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Informativo de Jurisprudência do STJ 2022

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Informativo de Jurisprudência
2022
 
 
Superior Tribunal de Justiça 
Secretaria de Jurisprudência 
Seção de Informativo de Jurisprudência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo de Jurisprudência de 
2022 
organizado por ramos do Direito 
 
1ª Edição 
(Informativos n. 722 a 725) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília-DF, fevereiro de 2022. 
 
 
 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
Secretaria de Jurisprudência 
Coordenadoria de Divulgação de Jurisprudência 
Seção de Informativo de Jurisprudência 
 
REALIZAÇÃO 
Seção de Informativo de Jurisprudência 
 
 
EQUIPE TÉCNICA 
Fernanda Pires Isaac Borges da Nóbrega 
Isabel Rocha Martins 
José Araújo Filho 
Maria do Socorro Mesquita Guerra 
Ocione de Jesus Abreu 
Rafael Souza Proto 
Ricardo Alvim Dusi 
Rodrigo Zapata 
 
 
 
 
 
 
Superior Tribunal de Justiça 
Secretaria de Jurisprudência 
SAFS Quadra 06 Lote 01 Trecho III 
Prédio da Administração Bloco F 
2º andar Trecho I Ala “A” 
Brasília-DF 
Telefone: (061) 3319-9014 
CEP 70.095-900 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 5 
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA ................................................. 6 
DIREITO CIVIL ........................................................................................................ 7 
DIREITO DO CONSUMIDOR ................................................................................. 8 
DIREITO ADMINISTRATIVO .................................................................................. 11 
PRIMEIRA SEÇÃO ................................................................................................. 12 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................... 13 
SEGUNDA TURMA ................................................................................................ 16 
QUINTA TURMA .................................................................................................... 18 
DIREITO AUTORAL................................................................................................... 20 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................... 21 
DIREITO BANCÁRIO ................................................................................................. 23 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................... 24 
DIREITO CIVIL ........................................................................................................... 25 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................... 26 
QUARTA TURMA ................................................................................................... 43 
DIREITO CONSTITUCIONAL .................................................................................. 54 
PRIMEIRA SEÇÃO ................................................................................................. 55 
TERCEIRA SEÇÃO ................................................................................................ 57 
SEXTA TURMA ....................................................................................................... 58 
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................................... 61 
QUARTA TURMA ................................................................................................... 62 
DIREITO DO CONSUMIDOR ................................................................................... 64 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................... 65 
DIREITO DIGITAL ..................................................................................................... 70 
QUARTA TURMA ................................................................................................... 71 
DIREITO EMPRESARIAL ......................................................................................... 73 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................... 74 
 
 
 
DIREITO FALIMENTAR ........................................................................................... 77 
SEGUNDA SEÇÃO .................................................................................................. 78 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................... 79 
DIREITO PENAL ......................................................................................................... 81 
TERCEIRA SEÇÃO ................................................................................................ 82 
QUINTA TURMA .................................................................................................... 83 
SEXTA TURMA ....................................................................................................... 86 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO ................................................................................... 88 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................... 89 
SEGUNDA TURMA ................................................................................................ 90 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................... 91 
QUARTA TURMA ................................................................................................... 92 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL ............................................................................... 94 
PRIMEIRA SEÇÃO ................................................................................................. 95 
SEGUNDA SEÇÃO .................................................................................................. 97 
SEGUNDA TURMA .............................................................................................. 100 
TERCEIRA TURMA ............................................................................................. 102 
DIREITO PROCESSUAL PENAL ........................................................................... 110 
TERCEIRA SEÇÃO .............................................................................................. 111 
QUINTA TURMA .................................................................................................. 113 
SEXTA TURMA ..................................................................................................... 115 
DIREITO REGISTRAL ............................................................................................. 122 
QUARTA TURMA ................................................................................................. 123 
DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................... 125 
PRIMEIRA TURMA ............................................................................................. 126 
SEGUNDA TURMA .............................................................................................. 129 
 
5 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Com o intuito de proporcionar mais uma forma de consulta ao usuário do Informativo 
de Jurisprudência, o presente trabalho disponibiliza todas as súmulas e notas de julgados publicadas 
durante o ano de 2021, agrupadas segundo os respectivos ramos do direito. 
As súmulas e as notas extraídas de julgamentos submetidos ao rito dos recursos 
repetitivos estão localizadas em capítulos específicos, no início do documento, organizadas de acordo 
com a matéria preponderante, em ordem de recentidade – da mais recente para a mais antiga – e por 
órgão julgador, considerando a Corte Especial, as Seções temáticas eas Turmas. 
As demais notas também estão dispostas de acordo com a matéria preponderante, 
ordenadas, por sua vez, conforme o órgão julgador e da mais recente para a mais antiga. 
Cabe ressaltar que as notas que abordam mais de um tema jurídico estão repetidas nos 
respectivos ramos. Essa opção foi adotada para que o usuário que se interesse por apenas um ramo 
específico do direito não perca qualquer informação. 
O Informativo de Jurisprudência de 2021 organizado por ramos do Direito será 
atualizado mensalmente no decorrer do ano. Vale lembrar que, ao final de cada nota e de cada súmula, 
há a indicação da edição do Informativo de Jurisprudência correspondente. 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA 
 
 
7 
 
 
DIREITO CIVIL 
Voltar ao Sumário. 
 
 
PROCESSO REsp 1.303.374-ES, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, por 
maioria, julgado em 30/11/2021, DJe 16/12/2021. (Tema IAC 2) 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL, DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
TEMA Seguro de vida. Pretensões que envolvam segurado e segurador e derivem da 
relação jurídica securitária. Prazo prescricional ânuo. Aplicabilidade. Tema 
IAC 2. 
 
 
DESTAQUE 
 É ânuo o prazo prescricional para exercício de qualquer pretensão do segurado em face do segurador - e vice-
versa - baseada em suposto inadimplemento de deveres (principais, secundários ou anexos) derivados do 
contrato de seguro, ex vi do disposto no artigo 206, § 1º, II, "b", do Código Civil de 2002 (artigo 178, § 6º, II, do 
Código Civil de 1916). 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Nos termos da jurisprudência da Segunda Seção e da Corte Especial, o prazo trienal do artigo 206, § 3º, inciso 
V, do Código Civil de 2002 adstringe-se às pretensões de indenização decorrente de responsabilidade civil 
extracontratual - inobservância do dever geral de não lesar -, não alcançando as pretensões reparatórias 
derivadas do inadimplemento de obrigações contratuais. 
 
 Em relação ao que se deve entender por "inadimplemento contratual", cumpre salientar, inicialmente, que a 
visão dinâmica da relação obrigacional - adotada pelo direito moderno - contempla não só os seus elementos 
constitutivos, como também as finalidades visadas pelo vínculo jurídico, compreendendo-se a obrigação como 
um processo, ou seja, uma série de atos encadeados conducentes a um adimplemento plenamente satisfatório 
do interesse do credor, o que não deve implicar a tiranização do devedor, mas sim a imposição de uma conduta 
leal e cooperativa das partes. 
 
 Nessa perspectiva, o conteúdo da obrigação contratual (direitos e obrigações das partes) transcende as 
"prestações nucleares" expressamente pactuadas (os chamados deveres principais ou primários), abrangendo, 
outrossim, deveres secundários (ou acessórios) e fiduciários (ou anexos). 
 
 Sob essa ótica, a violação dos deveres anexos (ou fiduciários) encartados na avença securitária implica a 
obrigação de reparar os danos (materiais ou morais) causados, o que traduz responsabilidade civil contratual, e 
não extracontratual, exegese, que, por sinal, é consagrada por esta Corte nos julgados em que se diferenciam "o 
dano moral advindo de relação jurídica contratual" e "o dano moral decorrente de responsabilidade 
extracontratual" para fins de definição do termo inicial de juros de mora (citação ou evento danoso). 
 
8 
 
 
 Diante de tais premissas, é óbvio que as pretensões deduzidas na demanda - restabelecimento da apólice que 
teria sido indevidamente extinta, dano moral pela negativa de renovação e ressarcimento de prêmios 
supostamente pagos a maior - encontram-se intrinsecamente vinculadas ao conteúdo da relação obrigacional 
complexa instaurada com o contrato de seguro. 
 
 Nesse quadro, não sendo hipótese de incidência do prazo prescricional de dez anos previsto no artigo 205 do 
Código Civil de 2002, por existir regra específica atinente ao exercício das pretensões do segurado em face do 
segurador (e vice-versa) emanadas da relação jurídica contratual securitária, afigura-se impositiva a observância 
da prescrição ânua (artigo 206, § 1º, II, "b", do referido Codex) tanto no que diz respeito à pretensão de 
restabelecimento das condições gerais da apólice extinta quanto em relação ao ressarcimento de prêmios e à 
indenização por dano moral em virtude de conduta da seguradora amparada em cláusula supostamente abusiva. 
 
 Além disso, não se aplica o prazo prescricional quinquenal previsto no artigo 27 do CDC, que se circunscreve 
às pretensões de ressarcimento de dano causado por fato do produto ou do serviço (o chamado "acidente de 
consumo"), que decorre da violação de um "dever de qualidade-segurança" imputado ao fornecedor como 
reflexo do princípio da proteção da confiança do consumidor (artigo 12). 
 
