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TEXTO COMPLEMENTAR: Disciplina: Saúde Ambiental e Vigilância Sanitária Professor: Claudia Ferreira dos Santos Ruiz Figueiredo O AVANÇO RADIOLÓGICO ATRELADO A RETOMADA NUCLEAR A radioatividade é um fenômeno natural ou produzido artificialmente, pelos quais algumas substâncias ou elementos químicos chamados radioativos são capazes de emitir radiações ionizantes. A radioatividade é uma forma de energia nuclear, bastante empregada em medicina. A radiação pode ser usada na forma diagnóstica ou de tratamento. A radiação ionizante, ao atravessar um material, pode provocar mudanças nos átomos e nas moléculas, enquanto, ao mesmo tempo, a própria radiação sofre atenuação. Essas características são usadas para diagnósticos, tratamentos (radioterapia, radiofármacos, teleterapia, braquiterapia), esterilização de material hospitalar ou de alimentos, controle de insetos transmissores de doenças, dentre outras aplicações em Saúde. Os radioisótopos são escolhidos de forma a ter a energia e a meia-vida conveniente para cada utilização. As radiografias (Raio X), mamografias e tomografias, por exemplo, utilizam material radioativo no equipamento. São geradas ondas eletromagnéticas e cada onda tem uma velocidade, que é gerada pelo equipamento para fins específicos. A radiação pode ser classificada em ionizante (como utilizada na área da saúde e aplicações nucleares) e não ionizante (ondas de rádio, telemetria, sinal de celular). A radiação ionizante pode interagir com o DNA celular e causar mutações, no organismo vivo, é acumulativa, com danos proporcionais a dose recebida. O conceito de radiológico e radiativo vem do emprego do material ionizante. Quando o material é utilizado para geração de energia ou pesquisa, classificamos como material radiativo. Fora esta utilização, qualquer emprego de materiais ionizantes é considerado material radiológico. Tivemos um acidente radiológico em Goiânia (Césio- 137), envolvendo um equipamento de radioterapia abandonado. No entanto, independentemente da utilização, o material ionizante, após seu uso, deve ser acondicionado de forma específica, pois continuam emitindo radiação, é considerado como resíduo, material, rejeito radiativo. Paralelamente a utilização de materiais ionizantes de forma radiológica, segundo o Plano Nacional de Energia, o Sistema Elétrico Brasileiro passa por uma evidente transição energética, dada a perda da capacidade de regularização dos reservatórios das usinas hidroelétricas e a forte expansão das fontes renováveis intermitentes e sazonais como eólica, biomassa e solar. A redução da capacidade de armazenamento dos principais reservatórios do país vem tornando necessária a manutenção do acionamento térmico, por vezes sem planejamento adequado. Além disso, as novas hidrelétricas, em grande parte a fio d’agua, estão sendo construídas cada vez mais distantes dos centros de consumo, exigindo assim a construção de longas linhas de transmissão. É nesse contexto que a reinserção das usinas nucleares no planejamento energético do país torna-se oportuna. Esse tipo de geração possui características benéficas ao sistema elétrico nacional, como: a possibilidade de implantação em áreas reduzidas, o elevado fator de capacidade, a grande oferta de energia na base, as grandes reservas de urânio existentes no país, o baixo custo do combustível, o domínio tecnológico do ciclo de enriquecimento do urânio e o reduzido impacto ambiental. No Brasil, a maior utilização do urânio se dá na geração de energia elétrica, com utilização em menor proporção na medicina e agricultura. A vantagem do uso do urânio como fonte de energia é a sua alta concentração energética. Um quilo de urânio natural ou vinte cinco gramas de urânio enriquecido, correspondem a vinte toneladas de carvão ou dez toneladas de petróleo, nestas proporções produzem 50.000 kWh. O Fator de Capacidade é outro importantíssimo elemento a ser considerado na geração nuclear, pois chega a alcançar até 90%, contra 40% na eólica e 23% na solar. A respeito desse ponto, é fundamental