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R E P E S C A ISSN 1980-587X Revista Brasileira de Engenharia de Pesca Volume 3, edição especial, setembro de 2008 Foto Haroldo Gomes Barroso � Expediente � Catalografia � Editorial � Artigos São Luís, MA - 1 a 5 de setembro de 2008 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 2 REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA VOLUME 3, EDIÇÃO ESPECIAL, SETEMBRO DE 2008 COLETÂNEA DE TRABALHOS I SEMANA NORDESTINA DE ENGENHARIA DE PESCA (I SENEP) (SÃO LUÍS, 1 A 5 DE SETEMBRO DE 2008) PROMOÇÃO CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO COORDENADOR DA I SENEP HAROLDO GOMES BARROSO (UEMA) EDITOR José Milton Barbosa - UFRPE EDITOR ADJUNTO Adierson Erasmo de Azevedo - UFRPE Assistentes de Edição Adriana Ferreira Lima - UFRPE Chirleide Marcelino do Nascimento - UFRPE Ebenezer José da Silva Oliveira - UFRPE Joana Angélica Lyra Vogeley de Carvalho - UFRPE Kelly de Souza Ferraz - UFRPE Larissa Neves Simões de Souza - UFRPE Renata Maria Medeiros de Alencar - UFRPE Roberta Maria Cavalcanti Nery – UFRPE Webmaster Junior Baldez - UEMA Curso de Engenharia de Pesca Universidade Estadual do Maranhão Departamento de Pesca e Aqüicultura Universidade Federal Rural de Pernambuco Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 3 A REPesca está indexada à base de dados: SUMARIOS.ORG (www.sumarios.org) Publicada em setembro de 2008 Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Maranhão. Proibida a reprodução, por qualquer meio, sem autorização dos Editores. Impresso no Brasil Printed in Brazil Ficha catalográfica Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central - UFRPE R454 Revista Brasileira de Engenharia de Pesca Nacional / editores: José Milton Barbosa, Haroldo Gomes Barroso -- São Luís, Ed. UEMA, 2008. V.3, edição especial: 96p. : il. Semestral 1. Pesca 2. Aqüicultura 3. Ecossistemas Aquáticos, 4. Pescados – Tecnologia I. Barbosa, José Milton II. Barroso Haroldo Gomes III. Universidade Estadual do Maranhão CDD 639 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 4 A ISSN-1980-587X REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA Volume 3 setembro, 2008 Edição Especial EDITORIAL Revista Brasileira de Engeharia de Pesca sente-se honrada em publicar, em Edição Especial, a Coletânea de Trabalhos da I Semana Nordestina de Engenharia de Pesca. Importante Evento que reunirá os atores dos cursos de Engenharia de Pesca do Nordeste num conclave magno, onde serão abordados os novos paradigmas da profissão no Nordeste e no Brasil, na certeza que a troca de experiências e predisposição de cooperação e amizade, estreitará nossos laços de irmandade e respeito mútuo. Por fim não poderia deixar de exaltar a espírito supremo do Programa de Educação Tutorial do Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE (PET/Pesca), cujo trabalho de dedicação exemplar e correção de atitudes, possibilitaram a realização desta Edição Especial. E ao Prof. Adierson Erasmo de Azevedo nosso exemplar pioneiro que dedicou sua sapiência e disposição na revisão desta Edição. José Milton Barbosa Editor Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 5 Sumário Atenção: Para abrir click em “�” TRABALHOS � Diário de Bordo: Um Informativo do PET/Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO; Adriana Ferreira LIMA; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Antony Evangelista de LIMA; Tiago Vandevelde TORRES; Marcelo Augusto Soares REGO; Larissa Neves Simões de SOUZA; Ivan Alves de FARIAS JUNIOR 7 � Diferentes Métodos de Indução a Reprodução da Ostra Nativa Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) em Laboratório Henrique David LAVANDER; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís Mendes de OLIVEIRA; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA NETO; Andre Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ 12 � Maturação da Ostra Nativa Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) em Laboratório Henrique David LAVANDER; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís Mendes de OLIVEIRA; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA NETO; André Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ 15 � Avaliação Limnológica Nictimeral no Cultivo de Tilápia (Oreochromis niloticos) em Tanque-rede Elaine Cristina SANTOS; Samuel Herculano de FREITAS; Vinicius Augusto DIAS FILHO; Athiê Jorge dos Santos GUERRA 18 � Rendimento do Filé de Pirarucu Samanta Eulles Quixaba de CARVALHO; Fabíola Helena dos Santos FOGAÇA; Francisco José de Seixas SANTOS; Elenise Gonçalves de OLIVEIRA 21 � Alometria do Guaiamum, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (Decapoda: Gecarcinidae) no Estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES; Jones SANTANDER-NETO; Fábio H. V. HAZIN; José Roberto F. SILVA 23 � Sazonalidade da Proporção Sexual do Guaiamum, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (Decapoda: Gecarcinidae) no Estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES; Jones SANTANDER-NETO; José Roberto F. SILVA; Fábio H. V. HAZIN 27 � Influência do Ciclo Hidrológico do Reservatório de Sobradinho sobre a Carga de Fósforo Total Bruno Dourado Fernandes da COSTA; Maurício Nogueira da Cruz PESSÔA; Antony Evangelista de LIMA; Márcia Darcilene Correia do PRADO; Teresa Cristina Paiva SANTOS; Michelle Miranda Biondi ANTONELLO; Aureliano de Vilela CALADO NETO; Anderson ANTONELLO; William SEVERI 31 � Abundância da Ictiofauna Capturada com Rede de Arrasto na Praia do Pesqueiro, Ilha de Marajó (Pará, Brasil) Jean Michel CORRÊA; Eurivaldo Santos da COSTA; Francisco Carlos Alberto Fonteles HOLANDA 35 � Zooplâncton de Barra de Jangada, Pernambuco, Brasil Valdylene Tavares PESSOA; Pedro Augusto Mendes de Castro MELO; Fernando Figueiredo PORTO NETO; Sigrid NEUMANN-LEITÃO; Fábio Hissa Vieira HAZIN 38 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 6 � Análise Preliminar da Dinâmica Populacional do Camarão-Rosa Farfantepenaeus subtilis (Pérez-Farfante, 1967) junto a Região Litorânea do Município de Sirinhaém, PE, Brasil Euclides Pereira e SILVA; Freddy Vogeley de CARVALHO; Joana Angelica Lyra Vogeley de CARVALHO; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Roberta Borda SOARES; Sílvio Ricardo Maurano PEIXOTO 43 � Cultivo do Camarão Marinho Litopenaeus vannamei, Submetido a Diversas Densidades de Estocagem, Quando em Água Doce Sthelio Braga da FONSECA; Paulo de Paula MENDES; Cândida Juliana de Lyra ALBERTIM; Cláudio Figueiroa BITTENCOURT; Yuri Vinicius de Andrade LOPES 47 � Cultivo do Camarão Litopenaeus vannamei, em Meio Heterotrófico, com Adição de Substrato Yuri Vinicius de Andrade LOPES; Paulo de Paula MENDES; Dijaci Araujo FERREIRA; Sâmia Regia Rocha MONTEIRO; Josélia Karolline dos Santos CORREIA 50 � Mapeamento da Pesca Artesanal no Reservatório Billings (Alto Tietê, SP) Paula M. G. de CASTRO; Maria Eugênia P. ALVES DA SILVA; Lídia S. MARUYAMA; Patrícia de PAIVA 53 � Avaliação do Crescimento Populacional do Rotífero Brachionus plicatilis com a Utilização de Microalga e Probiótico na Dieta Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO; Isabela Bacalhau de OLIVEIRA; Wanessa de Melo COSTA; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Roberta Borda SOARES; Alfredo Olivera GALVEZ; Sílvio Ricardo Maurano PEIXOTO 58 � Sistematização de Nomes Vulgares de Peixes Comerciais do Brasil: 1. Espécies Dulciaqüícolas José Milton BARBOSA; Kelly de Souza FERRAZ 64 � Sistematizaçãode Nomes Vulgares de Peixes Comerciais do Brasil: 2. Espécies Marinhas José Milton BARBOSA; Chirleide Marcelino do NASCIMENTO � Mortalidade no transporte de curimatã-pacu (Prochilodus argentus) Genilson Maurício dos ANJOS; André da Silva MARTINS; Emerson Carlos SOARES; Jonnhy de MELO; Eduardo Jorge Santana SANTOS; Luiz Henrique Nunes DANTAS 76 91 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 7 DIÁRIO DE BORDO: UM INFORMATIVO DO PET/PESCA DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DIÁRIO DE BORDO: AN INFORMATIVE OF PET/PESCA OF THE UNIVERSITY FEDERAL RURAL OF PERNAMBUCO Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO; Adriana Ferreira LIMA; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Antony Evangelista de LIMA; Tiago Vandevelde TORRES; Marcelo Augusto Soares REGO; Larissa Neves Simões de SOUZA; Ivan Alves de FARIAS JUNIOR. Bolsistas do Programa de Educação Tutorial do curso de Engenharia de Pesca da UFRPE. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manuel de Medeiros, s/n, 33206525. E-mail: petpesca@yahoo.com.br Resumo - O jornal Diário de Bordo faz parte de uma ação contínua de extensão promovida pelo PET/Pesca, estando no seu XIV ano e 36ª edição, sendo organizado por membros do programa, recebendo artigos de alunos, professores e profissionais da área. O presente estudo teve por objetivo relatar a trajetória da publicação do Diário de Bordo. Para efeito do estudo, foram analisadas todas as edições do jornal. Atualmente, o informativo é publicado trimestralmente, com tiragem de 500 exemplares, divulgado na forma impressa, em papel A4 e contendo quatro páginas em digital. Durante a trajetória do jornal, aconteceram interrupções na veiculação do mesmo entre os anos de 2000 e 2002, devido às tentativas de extinção dos grupos PET pelo Governo Federal. O informativo recebe matérias de autoria própria e contribuições publicadas em outros meios de informação. Palavras–chave: jornal, leitura, Programa de Educação Tutorial, extensão. Abstract - The newspaper “Diário de Bordo” is part of a continuous action of extension promoted by PET / Pesca, and being in its XIV year and 36th edition, being organized by members of the program, receiving articles of students, teachers and professionals in the area. This study aimed at to report the trajectory of the publication of the “Diário de Bordo”. For the purpose of the study were analyzed all editions of the newspaper. Currently, the information is published quarterly, with a print run of 500 copies, published in printed form, on A4 paper and containing four pages, and digital. During the trajectory of the newspaper happened interruptions in running between 2000 and 2002 years, due to attempts to extinguish the groups PET by the Federal Government. The information received materials of owon authorship itself and contributions published in other media of information. Key-words: newspaper, reading, Tutorial Program of Education, extension. