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29. Síndromes depressivas Um dos mais brilhantes historiadores da psicopatologia, Jean Starobinski (1920-) nos ensina que, já no século VIII a.C., na Ilíada, o grande poema épico da Grécia antiga, temos o personagem Belofonte, que padece de grave melancolia, pois, “[...] objeto de ódio para os deuses, ele vagava só na planície de Aleia, o coração devorado de tristeza, evitando os vestígios dos homens” (Ilíada, versos 200-3). Séculos mais tarde, na mesma Grécia antiga, o fundador da medicina ocidental, Hipócrates (460 a.C.-370 a.C.), afirmava: “Si metus et tristitia multo tempore perseverant melancholicum hoc ipsum” (Quando o medo e a tristeza persistem por muito tempo, constituem a melancolia) (Hipócrates, Aforismos, VI, 23, p. 147). Da mesma forma, na Idade Média, os filhos de Saturno e os acometidos pelo pecado da acedia, ao que parece, eram melancólicos. O período renascentista é considerado a idade de ouro da melancolia, e, nos séculos XVIII e XIX, esse sentimento penetrou o espírito do romantismo. Assim, a depressão é reconhecida desde a Antiguidade, mudando suas feições de época para época, de cultura para cultura, mas sempre acompanhando de perto o destino do ser humano (Starobinski, 2016). Atualmente, estima-se que, no mundo, a prevalência pontual (point prevalence) da depressão maior esteja em torno de 4,4 a 4,7%, a prevalência nos últimos 12 meses, de 3,0 a 6,6%, e a prevalência na vida, de até 16,2% (baixa, em torno de 5%, em países como Taiwan, China e Japão, e alta, com mais de 15%, em países como Estados Unidos, França e Holanda) (Ferrari et al., 2013; Lam et al., 2016). No Brasil, um estudo na cidade de São Paulo, com 1.464 pessoas, com mais de 18 anos de idade, em 2002, revelou prevalência de depressão na vida de 17% (Andrade et al., 2002). Outro estudo, que utilizou o instrumento Composite International Diagnostic Interview (CIDI), com amostra das cidades de Rio de Janeiro e São Paulo, somando 3.744 pessoas, entre 15 e 75 anos, em 2007 e 2008, encontrou prevalência de depressão na vida, no Rio de Janeiro, de 17,4% e, em São Paulo, de 19,9% (Ribeiro et al., 2013). Em uma pesquisa com amostra nacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013, com 49.025 adultos entrevistados em 69.954 domicílios, a epidemióloga da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marilisa Berti de Azevedo Barros e colaboradores (2017) utilizaram o instrumento Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) para identificar depressão. Eles verificaram que, nas últimas duas semanas, 9,7% dos entrevistados haviam apresentado algum quadro depressivo (3,9% de depressão maior) e 21% haviam relatado humor depressivo; além disso, em 34,9% dos sujeitos, o humor depressivo esteve presente por mais de sete dias. Das pessoas entrevistadas, 7,2% receberam, em algum momento da vida, um diagnóstico clínico da doença. Assim, pode-se inferir que, no Brasil, possivelmente os valores são relativamente elevados para depressão maior, considerando o cenário internacional. No mundo, a depressão, em 2010, teria acometido cerca de 298 milhões de pessoas, das quais 187 milhões eram mulheres (Kessler et al., 2007; Ferrari et al., 2013). A depressão causa considerável impacto na saúde física e mental e na qualidade de vida das pessoas acometidas; ela é, entre todas as doenças (físicas e mentais), uma das principais causas daquilo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) chama de “anos vividos com incapacidades” (YLDs, years lived with disability) e “perda de anos em termos de morte prematura e perda de anos de vida produtiva” (DALY Disability Adjusted Life Years). A DALY relacionada à depressão foi associada, em 2010, a cerca de 16 milhões de suicídios (Ferrari et al., 2013). Estudos epidemiológicos indicam que 15 a 40% das pessoas com depressão maior já tentaram alguma vez o suicídio. Estudos de suicídios completos revelam que 60% de todos eles são realizados por pessoas com depressão. Ter a doença aumenta em 20 vezes o risco de suicídio (Bolton et al., 2010). Do ponto de vista psicopatológico, as síndromes depressivas têm como elementos mais salientes o humor triste e, na esfera volitiva, o desânimo, mais ou menos marcantes. Tal tristeza e desânimo são, na depressão, desproporcionalmente mais intensos e duradouros do que nas respostas normais de tristeza que ocorrem ao longo da vida (Del Pino, 2003). Os quadros depressivos caracterizam-se por uma multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à autovaloração, à vontade e à psicomotricidade. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Também podem estar presentes, em formas graves de depressão, sintomas psicóticos (delírios e/ou alucinações), marcante alteração psicomotora (geralmente lentificação ou estupor), assim como fenômenos biológicos (neuronais ou neuroendócrinos) associados. O Quadro 29.1 apresenta, resumidamente, os agrupamentos de sinais e sintomas de acordo com a área psicopatológica envolvida. Quadro 29.1 | Sintomas das síndromes depressivas nas diferentes esferas psicopatológicas SINTOMAS AFETIVOS E DE HUMOR ALTERAÇÕES DA VOLIÇÃO E DA PSICOMOTRICIDADE Tristeza, sentimento de melancolia, na maior parte do dia, todos ou quase todos os dias Choro fácil e/ou frequente Apatia (indiferença afetiva; “tanto faz como tanto fez.”), na maior parte do dia, todos ou quase todos os dias Sentimento de falta de sentimento (“É terrível: não consigo sentir mais nada!”) Sentimento de tédio, de aborrecimento crônico Irritabilidade aumentada (a ruídos, pessoas, vozes, etc.), na maior parte do dia, todos ou quase todos os dias São frequentes também: Angústia Ansiedade Desespero Desesperança Desânimo, diminuição da vontade (hipobulia; “não tenho pique para mais nada”) Anedonia (incapacidade de sentir prazer em várias esferas da vida, como alimentação, sexo, amizades) Tendência a permanecer quieto na cama, por todo o dia (com o quarto escuro, recusando visitas) Aumento na latência entre as perguntas e as respostas Lentificação psicomotora (pode progredir até o estupor/catatonia) Estupor/catatonia Diminuição da fala, fala em tom baixo, lenta, e aumento da latência entre perguntas e respostas Mutismo (negativismo verbal completo) Negativismo (recusa à alimentação, à interação pessoal, etc.) ALTERAÇÕES IDEATIVAS ALTERAÇÕES DA ESFERA INSTINTIVA E NEUROVEGETATIVA Ideação negativa, pessimismo em relação a tudo Ideias de arrependimento e de culpa Ruminações com mágoas atuais e antigas Visão de mundo marcada pelo tédio (“A vida é vazia, sem sentido; nada vale a pena”) Realismo depressivo: inferências sobre a vida mais realistas e pessimistas em relação a pessoas sem depressão, sendo que estas tenderiam a apresentar um viés positivo de avaliação da realidade Ideias de morte, desejo de desaparecer, dormir para sempre Ideação, planos ou atos suicidas Fadiga, cansaço fácil e constante (sente o corpo pesado) Insônia ou hipersonia Diminuição ou aumento do apetite Constipação, palidez, pele fria com diminuição do turgor Diminuição da libido (do desejo sexual) Diminuição da resposta sexual (disfunção erétil, orgasmo retardado ou anorgasmia) ALTERAÇÕES DA AUTOVALORAÇÃO ALTERAÇÕES COGNITIVAS Autoestima diminuída Sentimento de insuficiência, de incapacidade Sentimento de vergonha Autodepreciação Déficit de atenção e concentração Déficit secundário de memória Dificuldade de tomar decisões Pseudodemência depressiva PERDAS E DEPRESSÃO SINTOMAS PSICÓTICOS ALGUNS ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS DA DEPRESSÃO • • • • • • • • • • • • Ideias delirantes de conteúdo negativo: Delírio de ruína ou miséria Delírio de culpa Delírio hipocondríaco e/ou de negação de órgãos e partes do corpo Delírio de inexistência(de si e/ou do mundo) Alucinações, geralmente auditivas, com conteúdos depressivos Ilusões auditivas ou visuais Ideação paranoide e outros sintomas psicóticos humor- incongruentes (delírio de perseguição, quando presente, pode revelar que, de algum modo, a pessoa “mereceria” ser perseguida e punida) Alterações estruturais do cérebro Redução do volume do hipocampo (que se associa a formas mais graves de depressão) Redução de área cinzenta em: cíngulo anterior, striatum, ínsula, amígdala e córtex pré-frontal Alterações funcionais do cérebro Alterações em circuitos pré-frontal-límbicos, modulados por serotonina, e circuitos striatum-frontais, modulados por dopamina Aumento de atividade em sistemas neurais de base para o processamento de emoções (amígdala e córtex pré-frontal) e redução em sistemas neurais de apoio à regulação de emoções (córtex pré-frontal dorsolateral) Fontes: Kupfer et al., 2012; Singh; Gotlib, 2014. PERDAS E DEPRESSÃO As síndromes e as reações depressivas surgem com muita frequência após perdas significativas: de pessoa muito querida, emprego, moradia, status socioeconômico ou algo puramente simbólico. Cabe aqui breve comentário sobre os diversos fatores causais e desencadeantes das síndromes depressivas. Certamente fatores biológicos, genéticos e neuroquímicos têm importante peso nos diversos quadros dessa doença. Do ponto de vista psicológico, as síndromes depressivas têm uma relação fundamental com as experiências de perda (Hofer, 1996; Del Pino, 2003). Nesse sentido, o poeta fala da