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Embargos de Declaração Motivação decisória

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revistaannep.com.br
Revista ANNEP de Direito Processual
Vol 1, No. 2, Art 26, 2020
https://doi.org/10.34280/annep/2020.v1i2.26
Revista ANNEP de Direito Processual Vol 1, No2, 2020: Julho-Dezembro
Embargos de Declaração: Instrumento para Garantir Motivação 
Decisória
Amendment of Judgement: Instrument to Guarantee the Decisions’ Motivation
Michel Ferro e Silva1
Leonardo Costa Norat2
1Centro Universitário do Pará - CESUPA, Brasil
2Universitário Federal do Pará - UFPA, Brasil
Resumo
Atualmente, a prática forense tem demonstrado que os debates jurídicos muitas vezes são coibidos por posições defensivas 
adotadas pelos órgãos julgadores, orientadas a impedir o prosseguimento da discussão através do uso indiscriminado de precedentes, 
seja na aplicação destes sem a devida técnica, seja em sua invocação para restringir a análise de outros argumentos. A legislação, 
por outro lado, impõe que todos os fundamentos capazes de infirmar conclusão do juiz sejam aferidos, além de impor o exame 
dos elementos que tornem compatível eventual precedente a ser invocado, cuja desconformidade com tais previsões, importa na 
vicissitude decisória. Em razão disso, mediante este breve ensaio, propõe-se refletir sobre a utilização dos embargos de declaração 
como instrumento para sanar os vícios e propiciar a motivação jurisdicional e a aplicação da técnica de precedentes.
Palavras-chave: Embargos de declaração; Motivação decisória; Precedentes.
Abstract
The current days have been showing that the legal debates many times are limited by defensive positions adopted by the jurisdictional 
organs, which those are destined to unable the following course of discussions sustained at the unrestricted use of stare decisis, even by applicating 
them without the correspondent technic or limit the arguments analysis. The legislation, however, determines that all the fundaments able to influence 
the judges’ conclusion must be observed and the precedent elements need to be examined, before its application. If the procedure does not follow this 
way, the decision will be vicious. Because of that, by this succinct essay, is proposed to think about the amendment of judgement as an instrument to 
correct those vicious and to enable the decisions’ motivation and the technic of precedents.
Keywords: Amendment of Judgement; Decisions’ motivation; Precedents.
1. Introdução
O exercício da advocacia enseja uma série de idas e vindas, discussões mais aprofundadas, outras 
mais rasas, elaborações de teses complexas e outras de evidente resolução. No entanto, hoje, talvez, um 
de seus maiores desafios não se limite ao debate hermenêutico processual ou, ainda, do convencimento 
inter partes para lograr êxito na autocomposição, mas, de fato, a luta diária em um sistema judiciário 
cada vez mais expurgatório e quantitativo, cuja relutância do conteúdo acarreta no próprio afastamento 
do dever estatal de prestação jurisdicional.
Sem dúvidas, o abarrotamento do Poder Judiciário é um dos fatores preponderantes para a 
assunção deste estado de latência da discussão jurídica no âmbito processual. Afinal, como identificado 
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no relatório “justiça em números” do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), identificou-se haver no país, 
em 2017, 80,1 milhões de processos em tramitação (CNJ, 2018).
É lógico que mecanismos judicantes devem ser criados e aperfeiçoados para atender demandas 
tão massificadas. Por outro lado, não se podem deixar ao relento demandas que exigem maiores 
observações. Com fulcro nisto, faz-se preponderante retornar alguns passos e ressaltar aspectos tão 
caros ao exercício da advocacia e à própria excelência da oferta de soluções pelo Judiciário.
Há de se escalar a pirâmide que se extrai do pensamento de Kelsen (1987) até chegarmos à 
Constituição de 1988, para, ali, então, encontrarmos a resposta para a superação do problema da 
mecanização da discussão jurídica. 
Com efeito, necessário se ater, acreditamos, a dois primados fulcrais propugnados pela Carta de 
88. O primeiro, da inafastabilidade da justiça, elencada no artigo 5º, inciso XXXV, que encontra morada 
na atuação monopolista estatal da jurisdição1, cuja existência remonta à proibição da “justiça de mão 
própria” (MIRANDA, 2016, p. 278, grifos do original), cabendo ao Estado responder satisfatoriamente 
àqueles que o procuram.
Destaque-se, no mais, o dever de motivação, estabelecido no art. 93, inciso IX, que, 
complementarmente ao dispositivo supracitado, tem a função de tutelar o jurisdicionado à melhor 
solução de seu conflito.
Todavia, abrangentes que são, tais orientações constitucionais clamam por instrumentos que 
garantam sua eficácia. Dentre estes – e aqui reside o escopo-meio deste trabalho – salientamos um 
mecanismo tão rechaçado pelo Judiciário: os embargos de declaração.
Tal recurso, previsto no art. 1.022, do Código de Processo Civil (CPC), ao que nos cabe neste 
introito indicar, se destina ao saneamento de vícios decorrentes justamente do afastamento da jurisdição 
ao seu dever de motivação, quando proferida decisão obscura, contraditória, omissa ou que contenha 
erro material.
