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Engenharia Civil Integrada unidade I

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Autor: Prof. Clovis Chiezzi Seriacopi Ferreira
Colaboradores: Prof. Ricardo Scalão Tinoco
 Prof. José Carlos Morilla
Engenharia Civil Integrada
Professor conteudista: Clovis Chiezzi Seriacopi Ferreira
Engenheiro civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1977). Mestre em Arquitetura e 
Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, com pesquisa e dissertação 
sob o título A Casa dos Sonhos: Necessidades, Aspirações, Símbolos..., apresentada em 2006. Fez atualização 
em Planejamento de Programas e Projetos – Modelo e Prática, pela Fundação Getúlio Vargas, com ênfase em 
planejamento e gestão de programas governamentais, tais com instalações de poupatempo e de novas unidades 
prisionais para o governo do Estado de São Paulo, em 2009. 
É professor da Universidade Paulista desde 2006, além de permanecer atuando na elaboração de projetos e na 
gestão de projetos complementares e de obras.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
F383e Ferreira, Clovis Chiezzi Seriacopi.
Engenharia Civil Integrada / Clovis Chiezzi Seriacopi Ferreira. – 
São Paulo: Editora Sol, 2020.
120 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Licenciamento ambiental. 2. Estudos preliminares. 3. Projetos. 
I. Título.
CDU 624
W505.36 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Giovanna Oliveira
 Bruno Barros
Sumário
Engenharia Civil Integrada
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ..................................................................................................................... 11
1.1 Licença prévia (LP) ............................................................................................................................... 12
1.2 Licença de instalação (LI) .................................................................................................................. 16
1.3 Licença de operação (LO) .................................................................................................................. 21
2 ESTUDOS PRELIMINARES: CONHECIMENTO DO RELEVO LOCAL .................................................. 22
3 ESTUDOS PRELIMINARES: SONDAGEM DO SUBSOLO...................................................................... 35
4 ESTUDOS PRELIMINARES: PERFIL GEOTÉCNICO DO TERRENO ..................................................... 48
Unidade II
5 ESTUDOS PRELIMINARES: REGISTROS DE ÍNDICES HIDROLÓGICOS ......................................... 62
6 ESTUDOS PRELIMINARES: CAPACIDADE HIDRÁULICA DE CONDUTOS LIVRES ...................... 73
7 DEFINIÇÕES PRELIMINARES........................................................................................................................ 85
8 PROJETO EXECUTIVO E PROJETOS COMPLEMENTARES ................................................................... 98
7
APRESENTAÇÃO
Além de seu caráter multidisciplinar, o âmbito da engenharia civil está íntima e essencialmente 
integrado às mais diversas áreas do conhecimento. As edificações ou instalações realizadas pela 
engenharia civil, via de regra, são destinadas ao exercício de atividades das mais diversas naturezas, nos 
mais diversos campos de atuação humana.
As obras de engenharia civil sempre têm caráter temporário, enquanto que os seus produtos, as 
edificações, boas ou más, têm caráter permanente. 
Em muitas obras, é comum ver placas com frases do tipo “desculpe o transtorno, estamos trabalhando 
para o seu conforto”, ou para melhorar as condições de acesso, ou de atendimento. Tais frases são bons 
indícios para se compreender o conceito de engenharia civil integrada.
Depois de pronta, durante a sua fase permanente, a edificação afetará não só os seus usuários, na 
prática das atividades às quais ela se destina, mas também todos aqueles que têm qualquer relação com 
ela, como vizinhança, serviços de manutenção ou apenas de passagem pelo local. 
Alguém que já tenha parado sobre uma ponte, devido a uma emergência ou a um congestionamento, 
pode sentir a vibração dessas estruturas. É uma vibração normal e necessária, prevista no seu projeto 
estrutural. O mesmo grau de flexibilidade, no entanto, não pode ser admitido num prédio destinado a 
um museu, por exemplo, e muito menos a um centro cirúrgico. 
A concepção de um projeto estrutural, portanto, não pode ser apenas o resultado da análise de sua 
estabilidade, estática ou dinâmica. Um ponto de partida fundamental é a sua finalidade, considerada do 
ponto de vista dos seus usuários. Outro ponto fundamental refere-se às implicações dessa edificação no seu 
entorno, tanto no cotidiano da vizinhança quanto na preservação do meio ambiente, natural ou construído.
Mesmo na sua fase temporária, isto é, durante a fase de execução da obra, a concepção e o 
planejamento das atividades não podem ser simplesmente o resultado de análises técnico-financeiras.
A seleção dos sistemas construtivos, a logística de suprimento e estoque de insumos, a escolha 
de equipamentos, enfim, a definição de todos os meios e métodos a serem empregados na execução 
deve considerar fatores relativos à situação e à localização da obra, muitos dos quais não estão ligados 
diretamente a métodos e técnicas de edificação. 
As formas de construir uma ponte em uma rodovia podem ser bastante diferentes de construções 
similares situadas em grandes centros urbanos. Não é difícil imaginar, por exemplo, as implicações da 
utilização de formas convencionais de construção para uma ponte sobre o trecho urbano de um rio 
cujas margens são ocupadas por uma avenida que seja uma das importantes artérias da malha viária da 
cidade. Seriam enormes os transtornos causados para uma parte significativa da sua população. 
Uma solução com concreto armado ou protendido, moldado in loco, requer grande quantidade 
de escoramentos, que exigiria a interdição de parte da avenida por longo tempo. Uma solução com 
8
elementos de concreto pré-fabricados pode exigir um amplo canteiro de obras, além de equipamentos 
de grande porte para o transporte e a instalação, implicando inúmeras interdições de curto prazo e 
necessidade de amplos espaços para manobras. 
As mais complexas restrições para as obras de engenharia civil não são, portanto, as de ordem 
técnica, mas sim as restrições impostas pela vida em sociedade, que devem ser previstas, consideradas e 
solucionadas já a partir da própria concepção do empreendimento.
Esse é apenas um entre inúmeros exemplos que servem para ilustrar a forma integrada sob a qual a 
engenharia civil deve ser praticada. As definições sobre o quê fazer e como fazer devem ser subordinadasàs implicações sociais e ambientais das soluções adotadas. 
A previsão de tais implicações não é tarefa simples, nem sequer fácil de sistematizar. A capacidade 
de prever possíveis situações decorrentes de uma obra requer habilidades que, em geral, vão se 
desenvolvendo e aperfeiçoando ao longo do tempo, com a experiência adquirida. 
Já para desenvolver a capacidade de prever e solucionar implicações que se situam fora do escopo 
meramente técnico, além do acervo acumulado com a experiência, é necessário desenvolver uma visão 
ampla e, ao mesmo tempo, integrada em relação às particularidades específicas de cada obra, bem como 
uma atitude pessoal de constante atenção e consideração em relação aos efeitos sobre as pessoas e o 
meio ambiente.
Promover o desenvolvimento de tais habilidades, indispensáveis para a boa prática da engenharia 
civil, que é necessariamente exercida em equipes constituídas por profissionais de diversas especialidades, 
trabalhando de forma integrada, é o objetivo principal desta disciplina. 
INTRODUÇÃO
A boa prática da engenharia civil exige que ela seja exercida de forma integrada. A amplitude 
e a profundidade do conjunto de conhecimentos acumulados no seu campo de atuação tornou 
impossível o completo domínio desse acervo por um único engenheiro, por mais inteligente e 
dedicado que ele seja. 
Atualmente, em qualquer questão de engenharia civil, para se obterem soluções adequadas, é 
necessária a atuação complementar de profissionais qualificados, especializados nas mais diversas áreas, 
trabalhando em conjunto e de forma integrada.
O tradicional processo de elaboração dos projetos, linear e sequencial, constituído basicamente 
por concepção, definição e detalhamento do projeto para execução, vem sendo gradativamente 
substituído por um novo processo, em que as decisões são cíclicas e retroalimentadas.
O processo tradicional era norteado por duas questões fundamentais, solucionadas em sequência, 
considerando basicamente uma lógica técnico-econômica.
9
O que fazer para atingir uma situação desejada?
Como atingir a situação desejada a partir da situação atual?
A análise de um leque de soluções possíveis e a definição relativa a o que fazer costumava atender 
apenas a critérios de possibilidade técnica e de conveniência econômica. 
O que fazer, por exemplo, para melhorar a ligação entre duas regiões? Duplicar a rodovia existente, 
construir uma rodovia totalmente nova, construir uma ferrovia ou implantar uma hidrovia? 
Somente a partir da resposta dada à primeira questão é que se passava a tratar da segunda questão. 
Para definir como atingir a situação desejada é indispensável conhecer bem a situação atual. Eram, 
então, realizados todos os estudos preliminares necessários à elaboração do projeto.
Era comum, também, dar início às obras logo que as primeiras etapas do projeto executivo estivessem 
concluídas, tais como o detalhamento da terraplenagem, das contenções e da drenagem, entre outros. 
Assim, diversas definições relativas a sistemas e métodos construtivos a serem empregados, bem como 
a seus dimensionamentos e detalhamentos que não eram necessários de imediato, eram elaborados 
durante o decorrer da obra.
A partir de meados da década de 1980, no Brasil, uma terceira questão foi imposta à engenharia 
civil. E ela passou logo a ter uma importância grande a ponto de se tornar o principal condicionante 
para as duas anteriores (o que fazer e como fazer), a questão da preservação ambiental. 
A nova prioridade, desde então, passou a ser o mínimo dano possível ao meio ambiente. A conveniência 
de um empreendimento deve ser analisada em função da sua necessidade e terá que ser plenamente 
justificável em face dos eventuais danos ambientais que venha a provocar.
