Buscar

INTROD -A-CIENCIA-FORENSE-E-A-CRIMIN -E-AS-BASES-JUR -DA-INVES -CRIM

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 44 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
INTRODUÇÃO A CIÊNCIA FORENSE E A CRIMINALÍSTICA E AS 
BASES JURÍDICAS DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
1 
 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3 
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA FORENSE ................................... 4 
Ciência, crime e sociedade .................................................. 5 
Credibil idade da perícia criminal .......................................... 6 
Conceitos e classificação .................................................... 7 
CRIMINALÍSTICA .............................................................. 11 
Princípios Fundamentais da Criminalística .......................... 13 
Postulados da Criminalística ........................................... 14 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONSTITUCIONAL: CONCEITO, 
CLASSIFICAÇÃO E SUA TRÍPLICE FUNÇÃO .............................. 15 
MÓDULO DIDÁTICO 1: COMO INVESTIGAR – O CASO DAS 
IMPRESSÕES DIGITAIS NA CENA DO CRIME ............................ 21 
Técnica do Pó ................................................................... 21 
Produção de um Pó Orgânico............................................. 22 
Técnica do Nitrato de Prata ............................................... 22 
Técnica do Iodo ................................................................ 23 
Técnica da Ninidrina .......................................................... 25 
Técnica do DFO ................................................................ 26 
MÓDULO DIDÁTICO 2: COMO INVESTIGAR – AS PEGADAS 
NA CENA DO CRIME ................................................................. 27 
Instruções para Analisar as Pegadas .................................. 28 
MÓDULO DIDÁTICO 3: COMO INVESTIGAR –AS MANCHAS 
DE SANGUE NA CENA DO CRIME ............................................. 29 
Primeiro Passo: Como fazer para identificar se a Substância 
Encontrada na Cena do Crime é Sangue ou Não? ........................ 29 
Prática de Identificação de Sangue Visível –Reagente de 
Benzidina .................................................................................. 31 
Parte B: O que o Sangue Encontrado na Cena do Crime pode 
lhe mostrar? .............................................................................. 32 
Parte C: O que os Respingos de Sangue podem lhe indi car?
 ................................................................................................. 33 
2 
 
 
Fios, Senos e Formatos dos Respingos .............................. 34 
MÓDULO DIDÁTICO 4: COMO INVESTIGAR – AS 
EVIDÊNCIAS DE BALÍSTICA NA CENA DO CRIME ..................... 37 
REFERENCIAS ................................................................. 41 
 
 
 
3 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA FORENSE 
 
Este texto tem o objetivo de delinear as relações entre justiça e ciência 
que conformam o que se denomina ‘ciência forense’. Na concepção aqui adotada 
para ciência forense, ela se constitui em um sistema que engloba diversos 
componentes, dos quais dois se destacam, quais sejam, a justiça e a ciência 
(partes). 
Pascal se referia ao complexo todo-parte, dizendo: “só posso 
compreender um todo se conheço, especificamente, as partes, mas só posso 
compreender as partes se conhecer o todo”, denotando a importância da visão 
do todo ao estudar uma de suas partes e vice-versa, numa dinâmica de 
reciprocidade. 
Nessa acepção, ao identificar as relações entre justiça e ciência, fica clara 
a possibilidade de haver leitores que, especializados na primeira vertente de 
conhecimento, tenham dificuldades de se comunicar com aqueles da outra. 
Por certo, a um jurista não seria necessário definir ‘crime’; por outro lado, 
a um estudioso da filosofia ou da sociologia do conhecimento científico e 
tecnológico seria dispensável conceituar ‘ciência’. 
Dessa forma, neste texto optou-se por apresentar o conceito de termos 
comumente empregados no âmbito dos sistemas de segurança pública e justiça 
criminal, assim como no de ciência e tecnologia. Para tanto, enfoca-se a relação 
ciência, crime e sociedade bem como a procedência da credibilidade da perícia 
criminal, que é, segundo se argumenta, a operadora da ciência forense. 
Finalmente, consideram-se evidências de que a ciência para fins forenses 
possui, em sua rotina, demandas de transformações do conhecimento e 
tecnologia, para o que se tornam necessários a pesquisa científica e o crédito 
conferido pelo rigor acadêmico. 
 
 
5 
 
 
Ciência, crime e sociedade 
 
O século XX foi cenário de desenvolvimentos científicos e tecnológicos 
que ocasionaram transformações no dia-a-dia da sociedade a uma velocidade 
nunca vista antes. Moreira (2002, p. 11) refere-se à tecnologia como “parte 
integrante da vida do ser humano e como tal a influência e modifica seu modo 
de viver ao mesmo tempo em que é modificada por ele.” 
Espontaneamente, as relações sociais também sofreram transformações 
em função da ciência e da tecnologia terem sido incorporadas ao cotidiano da 
vida moderna. Por um lado, os novos conhecimento em Ciência e Tecnologia 
permitiram o aumento dos tipos e formas (e, por consequência, quantidade) de 
crimes. 
Nos idos de 1950, quantas pessoas imaginariam que observaríamos, no 
momento atual, a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação 
como meio para prática de crimes como o de pedofilia? Por outro lado, o 
desenvolvimento descomunal que se verificou na ciência dos últimos 100 anos 
forneceu ferramentas e técnicas de uso potencial para a investigação criminal 
em nossos dias. 
Na mesma década de 50, seria possível supor que, a partir de um chiclete 
mastigado poderiam ser coletadas células descamadas da mucosa da boca, 
anteriormente contidas na saliva que, submetida a análises comparativas de 
DNA pode levar à identificação do autor de um crime? 
Bruno Latour (2000, p.14) esclarece que a expressão caixa-preta é usada 
em cibernética sempre que uma máquina ou um conjunto de comandos se revela 
complexo demais. Em seu lugar, é desenhada uma caixinha preta, a respeito da 
qual não é preciso saber nada, senão o que nela entra e o que dela sai. 
Em conformidade, a expressão caixa-preta pode ser utilizada para se 
referir à ciência, em razão da alta complexidade que vem acumulando. Por seu 
turno, estariam habilitados, os operadores do direito a formular acusações e 
julgamentos sem que alguém abra esta caixa-preta? Isto significa dizer que, no 
tocante ao espaço tecnológico de algum fato investigado, alguém, dotado de 
6 
 
 
credibilidade e que entenda o processo pelo qual se desenvolve a informática, a 
genética, e outros campos científicos, deve indicar aos operadores do direito, o 
que e como algo ocorreu e, quandopossível, por quem foi executado. 
 
 
Credibilidade da perícia criminal 
 
No âmbito do sistema de segurança pública e justiça criminal os 
integrantes da perícia oficial são os mais constantes porta-vozes da ciência. Ao 
representarem-na, herdam o seu prestígio e a sua credibilidade. 
 Então, diante disso, o laudo pericial muitas vezes poderá ser a peça 
elementar e primordial para condenar ou inocentar um réu, uma base decisória 
que direciona a investigação policial, o processo criminal e o julgamento. Um dos 
princípios em que se fundamenta o poder judiciário na condução do processo 
penal é o da verdade real. 
 Roland Omnès (1996, p. 264-270) discute que a questão do realismo 
parte de uma interrogação: “que nos ensina, então, a ciência, sobre a realidade 
das coisas?”. 
 Omnès expõe qual a resposta dada pelo senso comum: “é que a ciência 
permite conhecer a realidade e saber o que esta última é verdadeiramente”. 
Doravante, um hiato para trazer a explicação formulada para a verdade 
por Marilena Chauí (2001, p. 90): “um valor, é o verdadeiro que confere às 
coisas, aos seres humanos, ao mundo um sentido que não teriam se fossem 
considerados indiferentes à verdade e à falsidade”. 
 Já, a não consciência sobre o estado de ignorância (o de não saber) 
acarreta que nada mais há para saber. Por outro lado, a incerteza é a percepção 
da ignorância, a confiança e as opiniões não abarcam a realidade e surgem as 
dúvidas e então, a insegurança. Assim, se busca a verdade para superar a 
incerteza. A autora nos revela que: “o desejo da verdade aparece como o desejo 
de confiar nas coisas e nas pessoas, isto é, de acreditar que as coisas são 
7 
 