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 8 INTRODUÇÃO O Diário de Bordo é um jornal que faz parte de uma ação contínua de extensão promovida pelo Programa de Educação Tutorial do curso de Engenharia de Pesca – PET/Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE. Esse informativo está no seu XIV ano e, durante toda a sua trajetória, vem abordando temas referentes às ciências pesqueiras, à pesca e à aqüicultura e temas de áreas afins pertinentes à Engenharia de Pesca, além de economia e política que envolve a profissão. É inquestionável a responsabilidade da leitura em uma educação de qualidade, mas as evidências apontam que diversos alunos saem do ensino fundamental e médio sem essa habilidade. Tais alunos ingressam no ensino superior com sérias deficiências no comportamento de leitura (Garrido, 1988). Dessa forma, o Diário de Bordo enriquece e contribui para a formação do discente de graduação, uma vez que os mesmos exercitam a escrita, a leitura, o senso crítico e a capacidade de concatenar idéias. Essa publicação é organizada pelos integrantes do PET/Pesca e encontra-se em sua 36ª edição, sempre com jovens editores à frente de sua elaboração. O Diário de Bordo recebe artigos de estudantes, professores e profissionais da área que a cada edição enriquecem a leitura com artigos científicos, informativos, curiosidades, eventos, entrevistas, concursos, dentre outros. O objetivo do presente estudo foi relatar a trajetória da publicação Diário de Bordo durante os 14 anos de veiculação. METODOLOGIA Para efeito desse estudo, foram analisadas todas as edições do Diário de Bordo e contabilizado o número de matérias já publicadas e edições ao longo dos 14 anos do informativo, além do número de editores que já contribuíram para o jornal. Foi observada também a evolução do layout, a disposição das matérias, tamanho e número de páginas, além dos locais de veiculação do informativo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Atualmente, o informativo é publicado trimestralmente e impresso pela Imprensa Universitária da UFRPE, com uma tiragem de 500 exemplares para cada edição, sendo divulgado também na forma digital, disponível na homepage do Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE, www.ep.ufrpe.br. Os textos enviados para publicação são revisados pelos editores do jornal. O Diário de Bordo é publicado desde 1995 (Figura 1), realizando a veiculação gratuita de informações para a comunidade acadêmica da UFRPE, demais cursos de Engenharia de Pesca do Brasil, órgãos de áreas afins e profissionais da área. Durante a trajetória do informativo, aconteceram interrupções na veiculação deste entre 2000 e 2002, devido aos processos de tentativa Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 9 de extinção dos grupos PET promovido pelo Governo Federal, desarticulando o trabalho dos editores do jornal, que são alunos vinculados ao programa. No ano de 1995, o jornal era bimestral, apresentado em papel tamanho A5 (148 X 210 mm), contando com uma média de quatro folhas e tinha cinco editores. Em 1997, ampliou-se o tamanho do informativo para folha de papel A4 (210 X 297 mm) e reduziu-se o número de folhas para duas, continuando bimestral e editado por quatro alunos. De 1997 a 1999, o DB passou a ser semestral, mas continuou com as características já citadas anteriormente. No ano de 2003, passado o período de tentativa do governo de extinguir o programa, retomaram-se as publicações, com edição de três números. A partir de 2004 o jornal passou a ter publicação trimestral, preservando características como: papel tamanho A4, sob responsabilidade de quatro editores. Em 2006, ampliou-se o número de folhas para quatro. Ao longo desses anos, o jornal já contou com a contribuição de 37 editores. Figura 1. Trajetória do número de edições e renovação dos editores do Diário de Bordo desde a sua implantação. As matérias publicadas no jornal podem ser de dois tipos: contribuição, que é uma matéria transcrita total ou parcialmente, já publicada em outro veículo de comunicação, sendo a matéria relevante para as áreas de Recursos Pesqueiros e Aqüicultura e preservando os direitos autorais do artigo original, com citação da fonte; outra forma é o artigo de autoria própria, devendo este também ser pertinente para área de conhecimento do público-alvo do jornal. A figura 2 representa o número de matérias publicadas no Diário de Bordo. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 10 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 N ú m e ro d e M a té ri a s 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 Ano Figura 2. Número de matérias veiculadas pelo Diário de Bordo a cada ano. O Diário Bordo conta ainda com colunas que vem acompanhando toda sua trajetória, como a denominada “Peixes de nossas águas”; algumas colunas marcarampresença num determinado período e outras colunas foram criadas recentemente como a denominada “Há... anos”. Esta última traz matérias relacionadas à área que foram publicadas a um determinado tempo, o qual nomeia a coluna. Este paradigma demonstra a dinâmica do informativo. Desde 2005, o Diário de Bordo conta com artigos regulares da direção do Departamento de Pesca e Aqüicultura e coordenação do curso de Engenharia de Pesca da UFRPE. Os principais contribuintes para o informativo são alunos vinculados ao programa, o que auxilia na formação holística dos mesmos. Atualmente, o Diário de bordo é distribuído na UFRPE, entre estudantes, professores e a comunidade acadêmica, e é enviado para as instituições de ensino superior que oferecem o curso de Engenharia de Pesca, profissionais da área, bibliotecas, empresas e órgãos relacionados à atividade, totalizando mais de 50 destinatários. É sabido que a leitura representa um grande passo para aquisição de conhecimento, pois é por meio dela que se adquire uma percepção singular do mundo. Além disso, oferece também uma contribuição no funcionamento e desenvolvimento do pensamento crítico, levando o leitor a avaliar e questionar o texto lido, dentro de um referencial próprio de seus conhecimentos, conceitos e valores (Gregoire e Piérart, 1997). Considerando esse contexto, a universidade tem o dever de proporcionar ao estudante uma formação que lhe propicie condições de desenvolver uma leitura eficaz, principalmente no que tange à leitura técnico-científica, que é primordial ao futuro desempenho profissional desse estudante (Witter, 1996,1997). A habilidade de leitura é essencial para o estudante universitário, conforme observa Santos (1991), pois seu sucesso no ensino superior está associado à sua Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 11 maturidade em leitura, que pode ser melhorada, se diagnosticada apropriadamente. Assim, o papel da universidade é planejar, desenvolver e administrar programas de superação das limitações relacionadas à dificuldade de leitura. REFERÊNCIAS Garrido, E. (1988).O ensino da filosofia no 2º grau e a compreensão de textos: Um levantamento em São Paulo e uma aplicação da técnica Cloze. Tese Doutorado não-publicada, Faculdade de Educação,Universidade de São Paulo.São Paulo,SP. Gregoire,J.& Piérart,B.(1997). Avaliação problemas de leitura: Os novos modelos teóricos e suas implicações (M. R. B. Osório, Trad.). Porto Alegre: Artes Médicas. Oliveira, K. L. e Santos, A. A. A. (2005). Compreensão em leitura e avaliação da aprendizagem em universitários. Psicologia Reflexão e Crítica, Porto Alegre, 18(1): 118-124. Santos, A. A. A. (l991). Desempenho em leitura: Um estudo diagnóstico da compreensão e hábitos de leitura entre universitário.Estudos de Psicologia, 8(1): 6-19. Witter,G.P. (1996). Avaliação da produção científica sobre leitura na universidade. Psicologia Escolar e Educacional, 1: 31-37. Witter, G. P. (1997). Leitura e universidade. Em G. P. Witter (Org.), Leitura e universidade (pp. 9- 18). Campinas, SP: Alínea.� Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 12 DIFERENTES MÉTODOS DE INDUÇÃO A REPRODUÇÃO DA OSTRA NATIVA Crassostrea rhizophorae (GUILDING, 1828) EM LABORATÓRIO DIFFERENT METHODS FOR THE INDUCTION OF REPRODUCTION OF NATIVE OYSTER Crassostrea rhizophorae (GUILDING, 1828) IN LABORATORY Henrique David LAVANDER*; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís Mendes de OLIVEIRA; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA NETO; Andre Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ. Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco. *E-mail: anzolhdl@hotmail.com Resumo - Para o processo de produção de sementes das ostras ocorra continuamente, é necessário ter reprodutores maturos sexualmente e aptos a desovarem durante o ano inteiro. Devido a isso, esta pesquisa pretendeu analisar os diferentes métodos de obtenção de gametas da ostra nativa Crassostrea rhizophorae em laboratório. Foram capturadas 240 ostras nos estuários do rio Formoso e do rio Timbó, ambas situadas no litoral do Estado de Pernambuco. As do rio Timbó foram maturadas com dieta algal baseada em 5% do peso seco das ostras durante 35 dias, já as do rio Formoso não passaram por este processo. Os métodos de indução à reprodução utilizados foram variação de salinidade, “seco- molhado” (exposição ao ar com imersão) e variação de temperatura. As ostras maturadas em laboratório responderam positivamente, a todos os estímulos. E as ostras advindas diretamente do campo por outro lado não apresentaram nenhum resposta, apresentando apenas espasmos. Palavras–chave: ostra nativa; Crassostrea rhizophorae; reprodução induzida. Abstract - For the production of seed oysters occur continuously, it is necessary to have breeding couples and sexually capable of spawning during the entire year. Hence, this research indended to examine the different methods of obtaining gametes of the native oyster Crassostrea rhizophorae in the laboratory. Were captured 240 oysters in the estuaries of the river Timbó and Formoso, both located in the coastal of the Pernambuco state. Oysters from the Timbó river were maturared with diet algae, based on 5% of the dry weight, for 35 days. Oysters from Formoso river didn't go to this process. The methods by induction to the reproduction used were variation to the salinity, "dry-wet" (an exposere to the air with immersion) and to the temperature’s variation. The oysters ripen in laboratory answered the positively, to all stimuli, and the oysters proceeding directly from of the field on the other hand didn't answer, the any just presenting spasms. Key-words: native oyster, Crassostrea rhizophorae. induction, reproduction. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 13 INTRODUÇÃO Diante da decrescente disponibilidade de alimentos e a crescente demanda populacional, a aqüicultura é apontada como a principal alternativa para incrementar a oferta de pescado no mundo, considerada uma importante fonte de produção de alimento (FAO, 2002), sendo a ostreicultura um dos seus principais ramos FAO (2004). Um dos entraves para o desenvolvimento da ostreicultura na região nordeste é a disponibilidade de sementes. A captação de sementes de ostras nativas no ambiente natural se dá através do uso de diversos tipos de coletores artificiais, no entanto atende apenas a demanda em nível artesanal, sendo necessária uma produção em laboratório para suprir a necessidade em escala comercial da atividade. Segundo Rios (1994), o pico reprodutivo para moluscos bivalves de maneira geral ocorre na primavera, no entanto desovas parciais ocorrem ao longo do ano. Desta forma, para que o processo de produção de sementes ocorra continuamente é necessário ter reprodutores maturos sexualmente provenientes do ambiente natural, ou maturados em laboratório. METODOLOGIA Os organismos utilizados no estudo foram selecionados em ambiente natural e coletados durante o verão. Foram capturadas 120 ostras no estuário do rio Formoso e 120 no estuário do rio Timbó, localizados respectivamente no litoral sul e norte do estado de Pernambuco. As ostras foram coletadas em diferentes pontos e em diferentes substratos (rocha, lama e raízes) de cada estuário. Analisou-se a salinidade do local e em seguida os indivíduos foram armazenados em caixas térmicas e conduzidos para o Laboratório de Maricultura Sustentável (LAMARSU) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Os indivíduos capturados no estuário do rio Formoso apresentavam gônada em estágio maturacional avançado e características morfométricas desejáveis. Por outro lado, os capturados no estuário do rio Timbó não apresentavam características desejáveis e passaram por uma maturação em laboratóriodurando 35 dias. A maturação dos indivíduos foi realizada com alimentação diária, ofertada em duas porções, e taxa de alimentação utilizada foi de 5%, baseada no peso seco e as espécies de microalgas ministradas na dieta foram: Isochrysis galbana, Tetraselmis tetrathele e Chaetoceros calcitrans. Ambos os lotes do estuário do rio Formoso e do rio Timbó, foram distribuídos em três caixas plásticas (unidades experimentais) com 20 indivíduos cada. Os estímulos foram aplicados em 06 caixas com capacidade para 50 litros, sendo utilizado um volume de 15 litros para cada caixa. Os métodos de indução à reprodução utilizados foram variação de salinidade, “seco- molhado” (exposição ao ar com imersão) e variação de temperatura. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 14 O tempo de imersão em água de cada tratamento foi de 20 minutos sendo o primeiro com variação crescente da salinidade (15, 20, 25, 30 e 35), o segundo com variação crescente de temperatura (20° C, 24° C, 28° C, 32° C e 35° C) e o último apenas com imersão e exposição ao ar (10 minutos para todos os métodos). As variáveis foram mensuradas através de um equipamento multiparâmetro modelo YSI-incorporeted 556 mps e refratômetro ATAGO S10E. RESULTADOS E DISCUSSÃO As ostras maturadas em laboratório advindas do rio Timbó responderam ao estímulo de indução à desova nos três tratamentos. No método de variação na salinidade, apenas 02 machos liberaram gametas na água. Com o método de variação de temperatura, 03 machos liberaram gametas. E o método ”seco e molhado”, 02 machos responderam ao estímulo. O lote das ostras do rio Timbó, maturadas em laboratório, apresentavam pouco desenvolvimento das gônadas com exceção de alguns indivíduos que estavam aptos para desova. As ostras provenientes do estuário do rio Formoso, que não foram maturadas, em nenhum dos tratamentos responderam aos estímulos. Os indivíduos que receberam o método com variação de salinidade, responderam melhor ao estímulo, com espasmos constantes das valvas, devido aos valores das variáveis encontrados em campo como salinidade de 15. É de fundamental importância a realização de futuros estudos, que testem novamente os métodos escolhidos, com indivíduos melhores maturados em laboratório e capturados em campo em épocas distintas ao longo do ano. REFERÊNCIAS FAO. El estado mundial de la pesca y la acuicultura 2002. Roma: Food and Agriculture Organization of the United Nations FAO, 2002. FAO. El estado mundial de la pesca y la acuicultura 2004. Roma: Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2004. Rios, E. C. Seashells of Brasil. Fundação cidade do Rio Grande. Museu Oceanográfico, 1994. 328p.� Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 15 MATURAÇÃO DA OSTRA NATIVA Crassostrea rhizophorae (GUILDING, 1828) EM LABORATÓRIO MATURITY OF NATIVE OYSTER Crassostrea rhizophorae (GUILDING, 1828) IN LABORATORY Henrique David LAVANDER; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís Mendes de OLIVEIRA*; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA NETO; André Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco. *Email: rickpesca@hotmail.com Resumo - A maturação é o processo pelo qual os organismos realizam a formação de gametas e inicia quando a energia armazenada na forma de glicogênio, que é um carboidrato de reserva, é transformada em material reprodutivo. Segundo Illanes (1997), a seleção dos reprodutores se orienta, basicamente, na obtenção de exemplares adultos com características desejáveis e condicionados para liberar gametas de boa qualidade. Tendo isto em vista, o estudo pretendeu avaliar a metodologia para a maturação da ostra nativa Crassostrea rhizophorae em laboratório. Foram coletados 170 indivíduos no estuário do rio Timbó, situado no litoral do Estado de Pernambuco, onde permaneceram durante 45 dias em processo de maturação, com temperatura controlada. A alimentação foi composta por três espécies de microalgas e baseada em 5% do peso seco das ostras. A determinação do estágio maturacional focou-se em amostras iniciais e finais para análise visual e microscópica da gônada. Os resultados obtidos foram satisfatórios, devido à maior proporção dos indivíduos que se apresentaram maduros e outra proporção em maturação, encontrando-se poucos indivíduos esvaziados demonstrando assim, a viabilidade da maturação de indivíduos adultos em laboratório. Palavra-chave: ostra nativa; Crassostrea rhizophorae; maturação gonadal. Abstract - Maturation is the process by which organisms carry out the formation of gametes and begins when the stored energy in the form of glycogen, a reserve of carbohydrates, is transformed into reproductive material. In accordance with Illanes (1997), the selection of breeding is oriented mainly to obtain copies of adults with desirable characteristics and conditioned to make gametes of good quality. In view of this, this study assessed the methodology for maturation of the native oyster Crassostrea rhizophorae in the laboratory. Were collected 170 individuals in the estuary of the river Timbó, located on the coast of the state of Pernambuco, and he remained for 45 days in the process of maturing, with temperature control. The diet was composed of three species of microalgae and based on 5% of the dry weight of oysters. The determination of maturational stage focused on the initial and final visual and microscopic analysis of samples for the gonads. The results were satisfactory, due to higher proportion of individuals showed up and mature a certain proportion being in maturity, finding few individuals emptied, thus demonstrating the feasibility of maturity of adults in a laboratory. Key-words: maturity, native oyster, Crassostrea rhizophorae. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 16 INTRODUÇÃO Maturação é um ponto de fundamental importância para a produção de sementes de ostras em ambiente controlado, uma vez que o período reprodutivo da maioria das espécies é restrito a certas épocas do ano. Segundo Rios (1994), o pico reprodutivo para moluscos bivalves de maneira geral ocorre na primavera, no entanto, desovas parciais ocorrem ao longo do ano. É conhecido que a manipulação dos fatores físicos e nutricionais pode afetar o desenvolvimento gonadal, atuando na aceleração da gametogênese ou no retardamento da maturação gonadal (GALLAGER & MANN, 1986). Desta forma, para que o processo de produção de sementes de ostras ocorra continuamente, é necessário ter reprodutores maturos sexualmente aptos a desovarem durante o ano inteiro. Para realização do processo de maturação deve-se manter controladas as variáveis determinantes para maturação das gônadas. METODOLOGIA As ostras utilizadas no estudo foram obtidas no estuário do rio Timbó, localizado no litoral norte do estado de Pernambuco. Os 170 indivíduos coletados foram conduzidos para o Laboratório de Maricultura Sustentável (LAMARSU) localizado na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) onde permaneceram por um período de 45 dias em processo de maturação. As ostras foram coletadas nas raízes do mangue, durante a maré baixa, com auxílio de facas e luvas, e em seguida foram armazenadas em caixas térmicas e transportadas até o laboratório. Após a chegada ao LAMARSU, procedeu-se a limpeza das ostras as quais foram escovadas manualmente, lavadas, separadas e foram removidos os organismos incrustantes, como esponjas, cracas, poliquetas e outras ostras menores. A seguir, as ostras foram colocadas em um recipiente de 50 litros contendo solução de cloro a 25 ppm, durante 30 minutos para eliminação de poliquetas que ficam entre as valvas dos indivíduos. Após a limpeza, os indivíduos foram medidos com paquímetro de precisãode 0,005 mm e pesados em balança analítica (modelo Marte AL-500) e em seguida colocados em uma calha de fibra retangular com 450 litros de água salgada, aeração constante e um sistema de biofiltro com air-lift para recirculação da água. O estudo foi conduzido em uma na sala com controle de temperatura. Diariamente foram aferidas as variáveis físicas como temperatura (°C), oxigênio dissolvido (mg/L-1), oxigênio em saturação (%), salinidade, condutividade (ms/cm) e pH. A alimentação foi composta por três espécies de microalgas: Chaetoceros muelleri, Isochrysis galbana e Tetraselmis tetrathele produzidas no Laboratório de Produção de Alimento Vivo (LAPAVI) e no LAMARSU. A taxa de alimentação baseou-se em 5% do peso seco das ostras Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 17 (540,5 g). O alimento foi ofertado duas vezes ao dia: pela manhã, após sifonagem do tanque, e à tarde, após aferição das variáveis. Para determinação do estágio maturacional das ostras foram retiradas amostras iniciais e finais de exemplares para análises visual e microscópica da gônada. Na análise visual observou-se a coloração e o tamanho da gônada, classificando-a em imatura, em maturação, maduras ou esvaziadas. A análise microscópica objetivou a identificação do sexo. Nas fêmeas, observou-se o formato e o tamanho dos ovócitos e, nos machos, a mobilidade e quantidade de espermatozóides. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias dos valores de temperatura (ºC), oxigênio dissolvido (mg.L-1), saturação de oxigênio (%), pH e salinidade são 22,28 ºC, 5,94 mg/L ,67,6 %, 8,05 , 32 respectivamente. Para análise inicial das gônadas, foram utilizados 50 indivíduos, onde se observou que 38% destes encontrava-se em maturação, 8% maduros e 54% esvaziados. Dentre os 120 indivíduos utilizados para maturação, 15 exemplares morreram, apresentando uma sobrevivência de 87,5%. O lote obteve médias de 55,523 mm e 36,722 mm de comprimento e largura respectivamente. A proporção de machos e fêmeas foi respectivamente de 68,57% e 31,43%. Dentre esses indivíduos 33,33% apresentaram-se em maturação, 44,76% maduros, 21,90% esvaziados e nenhum imaturo. Os resultados obtidos foram satisfatórios devido a maior proporção dos indivíduos apresentaram-se maduros e uma certa proporção estarem em maturação, encontrando-se poucos indivíduos esvaziados demonstrando assim a viabilidade da maturação de indivíduos adultos em laboratório. Contudo existe a necessidade da realização de novos trabalhos que testem novas dietas de microalgas e em concentrações distintas durante a maturação das ostras. REFERÊNCIAS ILLANES, Juan E.. Manejo de reproductores. Curso Internacional en Cultivos de Moluscos, Coquimbo, Chile, 1997, p 89–98. GALLAGER, S. M.; MANN, R. 1986. Growth and survival of larvae of Mercenaria mercenaria (L.) and Crassostrea virginica (Gmelin) relative to broodstock conditioning and lipid content of eggs. Aquaculture 56, p 105– 121. RIOS, E. C. Seashells of Brasil. Fundação cidade do Rio Grande. Museu Oceanográfico, 1994. 328p.� Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 18 AVALIAÇÃO LIMNOLÓGICA NICTIMERAL NO CULTIVO DE TILÁPIA (Oreochromis niloticos) EM TANQUE-REDE LIMNOLOGICAL NICTIMERAL EVALUATION IN CULTURE OF TILÁPIA (Oreochromis niloticus) IN CAGE Elaine Cristina SANTOS*; Samuel Herculano de FREITAS; Vinicius Augusto DIAS FILHO; Athiê Jorge dos Santos GUERRA Departamento de Pesca e Aqüicultura – UFRPE *E-mail: elainepesca@gmail.com Resumo - O cultivo de tilápia em tanque-rede vem crescendo de forma acelerada nos últimos anos, e uma boa produção depende das características ambientais. Neste estudo objetivou-se avaliar a qualidade da água em um cultivo. As análises de água in situ foram medidas com aparelho multiparamêtros e as variáveis químicas em laboratório. Os parâmetros físico-químicos da água estão dentro dos valores estabelecidos pela resolução CONAMA nº357/2005, comprovando assim a viabilidade do cultivo sem causar alterações significativas ao ambiente aquático. Palavras-chave: nictimeral, tilápia (Oreochromis niloticus), qualidade da água. Abstract - The culture of tilapia in pond-net is growing so quickly in recent years, and a good production depends on the environmental characteristics. This study purposed to evaluate the water quality. The analyses of water were measured in situ with multiparameters equipament and the others variables in laboratory. The parameters physiciochemical of the water are inside of the values established for CONAMA resolution nº357/2005, proving the viability of the culture without causing significant alterations in the aquatic environment. Key-words: nictimeral, tilapia (Oreochromis niloticus), water quality. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 19 INTRODUÇÃO Com o crescimento da tilapicultura em tanque-rede faz necessário o monitoramento da qualidade da água nos arredores das instalações de cultivo, através da compreensão de variáveis limnológicas, que permite reconhecer alterações ocorridas e efeitos sobre as comunidades naturais, possibilitando o gerenciamento sustentável dos recursos hídricos. O reservatório de Moxotó apresenta condições ambientais adequadas à implantação de projetos de piscicultura em tanques-rede. Esse tipo de criação introduz diretamente no corpo d’água uma grande quantidade de matéria orgânica, o que pode contribuir para acelerar os processos de eutrofização do meio devido aos aportes de nutrientes e materiais em suspensão provenientes, principalmente, do excedente de alimentos, fezes e excretas dos peixes. Estudos sobre os impactos causados por essa atividade podem fornecer dados para uma gestão ambiental que permita maximizar o uso múltiplo dos recursos hídricos sem que haja maiores danos ao ambiente aquático. Este estudo teve como objetivo, avaliar os efeitos do cultivo de tilápia em tanque-rede na qualidade de água. MATERIAL E MÉTODOS Amostras da água foram obtidas de oito estações pré-estabelecidas, próximas ao local de cultivo, no município de Jatobá-PE, no período de 24h, com intervalos de 3h entre as coletas. As variáveis temperatura, pH, condutividade elétrica, salinidade, oxigênio dissolvido da água, e sólidos totais dissolvidos, foram determinadas in sito, com analisador multiparâmetro. As demais variáveis, foram efetuadas com amostras de superfície e analisadas em laboratório. RESULTADOS E DISCUSSÃO As variações encontradas foram: temperatura 27,1 a 27,7ºC. O OD de 4,64 a 5,73mg/L. O pH de 7,3 a 7,6. A alcalinidade total variou entre 29,75 a 31,00 mg/L CaCO3. A dureza de 24,95 a 26,35 mg/L CaCO3, cálcio de 6,09 a 6,32mg/L Ca e o magnésio de 2,37 a 2,69 mg/L Mg. Os parâmetros de condutividade elétrica (0,056 µS/cm), salinidade (0,02 psl), o STD (0,036 g/L), não apresentaram variações. Resultados semelhantes foram descritos pela FADURPE (2000) A concentração de cloreto e turbidez apresentaram valores inferiores aos recomendados pelo CONAMA, a saber, 250 mg/L(cloreto), 100 UNT(turbidez). A concentração dos nutrientes fosfatados foi expressa na forma de fosfato inorgânico, fosfato total e fósforo total, porém apenas o fósforo total tem valores limites estabelecidos, cujo os níveis apresentaram-se acima do limite 30,0 µg estabelecido pelo CONAMA (Tabela 1). Os parâmetros físico-químicos da água em sua maioria estão dentro dos valores estabelecidos pela resolução CONAMA nº357/2005, não apresentando alterações significativas na Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 20 qualidade da água durante a análise nictimeral, havendo, enfim, viabilidade técnica para o cultivo da espécie com menor impacto ambiental. Tabela 1. Valores das variáveis analisadas em laboratório, nos diferentes horários de coleta. Horário 7:30 10:30 13:30 16:30 19:3022:30 01:30 04:30 Desvio Amp Alcalinidade total (mg/L CaCO3) 29,88 29,94 29,75 30,69 30,00 31,00 30,25 30,38 0,433752 1,3 Dureza total (mg/L CaCO3) 25,55 25,62 25,80 25,97 25,17 24,95 26,35 26,30 0,498023 0,8 Cálcio (mg/L Ca) 6,06 6,18 6,12 6,32 6,09 6,09 6,26 6,09 0,093875 0,3 Magnésio(mg/L Mg) 2,53 2,47 2,55 2,47 2,42 2,37 2,60 2,69 0,103265 0,3 Cloreto (mg/L Cl) 0,60 0,60 0,60 0,61 0,60 0,62 0,61 0,61 0,00744 0 Turbidez (UNT) 0,9 1,0 0,9 2,1 2,0 0,7 1,2 1,1 0,523552 1,4 Nitrato (µg/l N) 9,684 7,440 8,700 7,865 10,527 11,843 8,113 14,114 2,289830 6,7 Nitrito (µg/l N) 0,084 0,063 0,077 0,063 0,091 0,049 0,098 0,042 0,019953 0.1 Nitrogênio amoniacal (µg/l N) 14,973 12,223 16,602 10,593 7,537 10,084 7,639 6,213 3,68978 10,4 Fosfato inorgânico (µg/l P) 4,111 2,860 3,217 2,323 3,038 3,038 4,468 4,647 0,83809 2,3 Fosfato total(µg/l P) 7,257 6,684 6,493 6,111 6,111 6,111 7,066 6,302 O,45011 1,1 Fósforo total(µg/l P) 55,573 37,049 50,698 40,298 41,598 51,998 51,998 47,448 6,659028 18,5 Clorofila-a (µg/l ) 1,150 1,155 1,303 1,301 1,469 1,143 0,973 1,409 0,162427 0,5 Feofitina (µg/l ) 1,718 1,094 1,221 1,380 1,397 1,475 1,475 1,175 0,20011 0,6 REFERÊNCIAS BRASIL, 2005. Resolução CONAMA nº. 357, de 17 de março de 2005. FADURPE. 