A implicação imediata dessa mudança é que os empreendimentos já não podem ser instalados em 
qualquer lugar, nem podem ser definidos apenas em função da necessidade, da utilidade, da rentabilidade 
ou de quaisquer outros motivos considerados razoáveis pelo empreendedor. 
A segunda implicação, que afeta diretamente os principais paradigmas da prática da engenharia civil, 
é que a sequência lógica tradicional, constituída por concepção, definição, detalhamento e execução, 
precisou ser substancialmente modificada. 
Hoje, em todo o território nacional, para dar início à etapa de construção propriamente dita, 
todo e qualquer procedimento, construtivo ou operacional, deve ser aprovado pelo órgão ambiental 
competente, visando eliminar, ou pelo menos minimizar, quaisquer danos que possam ser causados ao 
meio ambiente. 
No contexto atual, o empreendimento não pode mais ser concebido da forma tradicional, com base 
apenas em critérios de possibilidades técnicas e de conveniência econômico-financeira, e nenhuma 
definição ou detalhamento, de qualquer natureza, pode ser postergada para a fase de execução da obra. 
10
Fica clara, portanto, a necessidade de um trabalho integrado de equipes multidisciplinares, desde o 
início da concepção do empreendimento.
Sendo assim, consultar o órgão ambiental competente, com relação à possibilidade legal 
do empreendimento, antes de despender qualquer recurso, humano ou financeiro, tornou-se o 
passo fundamental. 
Se o órgão ambiental não confirmar tal possibilidade, o empreendimento não poderá ser realizado e 
nada mais deve ser feito. Caso o órgão ambiental declare que o empreendimento é legalmente possível, 
ele também fará a imposição de uma série de condições a serem seguidas tanto durante a sua construção 
quanto durante a sua operação. 
Somente então as equipes multidisciplinares devem ser mobilizadas, os estudos preliminares 
realizados e a elaboração do projeto executivo iniciado.
A concepção, as definições e os detalhamentos do projeto executivo serão conduzidos num processo 
cíclico, no qual todas as atividades serão integradas simultaneamente e retroalimentadas por eventuais 
alterações exigidas pelo órgão ambiental, já que a opção por uma solução para certa etapa, em geral, 
acaba afetando as soluções adotadas para outras etapas. 
Para que esse complexo processo de projetar possa produzir soluções satisfatórias, o engenheiro 
civil precisa ser capaz de manter, aprimorar e saber relacionar, com a devida agilidade, muitos dos mais 
diversos conhecimentos fundamentais de diferentes disciplinas, para coordenar e promover a integração 
das equipes. Expor e relacionar alguns desses conhecimentos fundamentais são os principais objetivos 
desta disciplina.
11
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Unidade I
1 LICENCIAMENTO AMBIENTAL
As licenças ambientais e os procedimentos necessários para a sua obtenção, indispensáveis para 
a realização de qualquer empreendimento no Brasil, não são objetos específicos desta disciplina. 
Porém, para compreender as transformações que vêm sendo impostas ao processo de concepção e de 
elaboração dos novos projetos, é fundamental conhecer os princípios básicos que norteiam a criação 
dessa nova legislação. 
No início da década de 1980, com o objetivo de proteger e melhorar a qualidade ambiental de forma 
unificada e integrada em todo o país, foi instituído o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), 
constituído por órgãos e entidades federais, estaduais e municipais. 
O órgão operacional desse sistema, instituído como órgão consultivo e deliberativo, é o Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (Conama), que dispõe e gerencia a prática da Política Nacional do Meio 
Ambiente (PNMA), com o objetivo de agir preventivamente na proteção do meio ambiente.
O principio básico do licenciamento ambiental é harmonizar a proteção do meio ambiente e a 
necessidade de realizar obras ou atividades que, muito embora possam causa-lhe danos, são necessárias 
para o desenvolvimento social e econômico.
A Lei n. 6.938/81, que criou o Sisnama e o Conama, instituiu a obrigatoriedade do licenciamento 
ambiental, no seu art. 10:
A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos 
e atividades utilizadoras de recursos ambientais,consideradas efetiva ou 
potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, 
de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento 
por órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio 
Ambiente (Sisnama), e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos 
Naturais Renováveis (Ibama), em caráter supletivo, sem prejuízo de outras 
licenças exigíveis (BRASIL, 1981).
Portanto, desde o início da década de 1980, o primeiro passo, e condição indispensável para a 
realização de qualquer empreendimento, reforma ou ampliação de atividades existentes em qualquer 
ponto do território nacional, passou a ser a obtenção de sua licença ambiental.
Dessa forma, antes de se despender quaisquer recursos, financeiros ou humanos, para realizar estudos 
preliminares ou levantamentos, é necessário dar início ao devido processo de licenciamento ambiental. 
12
Unidade I
O primeiro passo consiste em fazer uma consulta formal ao órgão operacional, consultivo e 
deliberativo, responsável pela região onde o empreendimento será inserido. Esse órgão, que faz parte do 
Conama, recebe a consulta, analisa e delibera sobre a possibilidade de realização do empreendimento e 
as condições sob as quais ele poderá ser feito.
A primeira consulta, via de regra, pode ser feita ao órgão público mais próximo, como a prefeitura 
municipal, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou o Departamento Nacional 
de Estradas de Rodagem (DNER), entre outros. Além de informações básicas relativas a eventuais 
exigências ambientais, esse órgão encaminhará o empreendedor ao órgão oficial competente. Apenas a 
partir da verificação sobre a possibilidade de o empreendimento ser realizado na região pretendida é que 
terá início o processo completo de seu licenciamento ambiental, constituído por uma sequência lógica, 
composta de três licenças, uma para cada etapa da realização do empreendimento: 
• licença prévia (LP);
• licença de instalação (LI); 
• licença de operação (LO). 
É importante salientar que cada etapa representa apenas e tão somente uma autorização para a 
próxima etapa. Sendo assim, por se tratar de simples autorização, qualquer uma dessas licenças pode 
ser cassada, a qualquer momento, caso as condições impostas pelo órgão ambiental não estejam 
sendo cumpridas.
1.1 Licença prévia (LP)
A LP é a primeira a ser solicitada. Ela será concedida se as atividades a serem exercidas na fase de 
operação do empreendimento, bem como durante a sua construção, forem compatíveis com o meio em 
que ele se localizará. 
A LP pode ser concedida ainda que tais atividades possam causar danos ao ambiente, com a condição 
de que a necessidade do empreendimento e os seus benefícios ao desenvolvimento socioeconômico 
sejam significativamente mais relevantes dos que os danos causados.
Ao conceder a licença prévia, o órgão ambiental define as condições sob as quais sua construção e 
operação serão possíveis, bem como medidas destinadas à reparação e à compensação pelos impactos 
negativos dele decorrentes, em face da preservação ambiental.
O empreendedor, por seu lado, assume o compromisso de respeitar rigorosamente, em todas as 
etapas de concepção, construção e operação, cada requisito imposto pelo órgão ambiental. 
A LP significa, em resumo, apenas uma aprovação da possibilidade e a imposição de condições para 
a realização de determinado empreendimento na localização proposta. 
13
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
A autorização para a instalação de uma siderúrgica ou de uma mineradora em uma área 
de proteção permanente (APP), por exemplo, é praticamente impossível de ser concedida. Já a 
autorização para a construção de uma usina hidroelétrica ou de uma estrada, nessa mesma APP, 
poderá ser concedida, desde que seja comprovada a sua importância para o desenvolvimento social 
e econômico, a ausência de alternativas e a possibilidade de reduzir os impactos ambientais a níveis 
mínimos, compatíveis com a preservação do ambiente. 
É nesse contexto que a própria concepção da obra já se torna diferente do processo tradicionalmente 
utilizado. A partir da intenção, as decisões relativas ao plano e ao projeto já não são apenas da 
competência do empreendedor, como no processo anterior. 
O tipo de aproveitamento energético que fundamentou o projeto das grandes usinas hidroelétricas 
construídas antes da vigência da Lei n. 6.938/81, tais como a de Itaipu, de Ilha Solteira, de Sobradinho 
ou de Xingó, entre outras, é essencialmente diferente do tipo de aproveitamento empregado nas usinas 
mais recentes, concebidas para a Amazônia, por exemplo.
Visando basicamente a economia de escala em relação aos custos de implantação, transformação e 
transmissão de energia elétrica produzida, as usinas anteriores à Lei n. 6.938/81 tinham como ponto de 
partida o aproveitamento máximo da energia cinética das águas, correspondente a uma vazão próxima 
ao valor da vazão média do curso d’água. 
Esse aproveitamento, entretanto, exige a criação de uma represa com capacidade suficiente para 
reservar praticamente todos os excessos das épocas de cheias, a fim de que possam ser utilizados nos 
períodos de estiagem. 
A barragem para a usina de Itaipu, com cerca de 200 m de altura, deu origem a uma represa que 
inundou uma área de 1.350 km2, ao longo de cerca de 150 km de extensão do Rio Paraná, na fronteira 
entre o Brasil e o Paraguai. 
Figura 1 – Represa e usina hidroelétrica de Itaipú 
14
Unidade I
A título de referência, apenas para facilitar a compreensão do significado dessa inundação, a área 
alagada por Itaipu é quase igual à área do município de São Paulo, que tem cerca de 1.500 km2 e é ocupada 
por mais de 12 milhões de habitantes. A altura dessa represa na região da casa de força e do conjunto de 
vertedores, vistos na imagem anterior, é maior do que a altura dos mais altos prédios do referido município. 
Porém, no Brasil, Itaipu nem é a represa com a maior área inundada para a produção de energia elétrica. 
A represa de Sobradinho, no Estado da Bahia, por exemplo, inundou uma área de aproximadamente 
4.200 km2, ou seja, mais do que o triplo da área inundada por Itaipu. Já a represa de Tucuruí, no Estado 
do Pará, ocupa quase 3.000 km2. 
