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Qual a importância da criação de uma Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra? Que outras ações estão sendo tomadas para reduzir as consequências negativas trazidas pelos séculos de escravidão? Você as considera importantes? Concorda com elas? Por quê? PARA CONCLUIR No continente africano, assim como em diversas civilizações europeias da Antiguidade, a prática da escravatura era bastante comum, embora não tivesse o mesmo teor econômico que adquiriu a partir do comércio transatlântico entre os séculos XV e XIX. Principalmente a partir da expansão marítima iniciada no final do século XIV, o comércio de escravizados se intensificou, tornando-se uma das principais atividades econômicas europeias. Os escravizados eram comprados na África e levados para atender à demanda por mão de obra nas colônias da América em longas, arriscadas e insalubres viagens a bordo de navios negreiros. A pessoa escravizada era considerada um objeto de seu dono. Assim, os escravizados recebiam castigos físicos e passavam por um intenso processo de aculturação, que procurava distanciá-los de suas raízes geográficas, culturais e familiares. Como resistência a esse processo, muitos deles desenvolveram formas de sincretismo cultural e religioso. Além da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra, que busca discutir as sequelas decorrentes dos anos de escravidão no Brasil, é importante levar em consideração as políticas de afirmação, como as cotas, e debater com os alunos a relevância desses termos. 1 Diferencie a servidão da escravidão. Apesar de ambas serem atividades não remuneradas, os servos não eram considerados objetos, ou seja, não podiam ser vendidos ou comprados, diferentemente dos escravizados. 2 Caracterize a escravidão praticada na África. A escravidão na África não era racial, ocorria normalmente quando povos derrotados em guerras eram escravizados dentro do próprio continente. 3 Quais foram as mudanças ocorridas na escravidão afri- cana a partir da chegada dos europeus, no século XV? A escravidão transatlântica gerou uma intensa “corrida” por escravizados, alterando a lógica interna da África e gerando altos lucros para os europeus. 4 Caracterize as viagens nos navios negreiros. Os navios negreiros levavam centenas de escravizados num espaço apertado, sujo, sem as mínimas condições de higiene. Muitas pessoas morriam ao longo da viagem ou ficavam muito doentes. Eram humilhadas e sofriam vários tipos de violência. Essa prática foi bastante comum na época, uma vez que o tráfico de pessoas, principalmente as originárias do continente africano, era visto como algo normal. 5 Apresente duas consequências da escravidão para os descendentes dos escravizados. A dificuldade de inserção na sociedade por conta do preconceito racial e a falta de acesso à educação, saúde, etc. 6 Explique a importância econômica do tráfico negreiro. O tráfico negreiro foi importante, pois a mão de obra escravizada africana foi largamente utilizada nas colônias; além disso, o comércio de escravizados vindos da África representou um lucrativo negócio para os traficantes de escravizados e para a colônia portuguesa. PRATICANDO O APRENDIZADO 186 H IS T Ó R IA » M Ó D U L O 2 0 3_PH7_EF2_HIST_C3_178a189_M20.indd 186 4/2/18 11:36 AM APLICANDO O CONHECIMENTO 1 Leia o texto a seguir. Eram traficados na maioria das vezes homens jovens entre 8 a 25 anos, contudo não deixavam de traficar também mulheres, crianças, idosos, enfim, tudo que era possível. Eram empilhados em péssimas condições e acorrentados como animais nos pequenos e escuros compartimentos dos navios, onde se causava o encontro de várias etnias por muitas vezes inimigas. Como as correntes limitavam seus movimentos, as fezes e a urina eram feitas no mesmo local. Quando enjoavam, vomitavam também ali onde permaneciam. Tudo sem o mínimo cuidado com a higiene. Raramente, para a higiene bucal, faziam bochechos com vinagre. Para limpar o corpo, podiam se enxaguar apenas duas vezes durante toda a viagem. Muitos padeciam de graves infec- ções oculares e intestinais. Ali dentro tudo se misturava. A fome e a sede, as doenças e a sujeira, os agonizantes e os mortos. Uma ou duas vezes por dia, a comida era simplesmente jogada nos compartimentos e cabia aos próprios prisioneiros promover a divisão da alimentação. Devido a estas horrendas condições de viagem, pouquís- simos resistiam e, assim, acabavam morrendo. Como os marujos não tinham o costume de entrar no porão, os mortos começavam a se decompor ao lado dos vivos. MARQUES, Deliene Jéssica. Navios negreiros. Laboratório de ensino e aprendizagem em História. Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Disponível em: <www.leah.inhis.ufu.br/node/366>. Acesso em: 9 jan. 2018. Caracterize a viagem dos escravos da África para o Brasil. Os navios negreiros transportavam centenas de escravizados apinhados, sem acesso a janelas; as pessoas defecavam, comiam e morriam em um mesmo espaço; doenças eram contraídas, etc. 2 Leia o texto a seguir: Entre 1500 e 1856, a cada cinco pessoas no mundo que foram escravizadas, uma colocou os pés no Rio de Janeiro. Foi na região do Porto, onde hoje estão as avenidas Ve- nezuela e Barão de Tefé, que atracou boa parte dos navios negreiros vindos da África, trazendo, inclusive, corpos de quem não resistiu à viagem. Por muito tempo, imaginou- -se que pouco mais de um milhão de escravos desembar- caram na cidade — e mais 2,6 milhões teriam sido levados para outros pontos do litoral brasileiro. Agora, estudiosos afirmam que o número relativo ao Rio é muito maior que o estimado por vários historiadores. A tese é baseada em um minucioso banco de dados criado pela Universida- de de Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos: o arquivo reúne registros portuários feitos ao longo de três séculos e meio. [...] Segundo o novo levantamento, cerca de 2 mi- lhões de escravos teriam chegado ao Rio de Janeiro. FRANÇA, Renan. Pesquisa americana indica que o Rio recebeu 2 milhões de escravos. O Globo, 5 abr. 2015. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/rio/pesquisa-americana- indica-que-rio-recebeu-2-milhoes-de-escravos-africanos-15784551>. Acesso em: 9 jan. 2018. Qual é a novidade apresentada pela reportagem? A reportagem, baseada em um estudo de uma universidade estadunidense, estima em 2 milhões – e não em 1 milhão, como se acreditava até então – o número de escravizados que provavelmente entrou no Brasil entre os séculos XVI e XIX. Portanto, esses números indicam que o tráfico de pessoas para o Brasil foi muito mais intenso do que se pensava até então. 7 Explique a importância do sincretismo religioso para a manutenção da cultura africana na sociedade brasileira atual. Foi por meio do sincretismo religioso que houve trocas culturais entre os europeus cristãos e as pessoas de etnia africana que foram escravizadas. Essas relações deram origem a novas religiões no Brasil e proporcionaram a presença de aspectos da cultura africana na sociedade brasileira. Eles podem ser observados nas manifestações religiosas como a umbanda e o candomblé, nas músicas e expressões idiomáticas, entre outros elementos. 187 H IS T Ó R IA » M Ó D U L O 2 0 3_PH7_EF2_HIST_C3_178a189_M20.indd 187 4/2/18 11:36 AM 3 Leia o poema a seguir: […] Quem são estes desgraçados, Que não encontram em vós, Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são? Se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa musa, Musa libérrima, audaz! São os filhos do deserto Onde a terra esposa a luz. Onde voa em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados, Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão... Homens simples, fortes, bravos... Hoje míseros escravos Sem ar, sem luz, sem razão... ALVES, Castro. O navio negreiro. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/ download/texto/bv000068.pdf>.Acesso em: 9 jan. 2018. Qual é o assunto principal do poema? Em que versos você conseguiu identificar essa temática? A escravidão. “Homens simples, fortes, bravos... / Hoje míseros escravos / Sem ar, sem luz, sem razão...” 4 Analise a imagem. À tarde, pequenos capitalistas chegavam das ruas adjacentes do cais para irem tomar a fresca na praça do Palácio. Gravura Uma tarde na praça do Palácio, Rio de Janeiro, 1826. Aquarela sobre papel de Jean-Baptiste Debret, 1826. Destaque uma atividade realizada pelos escravizados na imagem. Podemos observar escravizados carregando potes de água e tabuleiros (provavelmente com doces que eram vendidos pelos escravizados de ganho). 5 Leia o texto. Hepatite B foi trazida em navios negreiros Estudo indica que o vírus da doença chegou ao Brasil no século 19, quando a Coroa portuguesa passou a escravizar pessoas da costa leste da África Retirados à força de suas pátrias e transportados pelo Atlântico feito mercadorias, os africanos traficados no século 19 podem ter trazido para o Brasil o vírus da he- patite B. A curiosa descoberta foi feita por cientistas do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Ao sequenciar o DNA do micro-or- ganismo causador da doença, as pesquisadoras Selma Gomes e Bárbara Lago constataram que o genótipo mais comum no país não é o que circula na Europa nem na costa leste africana, de onde saíram quase 