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Alterações Genéticas Mutações ● Em geral, a replicação do DNA se dá de maneira correta; eventualmente, podem ocorrer erros nesse processo, que constituem fonte de variabilidade, a qual é um componente essencial no processo da evolução. ● As alterações hereditárias do material genético de um organismo, decorrentes de erros de replicação antes da divisão celular e não causadas por recombinação ou segregação , são denominadas mutações. ● O termo mutante refere-se a um fenótipo incomum ou à expressão do gene que sofreu a mutação. ● O fenótipo comum ou a expressão fenotípica do gene inalterado é denominado tipo selvagem. ● Mas nem todas as mutações são detectáveis fenotipicamente , podendo, no entanto, ser verificadas no nível molecular. ● Na espécie humana, uma mutação provavelmente será reconhecida mais pelos seus efeitos prejudiciais, causando um transtorno ou uma doença, do que por seus efeitos benéficos, como o aumento da resistência a infecções ou o aumento da sobrevivência. ● As modificações hereditárias que ocorrem num lócus gênico específico são chamadas mutações gênicas , de ponto ou pontuais, que podem envolver substituição, adição ou perda de uma única base. ● Se as modificações forem maiores, alterando os cromossomos, elas são denominadas mutações cromossômicas, sendo mutações estruturais as que modificam a estrutura dos cromossomos e mutações numéricas as que alteram o seu número. ● Em geral, esses tipos de mutações são denominados alterações ou anomalias cromossômicas. MUTAÇÕES GÊNICAS ● Espontâneas: quando ocorrem sem que haja a interferência conhecida de qualquer agente capaz de provocá-las ● Induzidas: quando ocorrem em frequência aumentada pela ação de agentes físicos e/ou químicos conhecidos, denominados agentes mutagênicos. Agentes mutagênicos ● A maioria desses agentes atua diretamente sobre o DNA, seja alterando uma determinada base, seja incorporando-se ao mesmo. ● A frequência de mutações denomina-se taxa de mutação e é expressa pelo número de mutações por lócus, por gameta e por geração. ● Obs: Na espécie humana, a taxa média de mutações está em torno de 1/100.000/lócus/geração. Essa taxa pode ser aumentada pela ação de agentes mutagênicos. Tipos de mutações genéticas Substituição de base: apresentam denominações diferentes, de acordo com o tipo de bases que envolvem. ● Quando a substituição abrange bases do mesmo tipo, isto é, substituição de uma purina por outra purina ou de uma pirimidina por outra de igual tipo, ela é denominada transição. Exemplos: ● Purina → purina ACG (treonina) → GCG (alanina) ● Pirimidina → pirimidina ACA (treonina) → AUA (isoleucina). ● Quando a substituição envolve bases de tipos diferentes, isto é, troca de uma purina por uma pirimidina, ou vice-versa, a mutação chama-se transversão Exemplos: ● Purina → pirimidina AAG (lisina) → ACG (treonina); ● Pirimidina → purina UGC (cisteína) → UGG (triptofano) ● Quando a substituição de base ocasiona a troca de um aminoácido, é denominada mutação com sentido trocado ou incorreto. ● Seu efeito sobre a proteína depende da natureza da substituição do aminoácido. A substituição do aminoácido na cadeia polipeptídica pode levar a uma proteína alterada, com redução ou perda da sua atividade biológica, ou pode acarretar também uma proteína semelhante à normal, sem qualquer efeito funcional. ● Se a substituição fizer surgir um dos três códons terminais finalizando prematuramente a síntese proteica, ela se chama mutação sem sentido. Conforme seu efeito, as substituições também se classificam em: 1. Diretas – Substituições de base que resultam na troca do aminoácido original para um novo aminoácido. Exemplo: UUU (fenilalanina) → UUA (leucina). 2. Reversa s– Responsáveis pelo processo inverso, quando ocorrem no mesmo ponto. Exemplo: UUA (leucina) → UUU (fenilalanina). 3. Silenciosas – Quando a mudança implica um códon sinônimo, que não altera o aminoácido. Exemplo: UUU (fenilalanina) → UUC (fenilalanina). 