Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Casos Clínicos – Anemia Falciforme CASO CLÍNICO 1 Nome: Cristiana. Idade: 8 anos e 6 meses. Peso: 33kg. Informante: Marta (mãe), QP: febre e olhos amarelos. HPMA: Há 3 dias paciente iniciou novo quadro de febre e icterícia, acompanhado de tosse, nega desconforto respiratório, vômitos ou diarreia. Mãe refere que paciente apresenta quadros de icterícia intermitente sempre acompanhada de febre e dor abdominal, desde 1 ano de idade. Já teve algumas internações para investigação do quadro na Angola, mas sem diagnóstico fechado. Nega acolia fecal, nega colúria. Paciente passou em consulta agendada em UBS e então foi orientada a procurar serviço de Pronto Atendimento, por isso veio ao nosso serviço hoje, triada como laranja. AP: Parto normal, termo, mãe saudável, gestação e parto sem intercorrências. Nega icterícia neonatal. Nega outras comorbidades. Mãe refere que não foi realizado o teste do pezinho ao nascimento. Nega alergias. Muitas internações prévias por icterícia, febre e crises dolorosas TX hemácias aos 8 meses. Imunização: Caderneta vacinal desatualizada. Antecedente familiar: Mãe, 29 anos, hígida Pai, 34 anos, hígido – Perdeu o contato Irmãos, 3 e 15 anos, hígidos – Moram em Angola Mãe e filha estão morando em uma casa de acolhimento. Icterícia fisiológica do RN é com aumento de BI, se aumentar BD deve-se investigar, pois pode ser síndrome colestática. Medula óssea vermelha = células linfóides e células mieloides = a partir da maturação das células mieloides surgem as hemácias = o reticulócito tem núcleo = perda do núcleo e liberação na corrente sanguínea como eritrócito. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C TESTE DO PEZINHO Fase 1: Fenilcetonúria e Hipotireoidismo Congênito; Fase 2: Anemia Falciforme e outras Hemoglobinopatias; Fase 3: Fibrose Cística; Fase 4: Hiperplasia Adrenal Congênita e deficiência de Biotinidase. Teste do pezinho expandido: 46 enfermidades. Teste de triagem!!!! Não dá diagnóstico. O que eu faço se vir alterado? Repetir. Acima de 50% de hemoglobina S já é considerada anemia falciforme. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Criança com traço falciforme não tem manifestação clínica, eu devo apenas acompanhar. Precisa de aconselhamento genético. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Hemoglobina S HbS não carrega bem oxigênio. Quando cai a HbF e começa a aumentar a HbS (por volta dos 6 meses) é que se iniciam os sintomas da doença. EXAME FÍSICO Sinais vitais: SatO2 89% / FC 128bpm / Tax 36,6°C. REG, hipocorada (++/4), hidratada, acianótica, ictérica 3+/4+. ACV: BRNF em 2T, sopro sistólico 3+/6+. AR: MV+ bilateral, sem RA, eupneica. Abdome: flácido, RHA+, normotenso, indolor à palpação, fígado a 2cm do RCD. MMII: aquecidos, sem edema, TEC < 2 segundos. Neurológico: ativa, comunicativa, Glasgow: 15. EXAMES SOLICITADOS Hemograma: Hb: 6,7| Ht: 22,5% | plaq: 531mil | leuco: 39,04 mil (N79/LT12/M9) - Hemácias em alvo. Hemácias em foice. Anisocitose moderada. Eliptócitos. Poiquilocitose ++. Reticulócitos: 23,5% (VR: 0,5-2%) VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Creat: 0,2. Na: 140| K: 4,9| Cl: 100|Mg: 2,3 | Ca: 10,3. BT: 15,04 (até 1,3) | BD: 3,94| BI: 11,1. TGO: 79 (até 40U/l) | TGP: 32. PCR: 8,1 (< 1,0mg/dl). Ferritina : 584 (7 – 140 ng/ml). Urina1: sem alterações. Raio x tórax: infiltrado peri-hilar, sem condensações. Vaso-oclusão + icterícia + hemólise Solicitar: Hemograma e reticulócitos VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Antibiótico profilático no sequestro esplênico (profilaxia primária, pois a criança nunca teve a infecção) Penincilina via oral (21 a 28 dias). Tratamento na STA internação para monitorar, suplementação de O2, analgésicos, coletar cultura se estiver estabilizado, ATB EV de largo espectro (ceftriaxona). TRATAMENTOS PARA ANEMIA FALCIFORME: Quando transfundir? Paciente instável e se ele sofreu AVC. Transfusão de hemácias filtradas e fenotipadas (TEM fenotipar, pois pode gerar maior destruição se na bolsa de sangue tiver anticorpos contra as hemácias do paciente; TEM que filtrar para tirar os leucócitos e diminuir reações). Hidroxiúreia Aumenta a síntese de HbF (mais ávida pelo O2), aumenta produção de óxido nítrico (vasodilatador – facilita a passagem do sangue no vaso) e reduz a circulação de leucócitos e plaquetas (para reduzir inflamação). - Efeitos adversos: neutropenia (< 1.500) e plaquetopenia (<10.000). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C TMO: CURA DA ANEMIA FALCIFORME Critérios para TMO: Mais do que 2 crises álgicas por ano, AVC, Priapismo recorrente e qualquer situação que impeça o uso de Hidroxiuréia. CASO CLÍNICO 2 Nome: João. Idade: 5 anos. Informante: Maria (mãe). QP: Convulsão. HPMA: Há 30 minutos paciente apresentou crise convulsiva tônicoclônica em casa, com duração de 4 minutos, liberação de esfíncteres e cianose. Após crise, criança apresentou sonolência (pós-equital) e foi trazida imediatamente ao pronto-atendimento pediátrico. Algum tempo antes da crise convulsiva, criança queixou-se de cefaleia. Criança portadora de anemia falciforme. - Obs.: Causas de convulsão na criança: meningite, mudanças bruscas de temperatura, distúrbio hidroeletrolítico (principalmente por queda de sódio), primeiro episódio de epilepsia. Exame Físico: Sinais vitais: SatO2 97% / FC 129bpm / Tax 36°C. REG, hipocorado (+/4), hidratado, acianótico, anictérico. ACV: BRNF em 2T, sopro sistólico 1+/6+. AR: MV+ bilateral, sem RA, eupneico. Abdome: flácido, RHA+, normotenso, indolor à palpação, sem VCM. MMII: aquecidos, sem edema, TEC < 2 segundos. Neurológico: discretamente sonolento, Glasgow 14, hemiparesia esquerda. Criança sofreu um AVC pela vaso-oclusão decorrente das hemácias falcizadas. Hemograma : Hb: 7,7 (indicação de transfusão com Hb menor que 7)| plaq: 400mil | leuco: 9.000 mil (sem desvio à esquerda). Hemácias em alvo. Hemácias em foice. Anisocitose moderada. Reticulócitos: 5% (VR: 0,5-2%). Creat: 0,2. Na: 140| K: 4,9| Cl: 100|Mg: 2,3 | Ca: 10,3. BT: 0,90 (até 1,3). TGO: 35 (até 40U/l) | TGP: 32. PCR: 3,5 (< 1,0mg/dl). Urina1: sem alterações. AVC ISQUÊMICO VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Tratamento no AVC Monitorização, estabilização, analgésico, transfusão com hemácias filtradas e fenotipadas. USG Doppler Transcraniano avalia a velocidade do fluxo sanguíneo nos vasos cerebrais (velocidade > 200 cm/segundo). CASO CLÍNICO 3 Nome: Pedro. Idade: 15 anos .Informante: Joana (mãe). QP: dor intensa. HPMA : Adolescente dá entrada na emergência, gritando, por ereção dolorosa em pênis. Refere ter iniciado quadro há 5 horas atrás – atraso para chegar ao serviço médico devido trânsito em São Paulo. Mãe relata que episódios semelhantes já ocorreram antes, durante à noite, provavelmente associado à polução noturna. Nega trauma genital ou uso de drogas para disfunção erétil. HMP: Criança portadora de anemia falciforme. Exame Físico: Sinais vitais: SatO2 96% / FC 180 bpm / Tax 36,8°C. REG, postura antálgica, hipocorado (+/4), hidratado, acianótico, anictérico, fáscies de dor. ACV: BRNF em 2T, sem sopro. AR: MV+ bilateral, sem RA, taquipnéico. Abdome: flácido, RHA+, normotenso, indolor à palpação, sem VCM. MMII: aquecidos, sem edema, TEC. Mãe relata que hematologista que acompanha o paciente suspendeu o “remédio” (Hidroxiuréia) depois de avaliar o seguinte hemograma, realizado há 1 semana: Hb 7,6 Leuc 1300 Neut 670 Linf 600 Mono 30 (neutropenia pelo uso da Hidroxiuréia = risco de infecção) Plaq 90.000. Tratamento: estabilização, monitorização, suplementação de O2, morfina, volume para expandir (para tentar reduzir o priapismo).
Compartilhar