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Trabalho Direitos Liberdade Constitucional

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Direito à Liberdade (Páginas 320 a 343)
Introdução
O termo liberdade é demonstrado em dois conceitos, tornando-se fácil de se entender, sendo eles a liberdade negativa (também conhecida como “liberdade dos modernos”) que é definida como a área desobstruída, na qual o indivíduo ou um grupo pode agir tendo ausência de interferência, entendida como uma influência na tentativa de alterar o resultado de propósito na atividade de outrem, ou seja, uma intervenção internacional , na liberdade política o indivíduo apenas é livre se possuir uma possibilidade de eleição sem impedimentos pode-se dizer que nenhum outro ser humano, tampouco o Estado, interfira em seu arbítrio.
 Por sua vez, a liberdade positiva (intitulada igualmente “liberdade dos antigos”) é o desejo do sujeito de ser seu próprio mestre, o sentido da palavra liberdade requisita o direito de selecionar os recursos para atingi-los, tornando-se efetiva se o indivíduo ficar ausente de conflitos.
Liberdade de ação
A liberdade de ação, é prevista no artigo 5°, no inciso II da CF, que determina na autorização constitucional que as pessoas sejam apenas obrigadas a fazer algo ou deixar de fazer em algo em virtudes da lei (“princípio da legalidade”). 
Passando a ser a base de todas as liberdades, esse aspecto manifesta-se como uma garantia constitucional, que possibilita transformar-se exclusivamente a prerrogativa de afastar alguma ordem que for imposta por caminho diverso da legal. Desta maneira, impedindo o arbítrio estatal no momento em que determina que as obrigações sejam apenas criadas por intermédio das espécies normativas primárias, desenvolvidas em consideração ao devido processo legislativo inserido na Constituição.
Liberdade de pensamento e manifestação
Todos os indivíduos possuem direito à liberdade de pensamento e de expressão, sendo atribuída a capacidade mínima de discernimento e saúde mental, sendo irrelevantes se são imorais, ilegais ou pecaminosos o conteúdo desses pensamentos; de modo a não depender de alguma proteção jurídica.
A liberdade de pensar é livre, pertencendo a qualquer um a conter o que planeja, de modo a fazer que se torne público, frequentemente o indivíduo pretende esclarecer seus princípios íntimos, expondo opiniões formadas de modo interno.
Nesse âmbito mostra-se a relevância do Direito, encaminha-se no exercício da liberdade de manifestar seu pensamento. Com base no texto constitucional, o art. 5°, IV explica claramente essa faculdade, garantindo o aspecto negativo da vedação de censura prévia. 
Liberdade de consciência, crença e culto
A liberdade religiosa é assegurada pela Constituição de 1988, (nos incisos VI a VIII do art. 5° e no art. 19, I), aconteceu apenas com a instituição da forma republicana no Brasil (em 15.11.1889) que foi consagrada de maneira inquestionável em nosso país uma separação radical entre o Estado e a Igreja, tornando o Estado laico (secular ou não confessional).
No decorrer da vigência da Constituição Imperial de 1824, havia uma religião no qual era considerada a religião oficial do deste estado(país), sendo a mais seguida pela população, referindo-se (a católica apostólica romana, a única que podia ser cultuada publicamente, visto que os restantes apenas podiam ser objeto de cultos domésticos).
Não existia respeito com outras religiões, na época com base no art. 95, III da Carta imperial, que estabelecia que todos os eleitores teriam a chance de ser deputados, mas apenas os que professam a religião do Estado. 
Atualmente o documento constitucional apresenta a neutralização estatal, como atualmente nosso documento constitucional expressa que é direito de todos optar por não seguir uma religião se assim desejarem.
Análise dos dispositivos constitucionais Inciso VI: materializa a laicidade do Estado vigente ao assegurar a inviolabilidade de consciência e de crença, bem como garantir “o livre exercício dos cultos religiosos” e “a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
A autonomia quanto à consciência é importante na construção do próprio ser, libertando-os de todas as ações de ordem moral, filosófica, religiosa, política ou sociológica, concedendo a cada indivíduo a ter suas escolhas de modo exclusivo, ou seja, particular.