4. Neutras – Quando a substituição de base resulta em troca de aminoácido, mas isso não afeta a atividade da proteína. Deleção ou inserção de bases: ● Quando se trata de três bases adjacentes, ou de múltiplos de três bases, há perda ou adição de aminoácidos na cadeia polipeptídica, mas a fase de leitura das bases da sequência restante não se altera, embora o polipeptídio possa não ser funcional. ● Quando essas mutações não envolvem três bases ou múltiplos de três bases, a leitura se altera até o fim da cadeia, e geralmente o polipeptídeo resultante é não funcional. Mutações no DNA não codificador ● Podem ser inócuas fenotipicamente, a menos que ocorram em sequências do DNA relacionadas com a regulação dos genes estruturais ou na junção da emenda entre íntrons e éxons. ● As mutações nas sequências reguladoras podem afetar o nível da expressão gênica, enquanto as mutações na junção da emenda podem causar perda de sequências codificadoras (perda de éxons) ou retenção de sequências não traduzidas (manutenção de íntrons) na molécula de RNA mensageiro, ocasionando erro no encadeamento (splicing). ● As mutações das junções da emenda parecem ocorrer mais comumente em genes do colágeno, sendo a base mutacional para a osteogênese imperfeita. Mutações estáveis ou fixas ● Quando são transmitidas inalteradas às gerações seguintes. ● Abrangem as substituições, deleções e inserções de bases Mutações instáveis ou dinâmicas: ● Quando sofrem alterações ao serem transmitidas nas famílias. ● Consistem em sequências de trincas repetidas que ocorrem em número de cópias aumentadas (amplificação ou expansão de trinucleotídeos) constituindo as mutações básicas para muitas doenças de herança monogênica, inclusive a doença de Huntington, deficiência mental determinada pelo X frágil e distrofia miotônica. Segundo seus efeitos fenotípicos: ● As mutações podem ser classificadas em dois tipos: ● Mutações de perda de função: que reduzem ou eliminam a função de seu produto gênico, podendo ser dominantes ou recessivas ● Mutações de ganho de função: que resultam em um produto gênico com função reforçada ou nova, sendo geralmente dominantes ● Qualquer tipo de mutação, desde uma mutação pontual até a deleção de um gene inteiro, pode acarretar a perda de função; as mutações que resultam na perda absoluta da função são chamadas de mutações nulas. ● O ganho de função pode ser devido a uma mudança na sequência de aminoácidos do polipeptídeo, atribuindo-lhe uma nova atividade, ou a uma mutação na região reguladora do gene, que o leva a se expressar em níveis mais elevados, ou à síntese do gene em ocasiões e locais incomuns. Mutações segundo o tipo de célula em que ocorrem e seus efeitos: As mutações que ocorrem nas células somáticas (mutações somáticas): ● Acarretam maior prejuízo para o indivíduo. ● Nos adultos, se atingirem células em divisão,podem causar tumores e outras lesões degenerativas. ● Se atingirem um zigoto, embrião ou feto, essas mutações podem causar mosaicismo, sendo que o grau deste último dependerá do período do desenvolvimento em que as mutações ocorreram As mutações que ocorrem nas células da linhagem germinativa (mutações gaméticas): ● São transmitidas às futuras gerações. ● Em geral não causam prejuízo ao seu portador, mas, dependendo do tipo de dano, poderão acarretar redução da fertilidade. MUTAÇÕES CROMOSÔMICAS ● A estabilidade do número e da morfologia dos cromossomos em qualquer organismo é fundamental para o seu desenvolvimento harmonioso, resultando em um indivíduo física e psicologicamente normal. ● Como os cromossomos contêm os genes, qualquer mudança em sua estrutura ou número pode alterar a expressão gênica, produzindo umindivíduo fenotipicamente inviável ou anormal ● Mutações numéricas: As alterações numéricas correspondem à perda ou ao acréscimo de um ou mais cromossomos e podem ser de dois tipos: euploidias e aneuploidias. ● 1. As euploidias são alterações que envolvem todo o genoma, originando células cujo número de cromossomos é um múltiplo exato do número haploide característico da espécie. Os principais tipos de euploidias são: Haploidia (n) – Quando os cromossomos apresentam-se em dose simples como nos gametas. ● A haploidia pode ser um estado normal em alguns organismos. ● É considerada anormal quando ocorre nas células somáticas de organismos diploides e, nesse caso, os indivíduos excepcionais haploides são pequenos e geralmente estéreis. Poliploidia – Quando os cariótipos são representados por três (triploidia, 