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TCC Psicanálise

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20
RITA DE CÁSSIA DE OLIVEIRA LIMA
ASSÉDIO SEXUAL CONTRA MULHERES – O Sombrio por trás da falsa integridade: conceitos da psicanálise para explicar perfil do abusador de mulheres que detém posição social de credibilidade e/ou destaque
Sorocaba
2020
Rita de Cássia de Oliveira Lima
 
 
 
 
 
 
 
ASSÉDIO SEXUAL CONTRA MULHERES – O Sombrio por trás da falsa integridade: conceitos da psicanálise para explicar perfil do abusador de mulheres que detém posição social de credibilidade e/ou destaque
 
Trabalho de Conclusão de Curso, do Perlabore Centro de Psicanálise, como parte da exigência para obtenção de título do curso em referência.
Orientador: Prof. Vinicius Lira Valerio
 
 
 
 
Sorocaba
2020
Rita de Cássia de Oliveira Lima
 
 
 
 
ASSÉDIO SEXUAL CONTRA MULHERES – O Sombrio por trás da falsa integridade: conceitos da psicanálise para explicar perfil do abusador de mulheres que detém posição social de credibilidade e/ou destaque
 
Trabalho de Conclusão de Curso, do Perlabore Centro de Psicanálise, como parte da exigência para obtenção de título do curso em referência.
Sorocaba, _____ de ______________ de 2020.
 