A partir da vigência da legislação ambiental, as represas para as novas usinas hidroelétricas 
já não podem inundar áreas tão grandes. Sendo assim, a concepção das novas usinas precisa ser 
diferente daquela que era habitual. 
As hidroelétricas construídas mais recentemente na Amazônia, por exemplo, têm como base de 
concepção o aproveitamento da energia cinética correspondente às vazões mais próximas da vazão 
mínima do curso d’água. São as denominadas usinas hidroelétricas “a fio d’água”. 
Os reservatórios para aproveitamentos de vazões pouco maiores do que as mínimas podem ser 
comparativamente bem menores, pois o volume de água a reservar é apenas o necessário para garantir 
a vazão de projeto durante períodos excepcionais, em que as vazões podem ser inferiores às vazões 
mínimas previstas, estimadas a partir dos registros pluviométricos históricos, que podem ocorrer 
eventualmente, em alguns anos, com intervalos extremamente irregulares.
A represa de Belo Monte, por exemplo, construída durante a década de 2010, no Rio Xingu, no 
Estado do Pará, inundou uma área com cerca de 500 km2. Essa área corresponde a pouco mais do que 
um terço da inundada pela represa de Itaipu e menos que 12% da de Sobradinho, ambas construídas 
antes da vigência da Lei n. 6.938/81. 
Figura 2 – Represa e usina hidroelétrica de Belo Monte 
15
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Contudo, apesar da concepção que visava à máxima redução dos danos ambientais, as medidas 
de compensação pelos impactos, impostas pelo agente ambiental, foram das mais significativas e 
pertinentes exigidas até então. 
A título de exemplo, para a cidade de Altamira, a mais afetada tanto pelo canteiro de obras quanto 
pela previsão de crescimento da sua população após o início da fase de operaçãodessa usina, a LP 
estabeleceu que o empreendedor deveria se encarregar da elaboração e da implantação de toda a 
infraestrutura de saneamento básico para a futura população.
A análise e a aprovação, por parte do agente ambiental, da definição e do detalhamento completo 
dos projetos elaborados pelo empreendedor, tanto para os sistemas de tratamento e distribuição de 
água potável quanto para a coleta e tratamento dos esgotos sanitários, foram condições indispensáveis 
para a emissão da licença de instalação. Somente após essa autorização o empreendedor pode dar início 
à construção do canteiro e às obras da usina hidroelétrica.
Exemplo de aplicação
Um grupo empresarial pretende instalar um centro de distribuição num local estratégico, próximo 
a um cruzamento de duas rodovias interestaduais e, também, de um terminal ferroviário, o que 
representará um importante avanço na sua logística de distribuição. Esse novo centro proporcionará 
significativa redução na circulação de caminhões em áreas urbanas, acarretando economia de tempo e 
de combustível.
Entre as alternativas a seguir, indique a primeira providência que esse grupo empresarial deverá 
tomar para dar início ao empreendimento. 
A) Realizar um levantamento topográfico da área onde pretende construir o novo centro de distribuição.
B) Realizar um levantamento da fauna e da flora existente na área que será desmatada para construir 
o novo centro de distribuição.
C) Realizar um levantamento quantitativo da redução das emissões de poluentes devido à queima de 
combustível fóssil, para demonstrar ao órgão ambiental que o balanço comparativo entre tais benefícios 
e os danos ambientais causados pela obra será positivo.
D) Realizar um estudo do impacto ambiental (EIA) relativo à operação e à construção do novo centro 
de distribuição para apresentar ao órgão ambiental responsável pela região.
E) Solicitar ao órgão ambiental responsável pela região a LP para a realização do empreendimento. 
16
Unidade I
Resolução
Resposta correta: alternativa E.
O órgão ambiental, ao receber uma solicitação de LP, verifica a compatibilidade da atividade pretendida 
com o grau de proteção da área onde o empreendimento será instalado. Se a atividade for incompatível, 
não concede a licença: o empreendimento não poderá ser construído e a atividade não poderá ser exercida.
Havendo tal compatibilidade, o órgão concede a LP e indica as condições a serem observadas para 
que o empreendimento possa ser construído e operado nesse local.
Há também a possibilidade de, embora a atividade não seja habitualmente permitida para a área, 
devido à sua relevância para o desenvolvimento social e econômico, tornar-se interessante realizar 
o empreendimento – que fique claro, de uma forma compatível com a preservação do ambiente e 
causando o menor dano ambiental possível.
Porém, em todos os casos, será sempre o órgão ambiental que definirá as condições para a concessão 
da LP, da LI e também da LO ao empreendimento, bem como das medidas necessárias à reparação e à 
compensação pelos impactos negativos dele decorrentes. 
Nesse sentido, não se devem despender recursos humanos ou financeiros antes que o próprio órgão 
ambiental indique quais estudos preliminares são necessários.
 Lembrete
A LP é o ponto de partida de qualquer empreendimento no país. 
Sendo assim, qualquer estudo preliminar só dever ser realizado após a 
consulta formal ao órgão ambiental competente. Antes de se solicitar essa 
autorização, nenhum recurso financeiro ou humano deve ser despendido, 
nem mesmo em estudos de viabilidade mais aprofundados.
1.2 Licença de instalação (LI)
A LI, que é a segunda autorização expedida na sequência lógica do licenciamento ambiental, é 
aquela que permite a instalação do canteiro e o início da obra. 
A transformação fundamental do processo de definição e detalhamento do projeto executivo ocorre 
exatamente nessa etapa. 
A LI será concedida pelo órgão ambiental se e somente se todas as atividades relativas à construção 
e à operação do empreendimento estiverem detalhadas de forma compatível com a proteção do meio 
em que ele se localizará. 
17
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Sendo assim, a concessão da LI implica que todos os elementos do projeto executivo do 
empreendimento sejam analisados e aprovados pelo órgão ambiental antes de qualquer atividade 
construtiva, inclusive a própria instalação do canteiro de obras. 
Esse processo representou uma importante mudança de hábitos para a engenharia civil, já que 
todos os procedimentos, meios e métodos a serem empregados na construção e na operação do 
empreendimento devem estar definidos e detalhados antes do início das obras. Ao mesmo tempo, 
também significa que nenhuma modificação poderá ser realizada durante a fase de execução da obra 
sem a prévia e expressa anuência do órgão ambiental. 
Nesse contexto, por exemplo, a definição do sistema construtivo a ser empregado em alguma parte 
da obra pode ser diferente do sistema mais adequado para outra parte da mesma obra. E o critério 
de seleção não é mais apenas o da conveniência do construtor, mas sim o critério do menor impacto 
ambiental possível. 
A necessidade de uma interação multidisciplinar e integrada exige que o processo de definição seja 
cíclico, com a previsão dos efeitos de cada possível solução retroalimentando o próprio processo de 
análise e definição, antes de iniciar o detalhamento da solução adotada. 
O especialista necessário para o detalhamento de um projeto executivo que emprega um determinado 
sistema construtivo costuma ser diferente do especialista necessário para outro sistema construtivo, 
pelo menos em projetos mais complexos. 
Nessas situações, tornam-se indispensáveis os conhecimentos básicos relativos a diferentes 
disciplinas para o engenheiro civil, encarregado de olhar a questão através de um ponto de vista amplo 
e uma visão global da questão.
Esses conhecimentos básicos são ainda mais necessários para obras de pequeno porte, sobretudo 
aquelas para as quais o licenciamento ambiental é desnecessário, nas quais o engenheiro civil, muitas 
vezes, terá que atuar sem a presença e o apoio de diversos especialistas. Nessas situações, atuando como 
autor do projeto e, ao mesmo tempo, como engenheiro responsável pela execução da obra, ele terá 
que empregar conhecimentos específicos de diversas áreas, além de simultaneamente adotar a postura 
tanto do especialista autor do projeto quanto a do generalista, crítico das soluções adotadas e revisor 
do detalhamento elaborado.
 Observação
A necessidade de uma LP não depende do porte da obra. Mesmo para 
pequenas obras, a decisão sempre compete a algum órgão oficial. Em 
geral, a prefeitura local informa sobre a necessidade de consultar o órgão 
ambiental antes de emitir o Alvará de Aprovação e Alvará de Execução, que 
permite oficialmente o início da obra.
18
Unidade I
No cenário atual, merece destaque a crescente atenção que as questões relativas à sustentabilidade 
e à preservação do meio ambiente vêm ganhando, em parte catalisada pela vigência da lei ambiental, 
mas, às vezes, indo além das próprias exigências dos órgãos ambientais. 
Um exemplo significativo desse novo tipo de atenção em projetos mais recentes encontra-se na 
transformação de um antigo estádio de futebol em uma moderna arena multiuso, destinada tanto a 
jogos de futebol quanto a grandes eventos culturais. 
Esse empreendimento, que se situa num bairro tradicional e densamente povoado de uma grande 
região metropolitana, encontrou diversos desafios em diferentes áreas da proteção ambiental. 
Confinado em um ambiente urbano, com predominância de ocupação residencial, uma das exigências 
para o licenciamento foi o impacto ambiental sonoro causado por espetáculos musicais realizados no 
período noturno, com a presença de até 55 mil espectadores.
Outra questão importante era o impacto causado pelo afluxo de todos esses espectadores, quase 
sempre concentrado em horários que coincidem com os horários de maiortrânsito numa região 
habitualmente congestionada. Entre os estudos preliminares para a elaboração do projeto, foi avaliado 
o conjunto de opções relativas à mobilidade, tais como transporte coletivo e táxi, para a definição da 
quantidade de vagas de estacionamento requerida.
Contudo, além das condições impostas pela LP, o projeto executivo incluiu diversos aspectos 
relacionados à preservação ambiental, tanto para a fase de construção quanto para a de operação. 
