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GERONTOLOGIA-1

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1 
 
 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
1 GERONTOLOGIA BÁSICA ......................................................................... 6 
1.1 Breve histórico da geriatria e gerontologia ........................................... 6 
2 DEMOGRAFIA BÁSICA .............................................................................. 7 
2.1 Idoso..................................................................................................... 7 
3 ASPECTOS BIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO .............................. 10 
3.1 Conceito e Classificação .................................................................... 10 
3.2 Envelhecimento Biológico .................................................................. 10 
3.3 Envelhecimento fisiológico (Senescência) ......................................... 12 
3.4 Envelhecimento patológico (Senilidade)............................................. 13 
3.5 Envelhecimento e Doença .................................................................. 13 
3.6 Envelhecimento Patológico ................................................................ 14 
3.7 Envelhecimento Psíquico ................................................................... 16 
3.8 Envelhecimento Bem Sucedido e Mal Sucedido ................................ 17 
3.9 Envelhecimento malsucedido ............................................................. 18 
3.10 Envelhecimento bem sucedido ....................................................... 18 
4 TEORIAS DO ENVELHECIMENTO .......................................................... 20 
5 MECANISMO DE SÍNTESE PROTÉICA .................................................. 20 
5.1 Constituição do DNA .......................................................................... 20 
6 MODELOS DE ENVELHECIMENTO ........................................................ 21 
6.1 Modelos em culturas celulares de longo prazo: “Modelo de Hayflick – 
1961” ........................................................................................................... 21 
6.2 Modelos em culturas de curto prazo .................................................. 21 
6.3 Modelos in vivo ................................................................................... 21 
7 ENVELHECIMENTO EM NÍVEL MOLECULAR ........................................ 22 
7.1 Alterações do DNA ............................................................................. 22 
7.2 Alterações nas enzimas polimerases ................................................. 22 
 
 
3 
7.3 Alterações do RNA ............................................................................. 22 
7.4 Alteração na formação da proteína .................................................... 23 
8 PECULIARIDADES DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ............... 23 
9 INFLUÊNCIA DOS FATORES EXTERNOS ............................................. 23 
9.1 Restrição calórica: .............................................................................. 23 
9.2 Temperatura ambiental: ..................................................................... 24 
9.3 Radiação: ........................................................................................... 24 
10 TEORIAS DO ENVELHECIMENTO ...................................................... 25 
11 Teorias baseadas em alterações metabólicas ....................................... 25 
11.1 Teoria da taxa de vida: .................................................................... 25 
11.2 Teoria dos Radicais Livres: ............................................................. 26 
12 Teoria baseada em alterações dos sistemas orgânicos ou Teoria do 
Marcapasso 26 
13 Teorias baseadas em alterações celulares e macromoleculares .......... 26 
13.1 Teoria do equívoco ou do erro catastrófico de Orgel ...................... 26 
13.2 Diminuição na produção de proteínas ............................................. 27 
13.3 Alterações proteicas pós-translacionais .......................................... 27 
13.4 Alterações no sistema lesão/reparação do DNA ............................. 27 
13.5 Alterações baseadas nas mutações somáticas .............................. 27 
13.6 Teorias baseadas em modificações genéticas (Teoria do Relógio 
Biológico) ........................................................................................................ 28 
13.7 Teoria das ligações cruzadas .......................................................... 28 
13.7.1 Teorias Estocásticas .................................................................. 28 
13.7.2 Teorias Sistêmicas ..................................................................... 29 
14 REFLEXÕES SOBRE O ENVELHECIMENTO ...................................... 30 
15 ENVELHECIMENTO DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS PRINCIPAIS .. 31 
15.1 Composição corporal / nutrição/ antropometria............................... 31 
15.1.1 Composição Corporal: ................................................................ 31 
 