3n), quatro (tetraploidia, 4n) ou mais genomas.Na espécie humana não se conhecem indivíduos que sejam totalmente poliploides (3n ou 4n). ● Quase todos os casos de triploidia ou tetraploidia são observados em abortos espontâneos. ● Os raros casos relatados que chegaram atermo (3n) eram natimortos ou tiveram morte neonatal. Obs: A triploidia pode ser causada por um erro na fase de maturação da ovulogênese ou da espermatogênese, na divisão meiótica, levando, por exemplo, à retenção de um corpúsculo polar ou à formação de um espermatozoide diploide. A triploidia pode ser causada também pela fertilização de um óvulo por dois espermatozoides, fenômeno conhecido como dispermia. 2. As aneuploidias São alterações que envolvem um ou mais cromossomos de cada par, dando origem a múltiplos não exatos do número haploide característico da espécie. ● Elas decorrem da não disjunção ou não separação de um ou mais cromossomos durante a anáfase I e/ou II da meiose ou na anáfase da(s) mitose(s) do zigoto. ● A não disjunção ocorre mais frequentemente durante a meiose e pode se dar tanto na primeira como na segunda divisão. ● Se ela ocorrer na primeira divisão, o gameta com o cromossomo em excesso, em vez de ter apenas um dos cromossomos de um determinado par, terá os dois cromossomos de um mesmo par, sendo um de origem materna e o outro de origem paterna. ● Se a não disjunção ocorrer na segunda divisão meiótica, ambos os cromossomos do mesmo par (no gameta que ficou com o excesso de cromossomos) serão de origem idêntica: ou materna ou paterna Obs : A não disjunção pode ocorrer nas primeiras divisões mitóticas após a formação do zigoto. Isso poderá, no entanto, resultar na presença de duas ou mais linhagens celulares diferentes no mesmo indivíduo, fenômeno conhecido como mosaicismo ● Outro mecanismo responsável pelas aneuploidias é a perda de um cromossomo, provavelmente devido a um “atraso” na separação de um dos cromossomos, durante a anáfase As principais aneuploidias são: ● Nulissomia – quando há perda dos dois membros de um par cromossômico (2n-2). As nulíssimas são, em geral, letais. ● Monossomia – quando há perda de um dos cromossomos do par, isto é, quando o número de cromossomos da célula for 2n-1. As perdas de cromossomos ou de segmentos cromossômicos têm-se mostrado mais deletérias do que a adição. ● Trissomia – quando um mesmo cromossomo apresenta-se repetido três vezes (2n+1), em vez de duas, como seria normal. As trissomias são as alterações numéricas mais importantes sob o ponto de vista clínico. Como a maioria das alterações cromossômicas na espécie humana, elas estão, em geral, associadas a malformações congênitas múltiplas e deficiência mental. Exemplo: trissomia do cromossomo 21 ou síndrome de Down ● Tetrassomia – na qual um cromossomo está representado quatro vezes (2n+2). Exemplo: síndrome do tetra X (44 + XXXX ou 48, XXXX). ● Trissomia dupla – corresponde à trissomia de dois cromossomos pertencentes a pares diferentes (2n+1+1). Exemplo: trissomia do 21 e do par sexual (44 + XXY + 21 ou 48, XXY, + 21) ● Alterações estruturais: As alterações estruturais são mudanças na estrutura dos cromossomos, que resultam de uma ou mais quebras em um ou mais cromossomos, com subsequente reunião em uma configuração diferente, formando rearranjos balanceados ou não. ● Nos rearranjos balanceados, o complemento cromossômico é completo, sem perda nem ganho de material genético. ● Consequentemente, os rearranjos balanceados são praticamente inofensivos, com exceção dos raros casos em que um dos pontos de quebra danifica um gene funcional importante. ● Quando um rearranjo cromossômico é não balanceado, o complemento cromossômico contém uma quantidade incorreta de material cromossômico e os efeitos clínicos são geralmente muito graves. As quebras podem ocorrer espontaneamente ou pela ação de agentes externos. ● Como radiações, drogas, vírus, etc ● Cada quebra em um cromossomo ou cromátide produz duas extremidades, as quais podem ser envolvidas em um dos três tipos de eventos seguintes: 1. As extremidades rompidas podem se unir novamente, restaurando a estrutura original do cromossomo. 2. As extremidades rompidas não tornam a ligar-se e o segmento cromossômico acêntrico (sem centrômero) perde-se em uma divisão celular subsequente, enquanto o outro segmento, com o centrômero, fica deficiente. 