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ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! PROFESSOR Me. Gabriel Trindade Caviglione Teoria das Estruturas II FICHA CATALOGRÁFICA C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. CAVIGLIONE, Gabriel Trindade; Teoria das Estruturas II. Gabriel Trindade Caviglione. Maringá - PR.: Unicesumar, 2021. 300 p. ISBN: 978-65-5615-642-2 “Graduação - EaD”. 1. Estruturas 2. Deslocamentos 3. Engenharia. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 624.1707 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula Renata dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Edison Rodrigo Valim Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Coordenador de Conteúdo Flávio Augusto Carraro Designer Educacional Jociane Karise Benedett Curadoria Rafaela Benan Zara Revisão Textual Sarah Longo Carrenho Cocato Editoração Piera Consalter Paoliello Ilustração André Azevedo Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock. Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Reitor Wilson de Matos Silva A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diariamente para que nossa educação à distância continue como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio importante para o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os nossos professores e equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma transformação na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nossos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima história da jornada do conhecimento. Mário Quintana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer a sua mudança! Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. Olá, eu sou o Gabriel! Sou engenheiro civil e mestre em Engenharia de Estruturas. Assim como muitos, procu- rei fazer Engenharia pois tinha afeição por Matemática e Física. Além disso, gostava muito de Engenharia de Tráfego, ficava maravilhado com a cidade de São Paulo e com as avenidas de mão única de Curitiba e Maringá, passava horas rabiscando e pensando soluções para minha cidade, Londrina. Durante a graduação, descobri a paixão por ensinar e pelas grandes obras e estruturas, suas técnicas executivas e as soluções estruturais por trás dos grandes nomes da arquitetura. Tive a opor- tunidade de fazer estágio em um escritório de cálculo estrutural, o que direcionou minha carreira. Formado, trabalhei com execução de pré-fabrica- dos, porém, com a crise econômica, procurei me espe- cializar e encarei o desafio do mestrado em Engenha- ria de Estruturas na UEM. Hoje, atuo como professor universitário e continuo prestando serviços na área de estruturas e fundações. Uma curiosidade sobre mim é que já fui atleta de natação na juventude, competia defendendo Londrina! Conquistei várias medalhas nos nados livre e peito. Tam- bém participei ativamente do grupo de jovens da minha igreja. Aprendi muito com o esporte de desempenho e com a liderança na igreja. Atualmente, descobri na cor- rida de rua um hobby saudável e relaxante. O benefício principal é manter a cabeça no lugar depois de um dia inteiro de engenharia. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/10588 Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS EU INDICO Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido PÍLULA DE APRENDIZAGEM Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 TEORIA DAS ESTRUTURAS II A sociedade se utiliza diariamente de diversas obras de Engenharia. Muitas vezes, nem percebemos o impacto dessas obras no nosso dia a dia. Você conseguiria imaginar como era a vida antes de construírem as estradas? Como as pessoas cruzavam os rios sem as pontes? Como os médicos tratavam dos pacientes sem as construções especializadas, os hospitais? Como as indústrias produziam sem edifi- cações que atendessem às suas especificações? Como as pessoas assistiam a shows e espetáculos antes dos teatros? Como era a vida antes das grandes hidrelétricas? Certamente, essas obras não existiriam sem a construção civil. É nossa função, como engenheiros(as), construí-las, garantindo segurança e estabilidade à sociedade. Como um(a) engenheiro(a) civil sabe quantos metros uma ponte pode suportar, quantos e quais veículos podem transitar sobre ela com segurança? Para responder essas questões, faz-se necessário entender como se comportam tanto estrutura como material. O(A) engenheiro(a) precisa entender como se desenvolvem os esforços dentro de uma estrutura e como o formato e geometria dela influenciam em sua resistência e suas deformações.Uma vez entendido o comportamento da estrutura, passamos a entender como o material empregado se comporta, quais níveis de tensões ele suporta de maneira se- gura, como ocorre sua ruptura, quais fatores influenciam em sua resistência. O trabalho do(a) engenheiro(a) é conciliar o comportamento do material e da es- trutura, a fim de dimensionar um sistema estrutural seguro e resistente feito com um material que suporte, com segurança, tais esforços. Convido você a observar as estruturas à sua volta. Será que todas possuem a mes- ma solução estrutural? A estrutura de uma casa é igual à de um prédio? A estrutura de uma ponte rural é igual à estrutura de um viaduto movimentado na cidade? Evi- dentemente, a solução estrutural deverá se adequar a cada caso. Existem diferentes soluções para diferentes níveis de cargas e vãos. Você conseguiria calcular os esforços nessas estruturas que observou? O equilíbrio de qualquer estrutura pode ser verificado pelas equações fundamentais de estática, isto é, o somatório de todas as forças agindo sobre o corpo é nulo. Em estruturas isostáticas, o número de restrições (reações) e o número de equações de equilíbrio são iguais, dessa forma, é possível descobrir as incógnitas, as reações de apoio. Já em estruturas hiperestáticas, temos mais reações do que equações de equilíbrio, de tal forma que não é possível calculá-las apenas pelas equações da estática. Por isso, essas estruturas também são chamadas de estaticamente indeterminadas. Como podemos calcular as reações de apoio nessas estruturas? Nesta disciplina, entenderemos mais sobre o comportamento e os métodos de cálculo de estruturas complexas, que chamamos de hiperestáticas, que correspondem à maior parte das soluções estruturais usadas em projetos. Conversaremos sobre soluções estruturais que, geralmente, são empregadas para vãos e esforços considerados grandes. Você também aprenderá sobre algumas abordagens computacionais envol- vidas nos softwares atuais de análise estrutural e os possíveis problemas oriundos da confiança excessiva neles. Conheceremos, também, as análises feitas com cargas móveis, usadas em pontes e passarelas. Como futuro(a) engenheiro(a) civil, você será responsável pela estabilidade dessas estruturas, logo você precisará entender seu comportamento para fazer o correto dimensionamento, projeto e execução delas, para que sejam seguras e atendam às referências normativas utilizadas no Brasil. Daí a necessidade de uma análise estrutural correta, que represente bem a estrutura a ser executada. Lembre-se de que qualquer erro relacionado à estrutura de uma edificação pode ocasionar em sinistros e danos graves. É evidente que analisar estruturas não é uma tarefa tão simples e que teremos mui- to a aprender para poder projetar uma estrutura real. Mas tenho certeza de que, ao final desta disciplina, você entenderá muito melhor como as estruturas funcionam e se comportam. Acompanhará situações práticas que lhe permitirão aplicar esses conceitos durante seu exercício profissional. Vamos juntos descobrir como manter estruturas de pé? APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 1 2 43 5 11 71 43 101 GRAU DE HIPERESTATICIDADE 6 155 ANÁLISE MATRICIAL DE ESTRUTURAS MÉTODO DAS FORÇAS TEOREMAS E PRINCÍPIOS MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS PROCESSO DE CROSS 129 7 181 8 207 FUNDAMENTOS DO PROJETO ESTRUTU- RAL MODELAGEM COMPUTACIONAL DE ESTRUTURAS 9 237 CARGAS MÓVEIS EM ESTRUTURAS 1 Nesta unidade, você conhecerá os conceitos iniciais das estruturas hiperestáticas. Imagino que você já conheça o comportamento de estruturas isostáticas, sabendo determinar as suas reações de apoio, os esforços cortantes e os momentos fletores atuando na estrutura. Mas e quando a estrutura tem uma reação de apoio extra? Como calcular? Você aprenderá a calcular e resolver estruturas exatamente nessa situação, quando as equações da estática não são suficien- tes para achar o valor das reações. Aprenderá a avaliar o grau de estaticidade de uma estrutura, interna e externamente, avaliando seu comportamento em hipostática, hiperestática e isostática. A identificação desses comportamentos e o entendimento correto desses conceitos é muito importante para o(a) engenheiro(a), uma vez que a grande maioria das estruturas de concreto armado mol- dado in loco é hiperestática. Grau de Hiperestaticidade Me. Gabriel Trindade Caviglione 12 UNICESUMAR Você já tentou esboçar o sistema estrutural de um estádio de futebol? Já imaginou como se comporta o sistema estrutural de um edifício alto durante uma tempesta- de, com bastante vento? Como se comporta uma ponte estaiada quando um caminhão trafega sobre ela? Claro que, para responder a essas perguntas, precisamos de um engenheiro de estruturas, que poderá mostrar como essas estruturas complexas se comportam, qual é o caminho das forças e como as edificações param em pé. Durante o seu futuro exercício profissional, é provável que você se depare com estruturas complexas, pórticos tri- dimensionais, treliças, grelhas, arcos, entre tantos tipos de estruturas, geralmente, estaticamente indeterminadas, isto é, estruturas hiperestáticas. E, nesses casos, a pergunta que você, como engenheiro(a), precisará responder é: como projetar essas estruturas de maneira segura e econômica? Como avaliar o comportamento de estruturas complexas? Bom, para responder a isso, nós precisamos entender como o material se comporta, isto é, o quanto de esfor- ço ele é capaz de suportar e quanto desse determinado esforço está agindo na estrutura. Esta disciplina focará no entendimento do comportamento de estruturas com- plexas, que não pode ser estimado apenas pelas equações do equilíbrio estático. O desafio, então, é a determinação dos esforços de flexão, cortante, tração, torção e das de- formações e rotações que aparecerão na estrutura para, então, o(a) engenheiro(a) proceder com o projeto. 