As águas pluviais, coletadas na ampla área ocupada pela cobertura e pelo gramado, são aproveitadas na 
própria rega do gramado e nas instalações sanitárias, proporcionando uma redução de mais de 3.000 m3 por 
mês no uso de água tratada da rede pública. Esse volume equivale ao consumo médio de cerca de 200 
residências de médio porte. 
Como efeito colateral, a captação de parte da água proveniente de precipitações intensas representa 
um alívio significativo para a rede pública de drenagem de águas pluviais, em uma bacia hidrográfica 
que, tradicionalmente, já era sujeita a inundações.
Os resíduos sólidos provenientes da demolição de parte das instalações anteriores, cuja remoção 
representaria sérios transtornos para o trânsito local, foram quase que totalmente reutilizados na 
própria obra. 
Do ponto de vista de eficiência energética, esse procedimento significa uma dupla economia, 
pois elimina dois consumos de energia em transporte, um para a remoção do entulho e outra para o 
suprimento da matéria-prima que se tornou desnecessária, graças ao emprego desses resíduos. 
Até mesmo a camada de solo orgânico existente no antigo gramado, que não poderia ser reutilizada 
a curto prazo, foi reaproveitada para a recuperação de uma grande praça pública no centro da cidade.
19
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
O resultado desse processo multidisciplinar e integrado, constituído de exigências, concepção, 
detalhamento e execução, tornou-se um bom exemplo de espaço criado em ambiente complexo, com 
um grau mínimo de insatisfação para os usuários do seu entorno e para a natureza em geral.
O produto tornou-se um espaço com elevado grau de satisfação para os seus usuários, tanto para os 
espectadores quanto para os atuantes nos espetáculos, em geral profissionais internacionais, habituados 
com elevada qualidade técnica. 
 Lembrete
A LP apenas delibera se o empreendimento é possível no local pretendido 
e impõe as condições para a sua instalação. A LI atesta que o projeto atende 
às exigências impostas para a construção e a operação, bem como autoriza 
o início da obra.
Exemplo de aplicação
Entre diversas medidas adotadas para a mitigação dos impactos ambientais, o projeto de reforma 
de um estádio de futebol, visando transformá-lo em uma arena multiuso, prevê o aproveitamento 
das águas pluviais para a rega do gramado e suprimento das instalações sanitárias. O consumo médio 
mensal de água para tais finalidades foi estimado em 2.400 m3. O valor da área de contribuição para a 
coleta das águas pluviais será de cerca de 28.000 m2. 
As alturas pluviométricas mensais acumuladas na região onde se situa esse empreendimento são 
apresentadas na figura a seguir:
500
400
Pr
ec
ip
ita
çã
o 
ac
um
ul
ad
a 
(m
m
)
300
200
100
jan fev mar abr mai setjun outjul novago dez
0
Figura 3 – Diagrama de precipitações mensais acumuladas
20
Unidade I
Os registros históricos dessa região indicam que apenas cerca de 10% das precipitações intensas 
costumam atingir valores superiores a 50 mm. 
Como princípio para reserva de água tratada, é usual reservar o volume necessário para um período 
considerado unitário, como o equivalente ao consumo diário, por exemplo, mais o volume equivalente 
à previsão de faltas periódicas no abastecimento. 
Para instalações prediais, o período é diário já que, em média, as atividades que precisam de água se 
repetem diariamente. Sendo assim, o volume de reserva recomendado é igual ao volume de consumo 
diário mais o equivalente à quantidade de dias consecutivos em que é provável haver falta no 
abastecimento público.
Considerando que o sistema de aproveitamento das águas pluviais deve ser totalmente independente 
do sistema de reserva e distribuição de água potável e com base nas informações anteriores, determine:
a) O volume de um tanque de retenção com capacidade para coletar as águas pluviais provenientes 
de precipitações de até 50 mm.
b) O volume para o reservatório de águas pluviais necessário para suprir as finalidades propostas ao 
longo do ano todo.
Resolução
a) O valor do volume precipitado (VP) sobre uma área de contribuição (A), devido a uma precipitação 
com altura pluviométrica (P) de até 50 mm é obtido por:
2 3
pV A P 28.000m 0,050m 1.400m= × = × =
b) Para as finalidades propostas, é necessário um volume acumulado de precipitações da ordem de 
2.400 m3/mês. Para garantir esse volume todos os meses do ano, seria necessária uma altura pluviométrica 
mensal acumulada obtida por:
3
p
2
V 2.400m
p 0,086m 86mm
A 28.000m
= = = =
Considerando que o diagrama de precipitação mensal acumulada tenha sido definido para um 
período de retorno adequado, verifica-se que pode haver déficit nos meses de maio, junho, agosto 
e outubro. 
O déficit acumulado (Pd) nesse período, de seis meses consecutivos, será igual ao valor da soma 
das alturas pluviométricas mensais necessárias (Pn), estimadas anteriormente, menos o valor da 
soma das alturas pluviométricas esperadas (Pe), ou seja: 
21
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Pn = 6 x 86mm = 516mm
Pe = 70mm + 18mm + 92mm + 36mm + 110mm + 76mm = 402mm
Pd = 516mm - 402mm = 114mm
É preciso verificar, também, o valor do maior déficit acumulado em meses consecutivos de estiagem, 
ou seja, em maio e junho, que será:
Pn = 2 x 86mm = 172mm
Pe = 70mm + 18mm = 88mm
Pd = 172mm - 88mm = 84 mm
O volume a ser reservado será, pelo menos, o equivalente ao maior desses déficits de precipitações, 
Pn = 114 mm.
O valor do volume da reserva deve ser equivalente a:
2 3V A P 28.000m 0,172m 4.816m= × = × =
Adaptada de: Inep (2011). 
1.3 Licença de operação (LO)
A LO, terceira e última etapa na sequência lógica do licenciamento ambiental, é a que atesta que a 
obra foi executada de acordo com o projeto aprovado e autoriza o início de funcionamento e a operação 
do empreendimento. 
A LO representa, na prática, o encerramento formal da participação direta da engenharia civil na 
execução da obra, pois atesta que todos os compromissos assumidos para a expedição da LI, inclusive 
os relativos às compensações (ou mitigações pelos eventuais danos ambientais inevitáveis), foram 
cumpridos durante a execução da obra.
O LI, ainda encarado por alguns como entrave para a realização de obras de engenharia, apesar de 
tornar os processos de elaboração do projeto, de planejamento e de administração da construção bem 
mais complexos e mais trabalhosos, ao lhes impor dificuldades, na verdade, vem apresentando desafios, 
que tornam a engenharia civil cada vez mais eficiente, mais engenhosa, em todas as sua áreas. 
22
Unidade I
 Saiba mais
Uma visão ampla sobre a legislação e o processo de licenciamento 
ambiental pode ser encontrada na Cartilha de licenciamento ambiental, 
elaborada pelo Tribunal de Contas da União:
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental: 
com colaboração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
Renováveis. 2. ed. Brasília: TCU; 4ª Secretaria de Controle Externo, 2007.
2 ESTUDOS PRELIMINARES: CONHECIMENTO DO RELEVO LOCAL
A elaboração de um bom projeto requer diversos estudos preliminares, que podem ser diferentes 
para cada caso concreto. Para imaginar soluções e elaborar projetos minimamente razoáveis, entre todos 
os estudos que podem ser necessários, sempre é indispensável, em qualquer situação, uma adequada 
compreensão do relevo do local para o qual as soluções são necessárias.
Toda obra de engenharia civil é realizada em um terreno, que se situa em um lugar, cuja superfície 
apresenta pontos mais elevadose pontos mais baixos, aclives e declives. Por mais óbvio que pareça, a 
consideração do relevo é indispensável para as definições de um projeto. Consideremos um exemplo. 
O projeto de um conjunto de seis sobrados geminados pode parecer bem definido nas figuras a seguir:
Figura 4 – Planta do pavimento térreo de um conjunto de seis sobrados geminados
23
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Figura 5 – Planta do pavimento superior de um conjunto de seis sobrados geminados 
O lote é retangular e tem 24,00 m de testada por 19,00 m da frente aos fundos. As plantas contêm 
as dimensões e os elementos necessários tanto para a divisão do lote quanto para a locação de todos 
os cômodos e áreas de circulação dos sobrados, apenas no plano horizontal. As dimensões verticais, que 
definem as alturas, são apresentadas nos cortes. 
Figura 6 – Cortes transversais típicos dos sobrados geminados
24
Unidade I
Figura 7 – Corte longitudinal típico dos sobrados geminados
À primeira vista, esses desenhos parecem conter dados suficientes para a elaboração dos projetos 
complementares, tais como os projetos de estrutura, de fundações, de instalações hidráulico-sanitárias 
e elétricas, entre outros. 
Para o projeto estrutural, o tipo de uso que permite definir as cargas acidentais está definido, bem 
como as dimensões de paredes, vãos de lajes e comprimentos das vigas, para dimensionar demais 
esforços atuantes. Estão também determinados os usos previstos para cada cômodo, cozinha, banheiros, 
sala e quartos, para a elaboração dos projetos das instalações hidráulico-sanitárias e elétricas.
Para o projeto de fundações, além da definição e do dimensionamento da estrutura, falta apenas o 
conhecimento do subsolo desse terreno.
O produto final, o conjunto dos seis sobrados, pode ser representado, aparentemente, pela fachada 
ilustrada na figura seguinte:
Figura 8 – Fachada do conjunto de sobrados geminados
Até este ponto, porém, ainda não foi mencionado o resultado do estudo preliminar fundamental 
para a definição de qualquer projeto, o que significa que todo o trabalho já realizado pode ser quase 
que totalmente inútil. 