 Registre-se, por fim, que o prazo prescricional ânuo não alcança, por óbvio, os seguros-saúde e os planos de 
saúde - dada a natureza sui generis desses contratos, em relação aos quais esta Corte assentou a observância dos 
prazos prescricionais decenal ou trienal, a depender da natureza da pretensão - nem o seguro de 
responsabilidade civil obrigatório (o seguro DPVAT), cujo prazo trienal decorre de dicção legal específica (artigo 
206, § 3º, inciso IX, do Código Civil), já tendo sido reconhecida pela Segunda Seção a inexistência de relação 
jurídica contratual entre o proprietário do veículo e as seguradoras que compõem o correlato consórcio (REsp 
1.091.756/MG, relator Ministro Marco Buzzi, relator para acórdão Ministro Marco Aurélio Bellizze, Segunda 
Seção, julgado em 13/12/2017, DJe 5/2/2018). (Informativo n. 723) 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
Voltar ao Sumário. 
 
 
PROCESSO REsp 1.303.374-ES, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, por 
maioria, julgado em 30/11/2021, DJe 16/12/2021. (Tema IAC 2) 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL, DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
TEMA Seguro de vida. Pretensões que envolvam segurado e segurador e derivem da 
relação jurídica securitária. Prazo prescricional ânuo. Aplicabilidade. Tema 
IAC 2. 
 
 
DESTAQUE 
 
9 
 
 É ânuo o prazo prescricional para exercício de qualquer pretensão do segurado em face do segurador - e vice-
versa - baseada em suposto inadimplemento de deveres (principais, secundários ou anexos) derivados do 
contrato de seguro, ex vi do disposto no artigo 206, § 1º, II, "b", do Código Civil de 2002 (artigo 178, § 6º, II, do 
Código Civil de 1916). 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Nos termos da jurisprudência da Segunda Seção e da Corte Especial, o prazo trienal do artigo 206, § 3º, inciso 
V, do Código Civil de 2002 adstringe-se às pretensões de indenização decorrente de responsabilidade civil 
extracontratual - inobservância do dever geral de não lesar -, não alcançando as pretensões reparatórias 
derivadas do inadimplemento de obrigações contratuais. 
 
 Em relação ao que se deve entender por "inadimplemento contratual", cumpre salientar, inicialmente, que a 
visão dinâmica da relação obrigacional - adotada pelo direito moderno - contempla não só os seus elementos 
constitutivos, como também as finalidades visadas pelo vínculo jurídico, compreendendo-se a obrigação como 
um processo, ou seja, uma série de atos encadeados conducentes a um adimplemento plenamente satisfatório 
do interesse do credor, o que não deve implicar a tiranização do devedor, mas sim a imposição de uma conduta 
leal e cooperativa das partes. 
 
 Nessa perspectiva, o conteúdo da obrigação contratual (direitos e obrigações das partes) transcende as 
"prestações nucleares" expressamente pactuadas (os chamados deveres principais ou primários), abrangendo, 
outrossim, deveres secundários (ou acessórios) e fiduciários (ou anexos). 
 
 Sob essa ótica, a violação dos deveres anexos (ou fiduciários) encartados na avença securitária implica a 
obrigação de reparar os danos (materiais ou morais) causados, o que traduz responsabilidadecivil contratual, e 
não extracontratual, exegese, que, por sinal, é consagrada por esta Corte nos julgados em que se diferenciam "o 
dano moral advindo de relação jurídica contratual" e "o dano moral decorrente de responsabilidade 
extracontratual" para fins de definição do termo inicial de juros de mora (citação ou evento danoso). 
 
 Diante de tais premissas, é óbvio que as pretensões deduzidas na demanda - restabelecimento da apólice que 
teria sido indevidamente extinta, dano moral pela negativa de renovação e ressarcimento de prêmios 
supostamente pagos a maior - encontram-se intrinsecamente vinculadas ao conteúdo da relação obrigacional 
complexa instaurada com o contrato de seguro. 
 
 Nesse quadro, não sendo hipótese de incidência do prazo prescricional de dez anos previsto no artigo 205 do 
Código Civil de 2002, por existir regra específica atinente ao exercício das pretensões do segurado em face do 
segurador (e vice-versa) emanadas da relação jurídica contratual securitária, afigura-se impositiva a observância 
da prescrição ânua (artigo 206, § 1º, II, "b", do referido Codex) tanto no que diz respeito à pretensão de 
restabelecimento das condições gerais da apólice extinta quanto em relação ao ressarcimento de prêmios e à 
indenização por dano moral em virtude de conduta da seguradora amparada em cláusula supostamente abusiva. 
 
 Além disso, não se aplica o prazo prescricional quinquenal previsto no artigo 27 do CDC, que se circunscreve 
às pretensões de ressarcimento de dano causado por fato do produto ou do serviço (o chamado "acidente de 
consumo"), que decorre da violação de um "dever de qualidade-segurança" imputado ao fornecedor como 
reflexo do princípio da proteção da confiança do consumidor (artigo 12). 
 
 
10 
 
 Registre-se, por fim, que o prazo prescricional ânuo não alcança, por óbvio, os seguros-saúde e os planos de 
saúde - dada a natureza sui generis desses contratos, em relação aos quais esta Corte assentou a observância dos 
prazos prescricionais decenal ou trienal, a depender da natureza da pretensão - nem o seguro de 
responsabilidade civil obrigatório (o seguro DPVAT), cujo prazo trienal decorre de dicção legal específica (artigo 
206, § 3º, inciso IX, do Código Civil), já tendo sido reconhecida pela Segunda Seção a inexistência de relação 
jurídica contratual entre o proprietário do veículo e as seguradoras que compõem o correlato consórcio (REsp 
1.091.756/MG, relator Ministro Marco Buzzi, relator para acórdão Ministro Marco Aurélio Bellizze, Segunda 
Seção, julgado em 13/12/2017, DJe 5/2/2018). (Informativo n. 723) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
12 
 
 
PRIMEIRA SEÇÃO 
Voltar ao Sumário. 
 
 
 
PROCESSO CC 174.764-MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, por 
unanimidade, julgado em 09/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO CONSTITUCIONAL, DIREITO 
PROCESSUAL CIVIL 
 
 
TEMA Conflito negativo de competência. Juízos estadual e federal. Ação de 
improbidade administrativa ajuizada por ente municipal. Prestação de contas 
de verbas federais. Mitigação das súmulas 208/STJ e 209/STJ. Competência 
cível da Justiça Federal absoluta em razão da pessoa. Art. 109, I, da CF. 
Ausência de ente federal em qualquer dos polos da relação processual. 
Competência da Justiça Estadual. 
 
 
DESTAQUE 
 Nas ações de improbidade administrativa, a competência da Justiça Federal é definida em razão da presença 
das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da Constituição Federal na relação processual, e 
não em razão da natureza da verba federal sujeita à fiscalização da Tribunal de Contas da União. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 No caso, o ente municipal ajuizou ação de improbidade administrativa, em razão de irregularidades na 
prestação de contas de verbas federais decorrentes de convênio. 
 
 A competência para processar e julgar ações de ressarcimento ao erário e de improbidade administrativa, 
relacionadas à eventuais irregularidades na utilização ou prestação de contas de repasses de verbas federais aos 
demais entes federativos, estava sendo dirimida por esta Corte Superior sob o enfoque das Súmulas 208/STJ 
("Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita à prestação de 
contas perante órgão federal") e 209/STJ ("Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de 
verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal"). 
 
 O art. 109, I, da Constituição Federal prevê, de maneira geral, a competência cível da Justiça Federal, 
delimitada objetivamente em razão da efetiva presença da União, entidade autárquica ou empresa pública 
federal, na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes na relação processual. Estabelece, portanto, 
competência absoluta em razão da pessoa (ratione personae), configurada pela presença dos entes elencados no 
dispositivo constitucional na relação processual, independentemente da natureza da relação jurídica litigiosa. 
 
 
13 
 
 Por outro lado, o art. 109, VI, da Constituição Federal dispõe sobre a competência penal da Justiça Federal, 
especificamente para os crimes praticados em detrimento de bens, serviços ou interesse da União, entidades 
autárquicas ou empresas públicas. Assim, para reconhecer a competência, em regra, bastaria o simples interesse 
da União, inexistindo a necessidade da efetiva presença em qualquer dos polos da demanda. 
 
 Nesse contexto, a aplicação dos referidos enunciados sumulares, em processos de natureza cível, tem sido 
mitigada no âmbito deste Tribunal Superior. A Segunda Turma afirmou a necessidade de uma distinção 
(distinguishing) na aplicação das Súmulas 208 e 209 do STJ, no âmbito cível, pois tais enunciados provêm da 
Terceira Seção deste Superior Tribunal, e versam hipóteses de fixação da competência em matéria penal, em que 
basta o interesse da União ou de suas autarquias para deslocar a competência para a Justiça Federal, nos termos 
do inciso IV do art. 109 da CF. Logo adiante concluiu que a competência da Justiça Federal, em matéria cível, é 
aquela prevista no art. 109, I, da Constituição Federal, que tem por base critério objetivo, sendo fixada tão só em 
razão dos figurantes da relação processual, prescindindo da análise da matéria discutida na lide (REsp 
1.325.491/BA, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 05/06/2014, DJe 25/06/2014). 
 
