxativo, com possibilidade de 
interpretação ampliativa por meio de interpretação extensiva e analógica, ganhou 
grande número de adeptos, não só na doutrina, mas nos tribunais também, 
conforme demonstrado pelas jurisprudências indicadas. 
3.3 Rol Meramente Exemplificativo 
 
Mesmo que o debate doutrinário se concentre na possibilidade de 
interpretação extensiva, ou seja, aceitando e ratificando a natureza taxativa do rol, 
com a decisão proferida na decisão do Tema 988/STJ, a qual será abordada mais a 
frente, tornou-se necessário abordar a corrente que defende que o rol do art. 1.015 
possui natureza exemplificativa, bem como, analisar quais os elementos trazidos 
para justificar tal posicionamento. 
Antes, porém, de apresentar os autores e seus argumentos, necessário se 
faz a introdução do conceito acerca do que seria um rol meramente exemplificativo. 
De forma simples, de acordo com Maximiliano85, um rol exemplificativo, como o 
próprio nome indica, seria aquele no qual o legislador vale-se de termos amplos e 
gerais para caracterizar suas hipóteses de cabimento, e mais, quando indica 
algumas hipóteses, estas são ali indicadas apenas como meio facilitador da 
compreensão do instituto. 
Cabe aqui ressaltar que mesmo antes da entrada em vigor do Código de 
2015, já haviam autores que apontavam para a inviabilidade do retorno de um rol 
taxativo para as hipóteses de cabimento de agravo de instrumento. Entre esses 
autores, destacava-se Reichelt86, o qual ao defender o rol como meramente 
exemplificativo, argumentava que não era aceitável imaginar que o Código de 1973 
pudesse prever soluções para problemas, os quais seriam completamente ignorados 
pelo Código de 2015, pois isso significaria um retrocesso no que diz respeito ao 
direito fundamental do duplo grau de jurisdição. 
Nesse sentido, mas argumentando violação ao princípio constitucional do 
devido processo legal, Cruz e Tucci defende que seria acertada a interposição de 
agravo de instrumento, mesmo que a hipótese não encontre previsão legal, nos 
 
85 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 20 ed. Rio de Janeiro: Forense, p. 
190, 2011. 
86 REICHELT, Luis Alberto. Sistemática recursal, direito ao processo justo e o novo código de 
processo civil: os desafios deixados pelo legislador ao intérprete. São Paulo: RePro, p. 15/30, 2015. 
 27 
casos em que a matéria comportar reexame imediato, ou seja, trate de questões 
ligadas a nulidades absolutas ou que levem o processo à sua extinção sem mérito, 
pois argumenta que o legislador não tinha a intenção de vulnerar o princípio do 
devido processo legal em prol da duração razoável do processo. 87 
Também defende o rol exemplificativo Gonzalez, que após analisar as 
hipóteses de cabimento nos Códigos de 1973 e de 2015, chegou à conclusão 
semelhante à de Cruz e Tucci, trazendo que: 
 
a partir dos valores tutelados por muitas das hipóteses do art. 1.015 
e pelo evidente prejuízo da utilização de sucedâneos recursais, 
defende-se que o rol do artigo. 1.015 é exemplificativo e que a 
seguinte regra o complementa: quando a apelação não for capaz de 
tutelar satisfatoriamente o direito supostamente violado por uma 
decisão interlocutória, o agravo de instrumento é recurso cabível. 88 
 
Ressaltar-se que na defesa da tese, Gonzalez89 elencou três premissas: I. o 
legislador buscou evitar impugnações às decisões interlocutórias durante o 
procedimento em primeiro grau; II. Foram enumeradas as hipóteses de cabimento 
de agravo de instrumento, e quando comparadas às do CPC de 1973, verifica-se um 
aumento de hipóteses de cabimento; III. o Código de 2015 previu a recorribilidade 
geral das interlocutórias em caráter residual, por meio do art. 1.009, §1. 
A partir das quais Gonzalez90 concluiu que o rol é exemplificativo pois: I. o 
legislador não quis consagrar a irrecorribilidade de decisões interlocutórias, ele 
apenas quis evitar o agravo retido; II. os sucedâneos recursais gerariam muito mais 
confusão do que a interposição do agravo de instrumento; III. o legislador quis evitar 
impugnações tidas como desnecessárias; IV. o legislador não buscou reduzir as 
hipóteses de cabimento, apenas o fez de forma reflexa ao extinguir o juízo de 
admissibilidade da apelação. 
Por fim, cabe a indicação do entendimento de outro autor, o qual, apesar de 
nomear sua tese como uma espécie de “taxatividade fraca”, possui uma similaridade 
muito grande com os argumentos defendidos pelos autores aqui já citados, bem 
como possui conclusão bastante aproximada e no mesmo sentido. 
 
