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Prof. Dr. João Coin UNIDADE I Psicologia Comunitária Texto básico: LANE, S. T. M. Histórico e fundamentos da psicologia comunitária no Brasil. In CAMPOS, R. H. F. (Org.) Psicologia social comunitária: da solidariedade à autonomia. Petrópolis: Vozes, 2011, p. 17-34. Para saber mais: (a) CRUZ, FREITAS; AMORETTI. Breve história e alguns desafios da psicologia social comunitária. In SARRIERA, J. C.; SAFORCADA, E. T. (Orgs.). Introdução à Psicologia Comunitária. Porto Alegre: Sulina, 2010, p. 76-96. (b) GONÇALVES, M. A.; PORTUGAL, F. T. Análise histórica da Psicologia Social Comunitária no Brasil. Psicologia & Sociedade [online], v. 28, n. 3, p. 562-571, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1807-03102016v28n3p562. Acesso em: 03 jan. 2022. Psicologia Comunitária: histórico e experiências “Fazer psicologia comunitária é estudar as condições (internas e externas) ao homem que o impedem de ser sujeito e as condições que o fazem sujeito numa comunidade, ao mesmo tempo que, no ato de compreender, trabalhar com esse homem a partir dessas condições, na construção de sua personalidade, de sua individualidade crítica, da consciência de si (identidade) e de uma nova realidade social” (GOIS, 1990). Definição Contexto Estados Unidos: “Psicologia Comunitária” (assistencialismo). No Brasil: Psicologia Social Comunitária (encontros de 1981 e 1988). Golpe Militar. Desafios Qual o lugar dos profissionais de psicologia na organização e na conscientização da população? Qual a formação necessária para esses profissionais? Histórico e fundamento da Psicologia Comunitária no Brasil (Silvia Lane) Centros Comunitários de Saúde Mental – Hélio Figueiredo (1977): Centro de Saúde Mental Comunitária do Jardim Santo Antonio; do atendimento individual ao debate sobre a identidade cultural. Educação Popular (Paulo Freire) – Pedro Pontual e Paulo Moldes (1981): Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientae. organização dos trabalhadores por eles mesmos; controle pela base dos movimentos populares; aspecto organizativo como conscientizador dos movimentos; o profissional como dinamizador, animador e não como liderança (educador popular); definição dos problemas/demandas junto à população; criação de estratégias de mobilização (quadrinhos, filme, assembleias). Encontro de 1981 (São Paulo) Em comum: equipe interdisciplinar; formação de grupos; conscientização; o encontro como lugar para “descobrir” a realidade; problemas: técnicas x natureza do psiquismo (sujeito/grupo/sociedade). O que é próprio do psicólogo: dinâmica de grupos; questões metodológicas e de avaliação; tensões e problemas de relacionamento. Encontro de 1981 Psicodrama pedagógico com mulheres na periferia – Maria Alice Vassimon (1981): discussão de problemas do cotidiano; diferentes ações, como clube de mães, aproximação da escola, feira de arte; trabalhos com gestantes no posto de saúde. PSC na Paraíba – Bruhl e Medeiros (1981): formação de grupos para solução de problemas e assessoria para os grupos já existentes; conscientização. Encontro de 1981 Ênfase nas técnicas de dinâmica de grupo. Do conhecimento de grupos e instituições à organização popular. Experiências: Formação de estudantes; Treinamento de moradores para auto-organização; Desenvolvimento grupal; autocontrole de situações por meio de atividades cooperativas; Resgate da subjetividade, de emoções e afetos; Presença de práticas terapêuticas (autoestima); Ação do psicólogo: na direção da autonomia (saúde); Avaliação: a subjetividade negada no poder/capitalismo. Encontro de 1988 (Minas Gerais) Década de 1940 (Brasil) trabalhos comunitários na zona rural; centros comunitários; equipes interdisciplinares; organização de grupos. Após 2ª Guerra Mundial (EUA) consolidação do capitalismo; centros para fomentar a solidariedade; “acríticos e aclassistas”; combate ao analfabetismo e ensino de tecnologias agrícolas; paternalismo e desenvolvimentismo; práticas assistenciais; nesse cenário, o psicólogo é o profissional clínico sem participação em ações comunitárias. Histórico: Brasil e nos EUA Existem também trabalhos no campo nos quais a ação da psicologia é voltada para a construção da autonomia [ver os trabalhos de Cezar Góis e Verônica Ximenes]. Hoje Universidade Federal do Ceará (NUCON); Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Grupo de Pesquisa em Psicologia Comunitária – Jorge Sarriera); UNIP (Grupos