 Assim, nas ações de ressarcimento ao erário e improbidade administrativa ajuizadas em face de eventuais 
irregularidades praticadas na utilização ou prestação de contas de valores decorrentes de convênio federal, o 
simples fato das verbas estarem sujeitas à prestação de contas perante o Tribunal de Contas da União, por si só, 
não justifica a competência da Justiça Federal. 
 
 O Supremo Tribunal Federal já afirmou que o fato dos valores envolvidos transferidos pela União para os 
demais entes federativos estarem eventualmente sujeitos à fiscalização do Tribunal de Contas da União não é 
capaz de alterar a competência, pois a competência cível da Justiça Federal exige o efetivo cumprimento da regra 
prevista no art. 109, I, da Constituição Federal. 
 
 Igualmente, a mera transferência e incorporação ao patrimônio municipal de verba desviada, no âmbito civil, 
não pode impor de maneira absoluta a competência da Justiça Estadual. Se houver manifestação de interesse 
jurídico por ente federal que justifique a presença no processo, (v.g. União ou Ministério Público Federal) 
regularmente reconhecido pelo Juízo Federal nos termos da Súmula 150/STJ, a competência para processar e 
julgar a ação civil de improbidade administrativa será da Justiça Federal. 
 
 Em síntese, é possível afirmar que a competência cível da Justiça Federal é definida em razão da presença das 
pessoasjurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da CF na relação processual, seja como autora, ré, 
assistente ou oponente e não em razão da natureza da verba federal sujeita à fiscalização da Corte de Contas da 
União. 
 
 No caso, não figura em nenhum dos pólos da relação processual ente federal indicado no art. 109, I, da 
Constituição Federal, o que afasta a competência da Justiça Federal para processar e julgar a referida ação. 
Ademais, não existe nenhuma manifestação de interesse em integrar o processo por parte de ente federal e o 
Juízo Federal consignou que o interesse que prevalece restringe-se à órbita do Município autor, o que atrai a 
competência da Justiça Estadual para processar e julgar a demanda. (Informativo n. 724) 
 
 
 
PRIMEIRA TURMA 
Voltar ao Sumário. 
 
 
14 
 
 
PROCESSO REsp 1.941.987-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, por 
unanimidade, julgado em 07/12/2021, DJe 10/12/2021. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
TEMA Servidor público. Demissão. Anulação administrativa do ato. Reintegração ao 
cargo. Recebimento das rubricas concernentes ao auxílio-transporte e ao 
adicional de insalubridade. Exercício ficto. Impossibilidade. 
 
 
DESTAQUE 
 O servidor público reintegrado não faz jus ao recebimento das parcelas remuneratórias referentes ao auxílio-
transporte e ao adicional de insalubridade pelo período em que esteve indevidamente afastado do cargo público. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Nos termos do art. 28 da Lei n. 8.112/1990, "A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo 
anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por 
decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens". 
 
 A partir da conjugada interpretação dos arts. 15, caput, e 102, I, da Lei n. 8.112/1990 c/c o art. 22 da Lei n. 
8.460/1992, conclui-se que o direito às férias indenizadas e ao auxílio-alimentação tem como fato gerador o 
exercício efetivo concernente ao cargo público pelo servidor. 
 
 Ocorre que, na forma da jurisprudência desta Corte, anulada a demissão do servidor, sua reintegração ao 
respectivo cargo público deverá lhe assegurar, em princípio, todos os efeitos funcionais e financeiros, como se 
em efetivo exercício estivesse. 
 
 Presente essa premissa, tem-se que a anulação da demissão do servidor implica para a Administração o dever 
de lhe pagar, relativamente ao período em que esteve indevidamente afastado do cargo público, as parcelas 
remuneratórias referentes às férias indenizadas, acrescidas de 1/3 (um terço), bem como aquelas alusivas ao 
auxílio-alimentação, além de seus respectivos reflexos. 
 
 De outro giro, porém, certo é que determinadas rubricas pecuniárias, mesmo em caso de reintegração ao 
cargo, não poderão ser pagas ao servidor reintegrado à conta do tão só exercício ficto exercício das funções do 
cargo público, uma vez que reclamam o atendimento a requisitos específicos, como sucede em relação ao auxílio-
transporte e ao adicional de insalubridade. 
 
 Com efeito, o adicional de insalubridade somente será devido aos servidores que, nos termos do art. 68 da Lei 
n. 8.112/1990, "trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias 
tóxicas, radioativas ou com risco de vida". 
 
 A Primeira Seção desta Corte Superior, ao julgar o Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (PUIL) n. 
413/RS, pacificou o entendimento de que o pagamento do adicional de insalubridade está condicionado ao laudo 
que prove efetivamente as condições insalubres a que esteja submetido o servidor. 
 
 
15 
 
 Idêntica conclusão se aplica ao auxílio-transporte, uma vez que seu pagamento é devido a título de indenização 
pelas despesas realizadas pelo servidor ou militar com transporte coletivo municipal, intermunicipal ou 
interestadual, nos deslocamentos de suas residências para os locais de trabalho e vice-versa. (Informativo n. 
722) 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.677.414-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, Primeira Turma, por 
unanimidade, julgado em 14/12/2021. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
TEMA Faixa de domínio. Concessionária de serviço público. Cobrança pelo ente 
federado. Não cabimento. RE 581.947. Distinguishing. Art. 11 da Lei n. 
8.987/1995. Conflito entre concessionárias. Exigência de contraprestação. 
Possibilidade. ERESP 985.695/RJ. 
 
 
DESTAQUE 
 As concessionárias de serviço público podem efetuar a cobrança pela utilização de faixas de domínio de 
rodovia, mesmo em face de outra concessionária, desde que haja previsão editalícia e contratual. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Tema n. 261 de repercussão geral, concluiu pela 
impossibilidade de o ente público realizar cobrança de taxa pelo uso de espaços públicos municipais por parte 
das concessionárias de serviço público. 
 
 Dessa forma, a Suprema Corte possui orientação consolidada segundo a qual é vedada a cobrança de valores 
ao concessionário de serviço público pelo uso de faixas de domínio de rodovia quando tal exigência emana do 
próprio Poder Concedente, tendo em vista que: a) a utilização, nesse caso, se reverte em favor da sociedade - 
razão pela qual não cabe a fixação de preço público; e b) a natureza do valor cobrado não é de taxa, pois não há 
serviço público prestado ou poder de polícia exercido. 
 
 No entanto, situação distinta exsurge quando o poder concedente autoriza concessionária de serviço público, 
com base no art. 11 da Lei n. 8.987/1995, a efetuar cobrança pela utilização de faixas de domínio de rodovia, 
mesmo em face de outra concessionária, desde que haja previsão editalícia e contratual. 
 
 Essa obrigação "(...) envolve justificativas importantes no contexto do interesse público, haja vista que a 
previsão de outras fontes, receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, em 
benefício do concessionário do serviço público - nos termos do art. 11 da Lei n. 8.987/1995 - desde que 
devidamente previstas no edital de licitação e no respectivo contrato firmado com o poder concedente, encerra 
elemento a ser considerado no equilíbrio econômico-financeiro contratual e na obtenção do princípio da 
modicidade tarifária" (AREsp 977.205/SP, Rel. Min. Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 19.04.2018, DJe 
25.04.2018). 
 
 
16 
 
 No caso, a cobrança não abrange ente da Federação, mas conflito entre concessionárias de serviço público 
com previsão editalícia e contratual da cobrança de remuneração pelo uso das faixas de domínio. 
 
 Assim, o entendimento fixado no Recurso Extraordinário 581.947/RO (Tema 261/STF), segundo o qual os 
entes da federação não podem cobrar retribuição pecuniária pela utilização de vias públicas, inclusive solo, 
subsolo e espaço aéreo, para a instalação de equipamentos destinados à prestação de serviço público, não 
impede que concessionárias de rodovias realizem tal exigência pela utilização das faixas de domínio, nos termos 
do art. 11 da Lei n. 8.987/1995, desde que tal exação seja autorizada pelo poder concedente e esteja 
expressamente prevista no contrato de concessão, porquanto não houve discussão sobre esta hipótese. 
 
 Esse distinguishing, por seu turno, foi realizado no julgamento dos Embargos de Divergência no Recurso 
Especial 985.695/RJ, apreciados pela Primeira Seção. 
 
 Tal orientação vem sendo replicada em inúmeras decisões desta Corte, autorizando-se o poder concedente a 
prever, no edital de licitação e em favor da concessionária, a possibilidade de outras fontes provenientes de 
receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, para 
favorecer a modicidade das tarifas, na forma do art. 11 da Lei n. 8.987/1995. (Informativo n. 722) 
 
 
 
SEGUNDA TURMA 
Voltar ao Sumário. 
 
 
PROCESSO AgInt no AREsp 926.189-MG, Rel. Min. Herman Benjamin,Segunda 
Turma, por unanimidade, julgado em 15/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
 
TEMA Danos causados ao erário municipal. Tribunal de Contas do Estado. Multa. 
Execução. Município. Legitimidade. RE 1.003.433/RJ. Tema 642. Adequação 
de entendimento. 
 