13 UNIDADE 1 Tomemos por exemplo uma pequena residência em concreto armado. Nada muito complicado, certo? Algo bem comum, tradicional. Quantos pilares te- ríamos nessa residência? Considere que, abaixo de cada pilar, teremos uma fundação — estacas ou uma sapata —, um ponto de apoio. Assim, teríamos quan- tos pontos de apoio para a estrutura dessa residência? Se tomarmos uma residência com seis pilares — uma casa bem pequena —, teríamos, pelo menos, seis reações de apoio à estrutura. Considerando seus conhecimentos prévios em estruturas, você saberia calcular os valores dessas reações de apoio? Para garantir o equilíbrio das cargas na vertical, o somatório das forças verticais, dos momentos ao redor do eixo x e dos momentos ao redor do eixo y precisa ser zero (LEET et al., 2009). (1.1) (1.2) REALIDADE AUMENTADA Reações de Apoio em Estrutura Tridimensional Σ Σ Σ Fv Mx My = = = 0 0 0 Aplicando as equações anteriores, considerando as seis reações de apoio em posições genéricas e o carregamento qualquer qi , teremos: Σ Σ Σ Fv R R R R R R q Mx R y R y R y R y R i = ∴→ + + + + + − = = ∴→ + + + + 0 0 0 1 2 3 4 5 6 1 1 2 2 3 3 4 4 55 5 6 6 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 0 0 y R y q y My R x R x R x R x R x R x q x i i i + − = = ∴→ + + + + + − Σ Σ Σ ii = 0 Em que: • Rj corresponde à reação vertical do ponto de apoio “j”. • xj corresponde à coordenada x do ponto “j”. • yj corresponde à coordenada y do ponto “j”. • qi corresponde a um carregamento qualquer no ponto qualquer “i”. 14 UNICESUMAR Nessa situação hipotética, teríamos um sistema linear de três equações com seis incógnitas (R1 , R2 , R3 , R4 , R 5 e R6 ), ou seja, trata-se de um sistema impossível de se resolver. A partir dessas condições, não é possível calcular as reações de apoio, pois temos mais reações disponíveis do que equações de equilíbrio. Assim como na Figura 2, que mostra uma viga hiperestática, na qual temos uma reação de apoio extra “sobrando”. Descrição da Imagem: a figura mostra uma viga hiperestática, com um carregamento distribuído ao longodo comprimento e uma carga concentrada no ponto C. A viga tem três apoios: nos pontos B, C e D. A figura também mostra a substituição dos apoios por reações VB, VD, HD e VE. Ilustra que a viga tem mais reações — incógnitas — do que equações de equilíbrio. Figura 1 - Viga hiperestática: temos quatro reações de apoio frente a apenas três equações de equilíbrio / Fonte: o autor. Mesmo uma pequena residência, construída em tecnologia convencional, concreto armado moldado in loco, pode ter uma estrutura hiperestática e de solução indeterminada pelas equações da estática. Assim, o desafio é procurar outras condições para se calcular os esforços dos pilares, vigas e lajes dessa residência. Você pode usar o Diário de Bordo para registrar e relembrar os conceitos já vistos que podem lhe ajudar a resolver estruturas estaticamente indeterminadas. Procure soluções para analisar estruturas hiperestáticas, comece pensando em estruturas mais simples como a da Figura 2. 15 UNIDADE 1 A primeira coisa a ser avaliada em qualquer estrutura é a sua esta- bilidade e condição de vinculação. Para isso, precisamos avaliar se a quantidade de vínculos e se seus tipos são suficientes para evitar uma movimentação da estrutura. Quando existe um número menor de vínculos do que o necessário, consideramos a estrutura hipostática e, portanto, instável. Estruturas com essas condições de estaticidade estão sujeitas ao movimento, e não devem ser usadas, a não ser em situações específicas, em que seja prevista uma movimentação na estrutura — pontes rolantes, tombadores de moega, pontes basculantes, entre outros. Descrição da Imagem: a figura mostra uma ponte basculante chamada de Lindanuis. A ponte é de baixa altura, e não permite a passagem de embarcações. A vista está em um plano horizontal. Em um primeiro momento, a ponte apresenta-se abaixada, com um trem trafegando sobre ela e um barco próximo. Em um segundo momento, já livre do trem, a ponte é elevada, e o barco pode passar por ela. Figura 2 - Estrutura hipostática: ponte basculante Lindaunis. Não há restrição aos movimen- tos no sentido anti-horário, permitindo que a ponte rotacione para a passagem dos barcos 16 UNICESUMAR Já em estruturas isostáticas, temos exatamente o número de rea- ções necessárias ao equilíbrio. Isso significa que são estruturas estáveis, que não se movimentarão quando aplicada uma força. No entanto, se, por algum motivo, algum dos vínculos vier a fa- lhar, a estrutura logo entrará em movimento, pois não dispõe de apoios extras. Esse tipo de estrutura é muito comum em estruturas pré-fabricadas ou metálicas, pois, como elas serão montadas no local, é mais fácil que as vigas trabalhem biapoiadas. Quando uma estrutura dispõe de reações extras ao equilíbrio, ela é chamada de hiperestática, também é considerada estável. Por ter uma reação extra, poderíamos até considerá-la, um pouco inapropriadamente, como mais estável. Nessas estruturas, temos mais restrições do que o necessário para estabilizar a estrutura, tipi- camente, uma condição de estruturas de concreto moldada in loco. Estruturas hipostáticas podem permanecer estáticas, mas estarão sempre sob uma condição de equilíbrio instável. Pode ocorrer uma situação de carregamento, tal qual o próprio carregamento conseguir impedir deslocamentos na direção da liberdade da estrutura. Trata-se de uma forma crítica, uma condição de equilíbrio instável (SUS- SEKIND, 1980). A 17 UNIDADE 1 Uma simples maneira para classificar uma estrutura e relembrar es- ses conceitos é entender a etimologia da palavra usada. Por exemplo, no termo “isostática”, o prefixo “iso” faz alusão à ideia de igual, e o sufixo “estática” remonta à estabilidade da estrutura. Então, temos um número de reações igual ao número necessário para garantir o equilíbrio, a estabilidade. Analogamente, no termo “hiperestática”, “hiper” refere-se a mais, superior, além do necessário. Mais reações do que o necessário ao equilíbrio. Em “hipostática”, “hipo” refere-se a menos, inferior, pouco. Menos reações do que o necessário ao equilíbrio. A Figura 5 resume o conceito. Figura 3 (a) - Estrutura isostática (à esquerda): pré-moldados de concreto. Repare que as vigas estão apoiadas nos pilares com um dente Gerber, ou seja, tem a rotação livre; 4 (b) - Estrutura hiperestática (à direita): concreto moldado in loco. Repare que todas as rotações do pórtico ficam restringidas devido à monoliticidade da estrutura Descrição da Imagem: a figura mostra duas estruturas em processo constru- tivo. À esquerda, um barracão de concreto pré-moldado isostático e, à direita, um edifício vertical de concreto moldado in loco. A estrutura pré-moldada é composta por pilares dispostos na vertical sobre os quais se apoia uma linha de vigas, que ficam simplesmente apoiadas sobre os pilares, como peças, sobre o encaixe Gerber. Ao fundo, é possível ver outras vigas e terças da cobertura, além de um guindaste trabalhando. A estrutura monolítica tem quatro pavimentos, e demonstram-se as formas e escoramento de um pavimento em construção, são diversos pilares na vertical, com suas esperas de armadura. As vigas e lajes da estrutura, dispostas na horizontal, mostram-se solidarizadas aos pilares. Ao fundo, é possível visualizar outro prédio em construção. B 18 UNICESUMAR Percebe-se, então, que, para avaliar a estabilidade de uma estrutura, é fundamental entender suas con- dições de vinculação. Os vínculos são apoios capazes de fornecer um sistema de forças que estabilize os carregamentos, agindo sobre essa estrutura, impedindo-a de se deformar. Em uma estrutura real, é impossível ter uma deformação nula, geralmente, temos reações de apoio após pequenas deforma- ções, dentro de um limite aceitável. Nessas condições, uma maneira mais precisa para simular esse comportamento é usando vínculos elásticos, conforme a Figura 6. Figura 4 - Resumo de estabilidade e estaticidade: estruturas hipostática, isostática e hiperestática / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura apresenta três vigas de carregamentos idênticos, uma carga distribuída e uma carga con- centrada no ponto C. Entre as vigas, temos: uma hipostática à esquerda, com apenas um vínculo do segundo gênero, duas reações de apoio; uma isostática ao centro, com dois vínculos, três reações de apoio; uma hiperestática à direita, com três vínculos, dois do 1º gênero e um do 2º gênero, totalizando quatro reações de apoio. Figura 5 - Vínculos rígidos e elásticos / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a imagem indica um retângulo com o texto “vínculos ideais”, que se divide em duas opções: rígidos e elásticos. Em seguida, estes dividem-se em três tipologias: 1º gênero, 2º gênero e 3º gênero. Abaixo, temos a inscrição de reações e restrições correspondentes a cada um dos gêneros: verticais (1º gênero); verticais e horizontais (2º gênero); e verticais, horizontais e rotações (3º gênero). 