Sua função, na atual norma processual, ao contrário do que dispunha o Código de Processo 
Civil de 1973 (CPC/73), foi expandida ao englobar vícios também elencados no art. 489, §1º, do CPC, 
dos quais, nos deteremos a tratar daqueles previstos nos incisos IV e VI, que cuidam, respectivamente 
da ausência de enfrentamento decisório de “todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, 
em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador” e de observância de “enunciado de súmula, 
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em 
julgamento ou a superação do entendimento”.
2. Inafastabilidade da jurisdição e dever de motivação
Conforme salientado anteriormente, a inafastabilidade da jurisdição remonta ao momento 
em que o Estado assume o papel de terceiro isento que, impedindo vindita, e amparado pelo próprio 
consenso social de que cabe a ele o melhor juízo valorativo sobre os conflitos intersubjetivos, decidirá 
tais litígios da melhor maneira, dando uma resposta contundente ao jurisdicionado.
Frise-se que o intuito não está em decidir favorável ao que se pede, mas, sobretudo, resolver o que 
se pleiteia. Não por menos, o legislador processual de 2015 materializou tal valor de maneira bastante 
evidente, ao destacar a primazia do mérito no art. 4º (“solução integral do mérito”) 2 e as possibilidades 
de aplicação da fungibilidade recursal3.
1 Tal monopólio, contudo, importa destacar, comporta flexões, como, por exemplo, a outorga às partes elegerem 
juízo arbitral.
2 Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade 
satisfativa.
3 Dentre outros dispositivos, cite-se o parágrafo terceiro do artigo 1.024, CPC: “§ 3º O órgão julgador conhecerá dos 
embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente 
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Acerca de tais questões, o Fórum Permanente de Processualistas Civis elaborou enunciados que 
reforçam suas aplicabilidades. Sobre a fungibilidade, o de número 1044 e quanto à primazia do mérito, 
o de número 3725.
Sendo assim, no que tange a este ponto, há de se ter em mente que não se afastar da prestação 
jurisdicional não significa tão somente responder o problema, mas solucioná-lo.
De modo diverso, mas suplementar, o dever de motivação das decisões judiciais é, para além 
de fim, meio de satisfação dos pleitos jurisdicionais. Ora, não adianta dizer quem tem ou não direito 
de algo. É necessário se chegue a esta conclusão através de meios racionais, isto é, “que o decisum seja 
acessível pormeio da razão” (ALVIM, 2018, n.p.), permitindo que a parte saiba terem sido suas razões 
analisadas, bem como, demonstrando que estas o foram de modo isonômico.
Em consonância, bem dissertam Carlos Cordeiro e Josiane Gomes (2018, p. 117) ao destacar que 
“seria contraditório assegurar o direito de ação e o direito de defesa e as alegações e provas colacionadas 
aos autos pelas partes não precisassem ser obrigatoriamente analisadas pelo magistrado no momento 
da decisão”.
Nesse sentido, ao mesmo tempo em que a Constituição impõe um dever ao estado, há, em 
contrapartida, o direito do jurisdicionado a obter uma decisão fundamentada. Não por menos, o CPC/15 
tratou de instrumentalizar tal direito individual através dos artigos 489, §1º e 1.022, cuja advinda ao 
mundo jurídico serve de acessório ao interesse jurídico a ser tutelado (CANOTILHO, 1993).
Para além da função instrumental, reside ainda no dever de motivação, a função legitimadora. 
Sobre a matéria, sem retoques são os ensinamentos do Ministro Celso de Mello ao gravar no julgamento 
do HC 80.892 que: 
A fundamentação constitui pressuposto de legitimidade das decisões judiciais. A fundamentação dos atos 
decisórios qualifica-se como pressuposto constitucional de validade e eficácia das decisões emanadas do Poder 
Judiciário. A inobservância do dever imposto pelo art. 93, IX, da Carta Política, precisamente por traduzir grave 
transgressão de natureza constitucional, afeta a legitimidade jurídica da decisão e gera, de maneira irremissível, a 
consequente nulidade do pronunciamento judicial (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 2016, p. 821).
Destaque-se, além disso, que a força deste direito constitucionalmente previsto na Constituição 
– partindo-se de uma interpretação contemporânea dela – por si só já é fonte para tutela estatal, pois 
não necessitaria de outros meios para sua consecução, mas está permeado de imperatividade a ser 
externalizada no mundo dos fatos, superando a idealidade normativa e conectando o dever ser ao ser, 
presente na realidade social (BARROSO, 2018).
Portanto, localizadas no ápice piramidal as fontes axiológicas, faz-se pertinente, então, passar ao 
estudo dos instrumentos postos na norma infraconstitucional, de modo especial, sobre o dever motivar 
as decisões perante as razões de convencimento trazidas pelas partes, bem como acerca da inobservância 
de precedentes eventualmente invocados.
3. Generalidades dos embargos de declaração
Previstos no art. 1.022, do CPC, os embargos de declaração poderão ser opostos nos casos em que 
forem proferidas decisões obscuras, contraditórias (inciso I), omissas (II) ou contidas de erro material 
(III).
a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às 
exigências do art. 1.021, § 1º”.
4 Enunciado 104: “O princípio da fungibilidade recursal é compatível com o CPC e alcança todos os recursos, sendo 
aplicável de ofício”. (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral dos Recursos, Apelação e Agravo).
5 Enunciado 372: “O art. 4º tem aplicação em todas as fases e em todos os tipos de procedimento, inclusive em 
incidentes processuais e na instância recursal, impondo ao órgão jurisdicional viabilizar o saneamento de vícios para 
examinar o mérito, sempre que seja possível a sua correção”. (Grupo: Normas fundamentais).