3. Um ou mais segmentos quebrados de um cromossomo podem se unir a outro cromossomo ou a segmentos cromossômicos. ● As alterações na estrutura dos cromossomos são classificadas em dois tipos: ● Aquelas nas quais h á alteração no número de genes deleções, duplicações, cromossomos em anel e isocromossomos. ● Aquelas nas quais há mudança na localizaçãodos genes inversões e translocações. Deleções ou deficiências ● São perdas de segmentos cromossômicos, as quais podem ocorrer como resultado de uma simples quebra, sem reunião das extremidades quebradas – deleção terminal ● Ou de uma dupla quebra, com perda de um segmento interno, seguida da soldadura dos egmentos quebrados – deleção intersticial. Duplicação ● Repetição de um segmento cromossômico, causando um aumento do número de genes ● A maioria das duplicações resulta de um crossing-over desigual entre cromátides homólogas, durante a meiose, produzindo segmentos adjacentes duplicados e/ou deletados. ● As duplicações são mais comuns e menos prejudiciais do que as deficiências, concluindo-se que o excesso de genes geralmente é menos prejudicial do que a falta deles. ● Esse tipo de alteração cromossômica estrutural é considerado importante sob o aspecto evolutivo, uma vez que genes duplicados podem, por mutação, dar origem a novos genes,com novas funções Cromossomo em anel ● Alteração que ocorre quando um cromossom apresenta duas deleções terminais e as suas extremidades, agora sem os telômeros, tendem a reunir-se, levando à formação de um cromossomo em anel ● Os fragmentos rompidos, acêntricos, perdem-se. Esse tipo de alteração estrutural geralmente apresenta instabilidade durante a divisão celular. Isocromossomo ● Forma-se quando a divisão do centrômero, durante a divisão celular, dá-se transversalmente, em vez de longitudinalmente. ● Como consequência dessa divisão anormal, os dois cromossomos resultante apresentam-se com braços iguais (metacêntricos), sendo duplicados para um dos braços originais e deficientes para o outro Inversão ● Uma mudança de 180o na direção de um segmento cromossômico. ● Para ocorrer inversão, é necessária uma quebra em dois sítios diferentes do cromossomo,seguida pela reunião do segmento invertido. ● Dependendo do envolvimento ou não do centrômero, a inversão pode se diferenciar em pericêntrica (quando o centrômero situa-se dentro segmento invertido) e paracêntrica (quando o centrômero situa-se fora do segmento invertido) ● As inversões são rearranjos balanceados e raramentecausam problemas nos portadores, a menos que um dos pontos de quebra danifique um gene funcional importante. ● Certas inversões que não causam qualquer problema clínico nos portadores balanceados podem causar significante desequilíbrio cromossômico para a descendência, com importantes consequências clínicas. ● Esse desequilíbrio cromossômico é resultante de problemas de pareamento e segregação dos cromossomos durante a meiose ● Um indivíduo portador balanceado de uma inversão pericêntrica pode produzir gametas não balanceados, se ocorrer um crossing-over dentro do segmento invertido durante a meiose I, quando se forma uma alça de inversão do cromossomo, na tentativa de manter o pareamento dos segmentos homólogos na sinapse ● O resultado será um cromossomo normal, dois cromossomos recombinantes complementares, ambos com deleções de alguns segmentos e duplicações de outros, e um cromossomo com a inversão. Translocação ● Nesse tipo de alteração, há transferência de segmentos de um cromossomo para outro,geralmente não homólogo. ● As translocações ocorrem quando há quebra e dois cromossomos, seguida de troca dos segmentos quebrados. ● Nas translocações recíprocas, há trocas de segmentos entre os cromossomos que sofreram quebras. ● Nas não recíprocas, o segmento de um cromossomo liga-se a outro, mas não há troca entre eles. Para tanto, é necessário haver pelos menos três quebra ● As translocações robertsonianas ou fusões cêntricas formam um tipo especial de translocação, em que dois cromossomos acrocêntricos sofrem quebras nas regiões centroméricas, havendo troca de braços cromossômicos inteiro.
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