 
exatamente tais como as percebemos e o que as pessoas nos dizem é digno de 
confiança e crédito” (2001, p. 91). 
Três concepções da verdade são apresentadas pela filósofa (Chauí, 2001, 
p. 99), provenientes da língua grega, da latina e da hebraica: verdade, em grego 
(aletheia) se refere ao que as coisas são, o verdadeiro é o evidente ou 
plenamente visível para a razão; em latim (veritas) se refere ao que os fatos 
foram, o verdadeiro é a narrativa dos fatos acontecidos; e em hebraico (emunah) 
se refere ao que as ações e coisas serão e significa confiança de que aquilo que 
foi pactuado aconteça. 
 A autora considera que a evidência é a marca do conhecimento 
verdadeiro e que uma ideia é verdadeira quando corresponde à coisa que é seu 
conteúdo e que existe fora de nosso espírito ou de nosso pensamento. Com 
base no exposto argumenta-se aqui que a teoria da evidência e da 
correspondência traça um conjunto de relações entre o mundo e a consciência: 
a ciência (seus ramos), portanto, é uma representação da realidade, abstrata, 
mas digna de confiança. 
 Sob essa perspectiva, a perícia criminal utiliza-se de ciência e tecnologia 
no processamento de evidências oriundas de supostos crimes, e esse resultado 
(expresso em um laudo) faz a correspondência, faz a narrativa dos fatos 
investigados. Lacan (1998, p. 890) indica que “a incidência da verdade como 
causa da ciência deve ser reconhecida sob o aspecto da causa formal”. Em torno 
da busca da verdade, no momento da elucidação dos crimes, encontram-se, 
filosoficamente, a justiça e a ciência: a verdade como a causa para ciência e a 
finalidade para justiça. 
 
Conceitos e classificação 
 
Ciência forense é a classificação dada aos esforços de geração e 
transferência de tecnologia e ciência com a finalidade de elucidar questões 
relativas ao âmbito do sistema de segurança pública e justiça criminal. 
8 
 
 
Já, perícia criminal é a busca da veracidade real das circunstâncias do 
crime a partir de evidências materiais geradas pelo fato criminoso, em função de 
conhecimento tecnológico e científico ratificado, com a finalidade de 
fundamentar os procedimentos legais até o julgamento. 
Constituem objetos de estudo perseguidos pelos peritos criminais, 
ilustrativamente: fios de cabelos; manchas de sangue, esperma, saliva; tecidos 
biológicos; fragmentos de impressões digitais, de objetos (vidro, plástico, etc.); 
vestes; cartuchos; projéteis; entre outros. 
Atualmente, as séries televisivas que abordam a ciência forense têm 
tornado o campo mais conhecida para a população, assim como os vários ramos 
da ciência que contribuem para ela. Compete à perícia oficial Criminal, enquanto 
operadores da ciência forense, a execução de exames em algumas áreas, sem 
a intenção de esgotá-las; exemplifica-se abaixo: 
i) Balística: verificação e análise de eficiência de armas e de munições, 
confronto de projetil balístico, reprodução simulada de crimes envolvendo 
disparo de arma de fogo. 
 
ii) Grafoscopia e documentoscopia: confronto de grafismos; identificação 
de falsificação em documentos, em papel moeda, em selos, em rótulos, em 
cédulas, respectivamente. 
 
iii) Fonética forense: confronto e identificação de vozes. 
 
iv) Papiloscopia forense: confronto de impressões digitais latentes, 
fragmentadas ou não, relacionadas a cenas e objetos de supostos crimes. 
 
v) Identificação de veículos: verificação e análise de adulteração, 
remarcação e implante de chassi, de motor e outros componentes dos veículos. 
 
vi) Química forense: identificação e/ou quantificação de substâncias em 
amostras químicas, como combustíveis, resíduos metálicos. 
 
9 
 
 
 
vii) Toxicologia forense: identificação e/ou quantificação de substâncias em 
amostras biológicas, como: venenos, entorpecentes e drogas em geral. 
 
viii) Genética de identificação humana: exame comparativo de material 
genético (DNA). 
 
 
ix) Entomologia forense: elucidação de aspectos relacionados à morte por 
meio do estudo de insetos e artrópodes que atuam na decomposição cadavérica. 
 
x) Computação Forense: verificação e análise de conteúdo e/ou pirataria, 
etc. em hardware e software. 
 
 
xi) Meio ambiente forense: verificação e análise em desmatamentos, em 
produtos da pesca e/ou caça ilegais, diferenciação de incêndio ambiental 
criminal ou acidental. 
 
xii) Engenharia legal: verificação e análise de causas de desabamento, 
diferenciação de incêndio criminal ou acidental, verificação e análise em furto de 
energia elétrica, de água, de sinal de TV por assinatura. 
 
xiii) Contabilidade forense: verificação e análise em documentos visando 
identificar falsificação de demonstrações financeiras, fraudes em seguros. 
 
xiv) Cenas relacionadas a crime contra a vida: levantamento de evidências 
e análise em local de morte violenta – homicídio, suicídio, aborto, infanticídio. 
 
xv) Cenas relacionadas a crimes contra o patrimônio: levantamento de 
evidências e análise em local de furto, arrombamento, constatação de danos. 
 
10 
 
 
xvi) Cenas relacionadas a acidente de tráfego: levantamento de evidências 
e análise em local de atropelamento, de colisão, de capotamento, realização de 
reprodução simulada. 
 
xvii) Medicina legal: verificação e análise em lesões corporais, determinando 
sua natureza, extensão e determinação a relação causal de eventual 
incapacidade física; verificação e análise em cadáveres, determinando a causa 
mortis e, em alguns casos, o tempo de morte decorrido. 
 
xviii) Psiquiatria forense: exames de sanidade mental. 
 
xix) Odontologia legal: exames para verificação de traumas, para análise da 
idade, para identificação humana por análise de arcos dentários ou mordedura. 
 
xx) Antropologia forense: convergem Peritos Oficiais Médicos e 
Odontólogos legistas na realização de exumações e realização de 
levantamentos antropométricos (estatura, envergadura, dentes e crânio) e se 
prestam a identificar um cadáver ou um indivíduo vivo. 
 
Os profissionais que trabalham nas atividades acima relacionadas 
conformam a perícia criminal. Argumenta-se aqui, pelos motivos acima 
apresentados, relativos à importância do laudo pericial baseado em ciência e aos 
reflexosna sociedade acarretados pela dinâmica do progresso científico e 
tecnológico, que os serviços prestados pela perícia criminal, tida como auxiliar 
da justiça no Brasil, adentram em um plano de imprescindibilidade para o sistema 
de segurança pública e justiça criminal brasileiro no período contemporâneo. 
 