experiência marcante que é a perda da pessoa amada: A que perdi está misturada, tão misturada comigo Que às vezes sobe ao meu coração o seu coração morto E sinto o seu sangue correr nas minhas veias. A que perdi é tão presente no meu pensamento Que sinto misturarem-se com as minhas lembranças de infância as lembranças de sua infância desconhecida. A que perdi é tão minha que as minhas lágrimas vieram dos seus olhos. E as suas é que descem dos meus. A que perdi está dentro do meu espírito como o filho no corpo materno Como o pensamento na palavra Como a morte no fim dos caminhos do mundo. Augusto Frederico Schmidt (1906-1965) Apesar de muitas vezes ser desencadeada por perdas, a depressão não é o mesmo que o sentimento normal do luto, mesmo que marcante. Entretanto, a distinção entre luto normal, mas intenso, e depressão nem sempre é fácil. O Quadro 29.2 pretende ajudar nessa difícil tarefa de diferenciação. Quadro 29.2 | Diferenças entre luto intenso e depressão ASPECTOS DIFERENCIAIS LUTO INTENSO DEPRESSÃO Humor/tristeza experimentados e sua evolução Tristeza muito relacionada à experiência da perda, que tende a diminuir com o passar das semanas e meses (duração muito variável, de semanas a vários meses, eventualmente anos). Humor deprimido constante que abrange mais que as perdas; humor que não melhora com o passar do tempo (duração variável, mas a média dos episódios fica em torno de quatro meses). Padrão temporal Tristeza ocorre “em ondas” (“dores do luto”), associada a lembranças da pessoa perdida. Tristeza e desânimo oscilam menos ao longo dos dias (com exceção da depressão atípica). Conteúdo do pensamento Tristeza e angústia mais centradas em pensamentos relacionados à pessoa perdida. Ruminações autocríticas e pessimistas abrangentes, não apenas relacionadas a uma perda. Pensamento típico “Por que não disse à pessoa que perdi o quanto a amava, por que não convivi mais com ela?” “Nada na vida vale a pena, eu não sirvo para nada, sou um peso para as pessoas.” Fantasias relacionadas a pensamentos suicidas “Gostaria de morrer para me juntar à pessoa perdida, para revê-la.” “Quero morrer para não sofrer mais”, ou “quero morrer pois não mereço mais viver, não darei mais trabalho a meus familiares” SUBTIPOS DE SÍNDROMES E TRANSTORNOS DEPRESSIVOS A ordenação da depressão em vários subtipos é um desafio psicopatológico permanente (Kupfer et al., 2012; Singh; Gotlib, 2014). Os subtipos de síndromes e transtornos depressivos mais utilizados na prática clínica, de acordo com a Classificação internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID- 11) e o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), são: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. • Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente (CID-11 e DSM-5) Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico (CID-11 e DSM-5) Depressão atípica (DSM-5) Depressão tipo melancólica ou endógena (CID-11 e DSM-5) Depressão psicótica (CID-11 e DSM-5) Estupor depressivo ou depressão catatônica (DSM-5) Depressão ansiosa ou com sintomas ansiosos proeminentes (CID-11 e DSM- 5) e transtorno misto de depressão e ansiedade (CID-11) Depressão unipolar ou depressão bipolar Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual (CID-11 e DSM-5) Depressão mista (DSM-5) Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a condição médica (incluindo aqui o transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento) (CID-11 e DSM-5) Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente (CID-11 e DSM-5) No episódio depressivo, evidentes sintomas depressivos (humor deprimido, anedonia, fatigabilidade, diminuição da concentração e da autoestima, ideias de culpa e de inutilidade, distúrbios do sono e do apetite) devem estar presentes por pelo menos duas semanas e não mais que dois anos de forma ininterrupta. Os episódios na comunidade podem ser curtos (cerca de 50% dura menos do que três meses) ou longos. Cerca de 15 a 26% das pessoas com depressão maior apresentam um curso crônico de depressão, com duração de mais de dois anos (Rubio et al., 2011) (Quadro 29.3). Quadro 29.3 | Critérios diagnósticos para os transtornos depressivos segundo o DSM-5 Pelo menos cinco critérios (ou mais) por duas semanas, com prejuízo no funcionamento psicossocial ou sofrimento significativo. Pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda do interesse ou prazer. CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO SUBTIPOS DE TRANSTORNOS DEPRESSIVOS (TD) Para depressão maior, pelo menos 5 critérios por pelo menos duas semanas: Sintoma obrigatório: humor deprimido ou perda de interesse ou prazer na maior