87 CRUZ E TUCCI, José Rogério. Ampliação do cabimento do Recurso de Agravo de Instrumento. 
Consultor Jurídico, 18. Jul. 2017. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-jul-18/paradoxo-
corte-ampliacao-cabimento-recurso-deagravo-instrumento. Acesso em: 18 abr. 2020. 
88 GONZALEZ, Gabriel Araújo. A recorribilidade das decisões interlocutórias no Código de Processo 
Civil de2015. 2. ed. São Paulo: Juspodivm, p. 393-394, 2019. 
89 Ibidem, p.393. 
90 Ibidem, p.393. 
 28 
Referido autor trata-se de Ferreira91, o qual apontou que nos casos onde 
não há identificação literal com as hipóteses legalmente previstas, seria o caso de 
defender-se apenas o cabimento da apelação, entretanto, se nesses casos o 
julgamento daquela matéria no futuro for inútil por impossibilidade de resultado 
prático, cita-se como exemplo a prova pericial indeferida em um imóvel que será 
demolido nos próximos dias, não é possível a defesa do cabimento exclusivo da 
apelação, pois está teria perdido sua utilidade, e não pode a lei prever recurso que 
seja inútil, sendo assim, cabível o agravo de instrumento. 
Nesse sentido, Ferreira92 defende que o agravo no Código de 2015 é cabível 
em três hipóteses: I. Recorribilidade imediata necessária prevista em Lei (hipóteses 
necessárias que se encontram previstas na lei.); II. recorribilidade imediata por 
conveniência política (hipótese que apenas é cabível o agravo por conta da opção 
legislativa, tendo em vista que o autor entende que haveria interesse em discuti-las 
apenas na apelação.); III. recorribilidade imediata necessária por utilidade 
prospectiva, onde existiria ausência de interesse recursal na apelação. 
Portanto, verifica-se que os autores que defendem o caráter meramente 
exemplificativo do rol do art. 1.015, justificam que não seria a intenção do legislador 
do Código de 2015 a redução das hipóteses de cabimento de agravo de 
instrumento, pois a utilização dos sucedâneos recursais seria muito mais danosa à 
sistemática processual do que a própria interposição do recurso. 
Quanto às teses de rol exemplificativo, em que pese constituírem 
entendimento minoritário, frise-se que chegaram a ser aplicadas na jurisprudência, 
conforme pode se extrair do Ag. 2205064-80.2017.8.26.0000/TJSP93 . 
Consignadas as teses e argumentos que embasavam o debate doutrinário 
acerca do art. 1.015, bem como exposto que não existia consenso na jurisprudência 
nacional, a seguir será analisada a resposta dada pelo STJ, o qual, após verificar a 
multiplicidade de demandas sobre referido tema, acabou por afetá-lo ao incidente de 
resolução de demandas repetitivas, o qual teve seu acordão publicado no final de 
2018. 
 
 
91 FERREIRA, William Santos. Cabimento do agravo de instrumento e a ótica prospectiva da utilidade 
— O direito ao interesse na recorribilidade de decisões interlocutórias. Revista de Processo, São 
Paulo, vol. 263, p. 199, jan. 2017. 
92 Ibidem, p.200. 
93 BRASIL, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. AG. 2205064-80.2017.8.26.0000. Relatora 
Des. Clara Maria Araújo Xavier. 
 29 
4 DA HIPÓTESE FIXADA NO TEMA REPETITIVO Nº 988 DO SUPERIOR 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
4.1 Tese Fixada no Tema Repetitivo nº 988 do Superior Tribunal de Justiça 
 
Frente a situação de efetiva repetição de processos que apresentavam 
como controvérsia a questão da natureza jurídica do rol do art. 1.015 do CPC, o STJ 
decidiu afetar os recursos especiais 1.696.396/MT e 1.704.520/MT ao julgamento 
sob o rito da resolução de demandas repetitivas previsto no art. 976 do CPC, 
definindo que o tema repetitivo nº 988 teria como delimitação: 
 
definir a natureza do rol do art. 1.015 do CPC/2015 e verificar a 
possibilidade de sua interpretação extensiva, para se admitir a 
interposição de agravo de instrumento contra decisão interlocutória 
que verse sobre hipóteses não expressamente versadas nos incisos 
de referido dispositivo do Novo CPC. 94 
 