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Considera-se obscura a decisão que “careça de elementos que o organize e lhe confira harmonia 
interpretativa” (DIDIER JR.; CUNHA, 2017, p. 295), ou seja, é a decisão cuja estrutura semântica não 
permite que a parte identifique quais os fundamentos nela contidos que ensejaram a conclusão lógica 
ali propugnada. Costuma-se citar como exemplo a decisão repleta de termos em língua estrangeira ou 
aquela que, feita à mão, não se consegue entender.
Contraditória será a decisão que não tem decorrência lógica daquilo utilizado como razão para 
conclusão infirmada. 
Diz-se haver erro material no pronunciamento judicial quando por erro de digitação, menção 
errônea de nome, números, dados, facilmente verificáveis. Pode-se discutir, especificamente neste ponto, 
se equívocos na observação de documentos levados ao processo podem configurar ou não erro material.
Em tal caso, poder-se-ia debater se os erros implicariam ou não na modificação do conteúdo 
decisório. Pode-se invocar, por exemplo, o caso em que, discutindo-se incompetência por motivo de foro 
entre as cidades X e Y, o juízo, verificando erroneamente os documentos acostados aos autos, nomeia 
como competente o foro de Z. É palpável justificar a defesa através dos embargos de declaração para 
alteração decisória, principalmente se no corpo da decisão for possível compreender os argumentos 
aludidos pelo juízo, até mesmo, por força de economia processual.
O erro material é, portanto, o erro a) perceptível por qualquer homo medius; b) e que não tenha, 
evidentemente, correspondido à intenção do juiz (WAMBIER; 2016, n.p., grifos do original); pressupostos que 
se evidenciam no exemplo citado.
Por derradeiro, mas não menos importante – ao contrário, talvez o ponto mais relevante – o 
vício de omissão da decisão judicial se encontrará, nos termos do art. 1.022, parágrafo único, inciso 
II, naquela que “deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em 
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento” ou, ainda, “incorra em qualquer 
das condutas descritas no art. 489, § 1º”.
Aqui reside, como, já aventado anteriormente, forte ponto instrumental dos embargos de 
declaração ao dever de motivação das decisões judiciais.
O inciso um, em trato, dispõe acerca do reforço do sistema de precedentes trazido pelo Código 
vigente (MITIDIERO, 2017), disposto de maneira mais evidente nos artigos 926 a 928, os quais, 
sumariamente, tratam do dever dos tribunais em manter sua jurisprudência estável, além de observar, 
sobretudo, as teses hierarquicamente superiores firmadas. Acresce-se também, embora de modo 
bastante abrangente, uma espécie de sistemática para alteração das teses já firmadas.
O inciso dois, por sua vez, remete-se ao art. 489, §1º que, sem correspondência no CPC/73, traz de 
maneira bastante elucidativa quais os elementos necessários dos pronunciamentos judiciais e consigna, 
de modo patente, que “não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, 
sentença ou acórdão” a decisão que fira as disposições de seus incisos. Logo, carece de motivação a decisão 
que “se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com 
a causa ou a questão decidida” (I); “empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo 
concreto de sua incidência no caso” (II); “invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra 
decisão” (III); “não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar 
a conclusão adotada pelo julgador” (IV); “se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, 
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta 
àqueles fundamentos” (V) e “deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente 
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação 
do entendimento” (VI).
É possível, ainda, invocar em sede de embargos de declaração, matérias de ordem pública, isto 
é, aquelas cognoscíveis em qualquer grau de jurisdição, bem como as decisões citra ou infra petita, i.e., 
decide-se aquém do requerido pela parte. O mesmo não se pode falar das decisões extra ou ultra, petita, 
recorríveis pela impugnação principal, cuja decisão importará em reduzir-lhe aos limites do pedido 
(NERY JR; NERY, 2019).
Revista ANNEP de Direito Processual Vol 1, No2, 2020: Julho-Dezembro
Embargos de Declaração:Instrumento para Garantir Motivação Decisória 32
Resta claro, pelo exposto, que a lei tratou de identificar, de modo pontual, quais as hipóteses 
em que a oposição de embargos de declaração é pertinente. Isto se deve ao fato de que, conforme 
classificação doutrinária (DIDIER JR., CUNHA, 2017), tal recurso é de “fundamentação vinculada”, 
o que significa dizer que sua aplicação se dará, tão somente, nas hipóteses previstas – supracitadas –, 
o que não ocorre, por outro lado, por exemplo, com a apelação ou recurso ordinário, os quais são de 
“fundamentação ampla”. Fato é, no entanto, que o art. 489, §1º, tratou de ampliar e, até mesmo, aclarar 
os vícios que ensejariam a omissão no pronunciamento do julgador. 
Cabe ainda, dissertar, sumariamente, sobre os efeitos do recurso. 
Para tanto, necessário consignar, desde logo, que os embargos de declaração são endereçados 
diretamente ao juízo que proferiu a decisão vergastada, ou seja, o mesmo órgão jurisdicional que 
proferiu a decisão será o competente para analisá-los, exercendo, por assim dizer, um duplo grau de 
jurisdição contido.
No caso dos embargos de declaração lhe são típicos os efeitos devolutivo e interruptivo (art. 