parte do dia, quase todos os dias, e mais, pelo menos, 4 dos seguintes Transtorno depressivo maior, episódio único Transtorno depressivo maior, recorrente (> 1 episódio) Transtorno depressivo persistente e distimia: humor cronicamente deprimido por pelo menos dois anos Gravidade: TD leve, moderado ou grave • • • • • • • • • sintomas: Desânimo, acentuada perda do interesse ou prazer (anedonia) Redução ou aumento do apetite (redução ou ganho de peso de 5% em 1 mês) Sono: insônia ou hipersonia Fadiga, perda de energia Sentimentos de inutilidade e/ou culpa, pessimismo Baixa autoestima Concentração prejudicada, dificuldades para pensar Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio Retardo/agitação psicomotora Características que devem ser especificadas: TD com sintomas psicóticos congruentes com o humor TD com sintomas psicóticos incongruentes com o humor TD com catatonia (estupor depressivo): imobilidade, negativismo, mutismo, ecolalia TD com características melancólicas (depressão endógena): acentuado retardo ou agitação psicomotora, perda total de prazer, piora pela manhã, perda de peso, culpa excessiva TD com características atípicas: aumento do apetite ou ganho de peso, hipersonia, sensação de peso no corpo, sensibilidade extrema à rejeição interpessoal, humor muito reativo de acordo com as situações ambientais TD com sintomas ansiosos TD com início no periparto TD com padrão sazonal (somente episódios recorrentes), geralmente no inverno É o escritor Otto Lara Resende (1922-1992) quem descreve de forma muito clara a experiência de vivenciar um episódio de depressão. Em carta a um amigo, ele diz: Caí naquela depressão que me assalta devez em quando – por que, Santo Deus? Sei lá! Depressão neurastênica, vontade de ficar quieto, calado, macambúzio. Me custa até a simples locomoção doméstica. Para sair de casa, é como arrancar uma tonelada inerte e sem rodas ladeira acima [...] Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico (CID-11 e DSM-5) Um grupo de pacientes desenvolve a forma crônica de depressão, muito duradoura (pelo menos dois anos ininterruptos), que pode ser de intensidade leve (distimia) ou de moderada a grave. Ela começa geralmente na adolescência ou no início da vida adulta e persiste por vários anos. Os sintomas depressivos mais importantes são, em primeiro lugar, o humor deprimido, triste, na maior parte do dia, na maioria dos dias. Além disso, o paciente deve ter pelo menos dois dos seguintes sintomas: diminuição da autoestima, fatigabilidade aumentada ou falta de energia, insônia ou hipersonia, apetite diminuído ou aumentado, dificuldade em tomar decisões ou em se concentrar e sentimentos de desesperança. Também são comuns na distimia o mau humor crônico e a irritabilidade. Em adultos, os sintomas devem estar presentes de forma ininterrupta por, pelo menos, dois anos e, em crianças e adolescentes, por pelo menos um ano (nesse grupo, o humor básico pode ser a irritabilidade em vez do humor triste). No Brasil, estudos epidemiológicos nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro revelaram distimia, nos últimos 12 meses, em 0,8 a 1,3% da população e pelo • • • • • • • • menos uma vez na vida em 1,4 a 1,9% da população (Andrade et al., 2012; Ribeiro et al., 2013). Depressão atípica ou depressão com características atípicas (DSM-5) Trata-se de um subtipo de depressão que pode ocorrer em episódios depressivos de intensidade leve a grave, em transtorno unipolar ou bipolar. Além de reatividade do humor aumentada (melhora rapidamente com eventos positivos e piora rapidamente com eventos negativos), o indivíduo deve apresentar dois ou mais dos seguintes sintomas: ganho de peso ou aumento do apetite (principalmente para doces); aumento do sono (hipersonia, geralmente mais do que 10 horas por dia ou 2 horas a mais que quando não deprimido); sensação de corpo, braços ou pernas muito pesados (paralisia “de chumbo”); a pessoa se sente, de modo geral, “pesada”, com uma sobrecarga sobre os ombros; sensibilidade exacerbada a rejeição interpessoal, às vezes a indicativos mínimos e subjetivos de possível rejeição, podendo se manter mesmo quando a pessoa não esteja no episódio depressivo. Depressão tipo melancólica ou endógena (CID-11 e DSM-5) Trata-se de um subtipo no qual predominam os sintomas classicamente endógenos. Nesse caso, a pessoa deve apresentar: 1) perda de prazer ou incapacidade de sentir prazer (anedonia) em todas ou quase todas as atividades ou 2) falta de reatividade a estímulos em geral prazerosos. Além de um desses dois sintomas, deve apresentar pelo menos três dos seguintes sintomas: humor depressivo característico com