2000. Zoneamento da Piscicultura em Tanques-rede nos Reservatórios do Sub-médio São Francisco: Zoneamento do Reservatório de Moxotó. Relatório técnico 12/2000, Recife, FADURPE/CHESF.� Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 21 RENDIMENTO DO FILÉ DE PIRARUCU PIRARUCU’S FILLET YIELD Samanta Eulles Quixaba de CARVALHO1*; Fabíola Helena dos Santos FOGAÇA1; Francisco José de Seixas SANTOS1; Elenise Gonçalves de OLIVEIRA2 1 Embrapa Meio-Norte, BR 343, Km 35, Caixa Postal 341, CEP 64200-970, Parnaíba, PI. 2 Universidade Federal do Ceará, Avenida da Universidade, 2853, Benfica, CEP 60002-181, Fortaleza, CE *E-mail: samantaeulles@hotmail.com Resumo - Avaliou-se o rendimento do filé de pirarucu (Arapaima gigas) cultivado em canal de irrigação. Foram comparados três grupos com diferentes médias de peso. Os exemplares foram medidos, pesados, eviscerados e, após a filetagem, calculou-se o rendimento do filé sem pele. Para as classes de 8, 12 e 15 kg, os rendimentos foram de 47,63, 48,62 e 49,79%, respectivamente. Com base nos resultados obtidos, não houve diferença significativa (P<0,05) de rendimento de filé entre as classes de pesos estudadas, mostrando que o peso entre 8 e 15 kg não influenciou no rendimento de filé. Palavras-chave: canal de irrigação, classes de peso, filetagem. Abstract - The study evaluated the fillet yield of pirarucu (Arapaima gigas) cultivated in an irrigation canal. Three groups containing different average weight was compared. The fishes were weighed, measured, eviscerated and after filleting, fillet yield was estimated of skinless fillet. For the classes with 8, 12 and 15 Kg the respective yields were 47.63, 48.62 and 49.79%, respectively. The results showed no statistic difference between the weight groups for fillet yield, showed that the weight of the fishes between 8 and 15 kg didn’t influence on fillet yield. Key-words: filleting, irrigation canal, weight groups. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 22 INTRODUÇÃO Pirarucu é a denominação popular dada ao peixe da espécie Arapaima gigas, também conhecido como bacalhau-da-Amazônia, considerado um dos maiores peixes de água doce do mundo (Oliveira, 2007). Poucos são os estudos relacionados ao rendimento do filé do pirarucu, sendo importante determiná-lo para avaliar fatores críticos no processamento e visualizar seu potencial de industrialização, permitindo assim à indústria dimensionar sua produção e ao mercado saber o potencial de recursos disponíveis. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o rendimento do filé sem pele do pirarucu, segundo diferentes classes de pesos. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Embrapa Meio-Norte, Unidade de Execução de Pesquisa de Parnaíba. Foram utilizados 15 exemplares de pirarucu (Arapaima gigas), com aproximadamente 18 meses de idade, provenientes do canal de irrigação do DITALPI (Distrito de Irrigação Tabuleiros Litorâneos do Piauí). Os peixes foram capturados com rede de pesca e puçás, e estocados em caixas de fibra de 1.000 L para serem transportados ao local de realização do trabalho. Os peixes foram pesados em balança digital e medidos em um ictiômetro para obter o peso e comprimento total. Em seguida foram abatidos por choque térmico em gelo e água (1:1), sangrados pelo corte das guelras, eviscerados e filetados. O rendimento (RF) foi analisado em três grupos de pesos: 7,99 + 0,27; 12,05 + 0,27 e 15,14 + 0,99 kg, segundo a equação: RF = (Peso do filé x 100)/Peso Total. RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela abaixo apresenta os resultados de rendimento de filé das diferentes classes de pesos. Tabela 1. Médias de rendimento do filé (RF) de pirarucu Grupo RF (%) 1 47,43 + 1,46 2 48,62 + 3,00 3 49,79 + 3,60 Média de 5 peixes (n=5) + DP. Grupos: 1 (7,99 + 0,27 kg), 2 (12,05 + 0,27 kg) e 3 (15,14 + 0,99 kg). Apesar de apresentarem difenças numéricas, não houve diferença estatística (P<0,05) entre os grupos. No entanto, os valores de rendimento foram superiores aos encontrados por Oliveira (2007) que encontrou rendimento de 41,41% para peixes com peso médio de 7,14 kg. Desta forma, verifica-se que o peso total de peixes entre 8 e 15 kg não tem influência no rendimento de filé no pirarucu. REFERÊNCIAS Oliveira, P. R. Qualidade do pirarucu (Arapaima gigas Cuvier, 1829) procedente de piscicultura, estocado em gelo, congelado e de seus produtos derivados. Manaus: INPA/UFAM, 2007,119 f. (Tese de Doutorado em Ciências Biológicas - Área de Concentração em Biologia de Água Doce e Pesca Interior).� Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 23 ALOMETRIA DO GUAIAMUM, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (DECAPODA, GECARCINIDAE) NO ESTUÁRIO DO RIO JAGUARIBE, CEARÁ, BRASIL ALOMETRY OF LAND CRAB, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (DECAPODA: GECARCINIDAE) FROM JAGUARIBE RIVER ESTUARY, CEARÁ STATE, BRASIL Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES1,2*; Jones SANTANDER-NETO1; Fábio H. V. HAZIN2 e José Roberto F. SILVA1 1 Laboratório de Histologia Animal, Universidade Federal do Ceará. 2 Laboratório de Oceanografia Pesqueira, Universidade Federal Rural de Pernambuco. *E-mail: renataasm@gmail.com Resumo - No presente trabalho, a largura do cefalotórax (LC), o comprimento do maior quelípodo (CQ), nos machos, e a largura do 5º segmento abdominal (L5), nas fêmeas, de 334 indivíduos de Cardisoma guanhumi, capturados no estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil, entre Dez./06 e Nov./07, foram mensurados. O tamanho da muda puberal foi determinado através do ponto de inflexão da curva na relação LC x CQ e LC x L5. A largura do cefalotórax em que ocorre a muda puberal, foi igual a 7,10 cm, nos machos, e 6,20 cm, nas fêmeas. Foram obtidas as seguintes relações, para juvenis e adultos, respectivamente, dos machos: CQ = 0,0747 LC 2,2826 e CQ = 0,5148LC1,3055; e das fêmeas: L5 = 0,0839LC2,5744 e L5 = 0,6666LC2,0554. Palavras-chaves: guaiamum, alometria, manguezal, caranguejo terrestre, muda puberal. Abstract - In the present study, the width of the cephalothorax (LC), the length of the largest chelipod (CQ), for males, and the length of the 5thabdominal segment, for females, were measured from 334 specimes of Cardisoma guanhumi, caught from Dec./06 to Nov./07, in the Jaguaribe River Estuary, Ceara State, Brazil. The size of pubertal molting was determined through the inflection point of the relation LC x CQ and LC x L5. The width of the cephalothorax in which the pubertal molting occurs was equal to 7.1 cm, for males, and 6.20 cm, for females. The following equations were obtained,for juvenile and adult specimens, respectively, for males: CQ= 0.0747 LC2, 2826 and CQ = 0.5148 LC1, 3055, and for females: L5 = 0,0839LC2,5744 and L5 = 0,6666LC2,0554. Key-words: guaiamum, alometry, mangrove, land crab, puberal molting. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 24 INTRODUÇÃO O guaiamum, Cardisoma guanhumi, é um caranguejo terrestre que possui hábitos noturnos (Melo, 1996) e distribuição circumequatorial (Burggren & McMahon, 1988), cuja amplitude é, em grande medida, determinada pela temperatura da água, sendo a sobrevivência das larvas comprometida em áreas onde a mesma é inferior a 20ºC (Hill, 2001). O estudo da alometria no crescimento é uma importante ferramenta na determinação do tamanho em que a espécie atinge a maturidade funcional. Esta determinação é possível devido à presença de uma muda puberal que é acompanhada de bruscas modificações nas dimensões do corpo (Hartnol, 1978), como, por exemplo, o comprimento do quelípodo nos machos e a largura do abdômen nas fêmeas. Objetivou-se, com o presente trabalho, analisar o crescimento alométrico de machos e fêmeas de Cardisoma guanhumi, no estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil. MATERIAL E MÉTODOS As coletas dos indivíduos foram realizadas na área de manguezal do estuário do Rio Jaguaribe, no estado do Ceará, com armadilhas artesanais, tendo sido capturados 334 exemplares no período entre dezembro de 2006 e novembro de 2007. Todos os indivíduos foram mensurados quanto à largura do cefalotórax (LC), comprimento do maior quelípodo (CQ) dos machos e largura do 5º segmento abdominal (L5) das fêmeas. O tamanho em que ocorre a muda puberal foi determinado através da determinação do ponto de inflexão da curva na relação LC x CQ e LC x L5, para machos e fêmeas, respectivamente. Para determinar se em cada sexo houve diferença entre os estágios imaturo e maturo, foi utilizada a estatística “w” de comparação de retas que utiliza a distribuição de qui-quadrado (Mendes, 1999). RESULTADOS Foram coletados 334 indivíduos, sendo 167 machos e 167 fêmeas. A largura do cefalotórax em que ocorre a muda puberal, foi igual a 7,10 cm, para os machos, e 6,20 cm, para as fêmeas. As curvas de regressão, para ambos os estágios (imaturo e maturo) e para ambos os sexos, apresentaram equações potenciais que diferiram estatisticamente (p < 0,05). Entre os machos, os indivíduos imaturos apresentaram uma alometria positiva, próximo à isometria (1,30), enquanto que os adultos apresentaram uma forte alometria positiva, com valor de θ= 2,28. Já em relação às fêmeas, os indivíduos maturos apresentaram uma alometria menos positiva que os imaturos, com valores de θ iguais a 2,57 e 2,05 cm, respectivamente. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 25 Figura 1. Relação entre Largura do cefalotórax (cm) e comprimento da quela (CQ), de machos de C. guanhumi, no estuário do Rio Jaguaribe, no período entre Dez/06 e Nov/07. Figura 2. Relação entre Largura do cefalotórax (cm) e largura do abdômen (L5), de fêmeas de C. guanhumi, no estuário do Rio Jaguaribe, no período entre Dez/06 e Nov/07. DISCUSSÃO O crescimento mais acelerado do quelípodo dos machos maturos, em relação aos imaturos, encontrado para a população de C. guanhumi no estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, é uma característica comum aos decápodes que está associada à defesa e competição pelas fêmeas (Hartnol, 1978). CQ(imaturo) = 0,5148LC1,3055 R2 = 0,8662 CQ(maturo) = 0,0747LC2,2826 R2 = 0,5883 0 2 4 6 8 10 12 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Largura do cefalotórax - LC (cm) C o m p ri m e n to d a q u e la - C Q ( c m ) L5(imaturo) = 0,0839LC2,5744 R2 = 0,7271 L5(maturo) = 0,2218LC2,0554 R2 = 0,6666 2 4 6 8 10 12 14 16 4 5 6 7 8 Largura do cefalotórax - LC (cm) L a rg u ra d o a b d ô m e n - L 5 ( c m ) Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 26 O incremento da largura do abdômen das fêmeas é limitado à coxa, sendo este, o valor de largura máxima para o abdômen. É provável que o crescimento alométrico menos positivo para fêmeas maturas esteja associado a esta característica. Trabalhos de fecundidade podem corroborar esta hipótese, uma vez que o desenvolvimento do abdômen está diretamente relacionado à incubação dos ovos. A legislação vigente determina o tamanho mínimo de captura de machos de guaiamum (IBAMA, 2006), para o estado do Ceará, de 6,00 cm de LC. Em comparação com os resultados obtidos, este valor é inferior ao tamanho em que ocorre a muda puberal. É importante ressaltar que o ponto de inflexão da curva não representa, necessariamente, o tamanho em que 50% da população está apta à reprodução, embora seja um ótimo indicativo das mudanças no crescimento. Os dados obtidos no presente trabalho podem ser um indício do início da atividade reprodutiva na população de C. guanhumi para a referida região. Desta maneira, ressalta-se a importância de trabalhos complementares que realizem estudos de maturidade (L50) fisiológica e morfométrica para se conhecer o tamanho de primeira maturação funcional, e assim, determinar a relação entre a muda puberal e aptidão reprodutiva. REFERÊNCIAS BURGGREN W.W.; MCMAHON B.R. Biology of the land crabs. Cambridge University Press.United States of America. 479p, 1988. HARTNOLL, R.G. The determination of relative growth in Crustacea. Crustaceana, Leiden, 34 (3): 281-293. 1978. HILL, K. "Cardisoma guanhumi". 2001. Disponível em: <http://www.sms.si.edu/IRLSpec/ Cardis_guanhu.htm.>. Acesso em: 20 de outubro de 2007. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais. Instrução Normativa n° 90, de 02 de fevereiro de 2006. 2006. MENDES, P.P. Estatística aplicada à Aqüicultura. Recife-PE. Ed. Bargaço, 1999. 265p. � Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 27 SAZONALIDADE DA PROPORÇÃO SEXUAL DO GUAIAMUM, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (DECAPODA: GECARCINIDAE) NO ESTUÁRIO DO RIO JAGUARIBE, CEARÁ, BRASIL SEX RATIO SEASONALITY OF LAND CRAB, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (DECAPODA: GECARCINIDAE) FROM JAGUARIBE RIVER ESTUARY, CEARÁ STATE, BRASIL Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES1,2*; Jones SANTANDER-NETO1; José Roberto F. SILVA1; Fábio H. V. HAZIN2 1Laboratório de Histologia Animal, Universidade Federal do Ceará. 2Laboratório de Oceanografia Pesqueira, Universidade Federal Rural de Pernambuco. *E-mail: renataasm@gmail.com Resumo - No período entre Dez/06 e Nov/07, a variação sazonal na proporção sexual de 334 indivíduos de C. guanhumi capturados no estuário do Rio Jaguaribe, Estado do Ceará, foi avaliada. A proporção sexual foi igual a 1:1, não apresentando diferença estatística significativa (Chi-quadrado, p ≥ 0,05) ao longo dos meses. Apesar das classes periféricas terem sido exclusivamente representadas por machos, nas classes em que se observaram ambos os sexos, não houve diferença estatística (p ≥ 0,05) na proporção. Palavras-chaves: manguezal, proporção sexual, população. Abstract - From Dec/06 to Nov/07, the seasonal changes of sex ratio of 334 specimes of C. guanhumi, caught in the Jaguaribe River Estuary, were examined. The ratio between the sexes over the months did not differ statistically (Chi-square, p ≥ 0.05). Although only males were observed in the marginal size classes, there was no statistical difference (p ≥ 0.05) in those classes where both sexes were present. Key-words: mangroove, sexy rate, population. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 28 INTRODUÇÃO Cardisoma guanhumi é um caranguejo terrestre com significantes adaptações comportamentais, morfológicas, fisiológicas e bioquímicas, que constrói galerias perto do mar, sempre onde a água pode ser alcançada (Melo, 1996). Apresenta distribuiçãocircumequatorial, ocorrendo no Atlântico Oeste desde os Estados Unidos (Burggren & McMahon, 1988) até o sudeste do Brasil (Melo, op. cit). Estudos acerca da estrutura populacional são importantes para um adequado gerenciamento do recurso, garantindo uma explotação sustentável. Desta forma, objetivou-se, com o presente trabalho, analisar a variação sazonal da proporção sexual do Cardisoma guanhumi capturado no estuário do Rio Jaguaribe, Estado do Ceará. MATERIAL E MÉTODOS Os 334 indivíduos examinados foram capturados com armadilhas artesanais, distribuídas de forma inteiramente aleatória, no período entre dezembro de 2006 e novembro de 2007, na área de manguezal do estuário do Rio Jaguaribe (04º26’S a 04º32’S e 037°46’W a 037°48’W), no estado do Ceará. Todos os indivíduos foram sexados e mensurados quanto à largura do cefalotórax (LC). As diferenças mensais e por classe de comprimento na freqüência de machos e fêmeas foram avaliadas por meio do teste de qui-quadrado (p ≥ 0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Entre os indivíduos capturados, 167 eram machos, e 167 fêmeas, com razão sexual de 1:1. A variância máxima da proporção sexual mensal durante o período de amostragem foi de 28% (Fig. 1), não tendo sido observadas, entretanto, diferenças estatísticas significativas (p ≥ 0,05) (Tab. 1). Figura 1. Proporção entre machos e fêmeas de C. guanhumi, ao longo dos meses, no período entre Dez./06 e Nov./07. 0% 20% 40% 60% 80% 100% Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez fêmeas machos Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 29 Uma proporção sexual equilibrada ao longo dos meses é um bom indicativo de equilíbrio natural da população. Resultados semelhantes foram encontrados para C. guanhumi no México (Bozada e Chávez, 1986) e no sudeste do Brasil (Silva e Oshiro, 2002). Tabela 1. Freqüência mensal de fêmeas e machos de C. guanhumi, capturados no estuário do Rio Jaguaribe, no período entre Dez./06 e Nov./07 e valores do teste de qui-quadrado para análise mensal (GL=1) e total (GL=11). fêmeas machos χ2 Jan. 16 14 0,13NS Fev. 9 10 0,05 NS Mar. 11 20 2,61 NS Abr. 12 19 1,58 NS Mai. 19 11 2,13 NS Jun. 14 8 1,64 NS Jul. 15 17 0,13 NS Ago. 13 16 0,31 NS Set. 8 11 0,47 NS Out. 15 10 1,00 NS Nov. 21 19 0,10 NS Dez. 14 12 0,15 NS TOTAL 167 167 10,31 NS NS: diferença estatística não significativa (p ≥ 0,05). A largura do cefalotórax das fêmeas variou de 4,34 a 8,56 cm, com uma moda no intervalo entre 5,0 e 7,0 cm. Os machos apresentaram uma maior amplitude, entre 2,84 e 9,22 cm, exibindo, porém, uma moda menos ampla que as fêmeas, entre 5,0 e 6,5 cm (Tab. 2). Apesar das três primeiras e as três últimas classes de tamanho terem sido exclusivamente representadas por machos, não houve diferença estatística (p ≥ 0,05) na proporção entre os sexos por classe de tamanho, para nenhuma das classes em que ambos os sexos ocorreram (Tab. 2). Figura 2. Proporção entre machos e fêmeas de C. guanhumi para cada classe de largura do cefalotórax, no período entre Dez./06 e Nov./07. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% largura do cefalotórax (cm) fêmeas machos Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 30 Tabela 2. Freqüência de classes de largura do cefalotórax (LC) para fêmeas e machos de C. guanhumi capturados no estuário do Rio Jaguaribe, no período entre Dez./06 e Nov./07 e valores do teste de qui- quadrado para por classe de tamanho (GL=1) e total (GL=13). Fêmeas (n) Machos (n) χ2 2,5├3,0 0 1 1,00 NS 3,0├3,5 0 1 1,00 NS 3,5├4,0 0 1 1,00 NS 4,0├4,5 1 6 3,57 NS 4,5├5,0 12 8 0,80 NS 5,0├5,5 28 30 0,07 NS 5,5├6,0 57 47 0,96 NS 6,0├6,5 28 31 0,15 NS 6,5├7,0 23 17 0,90 NS 7,0├7,5 14 11 0,36 NS 7,5├8,0 4 10 2,57 NS 8,0├8,5 0 2 2,00 NS 8,5├9,0 0 1 1,00 NS 9,0├9,5 0 1 1,00 NS TOTAL 167 167 16,39 NS NS: diferença estatística não significativa (p ≥ 0,05). Classes periféricas representadas por apenas um sexo podem indicar diferentes taxas ou tamanhos de recrutamento e de mortalidade. Machos de C. guanhumi com maior amplitude de tamanho em relação às fêmeas também foi encontrada por Rivera (2005), em Cuba (6,5 a 10,5 cm para machos e 4,2 a 7,9 cm para fêmeas); por Bozada e Chávez (1986), no México (2,7 a 10,5 cm para machos e 7,0 a 9,0 cm para fêmeas); e por Silva e Oshiro (2002), no Brasil (2,7 a 8,5 cm para machos e 3,1 a 8,3 para fêmeas). Esses resultados parecem indicar que esta é uma característica intrínseca das populações de C. guanhumi, independentemente da localidade. REFERÊNCIAS BOZADA, L e CHÁVEZ, Z. La fauna acuatica de la laguna del ostion. Centro de Ecodesarrollo. México. 