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DIREITOS HUMANOS (UNIFATECIE)

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Prévia do material em texto

Direitos
Humanos
Professora Me. Jaqueline da Silva Paulichi
EduFatecie
E D I T O R A
Reitor
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino 
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz 
Campano Santini
Diretor Administrativo 
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico 
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e 
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino 
Prof.ª Dra. Nelma Sgarbosa 
Roman de Araújo
Coordenação Adjunta de 
Pesquisa 
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de 
Extensão 
Prof. Esp. Heider Jeferson 
Gonçalves 
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação a Distância 
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design
e Diagramação
André Dudatt
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333, 
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Candido Berthier Fortes, 
2177, Centro Paranavaí-PR 
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rua Pernambuco, 1.169, 
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4 
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina 
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.unifatecie.edu.br/site/
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir do 
site ShutterStock
https://orcid.org/0000-0001-5409-4194
2021 by Editora EduFatecie 
Copyright do Texto © 2021 Os autores 
Copyright © Edição 2021 Editora EduFatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva 
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora EduFatecie. Permitido 
o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a 
possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
EQUIPE EXECUTIVA
Editora-Chefe 
Prof.ª Dra. Denise 
Kloeckner Sbardeloto
Editor-Adjunto 
Prof. Dr. Flávio Ricardo 
Guilherme
Assessoria Jurídica 
Prof.ª Dra. Letícia 
Baptista Rosa
Ficha Catalográfica 
Tatiane Viturino de 
Oliveira
Zineide Pereira dos 
Santos
Revisão Ortográ-
fica e Gramatical
Prof.ª Esp. Bruna 
Tavares Fernades
Secretária
Geovana Agostinho 
Daminelli
Setor Técnico 
Fernando dos Santos 
Barbosa
Projeto Gráfico, 
Design e 
Diagramação
André Dudatt
www.unifatecie.edu.br/
editora-edufatecie
edufatecie@fatecie.edu.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
P327d Paulichi, Jaqueline da Silva 
 Direitos humanos / Jaqueline da Silva Paulichi 
 Paranavaí: EduFatecie, 2021. 
 69 p. : il. Color. 
 ISBN 978-65-87911-40-3 
1. Direitos humanos. 2. Direitos fundamentais. I. Faculdade
de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - UniFatecie. II. Núcleo
de Educação a Distância. III. Título.
 CDD : 23 ed. 341.27 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
https://doi.org/10.33872/edufatecie.formsociocultural.2019
AUTORA
Professora Mestra Jaqueline da Silva Paulichi
● Doutoranda em Ciências Jurídicas - Direitos da Personalidade pela Unicesumar-
Maringá.
● Mestra em Ciências Jurídicas - Direitos da Personalidade pela Unicesumar -
Maringá.
● Bacharela em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Maringá-PR
● Especialista em Direito Civil e Processual Civil Pela Unicesumar - Maringá.
● Especialista em Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná.
● Especialista em Direito Tributário e Direito Público pela Universidade para o
Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, UNIDERP
● Especialista em docência do Ensino Superior e Metodologias Ativas pela
Unicesumar - Maringá.
● Pós Graduanda em Direito Digital.
● Professora de Direito.
● Advogada.
Ampla experiência como professora no curso de direito e de cursos a distância. 
Advogada desde 2011, atuando principalmente na área do direito privado.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8829469320241839
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá, caro(a) aluno(a), tudo bem? 
Vamos estudar sobre direitos humanos neste módulo, matéria que é de extrema 
relevância para o contexto social em que vivemos. 
Você já percebeu a quantidade de matérias jornalísticas relacionadas aos direitos 
humanos ultimamente? 
Por esse motivo a disciplina aqui em comento é tão necessária e tão importante no 
nosso dia a dia. Os direitos humanos são os direitos daquelas pessoas que se encontram 
em situações de vulnerabilidade, pessoas que foram ou ainda são tratadas de forma indig-
na, protegendo seus direitos como cidadãos. 
Na Unidade I vamos estudar sobre a Gênese histórica dos direitos humanos, de-
monstrando uma breve evolução histórica da disciplina e o seu Conceito no pensamento 
jusnaturalista	moderno.		Por	fim,	vamos	aprender	sobre	a	positivação	dos	direitos	humanos	
no constitucionalismo moderno. 
Na Unidade II iremos abordar acerca dos direitos humanos no direito internacional 
contemporâneo, sua fundamentação e a crítica doutrinária que se faz acerca do conceito do 
que	são	os	direitos	humanos.	Nenhum	conceito	doutrinário	será	o	suficiente	para	abranger	
toda a complexidade de direitos que compreende essa disciplina, que é tão discriminada 
nos bancos acadêmicos. 
Na Unidade III iremos abordar a sua Polissemia conceitual, a ideia de gerações e 
suas críticas e os principais documentos. Também iremos discutir acerca das características 
(ou princípios) da universalidade em contraponto à relatividade. 
Por	fim,	na	Unidade	IV	vamos	analisar	a	proteção	constitucional	aos	Direitos	Huma-
nos, bem como a sua Proteção internacional e os Direitos Fundamentais. 
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer essa jornada 
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em 
nosso	material.	Esperamos	contribuir	para	seu	crescimento	pessoal	e	profissional.	
Muito obrigado e bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Introdução aos Direitos Humanos
UNIDADE II ................................................................................................... 18
Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
UNIDADE III .................................................................................................. 32
Evolução dos Direitos Humanos
UNIDADE IV .................................................................................................. 47
Direitos Humanos e Direitos Fundamentais
3
Plano de Estudo:
● Conceitos	e	Definições	sobre	Direitos	Humanos,	evolução	histórica	e	filosófica,
além da análise dos direitos humanos para o jusnaturalismo e o reconhecimento de
documentos internacionais na ordem interna constitucional, e a positivação dos 
direitos humanos no Constitucionalismo Moderno.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar	e	contextualizar	a	disciplina	de	Direitos	Humanos;
● Discutir	sobre	os	diferentes	conceitos	da	disciplina;
● Analisar o objeto de estudo da disciplina, bem como
sua	evolução	histórica	e	filosófica;
● Compreender	as	teorias	que	tratam	sobre	o	jusnaturalismo	e	positivismo;
● Estudar a positivação dos direitos humanos no Constitucionalismo moderno.
UNIDADE I
Introdução aos Direitos Humanos
Professora Me. Jaqueline da Silva Paulichi
4UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
INTRODUÇÃO
Olá, estudante, tudo bem? 
Nesta unidade iremos estudar sobre os conceitos iniciais de direitos humanos, bem 
como a sua importância como disciplina autônoma para o direito. Iremos abordar também 
os diferentes conceitos da disciplina e entender o porquê essa matéria é considerada tão 
complexa pelos estudantes de direito. Vamos analisar a evolução histórica dos direitos 
humanos, o reconhecimento de documentos internacionais pela ordem jurídica interna, 
e também vamos ler e analisar os documentos internacionais que tratam sobre direitos 
humanos.
Posteriormente, vamos estudar sobre o jusnaturalismo e sua importância para a 
disciplina, realizando breve comparaçãocom o positivismo.
Por	fim,	iremos	estudar	sobre	os	direitos	humanos	na	ordem	constitucional	moder-
na, em que há o reconhecimento de documentos internacionais que tratam sobre direitos 
humanos na ordem jurídica interna, por meio do reconhecimento e positivação nas Consti-
tuições.
Veja os materiais complementares e as leituras recomendadas!!!
Bom estudo!
5UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
1. GÊNESE HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS
1.1 Introdução
Direitos humanos é uma disciplina ligada ao direito internacional público, em que 
se estudam os direitos dos cidadãos previstos na ordem internacional. Dessa forma, a 
disciplina possui extrema relevância para a compreensão dos direitos que os cidadãos 
possuem no ordenamento jurídico brasileiro e na ordem internacional. 
Os direitos humanos compreendem um conjunto de normas de ordem internacional, 
que confere direitos e deveres às pessoas, reconhecendo a sua vulnerabilidade, dignidade 
e necessidade de proteção das minorias e grupos vulneráveis. 
Esta disciplina abrange muito mais que direitos das pessoas presas ou de pessoas 
que se encontram em situação de necessidade, eis que os direitos básicos previstos na 
Constituição Federal de 1988 decorrem de documentos internacionais que reconheceram, 
por exemplo, a necessidade de proteção ao consumidor, às crianças, às pessoas com 
deficiência,	o	direito	ao	voto,	direito	de	propriedade,	dentre	outros.
Esses direitos compreendem os direitos civis e políticos, os direitos difusos e co-
letivos e direitos econômicos, sociais e culturais. Incluem os direitos à vida, à integridade 
física, à liberdade de ir e vir, liberdade de manifestação, opinião, voto, religiosa, associação, 
dentre outras, bem como o direito de propriedade, direito de ação, direito ao nome, ao 
desenvolvimento sustentável, dentre outros.
6UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
1.2 Evolução dos Direitos Humanos
Considerando que a pessoa humana é igual em todos os locais, independentemen-
te	de	suas	diversidades	culturais,	religiosas,	geográficas	etc.,	o	tratamento	dispensado	às	
pessoas também deve ser igual. Dessa forma, o jusnaturalismo ressalta a pessoa humana 
como o fundamento absoluto, atemporal e global dos direitos humanos. O jusnaturalismo é 
amparado por diversos doutrinadores, como Dalmo de Abreu Dalari e Fábio Konder Com-
parato.
O jusnaturalismo, ou direito natural, é a teoria que fundamenta o direito no bom 
senso, racionalidade, equidade e pragmatismo. A partir do jusnaturalismo que se pode com-
preender	outras	vertentes	filosóficas	do	direito	e,	a	partir	dele,	surgiram	as	outras	correntes	
sobre o direito em si. 
