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14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 1/28 PSICOLOGIA PSICOLOGIA JURÍDICAJURÍDICA Esp. Valesca Luzia de Oliveira Passafaro IN IC IAR 1.00 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 2/28 introdução Introdução Caro(a) aluno(a), nesta unidade iremos apresentar um breve histórico a respeito da matéria de Psicologia, traçando um paralelo com Psicologia Jurídica e Psiquiatria. Portanto, não somente estudaremos a parte histórica como também observaremos como é relevante o papel de tais pro�ssionais para a sociedade. Assim, entenderemos seus pontos em comum e suas divergências, chegando, en�m, ao estudo da Psicologia Jurídica propriamente dita. Deixaremos, dessa forma, evidenciada a interface entre Direito e Psicologia, e para tanto usaremos autores que são referência em tais matérias. Demonstraremos também a importância de se contemplar a chamada interdisciplinaridade, apontando a relevância dos estudos nas mais variadas frentes para o Direito e, como consequência, para a sociedade. Seguindo esse viés, faremos um aparato de como tais matérias são atuantes no que concerne à justiça, entendendo como esta age. Bons estudos! 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 3/28 Como forma de iniciar os debates acerca do tema, devemos compreender dois pilares de suma relevância para a Psicologia e para a Filoso�a do Direito, que são o “ser” e o “dever ser”. O “ser” está conectado à subjetividade humana, com todo o aparato �losó�co e social que rege o mundo e seus acontecimentos. Em contrapartida, o “dever ser” está interligado com toda a normatização, a qual que traz a legalidade para o Direito. Podemos, então, compreender que o Direito e a Psicologia estão intimamente conectados e caminham na medida de suas conexões, lado a lado. É equivocada a ideia de que o Direito, assim como todas as suas normas, constrói-se sozinho, uma vez que se faz necessário um aparato de estudos sociais para se chegar a uma norma, e, posteriormente, assegurar a e�cácia dessa norma no campo do “deve ser”. Portanto, para o aplicador do Direito, é imprescindível que se encontre o lapso temporal no qual as matérias Psicologia e Psiquiatria se encontram, para que se compreenda que ambas estão enraizadas no Direito. Introdução à PsicologiaIntrodução à Psicologia JurídicaJurídica 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 4/28 Dentro da Psicologia existem diversas abordagens. Para o Direito, a abordagem de maior relevância, por assim dizer, é da Psicanálise, a qual nos traz uma forma de compreender a aplicação da Psicologia dentro do Direito. Para tal abordagem, o homem não nasce inserido nas normas sociais, muito menos nos costumes socialmente aceitos. Porém, ele pode se tornar um seguidor de tais normas. Segundo Freud, maior nome em síntese da Psicanálise, o homem passa necessariamente por algumas fases, nas quais vai criando uma concepção do que é a sociedade e de como caminha seu funcionamento, como se ali o ser humano começasse a ter uma acepção das normas sociais e as internalizasse. De acordo com Pinheiro (2016), tais fases são: oral; anal; fálica; e genital. Passando por todas essas fases, podemos compreender, em suma, o funcionamento básico da sociedade, e assim enraizar seus costumes. Dessa forma, demonstra-se a importância dos estudos em Psicologia tanto para o campo do “dever ser” quanto para o desenvolvimento jurídico e social. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 5/28 atividade atividade De acordo com Pinheiro (2016), pode-se a�rmar que a Psicologia, assim como a Sociologia, a História, a Economia e a Política, faz parte do mundo do “ser”, enquanto o Direito está inserido no universo do chamado “dever ser”. PINHEIRO, C. Psicologia Jurídica . 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2016. (Adaptado). Partindo dessa concepção e consultando a literatura indicada, assinale, a seguir, a alternativa correta: a) O mundo do “ser” engloba toda a subjetividade humana, enquanto o “dever ser” tem a ver com as normas em si, o mundo concreto. b) O “ser” é como deveria ser, e o “deve ser” é como é. c) O “ser”, conforme a �loso�a do Direito, está conectado à normativa legal, buscando trazer uma realidade fática ao operador do Direito. d) O “dever ser” está inserido dentro dos tribunais, como um modelo punitivo aplicado aos crimes bárbaros, servindo de referência para operadores do Direito. e) O “ser” e o “dever ser” nada mais são do que modelos de aplicação de novas maneiras de sancionar os indivíduos em sociedade. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 6/28 A Psicologia tem uma longa trajetória histórica. Desde seus primórdios, muitos �lósofos e pensadores passearam e pegaram carona nas teorias apresentadas, além de contribuírem, de certa forma, para o seu desenvolvimento. A psique humana sempre foi um grande mistério e alvo de inúmeros estudos e teorias. Partindo desse viés, é certo que, diante dessa longa trajetória, a Psicologia em si seja nova quando se trata de matéria autônoma. Apesar de sua vasta história e de suas conexões com a Filoso�a e seus pensadores, a Psicologia nem sempre foi uma matéria autônoma; consequentemente, sua capacidade de compreender o homem nem sempre é reconhecida. Interface da Psicologia com o Direito Diante do exposto, podemos a�rmar que o homem é um animal sociável. Nascemos e crescemos para viver em sociedade; porém, para regular essa convivência, vieram as chamadas normas, tomando como ponto de partida os usos e os costumes de um determinado povo. Toda convivência vem eivada A Interface da PsicologiaA Interface da Psicologia com o Direito: a Psicologiacom o Direito: a Psicologia à Luz do Direito e da Leià Luz do Direito e da Lei 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 7/28 de dilemas e discórdias, e podemos a�rmar que disso surgiu uma necessidade de regulamentação. Porém, apenas no século XIX, mesmo com toda a sua trajetória histórica, a Psicologia foi tomada como ciência. Com o passar dos anos, após a Idade Moderna, a Psicologia foi reconhecida como ciência. Dessa forma, ganharam conhecimento os estudos acerca dos insanos, ou chamados “loucos”, nessa determinada era, na qual a Psicologia Jurídica passou a ganhar forma com muitas atribuições a ela destinadas e várias outras sendo inseridas ao longo da história. A palavra “psicologia” vem de duas vertentes possíveis: advindas do grego psique, que signi�ca “alma”, “espírito”, podendo abranger toda a subjetividade humana; e de logos, que vem da razão, da criação, do estudo. Unindo essas duas premissas, temos que a Psicologia é o estudo da mente; desta forma, é a ciência que estuda a mente humana, bem como os fenômenos dela derivados ou aqueles que, junto a ela, vêm conectados. Partindo dessa premissa, ao chegarmos à de�nição de que a Psicologia estuda a mente humana, obviamente chegaremos à conclusão de que, dentro desse conceito, estão abrangidas diversas linhas de pensamento. A partir daí, entendemos que a mente humana é eivada de uma subjetividade sem tamanho, o que abre um leque gigantesco para diversos estudos voltados à área. Sendo assim, tais estudos vêm de uma gama de linhas teóricas, as quais podem contemplar as ciências biológicas e, dessa forma, suas consequências para o comportamento humano, como aquelas ligadas ao interior da mente humana, que são chamadas de psicodinâmicas, contemplando, então, o interior de cada indivíduo, como o seu funcionamento. Quando tratamos das abordagens ditas biológicas, destaca-se a Psicologia do Desenvolvimento. Tal abordagem estuda o desenvolvimento dito físico do ser humano, assim como o próprio desenvolvimento mental, desde o nascimento de uma pessoa, passando por toda sua infância e adolescência, até sua vidaadulta e velhice. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 8/28 Já na chamada Psicologia Fisiológica, destacam-se os estudos ligados ao comportamento dos pensamentos e da emoção humana. Como desdobramento de tal abordagem, temos também a Neuropsicologia, a qual estuda o cérebro humano e o sistema nervoso, bem como suas relações com a Psicobiologia, ou seja, a Neuropsicologia tem como foco toda a parte hormonal do corpo, além de toda sua bioquímica. Esses estudos estão ligados ao fato de como as drogas afetam o organismo, drogas essas que podemos exempli�car como antidepressivos, maconha, cocaína e a�ns, vertente de extrema importância para dirimir os impactos causados por tal problemática, pois se tem conhecimento de que o Brasil vive um grave problema de saúde pública, ligado fundamentalmente à dependência química e seus desdobramentos, que vão muito além do corpo humano, afetando também a sociedade como um todo. Ainda dentro dessa linha de pensamento, podemos destacar a Psicologia Experimental. Tal abordagem implica no estudo de processos biológicos básicos, como a aprendizagem, a