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Alunos: Marianna Stumm G. R. M. Domenici - RA: 2111010054 Nikolas Vinicius de Oliveira – RA: 21211010053 Rayssa Maria Ribeiro Sampaio – RA: 18111010107 Meios Alternativos à Resolução de Conflitos Prova 2º Bimestre (P2) Tema: RECURSO ESPECIAL Nº 1.862.147 - MG (2020/0036910-5) A Lei nº 9.307/96, denominada Lei da Arbitragem, tem por objetivo dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis, entre capazes, sem que seja necessária a existência de um processo judicial. Consoante previsão do artigo 9º, “o compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial”. Trata-se, portanto, de uma forma alternativa de solução mais simples. A sentença arbitral é o pronunciamento escrito, por meio do qual o árbitro ou o tribunal arbitral, devidamente nomeado e com jurisdição para tanto, julga o conflito de maneira total ou parcial, tendo o conteúdo decisório os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário, nos moldes dos artigos 23 e seguintes do mencionado diploma legal. Em verdade, não é necessária uma homologação judicial para que a sentença arbitral produza seus efeitos. Nesse sentido, prevê o artigo 31 da Lei de Arbitragem que “a sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo”. Ainda, o artigo 17 equipara os árbitros aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal. O artigo 18, por sua vez, dispõe que, para os fins processuais, o árbitro é “juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação do Poder Judiciário”. Segundo Carreira Alvim, “fácil é concluir que a opção do legislador foi pela atribuição do caráter publicístico ao juízo arbitral, tornando-o um completo equivalente jurisdicional, por escolha das partes. Se a justificação de seu cabimento radica-se numa relação negocial privada (a convenção arbitral), o certo é que, uma vez instituído o juízo arbitral, sua natureza é tão jurisdicional como a dos órgãos integrantes do Poder Judiciário.” Assim, tem-se que o julgamento proferido pelo árbitro nomeado pode ser de mérito ou sem mérito e eventual invalidade está prevista nos artigos 32 e 33, sendo o conteúdo decisório passível de controle judicial e anulável em casos de vícios formais. Para tanto, prevê o artigo 32 da supracitada lei que cabe ao juiz togado decretar a nulidade da sentença, em 7 (sete) hipóteses. Senão, vejamos: “Art. 32. É nula a sentença arbitral se: I - for nula a convenção de arbitragem; II - emanou de quem não podia ser árbitro; III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei; IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei”. Com efeito, observa-se que se trata de um método de solução ligado à rapidez, sendo vedada a entrega da sentença fora do prazo. Impõe-se, ainda, a observância aos princípios que garantem o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, preservando-se a igualdade entre as partes, a imparcialidade e o livre convencimento do árbitro. No que se refere à homenageada celeridade do procedimento arbitral, o artigo 33 § 1º estipula o prazo máximo de 90 (noventa) dias, após o recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento, para que seja demandada eventual declaração de nulidade, findo o qual ocorre a decadência do direito. Outro momento oportuno para a decretação da nulidade é quando da impugnação ao cumprimento de sentença, se houver execução judicial, nos termos dos artigos 525 e seguintes do Código de Processo Civil. Sobre o caso: No caso em análise, a Empresa Sul Americana de Montagens S.A (EMSA) interpôs Recurso Especial, a fim de reverter o acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG), por meio do qual foram rejeitadas as alegações de nulidade da sentença arbitral que julgou parcialmente procedentes os pedidos autorais e condenou as requeridas ao pagamento do valor final de R$ 3.254.400,24 (três milhões, duzentos e cinquenta e quatro mil, quatrocentos reais e vinte e quatro centavos), para a data-base 31 de julho de 2014, sujeito à correção monetária de acordo com a variação do IGP-M e juros de 1% (um por cento) ao mês. Em seu turno, a recorrente sustentou violação aos seguintes dispositivos legais: i) art. 33, § 3º, da Lei n. 9.307/1996; e 525 e 1.063 do Código de Processo Civil, sob o argumento de que o pedido de nulidade da sentença arbitral contido