 
BANCA EXAMINADORA
_________________________________ 
Prof. Vinicius Lira Valerio
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelos dons que me deu que serviram na realização deste projeto.
Sou grata as minhas três filhas, que incentivaram e a meu esposo que acreditou sempre que eu seria capaz de me engajar e ser bem-sucedida nessa nova empreitada.
Agradeço também aos meus pacientes que confiaram a mim a tarefa de os atender e ajudar na melhoria de suas qualidades de vidas, e a amigos que no ciclo pessoal contribuem com suas palavras e carinho.
Por fim, a gratidão ao meu professor orientador por sua paciência, ensinamentos e presente para indicar as direções corretas a tomar.
RESUMO
O presente trabalho pretende estudar o tema geral do Assédio Sexual contra mulheres, no âmbito praticado por homens que figurem na sociedade em que se inserem posições de confiança e respeito, e se aproveitam disso para praticar o crime. Como esse assunto no mundo contemporâneo ganhou casos de grande repercussão no Brasil, a abordagem pretende mostrar o que é na íntegra o assédio sexual, suas formas, como o assediado se comporta e o perfil do assediador / abusador, nos contextos sociais, psicológicos, legais e como a psicanálise explica e/ou pode contribuir a respeito desses abusadores. 
PALAVRAS-CHAVES: Assédio, sexual, sociedade, mulheres, abusador, psicológico. 
ABSTRACT
The present work intends to study the general theme of Sexual Harassment against women, in the scope practiced by men who appear in the society in which positions of trust and respect are inserted, and take advantage of this to practice the crime. As this subject in the contemporary world has gained cases of great repercussion in Brazil, the approach aims to show what sexual harassment is in its entirety, its forms, how the harassed behaves and the profile of the harasser / abuser, in social, psychological, legal contexts and how psychoanalysis explains and / or can contribute to these abusers.
KEYWORDS: Harassment, sexual, society, women, abuser, psychological. 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7 
1. O QUE É ASSÉDIO ........................................................................................... 8 
1.1. TIPOS DE ASSÉDIO ......................................................................................... 8 
1.1.1 O ASSÉDIO SEXUAL ........................................................................................ 9 
2. O ASSEDIADO – PERFIL E CONSEQUENCIAS PSICOLÓGICAS ............... 11 
3. O ASSEDIADOR / ABUSADOR SEXUAL DE MULHERES ............................ 13
3.1 PERFIL CRIMINOSO E ASPECTOS LEGAIS ................................................ 13
3.2 PSICOLOGIA E PSICANALISE – EXPLICAÇÕES PARA ESSE PERFIL ...... 14
4. ANÁLISE DE CASOS DE GRANDE REPERCUSSÃO ................................... 16
4.1 JOÃO DE DEUS E ABDELMASSIH ............................................................... 16
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 21
APENDICE ................................................................................................................ 23
INTRODUÇÃO
Há algumas definições de assédio, todavia, a todas elas podemos mencionar pressão feita de uma pessoa sobre outra, objetivando a obtenção de algo / vantagem. 
Nesse estudo, será apresentada em foco o assédio sexual contra mulheres, cometidos por abusadores inseridos num contexto social em posições de destaque / confiança. 
	Assim, o abuso sexual, será mostrado como comportamental do abusador, e a correlação que o ato gera para a perturbação psicológica do abusado. Sendo, a violência sexual que desde a antiguidade existe, interpretada por acontecer em qualquer classe social, sendo estes criminosos de qualquer raça, etnia ou religião, e, nos casos estudados nesse trabalho, correlacionados a grau de confiança profissional para cometer crimes dessa ordem.
	Abordar-se-á também se há ou não correlações com doenças mentais severas, comportamentos criminais específicos, tempo e estilo de planejamento do comportamento e ação, e consequências nas vítimas em geral. 
	Apesar de agir fora da lei, cometendo crime, o abusador sexual de mulheres inserido numa posição de destaque social, racionaliza seu comportamento ao passo que se convence de não estar cometendo um crime ao praticar o abuso, e que, portanto, seu comportamento é aceitável. Assim, a psicanálise tentará explicar correlações ao assunto.
	Nesse sentido, remetendo ao tema alvo de estudo neste trabalho, o perfil do abusador sexual de mulheres, quando inserido numa posição de destaque na sociedade, utiliza-se da relação de confiança exercendo pressão sobre a mulher que ao profissional buscou, visto esta estar vulnerável e, assim, se obtém a seu favor o objetivo sexual e pessoal, mesmo sabendo que a integridade além de física, também mental da mesma irá ser desestruturada, uma vez que nele buscou ajuda e confiou. 
E, por fim, a conclusão e inclusive esse estudo só se torna possível dado que a sociedade contemporânea cada vez com mais acesso a informação, e assim, mais ciente do papel de cidadão, adquiriu com passar dos anos o direito e reconhecimentos legais a recorrer de ações injustas legalmente amparadas, e assim até tornando público casos e relação de apoio mútuo, social e psicológicos em geral. 
1. O QUE É ASSÉDIO
Existem diferentes formas de manifestações de assédio. Este está relacionado ao fato de uma pessoa exercer pressão sobre outra para obter algo que se deseja, e/ou uma vantagem.
Nesse sentido, podemos dizer que: 
 
Por assédio (...) temos que entender toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa (...). (Hirigoyen, 2010)
	
