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vitruvius _ arquitextos 128 06 - Modo leitor

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24/02/2022 22:35 vitruvius | arquitextos 128.06 - Modo leitor
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vitruvius | arquitextos 128.06
Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou – Renzo
Piano
Caroline Sacchetto
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Tjibaou cultural Center 
Foto Fanny Schertzer [Wikimedia Commons]
1/4
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Os aspectos relacionados à produção de uma arquitetura que deseja
ser comunicativa transcendem o grau de apenas favorecer a relação
cultural com o entorno, com a cultura especi�ca, com o local de
implantação. Dessa forma, a soma de fatores e sua interpretação
enquanto essência irá contribuir para a con�guração da obra que se
volta para o mundo, para a globalização, para as idéias vigentes de
poder. As questões relativas ao confronto de culturas também são
levantadas e sua função analisada na obra como grande
in�uenciador no processo de projeto.
Uma arquitetura para as condições como as de Nouméia no C.C.T.
(Centro Cultural Tjibaou) onde os fatores locais denotam peso
relevante no processo de projeto, essa comunicação entre a obra e o
propósito dela enquanto criação de um símbolo da cultura kanak é
estabelecida a partir de uma cultura superior e também questionada,
a cultura européia. A in�uência de traços culturais advindos do autor
do projeto, em toda sua formação teórica assim como experiência
prática fez do C.C.T. uma obra soberana que não nega a essência
cultural, mas a extrai de maneira a criar uma relação de hierarquias
entre as culturas envolvidas.
A produção de uma arquitetura símbolo, de uma estreita relação de
poder tem origens no high-tech: a condição de racionalidade na obra,
otimização de materiais, mão de obra e, sobretudo tempo de
produção passam a ter um peso único no processo de geração da
arquitetura. O estilo high-tech, no início, desumanizava a arquitetura,
aproximando-a das relações com a máquina, atualmente a questão
ambiental começou a ser encarada como um retorno às ligações
humanas: a obra agora deveria se relacionar com o contexto, com o
entorno, com a cultura, tirando partido disso tudo de forma
consciente. A busca pelo elo fundamental nessa evolução
arquitetônica conduz a uma linguagem cada vez mais universal onde
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as obras se expõem no cenário internacional cada qual com sua
identidade.
Isso se dá pela velocidade de transformação das coisas em geral,
onde se ganha e se perde prestígio muito rápido. Para que isso não
ocorra procura-se agregar fatores à obra que se perpetuem. Dessa
forma o contexto, a história, a cultura, transmitem idéia de elementos
mais concretos. A busca pelo novo é própria da época vigente, assim
como os anseios pela comunicação numa linguagem globalizada das
obras arquitetônicas. Esses elementos serão explorados a �m de
certi�car a interferência da cultura, sua extração enquanto essência,
na produção de uma arquitetura tecnológica imponente, capaz de
ecoar a superioridade de uma outra cultura através dos aspectos
elementares de projeto, como por exemplo, a técnica aplicada ao uso
dos materiais (pré-fabricação) e sua linguagem de expressão.
Uma série de acontecimentos a�orou a discussão a respeito da
arquitetura produzida. Com a Revolução Industrial e a mudança no
processo de produção, a arquitetura seguiu rumos não imaginados. É
evidente que essa mesma arquitetura não fosse �car indiferente a
todo processo de evolução que estava ocorrendo. O estilo de vida
assim como o processo de globalização e intercâmbio de todos os
gêneros se tornaram cada vez mais freqüentes. A evolução desta
arquitetura racionalista, agressiva e, até certo ponto “anti-humana”
produzida irá resultar numa outra discussão visando princípios
particulares e de�nidores do partido de projeto visto que a produção
de um edifício extremamente high-tech não atendia mais aos anseios
da época. A partir da década de noventa a questão ambiental e toda
conseqüência abarcada a respeito será abordada de maneira tão
séria a ponto de modi�car o conceito de produção aplicado não só a
construção civil, mas ao modo de vida de uma forma geral.
A racionalidade do material agora é entendida como fundamental se
efetuada de forma consciente, e com materiais renováveis. O uso de
energias também renováveis aliado aos novos materiais implica
numa prática atual muito mais aliada a exploração de um discurso
metódico e uma falsa impressão de coerência ecológica do que
simplesmente da inserção de tecnologias a �m de corresponder ao
apelo mundial pelo zelo a natureza. A aplicação dessas tecnologias,
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principalmente de cunho ecológico, não se dá inocentemente e visa
remeter cada vez mais a uma linguagem mundial e a relação de
imponência no contexto de inserção.