 
11 
 
 
 
 
 
CRIMINALÍSTICA 
 
A e exposição midiática sobre o trabalho investigativo e da perícia 
criminal, como demonstram os seriados televisivos e documentários, produziram 
o “Efeito CSI”, aumentando a curiosidade e o interesse do público brasileiro para 
ingressar e atuar em carreiras das áreas forenses. 
Então, para iniciarmos o nosso estudo, precisamos saber primeiramente 
do que se tratam as Ciências Forenses. A palavra FORENSE é proveniente do 
latim e significa “respeitante ao fórum judicial”. Portanto, toda Ciência a qual seus 
conhecimentos podem ser utilizados para a elucidação de questões de interesse 
judicial recebe essa terminologia, como por exemplo, Biologia Forense, 
Entomologia Forense, Botânica Forense, Engenharia Forense, Química 
Forense, Balística Forense, e assim por diante. Dessa forma, as Ciências 
Forenses relacionam a Ciência e a Justiça, sendo de inegável contribuição para 
a sociedade na resolução de crimes e na busca pela verdade dos fatos. 
É justamente neste contexto que se insere a Criminalística, um dos 
princípios das Ciências Forenses, sendo uma ciência autônoma, alimentada 
pelas mais diversas áreas do conhecimento. 
A Criminalística é uma ciência autônoma que surgiu a partir da medicina 
legal, recebendo a contribuição principalmente das ciências naturais (Biologia, 
Química, Física, Matemática). 
12 
 
 
Recebeu inúmeras definições ao longo de sua história, sempre sendo 
correlacionada como uma ciência de importante contribuição para a investigação 
criminal, de desenvolvimento de métodos científicos no combate e 
esclarecimento de crimes. 
Uma das primeiras definições da Criminalística foi de ninguém menos do 
que HANS GROSS (1893), considerado o pai dessa Ciência pelas suas 
contribuições, obras e ao utilizar o nome pela primeira vez na história: 
“Criminalística é o estudo da fenomenologia do crime e dos métodos práticos de 
sua investigação”. 
Em 1947, criminalística foi conceituada no 1° Congresso Nacional de 
Polícia Técnica, ocorrido em São Paulo, como sendo a “Disciplina que tem como 
objetivo o reconhecimento e a interpretação dos indícios materiais extrínsecos, 
relativos ao crime ou à identidade do criminoso”. 
Portanto, a Criminalística estuda os vestígios/indícios materiais 
extrínsecos (o exame dos vestígios intrínsecos, na pessoa, são da área Médico 
Legal), objetivando também, segundo as palavras de Stumvoll (2010), além da 
análise dos vestígios materiais, “as interligações entre eles, bem como dos fatos 
geradores, a origem e a interpretação dos vestígios, os meios e modos como 
foram perpetrados os delitos”. 
Em outra definição recente do mestre JOSÉ LOPES ZARZUELA (1995), 
“a Criminalística constituiu o conjunto de conhecimentos científicos, técnicos, 
artísticos, destinados à apreciação, interpretação e descrição escrita dos 
elementos de ordem material encontrados no local do fato, no instrumento de 
crime e na peça de exame, de modo a relacionar uma ou mais pessoas 
envolvidas em um evento, às circunstâncias que deram margem a uma 
ocorrência, de presumível ou de evidente interesse judiciário”. 
 
Fique atento 
Em resumo, a Criminalística é considerada uma disciplina autônoma, 
regida por princípios, postulados, métodos próprios, alimentada por diversas 
áreas do conhecimento (multidisciplinar), com independência das demais, 
voltada para o estudo (observação, análise, interpretação) dos elementos 
materiais extrínsecos relacionados a um fato criminoso. 
 
13 
 
 
Fique atento 
CRIMINALÍSTICA ≠ CRIMINOLOGIA 
A Criminologia (crimen=delito + logo=tratado, estudo) pode ser 
considerada como uma ciência que estuda o crime, o criminoso, a vítima 
(Vitimologia) e o controle social dos delitos, buscando compreender os fatores 
causais e as interações entre esses objetos e todos os fenômenos relacionados. 
 
A Criminalística é uma ciência que tem por objetivos: 
 dar a materialidade do fato típico, constatando a ocorrência do 
ilícito penal; 
 verificar os meios e os modos como foi praticado um delito, visando 
fornecer a dinâmica do fenômeno; 
 O reconhecimento e a interpretação dos indícios materiais 
extrínsecas; 
 indicar a autoria do delito, quando possível; 
 Interpretar os elementos que conduzam à identificação do agente; 
 elaborar a prova técnica, através da indiciologia material. 
 
 
Princípios Fundamentais da Criminalística 
 
PRINCÍPIO DA OBSERVAÇÃO: conhecido também como Princípio da 
Troca de Locard. “Todo contato deixa uma marca”. 
PRINCÍPIO DA ANÁLISE: Metodologia científica -> “a análise pericial 
deve sempre seguir o método cientifico”; 
PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO (INDIVIDUALIDADE): “dois objetos 
podem ser indistinguíveis, mas nunca idênticos” (também conhecido como 
Princípio de Kirk); 
 PRINCÍPIO DA DESCRIÇÃO: “o resultado de um exame pericial é 
constante com relação ao tempo e deve ser exposto em linguagem ética e 
juridicamente perfeita”; 
14 
 
 
 PRINCÍPIO DA DOCUMENTAÇÃO: Cadeia de custódia da prova 
material. “Toda amostra deve ser documentada, desde seu nascimento na cena 
do crime até sua análise e descrição final, de forma a se estabelecer um histórico 
completo e fiel de sua origem”. 
 
 
Postulados da Criminalística 
 
I) O conteúdo de um LAUDO PERICIAL É INVARIANTE COM RELAÇÃO AO 
PERITO CRIMINAL QUE O PRODUZIU. 
Como o perito possui um compromisso com a verdade e a verdade é uma 
só, peritos diferentes não podem se desentender em suas conclusões, pois o 
resultado deve ser imparcial e não depender de opiniões pessoais. “A perícia 
vale o que vale o perito”, como bem ilustra o grande mestre Nerio Rojas em sua 
célebre frase: “O dever de um perito é dizer a verdade; no entanto, para isso é 
necessário: primeiro saber encontrá-la e, depois querer dizê-la. O primeiro é um 
problema científico, o segundo é um problema moral”. 
 
II) As CONCLUSÕES de uma perícia criminalística SÃO INDEPENDENTES 
DOS MEIOS UTILIZADOS PARA ALCANÇÁ-LAS. 
 As conclusões de uma perícia deverão ser constantes, 
independentemente das técnicas e/ou métodos cientificamente comprovados e 
aplicados para alcançar os resultados. Novamente, a verdade é uma só e deverá 
ser encontrada ao final mesmo seguindo por caminhos (metodologias) 
diferentes. Se um perito utilizar o método A e depois usar o método B, as 
conclusões deverão ser as mesmas (evidentemente que se deve considerar a 
limitação de cada metodologia, precisão e sensibilidade do método, dentre 
outros fatores). 
 
III) A perícia criminal É INDEPENDENTE DO TEMPO. 
A verdade é imutável em relação ao tempo decorrido. "O tempo que 
passa é a verdade que foge” diz respeito à dificuldade de realizar a perícia 
conforme a progressão temporal; mas independentemente da dificuldade de se 
15 
 
 
atingir os resultados, a verdade é uma só e sempre será a mesma com o passar 
do tempo. A verdade é perene! 
 
 
 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONSTITUCIONAL: 
CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E SUA TRÍPLICE 
FUNÇÃO 
 
Até o atual momento não há na legislação brasileira e nenhum 
dispositivo legal que defina o conceito de investigação criminal. A Constituição 
Federal, o Código de Processo Penal e a Lei 12.830/13, embora façam 
menção à atividade de investigação criminal, não dizem exatamente o que seja. 
Portanto, do ponto de vista normativo, não há conceito taxativo de 
investigação criminal. Da leitura dos dispositivos legais referidos é possível 
inferir-se, unicamente, que a investigação criminal tem como finalidade a 
apuração das infrações penais e que essa incumbência é atribuição da políciajudiciária. 
16 
 