Portanto, compreendemos que o assédio se refere a inúmeros modos de comportamentos que humilham, pressionam, forçam, importunam ou perseguem uma pessoa ou grupo, seja de modo explícito ou disfarçado, a uma situação.
Havendo nesse contexto diversos tipos de assédio, quais sejam: sexual, moral, verbal, virtual, escolar, entre outros. Alguns destes que serão melhor descritos a seguir.
1.1 Tipos de Assédio
Assédio Moral contra a dignidade de uma pessoa, tem por base humilhar, constranger e atacar a dignidade de alguém. Sendo esse uma modalidade de assédio em que há agressão direta psicológica, com exposição humilhante, muito comum nas relações de trabalho (ALKIMIN, 2013;GUIMARAES e RIMOLI, 2006). No Brasil, não conta com uma lei específica ainda que caracterize o assédio moral em si.
Assédio Verbal comportamentos de xingamentos, insultos, ridicularizarão, ameaça e coação sobre uma pessoa ou grupo. Esse tipo de assédio em nosso país está caracterizado pela Lei de Injuria e é passível de indenização de danos morais, quando legalmente comprovado.
Assédio Virtual acontece no mundo online, com ameaças, propagação de ódio, importunar alguém, e hostilizar por meio da tecnologia. 
Assédio Escolar intimidação física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação no ambiente escolar. Atualmente conhecido por bullying escolar, esse tipo de assédio leva a sofrimentos, isolamento e marginalização que precisam de muito cuidado por quem o sofreu:
É um fenômeno devastador, podendo vir a afetar a autoestima e a saúde mental dos adolescentes, assim como desencadear problemas como anorexia, bulimia, depressão, ansiedade e até mesmo o suicídio. Muitas crianças vítimas do bullying desenvolvem medo, pânico, depressão, distúrbios psicossomáticos e geralmente evitam voltar a escola quando esta nada faz em defesa da vítima. (Guareshi, 2008).
Assédio Sexual pode ser tido como “favores” sexuais sejam verbais ou físicos, de modo ofensivo, hostil e forçado. Pode acontecer contra crianças ou adultos, homens ou mulheres. Será melhor explicitado no próximo tópico.
1.1.1 O assédio sexual
Trata-se de comportamentos verbais ou físicos, que com conotação sexual, expõe outra pessoa, do mesmo sexo ou não, com representação de ato sexual não permitido ou desejado por esse último.
Nesse âmbito que chantagem ou ameaça são as fontes usadas pelo abusador (assediador) para intimidar a vítima.
Assédio sexual em grande parte é cometido por homens, não sendo essa uma regra, todavia, em condição de superioridade sobre crianças ou mulheres.
O assédio sexual inclui desde comportamento de contar piada com caráter obsceno e sexual, passando por olhares ofensivos, toques, abraços, beijos e etc. sem consentimento, até o ataque sexual, molestar propriamente dito.
Como alvo deste estudo, o assédio sexual sobre mulheres, pode acontecer em qualquer lugar, desde rua até um ambiente como templo ou clínica médica, conforme casos de repercussão nos últimos anos no Brasil, que serão abordados.
Portanto, analisando o assédio sexual, realizado por abusadores que detenham posição social de credibilidade, contra mulheres, das mais diversas classes sociais, infelizmente têm sido mais comuns do que pensamos.
É importante ressaltar que cantada, sedução não é necessariamente um assédio. Um assediador / abusador se aproveita de uma posição e molesta a sua vítima, configurando o crime.
Esse estudo falando do assediador sexual de mulheres que se aproveita da prática “clínica” ou “religiosa” para, estando sozinho com sua vítima, estar mais propício e aproveitar-se da vulnerabilidade feminina a abusar, vem trazer à tona se aproveitar de um cenário de angustia e/ou problema da mulher que ali está.
12
Por conseguinte, o assediador também tem obviamente receio de ser descoberto e punido, então a todo momento, consciente ou não cria suas estratégias de assédio sexual. Esse tema que será abordado com maior detalhe no perfil do abusador sexual de mulheres na sequência. 
2. O ASSEDIADO – PERFIL E CONSEQUENCIAS PSICOLÓGICAS 
O assediado é uma pessoa que se encontra, no momento do assédio, desqualificada em relação ao abusador, e, portanto, em geral, mantem silencio e acaba por de certo modo endossar a ação, mesmo sem concordar com a mesma. 
	Como perfil também de quem é assediado sexualmente podemos dizer que está o sentimento de culpa, pois muitas vezes no início tende a achar que algum comportamento seu foi o ponto de ser a explicação da causa. Esse assediado sofre opressão primeiramente por si próprio, e, com isso, leva a desenvolver atitudes pessoais, especialmente no âmbito sexual inadequadas / diferentes e até mesmo desenvolver uma possível depressão. 
	Freud a luz do tema explica por suas teorias que o trauma causa pressão das suas pulsões sexuais, e o ego trava uma batalha contra elas, gerando um conflito traumático inconsciente. Ele cita ainda por suas obras conclusão de que esses traumas causam efeitos angustiantes que devastam o abusado, que ferem a própria identidade desse indivíduo. 