5 milhões de escravos entre 1551 e 1840. Na realidade, o perfil do pa- tógeno brasileiro é compatível ao da porção oriental do continente, que forneceu mão de obra forçada quando a principal rota do tráfico estava sob fiscalização inglesa. País sul-americano que mais importou cativos no período colonial, durante 300 anos o Brasil recebeu ho- mens, mulheres e crianças originários da costa ocidental da África. Contudo, o cenário mudou na primeira metade do século 19, quando a Inglaterra passou a pressionar a Coroa portuguesa pela extinção do comércio de escravos. Se, na teoria, esse era o fim dos navios negreiros, na prá- tica, os traficantes apenas mudaram de rota para evitar a fiscalização inglesa, que tinha autorização de buscar e apreender embarcações suspeitas. Com isso, começaram a chegar aos portos brasileiros escravos aprisionados na parte oriental da África. MACEDO, Jorge de. Hepatite B foi trazida em navios negreiros. Estado de Minas, 15 out. 2014. Disponível em: <www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2014/10/15/interna_ tecnologia,579795/hepatite-b-foi-trazida-em-navios-negreiros.shtml>. Acesso em: 9 jan. 2018. Aponte uma das consequências da mudança de rota do tráfico atlântico mostrada pela reportagem. A disseminação do vírus da hepatite B. R e p ro d u ç ã o /B ib lio te c a N a c io n a l, R io d e J a n e ir o , R J . 188 H IS T Ó R IA » M Ó D U L O 2 0 3_PH7_EF2_HIST_C3_178a189_M20.indd 188 4/2/18 11:36 AM 1 Sobre a escravidão praticada na Antiguidade, podemos afirmar que: a) era igual às formas de trabalho escravo utilizadas na Europa e na América. b) substituiu o trabalho servil nos feudos europeus. c) foi praticada apenas por gregos e romanos. d) constituiu-se como uma atividade comum entre di- versos povos da época. 2 Sobre as viagens nos navios negreiros, está correta a seguinte alternativa: a) eram rápidas e seguras, pois os escravizados eram mercadorias caras e valorizadas. b) apresentavam péssimas condições de higiene e ali- mentação para os escravizados transportados. c) acabavam não sendo lucrativas por conta da alta mortalidade nos trajetos. d) eram realizadas apenas por negociantes autorizados pela Coroa portuguesa, o que garantia bons serviços. 3 A respeito das diferenças entre o trabalho servil e escravo, podemos afirmar que: a) o servo trabalhava em troca de moradia, mas não era considerado um objeto. b) o escravizado e o servo realizavam as mesmas fun- ções, porém o servo recebia salários. c) o trabalho servil desapareceu completamente após a Idade Média. d) a escravidão foi praticada apenas nas colônias por- tuguesas da América. 4 Entre as formas de resistência africana à escravidão, podemos citar: a) sincretismo religioso. b) ruptura com os traços culturais africanos. c) conversão espontânea ao catolicismo. d) manutenção dos laços familiares. DESENVOLVENDO HABILIDADES Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das questões sinalizadas com asterisco. 6 Leia o texto. A pesada porta de ferro se abre com um baque. O bri- lho do sol ofusca os homens acorrentados que emergem, às dezenas, do calabouço escuro e fétido do castelo. São negros da tribo ashanti, capturados em guerra e vendidos aos donos da fortaleza. Atordoados pela luz, eles atraves- sam sem saber a chamada porta sem retorno. Dali serão embarcados nos porões do navio para uma torturante viagem de dois meses rumo a Salvador. Um quinto mor- rerá no caminho. Os que sobreviverem terão de traba- lhar como escravos nas plantações de cana-de-açúcar da Bahia. Nunca mais verão sua África natal. Essa cena se repetiu cotidianamente entre 1620 e 1850 na fortaleza Elmina, hoje em Gana. Erguida em 1482, foi a primeira grande construção europeia na África tropical. Para várias tribos e numerosos reinos, como os ashantis e os akans, Elmina simboliza o holocausto provocado pelo tráfico negreiro. Para as nações europeias que exploraram a costa africana, como Portugal, Holanda, Inglaterra, Di- namarca, Suécia e Alemanha, o lugar foi fonte de riquezas durante 400 anos. TORAL, André. Castelo sinistro. Superinteressante, 31 out. 2016. Disponível em: <https://super.abril.com.br/historia/castelo-sinistro/>. Acesso em: 9 jan. 2018. O que a fortaleza Elmina significou para os povos es- cravizados e para as nações que exploraram o tráfico de escravos? O texto apresenta o lado negativo da escravidão para os povos escravizados e o lado positivo na visão europeia, que enriqueceu os europeus com a exploração de tal atividade. 189 H IS T Ó R IA » M Ó D U L O 2 0 3_PH7_EF2_HIST_C3_178a189_M20.indd 189 4/2/18 11:36 AM
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