 
DESTAQUE 
 O Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito decorrente de multa aplicada por Tribunal 
de Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos causados ao erário municipal. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Inicialmente, a Segunda Turma do STJ entendeu que o acórdão de origem estava em consonância com a 
jurisprudência desta Corte Superior, afirmando "(...)que as multas aplicadas pelos Tribunais de Contas estaduais 
deverão ser revertidas ao ente público ao qual a Corte está vinculada, mesmo se aplicadas contra gestor 
municipal. " 
 
 
17 
 
 Contudo, o STF julgou o Tema 642, no qual se fixou a seguinte tese: "o Município prejudicado é o legitimado 
para a execução de crédito decorrente de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público 
municipal, em razão de danos causados ao erário municipal." (RE 1.003.433, Rel. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão 
Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 15/09/2021, DJe 11/10/2021) 
 
 Na hipótese, impõe-se a adequação do julgado, para ajustar ao novo entendimento de caráter obrigatório. 
Assim, o Município prejudicado, e não o Estado, é o legitimado para a execução de crédito decorrente de multa 
aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos causados ao erário 
municipal. (Informativo n. 725) 
 
 
 
 
PROCESSO AREsp 1.510.988-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, Segunda Turma, por 
unanimidade, julgado em 08/02/2022, DJe 10/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
TEMA Concessionária de serviço público. Faixa de domínio. Cobrança pelo uso da 
faixa de domínio por outra concessionária que explora serviço público 
diverso. Possibilidade. Previsão no contrato de concessão. 
Imprescindibilidade. 
 
 
DESTAQUE 
 As concessionárias de serviço público podem efetuar a cobrança pela utilização de faixas de domínio por outra 
concessionária que explora serviço público diverso, desde que haja previsão no contrato de concessão. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 A Primeira Seção do STJ, no julgamento dos EREsp 985.695/RJ, na qual o acórdão embargado entendera, em 
razão do Decreto n. 84.398/1980, pela impossibilidade de cobrança de concessionária de distribuição de energia 
elétrica pelo uso de faixa de domínio de rodovia estadual concedida - concluiu, dando provimento aos Embargos 
de Divergência, no sentido de que "poderá o poder concedente, na forma do art. 11 da Lei n. 8.987/1995, prever, 
em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas 
alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a 
favorecer a modicidade das tarifas" (STJ, EREsp 985.695/RJ, Rel. Ministro Humberto Martins, Primeira Seção, 
DJe de 12/12/2014), desde que haja previsão no contrato da concessão de rodovia. 
 
 Por oportuno, vale destacar que o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento do 
RE 581.947/RO - Tema 261 da Repercussão Geral (STF, RE 581.947/RO, Rel. Ministro Eros Grau, Pleno, DJe de 
21/05/2010) -, não tem o condão de alterar o resultado do julgamento do presente feito. Com efeito, o STF 
delimitou a controvérsia jurídica, esclarecendo que "o decisum dispõe sobre a impossibilidade de cobrança de 
taxa, espécie de tributo, pelos municípios em razão do uso do espaço público municipal" por concessionária de 
fornecimento de energia elétrica, reconhecendo a inconstitucionalidade de cobrança da aludida taxa, pelo 
Município de Ji-Paraná. 
 
 
18 
 
 No caso, registrou o acórdão recorrido que consta "no edital e contrato de concessão, a possibilidade de 
'Cobrança pelo uso da faixa de domínio público, inclusive por outras concessionárias de serviço público, 
permitida pela legislação em vigor'". (Informativo n. 724) 
 
 
QUINTA TURMA 
Voltar ao Sumário. 
 
 
 
 
PROCESSO AgRg no HC 669.347-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador 
Convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, Quinta 
Turma, por maioria, julgado em 13/12/2021. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PENAL 
 
 
TEMA Administração Pública. Contratação direta de serviços de advocacia. Art. 89 da 
Lei n. 8.666/1993 c/c art. 337-E do CP (Alterado pela Lei n. 14.133/2021). 
Ausência de dolo específico e de efetivo prejuízo aos cofres públicos. 
Atipicidade da conduta. 
 
 
DESTAQUE 
 Para a configuração do crime previsto no art. 89 da Lei n. 8.666/1993, agora disposto no art. 337-E do CP (Lei 
n. 14.133/2021), é indispensável a comprovação do dolo específico de causar danos ao erário e o efetivo prejuízo 
aos cofres públicos. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Inicialmente cumpre salientar que a Lei n. 8.666/1993, no art. 13, V, caracterizava o "patrocínio ou defesa de 
causas judiciais ou administrativas" como serviço técnico especializado, que poderia ser contratado com 
inexigibilidade de licitação se demonstrada a notória especialização do profissional e a singularidade do objeto. 
 
 No entanto, com o advento da Lei n. 14.133/2021, nos termos do art. 74, III, o requisito da singularidade do 
serviço advocatício deixou de ser previsto em lei, passando a ser exigida a demonstração da notória 
especialização e a natureza intelectual do trabalho. Essa interpretação, aliás, é reforçada pela inclusão do art. 3º-
A do Estatuto da Advocacia pela Lei n. 14.039/2020, segundo o qual "os serviços profissionais de advogado são, 
por sua natureza, técnicos e singulares, quando comprovada sua notória especialização, nos termos da lei". 
 
 Desse modo, considerando que o serviço de advocacia é por natureza intelectual e singular, uma vez 
demonstrada a notória especialização e a necessidade do ente público, será possível a contratação direta. 
 
 
19 
 
 Ademais, conforme julgado do Superior Tribunal de Justiça, a mera existência de corpo jurídico no âmbito da 
municipalidade, por si só, não inviabiliza a contratação de advogado externo para a prestação de serviço 
específico para o ente público (REsp n. 1.626.693/SP, Rel. Acd. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 
03/05/2017). Em idêntico norte, o entendimento firmado pelo STF de que "o fato de a entidade pública contar 
com quadro próprio de procuradores não obsta legalmente a contratação de advogado particular para a 
prestação de serviço específico. É necessário, contudo, que fique configurada a impossibilidade ou relevante 
inconveniência de que a atribuição seja exercida pela advocacia pública, dada a especificidade e relevância da 
matéria ou a deficiência da estrutura estatal" (Inq n. 3.074/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe 
02/10/2014). 
 
 Nesse contexto, ainda que as ações ajuizadas pelo escritório de advocacia contratado tratassem de temas 
tributários, não seria razoável exigir dos advogados públicos ou procuradorias de municípios de pequeno porte 
que tenham competências específicas para atuar em demandas complexas. 
 
 Ressalte-se, que o crime em apreço refere-se a norma penal em branco, cuja completude depende da 
integração das normas que preveem as hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitações, conforme o 
princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, insculpido no art. 5º, XL, da Constituição Federal e no art. 
2º do CP. Assim, não há dúvida quanto à incidência das alterações promovidas pela Lei n. 14.133/2021 no tocante 
à supressão do pressuposto de singularidade do serviço de advocacia para contratação direta. 
 
 Deste modo, para a configuração do crime previsto no art. 89 da Lei n. 8.666/1993, é indispensável a 
comprovação do dolo específicode causar danos ao erário. (Informativo n. 723) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO AUTORAL 
 
 
21 
 
 
TERCEIRA TURMA 
Voltar ao Sumário. 
 
 
PROCESSO REsp 1.967.264-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por 
unanimidade, julgado em 15/02/2022, DJe 18/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO AUTORAL 
 
 
TEMA Direitos autorais. Paródia. Previsão legal expressa. Requisitos. Art. 47 da Lei 
n. 9.610/1998. Divulgação do nome do autor da obra originária. Ausência de 
obrigatoriedade. Ofensa a direito moral do autor. Inocorrência. 
 
 
DESTAQUE 
 É lícita a divulgação de paródia sem a indicação do autor da obra originária. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Com fundamento assentado na liberdade de expressão (art. 5º, IV e IX, da CF), a Lei n. 9.610/1998, em seu art. 
47 - inserto no capítulo que trata das limitações aos direitos autorais - estabelece que "São livres as paráfrases e 
paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra originária nem lhe implicarem descrédito". 
 
 A liberdade a que se refere o dispositivo precitado significa que a criação e a comunicação ao público de 
paródias não dependem de autorização do titular da obra que lhe deu origem, não se lhes aplicando, portanto, a 
disciplina do art. 29 da Lei de Direitos Autorais - LDA (em cujos incisos estão elencadas modalidades de utilização 
que exigem autorização prévia e expressa do respectivo autor). 
 
 Segundo compreensão do STJ, "A paródia é forma de expressão do pensamento, é imitação cômica de 
composição literária, filme, música, obra qualquer, dotada de comicidade, que se utiliza do deboche e da ironia 
para entreter. É interpretação nova, adaptação de obra já existente a um novo contexto, com versão diferente, 
debochada, satírica" (REsp 1.548.849/SP, Quarta Turma, DJe 4/9/2017). 
 
 Todavia, ainda que se trate de obra derivada, a paródia, nos termos do precitado art. 5º, VIII, 'g', da Lei n. 
9.610/1998, constitui "criação intelectual nova", isto é, consiste em uma obra nova, autônoma e independente 
daquela da qual se originou. 
 