	Quem sofre o abuso sexual passa a sofrer em geral, pelos estudos que corroboram com presente trabalho, sentimentos como vergonha, ansiedade, pânico, estresse, silêncio, baixa autoestima, e, como citado anteriormente, a depressão que, se não tratada, pode levar até mesmo ao suicídio. 
	Nesse sentido, as consequências além da primeira situação que remete ao sentimento de angustia, vem de encontro a mudanças comportamentais grandiosas, estas que aniquilam o assediado, uma vez que interferem em toda sua estrutura psíquica e até seu modo de ver a vida, como descreve o autor:
A capacidade do assediado de se socializar será inevitavelmente afetada em face do isolamento a que se submete e, como consequência, a sua hostilidade para as demais pessoas será uma constante, devido à hipersensibilidade de que padece e, por óbvias razões, os familiares e aqueles que dele estão mais próximos passam também a sofrer as consequências danosas desse tipo de violência laboral, pois todos serão afetados pela angústia, pela humilhação, pelas suas perturbações físicas e psicológicas. (Teixeira, 2009)
	Pelo exposto, podemos perceber que o assediado precisa denunciar, superar a culpa e buscar apoio. Sendo então grande a importância do assediado em se manifestar, minimizando seus medos, assim, podendo buscar ajuda psicológica por 
meio de intermediadores profissionais que serão capazes de ajudar a redefinir suas histórias e até mesmo seus futuros. 
	O trabalho profissional do psicólogo e psicanalista nessas situações, a essas vítimas, remete a usar técnicas chamadas Cognitivo Comportamentais, estas que trazem a partir de falar sobre a vivência do abuso, mudar a relação e percepção da vítima, eliminando a culpa, com reestabelecimento do comportamento social e da confiança, diminuindo atitudes de isolamento e gerindo sentimentos, sendo por essas razões, como mostrado, a chave para a melhoria na vida futura de quem sofreu essa violência. 
3. O ASSEDIADOR / ABUSADOR SEXUAL DE MULHERES
	O assediar (abusador) sexual é aquele que contra a vontade pratica ações que constrangem e/ou atos violentos para com outra parte, seja ela, homem, mulher, crianças. Esse mesmo abusador, quando pratica seu ato de cunhos não permitidos sexualmente falando contra mulheres é o abusador sexual de mulheres.
	Esse assediador detém no momento do ato o poder sobre a vítima. 
	Nesse cenário desenhado, temos o princípio da deontologia, que traz a tona conjunto de regras e princípios de conduta, os deveres, das profissões ou morais do ser humano. Com isso, más intenções e/ou princípios éticos quebrados de uma profissão, revelam perfis que, podem explicar o desvio de conduta do abusador sexual feminino. Essa quebra deontológica só vem corroborar para o crime / delito em si do abuso sexual. 
	Outro aspecto sobre o perfil desse abusador sexual de mulheres, quando em posição de destaque social e/ou na prática clínica, é que em geral, são homens cativantes de posição de robustez da prática de seu exercício profissional – social, além de sinais de perversidade, autoritarismo, muitas vezes agressividade e moral social com conceito de família bem resolvidos para demonstrar a público.
3.1 Perfil criminoso e aspectos legais
No sentido do perfil social do criminoso que pratica abusos sexuais, este é em geral uma pessoa aparentemente comum a sociedade que pode até ter uma profissão ou destaque profissional. E, com isso, aos olhos da família, pacientes, amigos, sociedade no geral é um denominado indivíduo normal. 
Por vezes esse criminoso tem perfil implícito moralista e/ou até autoritário, estes comportamentos que passam por argumentos internos de suas perversões.
Esse criminoso tem característicopor estudos, que em seu perfil, exerce poder sobre sua vítima e, costuma, em geral, culpar a vítima para justificar seu próprio ato de crime e perversidade. 
A concretização das fantasias sexuais do abusador sexual é de certo modo compulsiva, pode, no caso de abusadores de mulheres ter origem na infância, e as literaturas corroboram para que o perfil desse criminoso seja consciente, e por isso, justificam que criminalmente estes possam e devam ser responsabilizados, como autor a seguir. 
(...) seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos.
(...) em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro.
(...) Estão infiltrados em todos os meios sociais e profissionais, camuflados de executivos bem-sucedidos, líderes religiosos, trabalhadores, políticos, etc. (Silva, Beatriz, 2008)
Por fim, pelo aspecto legal, o crime de assédio sexual enquadra-se na Lei n. 10.224/2001 que define o assédio sexual como um tipo penal. O art. 1° desta Lei alterou o Código Penal, que no art. 216 – A, passou a definir assédio sexual com o seguinte conteúdo, in verbis: 
 