25
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
O ponto de partida para imaginar soluções para qualquer edificação é o relevo do terreno e do seu 
entorno, que pode ser conhecido por meio de um levantamento topográfico planialtimétrico. 
A representação gráfica desse levantamento é um desenho em planta, isto é, num plano horizontal, 
contendo as dimensões do lote, os valores dos ângulos formados pelos seus lados e as curvas de nível, 
que são linhas constituídas por todos os pontos situados numa mesma altitude. 
As altitudes podem ser relativas ao nível médio do mar ou a algum ponto do terreno, adotado como 
referência de nível (RN) e, em geral, denominado como a cota de nível 100,00 m (RN=100,00). 
Supondo, por exemplo, que o relevo desse lote fosse representado pela figura seguinte, a solução 
concebida teria sido completamente equivocada.
Figura 9 – Levantamento planialtimétrico do terreno
Observando apenas a altitude dos pontos extremos desse levantamento, em relação à RN = 100,00 m, 
adotada no extremo esquerdo do alinhamento, já é possível verificar que o terreno apresenta um declive 
para a direita e, ao mesmo tempo, um aclive da frente para os fundos.
As curvas de nível, que representam todos os pontos do relevo que estão na altitude indicada, 
101 m, 100 m, 99 m e 98 m, também mostram esse caimento em diagonal, da esquerda para a 
direita e dos fundos para a frente.
26
Unidade I
Com um corte ao longo do passeio público, junto ao alinhamento, que é a denominação técnica da 
linha de divisa entre o lote e o logradouro, é possível verificar a inclinação da rua e do passeio público, 
que dão acesso ao terreno e, posteriormente, aos sobrados. 
Como a rua e o passeio têm inclinação razoavelmente constante, o perfil aproximado do terreno 
ao longo desse corte pode ser obtido traçando-se os pontos de encontro de cada curva de nível com o 
alinhamento nas respectivas alturas representadas num plano vertical, como indicado na figura a seguir:
Figura 10 – Corte do terreno no limite entre o passeio público e o lote 
Com esse desenho, já fica claro que o projeto assim definido não é adequado para esse terreno. 
Supondo que o piso do pavimento térreo fosse nivelado na cota 100,10 m, por exemplo, que seria 
adequado para o primeiro sobrado à esquerda do terreno, a situação dos demais sobrados do conjunto 
ficaria pior à medida que se avançasse para o lado direito. 
A fachada do conjunto, vista da rua, é representada pela figura a seguir:
Figura 11 – Situação do conjunto de sobrados implantado na cota 100,10 m 
27
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Lembrando que, na engenharia civil, a principal forma de expressão é o desenho, para compreender 
e utilizar bem o relevo do terreno é importante traçar seções transversais e longitudinais em diversos 
locais, tais como as indicadas com cortes A-A, B-B e C-C representadas na figura do levantamento 
planialtimétrico do terreno.
O traçado do perfil natural do terreno (PNT) na seção transversal definida pelo corte A-A, também com 
base na sua intersecção com as curvas de nível, seria representado esquematicamente pela figura a seguir:
Figura 12 – PNT ao longo do corte A-A 
Para uma visão mais completa do relevo do terreno, além de cortes no sentido transversal ao 
lote, também são necessários cortes longitudinais, isto é, em direções perpendiculares à direção 
do alinhamento.
Os PNTs em diversas seções longitudinais, tais como as definidas pelos cortes B-B e C-C, também 
indicadas na figura do levantamento planialtimétrico do terreno, podem ser traçados seguindo-se o 
mesmo procedimento. 
Sempre com base nas intersecções do corte com as curvas de nível, as linhas que definem o PNT em 
cada um desses dois cortes, B-B e C-C, são representadas pelas figuras a seguir:
28
Unidade I
Figura 13 – PNT ao longo do corte B-B 
Figura 14 – PNT ao longo do corte C-C 
Com o auxílio dos cortes longitudinais, B-B e C-C, é possível confirmar a completa inadequação 
dessa solução, com o piso do pavimento térreo de todos os sobrados situado no mesmo nível 100,10 m. 
O corte longitudinal do primeiro sobrado seria representado pela figura a seguir: 
 
Figura 15 – Corte do primeiro sobrado, com piso na cota 100,10 m 
29
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Já um corte longitudinal do último sobrado à direita seria representado pela figura a seguir:
Figura 16 – Corte do último sobrado, com piso na cota 100,10 m 
Com esse desenho, verifica-se que, além do grande volume de aterro necessário para terraplenar o 
lote, a rampa de acesso à casa não é acessível para cadeirantes e nem sequer serve para vaga de garagem. 
Contando com essa visão ampla e tridimensional, proporcionada pelo levantamento planialtimétrico 
e pelos diversos cortes, torna-se possível concluir que uma solução bastante adequada para esse terreno 
seria escalonar os níveis dos pisos dos sobrados. 
Rebaixando os níveis do piso de cada sobrado na mesma proporção da declividade da rua, a situação 
do conjunto seria a representada na figura a seguir:
Figura 17 – Implantação escalonada dos sobrados do conjunto 
30
Unidade I
Com uma implantação assim, todos os sobrados estarão bem melhor instalados sobre o perfil natural 
do terreno. Os acessos a cada casa, mesmo sendo geminadas, podem ser mais fáceis, contando com 
desníveis menores em relação ao passeio público.
Observando simultaneamente os cortes perpendiculares à rua, como o representado na figura a 
seguir, verifica-se que o movimento de terra também pode ser minimizado, permitindo, inclusive, uma 
compensação entre cortes e aterros.
Figura 18 – Corte típico de qualquer um dos sobrados do conjunto 
Com cortes traçados em diversas posições, torna-se possível também imaginar e definir a implantação 
que pode conduzir às mínimas alturas (h) dos muros de arrimo eventualmente necessários. 
Exemplo de aplicação
A figura a seguir representa o levantamentotopográfico planialtimétrico de um lote urbano, que 
será dividido em 5 lotes com largura (L) igual.
31
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Figura 19 – Levantamento planialtimétrico de um lote urbano
Com base nas informações contidas na figura anterior, avalie as afirmativas a seguir.
I – Lembrando que o valor da área de um trapézio é igual ao valor da média aritmética das extensões 
das suas bases multiplicado pelo valor da extensão da sua altura, é possível afirmar que o valor da área 
desse lote é, aproximadamente, 539,92 m2.
II – Após a divisão, cada lote terá 5,20 m de largura, sendo que o menor lote terá uma área de 100,88 m2, 
enquanto que o maior terá uma área de 107,12 m2.
III – O PNT ao longo do corte A-A, indicado na figura anterior, tem aproximadamente a forma e as 
cotas de nível apresentadas na figura seguinte:
Figura 20 – Corte A-A segundo o levantamento planialtimétrico do lote 
32
Unidade I
IV – Para um observador situado na rua, em frente ao lote, a declividade do passeio público, ao longo 
de um corte paralelo ao alinhamento, seria a representada pela figura seguinte.
Figura 21 – Corte longitudinal no passeio público, próximo ao alinhamento
É correto o que se diz na(s) afirmativa(s):
A) I, II, III e IV.
B) Apenas I, II e III.
C) Apenas I, II e IV.
D) Apenas II, III e IV.
E) Apenas III e IV.
Resolução
Resposta correta: alternativa D.
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: os trapézios são figuras geométricas planas, com 4 lados, sendo que apenas 2 deles são 
paralelos entre si. 
O valor da área de um trapézio pode ser obtido multiplicando-se o valor da média aritmética das 
dimensões dos lados paralelos pelo valor da distância entre eles.
Os lados paralelos costumam ser denominados bases, ou seja, base maior e base menor. A distância 
entre eles, habitualmente, também costuma ser denominada altura. 
No trapézio que representa esse terreno em planta, os lados paralelos são perpendiculares à rua e as 
suas extensões são 19,25 m e 20,75 m. O valor da média aritmética dessas dimensões é:
19,25m 20,75m
20,00
2
+
=
33
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
O valor da distância entre esses lados paralelos é o comprimento do segmento de reta perpendicular 
a ambos, ou seja, 26,00 m. Então, o valor da área desse trapézio é:
2A 20,00m 26,00m 520,00m= × =
II – Afirmativa correta.
Justificativa: como o lote atual tem 26,00 m de largura, após a divisão em 5 lotes com larguras 
iguais, cada lote terá largura:
26,00m
L 5,20m
5
= =
Para o lote atual, a diferença entre as dimensões dos lados paralelos é:
20,75m 19,25m 1,50m− =
Após a divisão em 5 lotes com larguras iguais, a diferença entre as dimensões dos lados paralelos de 
cada novo lote será:
1,50m
0,30m
5
=
 
Para o primeiro lote, que será o menor de todos, as dimensões dos lados paralelos serão 19,25 m e 
19,55 m e o valor da sua área será: 
219,25m 19,55mA 5,20 100,88m
2
+
= × =
Para o último lote, da esquerda para a direita, que será o maior dos novos lotes, as dimensões dos 
lados paralelos serão 20,45 m e 20,75 m e o valor da sua área será: 
220,45m 20,75mA 5,20 107,12m
2
+
= × =
III – Afirmativa correta.
Justificativa: o corte A-A passa pela divisa da esquerda num ponto praticamente equidistante da 
RN = 100,00 m e da curva de nível 101,00, podendo ser considerado, portanto, situado na cota 100,50 m.
Verificando a distância do ponto de encontro da linha de corte A-A com a divisa da direita até a 
curva de nível 103,00, cerca de 3,00 m, e comparando-a com a distância entre as curvas de nível 103,00 
e 104,00, cerca de 7,50 m, é possível constatar que uma equivale a cerca de 40% da outra. 