 Outro aspecto que interessa sublinhar é que, sendo livre a paródia (art. 47 da LDA), sua divulgação ao público 
- desde que respeitados os contornos estabelecidos pelo dispositivo precitado - não tem o condão de caracterizar 
ofensa aos direitos do criador da obra originária. 
 
 Dado, contudo, o exíguo tratamento dispensado à paródia pela Lei n. 9.610/1998 - que trata dela apenas em 
seu art. 47, sem sequer definir seus termos exatos -, é razoável concluir, a partir de uma interpretação sistêmica 
das normas que regem a matéria, pela necessidade de se respeitar outros requisitos para que o uso da paródia 
seja considerado lícito. 
 
22 
 
 
 Nesse norte, a doutrina elenca outros três pressupostos a serem considerados, além daqueles expressos no 
dispositivo retro citado (proibição da "verdadeira reprodução" e proibição de a paródia implicar descrédito à 
obra originária). São eles: (i) respeito à honra, à intimidade, à imagem e à privacidade de terceiros (art. 5º, X, da 
CF); (ii) respeito ao direito moral do ineditismo do autor da obra parodiada (art. 24, III, da LDA); e (iii) vedação 
ao intuito de lucro direto para fins publicitários (por se tratar de exercício disfuncional do direito de parodiar, 
em prejuízo dos interesses do criador da obra originária). 
 
 Portanto, em se tratando de paródia, a ausência de divulgação do nome do autor da obra originária não figura 
como circunstância apta a ensejar a ilicitude de seu uso (nem mesmo quando os requisitos exigidos pelo art. 47 
são interpretados ampliativamente). 
 
 Não há, de fato, na Lei de Direitos Autorais, qualquer dispositivo que imponha, quando do uso da paródia, o 
anúncio ou a indicação do nome do autor da obra originária. 
 
 O direito moral elencado no art. 24, II, da LDA diz respeito, exclusivamente, à indicação do nome do autor 
quando do uso de sua obra. Ademais, quando o legislador entendeu por necessária, na hipótese de utilização de 
obra alheia, a menção do nome do autor ou a citação da fonte originária, ele procedeu à sua positivação de modo 
expresso, a exemplo do que se verifica das exceções constantes no art. 46, I, 'a', e III, da LDA. (Informativo n. 
725) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO BANCÁRIO 
 
 
24 
 
 
TERCEIRA TURMA 
Voltar ao Sumário. 
 
 
PROCESSO REsp 1.965.973-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, 
por unanimidade, julgado em 15/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL, DIREITO BANCÁRIO 
 
 
TEMA Execução judicial lastreada em Cédula de Crédito Bancário. Alienação 
fiduciária. Lei n. 9.514/1997. Pacto adjeto. Possibilidade de execução. 
 
 
DESTAQUE 
 Ao credor fiduciário é dada a faculdade de executar a integralidade de seu crédito judicialmente, desde que o 
título que dá lastro à execução esteja dotado de todos os atributos necessários. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Cinge-se a controvérsia a definir se o credor de dívida garantida por alienação fiduciária de imóvel está 
obrigado a promover a execução extrajudicial de seu crédito na forma determinada pela Lei n. 9.514/1997. 
 
 Sobre o tema, vale ressaltar que a Cédula de Crédito Bancário, desde que satisfeitas as exigências do art. 28, § 
2º, I e II, da Lei n. 10.931/2004, de modo a lhe conferir liquidez e exequibilidade, e desde que preenchidos os 
requisitos do art. 29 do mesmo diploma legal, é título executivo extrajudicial. 
 
 Assim, o só fato de estar a dívida lastreada em título executivo extrajudicial e não haver controvérsia quanto 
à sua liquidez, certeza e exigibilidade, ao menos no bojo da exceção de pré-executividade, é o quanto basta para 
a propositura da execução, seja ela fundada no art. 580 do Código de Processo Civil de 1973, seja no art. 786 do 
Código de Processo Civil de 2015. 
 
 A constituição de garantia fiduciária como pacto adjeto ao financiamento instrumentalizado por meio de 
Cédula de Crédito Bancário em nada modifica o direito do credor de optar por executar o seu crédito de maneira 
diversa daquela estatuída na Lei n. 9.514/1997 (execução extrajudicial). 
 
 A propositura de execução de título extrajudicial, aliás, aparenta ser a solução mais eficaz em determinados 
casos, diante da existência de questão altamente controvertida, tanto da doutrina quanto na jurisprudência dos 
tribunais, referente à possibilidade de o credor fiduciário exigir o saldo remanescente se o produto obtido com 
a venda extrajudicial do bem imóvel dado em garantia não for suficiente para a quitação integral do seu crédito, 
ou se não houver interessados em arrematar o bem no segundo leilão, considerando o disposto nos §§ 5º e 6º do 
art. 27 da Lei n. 9.514/1997. 
 
 Com efeito, ao credor fiduciário é dada a faculdade de executar a integralidade de seu crédito judicialmente, 
desde que o título que dá lastro à execução esteja dotado de todos os atributos necessários - liquidez, certeza e 
exigibilidade. (Informativo n. 725) 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL 
 
 
26 
 
 
TERCEIRA TURMA 
Voltar ao Sumário. 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.811.153-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por 
unanimidade, julgado em 15/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL, DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
TEMA Compra e venda de imóvel. Promitente comprador. Promitente vendedor. 
Corretagem. Relações jurídicas diversas. Responsabilidade da corretora. 
Limitação à eventual falha na prestação do serviço de corretagem. 
 
 
DESTAQUE 
 A relação jurídica estabelecida no contrato de corretagem é diversa daquela firmada entre o promitente 
comprador e o promitente vendedor do imóvel, de modo que a responsabilidade da corretora está limitada a 
eventual falha na prestação do serviçode corretagem. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Cinge-se a controvérsia a definir se há legitimidade passiva da corretora de imóveis que intermediou o 
contrato de compra e venda que se rescinde em razão da mora contratual. 
 
 Inicialmente, esta Corte Superior firmou o entendimento de que todos aqueles fornecedores que compõem a 
relação jurídica do contrato de promessa de compra e venda de imóvel possuem legitimidade para figurar no 
polo passivo da demanda, incluindo não apenas a construtora, mas também a incorporadora do 
empreendimento. 
 
 Sobre o tema, a Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou a seguinte tese em recurso repetitivo: 
"Legitimidade passiva 'ad causam' da incorporadora, na condição de promitente-vendedora, para responder pela 
restituição ao consumidor dos valores pagos a título de comissão de corretagem e de taxa de assessoria técnico-
imobiliária, nas demandas em que se alega prática abusiva na transferência desses encargos ao consumidor" 
(REsp 1.551.951/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/8/2016, DJe 6/9/2016 - Tema 
939/STJ). 
 
 Nada obstante esse entendimento, vê-se que a tese citada nada diz quanto à legitimidade da corretora de 
imóveis que realiza a aproximação entre as partes. Assim, constata-se que não há legitimidade da corretora para 
responder pelos encargos indevidamente transferidos ao consumidor ou para restituir os valores adimplidos em 
virtude da rescisão contratual, pois se referem a relações jurídicas diversas. 
 
 O art. 722 do CC, ao definir o contrato de corretagem, é bastante esclarecedor ao dispor que "uma pessoa, não 
ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-
se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas". 
 
27 
 
 
 Nota-se, ainda, que, de acordo com o art. 725 do CC, a remuneração é devida ao corretor, uma vez que tenha 
conseguido o resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive em virtude de 
arrependimento das partes. 
 
 Assim, a obrigação fundamental do comitente é a de pagar a comissão ao corretor assim que concretizado o 
resultado a que este se obrigou, qual seja, a aproximação das partes e a conclusão do negócio de compra e venda, 
ressalvada a previsão contratual em contrário. 
 
 A relação jurídica estabelecida no contrato de corretagem é diversa daquela firmada entre o promitente 
comprador e o promitente vendedor do imóvel, de modo que a responsabilidade da corretora está limitada a 
eventual falha na prestação do serviço de corretagem. 
 
 Desse modo, a responsabilidade da corretora de imóveis está associada ao serviço por ela ofertado, qual seja, 
o de aproximar as partes interessadas no contrato de compra e venda, prestando ao cliente as informações 
necessárias sobre o negócio jurídico a ser celebrado. 
 
 Eventual inadimplemento ou falha na prestação do serviço relacionada ao imóvel em si, ao menos em regra, 
não lhe pode ser imputada, pois, do contrário, seria responsável pelo cumprimento de todos os negócios por ela 
intermediados, desvirtuando, portanto, a natureza jurídica do contrato de corretagem e a própria legislação de 
regência. 
 
 Insta ressalvar, contudo, que a constatação de eventuais distorções na relação jurídica de corretagem, como o 
envolvimento da corretora na construção e incorporação do imóvel, pode afastar o entendimento acima e 
viabilizar o reconhecimento da sua responsabilidade solidária, desde que demonstrado, no caso concreto, a sua 
ocorrência. (Informativo n. 725) 
 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.965.973-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, 
por unanimidade, julgado em 15/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL, DIREITO BANCÁRIO 
 
 
TEMA Execução judicial lastreada em Cédula de Crédito Bancário. Alienação 
fiduciária. Lei n. 9.514/1997. Pacto adjeto. Possibilidade de execução. 
 
