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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS Aelurostrongylus abstrusus em gatos – Revisão de literatura Autora: Luciana Salvador de Mesquita Orientadora: Cristine Dossin Bastos Fischer PORTO ALEGRE 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS Aelurostrongylus abstrusus em gatos – Revisão de literatura Autora: Luciana Salvador de Mesquita Monografia apresentada à Faculdade de Veterinária como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Análises Clínicas Veterinárias Orientadora: Cristine Dossin Bastos Fischer PORTO ALEGRE 2011 Luciana Salvador de Mesquita Aelurostrongylus abstrusus em gatos – Revisão de literatura Aprovado em: Aprovado por: Cristine Dossin Bastos Fischer Orientadora ________________________________ Mary Jane Gomes Membro da Banca ________________________________ Luis Gustavo Corbellini Membro da Banca AGRADECIMENTOS A orientadora Cristine Dossin Bastos Fischer, pela dedicação e pelos ensinamentos. Aos meus pais e avós, por acreditarem em mim. A todos meus verdadeiros amigos, pelo apoio e amizade. E a Deus por ter colocado os animais em minha vida. RESUMO Esse trabalho é uma revisão de literatura sobre o Aelurostrongylus abstrusus, um helminto nematódeo pulmonar de gatos. A aelurostrongilose é adquirida pela ingestão de hospedeiros intermediários como lesmas ou caramujos. Existem também hospedeiros paratênicos como aves e roedores. A maior parte dos animais é assintomática. A tosse é o sinal clínico mais comum. O diagnóstico é realizado através da pesquisa de larvas nas fezes pelo método de Baermann ou lavado traqueal. O tratamento é realizado a base de fenbendazol ou ivermectina. O objetivo desse trabalho foi alertar os médicos veterinários sobre essa doença que embora tenha prevalência baixa, tem importância e muitos veterinários a desconhecem. Palavras-chave: Aelurostrongylus abstrusus, método de Baermann, gatos, revisão bibliográfica ABSTRACT This work is a literature review of Aelurostrongylus abstrusus, a lung nematode helminth of cats. Aelurostrongylosis is acquired by the ingestion of an intermediate host such as slugs or periwinkles. There are also paratenic hosts such as birds and rodents. The majority of the animals are asymptomatic. Cough is the most common clinical sign. The diagnosis is performed by examination of larvae in stool using the Baermann method or tracheal washing. The treatment is performed with fenbendazole or ivermectin. The aim of this work was warn veterinary doctors about this disease, which has importance, although its low prevalence, and is unknown by many veterinarians. Key words: Aelurostrongylus abstrusus, Baermann method, cats, review LISTA DE FIGURAS Figura 1: Larva L1 de Aelurostrongylus abstrusus nas fezes de um gato (método de Baermann)....................................................................................................................................14 Figura 2: Larva L1 em uma lavagem traqueal de um gato..........................................................14 Figura 3: Método de Baermann.......................................................................................15 Figura 4: Radiografia lateral do tórax mostrando padrão alveolar intersticial difuso.................16 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ICC - Insuficiência Cardíaca Congestiva L1: Larvas de primeiro estágio L3: Larvas de terceiro estágio PCR - Reação em Cadeia da Polimerase PO - Via Oral SC - Via Subcutânea SID - Uma vez ao dia SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................9 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................10 2.1 Etiologia........................................................................................................................10 2.2 Epidemiologia...............................................................................................................10 2.3 Ciclo Evolutivo.............................................................................................................11 