De forma mais restrita ocorre a liberdade de crença, tendo em vista que ela engloba apenas a parte religiosa e refere-se a autonomia de professar ou não a sua crença.
Do seu modo, a permissão para a exteriorização da crença é a chamada liberdade de culto, tendo em vista que a autonomia do indivíduo ao escolher a sua religião não termina apenas na própria escolha e demanda, além disso a necessidade de expressar o seu culto através de reuniões, hábitos e tradições.
Inciso VIII: nos termos deste dispositivo, temos que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”.
A partir deste inciso tem-se a descrição do que é chamado de “escusa de consciência”, também conhecido como o direito de “objeção de consciência”, ou “alegação de imperativo de consciência”. Sendo assim, trata-se do direito constitucional que garante ao indivíduo o não cumprimento de determinada obrigação legal em casos que determinada ação vá contra suas convicções religiosas, políticas ou filosóficas, desde que o sujeito cumpra a prestação alternativa prevista na lei.
Controvérsias em torno da incidência da liberdade religiosa
 Diversas controvérsias as quais a Doutrina e a Jurisprudência enfrentaram diante da perspectiva da liberdade, sendo os casos mais relevantes:
Pedido de objeção de consciência para realização de prova qualificatória em data diferente daquela previamente marcada.
Trata-se do pedido de realização de provas, como por exemplo: vestibulares, concursos e ENEM, em dias diferentes dos marcados previamente sob a alegação de infringir costumes religiosos que dizem que certos dias devem ser guardados.
2-Símbolos religiosos em locais públicos e no Estado laico.
Trata-se da discussão em torno da adoção de argumentos religiosos para fundamentar decisões políticas, bem como o uso de objetos religiosos em repartimentos públicos como uma afronta à normativa constitucional de liberdade religiosa ou como sendo uma expressão e manifestação cultural. 
Como entendimento, o Conselho Nacional de Justiça por maioria decidiu que os crucifixos são símbolos da cultura brasileira e não comprometem a imparcialidade do poder judiciário como também nas demais esferas.
Curandeirismo
A invocação da liberdade religiosa não pode servir de abrigo para a prática de ilícitos penais, razão pela qual a 2ª Turma do STF decidiu que a prática do “curandeirismo” não está abrangida pela norma constitucional de proteção à crença.
De forma mais sucinta podemos citar também outros temas que na mesma medida geram certas controvérsias em relação a liberdade como: sacrifício de animais em cultos de religiões de matriz africana; o ensino religioso e o estado laico; transfusão de sangue em testemunhas de Jeová e proselitismo religioso e incitação ao ódio e à intolerância.
5.5. Liberdade de profissão
Com relação a liberdade de profissão, esse direito constitucional garante a liberdade de poder exercer qualquer profissão, entretanto ela é restringe que é preciso atender às qualificações necessárias que são estabelecidas pela lei federal ( art.22, XVI). Esta norma possui sua aplicabilidade direta e imediata, destacando que somente quando for identificado potencial lesivo na atividade, que poderá exigir os requisitos para a profissão ou para o ofício. Um exemplo disso é o Exame da Ordem Dos advogados do Brasil (art.8°, IV, da Lei n° 8.906/1994), que estabelece requisito essencial o bacharel em direito atue como advogado. 
5.6. Liberdade de Locomoção
No que tange a liberdade de locomoção, a Constituição Federal dispõe, que é garantido o direito de livre locomoção, desde que, no território nacional e dentro da lei.Todas as pessoas independentementede serem estrangeiras ou não, podem entrar, sair ou permanecerem no território nacional, isto está previsto no art. 5°, XV, CF/88. Segundo o entendimento de Pimenta Bueno, a escolha de poder se locomover, juntamente com seus bens, é um direito que acaba atingindo o direito a propriedade de alguma forma. Entretanto é importante frisar que esse direito não é em seu total absoluto, visto que é uma norma Constitucional de eficácia contida.