 
DESTAQUE 
 Ao credor fiduciário é dada a faculdade de executar a integralidade de seu crédito judicialmente, desde que o 
título que dá lastro à execução esteja dotado de todos os atributos necessários. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 
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 Cinge-se a controvérsia a definir se o credor de dívida garantida por alienação fiduciária de imóvel está 
obrigado a promover a execução extrajudicial de seu crédito na forma determinada pela Lei n. 9.514/1997. 
 
 Sobre o tema, vale ressaltar que a Cédula de Crédito Bancário, desde que satisfeitas as exigências do art. 28, § 
2º, I e II, da Lei n. 10.931/2004, de modo a lhe conferir liquidez e exequibilidade, e desde que preenchidos os 
requisitos do art. 29 do mesmo diploma legal, é título executivo extrajudicial. 
 
 Assim, o só fato de estar a dívida lastreada em título executivo extrajudicial e não haver controvérsia quanto 
à sua liquidez, certeza e exigibilidade, ao menos no bojo da exceção de pré-executividade, é o quanto basta para 
a propositura da execução, seja ela fundada no art. 580 do Código de Processo Civil de 1973, seja no art. 786 do 
Código de Processo Civil de 2015. 
 
 A constituição de garantia fiduciária como pacto adjeto ao financiamento instrumentalizado por meio de 
Cédula de Crédito Bancário em nada modifica o direito do credor de optar por executar o seu crédito de maneira 
diversa daquela estatuída na Lei n. 9.514/1997 (execução extrajudicial). 
 
 A propositura de execução de título extrajudicial, aliás, aparenta ser a solução mais eficaz em determinados 
casos, diante da existência de questão altamente controvertida, tanto da doutrina quanto na jurisprudência dos 
tribunais, referente à possibilidade de o credor fiduciário exigir o saldo remanescente se o produto obtido com 
a venda extrajudicial do bem imóvel dado em garantia não for suficiente para a quitação integral do seu crédito, 
ou se não houver interessados em arrematar o bem no segundo leilão, considerando o disposto nos §§ 5º e 6º do 
art. 27 da Lei n. 9.514/1997. 
 
 Com efeito, ao credor fiduciário é dada a faculdade de executar a integralidade de seu crédito judicialmente, 
desde que o título que dá lastro à execução esteja dotado de todos os atributos necessários - liquidez, certeza e 
exigibilidade. (Informativo n. 725) 
 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.938.984-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por 
unanimidade, julgado em 15/02/2022, DJe 18/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL 
 
 
TEMA Ação declaratória de reconhecimento de indignidade com pedido de exclusão 
de herdeiro. Possibilidade jurídica do pedido. Condição da ação no CPC/1973. 
Questão de mérito no CPC/2015. Resolução do processo com mérito. Aptidão 
para formar coisa julgada material. Divergência sobre a natureza do rol do art. 
1.814 do CC/2002 e sobre as técnicas hermenêuticas admissíveis para a sua 
interpretação. Pedido juridicamente possível. Vedado o julgamento de 
improcedência liminar. 
 
 
DESTAQUE 
 É juridicamente possível o pedido de exclusão do herdeiro em virtude da prática de ato infracional análogo ao 
homicídio, doloso e consumado, contra os pais, à luz da regra do art. 1.814, I, do CC/2002. 
 
 
29 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 O enquadramento da possibilidade jurídica do pedido, na vigência do CPC/1973, na categoria das condições 
da ação, sempre foi objeto de severas críticas da doutrina, que reconhecia o fenômeno como uma questão de 
mérito, tendo sido esse o entendimento adotado pelo CPC/2015, conforme se depreende de sua exposição de 
motivos e dos dispositivos legais que atualmente versam sobre os requisitos de admissibilidade da ação. 
 
 O fato de a possibilidade jurídica do pedido ter sido realocada como questão de mérito, conquanto provoque 
reflexos significativos na forma como o processo será resolvido, com mérito e aptidão para formar coisa julgada 
material, não acarreta modificação substancial em seu conceito e conteúdo, que continua sendo a ausênciade 
vedação, pelo ordenamento jurídico, à pretensão deduzida pelo autor, sob pena de, após o CPC/2015, conduzir 
à improcedência liminar do pedido. 
 
 Para que haja o reconhecimento da impossibilidade jurídica do pedido, há que se ter uma repulsa do sistema 
jurídico à pretensão autoral, de tal maneira eloquente e contundente, que seria capaz de resultar, de imediato e 
sem grande debate, na improcedência liminar do pedido formulado, ainda que essa situação, em específico, não 
tenha sido expressamente contemplada pelo art. 332 do CPC/2015. 
 
 Na hipótese, a questão relativa à possibilidade de exclusão do herdeiro que atenta contra a vida dos pais é 
objeto de severas controvérsias doutrinárias, seja sob a perspectiva da taxatividade, ou não, do rol do art. 1.814 
do CC/2002, seja sob o enfoque dos métodos admissíveis e apropriados para a interpretação das hipóteses 
listadas no rol, razão pela qual as múltiplas possibilidades hermenêuticas do referido dispositivo induzem à 
inviabilidade do julgamento de improcedência liminar do pedido. (Informativo n. 725) 
 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.967.725-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por 
unanimidade, julgado em 15/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL 
 
 
TEMA Contrato de Locação. Restituição de caução. Prazo prescricional trienal. Art. 
206, § 3º, I, do Código Civil. 
 
 
DESTAQUE 
 É trienal o prazo prescricional aplicável à pretensão de restituição da caução prestada em contrato de locação. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 
30 
 
 Inicialmente cumpre salientar que, quanto aos prazos prescricionais, destaca-se que podem ser gerais ou 
especiais, isto é, o art. 205 do Código Civil prevê o prazo geral de 10 (dez) anos, enquanto o art. 206 daquele 
mesmo diploma estabelece os prazos especiais, o que implica dizer que o prazo decenal é aplicado de forma 
subsidiária, quando não incidir nenhum dos prazos específicos. 
 
 Diante disso, importante destacar que o art. 206, § 3º, I, do Código Civil prevê a prescrição de 3 (três) anos 
para a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos e rústicos. 
 
 Acerca do contrato de locação, oportuno salientar que ele poderá possuir algumas modalidades de garantia, 
conforme prevê o art. 37, I, da Lei n. 8.425/1991, sendo que, entre elas está a caução, a qual poderá ser em bens 
móveis ou imóveis. 
 
 Quando a caução for em dinheiro, não poderá exceder o equivalente a 3 (três) meses de aluguel e deverá ser 
depositada em caderneta de poupança, revertendo-se em benefício do locatário todas as vantagens dela 
decorrentes por ocasião do levantamento da soma respectiva (art. 38, § 2º, da Lei n. 8.425/1991). 
 
 Em face disso, não há dúvidas que a caução é uma garantia prestada ao contrato de locação, constituindo-se, 
portanto, um acessório ao contrato principal, impondo-se a aplicação do mesmo prazo prescricional a ambos, e, 
em observância ao princípio da gravitação jurídica, o acessório deve seguir a sorte do principal, isto é, a aplicação 
do prazo trienal à pretensão de restituição da caução decorre da incidência do art. 206, § 3º, I, do Código Civil ao 
contrato de locação. 
 
 Ainda que se afaste a aplicação do inciso I do § 3º do art. 206 do Código Civil, o prazo trienal subsistiria, haja 
vista que a pretensão seria de ressarcimento de enriquecimento sem causa, disposto no inciso IV daquele mesmo 
dispositivo legal. (Informativo n. 725) 
 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.943.848-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por 
unanimidade, julgado em 15/02/2022, DJe 18/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL 
 
 
TEMA Ato infracional análogo a homicídio contra ascendentes. Ato doloso, 
consumado ou tentado. Reconhecimento de indignidade. Exclusão de 
herdeiro. Cabimento. Art. 1.814 do Código Civil/2002. Rol taxativo. Diferença 
técnico-jurídica com homicídio. Irrelevância para fins civis. 
 
 
DESTAQUE 
 O herdeiro que seja autor, coautor ou partícipe de ato infracional análogo ao homicídio doloso praticado 
contra os ascendentes fica excluído da sucessão. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 
31 
 
 Cinge-se a controvérsia a definir se o ato infracional análogo ao homicídio, doloso e consumado, praticado 
contra os pais, está abrangido pela regra do art. 1.814, I, do CC/2002, segundo a qual será excluído da sucessão 
o herdeiro que seja autor, coautor ou partícipe de homicídio doloso, consumado ou tentado, contra os 
ascendentes de cuja sucessão se trata. 
 
 Na esteira da majoritária doutrina, o rol do art. 1.814 do CC/2002, que prevê as hipóteses autorizadoras de 
exclusão de herdeiros ou legatários da sucessão, é taxativo, razão pela qual se conclui não ser admissível a criação 
de hipóteses não previstas no dispositivo legal por intermédio da analogia ou da interpretação extensiva. 
 
 Contudo, o fato do rol ser taxativo não induz à necessidade de interpretação literal de seu conteúdo e alcance, 
uma vez que a taxatividade do rol é compatível com as interpretações lógica, histórico-evolutiva, sistemática, 
teleológica e sociológica das hipóteses taxativamente listadas. 
 