 
A investigação criminal é o ponto de partida da persecução penal. É o 
princípio da atividade de verificação de determinado fato, supostamente 
criminoso. 
Observa-se que, mesmo fora do processo-crime, a investigação, em si, 
enquanto gênese do saber e do conhecimento, é o ponto de partida de todas 
as coisas que o homem pretende ter conhecimento. Ou seja, tudo se motiva do 
saber e o homem está sempre atrás do conhecimento. A investigação, assim, 
é a pesquisa, a atividade de busca do saber, seja por curiosidade ou satisfação 
do intelecto. 
No direito criminal, entretanto, muito além da investigação que visa o 
aprendizado de algo para fins de satisfação pessoal, há a necessidade dessa 
atividade, determinada e disciplinada por lei, objetivando a satisfação do 
interesse público. A investigação surge, assim, como mandamento 
imprescindível do sistema de justiça criminal, pois espelha a "necessidade de 
pesquisa da verdade real e dos meios de poder prová-la em juízo", viabilizando 
a correta aplicação da lei penal. 
A investigação criminal transpassa todo o procedimento de apuração da 
responsabilidade penal do sujeito praticante de um crime, pois, em um primeiro 
momento, inicia a busca pelo conhecimento do fato e todas as suas 
circunstâncias e, a posteriori, possibilita sua análise pelos atores do sistema de 
justiça criminal, possibilitando a experimentação da verdade provável, com 
base nos elementos que se obteve nesse processo. 
Feitas essas apurações, pretendemos fornecer a conceituação de 
investigação criminal sob dois aspectos: prático e jurídico. 
Sob o aspecto prático, classificamos a investigação criminal como o 
conjunto de diligências preliminares devidamente formalizadas que, nos limites 
da lei, se destinam a apurar a existência, materialidade, circunstâncias e autoria 
de uma infração penal, coletando provas e elementos de informações que 
poderão ser utilizadas na persecução penal. 
17 
 
 
Do ponto de vista jurídico, a investigação criminal é por nós definida 
como a atividade estatal destinada a elucidação de fatos supostamente 
criminosos, apresentando "tríplice funcionalidade", i.e, na apuração desses 
fatos, a investigação criminal possui três funções: evitar imputações infundadas 
(função garantidora); preservar a prova e os meios de sua obtenção (função 
preservadora); propiciar justa causa para a ação penal ou impedir sua 
inauguração (função preparatória ou inibidora do processo criminal). 
Destacamos que esse tríplice funcionalidade da investigação criminal, 
por nós sustentada, é um mandamento implícito do sistema constitucional, de 
modo que a "função unidirecional da investigação criminal", sustentada 
massivamente pela doutrina clássica, ao nosso sentir, está separada dos ideais 
do Estado Democrático de Direito. 
A oportuna investigação criminal pressupõe que o Estado respeite os 
postulados constitucionais e os direitos individuais, uma vez que “os direitos e 
garantias fundamentais atuam como disposições legais de caráter negativo, na 
medida em que dizem o que não se pode fazer na investigação criminal”. 
Nesse ponto de vista, entendemos que a investigação criminal oficial, de 
cunho constitucional, não pode ser percebida unicamente como preparatória 
do processo-crime, mas sim de acordo com a tríplice funcionalidade por nós 
referida. 
O texto constitucional é claro ao referir que, como regra, a apuração de 
infrações penais e a execução das funções de polícia judiciária competem à 
Polícia Federal e às Polícias Civis, reservando às Polícias Militares o 
policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública. 
Cabe à Polícia Federal, órgão mantido pela união, “apurar infrações 
penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e 
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, 
assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou 
internacional e exija repressão uniforme, segundo dispuser em lei”, bem como 
“exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União”. 
18 
 
 
Quanto à Polícia Civil, menciona a Lei Maior o seguinte: “às polícias civis, 
dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a 
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de 
infrações penais, exceto as militares”. 
As atribuições dos órgãos de segurança pública estão listadas, de forma 
clara, no texto constitucional, não deixando margens para dúvidas de qual é o 
papel de cada instituição na tarefa de prevenir e reprimir as infrações penais, 
de modo que a atividade de investigação criminal pertence à polícia judiciária. 
Nessa direção, ainda, refere o artigo 4º, caput, do Código Penal que “a 
polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas 
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da 
sua autoria”. 
Cumpre ressaltar, também, a redação legal do artigo 2º, caput, da 
Lei 12.830/13, o qual refere que "as funções de polícia judiciária e a apuração 
de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza 
jurídica, essenciais e exclusivas de Estado", bem como do seu § 2º, de onde 
se extrai que "ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe 
a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro 
procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das 
circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais" . 
Repare que tanto a regra prevista no caput do art. 4º do Código de 
Processo Penal, quanto as regras inseridas no art. 2º da Lei 12.830/13 mantém 
um vínculo harmônico e simétrico com a Constituição Federal, ao passo que 
demostram a sua opção pela condução da investigação criminal pela polícia 
judiciária, e, para nós, nem poderia ser diferente, pois 
a Constituição representa o “topo hermenêutico que conformará a 
interpretação jurídica do restante do sistema”. 
É necessário reconhecer, assim, que, com base nas normas acima 
mencionadas, a investigação criminal é atribuição da polícia judiciária, 
representada por organismos sociais cuja função, por excelência, é a apuração 
da materialidade e autoria das infrações penais. 
19 
 
 
Veja-se que quando a Lei Maior faz essa afirmativa, de forma clara, ela 
está expressando que a atividade investigativa, no âmbito criminal, será 
realizada pelas instituições que carregam em seu bojo as atividades de polícia 
judiciária, i.e., a Polícia Federal e as Polícias Civis, nas suas respectivas áreas 
de atuação. 
Cumpre referir que, mesmo diante dos comandos constitucionais que 
definem as atribuições dos órgãos estatais, o Supremo Tribunal Federal firmou 
o entendimento de que o Ministério Público pode conduzir investigações de 
natureza criminal, por meios próprios, sendo que, conforme demonstramos, ao 
nosso ver, inexiste comando legal autorizando tal inferência. 
Delineado o cenário constitucional em que se desenha a investigação 
criminal, bem como feita referência às leis infraconstitucionais que, baseadas 
nas disposições da Constituição Federal, disciplinam o assunto, 
estabelecemos que a investigação criminal, atualmente, pode ser dividida em 
três espécies. 
a) Investigação criminal autêntica ou pura: Inclui-se nesta 
classificação a investigação criminal autorizada e legalizada pela Constituição 
Federal, conduzida pela polícia judiciária, sob a presidência de um delegado 
de polícia de carreira. Diz-se autêntica ou pura porque se trata do modelo 
padrão de investigação criminal adotado pela Constituição. É a investigação 
criminal genuína. 
b) Investigação criminal derivada: Insere-se nesta classificação a 
investigação criminal igualmente mencionada no texto constitucional como 
exceção ao modelo padrão. Conforme apontamos, a Constituição não conferiu 
o monopólio da investigação criminal à políciajudiciária, havendo duas 
exceções, nas quais a atividade de investigação criminal poderá não ser 
desempenhada pela polícia judiciária, quais sejam: a apuração das infrações 
penais militares e as apurações das comissões parlamentares de inquérito. 
Diz-se derivada porque deriva do modelo padrão e possui, igualmente, 
sustentação constitucional. 
20 
 
 
c) Investigação criminal não autêntica ou impura: Enquadra-se nesta 
classificação qualquer outra forma de investigação criminal levada a cabo fora 
dos padrões estabelecidos pela Constituição Federal, independentemente da 
instituição que a realize, pois, diante da inexistência de mandamento 
constitucional que lhe confira legitimidade, se apresenta como forma de 
flexibilização negativa das garantias fundamentais. Diz-se não autêntica ou 
impura porque não possui previsão constitucional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
MÓDULO DIDÁTICO 1: COMO INVESTIGAR – O 
CASO DAS IMPRESSÕES DIGITAIS NA CENA DO 
CRIME 
Nesse módulo iremos debater as técnicas que podem ser usados para o 
reconhecimento de impressões digitais e como podemos analisa–lá. 
 
