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CIRURGIA Carolina Ferreira -A hemostasia refere-se à contenção da hemorragia. A síntese consiste na aproximação das bordas do tecido seccionado ou ressecado mantendo a contiguidade do tecido e facilitando o processo de cicatrização. O nó e a sutura são os 2 procedimentos básicos para realizar essas etapas. -O nó é o entrelaçamento ordenado e lógico realizado c/ as extremidades livres do fio cirúrgico c/ o objetivo de uni- las e fixá-las. Todo nó cirúrgico é composto por 1 alça e 3 seminós → A alça envolve a estrutura à qual se aplicará o nó → o 1º seminó é de contenção → o 2º seminó, de fixação → o 3º seminó, de segurança -Os nós cirúrgicos podem ser classificados da seguinte forma: a) Quanto à técnica de execução: • Manual: 1. técnica francesa (técnica de Pauchet); 2. técnica americana; 3. técnica de sapateiro • Instrumental • Mista b) Quanto à estrutura geométrica: • Comum: 1. nó quadrado (antideslizante ou de seminós assimétricos) 2. nó deslizante (de seminós simétricos) • Especial: 1. nó de cirurgião 2. nó de roseta 3. nó por torção -TÉCNICA PARA EXECUÇÃO DO NÓ: ñ existe indicação de qual a melhor técnica a ser empregada. O cirurgião deve utilizar a técnica que lhe proporcionar + segurança quanto à execução. -TÉCNICA MANUAL: • Técnica francesa (Pauchet) c/ a mão esquerda: permite rápida execução, mas em tecidos sob tensão, ao realizar o seminó de contenção, este pode afrouxar-se, já que o fio ñ fica tracionado durante todo o procedimento 1. Após confeccionar a alça, segurar c/ as polpas digitais do 1º e do 2º dedo as extremidades livres do fio. Cruzar o fio observando que a alça da mão E deve estar por baixo do fio da mão D 2. C/ a mão E em supinação, prender o fio c/ o 1º e o 2º dedo. C/ o 3º, o 4º e o 5º dedo da mão E, empurrar o fio p/ a linha mediana c/ um movimento de supinação 3. Posicionar o fio da mão D sobre o 3º, o 4º e o 5º dedo da mão E. Entrelaçar o 3º dedo da mão E entre os 2 fios, de modo que o fio da mão E fique posterior ao 3º dedo e o da mão D, anterior a ele 4. Prender o fio da mão D entre o 3º e o 4º dedo da mão E 5. Soltar a parte do fio da mão E que está sendo presa pelo 1º e 2º dedo 6. Tracionar o fio da mão E por dentro da alça formada 7. Ajustar o nó c/ o 2º dedo da mão direita até a estrutura • Técnica americana com mão esquerda: 1. Após confeccionar a alça, segurar c/ as polpas digitais do 1º e do 2º dedo as extremidades livres do fio 2. Cruzar o fio observando que a alça da mão E deve estar por cima do fio da mão D 3. C/ a mão E em pronação, segurar o fio c/ o 1º, o 3º e o 4º dedo CIRURGIA Carolina Ferreira 4. Posicionar o 2º dedo da mão E entre os 2 fios, de forma que o fio da mão D esteja do lado E do dedo e o fio da mão E esteja do lado D do dedo 5. Entrelaçar o 2º dedo da mão E entre os 2 fios c/ movimento de flexão e extensão da falange distal desse dedo, de modo que o fio da mão E fique anterior ao 2º dedo e o da mão D, posterior a ele 6. Após enlaçar essa extremidade, aprisionar o fio da mão E c/ o 2º e o 3º dedo e tracioná-lo trazendo o fio de baixo p/ cima 7. Por fim, ajustar c/ o 2º dedo da mão D até a estrutura • Técnica mista c/ porta-agulha: nó de + fácil execução. Utilizado p/ nós e suturas em cavidade profunda ou p/ empregar uma técnica “sem tocar”, por exemplo, quando se trabalha em uma cavidade articular. Pode ser empregado também quando as pontas do fio estão curtas. 1) Após confeccionar a alça, segurar a parte do fio que contém a agulha c/ a mão E. Tracionar essa extremidade do fio até que reste apenas um segmento curto do lado oposto. Posicionar o porta- agulha entre os 2 fios 2) Enrolar o fio que contém lado agulhado no porta-agulha realizando o movimento de posterior p/ anterior e depois de anterior p/ posterior 3) Prender c/ o porta-agulha a outra extremidade livre e + curta do fio 4) Tracionar o lado agulhado do fio em direção ao lado oposto e manter o porta-agulha próximo ao ponto -ESTRUTURA GEOMÉTRICA DO NÓ: • Nó quadrado: é o + utilizado na prática médica, pois ñ permite o deslizamento do fio evitando que ele afrouxe. Técnica: apresenta 