e Comunidades na Favela da Funerária). Histórico Grupos [e sujeitos]. Consciência e atividade. Identidade. Linguagem (e pensamento). Afetos (e vínculos). Comunidade. Conceitos E agora, voltando àquela primeira definição: “Fazer psicologia comunitária é estudar as condições (internas e externas) ao homem que o impedem de ser sujeito e as condições que o fazem sujeito numa comunidade, ao mesmo tempo que, no ato de compreender, trabalhar com esse homem a partir dessas condições, na construção de sua personalidade, de sua individualidade crítica, da consciência de si (identidade) e de uma nova realidade social” (GOIS, 1990). Definição Marque a alternativa correta sobre a psicologia social comunitária: a) Só existe uma verdadeira psicologia comunitária quando esta se insere na sociedade, por meio do compromisso da psicólogo com a superação da desigualdade. b) A psicologia social comunitária nasceu da inserção dos psicólogos nos serviços públicos de saúde. c) A psicologia social comunitária surge do reconhecimento das carências de grande parte da população brasileira e da necessidade de desenvolver políticas assistencialistas. d) A atuação de uma psicóloga comunitária se confunde com a de um líder de grupo, cabendo a ela estabelecer as necessidades e esclarecer a população quanto às suas reivindicações. e) A prática da psicologia comunitária exige um profissional que, mesmo sem preparo técnico adequado, esteja comprometido com a transformação de uma realidade onde prevalece a desigualdade. Interatividade Marque a alternativa correta sobre a psicologia social comunitária: a) Só existe uma verdadeira psicologia comunitária quando esta se insere na sociedade, por meio do compromisso da psicólogo com a superação da desigualdade. b) A psicologia social comunitária nasceu da inserção dos psicólogos nos serviços públicos de saúde. c) A psicologia social comunitária surge do reconhecimento das carências de grande parte da população brasileira e da necessidade de desenvolver políticas assistencialistas. d) A atuação de uma psicóloga comunitária se confunde com a de um líder de grupo, cabendo a ela estabelecer as necessidades e esclarecer a população quanto às suas reivindicações. e) A prática da psicologia comunitária exige um profissional que, mesmo sem preparo técnico adequado, esteja comprometido com a transformação de uma realidade onde prevalece a desigualdade. Resposta Texto básico: GUARESCHI, P. A. Relações comunitárias – Relações de dominação. In CAMPOS, R. H. F. (Org.) Psicologia social comunitária: da solidariedade à autonomia. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 81-99. Para saber mais: SAWAIA, B. B. Comunidade: a apropriação científica de um conceito tão antigo quanto à humanidade. In CAMPOS, R. H. F. (Org.) Psicologia social comunitária, p. 35-53. Psicologia Comunitária: conceito de comunidade Algo que para ser, precisa de um outro. Dialética. Exemplo: Maria (mãe) precisa de um outro (o filho). Somos por meio dos outros. Grupos: conjuntos de pessoas que estão relacionadas. Diferente dos grupos, quando “não há relações”: massa, multidão, público. Relação – relações Modelo hegemônico das relações. Apropriação do poder (potencialidade) do outro (dominado). Tipos de dominação: Dominação econômica. Dominação cultural: étnica, de gênero,religiosa. Dominação institucional. Dominação e sofrimento. Relações de dominação Oposição às relações de dominação. Horizontalidade. Quando o outro é tão importante para você quanto você mesmo. Relações nas quais: Os sujeitos possuem identidade, são reconhecidos pelo nome. Os sujeitos podem falar e ser ouvidos. Ou seja: os sujeitos podem ser (não são impedidos pela dominação). Relações comunitárias Comunidades: grupos nos quais estão presentes relações comunitárias. Democracia. Ideia que contraria o senso comum (grupos pobres e vulneráveis que vivem em determinado local: favela). Prática do psicólogo comunitário: fomentar a instalação e a manutenção de relações comunitárias. Comunidades Texto básico: FREITAS, M. F. Q. Inserção na comunidade e análise de necessidades: reflexões sobre a prática do psicólogo. Psicol. Reflex. Crit. vol. 11, n. 1, 1998. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prc/a/WY8YPpmJKLcMYnhp6SBbkRp/. Acesso em: 03 jan. 2022. Para saber mais: FREITAS, M. F. Q. Tensões na relação comunidade-profissional. In GUZZO, R. S. L.; LACERDA JR., F. (Orgs.) Psicologia & Sociedade. Campinas: Alínea, 2010, p. 83-98. A entrada no campo e na instituição: a questão das diferenças Relação entre o psicológico e a comunidade: diferenças. Intervenção. Histórico. Década de 1970: Militância e participação política com pouca preocupação técnica. Caridade, filantropia e preocupação com desfavorecidos, atendimento psicológico gratuito. Curiosidade. Demanda: colaborar com a mudança, construção de conhecimento na área. Inserção na comunidade Objetivos: Definidos a priori: sem discussão com a população. Definidos a posteriori: com a participação da população. Consequências da definição a priori: as identidades da população e do psicólogo não são questionadas; processo decisório não é participativo. Por outro lado, a posteriori, com participação: construção de condições nas quais as pessoas se sintam capazes [potentes] de mudar suas vidas em benefício próprio e dos outros (que não são vistos como ameaças). Objetivos na intervenção A partir de três aspectos: As necessidades da população devem indicar os caminhos para a prática do psicólogo em comunidade, significando, portanto, que os objetivos devam ser definidos a posteriori; O trabalho implica na construção conjunta de canais e alternativas para que a população assuma seu cotidiano, fomentando relações mais solidárias e éticas e desenvolvendo uma consciência crítica; Apesar das incertezas e das delimitações que vão acontecendo durante o processo de inserção, o psicólogo tem, sim, um domínio específico para sua ação, ligado aos chamados processos psicossociais que perpassam os cotidianos das pessoas [contexto e relações]. Processo de intervenção Novos modos de relação. Instalação de redes de relação comunitária. Ações que possibilitem que as pessoas se percebam habilitadas a intervir nas suas vidas, incluindo os outros (que deixam de ser ameaças). Na ação: a população tem mais potência/poder do que pensa. Inserção e participação Conhecer: história, gentes, dinâmicas/relações. Atuar (x intervir): grupos (trabalhos coletivos), avaliação científica, ação interdisciplinar. Tempo: variável e dependente [paciência e insistência]. Como se dá a ação Texto básico: MINAYO, M. C. S. O trabalho de campo. In Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2010. Para saber mais: (a) FRIZZO, K. R. Diário de campo: reflexões epistemológicas e metodológicas. In SARRIERA, J. C.; SAFORCADA, E. T. Introdução à Psicologia Comunitária, p. 169-187. (b) BLEGER, J. A entrevista psicológica. In Temas de Psicologia: entrevista e grupos. São Paulo: Martins Fontes, 2010. Entrevista e observação Entrevista: Conhecer. Utilização da linguagem. Implicação da subjetividade do profissional. Promover conhecimento. Condição para planejar e atuar. Observação: Perceber (imagens, cheiros, gostos, sons...). Refletir. Relacionar. Condição para planejar e atuar. Entrevista e observação Pedrinho Guareschi, no texto Relações Comunitárias Relações de Dominação, estabelece diferenças entre poder e dominação, levando a um discernimento mais adequado acerca das intervenções comunitárias. Dentre as alternativas abaixo, aponte aquela que melhor expressa as formulações do autor. a) As relações de dominação são sustentadas pela ideologia que atravessa os grupos sociais. b) Poder é a capacidade de expropriar o outro, seus desejos e identidade. c) Relações de dominação são entendidas como interações próprias aos seres humanos, não cabendo a Psicologia quaisquer intervenções. d) O empoderamento de um grupo se revela nas estratégias de impor suas certezas aos demais grupos. e) Relações de poder e relações de dominação são idênticas. Interatividade Pedrinho Guareschi, no texto Relações Comunitárias Relações de Dominação, estabelece diferenças entre poder e dominação, levando a um discernimento mais adequado acerca das intervenções comunitárias. Dentre as alternativas abaixo, aponte aquela que melhor expressa as formulações do autor. a) As relações de dominação são sustentadas pela ideologia que atravessa os grupos sociais. b) Poder é a capacidade de expropriar o outro, seus desejos e identidade. c) Relações de dominação são entendidas como interações próprias aos seres humanos, não cabendo a Psicologia quaisquer intervenções. d) O empoderamento de um grupo se revela nas estratégias de impor suas certezas aos demais grupos. e) Relações de poder e relações de dominação são idênticas. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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