De acordo com a doutrina do contratualismo,	que	remonta	à	filosofia	grega,	a	socie-
dade humana e o Estado originaram por um acordo ou contrato estabelecido entre cidadãos 
autônomos, valorizando, desta maneira, a liberdade individual. Pelo positivismo, todo o 
direito passa a ser positivo e o direito natural deixa de ser direito. Como diz Bobbio: “o 
direito positivo é direito, o direito natural não é direito”. 
Podemos destacar que a noção de direitos humanos foi cunhada ao longo dos últi-
mos	três	milênios	da	civilização.	Grande	parte	da	doutrina	afirma	que	os	direitos	humanos	
foram cunhados ao longo dos últimos três milênios da civilização. Dessa forma, o período 
de	formação	do	eixo	filosófico	ou	período	axial	dos	direitos	humanos	abrange	os	anos	de	
800 antes de Cristo a 200 antes de Cristo, que marca parte da história em que a China 
ocidente	e	a	Índia	passaram	a	defender	princípios	filosóficos	semelhantes.	
Também	nesse	período	nasce	a	filosofia	e	a	ideia	de	igualdade	entre	as	pessoas.	
Bezerra Leite (2014, p. 2) explica em detalhes sobre o período citado:
É	possível	adotar	diversos	critérios	para	estudar	a	História	dos	Direitos	Hu-
manos,	como	o	mitológico,	o	religioso,	o	político,	o	filosófico,	o	sociológico	e	o	
jurídico.	Nesta	obra	discorreremos	sobre	a	origem	dos	Direitos	Humanos	com	
ênfase para a perspectiva jurídica. Do ponto de vista jurídico-normativo, va-
mos encontrar as primeiras leis que, não obstante os rigorismos das sanções 
que previam em caso de sua inobservância, buscam enaltecer a necessidade 
da convivência harmônica entre as pessoas. Cronologicamente, podemos ci-
tar	as	primeiras	leis	que,	de	certo	modo,	acabaram	influenciando	a	formação	
histórica	dos	Direitos	Humanos.	Ei-las:
• 1694	a.	C.	–	Código	de	Hamurabi	(Mesopotâmia)
• 3000-1000 a. C. – Civilização Egeia
• 1300-450 a. C. – Lei Mosáica (Pentateuco)
• 1300-800	a.	C.	–	Código	de	Manu	(Hinduísmo)
• 1000 a. C. – Leis Zoroastrianas • Séculos XV-XIV a. C. – surgem as Legis-
lações Budista e Confuciana
• 450 a. C. – Lei das XII Tábuas (Roma)
• Séculos I a XV – Legislação Cristã
• Século VII – Legislação Islâmica Entre os séculos VIII e II a. C.,
7UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
Isto é, entre 600 e 480 a. C., coexistiram, embora desconhecendo-se uns 
aos outros, Zaratrusta (Pérsia), Buda (Índia), Lao-Tsê e Confúcio (China), 
Pitágoras (Grécia) e Isaías (Israel). É exatamente nesse período, chamado 
de axial, que surgem as primeiras formulações teóricas que abandonam as 
explicações mitológicas e propõem a elaboração dos grandes princípios e 
diretrizes fundamentais da vida humana, até hoje em vigor.
O Cristianismo também contribuiu para a evolução dos direitos humanos, estabe-
lecendo que os homens são iguais perante Deus. A partir do século XIV, com as transfor-
mações decorrentes do iluminismo, houve alteração das estruturas da organização social e 
política da época. Destaca-se que o iluminismo1 ocorreu entre a Revolução Inglesa de 1688 
e a Revolução Francesa de 1789.
A Revolução Francesa trouxe os ideais que representariam os direitos humanos, 
como a liberdade, a igualdade e a fraternidade. 
Com o término da Segunda Guerra Mundial, as pessoas se conscientizaram acerca 
do tratamento digno ao ser humano. Consequentemente, houve a criação da Organiza-
ção das Nações Unidas e na declaração de inúmeros Tratados Internacionais de Direitos 
Humanos,	como	“A	Declaração	Universal	dos	Direitos	do	Homem”,	como	ideal	comum	de	
todos os povos.
1 O iluminismo foi um movimento intelectual que começou na Europa a partir do século XVII e ganhou for-
ça no século XVIII. A França é considerada o país que liderou intelectualmente o iluminismo europeu. Tinha 
como principais características a valorização da razão, considerada o mais importante instrumento para se 
conseguir	qualquer	tipo	de	conhecimento.	Para	os	filósofos,	o	pensamento	era	a	única	luz	capaz	de	iluminar	
as “trevas” (antigo regime). Os pensadores de grande reconhecimento dessa época foram René Descarts, 
Montesquieu, Voltaire, Jacques Rousseau, Denis Diderot, Adam Smith, etc. Foi um momento de contestar 
os ideais religiosos que eram predominantes na época, além da economia e política, provocando mudanças 
sociais e culturais. Chamado de “século das luzes”, o iluminismo trouxe ideias voltadas à razão para des-
legitimar o modelo de estado predominante na época. Seu ideal era defender a liberdade, progresso, tole-
rância, fraternidade, governo constitucional e afastamento entre igreja e estado. Junto com o iluminismo, a 
Revolução Industrial abriu caminhos para a grande mudança política determinada pela Revolução Francesa. 
O matemático francês René Descartes (1596-1650), considerado o pai do racionalismo, foi um dos precur-
sores desse movimento. Em sua obra “Discurso do método”, que repercutiu na época, Descartes convida 
as pessoas a questionarem tudo o quanto for possível para se chegar à verdade. Para ele, somente através 
da	dúvida	é	possível	compreender	o	mundo.	No	final	do	século	XVII	e	na	primeira	metade	do	século	XVIII,	a	
influência	dominante	sobre	a	ideologia	do	iluminismo	veio	das	percepções	mecanicistas	(doutrina	segundo	
a qual os seres vivos são analisados ou entendidos a partir de uma sucessão de causas). Neste âmbito, o 
filósofo	da	natureza	mais	influente	foi	o	físicoinglês	Isaac	Newton.	Contudo,	na	metade	do	século	XVIII	os	
iluministas iam se afastando pouco a pouco das ideias mecanicistas e começaram a se aproximar das teorias 
vitalistas.	As	teorias	sociais	e	filosóficas	desenvolvidas	na	segunda	metade	do	século	XVIII,	por	autores	que	
contribuíram	com	o	iluminismo	como	Denis	Diderot	e	Johann	Gottfried	von	Herder,	entre	muitos	outros,	tive-
ram	grande	influência	das	obras	de	naturalistas	Johann	Friedrich	Blumenbach	(classificou	o	ser	humano	em	
raças).	Algumas	literaturas	colocam	o	Iluminismo	como	uma	escola	filosófica,	mas	não	existia	somente	um	
movimento. Pensadores e cientistas de áreas distintas colaboraram para as mudanças de pensamento es-
tabelecidos pela época. Foi um momento de mentes brilhantes pesquisarem, escreverem e divulgarem suas 
descobertas	e	teorias.	O	iluminismo	desempenhou	grande	influência	sobre	o	aspecto	político	e	intelectual	de	
boa parte dos países ocidentais. Algumas mudanças políticas importantes aconteceram, bem como a implan-
tação e formação de estados-nação, a ampliação de direitos civis, além da diminuição do poder da igreja. As 
ideias dos iluministas espalharam-se com rapidez pela sociedade. Até os reis absolutistas, na época, receo-
sos de perderem seu posto, passaram a adotar algumas ideias do iluminismo. Esses reis eram chamados de 
Déspotas Esclarecidos, pois tentavam conciliar a maneira absolutista de governar com as ideias de avanço 
iluministas (MENDES, 2018). 
1.3 Documentos Históricos
O primeiro documento a tratar dos direitos humanos foi a Magna Carta, que subme-
teu o governante a um corpo escrito de normas, ressaltando a inexistência de arbitrarieda-
des na cobrança de impostos. A cobrança de uma multa ou ainda a prisão de uma pessoa 
necessitava de um julgamento justo. 
A Petition of Rights tenta incorporar os direitos previstos na Magna Carta, através 
da obrigatoriedade de consentimento do parlamento para a realização de inúmeros atos. 
O Habeas Corpus Act instituiu o direito à liberdade de locomoção a todos os indi-
víduos. A Bill of Rights assegurou a supremacia do Parlamento sobre a vontade do Rei. A 
Declaração de Direitos do estado da Virgínia prevê que 
todos os homens são por natureza igualmente livres e independentes e têm 
certos direitos inatos de que, quando entram no estado de sociedade, não 
podem, por nenhuma forma, privar ou despojar de sua posteridade, nomea-
damente o gozo da vida e da liberdade, com os meios de adquirir e possuir 
propriedade e procurar e obter felicidade e segurança. 2
A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América (1776) e a Cons-
tituição	Federal	EUA,	de	1787,	solidificam	barreiras	contra	o	Estado,	como	tripartição	do	
poder e assegura alguns direitos fundamentais, como a igualdade entre os homens, a vida, 
a liberdade, a propriedade. 
As Emendas Constitucionais americanas permanecem em vigor até hoje, demons-
trando o caráter atemporal desses direitos fundamentais.
1.4 As 11 emendas da Constituição dos EUA, promulgadas em 17983
Artigo 1º - O Congresso não fará lei relativa ao estabelecimento de religião ou 
proibindo o livre exercício desta, ou restringindo a liberdade de palavra ou de imprensa, ou 
o direito	do	povo	de	reunir-se	pacificamente	e	dirigir	petições	ao	governo	para	a	reparação
de seus agravos.
Artigo 2º - Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma 
milícia bem organizada, não se impedirá o direito do povo de possuir e portar armas.
Artigo 3º - Nenhum soldado será, em tempo de paz, alojado em qualquer casa sem 
o consentimento do proprietário, nem em tempo de guerra, salvo pela forma prescrita em lei.