2 seminós em espelho, sendo o 1º de contenção e o 2º de fixação • Nó deslizante: é o menos utilizado na prática médica, pois está + sujeito a deslizamento permitindo que o nó afrouxe. Entretanto, permite reajuste da tensão caso a ligadura tenha ficado frouxa. É necessário utilizar um 3º seminó de segurança. Técnica: mesmo componente do nó quadrado, observando-se que o seminó de fixação é realizado no mesmo sentido que o de contenção -NÓ DE CIRURGIÃO: utilizado quando ñ se deseja ou ñ pode haver afrouxamento do 1º seminó, portanto muito utilizado em estruturas que estão sob tensão. Quando executado c/ as mãos, por ser um nó duplo, é CIRURGIA Carolina Ferreira necessária habilidade c/ as 2 mãos p/ realizar o seminó. Técnica: o 1º seminó é formado por 2 entrecruzamentos e pode ser fixo c/ um seminó comum ou seminó de cirurgião -NÓ DE ROSETA realizado apenas c/ instrumental cirúrgico p/ extremidade de fio em sutura intradérmica contínua de pele. Permite ajuste da tensão da sutura. Como pode penetrar na pele, às vezes é colocado um coxim p/ entrepor o nó e a pele. Técnica: após confeccionar a alça, é realizado de forma que, na etapa em que o porta-agulha prenderia o outro lado do fio, este prende o mesmo lado -NÓ POR TORÇÃO: utilizado apenas quando o material do fio empregado é de natureza metálica. Técnica: realiza-se a torção helicoidal das pontas do fio sob tensão permanente -PONTOS: • O porta-agulha sempre é utilizado c/ agulha curva. Deve-se aprisionar a agulha no ponto médio ou no terço proximal à cabeça dela • A agulha deve formar um ângulo de 90º • P/ apresentação da pele e fáscia, prefere-se utilizar uma pinça c/ dente, enquanto para vísceras e vasos sanguíneos, prefere-se a pinça sem dente • A agulha deve ser introduzida no tecido quando a pinça o estiver apresentando • É importante expor toda a região que será transfixada c/ a agulha p/ evitar lesões inadvertidas. P/ que a agulha penetre no tecido, deve-se exercer pressão na direção da agulha, portanto, no caso de uso de agulha curva, o movimento realizado deve ser giratório, p/ evitar que a agulha quebre ou entorte. • P/ aproximação adequada dos tecidos, a agulha deve ser introduzida em mesma quantidade em ambos os lados da ferida p/ que os planos sejam mantidos na mesma altura, caso contrário haverá superposição dos bordos quando forem amarrados • A distância entre um ponto e outro deve ser 0,5 cm entre os pontos • Ao amarrar o nó, este deve ter tensão suficiente p/ aproximar as bordas do tecido • O corte do fio é realizado c/ a tesoura de Mayo e deve ser curto o suficiente p/ que ñ atrapalhe o outro ponto a ser dado e longo o suficiente p/ que o nó não se desfaça mesmo no caso de afrouxar. • Retira-se o ponto em 7 dias e os pontos de retenção em aproximadamente dez a 14 dias. Antes de retirar o ponto, é necessária uma limpeza local cuidadosa, retirando qualquer crosta -Objetivos da realização da sutura são: fechamento de espaço morto, produção de hemostasia, sustentação e reforço da ferida até que a cicatrização sua resistência à tensão, aproximação das bordas do tecido p/ um resultado esteticamente agradável e funcional e minimização do risco de infecção. -O processo de cura de feridas cutâneas ocorre em muitos estágios. A coagulação, envolvendo vasoespasmo,agregação plaquetária e formação de coágulo fibroso, inicia imediatamente após a lesão. Enzimas proteolíticas liberadas pelos neutrófilos e macrófagos dissolvem o tecido danificado local. A seguir, a epitelização produz uma ligação completa da ferida até 48 horas após a sutura. O crescimento de novos vasos sanguíneos tem um pico cerca de quatro dias após a lesão. A formação de colágeno é necessária p/ restaurar a resistência da pele à tensão. O processo de formação de colágeno inicia dentro de 48 horas a partir da ocorrência da lesão e tem seu pico durante a primeira semana. A contração da ferida se dá 3 a 4 dias após a lesão. A produção e o remodelamento do colágeno continuam por até 12 meses. -Os materiais p/ sutura subcutânea profunda + comumente utilizados são: catgut crômico, polilactina (Vicryl® ), poliglicólico (Dexon® ), polidioxanona (PDS® ) e poligliconato (Maxon® ). Essas suturas são absorvíveis e ñ precisam ser removidas. CIRURGIA Carolina Ferreira -Complicações: estrangulamento da pele devido à tensão excessiva, infecção e cicatrizes -Pode ser realizada de 2 formas: c/ pontos separados ou c/ pontos contínuos -SUTURAS C/ PONTO SEPARADO: é + trabalhoso, leva + tempo p/ a execução, o afrouxamento ou queda de um nó ñ compromete o restante da sutura. Há < quantidade de corpo estranho no interior da sutura, os pontos são menos isquemiantes e é possível que haja crescimento de tecido entre os pontos. Técnica: p/ cada alça realizada, faz-se um nó cirúrgico. -PONTO SIMPLES: é a + utilizada, na pele ou p/ aproximação de tecidos profundos. Técnica: o ponto é realizado abrangendo todas as camadas e, para cada alça, realiza-se um nó que fica do lado de fora da ferida -PONTO SIMPLES INVERTIDO (C/ NÓ P/ O INTERIOR DA FERIDA): é utilizado p/ ocultar o nó no tecido subcutâneo ou p/ manter o nó do lado da mucosa em órgãos ocos. Técnica: realiza-se um nó que fica do lado de dentro da ferida. P/ que isso ocorra, inicialmente perfura-se de dentro p/ fora de um lado da borda da ferida e do outro lado de fora p/ dentro. Realiza-se o nó e corta-se o + curto possível -PONTO EM “U” VERTICAL COMPLEXO (DONATI): é utilizado p/ fechar ferimentos profundos, já que inclui pegadas profundas e superficiais. Permite melhor aproximação das bordas cutâneas, levando a um fechamento + plástico. Técnica: o 1º e o 2º ponto são profundos e c/ grande penetrância, um de cada lado da ferida, de modo que fiquem simétricos. Já o 3º e o 4º ponto perfuram-se c/ penetrância pequena e + superficial, e a direção da linha é oposta à anterior. O nó é realizado do mesmo lado da ferida. CIRURGIA Carolina Ferreira -SUTURA DE COLCHOEIRO HORIZONTAL: é uma técnica de sutura que provoca eversão e permite que as feridas com bordas muito separadas sejam fechadas, é eficaz p/ o fechamento da pele + frágil ou idosa, ou da pele de indivíduos submetidos a tratamento crônico com esteroides. A sutura de colchoeiro horizontal também é eficaz no fechamento de defeitos na pele fina das pálpebras e nos espaços entre os dedos das mãos e dos pés. O controle do sangramento é + uma vantagem dessa sutura. Também é indicada p/ couro cabeludo. É contraindicada em sutura de face -SUTURA CONTÍNUA: é de rápida elaboração e distribui de forma homogênea a tensão sobre a ferida. Entretanto, há tendência a estreitar o calibre da estrutura circular e o comprimento nas suturas lineares. Técnica: há continuidade entre as alças. É realizado um ponto no início da sutura e um ao término dela. -SUTURA CONTÍNUA SIMPLES: pode ser utilizada p/ realizar sutura de peritôneo ou de camadas da parede abdominal ou torácica, principalmente quando é necessária rapidez no fechamento. Técnica: perfuram-se todas as camadas como no ponto simples, mas em vez de cortar o fio, é confeccionado o nó e executado um novo ponto, realizando-se o ponto inicial e vários pontos seguidos. Ao término, realiza-se outro nó. O aspecto final é de várias linhas paralelas entre si e na diagonal da ferida -SUTURA CONTÍNUA CRUZADA: pode ser isquemiante. Muito utilizada em sutura contínua total gastrintestinal. Técnica: como na sutura simples, entretanto, no momento em que o ponto for dado de dentro p/ fora da ferida, antes de iniciar-se o próximo ponto, a agulha deve passar por dentro da alça anterior, formando o cruzamento, e antes de ser tracionado CIRURGIA Carolina Ferreira -SUTURA CONTÍNUA INTRADÉRMICA: muito utilizada em cirurgias plásticas, em que se objetiva melhor acabamento estético da cicatriz cirúrgica. Como as bordas encontram-se muito coaptadas, é contraindicada em procedimentos que possam estar contaminados, já que a drenagem é muito deficiente nesse tipo de sutura. Técnica: o ponto é realizado apenas na epiderme, de modo contínuo. A agulha percorre o tecido no sentido horizontal, e ñ no vertical como nas suturas anteriores. A altura em que a agulha sair do tecido deve ser a mesma em que penetrará novamente na borda oposta
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