2.4 Patogenia.......................................................................................................................12 2.5 Sinais Clínicos...............................................................................................................13 2.6 Diagnóstico....................................................................................................................13 2.6.1 Reação em Cadeia da Polimerase..................................................................................16 2.7 Diagnóstico Clínico Diferencial...................................................................................17 2.8 Tratamento...................................................................................................................17 2.9 Controle.........................................................................................................................19 3 CONCLUSÃO..............................................................................................................20 REFERÊNCIAS...........................................................................................................21 9 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho é uma revisão de literatura sobre o Aelurostrongylus abstrusus, um helminto da família Angiostrongylidae e um nematódeo do trato respiratório de gatos. A incidência é maior em gatos que vivem fora de casa e caçam aves e roedores, sendo que a maior parte dos animais é assintomática e a tosse é o sinal mais consistente. O diagnóstico é feito pela pesquisa de larvas nas fezes através do método de Baermann. Mas, o parasito também pode ser diagnosticado através de lavado traqueal. O tratamento geralmente é realizado a base de fenbendazol ou ivermectina. O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica sobre a aelurostrongilose em gatos e alertar os médicos veterinários sobre a importância dessa doença, bem como sua etiologia, sinais clínicos, diagnóstico e tratamento. 10 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Etiologia O Aelurostrongylus abstrusus, helminto da família Angiostrongylidae,é um nematódeo do trato respiratório de gatos. É de distribuição cosmopolita e independente de raça, idade e sexo, não sendo considerada zoonose (TEIXEIRA et al., 2008). Agregados de vermes, ovos e larvas estão presentes em todo o tecido pulmonar. Os vermes, cerca de 0,5-1 cm de comprimento, são muito finos e delicados, sendo difícil recuperá-los intactos para exame (TAYLOR et al., 2007); em uma preparação comprimida de um corte do pulmão, observam-se partes do verme, incluindo a L1 característica (ARMOUR et al., 1987). Segundo Fortes (2004), os machos medem de 4 a 6 mm de comprimento e as fêmeas medem de 9 a 10 mm de comprimento. 2.2 Epidemiologia A infecção por A. abstrusus está disseminada, em parte por ser quase indiscriminada em sua capacidade para se desenvolver em lesmas e caramujos e, em parte, por causa de sua ampla variedade de hospedeiros paratênicos (ARMOUR et al., 1987, TAYLOR, et al., 2007). Inclusive, considera-se que a incidência seja maior em gatos que vivem fora de casa e caçam aves e roedores (BARR, 2010). Segundo Fisher; Shanks (2008), nas áreas onde a infecção é endêmica até 90% dos gatos podem ser infectados. Até agora, todos os levantamentos mostraram prevalências superiores a 5% (ARMOUR et al., 1987, TAYLOR, et al., 2007). Mundin et al. (2004) citam a freqüência de infecção por Aelurostrongylus abstrusus em Uberlândia, Minas Gerais em torno de 18%. 