1.026, do CPC), sendo, por outro lado, excepcional a concessão, nos termos do art. 1.026, §1º, CPC, de 
efeito suspensivo, quando a imediata eficácia da decisão puder gerar dano grave ou de difícil reparação e 
houver fundamento relevante para tanto; não obstante, nos casos em que os declaratórios sejam opostos 
contra sentença, cuja apelação – recurso principal – possua efeito suspensivo ope legis, a ausência de tal 
efeito não autoriza o cumprimento provisório6.
Quanto ao efeito modificativo, sua hipótese é também exceção posto que, em regra, o recurso 
não discute a análise da matéria litigada, mas se destina a sanar vícios formais.
Sinalize-se sobre a natureza jurídica da decisão proferida. Esta será a mesma daquela impugnada, 
o que se dá por consequência do próprio efeito devolutivo ao mesmo órgão jurisdicional, diversamente, 
por exemplo, do que ocorre com o agravo de instrumento, que, destinado a reformar ou anular decisão 
interlocutória, será julgado por acórdão, ou, ainda por decisão monocrática do relator, nas hipóteses 
legalmente permitidas.
Outras duas questões importantes também merecem realce. Uma delas é a possibilidade de 
fungibilidade dos embargos de declaração em agravo interno (art. 1.024, §3º, do CPC) já mencionada 
anteriormente.
Sobre a fungibilidade recursal, é possível vê-la como derivada do princípio da instrumentalidade 
das formas (DIDIER JR.; CUNHA, 2017), a qual, embora não tenha previsão normativa expressa, é por 
outro lado, aceita por doutrina e jurisprudência e, ao fundo perceptível em certos dispositivos, como 
o em questão, e será aplicável quando houver dúvida objetiva sobre qual recurso utilizar, incerteza 
razoável sobre seu cabimento, decisão proferida de natureza diversa e ausência de “erro grosseiro” na 
interposição (THAMAY; ANDRADE, 2018). 
O dispositivo em tela representa um ponto de equilíbrio aos instáveis entendimentos em sede 
de hermenêutica recursal, cuja consequência é justamente a garantia da coerência à sistemática das 
impugnações às decisões, o que, permite instrumentalizar o amplo acesso à justiça (JORGE JUNIOR, 
2018). Tal previsão também apresenta consonância com o princípio da primazia do mérito, alhures 
abordada, o que torna como última escolha, a extinção ou nulidade sem resolução do mérito (AURELLI, 
2018). 
Outra questão importante é a busca do legislador processualista em coibir atuações desleais dos 
litigantes ao dispor no art. 1.026, nos parágrafos 2º, 3º e 4º, a possibilidade de cominação de multa em 
caso de reiterada oposição de embargos protelatórios, bem como, a pena de inadmissibilidade de novos 
embargos quando os dois últimos tiverem sido considerados com o fim procrastinatório, e condicionando 
a interposição de outro eventual recurso ao depósito da multa imposta.
Sendo assim, realizada breve análise necessária sobre o recurso, é de importância, sobretudo 
prática, identificar empecilhos que o seu regular andamento do possa encontrar.
6 Em consonância, o Fórum Permanente de Processualistas Civis no enunciado nº 218: “A inexistência de efeito 
suspensivo dos embargos de declaração não autoriza o cumprimento provisório da sentença nos casos em que a apelação 
tenha efeito suspensivo”.
Revista ANNEP de Direito Processual Vol 1, No2, 2020: Julho-Dezembro
Embargos de Declaração: Instrumento para Garantir Motivação Decisória 33
4. Jurisprudência defensiva dos tribunais: o problema dos “argumentos capazes 
de infirmar a conclusão adotada pelo julgador” e a ausência de distinguishing das 
decisões judiciais.
No tópico anterior se vislumbrou a hipótese de que o próprio órgão jurisdicional possa rever 
formalmente sua decisão e, por consequência lógica, reconhecer seu equívoco. 
Assumir este erro, contudo, parece, muitas vezes, ser interpretado como afrontoso aos julgadores, 
o que, acrescido pela má-fé de certos litigantes – para a qual não se podem fechar os olhos – na oposição 
volumosa de recursos com fins procrastinatórios, enseja uma jurisprudência de cunho estritamente 
defensivo (VAUGHN, 2018).
O que se percebe, de fato, é a padronização de decisões, principalmente no julgamento de 
embargos de declaração, que utilizam de jargões jurídicos como “amuletos” (CARBONAR, 2018, p. 1.009) 
para manter o julgador afastado da análise da questão de fundo tratada na demanda, distanciando-se, 
por consequência, da primazia do mérito.
Dos argumentos levantados em sede de embargos de declaração, captam-se ao debate dois que, 
pela prática forense, se mostram ao mesmo tempo os que permitem ampla discussão jurídica, uma vez 
que demandam a análise de mérito próprio inserido no vício formal da ausência de fundamentação de 
que tratam, e os que mais sofrem com os pronunciamentos defensivos dos tribunais. Serão analisados 
em conjunto, a seguir, os incisos IV e VI, do art. 489, §1º, do CPC.
4.1. As previsões do artigo 489, §1º, IV e VI, do CPC.
Indica o dispositivo em questão que não será considerada fundamentada a decisão que “não 
enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada 
pelo julgador” (IV), bem como aquela que “deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou 
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou 
a superação do entendimento” (VI) e, por força do art. 1.022, p. único, II, será, portanto, impugnável 
mediante embargos de declaração.