Nesse quadro geral, situa-se a obra de Renzo Piano em Nouméia e
apesar de posicionamentos distintos a respeito, sua condição de
inserção é conduzida de forma a produzir uma arquitetura
comunicativa, indutora, in�uenciadora e imponente para com a
cultura local. A relação de superioridade e o con�ito de culturas são
elementos sintetizados numa leitura ordenada à evocação de uma
obra globalizada. A obra de Nova Caledônia remete a exploração de
elementos básicos – a cultura e a tecnologia – que, quando cruzados
conformam o Centro Cultural como uma obra internacional,
implantada num contexto especi�co e peculiar capaz de se impor a
esse mesmo contexto, por conta de sua linguagem de expressão
arquitetônica e seu enquadramento histórico-cultural.
A década de noventa, época de produção da obra em análise -
processo, projeto e construção - é caracterizada pela tentativa de
domesticação da arquitetura high-tech. A partir de compreensão do
contexto local, novos instrumentos fomentadores de projeto se
tornaram necessários na con�guração do partido adotado. Segundo
MONTANER, 2002, o grande desa�o da arquitetura atual é: “saber
progredir utilizando todas as disponibilidades da ciência e tecnologia
sem esquecer a memória” (1). Dessa forma, �ca evidente que a
relação de interferência cultural advindo dos povos kanaks é extraída,
interpretada e aplicada através de uma linguagem extremamente
tecnológica. Se para o high-tech esses aspectos não eram
importantes, a partir de então serão fundamentais, onde os mesmos
arquitetos que produziam essa arquitetura defenderem o termo
“arquitetura ecológica”.
A noção de imponência ligada à obra arquitetônica tecnológica tem
início no high-tech style e se revela de forma muito clara nas obras
internacionais. O apelo comunicativo e a repercussão absoluta de
poder serão responsáveis, nos anos 80, pelo uso freqüente desse
per�l de obras por empresas com grau �nanceiro considerável. A
relação de poder aliado à dimensão econômica e política se
evidencia a partir de então. Isso conduz a uma re�exão sobre a
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maneira como se desenvolveu o processo de projeto em Nouméia no
C.C.T. assim como a produção da arquitetura resultado de uma leitura
internacional sob in�uênciasigualmente políticas e econômicas.
Renzo Piano é encarado como um personagem “superior” no
contexto local e, sendo de origem européia, sua postura enquanto
integrante de uma cultura clássica, onde toda referência de evolução
humana, artística, arquitetônica se desenvolveu, consiste em um
cenário de detenção suprema de conhecimento assim como de
aplicação do mesmo no projeto do Centro Cultural Tjibaou. Sua
formação acadêmica no Instituto Politécnico de Milão e o
desenvolvimento de projetos com caráter tecnológico justi�cam seu
enquadramento entre os arquitetos que produzem a arquitetura
tecnológica. Conceitos de racionalização, otimização e síntese, sejam
da forma, do material ou da estrutura são conseqüências dessa
formação pro�ssional. A performance estrutural racionalizada assim
como os níveis de detalhamento das articulações re�etem a
interferência da era industrial e é veri�cado na obra em Nouméia.
Além de todos os fatores apresentados, somam-se os particulares e
relativos ao local de inserção da obra. Este foi palco de atividades
culturais e festivas importantes para a cultura kanak – Melanésia
2000 – organizado pelo então líder Tjibaou, em 1975. Movimentos
pela independência do país foram freqüentes depois que o governo
francês intensi�cou a colonização, provocando várias mortes. A
decisão da construção do C.C.T. surge, nesse contexto, após a morte
do líder kanak como ato intitulado de “tentativa de reconciliação com
os povos”. O discurso político abordando favoravelmente as questões
culturais locais só evidencia o propósito de construção de um
símbolo que, ao contrário desse mesmo propósito, se volta a esse
contexto como símbolo de uma arquitetura internacional e não local.
A crítica lançada é, então, discutida a partir de dois princípios
básicos: a relação cultural existente na obra e sua interpretação
numa leitura arquitetônica, tecnológica, internacional e soberana. A
compreensão de elementos culturais assim como sua assimilação se
torna relevante ao passo que avança a discussão sobre a obra. Nesse
sentido tem-se em vários momentos uma clara referência a esses
traços históricos kanaks na obra de Renzo Piano, já em outros eles se
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revelam de forma muito sutil tendendo a uma sintetização dos
elementos. O Centro Cultural Tjibaou é alvo de várias análises e
grande parte ostenta a idéia de interferência direta e até exagerada
do contexto e cultura locais. A diferença é que essas análises partem
do princípio que as relações culturais são partido, processo e
resultado formal e não sintetizados como essência de acordo com a
crítica aqui instaurada.
As interferências diretas �cam por conta de elementos extraídos da
organização de seus povoados; a estruturação do espaço físico de
acordo com as noções próprias dos kanaks hierarquizava esse
ambiente, sem esquecer ainda que “as construções kanaks nascem
da estreita relação com a natureza e são efêmeras como alguns de
seus materiais (...). Outra vertente da cultura local é a concepção da
paisagem como elemento indissociável da arquitetura” (2).