prostração profunda, desespero, hiporreatividade geral; lentificação psicomotora, demora em responder às perguntas (aumento da latência entre perguntas e respostas) ou agitação psicomotora; ideias ou sentimentos de culpa excessivos e/ou inadequados; perda do apetite e/ou de peso corporal; • depressão pior pela manhã, que pode melhorar um pouco ao longo do dia. Na depressão melancólica ou endógena, também se pode constatar a chamada tristeza vital, que é uma tristeza diferente, um peso, uma agonia “sentida no corpo” (qualitativamente diferente da tristeza normal). Pode ser observado também um padrão de sono característico em que o indivíduo tende a apresentar a chamada insônia terminal (acorda de madrugada, às 3h ou 4h, e não consegue mais dormir) (Del Porto, 2000). A depressão melancólica é considerada como de natureza mais neurobiológica, mais independente de fatores psicológicos em comparação com os outros tipos de depressão (embora toda depressão maior tenha um significativo componente neurobiológico). Depressão psicótica ou depressão com sintomas psicóticos (CID-11 e DSM-5) Trata-se de depressão muito grave, na qual ocorrem, associados aos sintomas depressivos, um ou mais sintomas psicóticos, como delírio e/ou alucinação. Nesse caso, os mais frequentes são sintomas como delírio de ruína ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de órgãos ou alucinações com conteúdos depressivos, com vozes que dizem “você não presta”, “você vai morrer na miséria” ou “seus filhos vão passar fome”. As alucinações também podem ter o conteúdo de “punição merecida” (“vou morrer, vou sofrer, pois mereço isso”). Se os sintomas psicóticos são de conteúdo negativo, depressivo, classificam- se como sintomas psicóticos humor-congruentes (de culpa, doença, morte, negação de órgãos, punição merecida, entre outros). Caso contrário, são denominados sintomas psicóticos humor-incongruentes (delírio de perseguição, de inserção de pensamentos, autorreferente, entre outros). Os delírios ocorrem em cerca de 25% das pessoas internadas com quadros depressivos e em 15% daquelas com depressões ambulatoriais (de Unidades Básicas de Saúde [UBSs], Centros de Atenção Psicossocial [CAPS], ambulatórios ou consultórios). Na maior parte das vezes (≈65%), trata-se de delírio humor-congruente, e, em cerca de 18% dos casos, o delírio é humor- incongruente (em ≈9% dos deprimidos delirantes, há delírios dos dois tipos) (Maj, 2008). Alucinações auditivas ocorrem em 5 a 59% dos pacientes com depressão maior, e alucinações visuais, em 1 a 25%. Essas frequências variam muito porque foram verificadas em amostras muito heterogêneas de pacientes com depressão. De modo geral, indivíduos deprimidos encontrados na comunidade e na atenção primária (UBS) têm frequência menor de sintomas psicóticos; aqueles em ambulatórios especializados, frequência intermediária; e pessoas internadas por depressão, frequências mais altas (Baethge et al., 2005). Por fim, cabe notar que a depressão psicótica revela mais alterações cerebrais do que a não psicótica, o que indica maior gravidade fisiopatológica dessa forma da doença (Busatto et al., 2013). Estupor depressivo ou depressão com catatonia (DSM-5) Trata-se de estado depressivo muito grave, no qual o paciente permanece dias na cama ou sentado, em estado de catalepsia (imóvel; em geral rígido), com negativismo que se exprime pela ausência de respostas às solicitações ambientais, geralmente em estado de mutismo (não fala com as pessoas, apesar de estar consciente e não ter afasia), recusando alimentação, às vezes urinando no leito. O indivíduo pode, nesse estado, desidratar e vir a falecer por complicações clínicas (pneumonia, insuficiência pré-renal, desequilíbrios hidreletrolíticos, sepse, entre outras). Depressão ansiosa ou agitada ou com sintomas ansiosos proeminentes (CID-11 e DSM-5) e transtorno misto de depressão e ansiedade (CID-11) A ansiedade é, de modo geral, um componente frequente e importante nos quadros depressivos. O DSM-5 e a CID-11 propõem que se distinga uma forma de depressão, geralmente moderada ou grave, com marcante componente de ansiedade, tensão e inquietação psicomotora, chamada depressão ansiosa ou depressão agitada. O paciente se queixa de angústia ou ansiedade acentuada associada aos sintomas depressivos; sente-se nervoso, tenso, não para quieto; apresenta-se insone; irritado; anda de um lado para outro, desesperado. Pode ter, ainda, dificuldade para se concentrar devido a muitas preocupações; tem medo de que algo horrível possa ou irá acontecer. Também pode ter o sentimento de perda do controle desi mesmo. Na depressão ansiosa, há risco ainda maior