Sobre o inciso IV, cabe aqui partir de um pressuposto extraível da própria sistemática do Código, 
para tanto, é possível invocar, como se vem discorrendo neste trabalho, a primazia do mérito, o dever de 
motivação jurisdicional e a inafastabilidade da jurisdição. 
Veja-se que o legislador foi literal ao dispor “todos” os argumentos capazes de infirmar a 
conclusão do julgador, não dispôs “suficiente” ou “ao menos um”. 
Pois bem, a resposta jurisprudencial dentre as Cortes locais7 e, principalmente, do Superior 
Tribunal de Justiça, passou a propugnar a ideia de que “o julgador não está obrigado a responder a 
todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a 
decisão”8.
7 Dos vários julgados encontráveis, citem-se alguns de norte a sul do país: TJ-AP - ED: 00278350920178030001 AP, 
Relator: Desembargadora SUELI PEREIRA PINI, Data de Julgamento: 07/05/2019, Tribunal; TJ-DF 00204875420168070003 
DF 0020487-54.2016.8.07.0003, Relator: GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA, Data de Julgamento: 05/06/2019, 7ª 
Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 19/06/2019 . Pág.: Sem Página Cadastrada; TJ-SP - EMBDECCV: 
20379634720198260000 SP 2037963-47.2019.8.26.0000, Relator: Coimbra Schmidt, Data de Julgamento: 07/04/2012, 7ª 
Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 21/03/2019; TJ-RS - ED: 70081280463 RS, Relator: Luiz Felipe BrasilSantos, 
Data de Julgamento: 16/05/2019, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 21/05/2019.
8 Conforme voto do Min. Francisco Falcão em: STJ - EDcl na Rcl: 34817 SP 2017/0239457-6, Relator: Ministro 
FRANCISCO FALCÃO, Data de Julgamento: 22/05/2019, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 04/06/2019. 
Dentre outros mais, mencionem-se: STJ - EDcl nos EDcl no AgInt nos EDcl no REsp: 1603264 PR 2016/0132675-0, Relator: 
Ministro FRANCISCO FALCÃO, Data de Julgamento: 07/06/2018, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 
14/06/2018; STJ - EDcl no AgInt no AREsp: 1196863 DF 2017/0282281-2, Relator: Ministro FRANCISCO FALCÃO, Data 
de Julgamento: 12/03/2019, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/03/2019 e STJ - EDcl no AgRg no REsp: 
1550142 SP 2015/0201557-0, Relator: Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO), 
Data de Julgamento: 05/04/2016, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/04/2016.
Revista ANNEP de Direito Processual Vol 1, No2, 2020: Julho-Dezembro
Embargos de Declaração: Instrumento para Garantir Motivação Decisória 34
Ora, ao invés de serem analisados “todos os argumentos”, o que a jurisprudência vem fazendo 
não é, senão, dentre os vários fundamentos eventualmente aduzidos, selecionar um em específico que 
entenda não ser suficiente para acolher o direito pleiteado, desmoronando, assim, todo um castelo 
lógico construído.
Veja-se que, a depender da matéria debatida, o jurisdicionado pode, de fato, mediante um 
argumento demonstrar ser detentor de um direito e outro por outro, mais controverso, obter a negativa. 
A resposta do Judiciário é de justamente selecionar este outro argumento, mais frágil, para denegar 
o interesse e, com base nos precedentes defensivos, refugiar-se de abordar questões, às vezes, mais 
polêmicas ou mais trabalhosas.
Esse posicionamento acaba por, em verdade, amedrontar o possível litigante de fazer uso do 
seu direito ao duplo grau de jurisdição e passa a renegar a efetividade da inafastabilidade da prestação 
jurisdicional motivada e, mais grave que isso, censura os aplicadores do direito em levantar questões 
jurídicas mais complexas ou que possam servir de mudança de paradigma no futuro, posto que 
possivelmente tais argumentos ou serão de plano negados e, assim, abdicada a discussão dos demais 
argumentos, ou sequer serão analisados, uma vez escorada a jurisdição em ponto que for mais confortável 
julgar.
Se ousarmos fazer uma comparação com o direito penal, enquanto neste a presunção de 
inocência é regra aplicada ao réu, no processo civil, a jurisprudência tem adotado uma “presunção de 
improcedência dos argumentos aduzidos”. 
Outro ponto de atrito é aquele disposto no inciso VI. Como já salientado, esta disposição funciona 
como meio de aplicabilidade do sistema de precedentes, de maneira a tornar impositivo ao órgão julgador 
seguir os entendimentos superiores e, se não o fizer, que isto seja realizado fundamentadamente.
Sobre o disposto no inciso em tela, Eduardo Cambi e Renê Hellman (2018, p. 193), identificam 
que:
(...) mais uma vez o novo Código de Processo Civil impõe ao julgador o dever de fazer a análise aprofundada dos 
casos, a comparação das suas características, de modo a justificar a razão de divergir, garantindo a independência 
e promovendo a efetivação da garantia constitucional do contraditório. 
Veja-se que aqui, o que se aplicará não é a mera conclusão dos julgadores no precedente, isto é, 
não se retirará unicamente o dispositivo de eventual decisão jurisprudencial, mas sim a ratio decidendi 
extraível de certo julgado.