Isso possibilita que sua amplitude seja restringida pela própria Constituição ou pela legislação complementar. Um caso que vale citar seria uma crise constitucional por exemplo, que poderia restringir esse direito de liberdade de locomoção. Ou em situações tais como a imposição legal de penas privativas de liberdade, onde esse direito pode vir a sofrer uma restrição legítima. 
Também há outros meios pelos quais defendem e protegem o direito a liberdade de locomoção, como por exemplo, o direito de somente ser preso em flagrante delito, que está prescrito no (art.5°, LXI, CF/88) ou o Habeas Corpus descrito no art.5° LXVIII). O ministro Gilmar Mendes decidiu que o direito a locomoção se torna vulnerável a condução coercitiva para interrogatório, partindo da premissa que a investigado é obrigado a comparecer, para ele isso e incompatível com a constituição. Depois de ser averiguado pelo STF, foi considerado a violação da garantia constitucional de não culpabilidade (ART.5°, LVII). Portanto foi decidido, que o interrogado não é obrigado a responder as indagações que lhes são feitas no interrogatório e também não são obrigados a comparecer nesse ato, excluindo assim que o interrogado faça jus do seu direito de autodefesa caso não compareça.
 5.7 Liberdade de Reunião
 No que se refere a liberdade de reunião, é permitido a reunião pacífica e sem armas em locais abertos públicos, sem precisar de autorização, sem prejudicar outra reunião que tenha sido anteriormente convocado no mesmo local, somente é exigido que seja avisado previamente às autoridades competentes. O direito a reunião se interliga aos direitos de liberdade de expressão e a democracia. Há alguns elementos importantes a serem destacados que compõe o direito a reunião, tais como o elemento subjetivo, que descreve que não devem ter reuniões individuais. Já no elemento formal pressupõe que a reunião deve ser convocada previamente e deve ser minimamente coordenada. Outro elemento também presente é o elemento teleológico que descreve que os integrantes ali presentes devem ter a mesma finalidade. Além disso há o elemento temporal que consiste na reunião como algo passageiro e momentâneo e não podem apresentar um compromisso duradouro, pois se configuraria uma associação. Outro elemento existente é o especial onde deve haver um local já determinado e delimitado para que ocorra a reunião. É importante salientar que quando a reunião for em local público é preciso que haja um aviso prévio a autoridade competente e ao contrário não poderá ser iniciada. Vale ressaltar também, que se houver decretação de estado de sítio (ART.139, IV) há a suspensão do direito de reunião ou também sua restrição em caso de decretação de estado de Defesa ( ART.136, § 1°, I, “a”).
5.8. Liberdade de Associação
No tocante a liberdade de associação, esse direito consiste em uma aliança duradoura de pessoas, que possuem uma direção, em busca de uma finalidade que precisa ser lícita e que além do mais procuram expandir juntos suas conquistas. Mesmo que seja um direito atribuído a cada pessoa da associação individualmente, somente poderá ser exercido coletivamente. É preciso que haja uma pluralidade de indivíduos para se configurar associação. Outra caracteriza desse direito, é a vedação de qualquer interferência estatal no seu funcionamento e também a desnecessidade de autorização estatal para a sua criação. Isto está previsto no art.5°, incisos XVII a XXI da CF/88.
Conclusão
É possível concluir por meio deste, que os direitos de liberdade citados são fundamentais para o exercício da livre democracia, visto que é um direito fundamental, ao contrário se não houvesse esses direitos garantidos, os cidadãos não teriam voz, e também não exerceriam seus direitos de escolha, por essa razão que a garantia desses direitos é tão importante para que não haja um abuso do poder por parte do Estado. Logo embora as liberdades individuais devem ser protegidas e garantidas, não são absolutas, pois a partir do momento em que o indivíduo causa um dano irreparável a coletividade ou ameaça à liberdade de outrem, ele pode ser limitado pelo Estado.

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