 A diferenciação entre o texto de lei, enquanto proposição física, textual e escrita de um dispositivo emanado 
do Poder Legislativo, e a norma jurídica, enquanto produto da indispensável atividade interpretativa por meio 
da qual se atribui significado ao texto, conduz à conclusão de que a interpretação literal é uma das formas, mas 
não a única forma, de obtenção da norma jurídica que se encontra descrita no dispositivo em análise. 
 
 A regra do art. 1.814, I, do CC/2002, se interpretada literalmente, prima facie, de forma irreflexiva, não 
contextual e adstrita ao aspecto semântico ou sintático da língua, induziria ao resultado de que o uso da palavra 
homicídio possuiria um sentido único, técnico e importado diretamente da legislação penal para a civil, razão 
pela qual o ato infracional análogo ao homicídio praticado pelo filho contra os pais não poderia acarretar a 
exclusão da sucessão, pois, tecnicamente, homicídio não houve. 
 
 Registra-se que a exclusão do herdeiro que atenta contra a vida dos pais, cláusula geral com raiz ética, moral 
e jurídica existente desde o direito romano, está presente na maioria dos ordenamentos jurídicos 
contemporâneos e, no Brasil, possui, como núcleo essencial, a exigência de que a conduta ilícita do herdeiro seja 
dolosa, ainda que meramente tentada, sendo irrelevante investigar se a motivação foi ou não o recolhimento da 
herança. 
 
 A finalidade da regra que exclui da sucessão o herdeiro que atenta contra a vida dos pais é, a um só tempo, 
prevenir a ocorrência do ato ilícito, tutelando bem jurídico mais valioso do ordenamento jurídico, e reprimir o 
ato ilícito porventura praticado, estabelecendo sanção civil consubstanciado na perda do quinhão por quem 
praticá-lo. 
 
 Assim, se o enunciado normativo do art. 1.814, I, do CC/2002, na perspectiva teleológica-finalística, é de que 
não terá direito à herança quem atentar, propositalmente, contra a vida de seus pais, ainda que a conduta não se 
consuma, independentemente do motivo, a diferença técnico-jurídica entre o homicídio doloso e o ato análogo 
ao homicídio doloso, conquanto relevante para o âmbito penal diante das substanciais diferenças nas 
consequências e nas repercussões jurídicas do ato ilícito, não se reveste da mesma relevância no âmbito civil, 
sob pena de ofensa aos valores e às finalidades que nortearam a criação da norma e de completo esvaziamento 
de seu conteúdo. (Informativo n. 725) 
 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.668.676-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. Acd. Min. Nancy 
Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 08/02/2022. 
 
 
32 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL, DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
 
TEMA Pretensão de complementação de aposentadoria privada. Banco do Brasil. 
Portaria n. 966/1947. Estabelecimento de novo regramento jurídico. 
Prescrição do fundo de direito. 
 
 
DESTAQUEA demanda de complementação de aposentadoria nos termos da Portaria n. 966/1947 do Banco do Brasil 
configura pretensão de outro benefício previdenciário, sendo hipótese de reconhecimento da prescrição do 
fundo de direito. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 A controvérsia consiste em decidir sobre o termo inicial do prazo prescricional para o exercício da pretensão 
de cobrança de complementação de aposentadoria privada de ex-funcionários do Banco do Brasil S/A, bem como 
sobre o direito ao recebimento da referida verba, nos termos da Portaria n. 966, de 06/05/1947, sem prejuízo 
do benefício pago pela Previ. 
 
 No que tange à prescrição, apesar da alegação de que se trata de obrigação de trato sucessivo, em que a 
violação do direito se renova a cada mês, tem-se que a pretensão diz respeito ao próprio direito material à 
complementação de aposentadoria e não apenas aos seus efeitos pecuniários, atingindo o fundo de direito, e, por 
isso, a contagem do prazo se inicia a partir da sua efetiva violação, não se aplicando, pois, a súmula 85/STJ. 
 
 Isso porque a supressão do benefício deu-se com a implementação do novo regramento jurídico noticiado na 
Circular n. 351/1966, qual seja, 15/4/1967, data de início da contagem do prazo prescricional, pois foi quando 
deu-se ciência da supressão, pelo Banco do Brasil S/A, do direito à complementação de aposentadoria nos 
moldes do que estabelecia a Portaria n. 966, de 15/04/1947. (Informativo n. 724) 
 
 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.968.143-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por 
unanimidade, julgado em 08/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL 
 
 
TEMA Ação de indenização por danos morais e materiais. Ingestão de produto 
contendo corpo estranho. Fato do produto. Responsabilidade solidária. 
Inexistência. Acordo celebrado com o comerciante. Extensão às fabricantes. 
Impossibilidade. Art. 844, § 3º, do Código Civil. Inaplicabilidade. 
 
 
 
33 
 
DESTAQUE 
 A inexistência de responsabilidade solidária por fato do produto entre os fornecedores da cadeia de consumo 
impede a extensão do acordo feito por um réu em benefício do outro. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Cinge-se a controvérsia a definir se o acordo firmado por um dos réus, em ação indenizatória ajuizada com 
base no Código de Defesa do Consumidor, deve aproveitar aos demais corréus, a teor do que dispõe o § 3º do art. 
844 do Código Civil, ao fundamento de se tratar de responsabilidade solidária. 
 
 O caso trata de ingestão parcial de produto contaminado, tendo em vista que a parte consumiu parte de um 
suco contendo um corpo estranho em seu interior. 
 
 O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de que "a presença de corpo estranho em alimento 
industrializado excede aos riscos comumente esperados pelo consumidor em relação a esse tipo de produto, 
caracterizando-se, portanto, como um defeito, a permitir a responsabilização do fornecedor. De fato, no atual 
estágio de desenvolvimento da tecnologia - e do próprio sistema de defesa e proteção do consumidor -, é razoável 
esperar que um alimento, após ter sido processado e transformado industrialmente, apresente, ao menos, 
adequação sanitária, não contendo em si substâncias, partículas ou patógenos agregados durante o processo 
produtivo e de comercialização, com potencialidade lesiva à saúde do consumidor" (REsp n. 1.899.304/SP, 
Segunda Seção, Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJe de 4/10/2021). 
 
 Em outras palavras, a Segunda Seção da Corte Superior decidiu que a existência de corpo estranho em 
produtos alimentícios, como no caso, configura hipótese de fato do produto (defeito), previsto nos arts. 12 e 13 
do Código de Defesa do Consumidor, não se tratando de vício do produto (CDC, art. 18 e seguintes). 
 
 Essa diferenciação é importante para analisar a existência ou não de solidariedade entre as rés. 
 
 É que, em relação à responsabilidade por vício do produto ou serviço, o art. 18 do Código de Defesa do 
Consumidor não faz qualquer diferenciação entre os fornecedores, estabelecendo a responsabilidade solidária 
de todos eles. 
 
 Percebe-se que a regra geral acerca da responsabilidade pelo fato do produto é objetiva e solidária entre o 
fabricante, o produtor, o construtor e o importador, a teor do art. 12 do CDC. Ou seja, todos os fornecedores que 
integram a cadeia de consumo irão responder conjuntamente independentemente de culpa. 
 
 Ocorre que, ao tratar da responsabilidade do comerciante pelo fato do produto, o Código de Defesa do 
Consumidor disciplinou de forma diversa, estabelecendo a responsabilidade subsidiária, conforme se verifica do 
disposto no art. 13, incisos I a III, do CDC. 
 
 Isto é, o comerciante somente será responsabilizado pelo fato do produto ou serviço quando o fabricante, o 
construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados (incisos I e II) ou quando não conservar 
adequadamente os produtos perecíveis (inciso III). 
 
 Em conclusão, inexistindo responsabilidade solidária não há que se falar em extensão do acordo feito por um 
réu em benefício do outro, tendo em vista a inaplicabilidade da regra do art. 844, § 3º, do Código Civil. 
(Informativo n. 724) 
 
 
34 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.966.556-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por 
unanimidade, julgado em 08/02/2022. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL 
 
 
TEMA Imóvel em condomínio. Posse direta e exclusiva exercida por um dos 
condôminos. Privação de uso e gozo do bem por coproprietário em virtude de 
medida protetiva contra ele decretada. Arbitramento de aluguel pelo uso 
exclusivo da coisa pela vítima de violência doméstica e familiar. 
Descabimento. 
 
 
DESTAQUE 
 Incabível o arbitramento de aluguel em desfavor da coproprietária vítima de violência doméstica, que, em 
razão de medida protetiva de urgência decretada judicialmente, detém o uso e gozo exclusivo do imóvel de 
cotitularidade do agressor. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 A controvérsia consiste em definir a possibilidade de arbitramento de aluguel, pelo uso exclusivo e gratuito 
de imóvel comum indiviso por um dos condôminos, em favor de coproprietário que foi privado do uso e gozo do 
bem devido à decretação judicial de medida protetiva em ação penal proveniente de suposta prática de crime de 
violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
 A jurisprudência desta Corte Superior, alicerçada no art. 1.319 do Código Civil de 2002 (equivalente ao art. 
627 do revogado Código Civil de 1916), assenta que a utilização ou a fruição da coisa comum indivisa com 
exclusividade por um dos coproprietários, impedindo o exercício de quaisquer dos atributos da propriedade 
pelos demais consortes, enseja o pagamento de indenização àqueles que foram privados do regular domínio 
sobre o bem, tal como o percebimento de aluguéis. 
 