 
4 
15.1.2 Água Corporal (Desidratação): ................................................... 31 
15.1.3 Massa Muscular (Sarcopenia): ................................................... 31 
15.1.4 Gordura ...................................................................................... 32 
15.1.5 Massa Óssea (Osteopenia) ........................................................ 32 
15.2 Nutrição e Antropometria ................................................................ 32 
15.2.1 Estatura ...................................................................................... 32 
15.2.2 Peso e índice de massa corporal (IMC) ..................................... 33 
15.2.3 Nutrição ...................................................................................... 33 
16 METABOLISMO HIDROELETROLÍTICO (ÁGUA, SÓDIO, POTÁSSIO) ... 
 ............................................................................................................... 34 
17 IMUNOSSENESCÊNCIA ....................................................................... 35 
18 TERMORREGULAÇÃO ......................................................................... 36 
19 PELE E ANEXOS .................................................................................. 37 
20 ÓRGÃOS DOS SENTIDOS ................................................................... 39 
20.1 Visão ............................................................................................... 39 
20.2 Audição ........................................................................................... 41 
20.3 Presbiacusia .................................................................................... 41 
20.3.1 Tipos de Surdez: ........................................................................ 42 
20.4 Estratégias de Comunicação com Idosos ....................................... 42 
21 ESTRUTURAS ENVOLVIDAS NA VOZ, MOTRICIDADE ORAL E 
CAVIDADE ORAL ..................................................................................................... 43 
21.1 Cavidade oral .................................................................................. 44 
22 ENVELHECIMENTO TIREOIDIANO ..................................................... 44 
23 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR .................... 45 
23.1 Efeito do envelhecimento no coração ............................................. 46 
23.2 Alterações morfológicas no coração ............................................... 47 
23.2.1 Aterosclerose ............................................................................. 47 
23.3 Repercussões funcionais ................................................................ 51 
 
 
5 
24 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO .......................... 57 
25 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO SISTEMA GÉNITO-URINÁRIO .... 61 
26 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA GASTRO-INTESTINAL ................ 64 
27 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ..................64 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 66 
 
 
 
 
6 
1 GERONTOLOGIA BÁSICA 
 
Fonte: www.2sngg.com.br 
1.1 Breve histórico da geriatria e gerontologia 
O processo de envelhecimento sempre foi motivo de inquietação desde os 
primórdios da civilização. O estudo sistematizado teve início com Elie Metchnikoff, em 
1903, que defendeu a criação de uma nova área da ciência, a Gerontologia (Gero: 
velhice; logia: estudo). 
Na América do Norte, no início do século XX, Ignatz Leo Nascher, médico 
generalista, dedicou-se ao estudo clínico da velhice, tendo sido responsável pela 
criação da Geriatria como especialidade médica. Em 1914 publica o livro Geriatrics: 
the diseases of old age and their treatment, including physiological old age, 
estabelecendo as bases da abordagem clínica do idoso, sendo considerado o Pai da 
Geriatria. 
Marjory Warren (1897 a 1960), médica inglesa, estabeleceu os princípios 
básicos da intervenção gerontológica na sua enfermaria para idosos, que tornou-se a 
“meca” da Geriatria (1935), onde defendia a importância da avaliação 
 
 
7 
multidimensional e interdisciplinar do idoso, demonstrando os benefícios da 
reabilitação. 
O estudo sistematizado do processo de envelhecimento é fundamental para 
desmitificá-lo, evitando-se assim condutas e comportamentos inadequados e 
iatrogênicos. Diagnósticos como senilidade são demostrações claras da indiferença 
que os profissionais da área de saúde, particularmente os médicos, tem em relação à 
abordagem da co-morbidades presentes nos idosos frágeis. 
2 DEMOGRAFIA BÁSICA 
2.1 Idoso 
O conceito de idoso é variável. Cronologicamente, idoso é todo indivíduo com 
65 anos ou mais, nos países desenvolvidos, ou 60 anos ou mais, nos países em 
desenvolvimento, como o Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde. A idade 
cronológica não tem nenhuma consequência individual. É fundamental para o 
planejamento das ações de saúde à nível coletivo. Deve ser diferenciada da idade 
biológica (órgãos e sistemas fisiológicos principais), funcional (autonomia e 
independência) e psíquica (grau de amadurecimento), que, por sua vez, são 
extremamente variáveis e, por vezes, independem da idade cronológica. 
Representam conquistas individuais e, portanto, difíceis de serem mensuradas 
coletivamente. 
O Brasil está envelhecendo rapidamente. De um país predominantemente 
jovem que, em 1940, tinha 42% de sua população com idade inferior a 15 anos, o 
Brasil vai experimentando um processo de envelhecimento, com a faixa etária jovem 
declinando para 30,3% em 1999, e projetando-se para o ano de 2020 um proporção 
de apenas 24,3%. Em contrapartida, a população de 60 anos ou mais passa de 4%, 
em 1940, para 8,6% em 2000, projetando-se para o ano de 2020, uma proporção de 
12%, correspondendo a uma população superior a 25 milhões. E mesmo dentro da 
população idosa existe grande heterogeneidade. O grupo etário que mais cresce é 
aquele constituído por idosos “muito idosos” (80 anos ou mais), considerado mais 
frágil e com maior risco de co-morbidades e incapacidades. 
Os principais determinantes desta modificação demográfica foram: 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo o censo demográfico de 2000, a população acima de 60 anos 
corresponde a 8,6 % da população geral, conforme tabela abaixo: 
 