Constranger alguém com intuito de levar vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua forma de superior hierárquico, ou ascendência inerentes a exercício de emprego, cargo ou função: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
	Resta claro que o direito vem de encontro com a psicopatia de abusadores e, com isso, as medidas judiciais e o direito não se omite a esse crime, visando minimizar o sofrimento de vítimas e determinando limites que desencorajem outras ações similares.
3.2 Psicologia e Psicanálise – Explicações para esse perfil 
Em termos psicológicos, o assediador / abusador sexual de mulheres é aquele que teoricamente, em geral, tem dificuldade de lidar com alguma frustração. 
Perfil psicológico pode remeter a alguém que pode ser tímido quando está em grupo e, quando exposto a algum comentário, se sentir-se ameaçado, pode despertar a atitude até mesmo de uma espécie de vingança. 
Com isso, atração física ou até mesmo paixão, na psicanálise, é parte fundamental do processo de transferência, que caracteriza ao abusador sexual a condição do querer cometer o ato de molestar.
O local, para esse perfil de abusador é a sós com a mulher que será sua vítima. Assim, nesse momento estará exercendo certo poder sobre a mulher e assim possuidor da chantagem, que permitirá de modo perverso a este concretizar a prática do abuso sexual.
A psicologia social vem de encontro explanar que a estratégia é parte do perfil do abusador sexual de mulheres, isto porque, a relação de intimidade que ele pode construir com a sua vítima estabelecerá maior confiança tornando o cenário favorável a pratica.	
Psicologicamente, os abusadores sexuais de mulheres, como nos casos estudados nesse trabalho, quebram protocolos deontológicos, ou seja, da ética de sua própria profissão, estando próximo a vítima com padrão de homem social, e que, na prática clínica, desse estudo, seria inclusive para proteger a vítima. Estando esse abusador, portanto, na condição social de “acima de qualquer suspeita”, com boa articulação para manipular a vítima e satisfazer seus desejos carnais sem consentimento, não sendo assim, psicologicamente um incapaz mental.
Do mais, o perfil que a psicologia e psicanalise trazem desses abusadores não é traçado por um padrão, apenas por similaridades de suas ações. Ou seja, mesmo relacionado a uma prática clínica, como casos que a posteriori serão abordados, referem-se a pessoas de classes sociais que podem ser distintas, com credos também distintos e orientações sexuais particulares. Sendo, nesse âmbito de estudo, características que os assemelham e agrupam padrão familiar “perfeito” a sociedade, moral social elevada, perversidade, autoritarismo e, por vezes, agressividade.
4. ANÁLISE DE CASOS DE GRANDE REPERCUSSÃO 
Afim de ilustrar e corroborar a conclusão deste estudo, casos de abuso sexual contra mulheres de grande repercussão nos últimos tempos serão resumidamente a seguir abordados. São eles: João de Deus e Abdelmassih, o primeiro um líder espiritual (médium) renomado na mídia e segundo médico geneticista de grande prestigio na profissão. Ambos que se aproveitaram de suas posições institucionais (clínica e religiosa) para cometer abusos sexuais contra suas “pacientes” / “clientes” mulheres.
Em síntese os casos que ilustram perfil de um abusador sexual de mulheres a luz da falsa integridade profissional remetem a aproveitaram-se de suas posições de destaque social e o privilégio da confiança neles para manipularem e conseguirem seus anseios sexuais a qualquer custo.