Artigo 4º - Não será infringido o direito do povo à inviolabilidade de sua pessoa, ca-
sas, papéis e haveres, contra buscas e apreensões irrazoáveis e não se expedirá mandado 
2 DIREITO INTERNACIONAL, Legislação. Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia, 12 de junho 
de	1776.	Disponível	em:	<http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/decl776.htm>.	Acesso	em:	08.12.2020
3 Constituição dos Estados Unidos da América.
http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/decl776.htm
9UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
a	não	ser	mediante	indícios	de	culpabilidade,	confirmados	por	juramento	ou	declaração,	e	
nele se descreverão particularmente o lugar da busca e as pessoas ou coisas que tiverem 
de ser apreendidas.
Artigo 5º - Nenhuma pessoa será obrigada a responder por um crime capital ou 
infamante, salvo por denúncia ou pronúncia de um grande júri, exceto em se tratando de 
casos que, em tempo de guerra ou de perigo público, ocorram nas forças terrestres ou 
navais,	ou	na	milícia,	quando	em	serviço	ativo;	nenhuma	pessoa	será,	pelo	mesmo	crime,	
submetida duas vezes a julgamento que possa causar-lhe a perda da vida ou de algum 
membro;	nem	será	obrigada	a	depor	contra	si	própria	em	processo	criminal	ou	ser	privada	
da	 vida,	 liberdade	 ou	 propriedade	 sem	processo	 legal	 regular	 (“due	 process	 of	 law”);	 a	
propriedade privada não será desapropriada para uso público sem justa indenização.
Artigo 6º - Em todos os processos criminais o acusado terá direito a julgamento 
rápido e público, por júri imparcial no Estado e distrito onde o crime houver sido cometido, 
distrito	esse	que	será	previamente	delimitado	por	lei;	a	ser	informado	da	natureza	e	causa	
da	acusação;	a	ser	acareado	com	as	testemunhas	que	lhe	são	adversas;	a	dispor	de	meios	
compulsórios para forçar o comparecimento de testemunhas da defesa e a ser assistido 
por advogado.
Artigo	 7º	 -	 Nos	 processos	 segundo	 a	 “common	 law”,	 em	 que	 o	 valor	 da	 causa	
exceder US$ 20, será garantido o direito a julgamento pelo júri e os fatos julgados por este 
não serão reexaminados em nenhum tribunal dos Estados Unidos, a não ser de acordo com 
as	regras	da	“common	law”.
Artigo	8º	-	Não	se	exigirão	fianças	exageradas,	não	se	imporão	multas	excessivas,	
nem	se	infligirão	penas	cruéis	e	desusadas.
Artigo 9º - A enumeração de certos direitos na Constituição não será interpretada 
de modo que se neguem ou restrinjam outros retidos pelo povo.
Artigo 10º - Os poderes não delegados aos Estados Unidos pela Constituição, nem 
proibidos pela mesma aos Estados, são reservados aos Estados, respectivamente, ou ao povo.
Artigo 11º - O poder judiciário dos Estados Unidos não se entenderá como extensivo 
a qualquer ação segundo a lei ou a equidade iniciada ou processada contra um dos Estados 
por cidadãos de outro Estado, ou por cidadãos ou súditos de qualquer estado estrangeiro. 
Emendas em vigor desde 8 de janeiro de 1798. 
Após a Revolução Francesa, de 1789, foi aprovada a “Declaração dos Direitos 
do	Homem	e	 do	Cidadão”,	 que	 garante	 os	 direitos	 referentes	 à	 liberdade,	 propriedade,	
10UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
segurança e resistência à opressão. Destaca o princípio da legalidade e da igualdade de 
todos perante a lei e da soberania popular. 
 No século XX ocorreu a regulação dos direitos econômicos e sociais que passaram 
a incorporar as Constituições Nacionais. A primeira Carta Magna, a prever esses direitos 
econômicos, foi a Constituição Mexicana, de 1917.
11UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
2. CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS NO PENSAMENTO JUSNATURALISTA
MODERNO
O jusnaturalismo é a teoria que defende a existência de direitos inatos ao ser 
humano, independente de positivação pelos legisladores. Esse direito natural, por existir in-
dependente	da	lei,	é	maior	que	o	direito	positivo,	e,	assim,	em	eventual	conflito	de	normas,	
o jusnaturalismo deverá prevalecer.
O	jusnaturalismo	afigura-se	como	uma	corrente	jurisfilosófica	de	fundamenta-
ção do direito justo que remonta às representações primitivas da ordem legal 
de	origem	divina,	passando	pelos	sofistas,	estoicos,	padres	da	igreja,	esco-
lásticos,	racionalistas	dos	séculos	XVII	e	XVIII,	até	a	filosofia	do	direito	natu-
ral do século XX.Com base no magistério de Norberto Bobbio (1999, p. 22), 
podem ser vislumbradasduas teses básicas do movimento jusnaturalista. A 
primeira tese é a pressuposição de duas instâncias jurídicas: o direito positivo 
e o direito natural. O direito positivo corresponderia ao fenômeno jurídico con-
creto, apreendido pelos órgãos sensoriais, sendo, desse modo, o fenômeno 
jurídico	 empiricamente	 verificável,	 tal	 como	 ele	 se	 expressa	 por	meio	 das	
fontes de direito, especialmente aquelas de origem estatal. Por sua vez, o 
direito natural corresponderia a uma exigência perene, eterna ou imutável de 
um direito justo, representada por um valor transcendental ou metafísico de 
justiça. A segunda tese do jusnaturalismo é a superioridade do direito natural 
em face do direito positivo. Nesse sentido, o direito positivo deveria, conforme 
a doutrina jusnaturalista, adequar--se aos parâmetros imutáveis e eternos 
de justiça. O direito natural enquanto representativo da justiça serviria como 
referencial valorativo (o direito positivo deve ser justo) e ontológico (o direito 
positivo injusto deixar de apresentar juridicidade), sob pena de a ordem jurídi-
ca	identificar-se	com	a	força	ou	o	mero	arbítrio.	O	direito	vale	caso	seja	justo	
e, pois, legítimo, daí resultando a subordinação da validade à legitimidade da 
ordem jurídica (SOARES, 2019, p. 141).
12UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
Assim, para o jusnaturalismo, os direitos humanos são direitos naturais do indivíduo, 
originários e inalienáveis, que existem independente do Estado. Cabe ao Legislador apenas 
o reconhecimento dos direitos humanos, eis que esses direitos existem independente do
Estado. Nota-se que os direitos humanos na linha jusnaturalista seria o direito à vida, inte-
gridade física, liberdades (e suas diversas vertentes), dentre outros direitos fundamentais
do cidadão. Para os jusnaturalistas, existe a ideia de anterioridade dos direitos humanos
em relação ao Estado.
Alguns	autores	renomados	procuram	definir	os	direitos	humanos	para	a	corrente	
jusnaturalista, no qual colaciona-se a seguir (LEITE, 2014, p. 37):
● Pérez Luno	define:	“conjunto	de	faculdades	e	instituições	que,	em	cada	momento
histórico, concretizam as exigências da dignidade, da liberdade e da igualdade
humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos
jurídicos em nível nacional e internacional”.
● Maurice Cranston: “uma expressão do século XX tradicionalmente conhecida
como direitos naturais, ou, simplesmente, direitos do homem”.
● Alexandre de Moraes: “sustenta que os direitos humanos fundamentais cons-
tituem um conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que
tem	por	finalidade	básica	o	respeito	à	sua	dignidade,	por	meio	de	sua	proteção
contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de
vida e desenvolvimento da personalidade humana”.
● José Afonso da Silva:	“reconhece	a	dificuldade	de	se	conceituar	direitos	hu-
manos, mas prefere a expressão direitos fundamentais do homem, porque além
de referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a
ideologia política de cada ordenamento jurídico, é reservada para designar, no
nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza
em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas”.
13UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
3. POSITIVAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO CONSTITUCIONALISMO MODERNO
A era contemporânea dos direitos humanos pode ser destacada a partir da Revo-
lução	Francesa	e,	consequentemente,	a	Declaração	dos	Direitos	do	Homem	e	do	Cidadão,	
de 1789. A partir dessa declaração, inúmeras mudanças de impacto surgiram, como: a 
incorporação	 das	 previsões	 da	 Declaração	 dos	 Direitos	 do	 Homem	 e	 do	 Cidadão	 nas	
Constituições;	as	decisões	que	se	referem	à	Declaração	como	fonte	de	direito,	reconhe-
cendo	a	sua	importância	e	legitimidade;	e,	por	fim,	a	previsão	nas	Constituições	acerca	da	
Declaração.
Esse	reconhecimento	da	Declaração	dos	Direitos	do	Homem	e	do	Cidadão	de	1789	
pelas Constituições Nacionais demonstra a legitimidade e importância das Declarações 
que tratam sobre direitos humanos. 
Segue	a	Declaração	dos	Direitos	do	Homem	e	do	Cidadão	de	1789:
Os representantes do povo francês, reunidos em Assembléia Nacional, tendo 
em vista que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do ho-
mem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção dos Governos, 
resolveram declarar solenemente os direitos naturais, inalienáveis e sagra-
dos	do	homem,	a	fim	de	que	esta	declaração,	sempre	presente	em	todos	os	
membros do corpo social, lhes lembre permanentemente seus direitos e seus 
deveres;	a	fim	de	que	os	atos	do	Poder	Legislativo	e	do	Poder	Executivo,	
podendo	ser	a	qualquer	momento	comparados	com	a	finalidade	de	 toda	a	
instituição	política,	sejam	por	isso	mais	respeitados;	a	fim	de	que	as	reivindi-
cações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e incontes-
táveis, se dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral.
Em razão disto, a Assembléia Nacional reconhece e declara, na presença e 
sob a égide do Ser Supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão:
14UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções 
sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2º. A	finalidade	de	toda	associação	política	é	a	conservação	dos	direitos	
naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a pro-
priedade a segurança e a resistência à opressão.