Técnica do Pó 
Sendo a mais utilizada entre os peritos, é usada quando as impressões 
localizam–se em superfícies que possibilitam o decalque da impressão, ou seja, 
superfícies lisas, não rugosas e não adsorventes. A adsorção é um 
acontecimento caracterizado pela fixação de moléculas de uma substância (o 
adsorvato) na superfície de outra substância (o adsorvente). Quando a 
impressão digital é recente, a água é o principal composto no qual as partículas 
de pó aderem. À medida que o tempo passa, os compostos oleosos, gordurosos 
ou sebáceos são os mais importantes. Esta interação entre os compostos da 
impressão e o pó é de caráter elétrico, tipicamente forças de van der Waals e 
ligações de hidrogênio. 
Coleta de impressões digitais I 
Material: um pedaço de carvão, graal e pistilo, uma folha de papel e um 
rolo de fita adesiva transparente. 
Procedimento: Pegue um pedaço de carvão e triture–o muito bem até 
obter um pó muito fino. Borrife o pó sobre a superfície que pode conter 
impressões digitais, e retire o excesso um pequeno pincel. A seguir, recolha a 
impressão digital com fita adesiva e cole–a em um papel branco para depois ser 
associada com a impressão digital de possíveis suspeitos. 
 
22 
 
 
 
Produção de um Pó Orgânico 
Material: 1 g de brometo de potássio, 25 mL de água destilada, 35 g de 
amido de milho, bastão de vidro, erlenmeyer de 100 mL, copo de Becker de 250 
mL, graal e pistilo. 
Procedimento: Um deles seria dissolver 1 g de brometo de potássio em 
25 mL de água destilada. Em seguida, lentamente, dissolve–se 35 g de amido 
de milho na solução aquosa de brometo de potássio. Esta mistura é deixada 
secar por setes dias e após é reduzida a pó. Este, por sua vez, é conservado em 
um recipiente contento sulfato de cálcio anidro como dessecante. 
 
Técnica do Nitrato de Prata 
O Nitrato de Prata reage com cloretos de secreções da pele, com um 
resultado da revelação de cor acinzentada quando exposto à luz. Após a 
revelação, a impressão deve ser fotografada imediatamente, pois muito 
frequentemente a reação acaba preenchendo a região vazia entre as cristas 
papilares, e assim forma–se um borrão. Indicada para superfícies porosas, 
plásticos e madeira não envernizada. Se manuseada com outros reagentes 
devem ser empregadas após aplicação do iodo e da Ninidrina. Seu resultado 
também é inócuo em artigos que tiverem sido expostos à água. 
Ao trabalhar com o iodo é necessário seguir algumas instruções: usar 
luvas, roupas limpas que cubram todo o corpo e óculos de proteção como forma 
de proteger a sua pele e seus olhos, e tomar cuidado quanto à inalação, pois o 
vapor de iodo é bastante irritante. 
Coleta de impressões digitais II 
Material: solução de nitrato de prata 5%, borrifador, vidro de relógio. 
Procedimento: Borrife a solução de nitrato de prata sobre a superfície 
suspeita. Outra opção é colocar a superfície suspeita em uma cuba (ou vidro de 
23 
 
 
relógio, ou copo de Becker de boca larga) contendo solução de AgNO3 5% 
durante aproximadamente 30 segundos. A reação entre o sal do suor e o 
reagente químico, o nitrato de prata, formará um composto, como mostra a 
Figura 1, que vai ter precisamente a forma das impressões digitais. 
 
 
 
Com exceção dos cloretos de prata, mercúrio e chumbo, todos os outros 
são solúveis em água. É exatamente uma destas exceções, o cloreto de prata, 
que permite a visualização da impressão. Na figura 1, "XCl(aq)" representa 
qualquer sal de cloro —excetuando os já mencionados—, como o cloreto de 
sódio dissolvido [NaCl(aq)]. Deve–se deixar a superfície contendo a impressão 
secar em uma câmara escura. Após isto, ela é exposta à luz solar o tempo 
necessário para que o íon prata seja reduzido à prata metálica, revelando a 
impressão sob um fundo negro. A impressão digital revelada deve ser 
fotografada rapidamente antes que toda a superfície escureça. 
 
Técnica do Iodo 
O iodo tem como característica a sublimação, ou seja, passagem do 
estado sólido diretamente para o estado vapor. Para esta mudança de estado, o 
iodo precisa absorver calor. Este calor pode ser, por exemplo, o do ar que 
expiramos ou até mesmo o calor de nossas mãos direcionado sobre os cristais. 
Seu vapor tem coloração acastanhada e, quando em contato com a impressão, 
forma um produto de coloração marrom amarelada, como demonstra a Figura 2. 
O vapor interage com a impressão através de uma adsorção física, não havendo 
reação química. Um benefício que esta técnica tem em relação às demais, como 
a do pó, é que ela pode ser utilizada antes de outras. 
24 
 
 
 
 
 
Coleta de impressões digitais III 
Material: iodo (I2), saco plástico. 
Procedimento: Esta técnica é utilizada geralmente quando a impressão 
encontra–se em objetos pequenos. Colocando–se o material a ser examinado 
junto com os cristais em um saco plástico selado, após agitação é produzido 
calor suficiente para a sublimação dos cristais. 
 
 
 
25 
 
 
Técnica da Ninidrina 
A ninidrina reage com aminoácidos para produzir um produto de reação 
com coloração roxa, como mostra a Figura 3. Apropriado para superfícies 
porosas, o tempo de revelação médio é de 10 dias, podendo ser acelerado com 
aplicação de calor e umidade. Se utilizada em conjunto com outras substâncias 
químicas, deve ser empregada depois do iodo e antes do nitrato de prata. Muito 
utilizada pelas polícias técnico–científicas, seu resultado é inócuo em artigos que 
tiverem sido expostos à água. 
 
 
Preparação da solução de ninidrina 
Materiais: 0,5 g de ninidrina, 30 mL de etanol anidro, erlen–meyer de 100 
mL. 
Procedimento: Dissolva a ninidrina no etanol anidro, utilizando um 
erlenmeyer de 100 mL. Esta mistura pode ser armazenada em um borrifador. O 
líquido deve ser borrifado a cerca de 15 cm da superfície. Espere alguns 
instantes até a evaporação do solvente, repetindo a operação quantas vezes 
forem necessárias. 
 
26 
 
 
Técnica do DFO 
O DFO (diazafluorenona) é uma substância com alta capacidade de 
revelação (em torno de dez vezes comparado à nini–drina). Muito aplicada em 
superfícies porosas (como papel e cartolina), sua reação pode ser acelerada 
através de aplicação de calor (requer o emprego de câmara de vaporização). Se 
for empregada em processos que incluam a ninidrina, o DFO deve ser utilizado 
antes desta. Muito útil também para revelar manchas de sangue, sua aplicação 
demanda a utilização de uma fonte de luz do tipo azul forense. 
Preparação do DFO 
Materiais: 50 mg de DFO, 4 mL de metanol, 2 mL de ácido acético glacial, 
100 mL de freon, pipetas volumétricas de 2 mL, proveta de 100 mL, erlenmeyer 
de 250 mL. 
Procedimento: Mistura–se o DFO ao metanol e ao ácido acético. Após a 
dissolução do DFO, dilui–se a solução em 100 mL de freon. 
Instruçõespara analisar as impressões digitais 
Para que seja possível identificar/descobrir a quem pertence cada uma 
das impressões digitais recolhidas em uma cena de crime ou situação 
semelhante, será necessário equiparar com as digitais de uma base de dados, 
tentando encontrar os traços característicos de cada uma para chegar ao 
possível suspeito. Para isso o professor ou quem desejar realizar esse tipo de 
atividade deverá criar seu próprio banco de dados, recolhendo impressões 
digitais de diversas pessoas e as mesmas podem ser organizadas em fichas que 
contenham algumas informações, por exemplo, impressão digital, nome, idade, 
altura, data de nascimento, como se fosse uma ficha cadastral. 
Na análise das impressões digitais a comparação é desenvolvida a partir 
de 6–7 pontos–chave (intersecção, centro, bifurcação, fim de linha, ilha, delta e 
poro) escolhidos dentre os traços mais característicos. Se todos coincidirem 
temos a chamada: "Correspondência Positiva". Além desses pontos chaves para 
examinar as impressões digitais também são consideradas as linhas que formam 
nossos dedos. Por exemplo, arco, presilha interna, presilha externa e verticilo. 
27 
 