4.1 João de Deus e Abdelmassih 
João Teixeira Faria, 77 anos, conhecido por João de Deus, e famoso por suas curas espirituais, atendia grande número de pessoas, dentre elas um público feminino grande. Fundador em 1976 da Casa de Dom Inácio de Loyola, chegou a atender mais de 1000 pessoas por dia e inclusive muitos estrangeiros.
Foi denunciado em 2018 pelo crime de abuso sexual de mais de trezentas mulheres que relatavam ter ido buscar sua ajuda. Chegou a ter sua prisão preventiva ainda no mesmo ano decretada e fugiu, sendo assim, na época considerado um foragido. Entregou-se depois, foi considerado culpado, condenado a 19 anos de prisão quase 1 ano depois da denúncia e em março deste ano – 2020 –, recebeu direito de prisão domiciliar em razão da Pandemia Covid-19 que o mundo enfrenta.
De suposta mediunidade desde a infância, João de Deus, que possui 9 filhos, morou em diversas cidades diferentes, é considerado analfabeto funcional, sempre apresentou bom caráter e amor incondicional até pelos seus atendimentos considerados gratuitos. Após seu caso vir a tona pelos abusos sexuais cometidos, foi também acusado de contrabando e assassinato. 
Suas ações durante os crimes de abuso sexual tinham em comum: ele levava suas vítimas para salas onde ficassem a sós, usava do atributo da crença (fé), e os atos libidinosos que promovia com suas vítimas eram justificados como parte de um tratamento. Inclusive tais argumentos chegaram a ser usados pelo abusador para se dizer plenamente inocente e negar os abusos que praticou perante a justiça, todavia sempre se mostrando plenamente capaz e lúcido.
Dentre suas vítimas, deve-se destacar uma de suas filhas abusada na infância por ele, e os relatos comuns de: desespero, angustia, medo, impotência, depressão, crises de pânico e até mesmo houve suicídio nas inúmeras histórias.
	Outro caso de mesma esfera e repercussão, Roger Abdelmassih, 76 anos, médico especialista em reprodução humana, pioneiro na fertilização in vitro no Brasil. Acusado em 2009 de abuso sexual contra suas pacientes. 
	Chegou a ser condenado a 278 anos de prisão, e assim como João de Deus, também negava os abusos. 
	Assim como João de Deus beneficiado por prisão domiciliar, Abdelmassih teve habeas corpus ao longo de sua condenação, chegou a foragir com uso de documentos falsos, voltou a ser preso anos depois e desfrutou até o ano passado – 2019 –, também de prisão domiciliar, tendo a mesma suspensa por fraude de laudo médico que levava a essa decisão por problemas de saúde relatados.
	Sua história e escolaridade bastante diferem de João de Deus no que tange a ser filho de estrangeiros (libaneses) de melhor situação financeira, e formação acadêmica na medicina por uma faculdade pública.
	Similar ao caso de João de Deus as vítimas também pela posição de confiança, eram sedadas e então sofriam os abusos de certo modo inconscientes, e com relatos comuns também de medo, impotência, dúvida e pânico.
	O abusador em questão também similar ao outro, se aproveitava da posição de prestígio, confiança, justificava como ato do tratamento e chegou a sevitimizar a justiça como revolta de pacientes não bem-sucedidas nos tratamentos, ou seja, culpar sua própria vítima pelo seu ato.