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. 
Nenhuma operação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não 
emane expressamente.
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próxi-
mo. Assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limi-
tes senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo 
dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei.
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não 
é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a 
fazer o que ela não ordene.
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito 
de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. 
Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos 
os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as 
dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem 
outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos deter-
minados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solici-
tam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser 
punidos;	mas	qualquer	cidadão	convocado	ou	detido	em	virtude	da	lei	deve	
obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente neces-
sárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e 
promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, 
se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua 
pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei.
Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões 
religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública esta-
belecida pela lei.
Art. 11º. A livre comunicação das idéias e das opiniões é um dos mais precio-
sos direitos do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir 
livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos 
previstos na lei.
Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma 
força pública. Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para 
utilidadeparticular	daqueles	a	quem	é	confiada.
Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para as despesas de adminis-
tração é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre 
os cidadãos de acordo com suas possibilidades.
Art. 14º. Todos	os	cidadãos	têm	direito	de	verificar,	por	si	ou	pelos	seus	repre-
sentantes, da necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, 
de	observar	o	seu	emprego	e	de	lhe	fixar	a	repartição,	a	coleta,	a	cobrança	
e a duração.
Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela 
sua administração.
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos 
nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela 
pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente com-
provada o exigir e sob condição de justa e prévia indenização (USP, s.d., 
on-line).
15UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
SAIBA MAIS
Nações Unidas
Neste site há alguns textos sobre direitos humanos que podem auxiliar nos estudos:
https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/
NAÇÕES UNIDAS. O que são direitos humanos?
Disponível em: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/. Acesso em 18 ago. 2020.
REFLITA 
“Os direitos humanos são, portanto, direitos protegidos pela ordem internacional (espe-
cialmente por meio de tratados multilaterais, globais ou regionais) contra as violações e 
arbitrariedades que um Estado possa cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. São 
direitos indispensáveis a uma vida digna e que, por isso, estabelecem um nível protetivo 
(standard) mínimo que todos os Estados devem respeitar, sob pena de responsabilidade 
internacional. Assim, os direitos humanos são direitos que garantem às pessoas sujei-
tas à jurisdição de um dado Estado meios de vindicação de seus direitos, para além do 
plano interno, nas instâncias internacionais de proteção (v.g., em nosso entorno geográ-
fico,	perante	a	Comissão	Interamericana	de	Direitos	Humanos,	que	poderá	submeter	a	
questão	à	Corte	Interamericana	de	Direitos	Humanos).
Destaque-se,	por	fim,	que,	quando	se	trata	da	proteção	dos	direitos	humanos,	não	im-
porta a nacionalidade da vítima, bastando ter sido ela violada em seus direitos de índole 
internacional por ato de um Estado sob cuja jurisdição se encontrava. No que tange à 
proteção do sistema global (onusiano), não há maiores problemas, havendo dúvidas 
no que toca à proteção regional. Tout court, a competência do sistema regional (e do 
tribunal	respectivo)	para	verificar	a	responsabilidade	internacional	de	um	Estado,	está	a	
depender	da	jurisdição	(não	do	locus	geográfico)	em	que	tenha	sido	cometida	a	violação	
de direitos humanos, independentemente da nacionalidade da vítima (importando ape-
nas de qual sistema de proteção faz parte o Estado). Assim, uma violação de direitos a 
cidadão francês no Brasil previne a competência do sistema interamericano de direitos 
humanos	 (Comissão	e	Corte	 Interamericanas	de	Direitos	Humanos);	 já	uma	violação	
de direitos a cidadão brasileiro na Guiana Francesa (departamento ultramarino francês) 
previne a competência do sistema europeu de direitos humanos (Corte Europeia de Di-
reitos	Humanos)”.
Fonte: Mazzuoli (2020, p. 20).
https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/
https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/
16UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a)	estudante,	nesta	unidade	analisamos	a	introdução	aos	Direitos	Humanos,	
seu histórico e principais documentos que tratam da disciplina. Vimos, por exemplo, os 
principais	 eixos	 históricos	 e	 filosóficos,	 apresentado	 a	 teoria	 jusnaturalista	 e	 positivista	
sobre direitos humanos. Estudamos também a visão jusnaturalista dos direitos humanos, 
no qual esses direitos já existem, independente de positivação e/ou reconhecimento pelo 
Estado, eis que os direitos humanos são inerentes ao homem, possuindo as características 
de serem absolutos, perpétuos e intrínsecos.
Ao se analisar os direitos humanos na perspectiva do direito constitucional contem-
porâneo, percebe-se que a Revolução Francesa teve forte impacto nesta divisão da disci-
plina. Assim, a Declaração	dos	Direitos	do	Homem	e	do	Cidadão	de	1789	trouxe	inúmeras	
mudanças no direito Constitucional Contemporâneo, eis que as Constituições nacionais 
passaram a prever direitos da Declaração em seu texto, reconhecendo a sua importância 
no âmbito interno e internacional.
17UNIDADE I Introdução aos Direitos Humanos
LEITURA COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Diário De Anne Frank
Sinopse: O livro trata do diário de Anne Frank, uma garota judia 
que se viu obrigada a se esconder com a família durante a 2ª 
Guerra	Mundial.	No	livro	há	relatos	sobre	seus	dias,	suas	aflições,	
suas curiosidades em meio à Guerra. Trata de uma história real e 
profunda, que auxilia o aluno a entender o porquê dos direitos hu-
manos, e a importância de tratar todo ser humano com dignidade. 
É uma leitura leve, mas que possui uma grande carga histórica.
LIVRO 
Título: Temas de Direitos humanos
Autor: Flávia Piovesan
Editora: Saraiva
Sinopse: O livro trata de temas sobre direitos humanos, dividido em 
três partes. A primeira parte do livro abrange a Constituição Brasi-
leira de 1988 e os tratados internacionais de proteção dos direitos 
humanos, já a segunda parte abrange o sistema internacional de 
proteção dos direitos humanos e a terceira parte trata o sistema 
internacional	de	proteção	dos	direitos	humanos	e	a	redefinição	da	
cidadania no brasil.
FILME/VÍDEO 
Título:	Direitos	Humanos
Ano: 2016
Sinopse: Vídeo que trata de breve explicação sobre o que são os 
direitos humanos, sua importância na sociedade e relevância.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=hGKAaVoDlSs
https://www.youtube.com/watch?v=hGKAaVoDlSs
18
Plano de Estudo:
● Conceitos	e	Definições	sobre	Direitos	humanos	no	direito	internacional
contemporâneo;	Fundamentação	dos	direitos	humanos;	Crítica	ao	conceito	
de direitos humanos.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer	a	evolução	da	contabilidade	e	seus	fundamentos	históricos;
● Conceituar	a	contabilidade,	seu	objetivo	e	suas	áreas	de	aplicação;
● Identificar	os	aspectos	legais	da	contabilidade;
● Compreender as características da informação e quem as utiliza.
UNIDADE II
Fundamentos e Conceitos 
de Direitos Humanos
Professora Me. Jaqueline da Silva Paulichi
19UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
INTRODUÇÃO
Olá, estudante, tudo bem? Nesta unidade iremos estudar sobre Direitos humanos 
no direito internacional contemporâneo, a Fundamentação dos direitos humanos e Crítica 
ao conceito de direitos humanos. 
É importante que você leia os materiais recomendados, assim como os tratados e 
convenções que iremos mencionar nesta apostila, pois irão auxiliar nos seus estudos.
Veja os materiais complementares e as leituras recomendadas!!!
Bom estudo!
20UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
1. DIREITOS HUMANOS NO DIREITO INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO
Os	Direitos	Humanos	no	Direito	 Internacional	 têm	 início	a	partir	 do	Pós	Guerra,	
sendo considerado uma resposta às atrocidades realizadas durante o movimento nazista. 
Assim, procurou-se redesenhar os aspectos de dignidade e direitos humanos, elaborando 
um referencial teórico apto a orientar a ordem internacional contemporânea. Dessa forma, 
foi adotada a conversão dos direitos humanos em tema de legítimo interesse da comu-
nidade internacional. Consequentemente, formou-se um sistema normativo internacional 
de proteção de direitos humanos, em âmbito regional e global. Esses documentos trazem 
rumos norteadores da proteção da pessoa, baseados no princípio da dignidade da pessoa 
humana (PIOVESAN, s.d.).