Neste item, será abordado o voto vencedor, voto este que foi proferido pela 
Ministra relatora Nancy Andrighi, e que foi acompanhado pelos Ministros Napoleão 
Nunes Maia Filho, Jorge Mussi, Luis Felipe Salomão, Benedito Gonçalves, Raul 
Araújo e Felix Fisher. 
O voto da ministra relatora é divido em quatro partes, a primeira versando 
sobre o aspecto histórico do agravo, a segunda tendo como objeto os principais 
entendimentos doutrinários sobre a questão, a terceira na qual são apresentados os 
parâmetros e fundamentos da tese proposta, e a quarta onde é fixada a tese e seus 
efeitos são modulados. 
Na primeira parte do voto, a ministra relatora elaborou um panorama 
histórico da recorribilidade das decisões interlocutórias, tratando com maior enfoque 
sobre os Códigos de Processo Civil de 1939 e de 1973, apontando como era a 
previsão de recorribilidade acerca das interlocutórias e quais os pontos que levaram 
às suas reformas.95 
Já na segunda parte, a relatora abordou as questões que pautaram a 
elaboração do projeto de lei que deu origem ao CPC de 2015, expondo que houve 
um intenso movimento de marchas e contramarchas de tentativas de redução e 
 
94 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1696396/MT. Relatora Min. Nancy Andrighi, p. 7. 
95 Ibidem, p. 21-26. 
 30 
ampliação das hipóteses de cabimento de agravo de instrumento quando da 
tramitação do projeto e apontando, através da exposição de motivos do referido 
Código e de pareceres emanados do Senado Federal, que o CPC de 2015 buscava 
a simplificação recursal e o desestímulo ao destaque de questões incidentais.96 
Ainda nesta segunda parte, verifica-se que a ministra reconheceu que 
ocorreu por parte do legislador uma consciente opção politica de optar por dispor 
que as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento seriam taxativas97, 
entretanto, observou que se estabeleceu tanto na jurisprudência como na doutrina 
uma discussão acerca da possibilidade de recorrer de forma imediata de decisões 
interlocutórias não previstas no art. 1.015 do CPC, que pode ser sintetizada em três 
posições, sendo elas: I. a ideia de rol taxativo com interpretação restritiva; II. rol 
taxativo com interpretação extensiva ou analógica; e III. rol exemplificativo. 
Após apresentar referidas correntes, o que se deixa de fazer aqui, tendo em 
vista que referidas já foram abordadas anteriormente, a Relatora apresentou 
algumas conclusões preliminares, das quais destacam-se as seguintes: I. A 
majoritária doutrina se posicionou no sentido de que o legislador errou ao adotar um 
rol exaustivo de hipóteses de cabimento de agravo de instrumento; II. o rol do art. 
1.015 é insuficiente pois deixa de abarcar questões urgentes; III. Deve sempre haver 
uma via processual aberta quando as questões possam causar prejuízo às partes 
em virtude da inutilidade futura da apelação.98 
Na terceira etapa do voto, a relatora aduziu que o art.1.015, bem como o 
CPC como um todo, devem ter sua interpretação de forma a considerar o sistema no 
qual estão envoltos, não podendo ser interpretados de forma isolada, sendo que seu 
estudo deve se dar à luz da constituição federal, considerando também o princípio 
da inafastabilidade de jurisdição.99 
Em seguida, reconheceu, novamente, que houve uma opção político-
legislativa de restringir a utilização do recurso do agravo de instrumento, apontando 
que o critério adotado pelo legislador para enumerar as questões que demandariam 
reexame imediato se pautaria em “situações que, realmente, não podem aguardar 
rediscussão futura em eventual recurso de apelação”100. 
 