34
Unidade I
Figura 22 – Estimativa da altitude do passeio público no corte A-A
Sendo assim, é razoável admitir que esse ponto se situe cerca de 40 cm acima da cota 103,00, ou 
seja, no nível 103,40 m.
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: observando da rua, a RN = 100,00 m foi adotada no encontro do alinhamento com a 
divisa da direita. O encontro do alinhamento com a divisa da esquerda se situa no nível de 103,12 m. 
O declive do passeio público, portanto, é da esquerda para a direita.
A declividade é a relação entre o desnível (∆h) entre os pontos extremos e a distância horizontal (∆L) 
entre esses pontos. Para esse passeio público, o valor da declividade é:
h 103,12m 100,00m
i 0,12 12%
L 26m
∆ −
= = = =
∆
Sendo assim, apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
O estudo preliminar básico para todo empreendimento que necessite de obras de engenharia civil, 
de qualquer natureza e porte, é o levantamento do relevo do local onde a obra será inserida, em geral 
denominado levantamento topográfico planialtimétrico ou apenas levantamento planialtimétrico. 
 Observação
A representação gráfica desse levantamento deve conter os elementos 
necessários para se obter uma visão ampla e nas três dimensões sobre a 
superfície do terreno, tais como as suas curvas de nível e as dimensões e os 
ângulos formados pelos lados da área abrangida. 
35
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
3 ESTUDOS PRELIMINARES: SONDAGEM DO SUBSOLO
Até agora tratamos de mostrar a necessidade de conhecer o relevo da superfície do terreno para 
conceber soluções aos problemas que se apresentam em cada caso. 
 Lembrete
A superfície de terrenos apresenta pontos mais elevados e pontos mais 
baixos, aclives e declives, o que afeta as obra de engenharia civil. Por isso é 
importante sempre conhecer o relevo. 
Por mais óbvio que pareça, convém lembrar que o subsolo de qualquer terreno é composto por 
camadas sobrepostas, constituídas de diferentes tipos de solos que, devido à sua formação geológica ao 
longo de milênios, também apresentam relevo.
Naturalmente, não há dúvida, também, a respeito da necessidade de conhecer o relevo do subsolo 
do terreno para definir e dimensionar as fundações adequadas para cada edificação. 
A dúvida pode se situar no tipo de sondagem de subsolo a ser realizada. O nível de informação 
necessário para as fundações de uma casa é bastante diferente do nível necessário para a construção de 
um edifício de muitos andares, por exemplo, ou de uma estação de trem metropolitano.
Desse modo, o custo de um ensaio para o levantamento de dados suficientes para as fundações de 
uma casa precisa ser bem inferior aos custos dos levantamentos necessários para definir as fundações 
de um edifício alto, de uma estação de metrô ou de uma ponte. Caso contrário, ninguém pediria 
sondagens de subsolo para a construção de uma casa.
Outra consideração importante refere-se ao momento em que esses ensaios se tornam necessários. 
Tradicionalmente, os relatórios das sondagens do subsolo são necessários para o dimensionamento das 
fundações e das contenções, que dependem, ao mesmo tempo, da definição das cargas que a edificação 
aplicará no terreno, bem como do movimento de terra, dos cortes e aterros que serão necessários.
Contudo, quanto mais cedo for conhecido o subsolo do terreno, melhor e mais econômica pode ser 
a edificação. Além disso, as primeiras decisões relativas à definição dos sistemas estruturais podem 
ser otimizadas em função do conhecimento da capacidade de suporte do terreno. 
Mesmo em empreendimentos mais simples, como no caso dos sobrados geminados, dos quais 
falamos anteriormente, o conhecimento da constituição do subsolo pode indicar a melhor solução para 
as fundações que, por sua vez, podem influenciar a definição do sistema estrutural, a concepção da 
estrutura e, portanto, a forma e a intensidade dos esforços aplicados no terreno.
Para os referidos sobrados, supondo que o perfil do subsolo do terreno, traçado com base em furos 
de sondagem do tipo SPT (standard penetration test), fosse semelhante aos apresentados nas figuras a 
seguir, seria possível imaginar diversas soluções para as suas fundações:
36
Unidade I
Silte arenoso, medianamente compacto
Argila orgânica muito mole
Silte argiloso, pouco arenoso, médio
Figura 23 – Esboço do perfil do subsolo, em seção paralela ao alinhamento doterreno
Silte arenoso, medianamente compacto
Argila orgânica muito mole
Silte argiloso, pouco arenoso, médio
Figura 24 – Esboço do perfil do subsolo, em seção perpendicular ao alinhamento do terreno
Tratando-se de uma obra de pequeno porte, com cargas não muito elevadas, as primeiras soluções 
a examinar devem ser de fundações diretas rasas. Essa escolha é a mais conveniente principalmente 
porque é a de mais baixo custo, uma vez que sua execução é mais simples e não requer a intervenção 
de empresas especializadas. 
Para utilizar fundações indiretas, as estacas deveriam ser pré-fabricadas ou escavadas e moldadas 
in loco com proteção, pois o nível do lençol freático é elevado e tanto o silte arenoso quanto a argila 
orgânica, solos com baixa coesão, representam alto risco de não se manterem estáveis durante a 
escavação e a concretagem.
Ainda assim, entre os diversos tipos de estacas com escavação e moldagem protegidas, nem todas 
poderiam ser utilizadas. As estacas tipo Strauss, que empregam equipamentos mais simples e têm custo 
mais baixo, não possuem controle suficiente para garantir uma boa execução em solos constituídos de 
argilas orgânicas, sobretudo dentro do lençol freático.
37
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Para examinar a possibilidade de utilizar fundação direta rasa, com sapatas apoiadas na camada 
de silte arenoso, medianamente compacto, esquematicamente ilustrado nas figuras a seguir, além de 
verificar a capacidade de suporte desse solo, é importante considerar que a pressão da edificação sobre 
essa camada provocará adensamento na camada de argila orgânica muito mole (altamente compressível). 
Silte arenoso, medianamente compacto
Argila orgânica muito mole
Silte argiloso, pouco arenoso, médio
Figura 25 – Corte longitudinal do sobrado no perfil do subsolo do terreno
Silte arenoso, medianamente compacto
Argila orgânica muito mole
Silte argiloso, pouco arenoso, médio
Figura 26 – Corte transversal dos sobrados no perfil do subsolo do terreno
38
Unidade I
A capacidade de suporte, ou seja, o valor da tensão admissível (sadm) para esse silte arenoso, pode ser 
avaliada a partir dos números NSPT obtidos nos furos da sondagem SPT, com o emprego de alguma das 
correlações empíricas consagradas, tais como a utilizada a seguir.
adm SPT SPT2 2
tfkN20 N (em ) ou 2 N (em )
m m
s = × = ×
Nunca é demais lembrar que os números NSPT são uma boa indicação da resistência do solo, pois 
significam a quantidade de golpes de um martelo padronizado, caindo em queda livre de uma altura 
padronizada, necessária para que um amostrador, também padronizado, penetre 30 cm nesse solo, 
medidos a cada metro de profundidade.
Observando as figuras anteriormente apresentadas dos esboços do perfil do subsolo em seções 
paralela e perpendicular ao alinhamento do terreno, verifica-se que os NSPT, nessa camada, ficaram em 
torno de 5, sendo que o valor mais baixo foi de 4 golpes.
Considerando que se trata de uma avaliação preliminar, seria razoável utilizar o valor NSPT = 5 ou, 
com mais prudência, utilizar o valor NSPT = 4. No caso mais prudente, o valor da tensão admissível 
(sadm) seria:
adm SPT 2 2
tfkN20 N = 20 4 = 80 8
m m
s = × × =
Sendo assim, o valor da pressão (p) aplicada pelas sapatas no solo deve ser inferior ao valor da sua 
tensão admissível, ou seja:
sadm > p 
O valor da pressão aplicada pelas sapatas no solo dependerá do valor da carga da edificação e da 
área da base da sapata em contato com o solo.
Força
pressão
Área
=
Nesse ponto, já pode ser interessante examinar as possibilidades de sistemas construtivos, para 
definir o mais conveniente para a edificação. 
Esses sobrados podem ser construídos com estrutura mais tradicional, constituída de lajes, vigas e 
pilares, ou com alvenaria estrutural, executada com blocos de concreto ou cerâmicos.
39
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
A opção por um ou por outro sistema determinará a forma de apoio da edificação no terreno e pode 
permitir uma razoável redução na intensidade da pressão aplicada no solo. 
Para uma estrutura suportada por pilares, as cargas chegam de forma concentrada nas sapatas 
isoladas. Para as alvenarias estruturais, simples ou armadas, as cargas chegam de forma distribuída, ao 
longo das paredes, sobre sapatas corridas, como ilustra a figura seguinte:
F = carga da edificação concentrada no pilar
A = área da superfície de contato
sAdm = Tensão admissível do solo na superfície de apoio
A = a × b
p < sAdma b l 1,00 m
q
A = l × 1,00 m
q = carga da edificação distribuída na parede
Pressão no solo = Força
Área
F
a × bp =
q
lp =
Figura 27 – Equilíbrio de tensões no solo, para sapatas isoladas ou sapatas corridas
Para sapatas isoladas, o valor da pressão (p) aplicada no solo será igual ao valor da carga (F), 
concentrada no pilar, dividido pelo valor da área (A) da base da sapata. 
F F
p
A a b
= =
×
Para sapatas corridas, o valor da pressão será igual ao valor da carga distribuída (q), por metro de 
extensão, dividido pelo valor da largura da sapata.
q 1,00m q
p
l 1,00m l
×
= =
× 
A avaliação do valor das forças aplicadas nas sapatas pode ser feita antes de se elaborar um cálculo 
estrutural completo, por áreas de influência, apenas como estimativa dos valores das áreas necessárias 
para que a pressão aplicada no solo seja inferior à capacidade de suporte admitida. 