em incidente de impugnação ao cumprimento de sentença também poderá ser arguido no prazo supramencionado no art. 525 do CPC, ou seja, 15 (quinze) dias; ii) ii) art. 265 do Código Civil; 278, § 1º, da Lei n. 6.404/1976; e 33, V, da Lei n. 8.666/1993, na medida em que a parte recorrida não possui nenhuma participação na relação jurídica estabelecida entre o Consórcio ETA – Brasília e a Administração Pública, de modo que não se aplica ao caso o conceito de solidariedade plena, prevista na aludida legislação publicista, mas sim o que prevê a regra do art. 278, § 1º, da Lei n. 6.404/1976, o qual estabelece que a eventual solidariedade entre as empresas integrantes do consórcio não é presumida. Como dito alhures, a sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo, porquanto o árbitro é juiz de fato e de direito, de modo que a sentença proferida não fica sujeita a recurso ou à homologação pelo Poder Judiciário. Contudo, cumpre repisar que, ainda que irrecorrível, a decisão arbitral pode ter sua validade questionada, com base nos dispositivos contidos nos artigos 32 e 33 da Lei de Arbitragem, sendo esse o caso dos autos em análise. Nesse sentindo, uma das teses ventiladas foi a do art. 33, § 1º, referente ao prazo decadencial de 90 dias para alegação de nulidade. Assim, a pretensão foi rejeitada, sob o fundamento de que não foi proposta dentro deste prazo, mas em momento posterior. Afirmou-se, ainda, que a pretensão de anular a sentença arbitral deve ser intentada de imediato, sob pena de a questão decidida tornar-se imutável. Outra tese arguida foi no sentido de buscar a individualização das obrigações contraídas, segundo a participação de cada uma das executadas. O STJ entendeu que tais argumentações deveriam ter sido discutidas no âmbito da própria arbitragem, sendo incabível a reanálise do mérito. Nesse sentido, no que se refere à questão concernente à responsabilidade solidária, prevista nos artigos 264, 265 e 266 do Código Civil, nas palavras de Roberto Ruggiero, ela ocorre quando se verifica "uma verdadeira e própria unidade da obrigação, não obstante a pluralidade dos sujeitos, quando a relação se constitua de modo que um dos vários credores tenha a faculdade de receber tudo, tal como se fosse o único credor, ou quando um dos vários devedores deva pagar tudo, como se fosse o único devedor". Na hipótese em apreço, entendeu-se que não houve solidariedade presumida entre as empresas consorciadas, pois a formação de um consórcio impõe a delimitação de obrigações e responsabilidades, de modo que se passa a não ter personalidade jurídica própria, estando as empresas obrigadas somente às condições previstas no contrato, respondendo cada uma, subjetivamente, por suas obrigações. Ante o exposto, pode-se afirmar que os argumentos ventilados são carentes de amparo legal, uma vez que a decisão arbitral não está sujeita a recurso, restando apenas para as partes a possibilidadedo juiz arbitral que “esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição ou se pronuncie sobre ponto omitido a respeito do qual devia ter de manifestar a decisão. Por fim, entende-se que entendimentos tais sinalizam o posicionamento majoritário dos tribunais brasileiros, no sentido de consolidar a arbitragem como meio alternativo na solução de conflitos, em se tratando evidentemente de direitos disponíveis. Bibliografia: ALMEIDA GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de, Manual de Arbitragem. São Paulo: Editora Método, 2007. http://direito.ufes.br/sites/direito.ufes.br/files/field/anexo/Senten%C3%A7a%20Arbitral%20- %20NEAPI.pdf http://www.canalarbitragem.com.br/materias/o-direito-nao-socorre-aos-que-dormem-a- anulacao-da-sentenca-arbitral-so-e-cabivel-no-prazo-decadencial-de-90-dias/ http://direito.ufes.br/sites/direito.ufes.br/files/field/anexo/Senten%C3%A7a%20Arbitral%20-%20NEAPI.pdf http://direito.ufes.br/sites/direito.ufes.br/files/field/anexo/Senten%C3%A7a%20Arbitral%20-%20NEAPI.pdf http://www.canalarbitragem.com.br/materias/o-direito-nao-socorre-aos-que-dormem-a-anulacao-da-sentenca-arbitral-so-e-cabivel-no-prazo-decadencial-de-90-dias/ http://www.canalarbitragem.com.br/materias/o-direito-nao-socorre-aos-que-dormem-a-anulacao-da-sentenca-arbitral-so-e-cabivel-no-prazo-decadencial-de-90-dias/
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