memória, as sensações, as percepções, as cognições, as motivações e as emoções. Após uma breve explanação sobre as principais abordagens estudadas, temos que a que tem maior representatividade para os estudos da Psicologia Jurídica é a Psicanálise. Criada pelo emblemático pensador Sigmund Freud, a Psicanálise é pautada no estudo do inconsciente, que seria, em síntese, o grupo de processos mentais que não são conscientemente pensados, ao mesmo tempo em que é um método de psicoterapia e também um conjunto de elementos interligados de pensamento. A Psicologia tem uma longa história, além de uma importância imensurável para o desenvolvimento humano e social; porém, não tem a mesma trajetória quando se trata de matéria autônoma. Para entendermos seu paralelo com o Direito, assim como sua relevância nos estudos jurídicos, devemos nos reportar à sua origem, sua fase chamada de pré-cientí�ca, até chegarmos à sua construção como ciência. Dessa forma, faz-se imprescindível entender a in�uência que a Psicologia sofreu da Medicina, até compreendermos seu papel dentro do Direito, que, até então, é nosso alvo de estudo. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 9/28 Começando essa análise histórica, para compreendermos como as teorias estudadas pela Psicologia chegaram ao Ocidente, destacamos que tais raízes podem ser encontradas nos grandes �lósofos da Grécia antiga. Encontramos, então, dentro dessa �loso�a, um grande amparo e a in�uência de autores como Sócrates, Platão e Aristóteles.Tais autores não tiveram uma enorme in�uência apenas para a Psicologia Jurídica, mas também para o Direito como um todo, sendo de importância imensurável para os estudos como compreender a sociedade. Esses pensadores �zeram questionamentos que foram fundamentais para a construção dos estudos em determinadas matérias. Para a Psicologia, eles contribuíram quando �zeram alguns questionamentos, como: O que seria a instância consciente da mente humana? O ser humano é um animal racional ou irracional? O que seria o livre-arbítrio? Qual a in�uência do livre-arbítrio no modo de pensar e nas suas escolhas? Essas perguntas e tantas outras levaram as pessoas a pensarem por perspectivas diferentes das que eram vistas na época e a questionarem tais perspectivas. Até hoje, esses questionamentos são relevantes para algumas perspectivas teóricas a respeito do tema, além de serem pesquisados por pro�ssionais do mundo inteiro. Além dos pensadores citados anteriormente, a Psicologia recebeu uma forte in�uência de grandes nomes da Medicina da época, como Hipócrates, considerado pai da Medicina. Hipócrates tinha enorme curiosidade e uma vasta linha de estudo a respeito da Fisiologia. Tal matéria, em síntese, estuda todo o funcionamento do organismo vivo, Hipócrates fez diversas descobertas a respeito de como o cérebro tinha importante papel no funcionamento de vários órgãos. Esses estudos abriram caminho para o que vemos hoje, quando se trata de perspectiva biológica na Psicologia. A Psicologia surgiu como ciência a partir dos estudos em laboratórios, em meio a várias experimentações com o funcionamento anormal do cérebro. Tal 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 10/28 perspectiva já assumiu uma grande importância para a Psicologia, logo que esta foi considerada uma ciência. Até meados do século XIX, não havia qualquer atendimento para as pessoas chamadas “anormais”. Para os doentes, que não tinham um funcionamento adequado do cérebro, essa fase foi chamada de pré-cientí�ca. Tal fato era considerado um enorme problema social que a humanidade enfrentava, no qual tais pessoas moravam nas ruas e eram presas como criminosos. Não havia qualquer tratamento humano, uma vez que esses sujeitos viviam, e ainda vivem, à margem da sociedade e eram vistos como “loucos” pelas pessoas que tinham um entendimento muito super�cial a respeito da problemática. Algumas dessas pessoas ditas “anormais” eram colocadas em barcos e literalmente “largadas” nos oceanos para ali morrerem. Além disso, alguns médicos da época acreditavam que, com uma operação em suas cabeças, conseguiriam arrancar a loucura e ali devolver a sanidade. Até hoje, existem movimentos incessantes de luta, por parte da Psicologia, da Assistência Social e do Próprio Direito, para que as pessoas que sofrem com tais transtornos tenham um tratamento humanizado. No �nal do século XIX, começaram a ser aplicadas metodologias cientí�cas às questões