esclarecer que as energias eólica e solar não são antagônicas à nuclear, muito pelo contrário, são complementares a ela, visto que são chamadas de fontes de geração intermitente, enquanto a nuclear é energia de base. Esse mix é imprescindível para uma boa e eficiente gestão do sistema elétrico nacional. O Sistema Interligado Nacional – SIN é predominantemente hidráulico, com usinas eólicas e fotovoltaicas em franca expansão. Isso significa que o SIN precisará, cada vez mais, de fontes que complementem essa geração, visto que elas são extremamente dependentes das condições climáticas. Já a nuclear tem a vantagem de se ter o absoluto controle da produção. Desde 2005, o programa nuclear brasileiro tem passado por uma revitalização por causa da necessidade de o país ampliar e diversificar a sua matriz energética. Devido a este fato, temos a retomada da construção de Angra 3 e planejamento de outras 4 usinas que devem ficar prontas até 2030. Até 2005, quem continuou desenvolvendo a tecnologia de maneira ininterrupta foi a Marinha, interessada no submarino de propulsão nuclear, que significará um salto de qualidade no patrulhamento da costa brasileira. A Marinha, nestas últimas décadas, fez uma coisa importantíssima. A de dominar a tecnologia, principalmente de enriquecimento de urânio através do processo de ultracentrifugação. O Brasil tem hoje, a mais avançada tecnologia para esta etapa essencial do ciclo de produção. O submarino nuclear faz parte da transferência de tecnologia com a França firmado em 2012, com a expectativa de conclusão em 2029. O processo de Transferência de Tecnologia envolve a transmissão de conhecimentos e informações técnicas, a capacitação e qualificação de engenheiros e técnicos brasileiros que acontece no Brasil e na França, por meio da realização de serviços reais. A polêmica envolvendo Angra III Angra 3 foi planejada no âmbito do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, assinado em 1975. Pelo acordo, oito usinas nucleares seriam construídas - mas apenas Angra 2 virou realidade. A usina nuclear de Angra 3, que começou a ser construída em 1984, passou por dificuldades econômicas, crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas na execução do projeto, e as obras foram paralisadas por várias vezes. No caso da energia termonuclear, depois do acidente nuclear em Fukushima, aparentemente, geraram na sociedade uma percepção de risco em relação às usinas nucleares. Mas, poucos se lembram o acidente de Fukushima foi resultado de terremoto seguido de um tsunami naquela região. Mesmo assim, usinas com a mesma tecnologia de Fukushima e de ANGRA 3 na Alemanha, foram desligadas em vários países, inclusive na própria Alemanha. Mas, o Ministério das Minas e Energia (MME) se defende com modernizações na planta original, como controles digitais e reforço na resistência contra terremotos e maremotos, e prevê a construção de mais quatro usinas nucleares no país até 2030. Fonte: adaptada de: https://exame.com/revista-exame/uma-usina-de-problemas/ https://petronoticias.com.br/wp-content/uploads/2021/02/Usina-Angra-3.jpg As previsões são de que até 2050, o Brasil precisará praticamente dobrar a sua capacidade instalada para atender o crescimento da demanda e promover a democratização do consumo de energia. As hidrelétricas continuarão sendo predominantes, mas, nas próximas décadas, devem alcançar o limite de seu potencial. As energias renováveis terão papel significativo nessa expansão, devido à sua competitividade econômica, mas são complementares. Por isso, as termelétricas – biomassa, gás natural e nuclear – serão necessárias. Angra II Projeto final Angra III Angra III – em setembro/2019 Angra III – com projeto finalizado https://exame.com/revista-exame/uma-usina-de-problemas/ https://petronoticias.com.br/wp-content/uploads/2021/02/Usina-Angra-3.jpgDesmistificando os rejeitos radioativos: Existe uma imagem equivocada sobre os rejeitos nucleares. Conforme consenso internacional, os rejeitos radioativos são classificados em três tipos, segundo o nível de radioatividade que