O princípio da dignidade da pessoa humana está previsto no art. 1º, inc. III da 
Constituição Federal, elevando-o a fundamento da República Federativa do Brasil. Esse 
princípio é utilizado como fundamentação em diversosjulgados do STF e STJ. Veja alguns 
casos já decididos pelo STF:
Deixar a cargo da mulher autora da representação a decisão sobre o início 
da	persecução	penal	significa	desconsiderar	o	temor,	a	pressão	psicológica	
e econômica, as ameaças sofridas, bem como a assimetria de poder de-
corrente de relações histórico-culturais, tudo a contribuir para a diminuição 
de sua proteção e a prorrogação da situação de violência, discriminação e 
ofensa à dignidade humana. Implica relevar os graves impactos emocionais 
impostos pela violência de gênero à vítima, o que a impede de romper com o 
estado de submissão. [...] Descabe interpretar a Lei Maria da Penha de forma 
dissociada	do	Diploma	Maior	e	dos	tratados	de	direitos	humanos	ratificados	
pelo Brasil, sendo estes últimos normas de caráter supralegal também aptas 
21UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
a nortear a interpretação da legislação ordinária. Não se pode olvidar, na 
atualidade, uma consciência constitucional sobre a diferença e sobre a es-
pecificação	dos	sujeitos	de	direito,	o	que	traz	legitimação	às	discriminações	
positivas voltadas a atender as peculiaridades de grupos menos favorecidos 
e a compensar desigualdades de fato, decorrentes da cristalização cultural 
do preconceito. [...] Procede às inteiras o pedido formulado pelo PGR, bus-
cando-se o empréstimo de concretude maior à CF. Deve-se dar interpretação 
conforme	à	Carta	da	República	aos	arts.	12,	I;	16;	e	41	da	Lei	11.340/2006	
– Lei Maria da Penha – no sentido de não se aplicar a Lei 9.099/1995 aos
crimes glosados pela lei ora discutida, assentando-se que, em se tratando
de lesões corporais, mesmo que consideradas de natureza leve, praticadas
contra a mulher em âmbito doméstico, atua-se mediante ação penal pública
incondicionada. [...] Representa a Lei Maria da Penha elevada expressão da
busca das mulheres brasileiras por igual consideração e respeito. Protege a
dignidade da mulher, nos múltiplos aspectos, não somente como um atributo
inato, mas como fruto da construção realmente livre da própria personalida-
de. Contribui com passos largos no contínuo caminhar destinado a assegurar
condições mínimas para o amplo desenvolvimento da identidade do gênero
feminino.[ADI 4.424, voto do rel. min. Marco Aurélio, j. 9-2-2012, P, DJE de
1º-8-2014.]=	ARE	773.765	RG,	rel.	min.	Gilmar	Mendes,	j.	3-4-2014,	P,	DJE
de 28-4-2014, Tema 713 (BRASIL, 2008)
 [...] a dignidade da pessoa humana precede a Constituição de 1988 e esta 
não poderia ter sido contrariada, em seu art. 1º, III, anteriormente a sua vigên-
cia.	A	arguente	desqualifica	fatos	históricos	que	antecederam	a	aprovação,	
pelo Congresso Nacional, da Lei 6.683/1979. [...] A inicial ignora o momento 
talvez mais importante da luta pela redemocratização do País, o da batalha 
da anistia, autêntica batalha. Toda a gente que conhece nossa história sabe 
que esse acordo político existiu, resultando no texto da Lei 6.683/1979. [...] 
Tem	razão	a	arguente	ao	afirmar	que	a	dignidade	não	tem	preço.	As	coisas	
têm preço, as pessoas têm dignidade. A dignidade não tem preço, vale para 
todos quantos participam do humano. Estamos, todavia, em perigo quando 
alguém se arroga o direito de tomar o que pertence à dignidade da pessoa 
humana como um seu valor (valor de quem se arrogue a tanto). É que, então, 
o valor	do	humano	assume	forma	na	substância	e	medida	de	quem	o	afirme	e
o pretende impor na qualidade e quantidade em que o mensure. Então o valor
da dignidade da pessoa humana já não será mais valor do humano, de todos
quantos pertencem à humanidade, porém de quem o proclame conforme o
seu critério particular. Estamos então em perigo, submissos à tirania dos valo-
res. [...] Sem de qualquer modo negar o que diz a arguente ao proclamar que
a dignidade não tem preço (o que subscrevo), tenho que a indignidade que o
cometimento de qualquer crime expressa não pode ser retribuída com a pro-
clamação de que o instituto da anistia viola a dignidade humana. [...] O argu-
mento	descolado	da	dignidade	da	pessoa	humana	para	afirmar	a	invalidade
da conexão criminal que aproveitaria aos agentes políticos que praticaram
crimes comuns contra opositores políticos, presos ou não, durante o regime
militar, esse argumento não prospera.
[ADPF 153, voto do rel. min. Eros Grau, j. 29-4-2010, P, DJE de 6-8-2010.] 
(BRASIL, 2010).
	A	pesquisa	científica	com	células-tronco	embrionárias,	autorizada	pela	Lei	
11.105/2005, objetiva o enfrentamento e cura de patologias e traumatismos 
que severamente limitam, atormentam, infelicitam, desesperam e não raras 
vezes degradam a vida de expressivo contingente populacional (ilustrativa-
mente,	as	atrofias	espinhais	progressivas,	as	distrofias	musculares,	a	escle-
rose	múltipla	e	a	lateral	amiotrófica,	as	neuropatias	e	as	doenças	do	neurônio	
motor).	A	 escolha	 feita	 pela	 Lei	 de	 Biossegurança	 não	 significou	 um	 des-
prezo	ou	desapreço	pelo	embrião	in	vitro,	porém	uma	mais	firme	disposição	
para encurtar caminhos que possam levar à superação do infortúnio alheio. 
22UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
Isso no âmbito de um ordenamento constitucional que desde o seu preâm-
bulo	qualifica	“a	liberdade,	a	segurança,	o	bem-estar,	o	desenvolvimento,	a	
igualdade e a justiça” como valores supremos de uma sociedade mais que 
tudo	“fraterna”.	O	que	já	significa	incorporar	o	advento	do	constitucionalismo	
fraternal às relações humanas, a traduzir verdadeira comunhão de vida ou 
vida social em clima de transbordante solidariedade em benefício da saúde e 
contra eventuais tramas do acaso e até dos golpes da própria natureza. Con-
texto de solidária, compassiva ou fraternal legalidade que, longe de traduzir 
desprezo	ou	desrespeito	aos	congelados	embriões	in	vitro,	significa	apreço	e	
reverência a criaturas humanas que sofrem e se desesperam. Inexistência de 
ofensas ao direito à vida e da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa 
com	células-tronco	embrionárias	(inviáveis	biologicamente	ou	para	os	fins	a	
que	se	destinam)	significa	a	celebração	solidária	da	vida	e	alento	aos	que	se	
acham à margem do exercício concreto e inalienável dos direitos à felicidade 
e do viver com dignidade (ministro Celso de Mello). [...] A Lei de Biosseguran-
ça caracteriza-se como regração legal a salvo da mácula do açodamento, da 
insuficiência	protetiva	ou	do	vício	da	arbitrariedade	em	matéria	tão	religiosa,	
filosófica	e	eticamente	sensível	como	a	da	biotecnologia	na	área	da	medici-
na e da genética humana. Trata-se de um conjunto normativo que parte do 
pressuposto da intrínseca dignidade de toda forma de vida humana, ou que 
tenha potencialidade para tanto. A Lei de Biossegurança não conceitua as 
categorias mentais ou entidades biomédicas a que se refere, mas nem por 
isso impede a facilitada exegese dos seus textos, pois é de se presumir que 
recepcionou	tais	categorias	e	as	que	lhe	são	correlatas	com	o	significado	que	
elas portam no âmbito das ciências médicas e biológicas.
[ADI	3.510,	rel.	min.	Ayres	Britto,	j.	29-5-2008,	P,	DJE	de	28-5-2010.]	(BRA-
SIL, 2012).
 A proteção internacional dos direitos humanos traz um mecanismo de responsabili-
zação e controle internacional que pode ser acionado toda vez que a ordem nacional interna 
não se mobilizar para corrigir as violações aos direitos humanos. Assim, quando o estado 
acolhe essa forma de proteção internacional, bem como se torna signatário das obrigações 
internacionais, ele passa a aceitar o monitoramento internacional. Consequentemente, os 
indivíduos se tornam sujeitos de direito internacional (PIOVESAN, s.d.).
No Brasil, o marco inicial desse processo de incorporação dos documentos inter-
nacionais	que	versam	e	protegem	os	direitos	humanos	foi	a	ratificação,	em	1º	de	fevereiro	
de 1984, da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a 
Mulher (PIOVESAN, s.d.).
Após a Constituição Federal de 1988, os tratados internacionais que versam sobre 
direitos	humanos	foram	ratificados	pelo	Brasil,	que	são	(PIOVESAN,s.d.).:
a) a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, em 20 de julho de
1989;
b) a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou De
gradantes,	em	28	de	setembro	de	1989;
c) a	Convenção	sobre	os	Direitos	da	Criança,	em	24	de	setembro	de	1990;
d) o	Pacto	Internacional	dos	Direitos	Civis	e	Políticos,	em	24	de	janeiro	de	1992;
23UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
e) o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em 24 de
janeiro	de	1992;
f) a	Convenção	Americana	de	Direitos	Humanos,	em	25	de	setembro	de	1992;
g) a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
a Mulher, em 27 de novembro de 1995.
Nota-se que na Constituição Federal de 1988, com alteração da Emenda Constitu-
cional 45 de 2004, existe a previsão sobre a incorporação dos tratados internacionais que 
versam sobre direitos humanos. Assim, caso algum tratado seja votado em dois turnos, 
nas duas casas do Congresso Nacional, por 3/5 dos votos de seus membros, o tratado 
internacional que versar sobre direitos humanos terá status de Emenda à Constituição.
Já os tratados que não versarem sobre direitos humanos, possuem status de lei 
ordinária.	Por	fim,	os	tratados	e	convenções	internacionais	que	tratam	de	direitos	humanos,	
mas que foram incorporados pelo ordenamento jurídico antes da Emenda Constitucional 45 
de 2004, possuem status de norma de sobredireito, acima das leis ordinárias e abaixo da 
Constituição Federal de 1988.
Leia o parágrafo terceiro do art. 5º da Constituição Federal:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes
às emendas constitucionais.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008 ,DEC
6.949, de 2009 , DLG 261, de 2015 , DEC 9.522, de 2018) (BRASIL, 1988).
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-186-2008.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6949.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6949.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-261-2015.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9522.htm
24UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
2. FUNDAMENTAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
Tratar	 da	 fundamentação	 dos	 direitos	 humanos	 significa	 a	 análise	 da	 razão	 de	
ser desta disciplina, o porquê de sua existência e seu fundamento primordial. Os direitos 
humanos nasceram para tutelar e proteger os interesses das pessoas, do ser humano. Em 
que pese toda a história mundial, em que realizaram inúmeras atrocidades contra vários 
grupos e minorias, deturpando o conceito de pessoa e diminuindo as suas existências, os 
direitos humanos surgem para proteger os cidadãos. Nota-se que, mesmo com a existência 
de leis, tratados internacionais, Constituições, dentre outros aspectos normativos, o ser 
humano ainda trata outros seres humanos como inferiores. É o que ocorre com as pessoas 
em situação de rua, com a população LGBTQIA+, com os índios, dependentes químicos, 
pobres, mulheres, negros, idosos, quilombolas, dentre outros grupos e minorias vulneráveis.