Um possível esquema estrutural para esses sobrados, constituído de lajes, vigas e pilares, com as 
áreas de influência para os pilares P2 e P9, é representado, em planta, pela figura seguinte: 
40
Unidade I
Figura 28 – Planta do piso superior, com áreas de influência para os pilares P2 e P9
A área de influência admitida para cada pilar supõe que a carga devida a cada laje seja distribuída 
igualmente pelas vigas que a suportam. Cada pilar, por sua vez, recebe uma carga correspondente à 
metade do vão livre de cada viga que ele suporta.
Lembrando que as dimensões dos vãos livres das vigas que se apoiam no pilar P2 são L1 = L2 = 4,00 m 
e L3 = 4,05 m, e que a do balanço é b = 0,90 m, o valor da sua área de influência será: 
( ) ( )
31 2
2
2
2
LL L
A b
2 2 2
A 2,00m 2,00m 2,025m 0,90m 11.70m
  = + × + =   
   
= + × + =
O valor da carga total distribuída por toda a área construída, assumido para avaliações por área de 
influência, equivale a médias obtidas a partir de construções similares já executadas. Esse valor médio 
corresponde à soma de todas as cargas permanentes, referentes ao peso próprio dos componentes 
estruturais, às alvenarias, às argamassas, a vidros e elementos de vedação em geral, bem como às cargas 
acidentais máximas correspondentes ao seu uso. 
Para construções mais comuns, tais como residências ou escritórios, o valor da carga total distribuída, 
admitido como razoável, é de 10 kN a 12 kN por metro quadrado de área construída.
41
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Considerando 10 kN/m2, pois os sobrados são bastante comuns, o valor da carga do andar superior 
suportada pelo pilar P2 será:
2
2 2
kN
F 10 11,70m 117,00kN
m
= × =
Com relação à laje de cobertura, na qual a carga acidental tem valor menor, pois não há ocupação, 
mas há o peso do telhado e da caixa d’água, é comum considerar o mesmo valor adotado para as demais 
lajes. Assim, o valor da carga dessa laje, suportada pelo pilar P2, também seria 117,00 kN.
Quanto ao piso do andar térreo, é necessário considerar se o solo da camada de apoio pode suportar 
diretamente a carga acidental e a carga devida ao peso do contrapiso e do piso. Se não puder, é possível 
considerar uma laje suportada pelas vigas baldrame, com carga equivalente à das demais lajes.
No caso desses sobrados, a favor da segurança, será considerada uma laje apoiada em vigas baldrame, 
representada na figura a seguir:
Figura 29 – Planta do piso do andar térreo, com áreas de influência para os pilares P2 e P9
As dimensões para o retângulo que representa a área de influência do pilar P2 são L1 = L2 = 4,00 m 
e L3 = 4,05 m. O valor da área de influênciaserá:
42
Unidade I
( ) 231 2 LL LA 2,00m 2,00m 2,025m 8,10m
2 2 2
 = + × = + × = 
 
Considerando os mesmos 10 kN/m2 como a carga distribuída devida a essa laje, o valor da carga 
suportada pelo pilar P2 seria:
2
2 2
kN
F 10 8,10m 81,00kN
m
= × =
Assim, o valor da carga concentrada no pilar P2, devido às 3 lajes, seria:
F2 = 117,00kN + 117kN + 81kN = 315,00kN
Considerando que o valor de tensão admissível adotado para o silte arenoso foi de 80 kN/m2, a área 
da base da sapata necessária para que o valor da pressão seja inferior seria:
2
adm 2
F 315kN
A 3,94m
kN80
m
> = =
s
Executando uma sapata de base quadrada, com lados de 2,00 m, a área obtida seria:
A = 2,00 m x 2,00 m = 4,00m2 >3,94m2
Com essa área, a tensão aplicada no solo seria: 
2 22
F 315kN kN kNp 78,75 80
m mA 4,00m
= = = <
Para o pilar P9, em vez de laje, uma parte da área de influência contém a escada. Como as cargas 
permanentes e acidentais da escada são semelhantes às das lajes e elas serão suportadas pelas mesmas 
fundações dos pilares, é uma simplificação razoável considerá-las lajes, para fins de avaliação por áreas 
de influência. 
Observando a planta do piso superior com áreas de influência para os pilares P2 e P9 (representada 
em figura anterior) e procedendo da mesma forma, o valor da área de influência do pilar P9 seria: 
( ) ( ) 231 2 4 LL L LA 2,00m 2,00m 1,00m 2,025m 12,10m
2 2 2 2
  = + × + = + × + =   
   
O valor da carga do andar superior suportada pelo pilar P9 seria:
43
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
2
9 2
kN
F 10 12,10m 121,00kN
m
= × =
Então, o valor da carga concentrada no pilar P9, devido às 3 lajes, seria:
F9 = 3x121,00kN = 363,00kN 
Com o valor de 80 kN/m2, adotado para tensão admissível, a área da base da sapata necessária para 
que o valor da pressão seja inferior seria:
2
adm 2
F 363kN
A 4,54m
kN80
m
> = =
s
Executando uma sapata com base retangular, com lados de 2,10 m e 2,20 m, a área obtida seria:
A = 2,10 m x 2,20 m = 4,62m2
Com essa área, a tensão aplicada no solo seria:
2 22
F 363kN kN kNp 78,57 80
m mA 4,62m
= = = <
Repetindo esse procedimento para o pilar P16, verifica-se que a carga concentrada seria cerca de 
336 kN e que uma sapata com base retangular, de 2,10 m por 2,00 m, seria suficiente para aplicar no 
solo uma pressão de 80 kN/m2.
Contudo, observando a planta de formas do andar térreo, verifica-se que as sapatas para os pilares P9 e P16, 
com as dimensões adotadas, ficariam sobrepostas. Nesses casos em que os pilares são próximos, é comum 
adotar uma sapata associada, com formato semelhante ao representado na figura seguinte, que deve ter área 
suficiente para distribuir a carga de dois, três ou mais pilares, de forma homogênea, sobre o solo. 
Figura 30 – Sapata associada para os pilares P9 e P16
No caso em questão, o valor da carga total concentrada seria:
44
Unidade I
F9 + F16 = 363kN + 336kN = 669kN
O área da base da sapata associada, necessária para que o valor da pressão seja inferior à tensão 
admissível seria:
2
adm 2
F 669kN
A 8,74m
kN80
m
> = =
s
Executando uma sapata com base retangular, com lados de 2,00 m e 4,40 m, a área obtida seria:
A = 2,20 m x 4,00 m = 8,80 m2
Com essa área, a tensão aplicada no solo seria:
2 22
F 669kN kN kNp 76,02 80
m mA 8,80m
= = = <
Para os pilares situados nas divisas laterais do conjunto, tais como P1, P7, P8, P14, P15 e demais, 
apesar de suportar cargas concentradas menores, por terem áreas de influência menores, as sapatas 
serão excêntricas, devendo contar com vigas alavanca para garantir sua estabilidade.
Prosseguindo com o mesmo procedimento para os demais pilares, com essa concepção estrutural, 
as fundações diretas rasas para esse conjunto de sobrados teriam sapatas semelhantes às representadas 
esquematicamente, em planta, na figura a seguir: 
Figura 31 – Planta parcial das sapatas para o conjunto de 6 sobrados geminados
45
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Por outro lado, imaginando a construção desses sobrados com lajes pré-fabricadas, tipo treliça, 
apoiadas nas paredes laterais, de alvenaria estrutural, as áreas de influência para a avaliação das cargas 
e das fundações podem ser faixas de 1,00 m de extensão, como as representadas na figura a seguir:
Figura 32 – Áreas de influência para lajes pré-fabricadas e alvenaria estrutural
O valor da área de influência a cada metro de extensão, para as paredes entre dois sobrados, seria:
( ) 21 2L LA 1,00m 2,00m 2,00m 1,00m 4,00m
2 2
 = + × = + × = 
 
O valor da carga de cada andar por metro de extensão seria:
2
2
kN m kNq 10 4,00 40,00m mm
= × =
Então, o valor da carga distribuída sobre a sapata corrida, devido às 3 lajes, seria:
kN kNq 3 40,00 120,00m m= × =
46
Unidade I
Com o valor de 80 kN/m2 adotado para tensão admissível, a largura (l) da base da sapata, necessária 
para que o valor da pressão seja inferior, seria:
adm 2
kN120q ml 1,50m
kN80
m
> = =
s
Executando uma sapata corrida, com 1,60 m de largura (l), o valor da pressão aplicada no solo seria:
2 2
kN120q m kN kNp 75,00 80
m ml 1,60m
= = = <
Para as duas paredes laterais do conjunto, as áreas de influência, as cargas distribuídas por metro de 
extensão e, portanto, a largura da sapata corrida teriam a metade dos valores obtidos para as paredes 
entre dois sobrados. O desenho dessas sapatas em planta seria como na figura a seguir:
Figura 33 – Planta das sapatas corridas para lajes pré-fabricadas e alvenaria estrutural
Traçando cortes de ambas as soluções, com estrutura convencional e com alvenaria estrutural, 
representados nas duas figuras a seguir, é possível analisar as vantagens de cada uma, para esse caso.
47
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Figura 34 – Corte das sapatas para estrutura com lajes, vigas e pilares de concreto armado
Figura 35 – Corte das sapatas corridas para lajes pré-fabricadas e alvenaria estrutural
Comparando os dois desenhos, observa-se de imediato que a segunda solução, com alvenaria 
estrutural, permite aplicar pressões menores no terreno, com sapatas corridas de largura e altura 
também menores do que as das sapatas simples ou associadas, necessárias para as cargas concentradas 
da estrutura tradicional, com lajes, vigas e pilares. 