19 UNIDADE 1 Esses vínculos também podem ser usados para simular o comportamento de trechos de estrutura. Por exemplo, suponhamos que se queira analisar os efeitos da fluência — deformação lenta do concreto relacionada à compressão — de um pilar com relação à viga localizada na cobertura de um edifício de 25 andares. Nessa situação, pode-se calcular a deformação e carga do pilar separadamente e, então, escolher um valor de mola de comportamento elástico que represente esse pilar para analisar a viga. Em uma situação prática, você sabe como funcionam os víncu- los e as reações de apoio? Como são os apoios de uma estrutura de um edifício? Pensando em fundações, temos dois tipos básicos: as sapatas — fundações diretas — e as estacas — fundações profundas. Existem vários arranjos que podem se comportar como vínculos do 1º, 2º ou 3º gênero, elástico ou rígido. Descrição da Imagem: a figura mostra duas regiões diferentes. À esquerda, temos os apoios do primeiro e segundo gênero — rígidos e elásticos — associados à sapa- ta pequena e uma estaca de pequenasdimensões; à direita, temos apoios do três gênero — rígidos e elásticos — sendo associados a sapatas de grandes dimensões, blocos sob duas estacas de pequeno diâmetro e uma estaca da grande diâmetro. Figura 6 - Vínculos e comportamento das fundações / Fonte: o autor. Sapatas pequenas e estacas de pequeno diâmetro não são capazes de restringir rotação, devem se comportar como apoios de 1º ou 2º gênero. Para restringir translação no plano horizontal, essas sapatas 20 UNICESUMAR e estacas precisam desenvolver certo atrito, por isso, é necessária certa carga gravitacional. Blocos sobre estacas, estacas rígidas e sapatas grandes são capazes de evitar a rotação dos pilares, podendo ser consideradas como engastes. Assim, é necessário o bom senso do(a) engenheiro(a) ao projetar uma estrutura e escolher corretamente sua vinculação. Conhecidas as condições de apoio e vinculação de uma estrutu- ra, poderemos avaliar sua estaticidade ou grau de hiperestaticidade. Para Sussekind (1980), o grau de hiperestaticidade é exatamente a quantidade de incógnitas que não podem ser calculadas pelas equações da estática. Podemos escrevê-lo conforme a equação : g R E ext = − Em que: • gext é o grau de hiperestaticidade externa da estrutura. • R é o número de reações disponíveis ao equilíbrio. • E é o número de equações para o equilíbrio estático no plano (Σ Σ ΣFh M Fv= = =0 0 0; ; ). No entanto, internamente, uma estrutura pode ter um comporta- mento diferente de sua avaliação externa. Olhando para a Ponte de Waterhoek — Figura 8, formada por uma viga Vierendeel idealizada em aço —, podemos observar que, embora a estrutura seja isostática, não é possível determinar os esforços ao longo da estrutura, ou seja, internamente, a estrutura é hiperestática. (1.3) A 21 UNIDADE 1 Segundo Sussekind (1980), podemos escrever o grau de hi- perestaticidade total de uma estrutura como a soma das hi- perestaticidades internas e externas. Em que: • gint é o grau de hiperestaticidade interna da estrutura. • gext é o grau de hiperestaticidade externa da estrutura. A hiperestaticidade interna é comum quando temos quadros fechados e tirantes presentes na estrutura. Ao fazermos um corte nas estruturas, podemos reduzi-las a isostáticas e substituir seus esforços internos por forças que atuam nesse corte (Figura 8). Na presença de tirantes, temos uma nova incógnita, o esforço de Figura 7 (a) - Ponte de Waterhoek; 8 (b) - esforços em estruturas internamente hiperestáticas / Fonte: Wikimedia Com- mons ([2021], on-line) e adaptada de Sus- sekind (1980). Descrição da Imagem: a figura mostra a Ponte Waterhoek, com- posta por vigas Vierendeel bia- poiadas às margens. Ao fundo, é possível observar algumas casas e vegetação rasteira. Vigas Vieren- deel são compostas por quadros associados horizontalmente, isto é, uma associação de duas vigas horizontais com vários pilares ao logo do comprimento dela. À direi- ta, vemos o esquema estático de uma estrutura com dois quadros, mostrando que não é possível de- terminar os esforços internos do quadro — pelas equações da está- tica —, agindo estes como incógni- tas. Cada quadro tem três incógni- tas — momento fletor, cortante e esforço normal. Temos, ainda, um arco atirantando, em que não é possível determinar o esforço de tração do tirante — pelas equações da estática —, em que ele age como uma incógnita para o problema. B (1.4) 22 UNICESUMAR tração no tirante, ou seja, uma incógnita extra. No caso de quadros, temos como incógnitas os esforços de momento fletor, esforço normal e esforço cortante. Ou seja, três incógnitas extras por quadro. Outro efeito importante a ser considerado ao avaliar a hiperestaticidade de uma estrutura são os conectores de suas barras. O tipo de conexão entre as barras determinará quais esforços serão transmitidos nas ligações. Figura 8 - Rótula e suas propriedades na transmissão de esforços / Fonte: o autor e Shutterstock. Descrição da Imagem: a figura exemplifica o comportamento da rótula, um elemento de ligação que permite a rotação, transmitindo apenas esforços normais e de corte. A figura é composta por quatro ilustrações. Na primeira, temos o esquema estático de uma viga rotulada, a viga tem dois apoios, um engaste e uma rótula; a figura mostra a transmissão dos esforços verticais e horizontais entre o trecho biapoiado e engastado. A segunda ilustração é uma ligação de dente Gerber: temos um pilar disposto na vertical, com consolos em ambos os lados — volumes laterais, para fora da seção do pilar —, o lado esquerdo está livre; já no lado direito, temos uma viga apoiada no consolo, a viga tem um corte — dente Gerber — em sua seção para encaixar no consolo, tal ligação não permite a passagem de momentos fletores; ao fundo, temos outras estruturas — metálicas e de concreto. Na terceira ilustração, temos a anatomia de um joelho humano, os tendões mantêm conectados os ossos, que podem deslizar um sobre o outro, permitindo a rotação. A quarta ilustração mostra uma mulher correndo, em que é possível observar o joelho, transmitindo a ideia de movimento e rotação do joelho ao correr. A presença da rótula evita a transmissão de momentos fletores. Assim como o joelho, a rótula per- mite a rotação, assim, no ponto onde a rótula está localizada, o momento fletor precisa ser nulo. Essa condição nos permite dispor de duas novas equações: • Momento fletor à direita da rótula nulo: Mdir r, = 0 . • Momento fletor à esquerda da rótula nulo: Mesq r, = 0 . Entretanto, em uma estrutura em equilíbrio, as forças agindo à direita de um ponto precisam ser iguais e opostas às forças agindo à esquerda. Isso equivale a dizer que M Mdir r esq r, ,= , assim, embora a rótula adicione duas equações (Mdir r, = 0 e Mesq r, = 0 ), uma delas é dependente da outra. Ou seja, na prática, temos apenas uma equação nova (Mr = 0 ) (KASSIMALI, 2015). Esse mesmo raciocínio se aplica a pórticos: se tivermos três barras se encontrando em uma rótula (Figura 10), teríamos três equações de Mr = 0 . No entanto, teremos novamente uma das equa- ções linearmente dependente das demais, pois o somatório dos momentos no nó precisa ser nulo (M M M Mdir r esq r abx r acim r, , , ,+ + + = 0 ). O número de novas equações será sempre o número de barras subtraído de 1, referente ao equilíbrio do nó. 23 UNIDADE 1 r n r = −1 Em que: • r é o número de equações adicionadas pela rótula. • nr é o número de barras efetivamente ligadas à rótula. Caso nem todas as barras participem da ligação rotulada, a regra explicada anteriormente se aplica apenas às barras que estiverem conectadas à rótula, pois, na região em que estiver conectada — não rotulada —, não teremos momento fletor nulo, conforme mostra a Figura 10. (1.5) Figura 9 - Rótula em Pórticos, barras conectas à rótula / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura mostra dois pórticos com rótulas ligeiramente diferentes. Eles têm um engaste à esquerda, um apoio do primeiro gênero ao centro e um engaste à direta. Na situação 1, à esquerda, temos uma rótula que fica posicionada à direita do nó, enquanto no pórtico da direita, na situação 2, a rótula está sobre o nó. Neste nó, chegam três barras, de tal forma que, na situação 1, apenas duas delas estão em contato com a rótula, enquanto, na situação 2, as três estão em contato com a rótula. Essa situação é exemplificada por um detalhe na rótula: na situação 1, é possível observar que duas barras se deformam conjuntamente, enquanto, na situação 2, as três barras podem rotacionar livremente, independentemente das outras. Considerando os efeitos de hiperestaticidade externa, expressos na equa- ção , efeitos de hiperestaticidade interna, expressos na equação , e equa- ções extras adicionadas pelas rótulas, expressas na equação , temos a equação geral , que exprime o grau de hiperestaticidade total da estrutura: 24 UNICESUMAR g R g E r int = + − +( ) Em que: • R é o número de reações. • gint é o grau de hiperestaticidadeinterna da estrutura. • E é o número de equações da estática. • r é o número de equações de equilíbrio adicionadas pelas rótulas. Já em treliças planas, a análise de estaticidade