Os direitos humanos retiram seu fundamento primordial do princípio da dignidade 
da pessoa humana (MAZZUOLI, 2017), em consonância com o que estabelece o art. 1.º 
da	Declaração	Universal	dos	Direitos	Humanos	de	1948:	“Todas	as	pessoas	nascem	livres	
e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em 
relação umas às outras com espírito de fraternidade”.
 A partir da Declaração Universal de 1948 podemos retirar três princípios basilares. 
A inviolabilidade da pessoa: o ser humano é inviolável, o que abrange o seu direito à vida e a 
integridade física, a vedação a tortura e ao tratamento degradante, assim como a proibição 
de condição análoga a de escravo. A pessoa humana não pode ser submetida a sacrifícios 
que irão resultar em benefícios, sejam patrimoniais ou pessoais, a outra pessoa. Ou seja, 
o ser	humano	deve	ser	considerado	como	um	fim	em	si	mesmo,	e	não	como	meio	para	se
atingir algum outro resultado.
25UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
A	autonomia	da	pessoa;	o	 ser	humano	é	 livre	para	 ir	 e	 vir,	 para	 ter	a	 liberdade	
de pensamento, liberdade religiosa, de convicções políticas e ideológicas. Assim, pode-se 
inferir	que	o	sujeito	é	livre	para	fazer	suas	escolhas,	desde	que	não	interfira	o	direito	de	
outros. A autonomia da pessoa é princípio previsto em todo ordenamento jurídico brasileiro. 
Por exemplo, no direito civil existe a previsão acerca da autonomia para contratar, ser 
contratado, liberdade para estabelecer suas obrigações, casamento, regime de bens, su-
cessões, dentre outros. Assim, a autonomia da vontade, ou liberdade, é importante princípio 
que regulamenta o direito brasileiro.
O terceiro princípio básico que podemos extrair é o da dignidade da pessoa hu-
mana, que, por sua vez, é o núcleo rígido de todos os demais direitos da personalidade, 
direitos fundamentais, dentre outros. Dessa forma, a dignidade da pessoa humana traz 
o fundamento dos direitos humanos, e a partir dele podemos interpretar diversas outras
normas	jurídicas	e	definir	sua	aplicabilidade	conforme	o	que	é	melhor	ao	ser	humano.
Leia a seguir um importante trecho de artigo publicado por Flávia Piovesan (2005, 
p. 132) acerca da dignidade da pessoa humana:
No	dizer	de	Hannah	Arendt,	os	direitos	humanos	não	são	um	dado,	mas	um	
construído, uma invenção humana, em constante processo de construção e 
reconstrução.	Considerando	a	historicidade	destes	direitos,	pode-se	afirmar	
que	a	definição	de	direitos	humanos	aponta	a	uma	pluralidade	de	significa-
dos. Tendo em vista tal pluralidade, destaca-se neste estudo a chamada con-
cepção contemporânea de direitos humanos, que veio a ser introduzida com 
o advento da Declaração Universal de 1948 e reiterada pela Declaração de
Direitos	Humanos	de	Viena	de	1993.	2	Esta	concepção	é	fruto	do	movimento
de internacionalização dos direitos humanos, que constitui um movimento
extremamente recente na história, surgindo, a partir do pós-guerra, como res-
posta às atrocidades e aos horrores cometidos durante o nazismo. Apresen-
tando	o	Estado	como	o	grande	violador	de	direitos	humanos,	a	era	Hitler	foi
marcada pela lógica da destruição e da descartabilidade da pessoa humana,
que resultou no envio de 18 milhões de pessoas a campos de concentração,
com a morte de 11 milhões, sendo 6 milhões de judeus, além de comunistas,
homossexuais, ciganos, etc. O legado do nazismo foi condicionar a titularida-
de de direitos, ou seja, a condição de sujeito de direitos, à pertinência a de-
terminada	raça	-	“a	raça	pura	ariana”.	No	dizer	de	Ignacy	Sachs,	“o	século	XX
foi marcado por duas guerras mundiais e pelo horror absoluto do genocídio
concebido como projeto político e industrial”. 3 É neste cenário que se dese-
nha o esforço de reconstrução dos direitos humanos, como paradigma e refe-
rencial ético a orientar a ordem internacional contemporânea. Se a 2.ª Guerra
significou	a	ruptura	com	os	direitos	humanos,	o	Pós-Guerra	deveria	significar
a sua reconstrução este sentido, em 10 de dezembro de 1948, é aprovada a
Declaração	Universal	dos	Direitos	Humanos,	como	marco	maior	do	processo
de reconstrução destes direitos. Introduz ela a concepção contemporânea de
direitos humanos, caracterizada pela universalidade e indivisibilidade destes
direitos. Universalidade porque clama pela extensão universal dos direitos
humanos, sob a crença de que a condição de pessoa é o requisito único para
a dignidade e titularidade de direitos. Indivisibilidade porque a garantia dosdireitos civis e políticos é condição para a observância dos direitos sociais,
econômicos e culturais e vice-versa. Quando um deles é violado, os demais
também o são. Os direitos humanos compõem assim uma unidade indivisível,
interdependente e inter-relacionada, capaz de conjugar o catálogo de direitos
civis e políticos ao catálogo de direitos sociais, econômicos e culturais.
26UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
3. CRÍTICA AO CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS
O	conceito	de	direitos	humanos	que	 temos	hoje	não	é	o	suficiente	para	abarcar	
toda a complexidade de direitos que envolvem a disciplina de direitos humanos. Nota-se 
que os direitos humanos tratam dos direitos do sujeito, da pessoa. Basta que seja pessoa 
humana que esta terá os seus direitos garantidos. No entanto, nem todo país adere às 
normas de direitos humanos ou aos tratados e convenções internacionais. Dessa forma, 
fica	difícil	 discutir	direitos	das	mulheres,	por	exemplo,	em	países	que	entendem	que	as	
mulheres são seres inferiores. 
Mesmo no Brasil, em que temos diversas normas que procuram tutelar e proteger 
os	grupos	e	vulneráveis,	ainda	temos	dificuldade	em	fazer	valer	os	direitos	dessas	pessoas.
Mazzuoli (2017, p. 47) explica o seguinte:
Direitos humanos é uma expressão intrinsecamente ligada ao direito inter-
nacional público. Assim, quando se fala em “direitos humanos”, o que tecni-
camente se está a dizer é que há direitos que são garantidos por normas de 
índole internacional, isto é, por declarações ou tratados celebrados entre Es-
tados	com	o	propósito	específico	de	proteger	os	direitos	(civis	e	políticos;	eco-
nômicos, sociais e culturais etc.) das pessoas sujeitas à sua jurisdição.1 Tais 
normas podem provir do sistema global (pertencente à Organização das 
Nações Unidas, por isso chamado “onusiano”) ou de sistemas regionais de 
proteção (v.g., os sistemas europeu, interamericano e africano). Atualmente, 
o tema	“direitos	humanos”	compõe	um	dos	capítulos	mais	significativos	do
direito internacional público, sendo, por isso, objeto próprio de sua regula-
mentação.
O conceito da disciplina é basicamente a explicação de que essa matéria nasceu 
e se desenvolve para tratar dos assuntos conexos ao ser humano, a sua proteção e seus 
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788530988852/epub/OEBPS/Text/08_chapter01.xhtml?favre=brett#pg20a2
27UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
interesses, para que não ocorram as atrocidades que já vivenciamos anteriormente. Assim, 
tem-se atualmente os sistemas de proteção internacional e regional, além das normas 
internas de cada país que regulamentam sobre o assunto.
Continuando, o autor aduz que:
Destaque-se,	por	fim,	que,	quando	se	trata	da	proteção	dos	direitos	huma-
nos, não importa a nacionalidade da vítima, bastando ter sido ela violada em 
seus direitos de índole internacional por ato de um Estado sob cuja jurisdição 
se encontrava. No que tange à proteção do sistema global (onusiano), não há 
maiores problemas, havendo dúvidas no que toca à proteção regional. Tout 
court, a competência do sistema regional (e do tribunal respectivo) para ve-
rificar	a	 responsabilidade	 internacional	 de	um	Estado,	está	a	depender	da	
jurisdição (não do locus	geográfico)	em	que	tenha	sido	cometida	a	violação	
de direitos humanos, independentemente da nacionalidade da vítima (impor-
tando apenas de qual sistema de proteção faz parte o Estado). Assim, uma 
violação de direitos a cidadão francês no Brasil previne a competência do 
sistema interamericano de direitos humanos (Comissão e Corte Interamerica-
nas	de	Direitos	Humanos);	já	uma	violação	de	direitos	a	cidadão	brasileiro	na	
Guiana Francesa (departamento ultramarino francês) previne a competência 
do	sistema	europeu	de	direitos	humanos	(Corte	Europeia	de	Direitos	Huma-
nos) (MAZZUOLI, 2017, p. 49).
SAIBA MAIS
Leia a Constituição Federal de 1988 para aprofundar seus estudos!
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
Sobre	os	tratados	internacionais,	acesse	o	site	do	Itamaraty	e	leia	sobre	o	assunto:
http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/perguntas-frequentes-artigos/19365-tratados-interna-
cionais
A recepção dos tratados internacionais que versam sobre direitos humanos é tema que 
precisa ser analisado, ante a sua relevância jurídica e prática. Sobre este tema, leia:
http://revista.uepb.edu.br/index.php/datavenia/article/viewFile/22-37/1846
Os fundamentos dos direitos humanos estão vinculados ao princípio da dignidade da 
pessoa humana. Segue artigo sobre o tema para aprofundar seus estudos.