trazidas pelos �lósofos. Desde então, a Psicologia começou a �gurar como matéria autônoma, separando-se da Filoso�a. Dessa forma, a Psicologia nasceu no século XIX, mais especi�camente no ano de 1879, ano em que foi fundado o primeiro laboratório de Psicologia da Universidade de Leipzig, na Alemanha. Após essa fase em que a Psicologia passou a ser tratada como matéria autônoma, ocorre no início do século XX, no ano de 1900, a publicação de um livro chamado “Interpretação dos sonhos”, do neurologista Sigmund Freud, o qual revolucionou os estudos que até então eram feitos e foi além do que era conhecido, com a criação da chamada Psicanálise, abordagem essa de enorme relevância para os estudos Psicologia. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 11/28 Tal abordagem foi criada por meio da experiência que Freud obteve em seus estudos e experiência clínica, atendendo pacientes que sofriam de um surto chamado, na época, de histeria. Freud defendia que os seres humanos não são tão racionais assim, e que o chamado livre-arbítrio, que até então era um princípio de relevância ímpar para os estudiosos em Psicologia, era uma ilusão. Para Freud, somos todos guiados por pulsões inconscientes que não estão na dimensão racional da nossa mente. Para os estudiosos da área, a grande contribuição de Freud foi o estabelecimento de um conceito e um entendimento para o que é inconsciente, com a compreensão de como tal inconsciente age guiando nossas decisões. Até então, alguns pensadores já haviam mencionados o chamado inconsciente; porém, para tais pensadores, o inconsciente é como se fosse um depósito no qual eram guardadas as lembranças e, dependendo do momento, elas seriam relembradas. Freud foi além dessa perspectiva, mostrando que o inconsciente possui uma gama de impulsos sexuais, de medos e de desejos ali reprimidos. Embora tais impulsos estejam, de certa forma, ali “guardados”, eles exercem uma força para voltarem à tona; dessa forma, tais impulsos voltam de maneira distorcida, disfarçados ou alterados. Partindo dessa perspectiva, foi criada a técnica chamada de “livre associação”, na qual o paciente deita sobre um divã e conta tudo o que vem à sua mente, além de relembrar sonhos e, de uma forma livre, conversarsobre os seus pensamentos. A teoria de Freud foi duramente rechaçada por outros pensadores, principalmente pelo viés da sexualidade, uma vez que a moralidade da época não compreendia o signi�cado da palavra e, assim, não conseguia se desprender das correntes dos padrões sociais impostos. Assim, podemos adentrar, de certa forma, na chamada Psicologia Jurídica, a qual, partindo de um conceito básico, podemos dizer que pode ser de�nida como um comportamento de um grupo social ou de pessoas desse grupo, em um ambiente que é juridicamente regulamentado, ou seja, um ambiente no 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 12/28 qual existem normas a serem seguidas, e onde o “deve ser” já foi internalizado o ou deve ser internalizado por quem ali convive. Dessa forma, ocorreu a evolução de como essa regulamentação jurídica se deu, de acordo com o interesse das pessoas que convivem em determinado ambiente e de acordo com o que pensam os grupos sociais. Porém, acredita-se que essa de�nição seja um tanto que incompleta, ou até mesmo ultrapassada, se partirmos do pressuposto de uma Psicologia do Direito no Direito e para o Direto. Tal Psicologia tem como enfoque entender e explicar a essencialidade do fenômeno jurídico, ou seja, a fundamentação que a Psicologia tem para o Direito, uma vez que este regula a vida em sociedade e, consequentemente, a sociedade tem muitas ênfases psicológicas. A partir desse pressuposto, temos que a Psicologia no Direito possui, por vertente, a estruturação das normas, enquanto estímulos e reguladores das condutas humanas em certo contexto. Dessa forma, quando mencionamos tal matéria para o Direito, chegamos à conclusão de que a Psicologia é uma ciência que vem como forma de auxiliar o Direito, ao lado da Medicina Legal, da Antropologia, da Sociologia e de áreas a�ns. Nesse sentido, uma de�nição, para ser exata, contempla todas as facetas que a Psicologia possui, de auxílio ao Direito, bem como outras matérias; dessa forma, poderia ser: o ramo da Psicologia traz conteúdos e pensamentos que podem vir a contribuir para a criação de normas regulamentadoras, socialmente e�cazes e adequadas, promovendo a efetivação de determinadas normas como meio