de suicídio. A depressão ansiosa grave é, muitas vezes, difícil de diferenciar de um episódio misto do transtorno bipolar (TB) (ver adiante). Já a CID-11 propõe o transtorno misto de depressão e ansiedade, no qual há sintomas, geralmente leves, de ambas as condições na maioria dos dias, por pelo menos duas semanas. A diferença em relação ao DSM-5 é que, na CID-11, nesse transtorno misto não pode haver sintomas suficientemente graves e numerosos para justificar o diagnóstico de episódio depressivo, distimia ou transtorno de ansiedade (como ansiedade generalizada ou pânico). Assim, essa categoria estaria reservada para ser mais utilizada na atenção primária (nas UBSs), onde os quadros de humor são, de modo geral, leves ou moderados, e uma mistura de sintomas depressivos e ansiosos leves é muito frequente. Depressão unipolar ou depressão bipolar Ao se diagnosticar um quadro depressivo que ocorre pela primeira vez na vida, os profissionais, os pacientes, seus familiares e amigos podem se perguntar se esse episódio está abrindo um possível transtorno depressivo recorrente (o que é frequente, e a depressão, então, é denominada “unipolar”) ou se é o início de um TB, com episódios futuros de mania ou hipomania (então a depressão é denominada “bipolar”). Essa não é uma questão trivial e sem maiores implicações. Por exemplo, o tratamento com antidepressivos pode frequentemente desencadear uma fase de mania quando é empregado em depressões bipolares, a fase de mania podendo ter consequências muito graves na vida da pessoa. Há muitos anos, os pesquisadores têm buscado verificar se algum ou alguns aspectos no episódio depressivo revelam se o caso se trata de depressão unipolar ou bipolar. O Quadro 29.4 apresenta algumas das características que podem ajudar a diferenciar ambas as condições. Quadro 29.4 | Características da depressão unipolar e da depressão bipolar CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DEPRESSÃO UNIPOLAR DEPRESSÃO BIPOLAR Idade de início Mais velha Mais jovem Duração da fase Mais longa Mais curta Características de personalidade Mais problemas de personalidade, sobretudo mais neuroticismo, mais controle dos impulsos e mais introversão Menos problemas de personalidade, pior controle dos impulsos, mais temperamento hipertímico e busca de estímulos História familiar de mania Menos frequente Mais frequente Resposta profilática a antidepressivos Boa Ruim Duração do sono Mais curta Mais longa Ansiedade, queixas somáticas, perda de apetite, insônia inicial Mais frequente Menos frequente Labilidade do humor, irritabilidade, insônia terminal Menos frequente Mais frequente Episódio pós-parto, aspectos psicóticos, uso de drogas Menos frequente Mais frequente Retardo, lentificação psicomotora Menos frequente Mais frequente Agitação psicomotora Mais frequente Menos frequente Fonte: Goodwin; Jamison, 2010. Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual (CID-11 e DSM-5) Trata-se de forma grave de depressão relacionada à síndrome pré-menstrual que se caracteriza por ocorrer na semana final antes da menstruação, na maioria dos ciclos menstruais. Está presente pelo menos um dos seguintes sintomas intensos de humor: tristeza marcante, nervosismo/ansiedade acentuada, sentimentos de estar “no limite para explodir”, oscilações do humor ao longo do dia ou labilidade afetiva, irritabilidade ou raiva acentuada. Também devem estar presentes outros sintomas, na maioria dos ciclos menstruais, que, quando somados aos anteriores, irão resultar em pelo menos cinco sintomas. São eles: interesse diminuído, dificuldade de concentração, falta de energia ou fadiga fácil, alteração do apetite, hipersonia ou insônia, “sentir-se sobrecarregada” ou “fora do controle”, sintomas físicos como inchaço e aumento da sensibilidade nas mamas, dor articular ou muscular e “sensação de inchaço” no corpo. Depressão mista ou depressão com características mistas (DSM-5) A possibilidade de uma síndrome depressiva ocorrer ao mesmo tempo que uma síndrome maníaca, como que encavaladas uma com a outra, já foi suspeita desde o fim do século XIX. Nesse caso, durante a maioria dos dias da depressão, ocorrem também sintomas maníacos (devem ocorrer pelo menos três deles), como humor elevado ou expansivo, grandiosidade e autoestima elevada, inflada; o paciente se apresenta loquaz, falando muito e com pressão para falar; há aceleração do pensamento até fuga de ideias, aumento da energia no trabalho ou na vida sexual ou envolvimento em atividades excitantes, mas perigosas. Pode haver também redução da necessidade de sono. Esses sintomas da série maníaca devem ter sido observados por outras pessoas e