envolve outras condições de contorno, pois não temos momentos fletores agindo sobre a estrutura, apenas esforços normais. Nesse cenário, cada barra da treliça terá uma incógnita, seu esforço normal. Além dos esforços nas barras, também precisamos determinar as reações de apoio. Kassimali (2015) sugere que, para avaliar o equilíbrio das barras e dos vínculos, devemos avaliar as forças agindo sobre cada nó, de tal forma que, se ΣFh = 0 e ΣFv = 0 , o nó deve estar em equilíbrio. Assim, teremos duas equações de equilíbrio por nó. A Figura 11 exemplifica o conceito. (1.6) Figura 10 - Equilíbrio dos nós em uma treliça plana / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a imagem representa uma treliça do tipo Bowstring — banzo inferior horizontal e banzo superior em arco — sob dois apoios. A treliça tem, ao todo, 12 nós. Como cada nó tem uma rótula, o equilíbrio da treliça se dá pelo equi- líbrio de cada nó. Na imagem, temos, então, as equações de equilíbrio para cada nó, bem como as forças agindo sobre eles. 25 UNIDADE 1 Comparando as incógnitas — reações de apoio e esforço normal em cada barra — com as equações de equi- líbrio (ΣFh = 0 e ΣFv = 0 em cada nó), temos a equação do grau de hiperestaticidade de uma treliça. g R b n= + − ( )2 Em que: • R é o número de reações. • b é o número de barras. • n é o número de nós. Se a equação resultar em um valor negativo, temos mais equações do que reações, portanto, um sistema hipostático. Se a equação resultar em um valor nulo, temos exatamente o mesmo número de reações e equações, portanto, um sistema isostático. Se a equação resultar em um valor positivo, temos mais reações do que equações de equilíbrio, portanto, um sistema hiperestático. (1.7) Figura 11 - Resumo das condições de estaticidade / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a imagem apresenta dois quadros resumindo as condições de estaticidade. À esquerda, temos a regra geral, comparando o número de equações de equilíbrio — representado por E — e o número de reações — repre- sentado por R. Caso R>E, temos uma estrutura hiperestática; caso R=E, temos uma estrutura isostática; e caso R<E, temos uma estrutura hipostática. No quadro à esquerda, temos um resumo das equações já apresentadas: para vigas e pórticos, usamos a equação (1.6) e, para treliças planas, a equação (1.7). Será que essas equações conseguem descrever o comportamento de todas as estruturas? Muitas vezes, temos situações que precisam ser analisadas com mais cautela. Por isso, para sua formação, é muito mais importante entender os conceitos e desenvolver um olhar crítico para o comportamento estrutural do que aplicar fórmulas cegamente. Agora, aplicaremos esses conceitos a alguns exemplos e tentaremos avaliar o comportamento e grau de estaticidade das estruturas. Observe a Figura 13. Temos, nela, três pórticos de comportamentos estruturais distintos. O pórtico 1 tem uma reação vertical em A e uma reação vertical em B, assim duas incógnitas frente 26 UNICESUMAR a três equações de equilíbrio, portanto, consideramos como hipostático. Ainda com relação ao pórtico 1, é possível observar que, caso ele receba um carregamento horizontal, a estrutura deve se movimentar. O pórtico 2, por sua vez, tem duas reações em A e uma reação em B, totalizando três reações de apoio frente a três equações de equilíbrio, temos uma estrutura isostática. O pórtico 3 tem duas rea- ções de apoio em A e três reações de apoio em B, totalizando cinco reações frente a 3 equações de equilíbrio. Assim, o pórtico 3 é uma estrutura considerada ( )g = − =5 3 2 duas vezes hiperestática, isto é, existem duas reações “a mais” do que o necessário para equilibrar o pórtico. Figura 12 - Três pórticos de diferentes graus de estaticidade / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: temos três pórticos apresentados: à esquerda, o pórtico 1; ao centro, o pórtico 2; e à direita, o pór- tico 3. O pórtico 1 tem apenas reações verticais em seus dois apoios, A e B. O pórtico 2 tem duas reações em A — vertical e horizontal — e uma reação em B — vertical. O pórtico 3 tem duas reações em A — vertical e horizontal — e três reações em B — vertical, horizontal e rotação. Abaixo de cada pórtico, temos a classificação de cada um quanto à sua estaticidade: pórtico 1 é hipostático; pórtico 2 é isostático; pórtico 3 é hiperestático.. Na Figura 14, temos outros exemplos do grau de estaticidade de estruturas. Na viga 1, temos cinco reações de apoio frente a três equações de equilíbrio e uma equação referente à rótula, portanto, é uma estrutura uma vez hiperestática. No arco 1, temos três apoios, cada um com duas reações, totalizando seis incógnitas. Quanto às equações, temos duas rótulas e as três da estática, portanto, cinco equações ao todo, assim, caracterizamos a estrutura como hiperestática. No pórtico 1, temos seis reações de apoio frente a três equações de equilíbrio. Como a rótula é compartilhada pelas três barras, temos duas equações que também podem ser consideradas no cálculo, ficam, então, seis reações frente a cinco equações, portanto, é uma estrutura uma vez hiperestática. Na treliça 1, temos 31 barras, e cada barra tem uma incógnita que é seu esforço normal, além das quatro reações de apoio. Temos, ainda, 16 nós, considerando duas equações por nó, teremos uma estrutura com três graus de hiperestaticidade. É possível observar a hiperestaticidade nos quadros que têm duas diagonais (dois graus) e no apoio extra (um grau). No pórtico 2, temos oito reações de apoio frente a três equações de equilíbrio e duas equações das rótulas, totalizando três graus de hiperestaticidade para a estrutura. 27 UNIDADE 1 Figura 13 - Outros exemplos de grau de hiperestaticidade das estruturas / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: na figura, temos cinco esquemas estático de estruturas. A viga 1 tem três apoios do primeiro gênero e um apoio do segundo gênero; entre o primeiro e segundo apoio, temos uma rótula, logo abaixo, temos a conta para obtenção do grau de hiperestaticidade: g = 5-(3+1) = 1 vez hiperestática. À direita da viga, temos os arcos 1, são dois arcos triarticulados justapostos; suas rótulas estão posicionadas nos pontos centrais do arco. Os apoios são do segundo gênero; abaixo, temos o cálculo do grau de estaticidade: g = 6-(3+2) = 1 vez hiperestática. Abaixo, temos dois pórticos, o pórtico 1 apresenta duas barras verticais — como pilares —, uma barra horizontal e duas barras inclinadas — como uma cobertura. Esse pórtico tem um apoio do terceiro gênero — primeiro pilar —, um apoio do primeiro gênero — segundo pilar — e um apoio do segundo gênero conectado por uma barra horizontal e uma rótula que engloba três barras. Temos, ainda, o cálculo do grau de hiperestaticidade: g = 6-(3+2) = 1 vez hiperestática. À direita, temos o pórtico 2, composto por três barras verticais e duas barras horizontais. Esse pórtico tem dois engastes nas barras verticais externas e um apoio do segundo gênero na barra central; as barras verticais conectam os topos das horizontais, e, no final da barra central, temos uma rótula que engloba três barras. Abaixo, temos o cálculo do grau de hiperestaticidade da estrutura: g = 3+2+3-(3+2) = 3 vezes hiperestática. A treliça 1, abaixo dos demais esquemas, tem dois apoios do primeiro gênero e um apoio do segundo gênero. Trata-se de uma treliça de banzos paralelos, cujas extremidades terminam em barras diagonais, no sentido de baixo para cima, todos módulos têm um montante e uma diagonal, com exceção de dois módulos próximos ao apoio do segundo gênero, nos quais temos duas diagonais. Abaixo, temos o cálculo do grau de hiperestaticidade: g = 31 barras + 4 reações de apoio - 2 vezes 16 nós = 3 vezes hiperestática. A aplicação das equações para a obtenção do grau de hiperestaticidade pode mascarar o comportamento real da estrutura.Por isso, é muito importante avaliar o comportamento da estrutura, além do resul- tado das contas. Por exemplo, no pórtico 1 da Figura 15, temos uma estrutura oito vezes hiperestática na vertical e sem restrição alguma na horizontal, isto é, hipostática. Ao avaliar as vigas 1 e 2 da Figura 28 UNICESUMAR 15, ambas são duas vezes hiperestáticas, no entanto, o trecho AB da viga 2 está livre para rotacionar, assim, é localmente hipostático. Outra situação interessante é a viga 3, em que temos quatro reações de apoio (três horizontais e uma vertical), mas a configuração desses apoios permite que a estrutura rotacione ao redor do ponto B, portanto, estamos diante de uma estrutura hipostática. Figura 14 - Exemplo de estruturas hipostáticas que demandam atenção; as linhas em azul claro mostram possíveis movimen- tações que não estão restringidas pela estrutura / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura mostra cinco estruturas distintas, três vigas, um pórtico e uma treliça. A viga 1 e a viga 2 estão no canto esquerdo superior da figura; ambas têm um apoio do segundo gênero — ponto A na viga 1 e ponto E na viga 2 —, um apoio do primeiro gênero — ponto C —, um engaste — ponto D, extremidade direita — e uma rótula — ponto B —, ao todo, 2+1+3 = 6 reações. A única diferença entre as vigas é a posição do apoio do segundo gênero: na viga 1, o apoio está no ponto A, assim, a rótula fica entre os apoios A e C, dando suporte ao trecho AB. Já na viga 2, o apoio está no ponto E, assim, a rótula fica em balanço, e o trecho AB fica sem apoio, permitindo que haja rotação representada por uma linha azul pontilhada. Embaixo de cada viga, temos o cálculo da estaticidade: g = 