de colaborar com o arranjo sistêmico de sua aplicação. Em um contexto mundial, a Psicologia Forense é mais utilizada que, propriamente, a Psicologia Jurídica, ou Psicologia do Direito; porém, entende- se que a Psicologia do Direito é mais abrangente e usual. É como se essa Psicologia fosse além das portas do fórum, tendo um papel relevante para toda a sociedade. Para entendermos como se desenvolveu a Psicologia Jurídica, temos que fazer um aparato de sua evolução ao longo dos anos. Sua origem está atrelada à Leonardo Destacar 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 13/28 Medicina, mais precisamente à Psiquiatria (para alguns, Psiquiatria Forense). Dessa forma, Hipócrates criou a primeira classi�cação de doenças nosológicas, ou seja, a classi�cação, na Medicina, das chamadas doenças mentais. Ele, no entanto, detalhou o quadro clínico chamado de melancolia, entendida hoje em dia como depressão. Na Idade Média, com o apogeu do Cristianismo, o entendimento acerca das chamadas doenças mentais retrocedeu, e elas voltaram a ser atreladas a acontecimentos sobrenaturais, como se ocorresse de uma espécie de ordem divina. Como exemplo, temos as chamadas “bruxas” e os “loucos incontroláveis”. A contenção e o tratamento, dessas doenças eram feitos, normalmente, pela Igreja, sob o argumento de que esta estava realizando uma manutenção da ordem pública. Após o exposto, podemos avançar até chegarmos aos debates acerca da Psiquiatria, que nasceu em meados de 1793, com o médico francês Philippe Pinel. A Psiquiatria foi uma inspiração, principalmente, para a Psicologia Clínica e também para a Psicopatologia, pelo fato de poderem lidar com os mesmos objetos (resumidamente, as doenças mentais). Muitos dos pensamentos desenvolvidos se deram por princípios próprios da Psiquiatria, e isso aconteceu pelo fato de que a Psiquiatria nasceu muito antes da Psicologia. Na interpelação psiquiátrica dos acontecimentos mentais, temos a contribuição de Francis Galton, que, ao defender a conceituação fenológica, a�rmava que o caráter e as funções intelectuais estavam relacionados ao tamanho do crânio do indivíduo. Dessa forma, para essa linha de raciocínio, o tamanho do crânio (grande, pequeno ou deformado) estaria relacionado aos comportamentos socialmente inadequados. Nesse contexto, existiu também a Antropologia Criminal, do médico italiano Lombroso, que foi muito conhecido por a�rmar que condutas socialmente inadequadas estavam intimamente ligadas à hereditariedade, ou seja, passavam de pais para �lhos, como a questão de que você se tornaria um criminoso ou não, além do fato de se identi�car um criminoso por suas características físicas. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 14/28 Já o médico psiquiatra francês Esquirol, na investida de tentar compreender o porquê de as pessoas terem comportamentos anormais (como a loucura, a perversão, a maldade, dentre outros), criou a chamada concepção “médico- moral”. A partir de então, a loucura propriamente dita estaria ligada a uma questão racial. Dessa forma, a causa de certos comportamentos seria a degenerescência, e tais portadores dessas degenerescências eram chamados de loucos morais. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 15/28 atividade atividade De acordo com Pinheiro (2016), a Psicanálise foi criada por Sigmund Freud, e sua obra é de suma relevância para os estudos em questão, pois revolucionou a maneira de ver o inconsciente, além de conceituá-lo. PINHEIRO, C. Psicologia Jurídica . 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. (Adaptado). Com base no exposto, assinale, a seguir, a alternativa correta: a) O estudo proposto por Freud foi de suma relevância, pois mostrou que o inconsciente apenas guarda memórias que podem ser relembradas a qualquer momento. b) Para Freud, o inconsciente não tinha tanta relevância quando era confrontado com a parte biológica do ser humano. c) Para Freud, o homem não nasce inserido nas normas sociais, muito menos nos costumes socialmente aceitos; porém, ele pode se tornar um seguidor de tais normas. d) Para Freud, o tratamento dos chamados “loucos” se baseava em eletrochoque, dentre outras práticas voltadas à Medicina. e) Para Freud, o fortalecimento dos manicômios judiciais era uma ferramenta ímpar para o tratamento dos chamados “loucos”. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 16/28 Como visto anteriormente, teorias como a Antropologia Criminal ou a médico- moral queriam demonstrar que comportamentos criminosos estariam estreitamente ligados à genética ou até mesmo a doenças mentais. De certa forma, era mais cômodo condenar doentes do que tratá-los. Partindo desse viés, podemos identi�car que a Psiquiatria e o Direito estão conectados como uma forma de compreender o indivíduo quanto à sua autonomia e sua subjetividade individual. Nesse sentido, é importante analisar, caso a caso, a capacidade desse ser de entender e, ao mesmo tempo, de ser entendido. Pode-se dizer então que a Psicologia e a Psiquiatria são áreas que tratam, sob perspectivas e fundamentos diversos, fenômenos de uma mesma espécie, sendo, portanto, inquestionável entender que, apesar das lacunas que separam essas duas áreas, os temas se relacionam, do ponto de vista de seus objetos de estudos. As doenças mentais são a principal linha de pesquisa da Psiquiatria, e englobam uma parte signi�cativa da Psicologia. Quando essas doenças A Interface entreA Interface entre Psicologia e Justiça:Psicologia e Justiça: Conceituação e Formas deConceituação e Formas de Atuação do Psicólogo naAtuação do Psicólogo na JustiçaJustiça14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 17/28 interferem na acepção de normas e no convívio sadio em sociedade, podemos entender que o estudo do Direito se faz importante, tudo sob um aspecto cientí�co, no qual se busca o próprio desenvolvimento social, e não apenas individual. No século XIX, a Psiquiatria propriamente dita tinha um condão de abordar as questões sociais, como os comportamentos anormais de certas pessoas, para que, assim, fosse possível exercer, de certo modo, um controle social. Boa parte dos estudiosos pondera que o conteúdo da Psiquiatria tinha como fundamento o controle social, o qual vinha estabelecer certa normalidade no que diz respeito a espaços urbanos propriamente ditos. Partindo desse pressuposto, a matéria tinha como prerrogativa identi�car os chamados “elementos desordeiros” para estabelecer um controle social sobre eles. Daí surgiu a necessidade de, por exemplo, se combater o alcoolismo, o vício em jogos, a prostituição e o crime com a utilização dos recursos e dos conhecimentos sobre Psiquiatria. Dessa forma, buscou-se uma conexão entre atos criminosos e doenças mentais. Em paralelo a isso, o Direito vinha com uma ideia de que enquadraria o crime sob uma perspectiva individual, e não meramente social. Consequentemente, insere-se a Psicologia Jurídica como instrumento de individualização ou aferição da in�uência da subjetividade. Na prática dos atos criminosos e de seus impulsos, leva-se em conta o aspecto da subjetividade humana, que aqui se submete ao mundo de ideias, signi�cados e emoções, não somente focando no ato cometido. A Psicologia Jurídica como Especialidade Reconhecida da Psicologia A Psicologia, no entanto, se ocupou de estudar sobre certos comportamentos; para tanto, tratou de investigar o surgimento de doenças assim, como sua abrangência, e passou a tentar compreender também objetos mentais ditos como normais, que são constitutivos de todos os seres humanos. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 18/28 Dessa forma, os estudiosos a�rmam que a Psicologia traçou um paralelo entre os questionamentos dos antigos �lósofos com os aspectos biológicos de todos os cidadãos. Portanto, a Psicologia Jurídica traçou uma divisão entre as perspectivas biológicas e as perspectivas sociais, que são objeto de estudo da Psicologia Jurídica. Assim, por toda sua contribuição social e técnica, foi editada a Resolução nº 75, de 12 de maio de 2009, que vincula os concursos públicos para juízes federais e os obrigam a ter a matéria de Psicologia Jurídica em seu conteúdo programático, bem como os temas relativos aos processos psicológicos e à obtenção da verdade, além do comportamento das partes e da testemunha (BRASIL, 2009). Portanto, a Psicologia Jurídica é uma especialidade reconhecida dentro da própria Psicologia, justamente por abrir um paralelo de estudos entre Psicologia e Psicologia Jurídica. Porém, mostrar as diferenças entre uma Psicologia que discute o biológico de cada cidadão e outra que, além de levar em conta todos os aspectos biológicos, possibilita um debate social, tira o caráter meramente punitivo, trazendo uma abrangência na qual se permite debater o social. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 19/28 atividade atividade De acordo com Pinheiro (2016), a Psicologia e a Psiquiatria são áreas que tratam dos enfoques e fundamentos diversos, fenômenos de uma mesma natureza. PINHEIRO, C. Psicologia Jurídica . 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. (Adaptado). Com base no exposto, assinale, a seguir, a alternativa correta: a) De acordo com o que foi estudado, não existe distinção entre Psiquiatria e Psicologia, sendo o objeto de estudo de ambas praticamente o mesmo. b) Existem algumas divergências entre Psicologia e Psiquiatria; porém, ambas podem ser exercidas por um pro�ssional da área de Psicologia. c) Existem interseções entre as duas disciplinas, do ponto de vista do objeto de estudo: as doenças mentais são o principal foco de estudo da Psiquiatria e um dos núcleos de estudo da Psicologia. d) Tais distinções não são relevantes, pois a Psicologia ainda serve como um acessório à Psiquiatria, assim como ao Direito. e) Tais distinções não são importantes, pois ambas estudam a psique humana. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 20/28 Para que possamos compreender o paralelo entre a Psicologia e o Direito, mais uma vez, temos que reportar a sua linha histórica. Dessa forma, duas obras foram de suma importância para que a pro�ssão de psicólogo jurídico ganhasse força em nosso país: “As raças humanas” e “A responsabilidade penal no Brasil”, da autora Nina Rodrigues. Consequentemente, surgiram os manicômios judiciários no Brasil, nos quais eram presos os doentes mentais criminosos, onde a desumanidade era tamanha e contra os próprios princípios das pro�ssões de psicólogo e psiquiatra. A Atuação da Psicologia na Justiça Em 1945, surgiu a primeira obra relacionada à união da Psicologia com a Justiça, intitulada “O Processo Psicológico e a Verdade Jurídica”, de autoria de Altavilla. Somente nove anos depois, a Psicologia Forense foi inserida na Psicanálise, como prática forense, vindo com o objetivo de apontar os fatores inconscientes que, consequentemente, levariam uma pessoa a delinquir. A Psicologia e o DireitoA Psicologia e o Direito 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 21/28 Seguindo o diagnóstico de problemas mentais, partindo de várias linhas de raciocínio, a Psicologia alcançou um contexto mais de�nido dentro do mundo jurídico, assim como a importância na atuação que o tema merecia. reflita re�ita No contexto atual, a Psicologia exerce um papel de destaque quando se trata da participação do pro�ssional, não mais um papel de mero auxiliar, e também como uma operadora do Direito propriamente dito. Além da responsabilidade de avaliações psicológicas, o pro�ssional tem como papel acompanhar vítimas de abusos, de traumas e até mesmo conduzir um depoimento, colher provas etc. A Importância da Psicologia para a Área Jurídica Destaca-se que a interdisciplinaridade vem ganhando muita força no contexto atual, e não seria para menos. É certo de que os estudos cientí�cos têm o potencial de elevar o patamar social, ou seja, ajudar no desenvolvimento social; e é óbvio que, se as mais variadas áreas do conhecimento andarem de mãos dadas, chegaremos ao �m com maior maestria, não só em relação ao Direito, mas a todas as áreas relacionadas com o desenvolvimento humano, o que dará uma resposta e�caz ao cidadão. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 22/28 saiba mais Saiba mais Cabe salientar a importância da interdisciplinaridade para o Direito, de modo que, ao operador de direito, é imprescindível ter conhecimentos básicos de Psicologia e Psicanálise, a respeito do comportamento humanos. Nesse sentido, para aprofundar seus conhecimentos sobre conceitos básicos da Psicanálise, acesse o conteúdo indicado a seguir: ACESSAR https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/11/freud-explica-entenda-sete-conceitos-basicos-da-psicanalise.html 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 23/28 atividade atividade De acordo com Pinheiro (2016), na atualidade, o papel do psicólogo vem crescendo, alcançando maior importância e reconhecimento no contexto jurídico brasileiro. Com base na a�rmação, assinale a a�rmativa correta e completa. PINHEIRO, C. Psicologia Jurídica . 