	Para finalizar as análises de casos de repercussão que, neste estudo, vem corroborar para ilustrar perfis similares entre os abusadores sexuais de mulheres com posição de destaque / credibilidade, podemos compreender até mesmo com base em entrevistas realizadas com psicólogas, psicanalistas e psiquiatra, descrita em maiores detalhes no apêndice deste estudo, a desfiguração moral, abuso de vítimas em situação psicológica abalada (sem esperança ou necessidade de tratamentos), sua fama e posição de destaque levavam ao sentimento de serem inatingíveis, traíram confiança das mulheres que vitimaram, conscientes e em pleno uso de suas faculdades mentais quando julgados e condenados.
	Frase de reflexão:
"O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus." - Frase do britânico Lord Acton.
CONCLUSÃO 
	Através deste estudo, foi possível uma macro análise dos diversos tipos de assédio existentes e atuais, desde o moral, verbal mais comuns, até o virtual (em alta no mundo contemporâneo) e o sexual, objeto deste trabalho.
	Avaliando o assédio sexual, cometido contra mulheres adultas, o trabalho permitiu traçar em suma perfis de vítimas que se sentem impotentes, por vezes até culpadas, e nos mais variados cenários de vulnerabilidades. As vítimas por si só, acabam por sofrer ou por estar em estado emocional fragilizado, e neste trabalho os abusadores se aproveitam disso e de suas posições para cometer seus crimes.
	Também o estudo traz à tona que essas vítimas muitas vezes demoram a denunciar por medo e síndromes desenvolvidas, comportamentos alterados e até mesmo estágios de depressão, que acometem e até levam a suicídios.
	Por fim, para resumir o estudo e objeto do trabalho, falando do perfil dos abusadores sexuais de mulheres, tem perfis de similaridade em comportamentos como manipulação, perversão, chantagens, agressividade e até baixa empatia. 
	Para ilustrar e corroborar com tal conclusão, foram entrevistados também profissionais como psicólogas, psicanalistas e até médico psiquiatra, que inclusive, demonstram assim como os referenciais teóricos estudados ao longo da pesquisa, que tais abusadores, quando em posições sociais de destaque e/ou de credibilidade, colocar-se em posições de vítimas, justificando seus atos criminosos por suas atividades profissionais jogando a descrédito as acusações das abusadas. Além do que essas posições de destaque, como resta claro nos casos de grandes repercussões estudados (João de Deus e Abdelmassih), contém traição da confiança das vítimas e sentimento de impunidade por serem “famosos inatingíveis”. 
	Juridicamente é um crime previsto no código penal e tais abusadores sexuais alvo do estudo no geral possuem plena capacidade mental, podendo e devendo serem julgados. E no âmbito da psicanálise, a recuperação de suas vítimas é lenta e requer acompanhamento de terapeutas profissionais e, tais abusadores, quase nunca é completa, com traços que podem vir de problemas ou repressão na infância, e terapias podem ser até bem-sucedidas, porém quase nunca 100%, e, requerendo acompanhamento de um tutor.
	Encerrando a luz do estudo criar força, denunciar e tratar vítimas com terapias psicológicas é essencial, e, por outro lado, punir com rigor legalmente, mas também tentar recuperar com apoio da psicanalise, psicologia e até da psiquiatria médica em muitos casos, a estes abusadores também é preciso, para reinserção social quando liberados de suas penas, como inclusive em nossa legislação, as vezes relativamente ainda brandas, acontece na pratica.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALKIMIN, M. A. Assédio moral na relação de trabalho. Curitiba: Juruá Editora, 2013.
BRANDINO, Géssica. Caso Roger Abdelmassih: médico cometia abusos sexuais em clínica de fertilização. Compromisso e Atitude – Lei Maria da Penha, Brasília. Disponível em: <http://www.compromissoeatitude.org.br/caso-roger-abdelmassih-medico-cometia-abusos-sexuais-em-clinica-de-fertilizacao>. Acesso: 06 maio 2020.