A ratio decidendi (ou holding no direito anglo-saxão) é a tese decorrente de uma fundamentação 
decisória em um caso concreto, a qual se desprende do mesmo, de modo a aplicar-se noutras situações 
jurídicas semelhantes – o que lhe dá o caráter de norma geral (DIDIER JR.; BRAGA; OLIVEIRA, 2017).
O critério para identificar a razão processual deve permear entre os fatos relevantes precursores 
da causa, bem como os motivos jurídicos determinantes para a conclusão alcançada pelo juízo. Ademais, é 
elementar que tais critérios embasem o julgamento, sem os quais a consequente disposição seria outra.
Alcançar a razão de um precedente não é, porém, uma tarefa fácil, será imprescindível realizar 
“a leitura de toda a decisão candidata a precedente, das principais peças do processo que o originou”, 
que será o meio pelo qual se poderá “identificar qual a principal questão que estava sendo solucionada 
pela corte do precedente e, para tanto, será necessário conhecer o conflito, saber quais as questões de 
fato e de direito que foram debatidas naquele caso” (FERRAZ, 2018, p. 606).
Daí, aliás, a importância indicada por Teresa Alvim (2016, n.p.) de ser o relatório algo essencial, 
ao lado da motivação em sentido estrito, da motivação lato sensu. Aquele, devidamente elaborado, 
possibilita que o segundo grau de jurisdição conheça dos fatos e das teses levantadas, além de ser guia 
– não cabresto – para que o próprio magistrado possa se manifestar “sobre todas as alegações feitas 
pelas partes, principalmente, mas não exclusivamente, aquelas cujo exame influi, ou mesmo determina, 
o teor da parte decisória”.
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Por isso, a aplicação da ratio decidendi não se pode confundir com as “teses firmadas”, geralmente 
entabuladas ao final ou como resultado das decisões, estas são uma abstração de escopo limitado que 
representam a conclusão alcançada e, embora possam, certas vezes, se confundir com a holding, não 
demonstram toda a construção processual necessária a ser replicada em casos subsequentes (FERRAZ, 
2018).
Feita tal consideração, é de se entender que o juízo deverá (nos termos dos artigos 926 e 
seguintes do Código) seguir a orientação jurisprudencial superior aplicável ao caso e quando não 
aplicá-la, incumbirá efetuar a distinção dos casos, desde que seja possível desconstruir no caso concreto 
os tijolos da norma abstrata que se pretende aplicar, identificando a incompatibilidade entre os fatos e/
ou fundamentos relevantes deste para com o paradigma.
Nesse sentido, tratou o Ministro Edson Fachin no julgamento do Agravo de Recurso Extraordinário 
1.056.101/ES:
positivou o Código de Processo Civil verdadeiro sistema obrigatório de precedentes que naturalmente decorreria 
da hierarquização do Judiciário e da função da Corte Suprema. Observe-se, no entanto, que essa obrigatoriedade não se 
traduz por vinculação obrigatória. Juízes e tribunais, ainda que decidam com base na jurisprudência dominante dos Tribunais 
Superiores, têm o dever de motivação, conforme exige o disposto no art. 489, § 1º, do CPC. Dessa forma, devem demonstrar por 
que o precedente invocado é aplicável ao caso concreto, ou, inversamente, por que se deve realizar uma distinção ou superação 
do precedente neste mesmo caso concreto. Noutras palavras, o sistema de precedentes explicitado pelo Código de Processo Civil 
apenas impôs relevante ônus argumentativo a juízes e tribunais quando julgam os casos que assomam a seus órgãos. Esse ônus 
argumentativo impõe a este Supremo Tribunal Federal um dever de cautela a fim de permitir efetivo diálogo exigido pelo sistema 
de precedentes. Esse diálogo está na base do sistema de precedentes e é, precisamente, o que permite uniformizar a jurisprudência 
nacional. Não se pode confundir a mera decisão em sede recursal com o conceito uniformizador do precedente. Há, por isso, um 
elemento crítico na decisão que se torna precedente (grifos nossos).
Retira-se do posicionamento citado que a vinculação ao precedente não é obrigatória, mas 
será imperativo observar o sistema de precedentes. Desse modo, se, eventualmente o órgão julgador 
pretender não seguir jurisprudência invocada pela parte, deverá realizar a técnica do distinguishing e 
fazê-lo consistentemente (PEIXOTO, 2018).
Outro ponto destacáveldo voto do Ministro é no que tange à ideia de que Juízes e Tribunais 
“devem demonstrar por que o precedente invocado é aplicável ao caso concreto”.
Com tal afirmação, parece-nos incidir sobre eventual pronunciamento judicial que não cumpra 
com dito requisito, dois incisos do art. 489, §1º, do CPC. O primeiro deles é o VI, que tratamos, mas 
também – apesar de não o estarmos abordando especificamente – o inciso I, o qual indica ser não 
fundamentada a decisão que “se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem 
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida”.
Nesse caso, partir-se-á de uma interpretação abrangente e homogeneizante dos precedentes. A 
ratio decidendi a ser eventualmente aplicada em casos compatíveis, tem um caráter de “norma geral”, 
logo, utilizando-se dos critérios de tipicidade legal, sendo encontrada uma hipótese concreta compatível 
a holding, esta será aplicada por equivalência de seu cabimento.