6-(3+1) = 2, embora a viga 1 seja hiperestática, a viga 2 é hipostática. Na viga 3, na extremidade inferior esquerda da figura, temos uma viga ABC, sendo que temos um apoio do segundo gênero no ponto B e dois apoios do primeiro gênero em A e C. Os apoios do primeiro gênero estão rotacionados a -90° e 90°, de tal forma que restringem apenas deslocamentos horizontais. Nessa configuração, os apoios não conseguem restringir a rotação da barra, representada por uma linha azul pontilhada. A figura ainda mostra o cálculo do grau de hiperestaticidade, embora g = 4-3 = 1, é uma estrutura hipostática. À direita, temos o pórtico 1, que tem cinco pilares — barras verticais — e duas vigas; a viga superior liga a cabeça de todos os pilares, enquanto a viga inferior conecta pontos intermediários dos três pilares centrais, assim, temos a formação de dois quadros. Todos os pilares se apoiam em apoios do primeiro gênero. Temos o cálculo da estaticidade: g = 5+6-3 = 8, mas como não há nenhuma restrição horizontal na estrutura, é considerada como hipostática. A figura mostra, ainda, a treliça 1, apoiada em dois vínculos do segundo gênero, situados nas extremidades. A treliça é composta por um banzo inferior horizontal — seis módulos —, banzo superior central horizontal — dois módulos —, e o banzo superior nas extremidades é inclinado — dois módulos de cada lado. Os módulos centrais (CDEJI e DEKJ) não têm diagonais, enquanto os módulos da extremidade têm duas diagonais (BCIH e EFLK), assim, os módulos centrais são quadros instáveis e podem se deslocar, conforme a linha pontilhada ilustrada em azul. O cálculo da estaticidade é de g = 21 barras - 2 vezes 12 nós + 4 reações de apoio = 1 vez, mas é uma treliça hipostática. 29 UNIDADE 1 Por fim, temos a treliça 1 da Figura 15. Ao analisá-la, teremos 21 barras, 12 nós e quatro reações de apoio, assim, é uma estrutura que poderia ser considerada uma vez hiperestática. No entanto, ao imaginarmos o comportamento dela, podemos observar que não temos travamentos nos quadros CDJI e EDJK: eles podem se movimentar livremente. Observe que os quadros BCHI e EFLK são hiperestáticos e compensam a falta de travamento dos quadros CDJI e EDJK, “escondendo” a hiposestaticidade da estrutura. É importante que você, como futuro(a) engenheiro(a), busque en- tender o comportamento da estrutura. Mais do que calcular os nú- meros em uma fórmula, você é responsável por interpretá-los, dar significado a eles. Nesta pílula de aprendizagem, aplicaremos alguns conceitos já aprendidos sobre grau de hiperestaticidade, trazendo a importância de o(a) engenheiro(a) desenvolver um olhar atento à estrutura, capaz de identificar seu comportamento. Segundo Kassimali (2015), ao avaliarmos um problema estrutural no espaço, temos seis graus de liberdade, isto é, três deslocamentos e três rotações (Figura 16). Assim, para garantir a estabilidade de uma estrutura no espaço, precisamos considerar: Σ Σ Σ Σ Σ Σ Fx Mx Fy My Fz Mz = = = = = = 0 0 0 0 0 0 ; ; ; Nessas condições, temos seis equações de equilíbrio para avaliar a estaticidade da estrutura no espaço. No caso específico de grelhas, não temos cargas atuantes no plano XY, portanto, o problema fica reduzido a: Σ Σ Σ Fv Mx My = = = 0 0 0 De tal maneira que a estaticidade de uma grelha pode ser calculada pelas equações que já foram citadas, considerando, também, três equações de equilibro, embora sejam equações diferentes. Por exemplo, ao analisar a grelha 1 (Figura 16), temos três reações (Mx , My e Fv ) em D e duas reações em E e A (Fve e Fva ), assim, quanto ao grau de hiperestaticidade, teremos g = − =5 3 2 vezes hiperestática. Quanto à grelha 2, teremos três reações em A (Mx , My e Fv ) e uma única reação no apoio de primeiro gênero (Fvd ), portanto, teremos g = − =4 3 1vez hiperestática. (1.8) (1.9) https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6604 30 UNICESUMAR Em treliças espaciais (Figura 16), o processo de cálculo é semelhante ao de treliças planas (Figu- ra 11), ou seja, será verificado o equilíbrio do nó, só que a verificação ocorrerá nas três direções (ΣFx = 0 ; ΣFy = 0 e ΣFz = 0 ), de tal forma que teremos três equações por nó. g R b n= + − 3 Em que: • R é o número de reações. • b é o número de barras. • n é o número de nós. Por exemplo, ao se observar a treliça espacial da Figura 16, notam-se oito reações de apoio, dois apoios do tipo móvel — com reações verticais, em z — e dois apoios do tipo fixo — com restrições a translações na vertical e horizontal, reações em x, y e z. A treliça tem 24 barras, cada uma com um esforço normal, a ser calculado, e tem 10 nós, cada nó com três condições de equilíbrio. Então, o grau de hiperestaticidade da treliça é g = + − = − =8 24 3 10 32 30 2. vezes hiperestática. Figura 15 - Exemplo de estruturas espaciais para análise de hiperestaticidade / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a imagem ilustra três estruturas: a grelha 1 está à esquerda; a grelha 2, ao centro; e uma treliça es- pacial, à direita. As grelhas são estruturas formadas pela associação de vigas no plano horizontal. Na figura, consideramos o plano horizontal como sendo o plano xy. A grelha 1 é formada por duas vigas cruzadas entre si (ACE e BCD), ortogonalmente, temos dois apoios do primeiro gênero e um apoio do terceiro gênero, temos ainda uma carga distribuída na vertical para baixo. Na grelha 2, temos uma viga balcão, em formato de “L”. Esta viga tem um engaste e um apoio do primeiro gênero, ambos suportando uma carga pontual, vertical para baixo, na extremidade da viga. À direita, temos uma treliça espacial, com dois apoios do primeiro gênero e dois apoios do segundo gênero — translações em z, em x e em y —, dispostos em um formato retangular no plano horizontal. Em cada face desse retângulo, temos um módulo de treliça plana, disposta na vertical; no ponto mais alto, os quatro lados são unidos por uma pirâmide. No topo dessa pirâmide, temos uma barra hori- zontal sustentada por outras duas inclinadas, estas barras sustentam uma caga P concentrada vertical para baixo, projetada horizontalmente para fora do corpo da treliça. Temos, então, a treliça espacial representada com 10 nós e com 24 barras. As barras ao fundo estão representadas por linhas pontilhadas, e as próximas estão em linhas cheias.(1.10) 31 UNIDADE 1 Justamente por nossas estruturas estarem dispostas em três dimensões no espaço, é necessário avaliar sua estabilidade nessas condições. Mesmo que um pórtico ou viga seja hiperestática, ao fazer a análise bidimensional, ela pode ser instável lateralmente, isto é, hipostática na direção transversal. Esse efeito também é muito comum em treliças, as quais precisam estar travadas e contraventadas lateralmente para que possam suportar os esforços para os quais foram projetadas, sem que sofram com instabilidades laterais. A Figura 18 mostra uma ponte composta por duas treliças isostáticas planas que Descrição da Imagem: a figura mostra o porto de Hamburgo. É possível observar quatro guindastes marítimos brancos em um plano mais próximo; ao fundo, é possível observar outros dois conjuntos de guindastes, cada um com seis guindastes de coloração vermelha e azul. Ao fundo, é possível observar uma ponte e uma linha de transmissão de eletricidade. Esses guindastes são formados por treliças espaciais de aço, eles podem rotacionar seu braço para fazer o içamento das cargas. No oceano, mas próximo ao cais, temos dois navios, um carregado e outro praticamente vazio, com apenas três containers visíveis. Figura 16 – Porto de Hamburgo, exemplo de treliças espaciais / Fonte: Pixabay (2018, on-line). https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=3082070 32 UNICESUMAR estão contraventadas. O contraventamento é feito nos banzos superiores e inferiores da treliça, para que, quando carregada, ela não se mova lateralmente, perdendo sua resistência concebida no projeto. Figura 17 – Treliças planas isostáticas contraventadas para evitar instabilidade lateral / Fonte: adaptada de Leet et al. (2015). Descrição da Imagem: a figura mostra, esquematicamente, a estrutura de uma ponte metálica. É possível observar duas treliças biapoiadas dispostas na vertical. O tabuleiro está no banzo inferior das treliças e é formado por quatro longarinas, que são vigas dispostas paralelas ao eixo longitudinal da ponte travadas por cinco transversinas — dispostas transversalmente, alinhadas aos nós das treliças. No banzo inferior e superior, temos estruturas de contraventamento destacadas em cor — o restante da figura é preto e branca —, essas estruturas estão em um formato de “X”, conectando os nós da treliça diagonal- mente no plano horizontal, tanto no banzo superior quanto no banzo inferior.. Longarina Contraventamento cruzado da corda inferior, todos os painéis. Treliça Chapa de piso assentada em longarinas não mostradas.Transversinas Balancim Diagonal da treliça Treliça Contraventamento cruzado da corda inferior, todos os painéis. Contraventamento do portal 33 UNIDADE 1 O conceito de contraventamento e estabilidade lateral é válido para todas as estruturas. A análise, o projeto e o dimensionamento podem ser feitos no plano bidimensional, mas é necessário entender o processo construtivo e considerar como a estrutura estará disposta no espaço. O grau de hiperestaticidade de uma estrutura depende da concepção estrutural que o(a) engenheiro(a) teve sobre ela. Como já visto, uma estrutura hipostática é instável e não deve ser projetada, mas as estruturas isostáticas e hiperestáticas são