1986. BURGGREN W.W.; MCMAHON B.R. Biology of the land crabs. Cambridge University Press. United States of America. 479p, 1988. MELO, G. A. S. Família Gecarcinidea. In: Manual de identificação dos brachyura (caranguejos e siris) do litoral brasileiro. São Paulo, Ed. Plêiade. P-480 a 481. 1996. RIVERA, J. J. El cangrejo terrestre C. guanhumi ¿Un recurso pesquero?. Ecofronteiras. No25. 2005. SILVA, R. da & OSHIRO, L. M. Y. Aspectos reprodutivos do caranguejo Guaiamum, Cardisoma guanhumi Latreille, 1828 (Crustacea, Decapoda, Brachyura) da Baía de Sepetiba, RJ. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba/PR. 2002. � Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 31 INFLUÊNCIA DO CICLO HIDROLÓGICO DO RESERVATÓRIO DE SOBRADINHO SOBRE A CARGA DE FÓSFORO TOTAL INFLUENCE OF THE HYDROLOGICAL CYCLE OF THE SOBRADINHO RESERVOIR ON THE LOAD OF TOTAL PHOSPHORUS Bruno Dourado Fernandes da COSTA1*, Maurício Nogueira da Cruz PESSÔA2, Antony Evangelista de LIMA2, Márcia Darcilene Correia do PRADO2, Teresa Cristina Paiva SANTOS2, Michelle Miranda Biondi ANTONELLO1, Aureliano de Vilela CALADO NETO1, Anderson ANTONELLO1 e William SEVERI2 1 Fundação de Desenvolvimento Educacional Apolônio Sales 2 Universidade Federal Rural de Pernambuco *E-mail: bdfc@click21.com.br Resumo - O monitoramento continuado dos parâmetros físicos, químicos e biológicos da água de reservatórios serve como ferramenta de avaliação do seu estado trófico. Dentre os diversos parâmetros monitorados, o fósforo total pode ser considerado o nutriente mais importante, já que o mesmo é o principal nutriente responsável pela eutrofização de ambientes lacustres. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência do ciclo hidrológico do reservatório de Sobradinho, localizado no Médio São Francisco, entre os municípios de Barra/BA e Sobradinho/BA, sobre as concentrações de fósforo total nos diferentes ambientes no trecho estudado. Análises trimestrais entre janeiro de 2007 e janeiro de 2008, permitiram avaliar a influência do ciclo hidrológico sobre as concentrações do fósforo total em três estações, localizadas em ambientes distintos na área de estudo (lótico, transição rio-reservatório, lêntico). Pode se observar que as concentrações de fósforo total diminuíram com o aumento de volume do reservatório, com níveis mais elevados no início do período de enchimento, e menores após atingir a cota máxima. Foi demonstrado no presente trabalho que a água de afluência ao reservatório de Sobradinho é responsável pela elevação da concentração dos níveis de fósforo total e que, após o enchimento do reservatório, existe uma estabilização natural do ambiente, favorecendo a diminuição das concentrações do fósforo total. Palavras-chaves: fósforo, reservatório, monitoramento. Abstract - The continuous monitoring of the physical, chemical and biological parameters of water in reservoirs serves as a tool to evaluate its trophic state. Among the various parameters monitored, total phosphorus can be considered as the most important nutrient, since it is the main nutrient responsible for the eutrophicationof lake environments. The objective of this study was to evaluate the influence of the hydrological cycle of the Sobradinho reservoir, located in the Medium São Francisco, between the towns of Barra/BA and Sobradinho/BA, on total phosphorus concentration in different environments of the stretch studied. Quarterly analyses between January 2007 and January 2008, have assessed the influence of the hydrological cycle on total phosphorus concentration in three stations located within the different environments of the study area (lotic, transition river-reservoir, lenthic). It may be noted that total phosphorus concentrations decreased with an increase in the reservoir’s volume, presenting higher levels at the beginning of the period of filling and lower ones after reaching its maximum level. It was determined in this work that inflowing water to the Sobradinho reservoir is responsible for raising the levels of total phosphorus concentrations and that after its fulfilling, there is a stabilization of the natural environment which favors the reduction of total phosphorus concentrations. key-words: phosphorus, reservoirs, monitoring. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 32 INTRODUÇÃO Os reservatórios têm um importante papel econômico, ecológico e social, produzindo muitas mudanças em bacias e rios. Um reservatório causa uma série de impactos significantes na bacia onde é construído. O entendimento dos impactos causados por grandes ou pequenas represas, requer o conhecimento prévio das condições originais dos sistemas terrestre e aquático, da diversidade e mecanismo de funcionamento da flora e fauna, da hidrogeoquímica e flutuações sazonais (TUNDISI, 1987). De acordo com Tundisi e Straškraba (1999), as características mais importantes de um reservatório relacionam-se com a sua morfometria, tempo de retenção, padrões térmicos de estratificação e circulação, flutuações no nível de água, tipo e tamanho da área. O fósforo é reconhecidamente um dos elementos limitantes da produtividade primária de lagos e reservatórios (WETZEL, 1983; ESTEVES, 1998). A eutrofização de ambientes lênticos (reservatórios) está diretamente relacionada ao aporte de fósforo, resultante de contribuição alóctone, como escoamento superficial de áreas agrícolas ou florestadas, esgoto municipal e efluentes industriais (ESTEVES, 1998). O monitoramento sazonal do aporte de fósforo em um reservatório gera informações que, se bem utilizadas, podem servir como indicadoras das atividades poluidoras a montante e no entorno do reservatório, possibilitando a avaliação anual das medidas mitigadoras executadas, como por exemplo, o tratamento de esgoto de uma cidade a montante do reservatório, o reflorestamento da mata auxiliar ao longo do rio, ou a diminuição na utilização de fertilizantes agrícolas fosfatados em torno do reservatório. Fazendo uma relação anual entre as concentrações do fósforo e o volume afluente anual, pode-se determinar se as medidas de controle ambiental surtiram efeito. O presente trabalho teve como finalidade caracterizar a dinâmica do aporte do fósforo total do reservatório de Sobradinho em função da variação da sua cota. MATERIAL E MÉTODOS A área de estudo foi o reservatório de Sobradinho (Figura 1), localizado no trecho do rio São Francisco, compreendido entre os municípios de Barra/BA e Sobradinho/BA, tendo aproximadamente 320 km de extensão, uma superfície de espelho d’água de 4.214 km2 e uma capacidade de armazenamento de 34,1 bilhões de metros cúbicos em sua cota nominal de 393,50 m. A manutenção de uma vazão regularizada de 2.060 m3.s-1 nos períodos de estiagem, permite a operação de todas as usinas da CHESF situadas à jusante da barragem de Sobradinho no submédio São Francisco. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 33 Foram distribuídas três estações de amostragem a montante da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, contemplando os trechos: lótico, transição e lêntico. As estações foram denominadas SF1, SF2 e SF3, e possuem, respectivamente, as seguintes coordenadas: 10º 44` 36``S e 042º 43` 02``W; 09º 40` 01``S e 042º 01` 14``W; 09º 25` 59``S e 040º 50` 06``W. A periodicidade das coletas foi trimestral, entre janeiro/2007 e janeiro/2008. As análises de fósforo total foram realizadas no Laboratório de Limnologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, utilizando o método proposto por Strickland & Parsons (1960). Os dados de cota do reservatório foram fornecidos pela Divisão de Gestão de Recursos Hídricos - DORH (CHESF). RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período de estudo, a cota do reservatório teve seu maior nível em abril de 2007 e o menor volume em dezembro de 2007. Visto que a época de chuva na região e de aporte de água ao reservatório ocorre entre os meses de dezembro e março de cada ano, é estabelecido um período cíclico de enchente e seca. Esse período acarreta uma relação inversa entre o volume e a concentração de fósforo total nas estações do reservatório de Sobrinho (Figura 2). No período de enchente, a carga de nutrientes carreada pelo rio elevou os níveis de fósforo, em especial em janeiro de 2008, quando o reservatório apresentou a menor cota. A elevação dos teores de fósforo e inversão da quantidade entre os trechos é possivelmente ocasionada pelo material carreado para próximo da barragem, devido a cota neste momento ter sido de aproximadamente 20% da cota máxima. A estação lótica apresentou concentrações superiores a 100 µg.L-1 P, valor acima do limite de 50 µg.L-1 P, estabelecido pela resolução CONAMA 357/05 para trechos de rio, apenas nas campanhas de janeiro. Já a estação de transição não apresentou valores de fósforo total acima deste limite, exceto em abril e julho de 2007, quando o reservatório apresentou as maiores cotas durante todo o período de estudo. Também nos meses de abril e julho, a estação lêntica apresentou concentrações de fósforo total inferior a 30 µg.L-1 P, limite estabelecido na resolução do CONAMA 357/05 para esse tipo de ambiente. O aporte de fósforo total no trecho estudado está relacionado com o escoamento superficial das águas de chuvas na região. Segundo Haygarth & Sharpley (2000), o fósforo é removido do solo principalmente por erosão, dependendo da quantidade de material sólido no escoamento superficial, da intensidade e quantidade de chuva. Figura 1. Mapa contemplando as diferentes áreas do reservatório de Sobradinho (Modificado de PETRERE, 1996). Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 34 No período de abril a julho, os níveis de nutrientes estão dentro dos valores de referência da legislação vigente, evidenciando a diluição da carga de fósforo e caracterizando as estações quanto aos trechos de rio pela quantidade do nutriente. Já em outubro, em conseqüência da redução do volume, houve uma elevação da concentração deste nutriente. A análise dos componentes principais (Figura 3) demonstra a relação entre a cota e as concentrações de fósforo total nas estações, evidenciando que as estações localizadas no trecho lêntico e de transição são influenciadas diretamente pelo aumento de volume e uma maior capacidade de diluição do nutriente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, Resolução 357/05. http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459. Acesso em: 03/08/2008. ESTEVES, F. A., 1998. Fundamentos da Limnologia. Rio de Janeiro: Interciência, 602p. HAYGARTH, P.M. & SHARPLEY, A.N. 2000. Terminology for phosphorus transfer. J. Environ. Qual., 29:10-15. STRICKLAND, J.D.H. & PARSONS, T.R. 1965. A manual of sea water analysis. Ottawa, Fish. Res. Borad Canada, 202p. TUNDISI, JOSÉ GALIZIA, 1987. Ecologia, limnologia e aspectos socioeconômicos da construção de hidrelétricas nos trópicos. In: Encontro de Tropicologia,4, Recife. Anais: Universidade de Brasília; CNPq. 1990. p. 47-85. http://www.tropicologia.org.br/conferencia/1987ecologia_ limnologia.html. Acesso em: 28/05/2004. TUNDISI, J. G. E STRAŠKRABA, M., 1999. Theoretical Reservoir Ecology and its Applications. São Carlos. 592p. WETZEL, R.G. 1983. Limnology. Philadelphia, Saunders College Pub.� O ut /0 6 N ov /0 6 D ez /0 6 Ja n/ 07 Fe v/ 07 M ar /0 7 A br /0 7 M ai /0 7 Ju n/ 07 Ju l/ 07 A go /0 7 Se t/ 07 O ut /0 7 N ov /0 7 D ez /0 7 Ja n/ 08 Fe v/ 08 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 Fó sf or o to ta l ( m g. L -1 P ) 382 384 386 388 390 392 394 C ot a (m ) SF 1 SF 2 SF 3 ___ Cota (m) Figura 2. Resultados do fósforo total nos meses amostrados e a cota do reservatório para o periodo do estudo. As linhas pontilhada indicam os valores de referência do CONAMA 357/05 para os trecho lótico, transição e lêntico, com respectivamente 100, 50 e 30 µg.L-1 P. *Cota (m) -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 Eixo 1 : 84,80% -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 E ix o 2 : 1 3, 46 % SF 1 SF 2 SF 3 Figura 3. Análise de componentes principais/ACP, entre as estações e cotas para todo o período analisado. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 35 ABUNDÂNCIA DA ICTIOFAUNA CAPTURADA COM REDE DE ARRASTO NA PRAIA DO PESQUEIRO, ILHA DE MARAJÓ (PARÁ, BRASIL) ABUNDANCE OF THE ICHTHYOFAUNA CAPTURED WITH NET TOWING ON THE PESQUEIRO BEACH, ISLAND OF MARAJO (PARÁ, BRAZIL) Jean Michel CORRÊA1*; Eurivaldo Santos da COSTA1; Francisco Carlos Alberto Fonteles HOLANDA2 1 Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará 2 Instituto de Estudos Costeiros, Universidade Federal do Pará *Email: jeanoceano@yahoo.com.br Resumo - A ilha de Marajó é tida como uma região que propicia pescarias em águas continentais e marinhas, devido à elevada diversidade da ictiofauna proveniente desses dois sistemas. Foram realizados quatro arrastos experimentais na praia do Pesqueiro. Foi coletado um total de 10 peixes, distribuídos em quatro espécies e três famílias. A espécie mais abundante em todos os arrastos foi Mugil curema, com sete indivíduos. A espécie Strongylura timucu apresentou os maiores valores de comprimento total e zoológico, enquanto Plagioscion squamosissimus apresentou o maior valor de altura. Palavras-chave: peixes, Mugil curema, comprimento total. Abstract - The island of Marajó is regarded as a region that provides fisheries on continental and marine waters because of its high diversity of the ichthyofauna from these two systems. Four experimental fisheries were carried out on the Pesqueiro beach. It were collected a total of ten fishes, distributed in four species and three families. The most abundant species was Mugil curema, with seven individuals. The species Strongylura timucu presented the higher values of total and zoological length, while Plagioscion squamosissimus presented the higher values of height. Key-words: fishes, Mugil curema, total length. Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 36 INTRODUÇÃO O arquipélago do Marajó possui localização estratégica e privilegiada, sendo o maior arquipélago flúvio-marinho do mundo. Em sua porção noroeste, recebe águas doces, barrentas e cheias de nutrientes do rio Amazonas; ao norte, as águas marinhas do Oceano Atlântico; a nordeste, as águas doces e barrentas da Baía do Marajó; ao sul, as águas doces e barrentas do Rio Pará, propiciando pescarias em áreas continentais e marinhas, com elevada diversidade de peixes provenientes destes dois sistemas (CASA CIVIL, 2007). Muitos peixes compõem a grande riqueza do arquipélago, sendo os mais conhecidos o tucunaré (Cichla ocellaris), o pirarucu (Arapaima gigas), as piranhas (Serrasalmus sp.), o candiru (Vandellia cirrhosa), entre outros (CASA CIVIL, op. cit.). MATERIAL E MÉTODOS Foram efetuados quatro arrastos experimentais na Praia do Pesqueiro, localizada a 8 km do município de Soure. Em cada arrasto foi utilizado como apetrecho de pesca uma rede de arrasto com as seguintes especificações: comprimento de 48,12 m; altura de 2,37 m; malha de 25 mm; distância entre nós opostos de 50 mm; distância entre bóias de 94 cm e distância entre chumbadas de 94 cm. Os arrastos foram efetuados na maré vazante, sendo o último realizado na maré enchente. Depois, os peixes foram transportados até a margem para serem realizadas as análises biométricas. Na biometria foram obtidas medidas de comprimento total (CT), comprimento furcal ou zoológico (CF) e altura (ALT). O instrumento utilizado para a tomada dessas medidas foi uma trena. RESULTADOS E DISCUSSÃO O número total de indivíduos capturados nos arrastos foi de dez. Ao todo foram identificadas quatro espécies pertencentes a três famílias: Mugilidae, Belonidae e Sciaenidae. Esses resultados corroboram com estudo realizado por Barthem (1985) que definiu para a Baía do Marajó, as seguintes famílias como sendo as mais diversificadas: Ariidae, Sciaenidae e Pimelodidae, possuindo nove, sete e cinco espécies respectivamente. A espécie Mugil curema foi a mais abundante, com sete indivíduos. As espécies Cynoscion acoupa, Plagioscion squamosissimus e Strongylura timucu contribuíram com um indivíduo cada. Para o comprimento total, o maior indivíduo foi um exemplar de Strongylura timucu com 56,2 cm e o menor foi um exemplar de Mugil curema com 25,0 cm. Em termos de comprimento furcal, o maior indivíduo capturado foi um exemplar de S. timucu com 56,0 cm e o menor foi um exemplar de M. curema com 24,0 cm. Com relação à altura, a maior espécime foi um exemplar de Plagioscion squamosissimus com 10,0 cm e o menor foi um exemplar de S. timucu com 5,0 cm (Tabela 1). Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 37 Tabela 1. Nome científico das espécies, nome vulgar, número de indivíduos (N) e amplitude do comprimento total (CT), comprimento furcal (CF) e altura (ALT). Nome Científico Nome Vulgar N CT (cm) CF (cm) ALT (cm) Mugil curema Pratiqueira 7 25,0 – 29,0 24,0 – 28,0 5,3 – 7,0 Cynoscion acoupa Pescada amarela 1 31,1 - 7,1 Plagioscion squamosissimus Pescada branca 1 38,0 - 10,0 Strongylura timucu Peixe-agulha 1 56,2 56,0 5,0 Total - 10 25,0 – 56,2 24,0 – 56,0 5 – 10,0 REFERÊNCIAS BARTHEM, R. B. Ocorrência, distribuição e biologia dos peixes da Baía de Marajó, Estuário Amazônico. Bol. Mus. Par. Emílio Goeldi, série zoologia. v. 2, n.1, p. 49-69. 1985. CASA CIVIL. Plano de desenvolvimento territorial sustentável do arquipélago do Marajó. Out. 2007. Disponível em: http://www.integracao.gov.br/download/ download.asp?endereco=/pdf/ desenvolvimentoregional/plano_marajo.pdf&nome_arquivo=plano_marajo.pdf. Acesso em 04 ago. 2008. � Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 38 ZOOPLÂNCTON DE BARRA DE JANGADA, PERNAMBUCO, BRASIL ZOOPLANKTON FROM BARRA DE JANGADA, PERNAMBUCO, BRAZIL Valdylene Tavares PESSOA1; Pedro Augusto Mendes de Castro MELO1; Fernando Figueiredo PORTO NETO2; Sigrid NEUMANN-LEITÃO1*; Fábio Hissa Vieira HAZIN3 1 Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco 2 Departamento de Zootecnia, Universidade Federal Rural de Pernambuco 3 Departamento de Pesca, Universidade Federal Rural de Pernambuco *E-mail: sigrid@terra.com.br Resumo - Estudos foram desenvolvidos visando conhecer a composição do zooplâncton e seu papel como indicador da qualidade ambiental no sistema estuarino de Barra de Jangada. As amostras foram coletadas com redes com 300 µm de abertura de malha, em arrastos horizontais sub-superficiais. Foram identificados 29 taxa, destacando-se Copepoda com as espécies Pseudodiaptomus acutus e P. marshi, as quais são indicadoras de sistemas eutrofizados, evidenciando forte poluição orgânica neste ecossistema. Palavras-chaves: Poluição, Zooplâncton, Barra de Jangada (Jaboatão
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