Trata-se, como explicam Gilmar Mendes e Lênio Streck (2018), de aplicar essa (re)composição da 
cadeia de decisões precedentes mediante uma coerência interna, não apenas evitando uma contradição, 
mas ativamente aplicando um juízo equânime. Esta é, senão, a tarefa desafiadora que põe aos juízes: 
realizar uma aferição isonômica de teses aplicadas a casos semelhantes e antecedentes.
A questão não é meramente reprisar julgados. O debate é de hermenêutica estrutural. O aplicador 
do direito não pode se prender somente às palavras, mas delas não pode se esquecer. Ele precisa pensar 
o sistema, não fugir dele. Da mesma forma que, à lei formal, se debateu o papel integrativo do juiz, hoje 
há de se repensar esta função diante dos precedentes. 
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Devemos pensar o precedente de modo retrospectivo e prospectivo (REALE, 1977). Pensando-o 
para trás, cabe-nos extrair os elementos que ensejaram a tomada de decisão9, bem como o sistema onde 
se insere e, como componente deste, qual função desempenha. Avante, por sua vez, deve-se verificar 
pragmaticamente os efeitos daquilo que se está a interpretar.
Afinal, se o direito é fato, valor e norma, não é defeso que da norma geral resultante de um 
precedente, se reavaliem os fatos pretéritos determinantes e os valores que deles se exaravam, para 
identificar a eficácia no antes e sua reinserção no agora. É esse caráter tridimensional que impõe uma 
visão dinâmica e estrutural dos precedentes: do ser, surgem e ao ser, retornam (REALE, 1999). Os 
embargos de declaração podem ser um mecanismo apto para propiciar essa reflexão.
Com efeito, em sentido diverso do que vimos proclamado pelo Min. Fachin, encontram-se nas 
jurisprudências estaduais verdadeiros mistos decisórios que, fazendo uso de meras passagens de vários 
julgados, as compilam e transformam em fundamentação. Cite-se, por exemplo, julgado do Tribunal de 
Justiça do Rio Grande do Sul10, ao consignar a seguinte passagem em seu acórdão: 
Consoante a firme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, “A atribuição de efeito suspensivo a recurso 
especial admitido pelo Tribunal a quo demanda a demonstração inequívoca do periculum in mora, evidenciado 
pela urgência na prestação jurisdicional, e do fumus boni juris, consistente na possibilidade de êxito do recurso 
especial, na esteira da jurisprudência uníssona do STJ” (AgRg na MC 23.587/AL, Rel. Ministro BENEDITO 
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/03/2016, DJe 08/04/2016). Nesse sentido, ainda, os seguintes 
precedentes: AgRg na MC 24.133/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 05/05/2015, 
DJe 21/05/2015; AgRg na MC 24.889/CE, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado 
em 15/12/2015, DJe 18/12/2015; AgRg na MC 24.754/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, CORTE ESPECIAL, 
julgado em 07/10/2015, DJe 19/11/2015; AgRg na MC 24.583/PE, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA 
TURMA, julgado em 15/09/2015, DJe 21/09/2015; AgRg na MC 23.747/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES 
MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/09/2015, DJe 23/09/2015). 
De partida, cumpre sinalizar que não nos deteremos a analisar pormenorizadamente a demanda, 
nem a matéria debatida, mas convidar a refletir, afinal, uma decisão recheada de julgados que, em tese, 
lhe dão respaldo, de fato aparenta muita fortaleza, ainda mais se tratando de uma matéria pacificada 
nas Cortes superiores.
Todavia, em absoluta dissonância ao que se vem expondo, não há qualquer juízo de equanimidade 
na referida manifestação. Vários são os julgados citados, pouca a reflexão sobre os pressupostos que 
levaram a Corte a decidir desta ou daquela maneira, ou ainda, com base em um mesmo fundamento, 
mas sem avaliar o caminho percorrido pelo julgador invocado.
 Em verdade, a citada passagem manifesta, com sustentáculo suposta solidez, vicissitude de sua 
técnica. A um, porque, se compatíveis os pressupostos, não foi realizada a análise necessária para correta 
aplicação dos precedentes (incidindo o art. 489, §1º, I e VI), a dois, porque, se inaplicáveis, eivaria a 
decisão de vício por força do art. 489, §1º, III (invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer 
outra decisão).
Ousemos perpassar, agora, um pouco, pelo direito laboral. 
Uma ilação se pode extrair daquela seara, quando se fala da aplicação das teorias da acumulação 
e do conglobamento. Naquela, permite-se o recorte normativo dos dispositivos incidentes à questão, 
extraindo as partes mais favoráveis de cada um ao trabalhador. Nesta, impõe-se que o julgador deverá 
selecionar e interpretar qual a norma mais favorável, selecionando uma delas para incidir no deslinde 
da questão. Esta teoria prevalece, conforme entendimento pacificado do Supremo11. 
9 Daí, novamente, a relevância elementar do relatório para as decisões.
10 TJ-RS - AGV: 70080617772 RS, Relator: Maria Isabel de Azevedo Souza, Data de Julgamento: 24/04/2019, Câmara 
da Função Delegada dos Tribunais Superiores, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 26/04/2019
11 Em recente julgado, consignou a Ministra Rosa Weber neste sentido: STF - ARE: 1123539 GO - GOIÁS 0000456-
15.2014.5.18.0201, Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 17/04/2018, Data de Publicação: DJe-081 26/04/2018).