es- táveis. Então, como escolher entre hiperestática e isostática? Para você poder escolher a melhor concepção para a sua estrutura, é fundamental entender as vantagens e desvantagens do uso de cada uma. Em estruturas isostáticas, o processo de cálculo é bem mais simples do que em estruturas hiperestáticas. Antigamente, as contas eram todas realizadas pelo(a) engenheiro(a) calculista, e o processo de cálculo de uma estrutura isostática seria mais rá- pido do que de uma hiperestática. No entanto, hoje em dia, com o uso de computadores, a preocupação com o tempo de cálculo deixou de existir, mas, ainda assim, uma estrutura hiperestática pode ser de interpretação mais complexa, principalmente, para um(a) engenheiro(a) inexperiente. Uma vantagem significativa do uso das estruturas hiperestáticas é a possiblidade de homogeneizar os esforços. Em um projeto es- trutural, grandes esforços significam grande consumo de materiais, então, quando o projetista consegue deixar os valores mais próximos uns dos outros — ao logo da estrutura —, ele tende a economizar material. A Figura 19 mostra o diagrama de momento fletor de uma viga isostática e uma viga hiperestática. Na viga isostática, o valor do momento fletor positivo é muito su- perior ao da viga hiperestática, pois a continuidade da viga permite a homogeneização dos momentos. Outro efeito significativo da continui- dade em estruturas é a redução de suas deformações e deslocamentos. 34 UNICESUMAR Esse efeito ocorre, também, em pórticos, grelhas e treliças, geralmente, estruturas hiperestáticas terão os esforços mais distribuídos entre suas barras e vínculos, de tal forma que sua magnitude tende a ser menor. Contudo, cada caso deve ser analisado separadamente pelo projetista, juntamente com seu carregamento, específico das condições de con- torno do projeto. Assim, em um aspecto geral, quando um projetista estiver com problemas de deformações excessi- vas, ou valores muito grandes de momentos, ele pode optar por aumentar o grau de hiperestaticidade da estrutura. Outra vantagem do uso de estruturas hiperestáticas é a possiblidade de redistribuição dos esforços no caso de falha de algum elemento. Na execução de uma estrutura, nem sempre as cosias ocorrem como planejado, por isso, esse é um ponto muito importante a se considerar. Suponhamos que uma obra foi construída próxima a uma adutora de água. No caso dessa adutora apresentar algum vazamento e comprometer a fundação da residência, os vín- culos da estrutura falhariam. Nesse cenário, uma estrutura isostática entraria em colapso, ao passo que uma estrutura hiperestática pode tentar — em função da sua rigidez e resis- Figura 18 - Otimização dos momentos com a continuidade da viga, a hiperestaticidade da estrutura permite que ela apresente menores deformações e menores momentos máximos quando comparada à viga isostática / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura mostra o diagrama de momento fletor de duas vigas horizontas, as vigas têm quatro vãos e cinco apoios. A viga mostrada acima é isostática e descontínua, portanto, o diagrama de momento fletor é apenas positivo, representado para baixo, de formato parabólico, de diferentes intensidades. A viga abaixo é hiperestática, com continuidade, assim, apresenta picos de momentos negativos sobre os apoios centrais, representados para cima, com isso, os valores de momento negativo, representados para baixo, são menores em comparação à viga anterior. 35 UNIDADE 1 tência disponível — redistribuir os esforços para outros apoios que não foram comprometidos. Existem outros diversos cenários que podem ocorrer, por exemplo, a excentricidade na execução dos pilares e das fundações, colisões, falhas de concretagem, recalques do solo, excesso de sobrecarga, enfim são diversas situações que podem provocar o colapso da estrutura. No caso de uma estrutura hiperestática, ainda que a estrutura venha a romper, espera-se que seja com deformações mais lentas — capazes de serem visualizadas antes do colapso — e de menor magnitude. Por fim, a principal vantagem de estruturas isostáticas é a possibilidade de pré-fabricação. Esse tipo de concepção estrutural é adequado para pré-fabricados e estruturas metálicas, isto é, estruturas montadas no local. São estruturas de execução muito rápida, e a conexão entre os elementos é feita de maneira a simplificar a montagem, por isso, costumam ser isostáticas. Geralmente, as estruturas hiperestáticas são usadas para estruturas moldadas in loco, processo executivo mais lento, mas que garante a solidarização da estrutura. Existem ligações de pré-moldados e pré-fabricados que garantem a continuidade das estruturas, massão ligações que costumam demorar mais tempo para ser executadas e, dessa maneira, acabam perdendo a vantagem competitiva desses sistemas construtivos. Entretanto, é evidente que cada obra precisa de uma avaliação minuciosa para avaliar qual sistema construtivo e concepção estrutural é mais adequada. A Tabela 1 traz um quadro comparativo do uso de estruturas isostáticas e hiperestáticas. ISOSTÁTICAS HIPERESTÁTICAS Processo de cálculo Simples Complexo Deformações Maiores Menores Redistribuição dos esforços em caso de falhas Não permite Permite Continuidade e homogeneização dos esforços (pro- vável economia) Pode permitir (geralmente, não) Permite Pré-fabricação Permite Pode permitir (geralmente, não) Tabela 1 - Comparativo do uso de estruturas isostáticas e hiperestáticas / Fonte: o autor. Como a estaticidade da estrutura influencia na concepção e decisões do projeto estrutural? Em um escritório de projetos, como o(a) enge- nheiro(a) utiliza esses conceitos a fim de conceber a melhor estrutu- ra? Quais são as considerações mais importantes ao se utilizar um software de projeto estrutural? Confira o podcast intitulado Estrutu- ras hiperestáticas e isostáticas no dia a dia do projeto estrutural para entender um pouco mais desse assunto. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6605 36 UNICESUMAR Os conceitos de grau de hiperesta- ticidade e estabilidade são funda- mentais na formação de qualquer engenheiro(a). Mesmo aqueles que optam por se especializar na execu- ção de obra precisam ter a capaci- dade de olhar para uma estrutura e visualizar seu comportamento. Esse conceito não se aplica apenas às es- truturas de concreto, definitivas, mas também é aplicado à montagem de andaimes, ao transporte vertical de cargas, às treliças da grua, ou seja, às estruturas provisórias. Aqueles que optam por trabalhar com projetos, muitas vezes, traba- lham muito com softwares moder- nos e tendem a confiar neles. Se o(a) engenheiro(a) negligenciar os conceitos básicos de estabilidade na modelagem de uma estrutura, pode incorrer em erros, que, muitas vezes, não são apontados pelos softwares. Para tanto, você, como engenhei- ro(a), precisa olhar para a estrutura perguntando como ela se comportará. O cálculo do grau de hiperestaticida- de é um grande aliado, pois permite, com uma conta simples, categorizar o tipo de comportamento da estrutura. Procure sempre avaliar as condições de vinculação da estrutura, seja du- rante a modelagem dos apoios de um projeto ou durante a fixação de um parabolt. O(A) engenheiro(a) precisa visualizar como será a transmissão dos esforços entre os elementos. 37 Nesta unidade, conversamos sobre diversos aspectos de estruturas hiperestáticas. Você viu como analisar e avaliar a estabilidade de uma estrutura. Aprendeu as diferenças nos comportamentos de estruturas hiperestáticas e isostáticas e em quais situações cada uma se adequa melhor. Conheceu o conceito de grau de hiperestaticidade e como aplicá-lo em vigas, pórticos e treliças, considerando rótulas e estaticidades internas. Esses conteúdos expandiram seu conhecimento sobre estruturas, e, a fim de fixá-los à sua baga- gem conceitual, fomentando sua formação profissional, sugiro que você faça um mapa mental resumindo os assuntos aqui estudados, relembrando e descrevendo cada detalhe já apresentado. 38 1. Complete as lacunas da conceituação a seguir. Estruturas ______________ são aquelas que apresentam a mesma quantida- de de __________ necessárias ao equilíbrio, isto é, o número de incógnitas é __________________ ao número de equações de equilíbrio. a) Hiperestática, forças, maior. b) Hipostática, forças, maior. c) Isostáticas, reações, igual. d) Isostática, reações, menor. e) Pseudostática, reações, aparentemente igual. 2. Determine o grau de hiperestaticidade do pórtico a seguir. Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura mostra um pórtico composto por dois pilares que nascem em apoios do segundo gênero, pontos A e B. O pilar que nasce no ponto A tem 4 m de comprimento, enquanto o pilar que nasce no ponto B é mais curto, com 2 metros. O ponto B está 2 metros acima do ponto A, assim, a barra que conecta esses pilares está disposta horizontalmente. A barra horizontal tem um pequeno balanço para o lado esquerdo, e, para o lado direito, é continua ao pilar. Logo à direita da conexão viga ao pilar, temos uma rótula, conectando uma barra hori- zontal a outro apoio do segundo gênero. Temos, ainda, um carregamento distribuído vertical para baixo, aplicado na viga até a rótula, e um carregamento vertical para cima de carga concentrada entre a rótula e o outro apoio. 39 a) -1. b) 0. c) 1. d) 2. e) 3. 