Dessa forma, as cotas de apoio das sapatas corridas podem ser mais elevadas, permitindo uma 
distância maior até a camada de argila orgânica, muito mole, e uma melhor distribuição da carga que 
será transmitida para ela.
48
Unidade I
A camada de argila orgânica, além de muito mole, está imersa no lençol freático, sendo, portanto, 
altamente compressível. Assim sendo, quanto menor for a intensidade e melhor a distribuição da pressão 
acrescentada sobre ela, menor será o seu adensamento e menores serão os valores dos recalques sofridos 
pelos sobrados, sobretudo os valores dos recalques diferenciais.
É claro que a adoção de um sistema estrutural, para qualquer edificação, nunca é decidida apenas 
em função das fundações. Porém, em condições semelhantes, como nesse caso, tendo-se previamente 
os resultados das sondagens, com as informações relativas ao subsolo do terreno, é possível avaliar 
melhor as opções e adotar o sistema mais conveniente.
 Observação
Os dados das sondagens do subsolo, habitualmente, são necessários 
apenas no início do dimensionamento das fundações e das contenções, 
que ocorre após a definição das cargas que a edificação aplicará no 
terreno e do movimento de terra, ou seja, dos cortes e aterros que 
serão realizados.
Porém, as informações obtidas com as sondagens podem contribuir 
para definições prévias, que, por sua vez, podem tornar a edificação melhor 
e mais econômica. 
Sendo assim, a partir do momento em que é tomada a decisão de 
realizar a obra, um dos primeiros estudos preliminares a ser solicitado deve 
ser a sondagem do subsolo. 
4 ESTUDOS PRELIMINARES: PERFIL GEOTÉCNICO DO TERRENO
A importância de um conhecimento adequado do perfil geotécnico do terreno em que a obra de 
engenharia civil será realizada, tanto para assuas fundações quanto pela sua influência na concepção 
do projeto, já foi ressaltada anteriormente.
Contudo, é importante considerar também o grau de conhecimento que será necessário para cada 
obra específica. 
Para o conjunto de sobrados em estudo, as informações obtidas com uma sondagem do tipo SPT são 
suficientes. Além disso, essa sondagem é plenamente compatível com o custo da edificação, tanto para 
as definições relativas às fundações quanto às contenções, esquematicamente representadas na figura 
a seguir: 
49
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
Figura 36 – Corte longitudinal do sobrado, com as sapatas corridas e o muro de arrimo
Para edificações mais complexas, que impliquem cargas mais elevadas ou muito diferenciadas sobre 
o terreno, como represas, aeroportos, rodovias, ferrovias subterrâneas e suas estações, edifícios altos ou 
com centro cirúrgico, entre outros, os estudos preliminares referentes ao perfil geotécnico do terreno 
também devem ser mais complexos e mais profundos. 
A construção de acessos a obras de arte em rodovias, tais como a ponte representada na figura 
a seguir, é um exemplo da necessidade de diferentes estudos preliminares para a concepção e 
elaboração de um projeto. 
Figura 37 – Perfil esquemático do acesso a uma ponte rodoviária
Antes de iniciar o detalhamento do projeto tanto do acesso quanto da própria ponte, é 
preciso encontrar uma jazida para o empréstimo do solo que será necessário para a execução do 
aterro compactado.
50
Unidade I
Jazida para empréstimo ou para importação de solo é a denominação técnica dada a um local de 
onde se vai retirar terra para a execução de um aterro em outro local. 
No sentido inverso, um bota fora é a denominação técnica dada ao local onde vai ser disposta a terra 
excedente de uma terraplenagem, isto é, na qual o volume dos cortes feitos no relevo natural do terreno 
será maior do que o volume empregado nos aterros. 
É importante lembrar que ambos, jazida e bota fora, sempre devem estar em conformidade com 
a legislação de proteção do meio ambiente e, antes do início da sua realização, devem contar com as 
devidas licenças ambientais, ou seja, a licença prévia e a licença de instalação. 
Para selecionar uma jazida, é preciso conhecer a sua constituição a fim de ter certeza de que os solos 
que a compõem são adequados para a execução do aterro e, em seguida, tratar das suas licenças. 
Depois, é preciso realizar ensaios de Proctor, para determinar a melhor faixa de umidade para a 
compactação do aterro, isto é, a faixa mais próxima possível da umidade ótima (hótima) que conduziria ao 
máximo valor de peso específico (gS) do solo, ao final da compactação.
8
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
gs máx
gs (kgf/dm3)
16
hótima
2412 20 2810 18 2614 22 h(%)
Figura 38 – Variação do peso específico obtido em função da umidade utilizada, no ensaio de Proctor
Observando essa figura, traçada com os valores de peso específico obtidos com a compressão 
de seis amostras do solo, com diferentes umidades, 11,2%, 13,8%, 16,4%, 19,5%, 21,8% e 24,6%, é 
possível concluir que, se fosse possível realizar a compactação com uma umidade de 17,4%, ao longo 
de toda a extensão do aterro, o valor do seu peso específico final seria cerca de 1,82 kgf/dm3, que 
equivale a 18,2 kN/m3 e a 1,82 tf/m3.
Depois de obtida a LP e aprovada a jazida, ainda restam diversos estudos preliminares a realizar antes 
de detalhar o projeto do aterro e da ponte. Observando novamente o perfil geotécnico mostrado na 
51
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
figura anterior, sobre o perfil esquemático do acesso a uma ponte rodoviária, percebe-se a existência de 
uma camada de argila orgânica sob a camada de areia siltosa compacta. 
A camada de argila orgânica, com consistência muito mole e, portanto, muito compressível, sofrerá 
um significativo adensamento devido ao peso do aterro. Isso ocasiona recalque da camada de areia 
siltosa compacta e também do próprio aterro, cuja grandeza é importante dimensionar. 
Como o valor do adensamento é proporcional à intensidade do esforço de compressão e também à 
espessura da camada, é de se prever que haverá recalques de diferentes magnitudes ao longo de toda 
a extensão do aterro, cujos intervalos de tempo até a sua estabilização, além de diferentes, também 
podem ser significativamente longos.
Por outro lado, a ponte não deve sofrer recalques, pois terá fundações profundas, por meio de 
estacas suportadas principalmente pela camada de alteração de rocha. 
O recalque do aterro, causado pelo adensamento da camada de argila orgânica, a longo prazo, 
ocasionará um degrau continuamente crescente entre o pavimento da ponte e o pavimento da rodovia 
sobre o aterro. 
Sendo assim, é de importância capital a previsão da magnitude e do prazo de estabilização do 
adensamento dessa camada de argila orgânica. 
Essa previsão é possível com a realização de ensaios de compressão axial simples, com confinamento 
lateral, em amostras indeformadas, retiradas da própria camada de argila orgânica. 
A variação do índice de vazios da amostra e o intervalo de tempo decorrido até que ela atinja 
uma razoável estabilidade (sendo sujeita à mesma pressão que será exercida pelo aterro), fornecem os 
elementos necessários para prever a dimensão do recalque e o tempo necessário para a sua estabilização, 
após a conclusão do aterro.
Para a realização desse ensaio é necessário, portanto, dimensionar o valor do acréscimo de pressão 
sobre a camada de argila orgânica, devido à execução do aterro. Não é preciso considerar a pressão da 
camada de areia siltosa compacta, pois a argila orgânica já está submetida a ela, com ou sem a 
construção do aterro.
O valor do acréscimo de pressão será igual ao peso do volume de aterro por unidade de área da 
superfície natural do terreno. Em cada ponto da superfície da camada de argila orgânica, o valor 
do acréscimo de pressão será equivale ao valor da altura do aterro resultante sobre esse ponto 
multiplicado pelo valor do peso específico previsto para o aterro.
Essa afirmação é fácil de ser comprovada, imaginando-se um bloco de aterro ou de qualquer 
outro material com peso específico (g) razoavelmente homogêneo, como o representado pela figura 
a seguir:
52
Unidade I
Figura 39 – Bloco de material com peso específico (g) razoavelmente homogêneo
O valor da pressão (p) exercida na base será igual ao valor do peso (P) desse bloco dividido pelo valor 
da área (A) da base.
P P
p
A x y
= =
×
O valor do peso específico (g) de um material é, por definição, o valor do seu peso por unidade 
de volume.
P
V
g =
Então, o valor do peso (P) desse bloco é igual ao valor do seu peso específico (g) multiplicado pelo 
valor do seu volume (V).
P = g × V = g × (x × y × z)
Sendo assim, o valor da pressão exercida na base do bloco será 
P x y z
p z
A x y
g × × ×
= = = g×
×
Exemplo de aplicação
Para o projeto do acesso à ponte representada anteriormente representando o perfil esquemático 
do acesso a uma ponte rodoviária, foi retirada uma amostra indeformada da camada de argila 
orgânica existente no subsolo do terreno, para ser submetida a um ensaio de compressão axial 
simples, confinado lateralmente.
53
ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA
A altura do aterro no encontro com o tabuleiro da ponte será cerca de 14 m. Supondo que o aterro 
será compactado até atingir um peso específico da ordem de 17,5 kN/m3, determine o valor da pressão 
a ser aplicada no ensaio da amostra, visando à previsão de recalque desse aterro.
Resolução 
O valor da pressão aplicada na amostra deve representar a situação real, isto é, deve ser igual ao 
valor da pressão que o aterro pronto exercerá sobre o terreno. 
O valor da pressão num ponto qualquer da base do aterro será igual ao valor do peso específico do 
aterro (g) multiplicado pela altura (z) de aterro em cima desse ponto. 
Na seção em que o aterro será mais alto, no encontro com o tabuleiro da ponte, sua altura será de 
14 m. Considerando que o valor do peso específico será 17,5 kN/m3,

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