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. (Adaptado). Com base na a�rmação, assinale, a seguir, a a�rmativa correta e completa: a) O papel do psicólogo é de suma relevância, quando se trata de auxiliar em laudos e elaborar pareceres técnicos, deixando a seara do Direito para o jurista. b) O papel da Psicologia cresceude tal maneira que, logo após o Direito, vem a Psicologia, em grau de relevância. c) O papel do psicólogo é o de decidir acerca dos fatos que envolvem doenças mentais, pois o juiz não exerce competência para tanto. d) A Psicologia alcançou papel de destaque, de forma que não tem um papel principal na atuação dos juristas, pois não se resume mais a laudos e é fundamental para elevar a sociedade, não só o âmbito jurídico. e) A Psicologia alcançou papel de destaque, tendo em vista que seu objetivo consiste apenas em fazer laudos, de modo que tal contribuição a elevou a ciência. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 24/28 indicações Material Complementar LIVRO Sigmund Freud: Obras Completas Editora : Buenos Aires Autor : Sigmund Freud Ano : 1856-1939. ISBN : 9788531210433 Comentário : Obra que não tem uma leitura tão fácil; porém, se bem assimilada, conduzirá o leitor a compreender o funcionamento da nova Psicologia, além de construir uma postura humana necessária para os operadores da justiça. 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 25/28 LIVRO Notas do Subsolo Editora : LeM pocket Autor : Dostoievski Ano : 1821 a 1881 ISBN : 13:978.85.254.1717-6 Comentário : Leitura rápida, por ser uma versão de bolso, e rica, levando o leitor a questionar princípios e vaidades do mundo ocidental. FILME Meu Nome não é Johnny Ano : 2008 Comentário : Além de ser um �lme brasileiro, valorizando o cenário nacional, este �lme expõe a realidade dos manicômios judiciais no Brasil. Com ele, podemos ter várias re�exões jurídicas e pessoais. TRA ILER 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 26/28 FILME Nise - O Coração da Loucura Ano : 2016 Comentário : O �lme retrata, de maneira direta, o tratamento desumano de quem sofre distúrbios mentais nos manicômios, relatando a luta de uma pro�ssional que supera preconceito e a luta contra o machismo, levando o humanismo como forma de reabilitação de doentes, além de ser uma magní�ca obra do cinema nacional que merece ser valorizada. TRA ILER 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 27/28 conclusão Conclusão Caro(a) aluno(a), nesta unidade traçamos um paralelo de toda a evolução da Psicologia, até chegarmos ao ponto no qual ela foi reconhecida como ciência; dessa forma, demonstramos as mais variadas abordagens que a matéria tem e entendemos como é vasto o estudo a respeito do tema. Seguindo esse viés, percebemos a in�uência da Medicina Legal, da Filoso�a e de outras matérias, na contribuição para que fosse construída a matéria Psicologia Jurídica. Percebemos a importância de termos uma visão humanizada quando se trata de tais matérias, e isso se re�ete nos livros e �lmes indicados, os quais mostram o tratamento desumano que os considerados “loucos” recebem dos representantes estatais. Dessa forma, você pôde compreender como criar uma visão humana durante a graduação se faz essencial para o crescimento pessoal de cada um, para que possamos alcançar um desenvolvimento social e cientí�co. No mais, vimos sobre a valorização da interdisciplinaridade como forma de efetivação das políticas públicas, levando a uma resposta adequada às demandas sociais, e sobre uma proteção estatal no que diz respeito às pessoas doentes. Assim, mostramos o quanto é importante que os mais variados ramos estejam juntos ao Direito, para que este possa atingir sua �nalidade da melhor maneira possível. Portanto, nesta unidade você estudou os conceitos básicos acerca da Psicologia Jurídica. Todavia, tais conhecimentos ainda podem ser aprofundados, de modo a entender como tal pro�ssional agirá na prática e a importância do seu papel para a sociedade como um todo. Então, não deixe de acompanhar a sequência dos estudos das próximas unidades com muita empolgação. Até breve! 14/03/2022 16:08 Ead.br https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=6281 28/28 referências Referências Bibliográ�cas BRASIL. Resolução nº 75, de 12 de maio de 2009. Dispõe sobre os concursos públicos para ingresso na carreira da magistratura em todos os ramos do Poder Judiciário nacional. Conselho Nacional de Justiça . Disponível em: < http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=2763 >. Acesso em: 12 abr. 2019. PINHEIRO, C. Psicologia Jurídica . 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. IMPRIMIR http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=2763
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