 
 
 
 
MÓDULO DIDÁTICO 2: COMO INVESTIGAR – AS 
PEGADAS NA CENA DO CRIME 
 
Provas por impressão – moldes de gesso 
Ao abordar uma cena de crime com a intenção de registrar provas por 
impressão – pegadas – a primeira coisa a se fazer é entrar, procurando 
impressões e reconstruindo os eventos do crime com todo o seu conhecimento. 
Desse modo, é possível indicar os fatos importantes como a direção de viagem 
ou o número de suspeitos na cena. 
Procedimento: 
1) Descubra e escolha uma pegada nítida e coloque/prenda uma tira de 
cartolina à sua volta, de modo a formar um círculo que contorne a pegada e 
enterre–o no terreno. Prenda–a com um clipes ou grampeador. 
2) Prepare o gesso. Ponha um pouco de água num balde, adicione o pó 
de gesso e mexa bem. Em seguida despeje o gesso na marca da pegada e deixe 
secar durante 15 minutos. 
28 
 
 
3) Desenterre o molde de gesso e a terra à sua volta. Envolva o molde em 
papel de jornal. E deixe–o durante um dia para solidificar. 
4) Quando o gesso estiver duro, desprenda a cartolina e lave o molde 
debaixo de água corrente, utilizando uma escova de dentes velha. O molde final 
será uma cópia exata da pegada de uma das pessoas que esteve na cena do 
crime e que pode auxilia–ló a desvendar o caso. 
Outro tipo de análise que pode ser executada é quanto ao tipo de pegada. 
Dessa forma, por meio de uma pegada, usando a fórmula mostrada a seguir, é 
possível calcular o número do calçado/sapato de uma determinada pessoa (S) 
com o auxílio de uma fórmula matemática. Para isso é necessário medir (em 
centímetros) o tamanho da pegada (p). 
 
 
Instruções para Analisar as Pegadas 
Para que seja possível reconhecer a quem pertence os moldes das 
pegadas coletadas na cena do crime, será necessário conferir com os "calçados" 
de uma base de dados, tentando encontrar traços característicos de cada uma 
para chegar ao possível suspeito, assim como nas impressões digitais. Além 
disso, por meio das pegadas encontradas em uma cena de crime também se 
pode realizar outros tipos de análises. Por exemplo, fazer uma reconstrução da 
cena, no sentido de tentar identificar o sentido/direção dessas pegadas, a fim de 
compreender qual foi o caminho realizado pelo possível suspeito ou pessoas 
envolvidas, o que pode ajudar na análise final do caso. 
 
29 
 
 
 
 
MÓDULO DIDÁTICO 3: COMO INVESTIGAR –AS 
MANCHAS DE SANGUE NA CENA DO CRIME 
 
Os vestígios de sangue podem determinar várias informações importantes 
de um crime, de acordo com o lugar onde ele cai, da maneira como cai, da 
consistência, do tamanho e do formato das gotas ou pingos de sangue. 
 
Primeiro Passo: Como fazer para identificar se a 
Substância Encontrada na Cena do Crime é Sangue ou 
Não? 
Quando uma provável mancha de sangue é coletada, a mesma é levada 
a testes de presunção. Esses são geralmente catalíticos e envolvem o uso de 
agente oxidante. Um exemplo é o reagente de Kastle–Meyer, um indicador que 
pode mudar de cor (ou luminescente) e que sinaliza a oxidação catalisada pela 
hemoglobina. Se a amostra for de sangue, esta terá, necessariamente, 
hemoglobina, a qual possui a característica de decompor o peróxido de 
hidrogênio (comportamento de per–oxidase) em água e oxigênio nascente. 
Então, este oxigênio promoverá a forma colorida (rosa) do reagente fenolftaleína, 
30 
 
 
como mostra a Figura 4, evidenciando ao perito que a amostra pode conter 
sangue. 
 
 
A Figura 5 mostra o esquema das reações envolvidas nesse processo. 
 
Da mesma forma que o reagente de Kastle–Meyer, o reagente de 
benzidina baseia–se na catálise da decomposição do peróxido de hidrogênio em 
água e oxigênio pela hemoglobina presente no sangue. O oxigênio formado irá 
31 
 
 
oxidar a benzidina, alterando–lhe sua estrutura, fenômeno que é perceptível, sob 
o ponto de vista experimental, com o aparecimento da coloração azul da solução. 
No entanto, há casos em que a mancha não é explicita ou que o criminoso 
limpe a cena do crime a fim de ocultar o acontecido. Como detectar rastros de 
sangue, se estes não são visíveis a olho nu? Para estes casos, utiliza–se o 
luminol, que reage com quantidades muito diminutas de sangue. É um composto 
que, sob determinadas condições, pode fazer parte de uma reação 
quimiluminescente. Sua sensibilidade pode chegar aos impressionantes 
1/1.000.000.000, mesmo em locais com azulejos, pisos cerâmicos ou de 
madeira, os quais tenham sido lavados. Ele é indicado para locais onde há 
suspeita de homicídio e superfícies que, aparentemente, não exibem traços de 
sangue. 
 
Prática de Identificação de Sangue Visível –Reagente 
de Benzidina 
Materiais: 2 vidros de relógio; 2 hastes flexíveis com algodão; 2 espátulas; 
0,16 g de benzidina cristalizada, 4 mL de ácido acético glacial e 4 mL de peróxido 
de hidrogênio de 3 a 5%, 1 frasco lavador; 50 mL de água deionizada. 
 
Procedimentos: Coletar duas amostras usando os vidros de relógio. 
Molhar as amostras coletadas com água deionizada, em seguida misturar cada 
uma das amostras de forma a ter uma mistura homogênea e colocar um pouco 
de cada amostra nas hastes flexíveis. Pingar duas gotas de reagente sobre cada 
32 
 
 
amostra contida nas hastes e anotar o que ocorreu. Pingar duas gotas de 
peróxido de hidrogênio em cada haste e anotar o que aconteceu. 
 
Parte B: O que o Sangue Encontrado na Cena do 
Crime pode lhe mostrar? 
As manchas podem auxiliar a recriar um crime por causa da maneira como 
o sangue se comporta. Ele deixa o corpo como um líquido, seguindo as leis do 
movimento, do atrito e da gravidade. Ao se movimentarem, as gotas assumem 
a forma esférica por causa da tensão superficial. As moléculas do sangue são 
muito coesas, ou seja, atraem umas às outras, pressionando até ficarem de um 
formato com a menor área possível. Assim, por causa das leis anteriores, as 
gotas se comportam de maneiras previsíveis quando caem sobre uma superfície 
ou quando uma força age sobre elas. 
Lembre–se do que acontece quando você derrama gotas de água sobre 
o chão. O líquido cai devagar formando uma poça circular. O formato e o 
tamanho dependem da quantidade de água derramada, da altura em que estava 
o copo e se você derrubou sobre o carpete, madeira, ou alguma outra superfície. 
 Uma grande quantidade de água forma uma poça maior. E se cair de uma 
longa altura terá um diâmetro menor. Em uma superfície dura irá manter uma 
forma circular, enquanto o carpete absorve um pouco da água e faz as margens 
aumentarem. O mesmo ocorre com o sangue, ou seja, a circunferência de uma 
mancha de sangue ela tende a aumentar conforme aumenta a altura, como 
mostra a Figura 7. 
33 
 
 
 
 
Desta forma, podemos determinar a que distância da evidênciade sangue 
e onde possivelmente a pessoa se encontrava quando foi alvejada (deitada, 
sentada ou em pé). 
 