apresentam: os de baixa, média e alta atividade, e que sofrem condições diferentes de contenção de sua liberação de energia residual. Vale ressaltar que a energia nuclear é a única tecnologia de produção de energia que trata adequadamente dos seus rejeitos e os mantém isolados do meio ambiente de maneira segura, e incorpora os custos do gerenciamento, tratamento e deposição destes rejeitos nos custos de produção e nas tarifas. Existem métodos tecnicamente comprovados e seguros para a deposição final de rejeitos radioativos de alta atividade e existem desenvolvimentos tecnológicos em andamento em diversos países que permitirão diminuir ainda mais os volumes e os impactos dos rejeitos do reprocessamento, utilizando os processos de partição e transmutação de elementos e desenvolvimento de tecnologias de reaproveitamento dos materiais considerados atualmente como rejeito. Mas, o que o material ionizante utilizado na área da saúde tem a ver com o Plano Nacional de Energia? Para pesquisas e avanços nas áreas sejam da saúde ou de geração de energia, os órgãos reguladores são os mesmos. Portanto, o material ionizante independentemente de sua empregabilidade (radiológica ou radioativa) é regulado pela Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN) e Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e depende destas instituições para novos empreendimentos, novas pesquisas, novos projetos, novos equipamentos e novos tratamentos. Aqui no Brasil, a população em geral se preocupa com a própria saúde, e facilmente apoiariam o desenvolvimento de novos equipamentos e tratamentos que utilizassem materiais ionizantes. Mas, a mesma opinião pública, por medo de um acidente nuclear, não apoia a conclusão da usina nuclear de Angra III, ou construção de novas usinas nucleares. Aparentemente um assunto não tem nada a ver com o outro. Mas, estão atrelados pelas deliberações dos mesmos órgãos. Referências http://www.sbfisica.org.br/v1/arquivos_diversos/Livros-e-Estudos/aplicacoes-da-energia-nuclear-na- saude.pdf https://www.saude.go.gov.br/images/imagens_migradas/upload/arquivos/2017-02/orientacoes-sobre- radiacao-ionizante.pdf http://www.aben.com.br/Arquivos/731/731.pdf https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados- abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-165/topico-173/PNE%202030%20- %20Gera%C3%A7%C3%A3o%20Termonuclear.pdf https://fgvenergia.fgv.br/sites/fgvenergia.fgv.br/files/fevereiro-2019_final.pdf https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/03/21/paralisadas-obras-de-angra-3-sao-alvo-de- denuncias-de-corrupcao-e-superfaturamento.ghtml https://www.marinha.mil.br/prosub/transferencia-tecnologia-convencional http://www.sbfisica.org.br/v1/arquivos_diversos/Livros-e-Estudos/aplicacoes-da-energia-nuclear-na-saude.pdf http://www.sbfisica.org.br/v1/arquivos_diversos/Livros-e-Estudos/aplicacoes-da-energia-nuclear-na-saude.pdf https://www.saude.go.gov.br/images/imagens_migradas/upload/arquivos/2017-02/orientacoes-sobre-radiacao-ionizante.pdf https://www.saude.go.gov.br/images/imagens_migradas/upload/arquivos/2017-02/orientacoes-sobre-radiacao-ionizante.pdf http://www.aben.com.br/Arquivos/731/731.pdf https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-165/topico-173/PNE%202030%20-%20Gera%C3%A7%C3%A3o%20Termonuclear.pdf https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-165/topico-173/PNE%202030%20-%20Gera%C3%A7%C3%A3o%20Termonuclear.pdf https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-165/topico-173/PNE%202030%20-%20Gera%C3%A7%C3%A3o%20Termonuclear.pdf https://fgvenergia.fgv.br/sites/fgvenergia.fgv.br/files/fevereiro-2019_final.pdf https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/03/21/paralisadas-obras-de-angra-3-sao-alvo-de-denuncias-de-corrupcao-e-superfaturamento.ghtml https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/03/21/paralisadas-obras-de-angra-3-sao-alvo-de-denuncias-de-corrupcao-e-superfaturamento.ghtml https://www.marinha.mil.br/prosub/transferencia-tecnologia-convencional
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