11 A prevalência de gatos infectados na Espanha foi de 1,7% (MIRÓ et al., 2004 apud TEIXEIRA et al., 2008); na Alemanha de 2,7% (BARUTZKI et al., 2003 apud TEIXEIRA et al., 2008); na Bulgária, de 33,3% (STOICHEVA et al., 1982 apud TEIXEIRA et al., 2008). Na Austrália verificou-se índice de 9,52% de infecção (FOSTER et al., 2004 apud TEIXEIRA et al., 2008). Traversa et al. (2008) lembram que a infecção por A. abstrusus tem uma distribuição mundial e nos últimos anos tem sido cada vez mais relatada na América e Europa, com uma prevalência de até cerca de 20% em áreas endêmicas. Em um estudo recente feito em um abrigo no sudeste dos Estados Unidos, a incidência de A. abstrusus foi de 4% (DILLON; RASH, 2011). Em um estudo de prevalência de parasitos respiratórios e avaliação de diferentes técnicas de diagnóstico, foram examinados gatos domésticos eutanasiados e foi diagnosticado A. abstrusus em 18,5% pelo exame coprológico, necropsia ou exame histológico (SCOFIELD et al., 2005). 2.3 Ciclo Evolutivo O ciclo de vida inclui caramujos ou lesmas como primeiro hospedeiro intermediário (BONAGURA; SHERDING, 1998) e sapos, lagartos, aves ou roedores como vetores de larvas encistadas (FRASER, 1991). Os vermes adultos enroscam-se no interior do parênquima pulmonar, produzindo pequenos nódulos subpleurais branco-acinzentados. Eles depositam ovos dentro dos alvéolos pulmonares, onde se desenvolvem em larvas de primeiro estágio (L1) que eclodem e sobem à traquéia para serem deglutidas e finalmente aparecerem nas fezes (BARR, 2010). As larvas L1 penetram em lesmas e caracóis, onde se desenvolvem em larvas de terceiro estágio (L3) infectante para gatos (BARR, 2010). Os vermes são ovovivíparos e as L1 são eliminadas nas fezes, penetrando na região podal do hospedeiro intermediário molusco e se desenvolvem até as L3 infectantes, fase durante a 12 qual o molusco pode ser ingerido por hospedeiros paratênicos, como aves e roedores. O gato é infectado por ingestão destes hospedeiros e as L3, liberadas no trato digestivo, seguem para os pulmões pela circulação linfática ou sanguínea (ARMOUR et al., 1987). Taylor et al. (2007) citam pássaros, anfíbios e répteis como outros hospedeiros paratênicos. As larvas aparecem nas fezes do gato 5 a 6 semanas após a infecção (BOWMAN, 2003). Conforme Barr (2010), os gatos provavelmente também são infectados pela ingestão de hospedeiros paratênicos (aves e roedores). O período pré-patente é de cinco a seis semanas (BARR, 2010) e a duração da patência é de cerca de quatro meses, embora alguns vermes possam sobreviver nos pulmões por vários anos, apesar da ausência de larvas nas fezes (ARMOUR et al., 1987; TAYLOR et al., 2007). 2.4 Patogenia O verme geralmente tem uma baixa patogenicidade e as infecções, em sua maioria, são descobertas apenas acidentalmente ao exame pós-morte. Em muitos casos, os pulmões apresentam somente múltiplos pequenos focos com centros acinzentados contendo os vermes e fragmentos tissulares, mas, nas raras infecções graves, existem nódulos maiores, de até 1 cm de diâmetro, com centros caseosos, se projetando da superfície pulmonar; estes nódulos podem fundir-se, formando áreas de consolidação. Microscopicamente, obeservam-se os alvéolos bloqueados por vermes, ovos, larvas e agregados celulares, que podem evoluir para formação de granuloma. Uma alteração característica é hipertrofia e hiperplasia muscular, que afeta não só os bronquíolos e ductos alveolares, mas também a camada média das artérias pulmonares (ARMOUR et al., 1987). Com exceção das alteracões musculares, que parecem ser irreversíveis, a resolução é rápida e os pulmões se apresentam quase que completamente normais dentro de seis meses de infecção experimental, embora alguns vermes ainda possam estar presentes (ARMOUR et al., 1987). 13 2.5 Sinais Clínicos A maior parte dos gatos é assintomática (FERREIRA et al., 2007) e a tosse é o sinal mais consistente (BARR, 2010). Apesar de muitos animais com infecção por A. abstrusus serem livres de sinais clínicos, tosse e anorexia podem estar associados com infecções moderadas. Infecções mais graves são manifestadas por tosse, dispnéia e polipnéia, que pode terminar fatalmente (BOWMAN, 2003). Os efeitos clínicos são leves e, no gato em repouso, se limitam a uma tosse discreta crônica; após exercício ou manipulação, pode haver tosse e espirros, com leve dispnéia e produção de esputo mucóide. Em infecções experimentais maciças, os sinais mais graves aparecem em seis a doze semanas após a infecção, quando a postura de ovos é máxima (ARMOUR et al., 1987). A dificuldade respiratória é um sinal ocasional (BARR, 2010). Infecções graves podem produzir letargia e perda de peso, principalmente em gatos jovens (BARR, 2010). A efusão pleural é uma conseqüência rara da infecção (BARR, 2010). 