Parte C: O que os Respingos de Sangue podem lhe 
indicar? 
O sangue se comporta de maneira muito semelhante com as gotas de 
água derramadas. Um respingo de baixa velocidade geralmente é o resultado de 
gotas de sangue pingando, se a vítima é esfaqueada e anda pelo local 
sangrando. A força do impacto é de 1,5 metros por segundo ou menos e o 
tamanho dos pingos fica entre 4 e 8 mm. Respingos de sangue podem identificar 
como a vítima estava na hora em que foi ferida. Um respingo de média 
velocidade tem uma força entre 1,5 e 30,5 metros por segundo e o seu diâmetro 
geralmente não é maior do que 4 mm. Esse tipo de respingo pode ser causado 
34 
 
 
por um objeto sem ponta, como um bastão, ou pode ocorrer quando a pessoa é 
espancada ou golpeada com faca. 
Os respingos de alta velocidade geralmente são provocados por 
ferimentos à bala, embora também possam ser causados por outras armas se o 
agressor aplicar muita força. Eles se movimentam com uma velocidade maior do 
que 30,5 metros por segundo e geralmente parecem com um borrifo formado por 
gotas pequenas, com menos de 1 mm de diâmetro. 
O tamanho e a força do impacto são apenas dois aspectos usados para 
conseguir informações sobre os respingos de sangue. A seguir, vamos ver os 
formatos e como os analistas usam fios, e funções para mapear uma cena do 
crime. 
 
Fios, Senos e Formatos dos Respingos 
A técnica de colocar fios sobre cada respingo é apenas um modo de 
determinar a área de convergência ou a fonte de sangue. Nesse método, que é 
usado por vários analistas, o especialista documenta a localização de cada 
respingo usando o sistema de coordenadas. A seguir, ele estabelece 
uma base para demonstrar para onde o pingo está voltado em relação ao chão 
e ao teto. Usando fios elásticos, o profissional coloca linhas a partir de cada 
respingo até a base. Depois, usa um transferidor na base da área onde os fios 
convergem para determinar o ângulo de lançamento de cada gota. Se estiverem 
principalmente na parede, é provável medir a distância entre a área de 
convergência e o objeto para descobrir onde a vítima estava. 
Alguns analistas usam cálculos trigonométricos para descobrir a área de 
convergência. As medidas da mancha de sangue se tornam os lados de um 
triângulo retângulo: seu comprimento é a hipotenusa e a largura fica do lado 
oposto ao ângulo que o analista está tentando descobrir, como mostra a Figura 
8. 
Para isso, primeiramente é necessário descobrir cada mancha e medir o 
comprimento e a largura delas usando uma régua ou compasso de calibre. Em 
35 
 
 
seguida, calcular o ângulo usando essa fórmula: ângulo de impacto = arco seno 
(lado oposto/hipotenusa). Para que a fórmula funcione é preciso medir o 
comprimento e a largura da mancha; dividir a largura da mancha pelo 
comprimento e determinar o arco seno desse número (usando uma calculadora). 
 
 
Uma gota de sangue que cai perfeitamente na vertical ou formando um 
ângulo de 90° com a horizontal deixa uma mancha redonda. À medida que o 
ângulo de impacto com a horizontal diminui, a mancha fica cada vez mais longa 
e desenvolve uma "ponta" que indica a direção de lançamento da gota, como 
mostra a Figura 9. 
Quanto maior a diferença entre a largura e o comprimento, mais agudo 
será o ângulo de impacto. Por exemplo, imagine uma mancha de sangue com 2 
m de largura e 4 mm de comprimento. A largura dividida pelo comprimento seria 
igual a 0,5. O arco seno de 0,5 é 30°, então o sangue caiu na superfície formando 
um ângulo de 30° com a horizontal. Em uma mancha com a largura de 1 mm e 
comprimento de 4 mm, o coeficiente seria de 0,25. Nesse caso, o sangue caiu 
na superfície formando um ângulo com cerca de 14° com a horizontal. 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
MÓDULO DIDÁTICO 4: COMO INVESTIGAR – AS 
EVIDÊNCIAS DE BALÍSTICA NA CENA DO CRIME 
 
Nesse módulo iremos examinar um pouco sobre alguns procedimentos 
que podem ser usados quanto a evidências de balísticas e como podemos 
examinar. Contudo, seria conveniente, primeiro estudar o que vem a ser uma 
arma de fogo, do que ela é constituída, como é o seu funcionamento (mecanismo 
de disparo), assim como, o cartucho. 
 
Instruções para Análise 
São inúmeros os procedimentos e as técnicas que podem ser utilizadas 
na interligação entre a arma e o crime, algumas mais simples e outras de ordem 
mais complexas, como mostraremos a seguir. 
 
Identificação do Atirador pela Arma 
A identificação do atirador pela arma baseia–se no encontro de 
impressões digitais deixadas nas armas (conforme detalhado no módulo 1). 
 
Identificação da Arma pelo Projétil 
Em primeiro lugar é necessário achar o projétil, em seguida, é necessário 
examinar o projétil, verificando seu peso, formato, comprimento, diâmetro, 
composição, calibre, raiamento, estriações laterais finas e deformações. Para se 
obter a identificação da arma deve–se realizar tiros de prova, produzindo 
projéteis da mesma forma, calibre, dimensões, constituição, do mesmo 
fabricante, da mesma série que o projétil suspeito. Esses tiros de prova serão 
disparados em saco de algodão ou em uma caixa d’água. 
38 
 
 
Os projéteis assim colhidos serão comparados com aqueles a serem 
identificados, com o auxílio de lentes de aumento, do microscópio binocular e do 
microscópio comparador. 
 
Confronto Balístico 
Quando um disparo é efetuado por uma arma de fogo, o projétil é expelido 
pelo cano e sai na direção do alvo. Este projétil, por estar em contato direto com 
a superfície interna do cano, passa a incorporar marcas e micro–estriamentos 
em sua superfície. Sendo assim, uma alternativa para ligar a arma de fogo ao 
crime é uma técnica utilizada pelos peritos chamada de Confronto Microbalístico. 
Obtém–se, no caso, o projétil, após, faz–se testes com a(s) arma(s) de 
fogo suspeita(s), disparando- a(s) em tanques de água, por exemplo, a fim de 
obter o projétil sem deformações, a não ser as inerentes ao contato com as raias 
ou superfície interna do cano. Após, com a ajuda de um microscópio óptico, 
observa–se as micro–estrias dos dois projéteis (o retirado da vítima e o 
produzido no tanque de água) e, através desta observação, pode–se ligar ou não 
a arma ao crime. 
O confronto microbalístico não se delimita apenas aos projéteis. Se 
houver cápsulas de cartuchos deflagradas na cena do crime, é possível analisar 
as marcas do percutor e as ranhuras produzidas na culatra. Seria como uma 
análise de impressão digital, onde cada arma produz um conjunto de micro–
estrias único. E esses, assim obtidos serão comparados com aqueles a serem 
identificados, com o auxílio de lentes de aumento, do microscópio binocular e do 
microscópio comparador. 
Identificação da Arma pela Pólvora 
A pólvora pode apresentar–se queimada ou não e pode ser encontrada 
na cápsula, na arma ou no corpo ou vestes da vítima. O seu exame se faz através 
do exame do sarro, que permite verificar se o disparo foi feito com pólvora negra 
ou com pólvora piroxilada. Primeiramente, observa–se o aspecto da pólvora, 
macroscópica e microscopicamente. A pólvora negra deixa no interior do cano 
39 
 
 
abundante resíduo preto, que passa em poucos dias a uma cor cinzento–
esbranquiçada, para depois tomar o aspecto avermelhado de ferrugem. 
A pólvora piroxilada deixa pouco resíduo, de cor cinza escura, que não se 
altera a não ser muito depois com a ferrugem. Em seguida, se realiza o exame 
químico do sarro, no qual a parte interna do cano ou outro objeto qualquer é 
lavado com água quente, sendo essa água de lavagem submetida à análise. O 
líquido é filtrado e sua reação é verificada com a fenolftaleína: a pólvora negra 
dá reação fortemente alcalina; a pólvora sem fumaça dá reação neutra. A análise 
mostrará, no caso da pólvora negra,a presença de sulfetos, sulfatos, 
tiossulfatos, carbonatos, tiocianatos, e também de carvão e enxofre. Com 
relação à pólvora piroxilada, encontrar-se nitritos e nitratos. 
 