As referências locais distribuem-se externa e internamente, sendo
esta última apresentada na obra como uma espécie de ritual,
passando pelos espaços de exposições naturais da arte, história e
religião kanak. Assim o edifício pode ser organizado a partir de três
vilas principais validando a correlação cultural.
Para as interferências indiretas ou aquelas extraídas de forma sutil,
tem-se a reinterpretação das choças kanak onde o modelo produzido
pouco remete a forma original dessas construções por se con�gurar
no projeto de maneira mais alongada e menos curvada que o sistema
primitivo. Na verdade, o aspecto mais relevante nesse quesito é
representado pela interpretação da técnica aplicada a esse tipo de
construção tradicional, onde a aplicação de �bras tramadas é
sintetizada na obra do Centro Cultural Tjibaou e percebida através
dos travamentos executados em estrutura de madeira.
Numa outra atmosfera de fundamentação, depara-se com as
questões tecnológicas envolvidas e que buscam, através de uma
breve assimilação contextual, produzir uma arquitetura internacional
cada vez mais imponente. Diante dos paradigmas teóricos, a obra de
Renzo Piano em especial a de Nouméia é caracterizada como de “alta
tecnologia”. A arquitetura tecnológica segundo Montaner, “se
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suavizou, se domesticou respeitando muito mais as preexistências
naturais” assim como ao local da implantação (3).
A extração essencial de traços advindos das relações culturais
kanaks foi assimilada através dos elementos apresentados
anteriormente e expressa de acordo com uma linguagem
contemporânea onde o apelo pela imagem, pelo visual, por
comunicar-se é inerente à obra. Isso se evidencia visto que “grande
parte da arquitetura tecnológica tem o mesmo papel cenográ�co e
visual das arquiteturas denominadas pós-modernas” (4).
Nesse mesmo sentido a proposta dessa tipologia arquitetônica no
cenário mundial contemporâneo é, ainda segundo Montaner, “ser
símbolo e expressão do poder” (5). A partir de então se tem um
cenário fundamentado tanto nas relações com o contexto local
quanto ao objetivo da arquitetura tecnológica na criação de uma
arquitetura ostensiva. É evidente que a própria corrente arquitetônica
tecnológica sustenta esse caráter pelos investimentos existentes em
conhecimento e tecnologias aplicadas principalmente ao material, e
tem como conseqüência a elevação do ego dos envolvidos com a
mesma arquitetura.
Na análise do Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou os elementos
levantados em seqüência originam, na discussão, uma leitura
perspicaz da real interferência procedente do contexto local frente
aos paradigmas arquitetônicos enquanto caracterização da
arquitetura tecnológica. Com isso, a análise do projeto revela que o
objetivo principal da obra foi à realização de um monumento com
traços peculiares sintetizados sob uma ótica contemporânea.
A extração dos aspectos relativos a Nouméia principalmente no que
diz respeito aos povos kanaks se dão de forma clara quando
analisamos a implantação da obra e a comparamos com a
con�guração primitiva dos clãs onde esses se organizavam de
acordo com uma hierarquia funcional. O desenvolvimento da
implantação do projeto linearmente permitiu a organização das dez
“casas” ao longo de uma alameda que conecta todo o complexo.
Com o objetivo de proporcionar um caminho coerente com a tradição
onde a atmosfera natural per�zesse uma réplica da original, foi
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estabelecida a essas casas uma hierarquia funcional que se soma ao
percurso efetuado pelo visitante fora do edifício.
Uma trilha reconstrói a representação kanak da evolução humana e
discorre sobre os momentos-chave dessa cultura: a criação, a
agricultura, o habitat, a morte e o nascimento, partindo de suas
metáforas extraídas de um mundo natural (6).
Essa estreita ligação com os momentos culturais evidencia um certo
caráter contextualista da obra enquanto inserida em um conjunto de
aspectos tão peculiares quanto os existentes nas Ilhas de Nova
Caledônia. A aplicação desse aspecto no Centro Cultural Tjibaou foi
fundamental para exprimir indícios culturais numa arquitetura com
qualidades internacionais. Em destaque na cor amarela tem-se a
disposição das “casas”, em alaranjado a alameda e em azul o
caminho que se segue e procura expor os costumes desses povos.
Para o formatodas “casas” apesar do discurso utilizado pela equipe
de Renzo referir-se a um estudo das choças tradicionais, pouco se
percebe tal relação, além de tudo, o apelo nessa parcela da obra
pelos elementos estruturais pretendendo explorar condições
ambientais favoráveis no projeto, afasta ainda mais a idéia de
correlação cultural, se revelando apenas enquanto essência no
Esquema de Implantação 
Caroline Sacchetto
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emprego reinterpretado da técnica de tramadas muito utilizada por
essa cultura em suas construções e seu artesanato. O emprego
dessa tipologia desenvolve de forma sutil por meio das estruturas
das “casas”.