 Contudo, impor à vítima de violência doméstica e familiar obrigação pecuniária consistente em locativo pelo 
uso exclusivo e integral do bem comum, na dicção do art. 1.319 do CC/2002, constituiria proteção insuficiente 
aos direitos constitucionais da dignidade humana e da igualdade, além de ir contra um dos objetivos 
fundamentais do Estado brasileiro de promoção do bem de todos sem preconceito de sexo, sobretudo porque 
serviria de desestímulo a que a mulher buscasse o amparo do Estado para rechaçar a violência contra ela 
praticada, como assegura a Constituição Federal em seu art. 226, § 8º, a revelar a desproporcionalidade da 
pretensão indenizatória em tais casos. 
 
 Ao ensejo, registre-se que a interpretação conforme a constituição de lei ou ato normativo, atribuindo ou 
excluindo determinado sentido entre as interpretações possíveis em alguns casos, não viola a cláusula de reserva 
de plenário, consoante já assentado pelo Supremo Tribunal Federal no RE 572.497 AgR/RS, Rel. Min. Eros Grau, 
DJ 11/11/2008, e no RE 460.971, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 30/3/2007(ambos reproduzindo o 
entendimento delineado no RE 184.093/SP, Rel. Moreira Alves, publicado em 29/4/1997). 
 
 
35 
 
 Outrossim, a imposição judicial de uma medida protetiva de urgência - que procure cessar a prática de 
violência doméstica e familiar contra a mulher e implique o afastamento do agressor do seu lar - constitui motivo 
legítimo a que se limite o domínio deste sobre o imóvel utilizado como moradia conjuntamente com a vítima, 
não se evidenciando, assim, eventual enriquecimento sem causa, que legitime o arbitramento de aluguel como 
forma de indenização pela privação do direito de propriedade do agressor. 
 
 Portanto, afigura-se descabido o arbitramento de aluguel, com base no disposto no art. 1.319 do CC/2002, em 
desfavor da coproprietária vítima de violência doméstica, que, em razão de medida protetiva de urgência 
decretada judicialmente, detém o uso e gozo exclusivo do imóvel de cotitularidade do agressor, seja pela 
desproporcionalidade constatada em cotejo com o art. 226, § 8º, da CF/1988, seja pela ausência de 
enriquecimento sem causa (art. 884 do CC/2002). (Informativo n. 724) 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.961.581-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por 
unanimidade, julgado em 07/12/2021, DJe 13/12/2021. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL 
 
 
TEMA Direito ao esquecimento. Fatos verídicos. Exclusão de matéria jornalística. 
Impossibilidade. 
 
 
DESTAQUE 
 O direito ao esquecimento não justifica a exclusão de matéria jornalística. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 O direito à liberdade de imprensa não é absoluto, devendo sempre ser alicerçado na ética e na boa-fé, sob pena 
de caracterizar-se abusivo. A esse respeito, a jurisprudência desta Corte Superior é consolidada no sentido de 
que a atividade da imprensa deve pautar-se em três pilares, a saber: (I) dever de veracidade, (II) dever de 
pertinência e (III) dever geral de cuidado. Ou seja, o exercício do direito à liberdade de imprensa será 
considerado legítimo se o conteúdo transmitido for verdadeiro, de interesse público e não violar os direitos da 
personalidade do indivíduo noticiado. 
 
 Se esses deveres não forem observados e disso resultar ofensa a direito da personalidade da pessoa objeto da 
comunicação, surgirá para o ofendido o direito de ser reparado. 
 
 No caso, consoante destacado pelo Tribunal de origem, não há dúvidas acerca da veracidade da informação 
divulgada. Ademais, tratando-se de fato relativo à esfera penal, revela-se presente o interesse público na notícia. 
Por sua vez, em que pese o recorrido tenha alegado que a notícia interferiu e interfere negativamente na sua vida 
profissional, não alegou que a sua divulgação pela imprensa teve o propósito de ofender a sua honra. 
 
 Desse modo, não houve abuso no exercício da liberdade de imprensa. 
 
 
36 
 
 É preciso definir, então, se o tempo transcorrido desde a ocorrência do fato é capaz, por si só, de justificar a 
imposição do dever de proceder à exclusão da matéria jornalística. 
 
 Em algumas oportunidades, a Quarta e a Sexta Turmas desta Corte Superior se pronunciaram favoravelmente 
acerca da existência do direito ao esquecimento. Considerando os efeitos jurídicos da passagem do tempo, 
ponderou-se que o Direito estabiliza o passado e confere previsibilidade ao futuro por meio de diversos 
institutos (prescrição, decadência, perdão, anistia, irretroatividade da lei, respeito ao direito adquirido, ato 
jurídico perfeito e coisa julgada). 
 
 Ocorre que, em fevereiro deste ano, o Supremo Tribunal Federal definiu que o direito ao esquecimento é 
incompatível com a Constituição Federal (Tema 786). Assim, o direito ao esquecimento, porque incompatível 
com o ordenamento jurídico brasileiro, não é capaz de justificar a atribuição da obrigação de excluir a publicação 
relativa a fatos verídicos. (Informativo n. 723) 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.947.702-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, 
por unanimidade, julgado em 07/12/2021, DJe 13/12/2021. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL 
 
 
TEMA Seguros de responsabilidade civil do transportador rodoviário de carga 
(RCTR-C e RCF-DC). Prêmios inadimplidos. Prazo prescricional. Termo inicial. 
Vencimento de cada título, ficha de compensação ou boleto. Prêmios 
calculados com base no valor dos bens ou mercadorias averbados (apólice 
aberta). Vencimento de cada fatura ou conta mensal. 
 
 
DESTAQUE 
 O prazo prescricional ânuo para a seguradora cobrar do segurado prêmios inadimplidos nos seguros de 
responsabilidade civil do transportador rodoviário de carga (RCTR-C e RCF-DC) conta-se a partir do vencimento 
de cada título, ficha de compensação ou boleto, sendo, para os prêmios calculados com base no valor dos bens 
ou mercadorias averbados (apólice aberta), o vencimento de cada fatura ou conta mensal. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Inicialmente cumpre salientar que, no tocante à prescrição, o art. 206, § 1º, II, "b", do CC estabelece que 
prescreve em 1 (um) ano a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo, 
no caso, da ciência do fato gerador da pretensão. 
 
 Além disso, depreende-se que existem 3 tipos de prêmios: o prêmio inicial, decorrente da emissão da apólice; 
o prêmio de averbação ou de embarques e o prêmio residual de aditivos, renovações e endossos. 
 
 Conforme os arts. 29 da Resolução-CNSP n. 219/2010 e 15.2 da Circular-SUSEP n. 422/2011, a data-limite 
para pagamento do prêmio não poderá ultrapassar o 30º (trigésimo) dia da emissão da apólice, da fatura ou da 
conta mensal, do aditivo de renovação, dos aditivos ou endossos dos quais resultem aumento do prêmio. 
 
37 
 
 
 Logo, conclui-se que a pretensão da seguradora de exigir do segurado os prêmios inadimplidos nasce com o 
vencimento de cada título de cobrança, ocasião em que terá fluência o prazo prescricional, que pode ser, a 
depender da natureza do prêmio, o esgotamento da data-limite para o pagamento originado da emissão da 
apólice (prêmio inicial), da emissão da fatura ou conta mensal (prêmio de averbação) ou da emissão do aditivo 
ou endosso (prêmio residual). 
 
 Para o seguro de responsabilidade civil do transportador rodoviário de carga (RCTR-C e RCF-DC), de apólices 
abertas, em virtude de os transportadores terrestres não saberem quando serão chamados a recolher as 
mercadorias, tampouco o valor e o local de destino, a entrega da averbação com os detalhes necessários à 
caracterização do risco é feita no dia seguinte à emissão dos conhecimentos ou manifestos de carga. Com base 
nos pedidos de averbação recebidos, geralmente em cada mês de vigência do seguro, a seguradora extrai a conta 
mensal de prêmio, encaminhando-a ao segurado para o respectivo pagamento (Resolução-CNSP nº 219/2010 e 
Circular-SUSEP nº 422/2011). 
 
 Assim, o prazo prescricional ânuo para a seguradora cobrar do segurado prêmios inadimplidos nos seguros 
de responsabilidade civil do transportador rodoviário de carga (RCTR-C e RCF-DC) conta-se a partir do 
vencimento de cada título, ficha de compensação ou boleto, sendo, para os prêmios calculados com base no valor 
dos bens ou mercadorias averbados (apólice aberta), o vencimento de cada fatura ou conta mensal. 
(Informativo n. 723) 
 
 
 
PROCESSO REsp 1.801.518-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira 
Turma, por unanimidade, julgado em 14/12/2021, DJe 16/12/2021. 
 
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL, DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
 
TEMA Ação Civil Pública. Execução coletiva. Art. 98 do CDC. Direitos individuais 
homogêneos. Ausência de legitimidade do Ministério Público. 
 
 
DESTAQUE 
 O Ministério Público não possui legitimidade para promover a execução coletiva do art. 98 do Código de Defesa 
do Consumidor por ausência de interesse público ou social a justificar sua atuação. 
 
 
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR 
 Inicialmente, cumpre salientar que os direitos individuais homogêneos, por

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