Distância e Direção do Tiro 
A determinação da distância do tiro pode ser calculada usando as 
fórmulas mostradas na Figura 10, com as respectivas especificações e usando 
as unidades do Sistema Internacional de Unidades. 
 
Com o objetivo de descobrir a posição do atirador no momento do disparo, 
é necessário traçar uma circunferência com centro no alvo e raio igual à distância 
calculada anteriormente. Em seguida, fazer uma reconstrução da cena levando 
em conta a posição do corpo (alvo) e o local onde o projétil se encontra. 
 
40 
 
 
Resíduos de Arma de Fogo 
No momento do tiro são expelidos, além do projétil, diversos resíduos 
sólidos (provenientes do projétil, da detonação da mistura iniciadora e da 
pólvora) e produtos gasosos (monóxido e dióxido de carbono, vapor d'água, 
óxidos de nitrogênio e outros). Também integram a parte sólida dos resíduos 
partículas constituídas pelos elementos antimônio (Sb), bário (Ba) e chumbo 
(Pb), provenientes de explosivos como sais de chumbo, bário e antimônio, além 
da composição da liga de projéteis e cartuchos. Parte desses resíduos sólidos 
permanecem dentro do cano, ao redor do tambor e da câmara de percussão da 
própria arma. Porém, o restante é projetado para fora, atingindo mãos, braços, 
cabelos e roupas do atirador, além de se espalharem pela cena do crime. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
REFERENCIAS 
 
BONFIM, E. M. Curso de processo penal. São Paulo: Saraiva, 2006. 
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 12ª ed., São Paulo: Saraiva, 2005. 
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 12ª ed., São Paulo: Ática, 2001. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). São Paulo, 
Revista dos Tribunais, 1996. 
DAGNINO, R. A Relação Pesquisa-Produção: em Busca de um Enfoque 
Alternativo. In: SANTOS, L. W., org., Ciência, Tecnologia e Sociedade: o desafio 
da interação. Londrina, IAPAR, 2004, pp.101-150. 
DAVYT, Amílcar e VELHO, Léa. “A avaliação da ciência e a revisão por pares: 
passado e presente. Como será o futuro?” Hist. cienc. saude-Manguinhos., Rio 
de Janeiro, v. 7, n. 1, 2000. 
DESCARTES, René. Discours de la Méthode de Bien Conduire as Raison et 
Chercher la Vérité dans les Sciences. s.l., s.d., (trad. port. de Pietro Nasseti, 
Discurso do Método, São Paulo, Editora Martin Claret, 2000). 70p. 
FURTADO, André. “Novos arranjos produtivos, estado e gestão da pesquisa 
pública”. Ciência e Cultura, Rio de Janeiro, v. 57, n. 1, 2005, pp. 41-45. 
 GAROFALO, R. [19--?] (trad. port. de Danielle Maria Gonzaga, Criminologia. 
Série Mestrado Jurídico, Campinas, Péritas, 1997). 
KUHN, Thomas S. A função do dogma na investigação científica. In: Deus, J. D. 
de, A Crítica da Ciência. Rio de Janeiro: Zahar,1979. 
LACAN, Jacques. Écrits. Paris, France: Editions du Seuil, 1995. (trad. port. Vera 
Ribeiro. A ciência e a verdade. In: Escritos. Rio de Janeiro, RJ, Jorge Zahar, 
1998. 
LATOUR, Bruno. Science in Action. How to follow scientists and engineers 
through society. s.l., 1998. (trad. Port. de Ivone C. Benedetti, Ciência em Ação: 
como seguir cientistas e engenheiro sociedade afora. Biblioteca Básica. São 
Paulo, UNESP, 2000). ISBN 85-7139-265-X. 
42 
 
 
MERTON, Robert. K. A Ciência e a Estrutura Social Democrática. In: Sociologia. 
Teoria e Estrutura, São Paulo, Mestre, 1968. pp. 651-662. 
MOREIRA, Lays. Informática e Educação: A (re)estruturação da prática 
educativa no contato com os computadores. Universidade Estadual de 
Campinas, Faculdade de Educação, 2002. 
MORIN, Edgar. Science avec conscience. Editions du Seuil, 1990, (trad. port. de 
Maria D. Alexandre e Maria Alice Sampaio Dória, Ciência com consciência – 9ª 
ed. – RJ, Bertrand Brasil, 2005). 
OCDE. “Manual Frascati”. Paris, 2002. 
OMNÈS, Roland. Filosofia da ciência contemporânea. São Paulo, UNESP. ISBN 
85-7139-120-3. 1996. p. 264-270. 
PABÓN ESCOBAR, S. C. Institucionalização da política científica e tecnológica 
na Bolívia: avanços e retrocessos. Dissertação (Mestrado em Política Científica 
e Tecnológica). Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, 2002. 
 STEFANI, Valter. “Ciência que desvenda crimes”. Boletim Agência FAPESP, 
Jun 2006. Disponível em: < http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro. 
php?id=5588>. Acessado em: 18.08.2006. 
WEBER, Max. Wirtschaft und Gesellschaft: Grundriss der verstehenden 
Soziologie. s.l., s.d., (trad. port. de Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa, 
Economia e Sociedade – Fundamentos da sociologia compreensiva, Vol.2, 
Brasília, DF, Universidade de Brasília, 1999). 
CHEMELLO, E., Ciência forense: impressões digitais, Química Virtual, 2006, de 
La URL (http://www.quimica.net/emiliano/artigos/2006dez_forense1.pdf) 
FIEDLER–FERRARA, N., MATTOS, C., Seleção e organização de conteúdos 
escolares: recortes na interdisciplinaridade. Anais do Encontro de Pesquisa em 
Ensino de Física, VIII, Águas de Lindóia. São Paulo: Sociedade Brasileira de 
Física, 2002 (CD–ROM, arquivo:C081_2) 15 p. 
DIAS F°, C. R., ANTEDOMENICO, E., A perícia criminal e a 
interdisciplinaridade no ensino de ciências naturais, Química Nova na 
Escola, 32(2), 67–72, 2010. 
43 
 
 
LIMA, V. A., Atividades experimentais no ensino médio: reflexão de um grupo 
de professores a partir do tema eletroquímica. Dissertação (Mestrado) São 
Paulo: USP, 2004. 
OLIVEIRA, M. F., Química Forense: a utilização da Química na pesquisa de 
vestígios de crime, Química Nova na Escola, 24, 17–19, 2006. 
SILVEIRA, F. L., OSTERMANN, F., A insustentabilidade da proposta indutivista 
de "descobrir a lei a partir dos resultados experimentais", Caderno Brasileiro de 
Ensino de Física, 19 (especial), 7v27, 2002. 
ROGÉRIO GRECO, Curso de Direito Penal.Parte Geral.Vol 1 Ed. Impetus 
CEZAR ROBERTO BITTENCOURT. Manual de Direito Penal Parte Geral.Vol 
1..Editora Saraiva. 
LUIZ REGIS PRADO .Curso de Direito Penal.Parte Geral. Vol 1. Editora 
Revista dos Tribunais. RT 
CELSO DELMANTO. Código Penal Comentado. Editora Renovar.

Continue navegando