O Centro Cultural Tjibaou agrega, então, reinterpretações extraídas
ora de uma relação direta como a con�guração de sua implantação,
ora indireta, quando se tem aplicação sintética de tramadas ao
sistema de travamento estrutural, contudo, todos os elementos
advindos do âmbito cultural, principalmente no que diz respeito à
tentativa de contextualização, consistem em indícios freqüentes
desse tipo de arquitetura, onde a evolução da experiência high-tech
passa a exigir elementos concretos, próximos ao contexto assim
como “humanizadores” quanto à aplicação da alta tecnologia.
Nesse sentido, as relações culturais aqui expressas não anulam nem
amortecem os efeitos de soberania da arquitetura tecnológica de
Renzo Piano, ao contrário, são responsáveis justamente por um
feedback negativo: a forma como se deu o concurso, processo e
construção do Centro Cultural, exprime a soberania não apenas da
cultura européia como berço da equipe técnica, mas particularmente
do governo francês, onde a construção do C.C.T. é vista como “uma
obra de boas intenções do Estado francês” (7). A obra, que faz alusão
à cultura kanak, sob uma óptica ainda mais rígida da arquitetura de
alta tecnologia, quer instruí-la como formas de procedimentos
através da técnica, dos materiais, da pré-fabricação e do arrojo
estrutural empregado pela equipe de Renzo em Nouméia. A sensação
de poder é transmitida ao observador através da escala da obra,
assim como pela forma resultante da aplicação de uma tecnologia
fruto do acúmulo de conhecimento.
O Centro Cultural projeta-se para o contexto mundial através de uma
linguagem internacional com fatores evidentes muito mais
relacionados a uma arquitetura ecológica e contemporânea do que
contextualista. A aplicação da alta tecnologia na arquitetura em
Nouméia revela que a utilização dessa tipologia arquitetônica
continua sendo explorada por detentores econômicos. A relação de
poder também se evidencia pelo �nanciamento da obra por parte do
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governo francês, com discurso irrisório na promoção da paz entre as
nações envolvidas em con�itos passados.
Por �m, é importante ressaltar que as relações culturais existentes
enquanto essência e comprovadas através da análise da obra não
resultaram numa produção arquitetônica com fortes referências
locais nem tampouco numa arquitetura regional ou extremamente
contextual. Ao contrário, para o Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou a
formatação suprema da cultura européia envolvida no projeto por
meio da equipe de Renzo Piano, apenas comprovou que, para a
execução da obra o conhecimento a respeito da tecnologia
empregada era fundamental, surtindo, dessa forma, como uma lição
indireta aos povos tradicionais. Além disso, a sensação de
imponência nessa obra de alta tecnologia é percebida realçada pela
escala de inserção no entorno. Assim, a análise do Centro Cultural
Tjibaou permite inferir que a produção sua concepção utilizou-se de
uma leitura sintética do lugar e da cultura visando enaltecer a relação
de poder própria da arquitetura de alta tecnologia.
notas
1 
MONTANER, Josep Maria. As formas do século XX. Barcelona,
Gustavo Gili, 2002.
2 
OLIVEIRA, Ana Rosa de. “Centro Cultural Jean Marie Tjibaou em
Nouméa. Renzo Piano e a construção de um símbolo da civilização
kanak”. Arquitextos, São Paulo, 06.063, Vitruvius, set 2005
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.063/431>.
3 
MONTANER Josep Maria. Op. cit.
4 
Idem.
5 
Idem.
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6 
OLIVEIRA, Ana Rosa, op. cit.
7 
MORTAIGNE, Véronique. “O Centro Tjibaou e a Complexidade
Caledoniana”.
<http://www.vivercidades.org.br/publique222/cgi/cgilua.exe/sys/star
t.htm?from_info_index=25&infoid=920&sid=5>
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1995.
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Editions de la Maison des sciences de l'homme, 2000.
BLASER, Werner. Renzo Piano Centre Kanak. Boston, Birkhauser,
2001.
BLASER, Werner. Renzo Piano. Barcelona, Loft publications, 2002.
BUCHANAN, Peter. Renzo Piano Building Workshop – complete
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Piano/Centro Cultural Jean-Marie Tijibaou. Arquitextos, São Paulo,
07.082, Vitruvius, mar 2007
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.082/263>.
sobre a autora
Caroline Sacchetto é estudante de graduação do curso de Arquitetura
e Urbanismo pela UEL Universidade Estadual de Londrina.
http://www.anu.edu.au/hrc/publications/hr/issue1_2002/download/Murphy.pdf

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