FREUD, Sigmund. O interesse científico da psicanálise. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1970.
GUARESCHI, A. P. SILVA, M. R. da. (Coord.) Bullyng Mais Sério do que se imagina. 2ª. ed. Porto Alegre: Mundo Jovem, 2008.
GUIMARÃES, L. A. M.; RIMOLI, A. O. "Mobbing" (assédio psicológico) no trabalho: uma síndrome psicossocial multidimensional. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722006000200008&lng=en&nrm=iso>. Acesso: 15 março 2020.
HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio Moral: A Violência Perversa no Cotidiano. 12. ed. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2010.
LIPPMANN, Ernesto. Assédio sexual nas Relações e Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTR, 2004.
MORAES, Rita. A lei do mais forte. ISTO É, São Paulo, p. 84-89, Abr. 1999.
RHODES, Daniel & Kathleen. Vampiros – predadores emocionais que nos querem sugar a vida. São Paulo: Bertrand Editora, 2000.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas o psicopata mora ao lado. Rio de Janeiro: Fontanar, 2008.
SUDRE, Lu. Abusos da fé, um ano do caso João de Deus. Brasil de Fato, São Paulo. Disponível em: < https://www.brasildefato.com.br/especiais/abusos-da-fe-or-um-ano-do-caso-joao-de-deus>. Acesso: 05 maio 2020.
TEIXEIRA, João Luís Vieira. O Assédio Moral no Trabalho: Conceito, Causas e Efeitos, Liderança Versus Assédio, Valorização do Dano e sua Prevenção. São Paulo: LTR, 2009.
VALA, Jorge e MONTEIRO, Maria Benedita. Psicologia Social. 5ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.
WALKER, Alice. A cor purpura. São Paulo: Harcourt, 1982.
APENDICE 
Entrevista: Assédio Sexual contra Mulheres - visão psicológica
1 Médico Psiquiatra25%
4 Psicólogos / Pscinalista75%
5 TOTAL
Principais características dos Abusadores
1.Desejos, abusos, estímulos da infância podem influenciar abusador quando adulto
2.Quase 100% pode ser considerado consciente de seus atos e responder criminalmente
3.Tratamento com terapias pode ajudar bastante na recuperação, porém com tutores
QUESTÕES ANALISADAS:
1) No exercício de sua profissão já atendeu vitima do sexo feminino de abuso sexual?
2) Quais faixa etárias de idade das vítimas?
3) Principais comportamentos demonstrados pelas vítimas?
4) Principais características descritas dos abusadores?
5) Do ponto de vista psicologico como você justifica perfil do abusador sexual de mulheres?
6) Traumas, abuso de poder, ou desejos / repressão na infância podem ser justificativas ao perfil do abusador?
7) A vítima de abuso sexual desvencilha dos traumas com terapia?
8) O abusador sexual pode ser tratado com terapia e pode ser plenamente recuperado? Como?
Participantes das entrevistas:
Patrícia Arestivo Canoas, CRP 06/70817
Tanile Ribeiro da Silva, CRP 06/145012
Alcione Elena Cipola do Nascimento, CRP 06/47428
Celina Cunha, CRP 06/139031
Claudia Bosco de Oliveira Lima, CRM 63042
Período das entrevistas:
16/03 a 03/05/2020
Local das entrevistas:
Conversas informais - telefone, whatsapp, 
messenger, cidade de São Paulo, 
Guarulhos, Sorocaba
Entrevistador: Rita de Cássia de Oliveira 
Lima
Atendimento vítimas sexo feminino de abuso sexual
Principais comportamentos das Vítimas
O abusador pela ótica psicológica
100%25%75%Meninas entre 8 e 13 anosMulheresentre20 e 55 anos123Profissionais que jáatenderam média de 10 a 20 vítimas

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