representar uma mudança no comportamento rotineiro do paciente (apenas o relato pessoal pode não ser suficiente para o diagnóstico). Depressão secundária ou orgânica (transtorno depressivo devido a outra condição médica ou induzido por substância ou medicamento, CID-11 e DSM-5) Aqui estão presentes as síndromes depressivas causadas ou fortemente associadas a uma doença física, a um quadro clínico primariamente somático, seja ele localizado no cérebro (p. ex., doença de Parkinson, doença de Huntington, acidente vascular cerebral [AVC], trauma ou tumor cerebral), seja ele sistêmico, isto é, em outra parte do organismo, mas com consequências para todos os órgãos, inclusive o cérebro. Condições somáticas sistêmicas, como doenças endocrinológicas do tipo hipo ou hipertireoidismo, hipo ou hiperparatireoidismo, síndrome de Cushing, carências vitamínicas, como déficit de vitamina B12 (e, possivelmente, de vitamina D), doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico, sepse e câncer, com significativa frequência, produzem quadro depressivo que faz parte da própria condição somática patológica (a síndrome depressiva é de causa orgânica). No caso dos AVCs, ocorre depressão após o episódio agudo, e, de modo geral, AVCs no hemisfério esquerdo e mais próximos do polo frontal tendem a desencadear mais frequentemente depressões secundárias (Cummings; Trimble, 1995). A condição médica que causa a depressão deve ser confirmada por história clínica, exame físico e/ou achados laboratoriais referentes à doença somática. Pode ocorrer também o transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento. Nesse caso, há um quadro depressivo intimamente associado durante ou logo após a intoxicação por substâncias ou fármacos. Drogas associadas à depressão são, por exemplo, álcool, cocaína, maconha, inalantes, opioides ou medicamentos como hipnóticos e ansiolíticos (p. ex., benzodiazepínicos), anti-hipertensivos e corticosteroides (no seu uso ou em sua retirada abrupta). A Tabela 29.1 apresenta algumas das principais condições médicas, somáticas, associadas à depressão. Tabela 29.1 | Frequência da ocorrência de depressão em diferentes doenças somáticas DOENÇA OU CONDIÇÃO MÉDICA FREQUÊNCIAS APROXIMADAS DE DEPRESSÃO Doença de Cushing (tumor corticotrófico da hipófise) 50-80% Doença de Parkinson até 75% Esclerose múltipla 40-60% Hipertireoidismo 31-69% Hipotireoidismo subclínico (relação controversa) até 49% (aumento do risco de depressão em cerca de 5 vezes) Hipotireoidismo clínico (letargia, apatia e déficits de aprendizagem e memória são comuns às duas síndromes) 17-21% Doença de Alzheimer 30-50% Carência de vitamina B12 Risco de depressão grave aumentado em 2-3 vezes Doença de Huntington (mesmo em estágios pré-clínicos) Sintomas depressivos em 30-58% Epilepsia 20-55% Doença pulmonar obstrutiva crônica/asma 20-50% Lúpus eritematoso sistêmico 39% Câncer Muito variável, até 38% Doenças cardíacas 17-27% Diabetes 9-28% HIV/aids 5-20% Acidentes vasculares cerebrais14-19% Substâncias relacionadas à depressão Corticosteroides (sobretudo na retirada rápida), efavirenz para HIV/aids, interferon no tratamento da hepatite C Fontes: Gupta et al., 2008; Meszaros et al., 2012; Wysokinski; Kłoszewska, 2014; Park et al., 2017; Seppälä et al., 2013; Duff et al., 2007; Sonino; Fava, 2001). Depressão como fator de risco para doenças físicas A depressão pode ser fator de risco para várias doenças e condições físicas. Assim, por exemplo, o transtorno se associa a maior risco de obesidade, doenças coronarianas, AVC e diabetes. Os mecanismos sugeridos para tal associação relacionam-se a alterações metabólicas, imunoinflamatórias, autonômicas, aumento do cortisol sanguíneo e desregulação no eixo hipotálamo-hipófise- adrenal (Penninx et al., 2013). Telômeros são sequências de nucleotídeos situadas na parte terminal dos cromossomos, que proporcionam estabilidade ao material genômico das células. Eles se encurtam com a reprodução celular e com o envelhecimento das células e do organismo, e tal encurtamento é indicativo de envelhecimento e desgaste celulares. Em um número consistente de estudos, a depressão, assim como a gravidade da depressão, foram associadas à significativa redução dos telômeros. Assim, pessoas com o transtorno, sobretudo grave, têm envelhecimento celular acelerado e possível aumento de condições e doenças associadas ao envelhecimento (Ridout et al., 2016). Depressão em crianças, adolescentes e idosos A depressão também é frequente e potencialmente grave na infância e na adolescência, em geral mais observada em meninas do que em meninos. Nessa fase da vida, é comum que os quadros