96 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1696396/MT. Relatora Min. Nancy Andrighi, p. 26 – 29. 
97 Ibidem, p. 29. 
98 Ibidem, p. 36. 
99 Ibidem, p. 38. 
100 Ibidem, p. 39. 
 31 
Ainda, defendeu que “É tarefa desta Corte, pois, conferir à regra do art. 1015 
do CPC a interpretação que melhor se coaduna com a sua razão de existir e com as 
normas fundamentais insculpidas pelo próprio CPC.”101 e fixou que do critério 
adotado pelo legislador para fixar as hipóteses de cabimento do agravo de 
instrumento é possível extrair que o recurso será cabível em situações de urgência, 
devendo ser este o elemento a nortear qualquer intepretação relacionada ao 
cabimento do agravo de instrumento.102 
Além disso, argumentou que “pode-se afirmar, com segurança, que a 
urgência que justifica o manejo imediatode uma impugnação em face de questão 
incidente está fundamentalmente assentada na inutilidade do julgamento diferido”103, 
devendo este pilar ser examinado em conformidade com o princípio da 
inafastabilidade da jurisdição em sua concepção contemporânea, a qual engloba, 
além do direito de ação, o direito à tutela jurisdicional e ao efetivo acesso à 
justiça.104 
Por fim, concluiu a relatora que “sob a ótica da utilidade do julgamento do 
recurso diferido, revela-se inconcebível, a partir do princípio da inafastabilidade da 
jurisdição, que apenas poucas hipóteses taxativamente arroladas pelo legislador 
sejam objeto de imediato enfrentamento”.105 
No início da quarta parte de seu voto, a ministra relatora argumentou que a 
taxatividade com interpretação restritiva do rol há de ser afastada pois, dessa forma, 
o agravo de instrumento seria incapaz de prestar a tutela adequada a todas as 
situações nas quais são causados sérios prejuízos às partes por conta de decisão 
judicial interlocutória106. No mesmo sentido, afastou a tese de rol taxativo com 
interpretação extensiva ou analógica, aduzindo que não haveria parâmetros seguros 
e isonômicos quanto aos limites na interpretação de cada conceito, texto ou palavra, 
bem como, que, mesmo com a utilização de referida técnica, ela não seria capaz de 
abarcar todas as situações em que a recorribilidade imediata da interlocutória se faz 
necessária, trazendo como exemplo a questão do indeferimento do segredo de 
justiça.107 
 
101 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1696396/MT. Relatora Min. Nancy Andrighi. p. 40. 
102 Ibidem, p. 40–41. 
103 Ibidem, p. 41-42. 
104 Ibidem, p. 42. 
105 Ibidem, p. 44. 
106 Ibidem, p. 47. 
107 Ibidem, p. 47- 48. 
 32 
Afastou também a tese de rol meramente exemplificativo, afirmando que 
“essa interpretação conduziria à repristinação do art. 522, caput, do CPC/73, 
contrariando frontalmente o desejo manifestado pelo legislador de restringir o 
cabimento do recurso, o que não se pode admitir”.108 
Em contrapartida, ao apresentar sua tese, argumentou que esta consiste em 
possibilitar a recorribilidade de interlocutórias, em hipóteses não previstas no art. 
1.015 do CPC, sempre que estiver presente o requisito objetivo da urgência, sendo 
que esta urgência seria decorrente da inutilidade futura do julgamento do recurso 
diferido da apelação.109 
Argumentou que não há que se falar em desrespeito à opção político-
legislativa, mas, sim, de interpretação em conformidade com a vontade do 
legislador, o qual pretendeu que o agravo de instrumento fosse cabível em situações 
que não pudessem aguardar rediscussão futura em apelação.110 
Além disso, concluiu que a tese reconhece que o rol do art. 1.015 do CPC 
“possui uma singular espécie de taxatividade mitigada por uma cláusula adicional de 
cabimento, sem o qual haveria desrespeito às normas fundamentais do próprio CPC 
e grave prejuízo às partes ou ao próprio processo”.111 
Ao tratar sobre a questão da preclusão, a ministra relatora argumentou que 
não haveria de se falar em qualquer espécie de preclusão, tendo em vista que o 
cabimento do agravo de instrumento em hipótese de urgência no reexame da 
questão, estaria sujeito a um duplo juízo de conformidade, segundo o qual, para a 
ocorrência da preclusão, se faz necessário que a parte interponha o recurso e que o 
Tribunal emita juízo positivo de admissibilidade, ou seja, caso o tribunal verifique a 
ausência de urgência, a questão poderá ser submetida ao juízo quando da 
interposição da apelação.112 
Por fim, votou a ministra relatora pela fixação da tese jurídica da taxatividade 
mitigada, a qual admitiria a interposição de agravo de instrumento sempre que se 
verificasse a urgência decorrente da inutilidade do julgamento em sede de 
apelação113, restando assim fixada a tese de tema repetitivo de nº 988/STJ. 
 