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/edh/redh/01/02_marconi_pequeno_fundamento_
dh.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/perguntas-frequentes-artigos/19365-tratados-internacionais
http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/perguntas-frequentes-artigos/19365-tratados-internacionais
http://revista.uepb.edu.br/index.php/datavenia/article/viewFile/22-37/1846
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/edh/redh/01/02_marconi_pequeno_fundamento_dh.pdf
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/edh/redh/01/02_marconi_pequeno_fundamento_dh.pdf
28UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
REFLITA 
“Os desastres humanos das guerras, especialmente aquilo que assistiu o mundo no 
período da Segunda Guerra Mundial, trouxe, primeiro, a dignidade da pessoa humana 
para o mundo do direito como contingência que marcava a essência do próprio sóciopo-
lítico a ser traduzido no sistema jurídico” 
Fonte: Rocha (2004, p.12 ).
29UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) estudante, nesta unidade analisamos os direitos humanos em âmbito 
internacional, bem como o fundamento elementar da disciplina, qual seja, a dignidade da 
pessoa humana. O fundamento aqui analisado é utilizado nas mais diversas disciplinas 
que tratam da importância do ser humano e de seu tratamento digno perante a sociedade 
e perante o Governo. 
No entanto, apesar das inúmeras discussões sobre tratamento desiguais, a mudan-
ça parte da iniciativa das pessoas. Ainda não temos o pleno tratamento igual perante a lei, 
ainda não temos o tratamento igual perante a sociedade. O conceito de direitos humanos 
ainda não é aplicado de forma ampla e irrestrita, necessitando que seja difundido em todas 
as classes sociais.
30UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
LEITURA COMPLEMENTAR
Artigo: A importância da dignidade da pessoa humana na Constituição Federal
CHEMIN,	Pauline	de	Moraes.	Coluna:	DIREITO	DO	HOMEM.	Importância	do	prin-
cípio da dignidade humana. Conjur,	 23	de	 janeiro	de	2009.	Disponível	 em	https://www.
conjur.com.br/2009-jan-23/importancia_principio_dignidade_humana_constituicao_88.	
Acesso em: 18 ago. 2020.
Artigo: Por que Respeitar a dignidade humana do preso?
GUEDES, Néviton. Coluna: CONSTITUIÇÃO E PODER. Por que a sociedade 
deve respeitar a dignidade da pessoa humana do criminoso? Conjur, 2 de julho de 2018. 
Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-jul-02/constituicao-poder-respeitar-dignida-
de-pessoa-humana-criminoso. Acesso em: 18 ago. 2020.
https://www.conjur.com.br/2018-jul-02/constituicao-poder-respeitar-dignidade-pessoa-humana-criminoso
https://www.conjur.com.br/2018-jul-02/constituicao-poder-respeitar-dignidade-pessoa-humana-criminoso
31UNIDADE II Fundamentos e Conceitos de Direitos Humanos
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Temas de Direitos humanos
Autor: Ricardo Castilho
Editora: Saraiva
Sinopse: A civilização é o resultado concreto da organização dos 
grupos dentro de uma ordem regulatória de deveres e de direitos. 
A condição de exercício da liberdade é o próprio direito, daí ter o 
autor conduzido sua pesquisa de acordo com esse valor supremo, 
sem	o	qual	as	existências	individual	e	social	não	se	justificam.	Em	
todos os momentos da história e em todos os lugares, alguém se 
destacou em razão do altruísmo e do respeito pela pessoa,suas 
posses e sentimentos. Não importam os motivos: o mundo se mo-
difica,	e	as	urgências,	demandas	e	contingências	se	substituem	-	a	
água do rio não é sempre a mesma a correr sob a ponte. Importam 
o empenho e a maneira como se obteve atenção para atitudes que
precisavam ser aperfeiçoadas. Gente que pensava “direitos” - uma
palavra deveria bastar, mas sua humanidade a sociedade precisou
requalificar,	daí	ter	ficado	consolidada	a	expressão	“direitos	huma-
nos”.
FILME/VÍDEO 
Título:	Histórias	Cruzadas
Ano: 2011
Sinopse: Filme que retrata a realidade das empregadas domésti-
cas nos Estados Unidos nos anos 60. Importante analisar a história 
retratada com a disciplina, analisando a dignidade humana e o 
tratamento inferior que é dado às empregadas domésticas negras.
32
Plano de Estudo:
● Conceitos	e	Definições	sobre	a	Polissemia	conceitual;	Ideia	de	gerações;
e	suas	críticas;	Principais	documentos;	Universalidade	X	Relatividade.	
Objetivos da Aprendizagem:
● Analisar	os	direitos	humanos	e	sua	polissemia	conceitual;;
● Refletir	sobre	as	gerações	de	direitos	humanos;
● Discutir acerca dos principais documentos que versam sobre direitos humanos.
● Estudar sobre as características principais da disciplina.
UNIDADE III
Evolução dos Direitos Humanos
Professora Me. Jaqueline da Silva Paulichi
33UNIDADE III Evolução dos Direitos Humanos
INTRODUÇÃO
Olá, estudante, tudo bem? Nesta unidade iremos estudar sobre os conceitos de 
direitos humanos e suas gerações. Iremos abordar as diferenças terminológicas e analisar 
as características da disciplina, como a universalidade e a relatividade cultural, no qual 
vamos abordar as características de um povo e as consequências para os direitos huma-
nos. Também iremos estudar acerca das gerações de direitos humanos, como os direitos 
relativos à liberdade, à igualdade e à solidariedade, e os documentos internacionais que 
tratam de direitos humanos relativo aos temas.
Veja os materiais complementares e as leituras recomendadas!!!
Bom estudo!
34UNIDADE III Evolução dos Direitos Humanos
1. POLISSEMIA CONCEITUAL
A polissemia quer dizer que existem inúmeros conceitos acerca do que se trata os 
direitos humanos. Ressalta-se que os direitos humanos tratam dos direitos das pessoas, 
basta ser sujeito de direitos, basta ser pessoa que estará protegido pelas leis nacionais e 
internacionais que tratam de direitos humanos.
No	entanto,	 existem	diversos	 significados	 para	mesma	disciplina,	 pois	 deve	 ser	
analisada sob a ótica da proteção nacional, da proteção regional e da proteção interna-
cional dos direitos humanos, além dos documentos que protegem os sujeitos em relação 
a tratamento degradante ou desumano, a condição análoga de escravo, a proteção das 
mulheres, proteção das crianças e dos adolescentes, proteção dos idosos, proteção das 
pessoas	com	deficiência,	dentre	outras	minorias	e	grupos	vulneráveis.
Lembrando que tratamos do conceito de direitos humanos sobre a ótica da digni-
dade da pessoa humana. Também tratamos dos direitos humanos sobre a ótica da análise 
das normas que regulamenta essa disciplina.
Agora vamos analisar outros conceitos que tratam do tema. Leite (2014, p. 33) 
explica o conceito de direitos humanos para os juspositivistas da seguinte maneira:
Os juspositivistas sustentam que os direitos humanos são fundamentais e 
essenciais, desde que reconhecidos pelo Estado, pelo Poder Político. Esta 
concepção	identifica	o	direito	com	a	lei	formalmente	posta.	Nasce,	assim,	a	
ideia	dos	direitos	humanos	como	direitos	públicos	subjetivos.	Há,	nesse	caso,	
a ideologia constitutiva dos direitos humanos. A abordagem temática é feita 
no plano eminentemente jurídico-normativo.
35UNIDADE III Evolução dos Direitos Humanos
Conforme já estudado em outras unidades, os jusnaturalistas defendem que:
[...] a existência de direitos naturais do indivíduo, originários e inalienáveis, 
decorre da ideia de que ao Estado não incumbe outorgá-los, mas tão somen-
te reconhecê-los e aprová-los formalmente. Jus divinum (Tomás de Aquino) e 
Contrato	Social	(Rousseau)	são	termos	inerentes	ao	jusnaturalismo.	Há	para	
os jusnaturalistas a ideia de anterioridade dos direitos humanos em relação 
ao	próprio	Estado,	sendo	a	sua	abordagem	estudada	no	plano	filosófico	(LEI-
TE, 2014, p. 33).
Perez Luno, autor contemporâneo, explica da seguinte maneira:
[...] conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, 
concretizam as exigências da dignidade, da liberdade e da igualdade huma-
nas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos 
jurídicos em nível nacional e internacional (LEITE, 2014, p. 34).
Além da polissemia conceitual, insta salientar acerca da expressão utilizada para 
definir	o	que	são	esses	direitos,	no	qual	alguns	autores	preferem	se	utilizar	“direitos	funda-
mentais do homem”, conforme citado:
José	Afonso	da	Silva		reconhece	a	dificuldade	de	se	conceituar	direitos	hu-
manos, mas prefere a expressão direitos fundamentais do homem, por- que 
além de referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e in-
formam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é reservada para 
designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que 
ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas 
as pessoas (LEITE, 2014, p. 37).
O	conceito	de	Direitos	Humanos	é	muito	amplo.	Pode	ser	considerado	sob	dois	
aspectos (SORONDO, s.d., on-line):
● constituindo um ideal comum para todos os povos e para todas as na-
ções, seria então um sistema de valores;
● este sistema de valores, enquanto produto de ação da coletividade hu-
mana,	acompanha	e	reflete	sua	constante	evolução	e	acolhe	o	clamor	de
justiça	dos	povos.	Por	conseguinte,	os	Direitos	Humanos	possuem	uma
dimensão histórica.
Mas, então, o que são direitos humanos? De forma livre, podemos concluir que 
direitos humanos são a forma como você espera ser tratado pelos demais. De forma digna 
(SORONDO, s.d).
Dessa	forma,	os	direitos	humanos	possuem	inúmeros	conceitos	e	significados,	o	
que demonstra a sua importância no âmbito jurídico e social. Eis que os diversos autores 
que tratam do tema se preocupam com o mesmo: a proteção do ser humano. Assim, pode-
mos entender que os direitos humanos estudam e protegem o ser humano.