2.6 DIAGNÓSTICO A característica diagnóstica é o achado de larvas L1 (Figura 1) nas fezes e o método de Baermann é bastante confiável. Larvas L1 também podem ser encontradas em um lavado traqueal (Figura 2), junto com muitos eosinófilos. No hemograma completo a eosinofilia está constantemente presente (BARR, 2010). 14 Figura 1. Larva L1 de Aelurostrongylus abstrusus nas fezes de um gato (método de Baermann). Observar a cauda dobrada e o esôfago longo, típicos desta larva. Fonte: Barr (2010). Figura 2. Larva L1 em uma lavagem traqueal de um gato. Fonte: Bowman (2000). O objetivo do método de Baermann (Figura 3) é a pesquisa de larvas de nematódeos pulmonares (L1) e ele tem como princípio o termo-hidropismo positivo e a sedimentação das larvas. É um exame qualitativo direto, após concentração de fezes (HOFFMANN, 1987). 15 Figura 3. Método de Baermann. Fonte: Hoffmann (1987). Podem ser necessários exames de fezes repetidos por esfregaço para encontrar a L1 característica, que apresenta uma espinha subterminal em sua cauda em forma de S. O exame de esfregaços faríngeos pode ser uma conduta adicional útil (ARMOUR et al., 1987; TAYLOR et al., 2007). A radiografia (Figura 4) revela o aumento de densidades vascular e parenquimatosa focal (ARMOUR et al., 1987; TAYLOR et al., 2007; BARR, 2010). Como a presença dos nematódeos provoca intensa resposta inflamatóriapulmonar, apesar do exame radiológico não revelar lesões patognomônicas, permite o acompanhamento da evolução e da gravidade da doença (FERREIRA et al., 2007). 16 Figura 4. Radiografia lateral do tórax mostrando padrão alveolar intersticial difuso. Fonte: Barr (2010). Na necropsia encontram-se múltiplos nódulos acinzentados de 1-10 mm, particularmente frequentes nos lobos caudais (MORAILLON, 2004). 2.6.1 Reação em Cadeia da Polimerase O método de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) é uma poderosa ferramenta para o diagnóstico molecular da aelurostrongilose, superando as limitações do diagnóstico clássico. Primers específicos são testados para especificidade e sensibilidade. A técnica de PCR é válida para fezes e amostras de swabs da faringe de gatos com história de infecção por verme pulmonar. A especificidade é de 100% e a sensibilidade de até 96,6%. A PCR é capaz de identificar os gatos que estão realmente infectados, mas que apresentam resultados negativos pelos métodos clássicos de diagnóstico (TRAVERSA et al., 2008). 17 2.7 DIAGNÓSTICO CLÍNICO DIFERENCIAL O diagnóstico diferencial deve ser feito de: Doença alérgica (asma), outras doenças parasitárias (dirofilariose) e doença cardíaca (BARR, 2010). A asma é uma doença que cursa com uma broncoconstrição reversível aguda com início súbito de tosse e dispnéia (BONAGURA, 1998). Segundo Miller (2010) a dirofilariose felina é uma doença parasitária que afeta o coração e os pulmões e as dirofilárias adultas infectam as artérias pulmonares. Também deve-se considerar traumatismo (hérnia diafragmática), doença pleural (piotórax, quilotórax), neoplasia e doenças inflamatórias, embora sejam menos prováveis (BARR, 2010). O derrame pleural é conseqüência da insuficiência cardíaca congestiva (ICC) biventricular e pode se desenvolver como uma característica de estágio final da ICC nos gatos com insuficiência cardíaca do lado esquerdo crônica (BONAGURA; LEHMKUHL, 1998). 2.8 TRATAMENTO Muitos casos irão regredir espontaneamente depois de 2 a 3 meses, sem tratamento (MORAILLON, 2004; BARR, 2010). Mas, o tratamento é muito eficaz na resolução dos sinais clínicos e na eliminação de larvas nas fezes. O prognóstico de cura completa é excelente (BARR, 2010). As alterações observadas em radiografias de tórax podem piorar depois do tratamento, pois as lesões se consolidam e ficam mais evidentes (BARR, 2010). Os glicocorticóides podem ajudar a aliviar os sinais clínicos, mas também podem interferir na cura parasitológica (BARR, 2010). Utiliza-se a prednisona 1 mg/kg por via oral, duas vezes por dia durante 5 dias para ajudar a aliviar muitos dos sinais clínicos durante a recuperação (BOWMAN, 2003). 