3. Treliças se constituem por barras vinculadas umas às outras por rótulas, resultando em uma estrutura de grande eficiência estrutural por trabalhar apenas a compressão. Assinale a alternativa que apresenta o valor correto da estaticidade da treliça da figura. Fonte: o autor. Descrição da Imagem: na figura, temos uma treliça com um apoio do segundo gênero — lado esquerdo — e outro do primeiro gênero — lado direito. A treliça tem o banzo inferior disposto horizontalmente, enquanto os banzos superiores têm trechos horizontais — centro — inclinados — 1/3 do vão — e quase horizontais próximos aos apoios. Ao todo, são cinco módulos, apenas o módulo central é composto por uma diagonal dupla, totalizando 22 barras e 12 nós. a) g = -1 hipostática. b) g = 0 isostática. c) g = 2 hiperestática. d) g = 0 hipostática. e) g = 1 hiperestática. 40 4. Os pórticos são sistemas estruturais obtidos pela conexão rígida entre vigas e pilares. São estruturas utilizadas para combater esforços horizontais e verticais. A respeito dos pórticos hiperestáticos, avalie o comportamento dos pórticos 1 e 2 ilustrados a seguir. Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura mostra dois pórticos: 1 — à esquerda — e 2 — à direita. Os pórticos são pratica- mente idênticos, a única distinção entre eles é a posição da rótula. A nomenclatura dos nós segue da esquerda para direita, de cima para baixo. O pórtico é composto por duas vigas — barras horizontais —, sendo que a viga superior (ABC) está deslocada à esquerda da viga inferior (DEF), e por dois pilares — barras verticais —, sendo que um deles (EC) nasce na viga inferior, e outro (GDB) nasce em um apoio de segundo gênero (G). A viga inferior se apoia em um dos pilares (D) e em um engaste (F), deslocado à direita do pilar que nasce na viga. Forma-se, também, um quadro BCDE. No pórtico 1, a rótula está na junção do pilar da esquerda com a viga superior (B), ligando três barras — uma delas em balanço. No pórtico 2, a rótula está na junção da viga inferior com um pilar que nasce na viga (E), ligando três barras — uma delas apoiada no engaste. Ambos os pórticos são hiperestáticos e apresentam mesmo grau de hiperestaticidade pelas formulações, no entanto, um deles apresenta um trecho que, localmente, é hipos- tático. Assinale a alternativa que apresenta corretamente o grau de hiperestaticidade dos pórticos e a explicação sobre qual trecho é considerado hipostático. a) 2. O pórtico 2 é hipostático, pois o quadro BCDE pode se abrir em função das solici- tações. b) 2. O trecho AB do pórtico 1 é hipostático, pois pode rotacionar livremente em reação ao ponto B. c) 3. A afirmação é equivocada, ambos pórticos são hiperestáticos em todas as regiões. d) 3. O trecho EF do pórtico 2 é hipostático, pois o engaste em F impede a rotação do quadro BCDE. e) 3. O trecho AB do pórtico 1 é hipostático, pois pode rotacionar livremente em reação ao ponto B. 41 5. Trabalhando no controle de qualidade de projeto, você foi convidado(a) a avaliar um proje- to estrutural de uma residência unifamiliar. Retirou-se um trecho desse projeto, que está representado na figura a seguir. A viga V4 tem seção de 12x30 e atravessa a residência de fora a fora. Entre os eixos E e F, o projetista previu um rebaixo de 30 cm na viga (12x30 r30),justamente para passagem do esgoto sanitário e do pluvial. Esse desnível quebra a conti- nuidade da viga e não permite a passagem de momentos fletores dos trechos DE para EF. Os demais trechos (BC, CD, DE) são contínuos entre si — permite a passagem de momentos. Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura mostra a planta de formas de baldrames e blocos de uma residência. Temos seis eixos verticais (A, B, C, D, E, F) e apenas um eixo horizontal (não nomeado), o qual coincide com a viga V4. A viga V4 — seção 12x30, linhas pretas cheias —, disposta horizontalmente, vai do eixo B ao eixo F, apoiada no pilar P8, P9, P10, P11 e P12 — retângulos em linhas vermelhas, coincidentes com os eixos. A figura mostra um rebaixamento para a viga V4 — seção 12x30 r30, linhas pontilhadas — entre os eixos E (pilar P11) e F (pilar P12), onde é possível notar a passagem do esgoto pluvial e sanitário, representados por verticais linhas pontilhadas em azul e verde. É possível observar blocos de fundação em cada pilar, representados por linhas pretas de menor espessura. A figura registra, ainda, cotas das formas em diversos pontos de interesse. Considerando que apenas o pilar P8 consegue restringir movimentos verticais e horizon- tais, enquanto os demais restringem apenas movimentos verticais, e desconsiderando eventuais transmissões de momento entre vigas e pilares, pede que se faça o esquema estático da viga para avaliar as afirmações a seguir. I) A viga é hipostática, pois não é capaz de suportar esforços horizontais, uma vez que não tem restrições. II) A viga é hiperestática duas vezes, sendo que essa solução ajuda a homogeneizar os momentos e economizar no detalhamento dela. III) A viga é hiperestática três vezes, sendo que essa solução ajuda a homogeneizar os momentos e economizar no detalhamento dela. IV) Embora seja hiperestática, localmente, o trecho EF é isostático. 42 Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): a) Está correta a afirmativa I. b) Está correta a afirmativa II. c) Estão corretas as afirmativas II e IV. d) Estão corretas as afirmativas III e IV. e) Estão corretas as afirmativas I, II e IV. 6. Imagine que, em uma conversa informal, seu amigo Eng. João, que estava executando uma obra, pediu-lhe um conselho. João explicou para você que, embora ele já houvesse contratado projeto estrutural e geotécnico, ele encontrou muitos problemas de recal- que nas edificações vizinhas. Com medo do comportamento do solo da região, ele está procurando soluções que possam minimizar eventuais danos no caso de as fundações falharem. Aponte para seu colega quais soluções estruturais podem ser adotadas nessa situação, indique quais termos e soluções ele deve solicitar ao projetista. 2 Nesta segunda unidade, você aprenderá sobre os princípios e teo- remas básicos que utilizamos para resolver estruturas hiperestá- ticas. Conheceremos o Princípio dos Trabalhos Virtuais que, pela conservação de energia, permite que calculemos a deformação de uma estrutura. Conheceremos, também, o Teorema de Castigliano e o Princípio da Superposição dos Efeitos. Você entenderá a apli- cabilidade e limitação desses métodos para solução de estruturas. Aplicaremos a superposição dos efeitos e as condições de compati- bilidade para a resolução de estruturas hiperestáticas. Por fim, esse conteúdo é a base conceitual para os Métodos dos Deslocamentos e o Método das Forças, que usamos na solução de estruturas, assim, é importante que você acompanhe os conceitos ministrados nesta unidade. Espero que aproveite. Bons estudos! Teoremas e Princípios Me. Gabriel Trindade Caviglione 44 UNICESUMAR Você já se perguntou como uma estrutura hiperestá- tica se comporta? Quais são suas deformações? Qual é a distribuição dos esforços e das reações dentro de um edifício? Como podemos calcular as reações de apoio se a estrutura é hiperestática? Quais são os princípios gerais que regem as estruturas? Para garantir a segurança de uma estrutura, é necessário entender seu comportamento e calcu- lar seus esforços corretamente. Para um(a) enge- nheiro(a) projetar uma estrutura corretamente, ele(a) precisa ser capaz de determinar os esforços críticos em cada elemento estrutural. Para entender esses conceitos, quero convidá- -lo(a) a acompanhar uma situação hipotética. Ima- gine que você e Aline ajudarão João a transportar sua mudança. Eles precisam carregar uma mesa muito comprida e pesada. Você, que não queria nem ajudar, começa a refletir: em que ponto eu devo me posicionar para carregar menos peso? Tentemos responder essa pergunta com outras novas perguntas e algumas reflexões. A distribui- ção do carregamento depende exatamente do quê? • Da força de cada pessoa? • Da posição em que cada pessoa se encontra? • Da rigidez e deformações da mesa? Como podemos resolver esse problema? Quais conceitos de teoria das estruturas podem ser apli- cados nessa história? De início, faremos o diagrama de corpo livre da mesa, investigando seu comportamento estru- tural. Ao observar a Figura 1, podemos perceber que não é possível determinar a força que cada pessoa exerce, pois temos uma reação sobrando. No caso em que a mesa é carregada por apenas duas pessoas, é fácil observar que cada uma car- regaria metade do peso. No caso de duas pessoas carregarem a mesa, e uma delas não ter força su- 45 UNIDADE 2 ficiente para suportá-la, a mesa viria ao chão. Já quando temos três pessoas carregando a mesa, caso um dos amigos não consiga suportar o carregamento, ele pode simplesmente aliviar a força exercida, e, automaticamente, outra pessoa acabará sobrecarregada. Se a mesa for constituída de um tampo muito fino, flexível, ele pode se deformar e não ser capaz de redistribuir o esforço ou, até mesmo, romper. Com isso, conseguimos observar que, no caso de uma mesa sendo carregada, a carga de cada pessoa depende da força de cada pessoa e da rigidez da mesa. Analogamente, em uma estrutura hiperestática, a reação de apoio depende da rigidez do apoio-viga. Figura 1 – Transporte de uma mesa com três pessoas, situação análoga a uma viga hiperestática com carregamento distri- buído / Fonte: o autor Descrição da Imagem: a figura mostra duas situações em que se carrega uma mesa. À esquerda, com apenas duas pessoas posicionadas nos pontos A e C, a mesa se comporta como uma viga biapoiada, que está representada exatamente abaixo. Como a mesa está biapoiada, o peso dela deve se dividir igualmente entre as duas reações de apoio. Já