36UNIDADE III Evolução dos Direitos Humanos
2. IDEIA DE GERAÇÕES E SUAS CRÍTICAS
As	gerações	de	direitos	humanos	remetem	os	princípios	filosóficos	da	revolução	
Francesa, quais sejam liberdade, igualdade e fraternidade. Assim, iremos abordar a gera-
ções de direitos humanos e as suas consequências jurídicas, pois os autores que tratam 
do tema estabeleceram a divisão da evolução da disciplina em três ou mais gerações, 
delimitando a primeira geração como os direitos advindos da Liberdade e os seus docu-
mentos históricos e normativos, a segunda geração como direitos advindos da igualdade e 
a terceira geração os direitos de fraternidade ou solidariedade.
Leite (2014, p. 86) assevera que:
Pode-se dizer que a primeira dimensão dos direitos humanos surgiu com as 
revoluções burguesas dos séculos XVII e XVIII. São direitos inerentes ao 
liberalismo clássico, encontrando, pois, inspiração no iluminismo racionalis-
ta, base do pensamento ocidental entre os séculos XVI e XIX. São também 
chamados de direitos individuais, direitos subjetivos ou direitos de liberdade 
e têm por titulares os indivíduos isoladamente considerado.
Os direitos civis e políticos, que também são chamados de direitos humanos de 
primeira geração ou dimensão, têm por fundamento a liberdade, segurança e a integridade 
psíquica e física da pessoa humana no qual é assegurado a participação na vida pública e 
também no governo. Os direitos humanos de primeira geração são exigíveis contra o esta-
do, pois cabe a ele garantir a sua efetivação e a sua positivação no ordenamento jurídico. 
Apesar do Estado ser reconhecido como maior violador dos direitos humanos, cabe 
a ele a tutelae a proteção dos direitos humanos contra qualquer abuso de outra pessoa ou 
37UNIDADE III Evolução dos Direitos Humanos
outro órgão político. É importante destacar que os direitos humanos possuem aplicabilidade 
imediata, ou seja, tão logo sejam reconhecidos devem ser aplicados de forma efetiva aos 
sujeitos de direito. 
O Estado deve proporcionar à sociedade meios para que esses direitos sejam 
garantidos e efetivados, para que os direitos e garantias fundamentais não sejam apenas 
textos de lei e passem a ser garantias dos cidadãos brasileiros.
Os direitos de primeira geração tratam do “não fazer”, ou seja, são garantias dos 
cidadãos de que o Estado não irá intervir nos seus atos, possuindo um status negativo.
São exemplos de direitos civis e políticos (LEITE, 2014):
● direito	à	vida:	contra	a	privação	da	vida	e	do	“desaparecimento”;
● direito	à	integridade	física:	antitortura;
● direito	à	liberdade:	contra	a	escravidão	e	detenção	ilegal;
● direito	à	igualdade	perante	a	lei;
● direito	à	liberdade	de	expressão;
● direito	ao	respeito	da	vida	privada;
● direito de viver sem violência na família: proteção das mulheres, crianças e pes- 
	 soas	idosas	contra	a	violência	doméstica;
● direito	de	acesso	à	informação;
● direito	à	livre	circulação	(refugiados,	exilados,	migrantes,	pessoas	deslocadas);
● direito	a	uma	nacionalidade;
● direito	a	participar	em	qualquer	atividade;
● direito	de	eleger	e	ser	eleito;
● liberdade	de	reunião	ou	de	associação;
● direito à honestidade administrativa (contra a corrupção praticada por servido- 
 res públicos ou governantes).
A segunda geração de direitos humanos diz respeito aos direitos sociais, econô-
micos e culturais. Os direitos humanos de segunda geração possuem um status positivo, 
necessitando que o Estado realize atos, um dever de fazer, de contribuir, de ajudar por 
parte dos órgãos que compõem o Poder Público.
Leite (2014, p. 88) explica que:
A positivação desses direitos deu origem ao que se convencionou chamar de 
“Constitucionalismo Social”, a demonstrar que os direitos humanos de primei-
ra dimensão, especialmente o direito de propriedade, quando do seu exercí-
cio, têm que cumprir uma função social.
38UNIDADE III Evolução dos Direitos Humanos
Assim,	 pode-se	 afirmar	 que	 os	 direitos	 de	 segunda	 dimensão	 se	 traduzem	 nos	
direitos de inclusão social, necessitando da efetivação de políticas públicas. São os direitos 
que tratam da igualdade entre pessoas.
É importante assinalar que a Constituição brasileira de 1988 (art. 6o) prescre-
ve que são direitos sociais: “a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade 
e à infância, a assistência aos desamparados”. Esse rol dos direitos sociais 
previsto no artigo 6º não é exaustivo, na medida em que ele é complementa-
do pelo Título VIII da mesma Constituição, que trata da Ordem Social (Cap. 
II), abrangendo o direito à seguridade social, à saúde, à previdência social e 
à	assistência	social;	à	educação,	à	cultura	e	ao	desporto	(Cap.	III),	à	ciência	
e	à	tecnologia	(Cap.	IV);	à	comunicação	social	(Cap.	V);	ao	meio	ambiente	
(Cap.	VI);	além	dos	direitos	da	família,	da	criança	e	do	adolescente	(Cap.	VII)	
e dos índios (Cap. VIII) (LEITE, 2014, p. 89).
Os direitos humanos de terceira geração também são conhecidos como direitos de 
fraternidade ou de solidariedade, e ainda existem autores que denominam como jeito de 
interesses metaindividuais
A ideia desse direito de terceira geração surge como um meio de conscientizar a so-
ciedade de que o mundo é dividido em diferentes nações desenvolvidas e subdesenvolvidas 
e,	por	isso,	defende-se	que	tais	direitos	decorrem	de	uma	reflexão	sobre	os	temas	referentes	
ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, à relação de consumo, dentre outros.
Esses direitos de terceira geração não se destinam à proteção ou a tutela do indiví-
duo individualizado ou isoladamente considerado. Os direitos de solidariedade e fraternida-
de tratam de pessoas indeterminadas ou indetermináveis, ou seja, seus destinatários são o 
gênero humano. O reconhecimento desses direitos decorre da passagem do estado liberal 
ao estado social que se observa uma transformação nas relações sociais, econômicas, 
políticas e jurídicas em escala mundial. 
Por esse motivo existe a preocupação com o meio ambiente, com relação de 
consumo, com questões de patrimônio histórico e social, com direitos coletivos e difusos, 
o extrato dos interesses da massa que passam a exigir do Estado a inserção do reconheci-
mento no ordenamento jurídico.
A Constituição Federal de 1988 reconhece os direitos difusos e coletivos, e confere 
a legitimação para tutelar esses interesses ao ministério público, ao cidadão e outros entes 
coletivos. 
 Grande exemplo do reconhecimento, tutela e garantia dos direitos de solidariedade 
direitos de terceira geração de direitos humanos é o código de defesa do consumidor.
39UNIDADE III Evolução dos Direitos Humanos
3. PRINCIPAIS DOCUMENTOS
Os principais Documentos internacionais que tratam de direitos humanos são 
(NAÇÕES UNIDAS BRASIL, s.d.): 
1. Convenção para a prevenção e a repressão do crime de genocídio (1948).
2. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
3. Discriminação Racial (1965).
4. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966).
5. Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966).
6. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
7. contra as Mulheres (1979).
8. Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (1982).
9. Convenção sobre os Direitos da Criança (1989).
10. Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (1996).
11. Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo
(1999).
12. Convenção	sobre	os	Direitos	das	Pessoas	com	Deficiência	(2006).
40UNIDADE III Evolução dos Direitos Humanos
4. UNIVERSALIDADE X RELATIVIDADE
Os direitos humanos se dirigem a todas as pessoas, independente da raça, religião, 
sexo, origem étnica, dentre outros. A universalidade nasce da percepção de que é necessá-
rio	ser	pessoa,	ser	humano,	para	usufruir	dos	direitos	humanos.	Dessa	forma,	ao	se	afirmar	
que os direitos humanos são universais, estamos aplicando as normas de direitos humanos 
a todas as pessoas, sem discriminação. Inclusive aos sujeitos provenientes de países que 
não reconhecem os direitos humanos. É por esse motivo que existem as políticas de mino-
rias e grupos vulneráveis. 
Leite (2014, p.67 )explica que:
A característica da universalidade dos direitos humanos decorre da constata-
ção de que a condição de pessoa é o único requisito para a titularidade de di-
reitos, uma vez que o ser humano é um ser essencialmente moral, dotado de 
unicidade existencial e dignidade. Além disso, a universalidade dos direitos 
humanos é uma decorrência lógica das necessidades humanas universais, 
como a necessidade de respirar, de comer, de beber, de vestir-se, de amar, 
de ser respeitado etc.
Nota-se que existe a diversidade cultural, ou seja, cada região possui suas caracterís-
ticas peculiares, no qual alguns direitos podem não ter sentido para aquelas pessoas. Citam-se 
os casos de países que não reconhecem às mulheres os mesmos direitos que os homens. 
[...] a universalidade dos direitos humanos decorre de sua própria concepção, 
ou de sua captação pelo espírito humano, como direitos inerentes a todo 
ser humano, e a ser protegidos em todas e quaisquer circunstâncias. Não 
se	 questiona	 que,	 para	 lograr	 a	 eficácia	 dos	 direitos	 humanos	 universais,	
há que tomar em conta a diversidade cultural, ou seja, o substratum cultural 
das	normas	jurídicas;	mas	isto	não	se	identifica	com	o	chamado	relativismo	
41UNIDADE III Evolução dos Direitos Humanos
cultural. Muito ao contrário, os chamados “relativistas” se esquecem de que 
as culturas não são herméticas, mas sim abertas aos valores universais,

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