 
108 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1696396/MT. Relatora Min. Nancy Andrighi. p. 48 
109 Idem. 
110 Idem. 
111 Ibidem, p. 48 – 49. 
112 Ibidem, p. 53. 
113 Ibidem, p. 58. 
 33 
4.2 Dos Votos Divergentes. 
 
Como visto no item anterior, a tese indicada pela Ministra relatora Nancy 
Andrighi consagrou-se vencedora no julgamento do tema repetitivo de nº 988/STJ, 
entretanto, há de se ressaltar que houve discordância dentro do próprio STJ, na 
medida em que os Ministros João Otávio de Noronha, Humberto Martins, Og 
Fernandes, Mauro Campbell e Maria Thereza de Assis Moura manifestaram através 
de seus votos discordância para com a tese fixada. 
A Ministra Thereza de Assis Moura foi a primeira a inaugurar a discordância. 
Ao abordar sobre as divergências doutrinárias que surgiram, a Ministra apontou que 
não resta dúvida de que não se trata de um rol exemplificativo, tendo em vista que 
quando o legislador pretende indicar que o rol não abarca todas as hipóteses de 
cabimento, ele utiliza-se das expressões “entre outras”, “tais como” etc., expressões 
estas não encontradas no art. 1.015 do CPC.114 
No mesmo sentido, sustentou a Ministra que o fundamento de referida 
corrente está relacionado ao como deveria ser a regra e não a como está disposto 
na lei, e concluiu argumentando que mesmo que por uma falha o legislador tenha 
deixado de prever alguma hipótese que exigiria análise imediata, isso, por si só, não 
altera a natureza do rol, pois da letra da lei se depreende a taxatividade do rol.115 
Quanto à possibilidade de interpretação extensiva ou analógica, a Ministra 
ressaltou que com sua adoção poderá ocorrer insegurança jurídica quanto ao 
instituto da preclusão, tendo em vista que poderia ocorrer de o Tribunal, já em sede 
de apelação, entender que referida matéria, que não consta expressamente do rol 
do art.1.015 do CPC, poderia ter sido objeto de agravo de instrumento por 
interpretação extensiva ou analógica, negando-se assim de apreciar a decisão.116 
Ademais, a Ministra concluiu que o legislador poderia ter disposto sobre o 
agravo de forma diferente e que, de fato, há consenso na doutrina de que a opção 
do legislador não tem se demonstrado a melhor escolha, entretanto, asseverou que 
não lhe parece razoável que a Corte assuma o lugar do legislador para tentar corrigir 
 
114 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1696396/MT. Relatora Min. Nancy Andrighi. p. 62. 
115 Idem. 
116 Ibidem, p. 63. 
 34 
eventual equívoco do legislador, tendo em vista traria muita insegurança jurídica ao 
tema.117 
A Ministra apontou que a adoção da tese proposta pela Ministra relatora 
trará mais problemas do que soluções, pois, segundo ela, o critério da urgência, 
proposto pela relatora, está sujeito à subjetividade do julgador, o que, em última 
análise, descaracterizaria a finalidade buscada pelo incidente de demandas 
repetitivas, qual seja, o de pacificar e uniformizar o direito federal.118 
Concluiu a Ministra que: 
 
Em que pese a percepção de que a prestação jurisdicional seria mais 
efetiva se algumas hipóteses não previstas no rol do art. 1.015 do 
Código de Processo Civil comportassem a impugnação na via do 
agravo de instrumento, não vejo como possível que o Poder 
Judiciário possa assumir a tarefa de criar novas hipóteses ao rol de 
decisões interlocutórias agraváveis, notadamente porque foi escolha 
do Poder Legislativo pelo numerus clausus.119 
 
Por fim, propôs que a tese fosse fixada fosse a de rol taxativo com 
interpretação restritiva, admitindo agravo somente nos casos previstos no art. 1.015 
do CPC.120 
Outro dos votos proferidos em divergência foi o do Ministro João Otávio de 
Noronha, o qual manifestou concordância com as ideias defendidas pela Ministra 
Maria Thereza de Assis Moura em seu voto. 
Reconheceu o Ministro que de fato o art. 1.015 do CPC deixou de abarcar 
algumas situações as quais, em tese, poderiam trazer prejuízos para a parte em 
caso de recorribilidade apenas em sede de apelação, e apontou que a doutrina vem 
propondo três soluções para referida situação, sendo

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