na situação à esquerda, temos três pessoas carregando a mesa nas posições A, B (ao centro) e C. Analogamente, embaixo, temos a representação de uma viga contínua com três apoios. Nessa situação, qual seria a distribuição de cargas para cada reação? Outra consideração importante é a posição em que cada pessoa está, isto é, a distância entre elas. Caso a pessoa do centro, na posição B, esteja mais deslocada à esquerda, ela aliviará a pessoa em A e carregará a pessoa em C e vice-versa. Dessa forma, é possível perceber que, naturalmente, o apoio central ficará mais carregado. Agora que sabemos que as reações dependem da distância, da força de cada um e da rigidez da mesa, podemos apresentar uma solução conceitualmente. Para avaliarmos o valor de carga de cada pessoa, poderíamos remover a pessoa em B, deixando a viga biapoiada, o que causaria uma deformação na mesa no ponto B para baixo. Então, avaliemos o quanto de força a pessoa precisa fazer em B para ter uma deformação para cima, de tal forma que a soma das deformações seja nula. Ao combinarmos essas duas situações, teríamos uma situação análoga à inicial com três amigos carregando uma mesa, porém conhecendo a força em B, dessa maneira, é possível calcular a força feita pelos demais amigos. Usando o seu Diário de Bordo, procure descrever, matematicamente, os conceitos que foram citados anteriormente. Como podemos calcular a deformação no centro da viga? Você se lembra da 46 UNICESUMAR equação diferencialda elástica? Qual é o valor da deformação no centro? Qual força pontual causaria a mesma deformação, mas com sentido oposto? Sugiro que faça desenhos e esquemas mostrando os conceitos e ideias envolvidas no cálculo. Figura 2 - Resumo do conteúdo revisto / Fonte: o autor. Descrição da Imagem:a figura mostra um resumo do conteudo. Inicia-se com um questionamento: “Como calcular reações em hiperestáticas?” (grifado em azul, com texto em negrito), que é encaminhado por uma seta à classificação de estaticidade: hipostática, isostática e hiperestática (grifado em azul). Com uma outra seta, indica-se que faltam equações em estruturas hipe- restáticas. O que remete à nova pergunta: “Como conseguir mais?” (sublinhado e grifado em amarelo). Abaixo, temos uma viga com 4 apoios e uma articulação Gerber. Encaminha-se para “Garantindo que as deformações nos apoios sejam nulas”, o que pode ser resolvido pelo principio dos trabalhos virutais, pela equação diferencial da elástica ou por resistência dos materiais. 47 UNIDADE 2 Um dos princípios mais úteis para a solução de estruturas é o Princípio da Superposição dos Efeitos (BEER; JONHSTON, 2011). Esse princípio é válido para as condições da viga de Euller-Bernoulli, isto é, no campo das pequenas deformações, nas quais as seções permanecem planas após as deformações (Figura 3). Nessa situação, que é comum na grande maioria das estruturas que analisamos na Enge- nharia Civil, os efeitos das ações sobre as estruturas podem ser somados separadamente. Figura 3 – Seções permanecem planas após as deformações: (a) Antes das deformações; (b) Depois das deformações / Fonte: Beer e Jonhston (2011, p. 158, p. 234). Descrição da Imagem: a figura mostra duas vigas, antes (situação a) e depois da aplicação das forças (situação b). A primeira viga é ilustrada por uma vista lateral e uma rede quadriculada, representando a situação antes das forças aplicadas. Ao serem aplicados momentos M e M’ nas extremidades direita e esqueda do elemento, ocorre rotação das seções ao redor de um ponto C, situado acima da viga. A rede quadriculada passa a representar setores de arco, com encurtamento nas fibras superiores e alongamento nas inferiores, mas, ainda assim, as seções permanecem planas — apenas rotacionadas ao redor do ponto C. A segunda viga tem um formato cilíndrico, e sua ilustração é tridimensional. Temos uma rede quadriculada ao longo da superficie desse cilindro. Na situação (b), temos a aplicação de momentos torsores T e T’ nas extremidades direita e equerda do elemento, então, acontece a rotação das seções, ocorrendo distorção nos elmentos quadriculados, mas, ainda assim, as seções permanecem planas — apenas rotacionadas ao redor do centro da peça. Leet et al. (2009, p. 198) apontam que o Princípio da Superposição dos Efeitos determina: “ Se uma estrutura se comporta de maneira linearmente elástica, a força ou o desloca- mento em um ponto específico produzido por um conjunto de cargas atuando simul- taneamente pode ser avaliado pela soma (superposição) das forças ou deslocamentos no ponto específico, produzidos por cada carga do conjunto atuando individualmente. 48 UNICESUMAR De uma maneira simplista, talvez até imprecisa, podemos dizer que a soma dos efeitos é igual às ações dos efeitos somadas independentes, como a propriedade comutativa e associativa na Matemática. Isso se torna especialmente interessante quando analisamos estruturas complexas, pois podemos dividi-las em estruturas mais simples. Ou seja, podemos sobrepor uma série de análises simples para resolver uma situação mais complexa. Figura 4 – Princípio da Superposição dos Efeitos / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: na figura, temos uma adição, de tal forma que a viga 1 somada à viga 2 é igual à viga 3. A viga 1 tem um apoio do tipo engaste à sua esquerda e uma carga P concentrada aplicada à direta, próxima à extremidade livre. A viga 2 tem um apoio do tipo engaste à sua esquerda e uma carga q distribuída ao longo do comprimento da viga até a extremidade livre. A viga 3 é composta pela soma de ambas as vigas anteriores, isto é, ela é engastada e livre com uma carga distribuída q ao longo de seu comprimento e uma carga P concentrada, próxima à extremidade livre. Evidencia-se a aplicação do Princípio da Superposição dos Efeitos. Já que os efeitos podem ser somados, é pos- sível calcular estruturas somando os efeitos de cada carregamento separadamente, bas- ta compor a estrutura em função da super- posição de estruturas mais simples. Isso se torna especialmente interessante quando temos estruturas simples e comuns já re- solvidas, como as vigas notáveis. As vigas notáveis são vigas com condi- ções de carregamento e geometria que cos- tumam se repetir frequentemente. Por serem vigas frequentes, muitos(as) engenheiros(as) costumam memorizar fórmulas para resol- ver estruturas desse tipo. Existem tabelas mais completas que trazem diversos tipos de carregamento, mas, na grande maioria dos casos, temos vigas biapoiadas e engastadas e livres, com cargas distribuídas e concentra- das, conforme a Figura 5. A fórmula permite que a resolução da viga seja mais ágil, sob condições de contorno bem definidas. 49 UNIDADE 2 Consideremos a viga biapoiada com balanço da Figura 6. Sabendo que essa viga é isostática, como você faria para descobrir o momento fletor positivo no centro do vão? A solução inicial seria calcular suas reações de apoio e, então, descobrir os esforços na estrutura pelo método dos pontos ou das seções. Porém, usando o Princípio da Superposição dos Efeitos, é possível resolvê-la de uma maneira mais prática. Nós podemos observar que essa viga é uma composição de um trecho biapoiado (AB) e outro engastado e livre (BC), ambos com carga distribuída. Figura 5 – Vigas notáveis que são muito comuns e se repetem com frequência / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura mostra quatro quadros, cada um com uma viga notável. Da esquerda para a direita, descreve-se: o primeiro quadro se refere a uma viga engastada e livre, com uma carga pontual P na extremidade, nessa situação, a reação de apoio Ra será igual a P, e o momento será dado por P vezes o comprimento L. No segundo quadro, tem-se uma viga engastada e livre, com uma carga distribuída q ao longo do seu comprimento, nessa situação, a reação de apoio Ra será igual a q multiplicado pelo comprimento L, e o momento será dado por q vezes o quadrado do comprimento L dividido por 2. No terceiro quadro, temos uma viga biapoiada com uma carga concentrada P, distante a do apoio “A” e b do apoio “B”. Nessa situação, a reação em a RA será dada por P multiplicado pela distância b dividido pelo comprimento L; e a reação em b Rb será dada por P multiplicado pela distância a dividido pelo comprimento L. Ainda referente ao terceiro quadro, o momento máximo será dado por P vezes a vezes b dividido pelo comprimento L. No quarto e último quadro, temos uma viga biapoiada com carga distribuída q ao longo do comprimento L, nessa situação, as reações de apoio em A e B são iguais e têm valor de q multiplicado pelo comprimento da viga dividido por 2. O momento máximo é dado por q vezes o quadrado do comprimento L dividido por 8. 50 UNICESUMAR Figura 6 – Exemplo de aplicação do Princípio de Superposição dos Efeitos. Obtenção do momento em determinado ponto da estrutura sem a necessidade do cálculo das reações de apoio por meio da superposição dos efeitos de vigas notáveis / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: a figura mostra três vigas, sendo que a viga 1 é mostrada como a soma das vigas notáveis: viga 2 e viga 3. A viga 1 é uma viga biapoiada de 6 m, com um balanço único ao lado direito de 2 m. No trecho biapoiado AB, tem-se um carre- gamento distribuído de q = 8 kN/m e, no trecho BC em balanço, tem-se um carregamento distribuído de q = 12 kN/m. Na viga 2, temos o trecho biapoiado isolado, com carregamento de 8 kN/m ao longo de 6 m de comprimento, sendo que o momento máximo é dado por ql²/8, que
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