18 Os broncodilatadores podem aliviar os sinais clínicos (HAWKINS et al., 1996; BARR, 2010). Segundo Barr (2010), os medicamentos de escolha são ivermectina e fenbendazol. A ivermectina é muito eficaz na dose única de 0,4 mg/kg via oral (PO) ou subcutânea (SC). O fenbendazol é eficaz, mas difícil de administrar aos gatos. A dose é 20 mg/kg PO, uma vez ao dia (SID) por 5 dias. Já para Taylor et al. (2007) a dose de fenbendazol é 50 mg/kg por dia durante três dias. Segundo Andrade; Santarém (2002), a ivermectina é uma avermectina que age exclusivamente sobre nematódeos e seu mecanismo de ação é a abertura dos canais de cloro pela ligação com receptores de glutamato, com morte do parasito por inanição; e o fenbendazol age pela inibição da formação de microtúbulos pela ligação da tubulina do parasito, com morte de larvas e adultos. Foreyt (2001) indica fenbendazol, ivermectina e levamisol. O fenbendazol na dose de 20- 50 mg/kg PO, SID por 10 dias. A ivermectina na dose 0.2 mg/kg SC, SID por 3 dias ou PO, SID por 5 dias. E o levamisol na dose de 40 mg/kg PO a cada 48 horas por 6 dias. Bowman (2003) lembra que levamisol administrado por via oral na dose de 8 mg/kg, 3 vezes em intervalos de 2 dias é geralmente eficaz contra A. abstrusus, como também é a dose única parenteral de ivermectina 0,4 mg/kg. Para Fisher; Shanks (2008), desde a sua introdução, aproximadamente sete anos atrás, a selamectina (Revolution®, Pfizer) tem sido usada como tratamento para A. abstrusus em gatos. A selamectina tem um perfil de segurança favorável. Pode ser útil para os gatos, para os quais pode ser difícil para os proprietários de aplicar ou administrar tratamentos. Em um relato de caso, um gato doméstico de seis meses de idade apresentou um histórico de três meses, com dispnéia e a aelusrostrongilose foi diagnosticada pela identificação de larvas de primeiro estágio na lavagem traqueal. O gato foi tratado com selamectina tópica a 18 mg/kg, e em dois dias os sinais clínicos diminuíram e cinco semanas após o início do tratamento a respiração foi notavelmente melhorada e os sinais radiográficos da doença brônquica não eram evidentes (FISHER; SHANKS, 2008). 19 2.9 CONTROLE Em animais domésticos e especialmente naqueles com tendência nômade, é difícil evitar o acesso aos hospedeiros intermediários e paratênicos (ARMOUR et al., 1987; TAYLOR, et al., 2007). A selamectina (6 mg/kg) via oral é utilizada como terapia profilática (GRANDI et al., 2005 apud TEIXEIRA et al., 2008). 20 3. CONCLUSÃO O trabalho contribuiu para meu aprendizado na área de parasitologia felina. A aelustrongilose é uma doença presente em nosso meio em que a maioria dos veterinários desconhece sua existência. Pretendo passar informações sobre esse assunto para que os colegas relembrem e aprendam sobre essa doença. Embora sua prevalência não seja alta, ela tem sua importância clínica e seu tratamento é relativamente fácil. Sempre devemos fazer uma boa anamnese, assim ficará mais fácil diagnosticarmos essa parasitose. 21 REFERÊNCIAS ANDRADE, S.F.; SANTARÉM, V.A. Endo e Ectoparasiticidas. In: ANDRADE, S.F. Manual de Terapêutica Veterinária. 2 ed. São Paulo: Roca, 2002. p: 437-476. ARMOUR J. et al. In: URQUHART, G.M. Parasitologia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. BARR, S.C. Verme Pulmonar Felino (Aelurostrongylus). In: BARR, S.C; BOWMAN, D.D. Doenças Infecciosas e Parasitárias em Cães e Gatos: Consulta em 5 Minutos. Rio de Janeiro: Editora Revinter, 2010. cap: 102. p: 529-532. BONAGURA, J.D. Distúrbios Broncopulmonares. In: BICHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 1998. p: 631-645. BONAGURA, J.D.; LEHMKUHL, L.B. Cardiomiopatia. In: BICHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais. 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