depressivos ocorram associados a comportamentos disruptivos (irritabilidade, oposição aos adultos, agressividade, transgressões) e dificuldades escolares (falta às aulas, impacto no rendimento escolar). Tais comportamentos ocorrem sobretudo se a criança ou adolescente tiver baixo quociente de inteligência (QI) e viver em ambiente adverso, com graves conflitos e hostilidade por parte dos pais ou cuidadores. Nas crianças e adolescentes com depressão, há, frequentemente, piora do rendimento escolar. Tem sido proposto que haveria duas subformas de depressão na infância e na adolescência: uma “pura”, sem sintomas de comportamentos disruptivos, mais frequente em garotas, e uma com sintomas disruptivos, mais comum em garotos e rapazes com redução no QI e pior desempenho escolar (Riglin et al., 2016). Idosos frequentemente apresentam depressão (a prevalência pontual pode chegar até 15 a 20%). Os sintomas mais comuns são, além da tristeza (ou dificuldade em sentir-se alegre), sentimentos de solidão, choro, pouco apetite, • • • • • • • • • • descuido consigo mesmo, falta de esperança, não aproveitar a vida, sentir que tudo é um grande esforço e dificuldades cognitivas. A depressão em idosos se associa a risco maior de quedas, incapacidades físicas e mortalidade (Andreescu et al., 2008; Brown et al., 2016). Depressão e personalidade Uma linha consistente de estudos tem associado as síndromes depressivas com aspectos da personalidade antes, durante e depois dos episódios de depressão. De modo geral, pessoas que apresentam episódios depressivos moderados ou graves tendem a apresentar o perfil de personalidade, com base no Big-Five, aumentado para neuroticismo (instabilidade emocional, tensão, tendência à ansiedade, preocupação e autopiedade) e diminuído para extroversão (propensão à atividade, assertividade, energia, entusiasmo, busca dos outros, socialização) (Klein et al., 2011). Os transtornos da personalidade ocorrem em 14 a 44% das pessoas com depressão, sendo os diagnósticos mais frequentes: transtorno da personalidade borderline (16-31%), obsessivo-compulsiva (≈16%), paranoide (≈10%), esquizoide (≈7,4%), evitativa (≈6,5%) e antissocial (≈6,3%) (ver Cap. 25, sobre personalidade). O Quadro 29.5 apresenta perguntas que facilitam a identificação da depressão na história do paciente. Quadro 29.5 | Semiotécnica de episódios depressivos no passado PERGUNTAS: Você teve períodos em que se sentiu muito triste ou desanimado (claramente diferente do habitual)? Nesses períodos, não achava graça em nada, perdeu o interesse ou o prazer pelas coisas? Percebeu que o apetite diminuiu ou aumentou? Emagreceu ou engordou? Sentia-se também irritado ou nervoso? Tinha insônia ou dormia demais? Sentia-se mais cansado que o habitual? Perdeu o “pique”? Tinha dificuldade para trabalhar ou estudar? Sentia dificuldades para se concentrar ou tomar decisões? Tinha ideias negativas, como pensar em morrer? Sentia-se culpado ou arrependido? EM CASO DE RESPOSTA CONFIRMANDO QUE JÁ TEVE PERÍODOS DE DEPRESSÃO, PERGUNTAR: Quando foi que isso aconteceu pela primeira vez? Ocorreu mais de uma vez? Quanto tempo duravam esses períodos? Quando foi o último período? O que o ajudou a melhorar? O que o fazia piorar? Os instrumentos padronizados de avaliação da depressão, Escala de Avaliação para Depressão de Montgomery e Åsberg (MADRS) e Escala de Hamilton para Avaliação de Depressão, estão disponíveis no hotsite desta obra. PARTE III - Psicopatologia e as grandes síndromes e transtornos psicopatológicos Capítulo 29 | Síndromes depressivas Perdas e depressão Subtipos de síndromes e transtornos depressivos Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente (CID-11 e DSM-5) Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico (CID-11 e DSM-5) Depressão atípica ou depressão com características atípicas (DSM-5) Depressão tipo melancólica ou endógena (CID-11 e DSM-5) Depressão psicótica ou depressão com sintomas psicóticos (CID-11 e DSM-5) Estupor depressivo ou depressão com catatonia (DSM-5) Depressão ansiosa ou agitada ou com sintomas ansiosos proeminentes (CID-11 e DSM-5) e transtorno misto de depressão e ansiedade (CID-11) Depressão unipolar ou depressão bipolar Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual (CID-11 e DSM-5) Depressão mista ou depressão com características mistas (DSM-5) Depressão secundária ou orgânica (transtorno depressivo devido a outra condição médica ou induzido por substância ou medicamento, CID-11 e DSM-5) Depressão como fator de risco para doenças físicas Depressão em crianças, adolescentes e idosos Depressão e personalidade
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