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Aliás, também entendível como norma abstrata retirável de um precedente, a ratio decidendi 
deve ser aplicada de modo conglobante, ou seja, cabe ao julgador decidir pelo precedente melhor 
(resguardando-se os limites paritários das demandas civis) a se aplicar e, uma vez selecionado, aplicá-lo 
fundamentadamente, destacando seus fatos e fundamentos jurídicos relevantes. 
Afinal, mais vale um precedente bem aplicado que diversos paradigmas desconexos.
Destarte, pode-se retirar deste tópico, que os incisos elencados no art. 489, §1º, de modo especial 
o IV e o VI, embora trazidos como pressupostos de garantia do devido processo legal, e materializados 
processualmente através dos embargos de declaração, acabam por ser, de fato rechaçados por uma 
jurisprudência predominantemente defensiva, que acaba dando um status de “primo pobre” dos recursos 
aos embargos de declaração.
5. Conclusão
É dever do intérprete do direito pensa-lo a partir não só de seus pressupostos basilares, mas 
reconhecer que existe uma realidade social na qual este se insere, afinal, a própria função do direito 
reconhece a existência de um ambiente repleto de relações intersubjetivas que necessitam de regulação.
Foi com fulcro neste objetivo que se buscou realizar o presente estudo.
Reconhecer que, hoje, o país sofre com a massificação de demandas, o abarrotamento do Poder 
Judiciário e a mecanização do debate jurídico-processual é um importante ponto de partida para 
reconhecer que não só o direito e os jurisdicionados, em si, carecem de olhos maisatentos ao que se 
tem delineado nas Cortes, mas para esclarecer que a própria atuação da advocacia, como indispensável 
à administração da justiça que é, nos termos do art. 133, da Constituição, necessita de força para seguir 
exercendo sua finalidade.
É nesse quadro que envolve a própria legitimação do poder judicante nas mãos do Estado que se 
fez preponderante destacar dois interesses tão caros à tutela de direitos. A inafastabilidade da jurisdição e 
o dever de motivação das decisões judiciais, previstos, respectivamente, nos artigos 5º, XXXV e art. 93, IX.
A partir de tais primados, reconheceu-se que ambos são, de um lado, dever do estado e, de outro, 
direito do jurisdicionado. Essa cognição permite abrir caminho a um debate apto a exaurir as amarras 
formais do simples direito à provocação do Judiciário e da mera resposta finalista deste mesmo poder.
Incumbe ao Estado, a partir de tais pressupostos, não apenas responder ao cidadão que busca 
neste terceiro imparcial e estruturado para tanto, mas fazê-lo de modo satisfatório e resolutivo. 
Nesse sentido, o Código de Processo Civil de 2015 trouxe novas disposições de cunho axiomático 
destacando e normatizando pela via infraconstitucional direitos fundamentais, dos quais se destacam a 
primazia do mérito e a instrumentalidade das formas, sobretudo para permitir que o jurisdicionado alcance, 
de fato, uma solução razoável para suas lides.
Como princípios que são, contudo, tais normas necessitam de mecanismos jurídicos acessórios 
que lhes deem efetividade. Sobre estes, destacou-se a função medicinal à ordem processual dos embargos 
de declaração. 
Tal recurso, por força de uma jurisprudência tão engessada e expurgatória, carece muitas vezes 
da efetividade que lhe é devida. 
O art. 489, §1º em consonância com o dispositivo 1.022, ambos do CPC, mostram-se como 
verdadeiros instrumentos, respectivamente, de aferição e resolução de vícios processuais do 
pronunciamento judicante do Estado, de maneira que, se garantida sua consecução, possibilitar-se-á 
um debate endoprocessual mais saudável, justo e tecnicamente correto.
As previsões do artigo 489, diferentemente do que dispunha o Código anterior, passaram a 
introduzir nos litígios a imposição aos Juízes e Tribunais de observar o sistema de precedentes, com o 
fim de permitir que garantir tratamento isonômico entre as partes, dentro e fora do processo. Além 
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disso, o legislador buscou garantir aos demandantes o direito de ter as seus argumentos profundamente 
analisados, o que, no entanto, tem sido de difícil materialização judicial.
É com força nestas razões que nos propusemos a debruçar, e, sobretudo, levantar indagações 
sobre a temática, para ver se materializar, não apenas na letra fria da lei, mas no âmbito social e judicial, o 
devido respeito aos direitos de acesso à justiça e de receber, desta mesma justiça, um retorno satisfatório.
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Tribunais, 2016. E-book: ISBN 978-85-203-6779-7.Acerca de tais questões, o Fórum Permanente 
de Processualistas Civis elaborou enunciados que reforçam suas aplicabilidades. Sobre a 
fungibilidade, o de número 10412 e quanto à primazia do mérito, o de número 37213.
12 Enunciado 104: “O princípioda fungibilidade recursal é compatível com o CPC e alcança todos os recursos, sendo 
aplicável de ofício”. (Grupo: Ordem dos Processos no Tribunal, Teoria Geral dos Recursos, Apelação e Agravo).
13 Enunciado 372: “O art. 4º tem aplicação em todas as fases e em todos os tipos de procedimento, inclusive em 
incidentes processuais e na instância recursal, impondo ao órgão jurisdicional viabilizar o saneamento de vícios para 
examinar o mérito, sempre que seja possível a sua correção”. (Grupo: Normas fundamentais).

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