Tab. 1: População residente, por sexo, segundo os grupos de idade – Brasil – Censo 
demográfico 2000 
GRUPOS DE 
IDADE 
HO
MENS 
MULH
ERES 
TOT
AL 
60 a 64 anos 2 153 209 2 447 720 4 600 929 
65 a 69 anos 1 639 325 1 941 781 3 581 106 
70 a 79 anos 2 009 900 2 511 989 4 521 889 
80 a 89 anos 636 589 934 316 1 570 905 
90 a 99 anos 84 338 152 286 236 624 
100 anos ou mais 10 423 14 153 24 576 
TOTAL 6 533 784 8 002 245 14 536 029 
Fonte: IBGE, 2000 
A expectativa de vida do brasileiro elevou-se de 34 anos, em 1900, para 68,6 
anos, em 2000, e estima-se que será de 72 anos, em 2020. Nas regiões mais ricas, a 
expectativa de vida é semelhante àquela observada em países mais desenvolvidos. 
 
Expectativa de vida no Brasil 
1900 34 anos 
1950 43,3 anos 
2000 68,6 anos 
2020 72 anos 
 
 LONGEVIDADE: 
43,3 anos (1950)  60,1anos (1980)  68,6 
anos(2000) 
 
QUEDA DA FECUNDIDADE 
(no médio de filhos por mulher): 
6,2 (1950)  2,3 (1999) 
 
REDUÇÃO MORTALIDADE INFANTIL: 
163,4 (1940)  34,8 óbitos/1.000 nascidos 
vivos (1999) 
 
TRANSIÇÃO 
DEMOGRÁFICA 
 
 
9 
A transição demográfica no Brasil vem ocorrendo de forma acelerada (60-70 
anos). Nos países desenvolvidos, a mudança da pirâmide etária foi mais lenta (200 
anos) e paralela ao seu enriquecimento. Desta forma, o Brasil envelheceu mas não 
enriqueceu, impossibilitando o planejamento e a implementação de políticas públicas 
específicas para a população idosa emergente. 
Outro aspecto demográfico importante é a diferença na expectativa de vida 
entre os sexos. As mulheres são mais longevas que os homens entre 5 a 10 anos e, 
no Brasil, este diferencial entre os sexos experimenta um ligeiro incremento: em 1991, 
as mulheres possuíam uma vida média ao nascer 7,2 anos superior à dos homens, 
enquanto que em 2000 esse diferencial é de 7,8 anos (feminização da velhice). 
Diversos fatores podem explicar este fenômeno: 
Proteção do estrógeno; 
Maior demanda dos serviços de saúde; 
Menor exposição aos riscos ambientais e profissionais: álcool, fumo,...; 
Maior interesse com sua saúde; 
Etc... 
Tab. 2: Brasil - Esperanças de vida ao nascer e ganhos no período - 1991-
2000 
Anos de referência Ambos os sexos Homens Mulheres 
1991 66,0 62,6 69,8 
1998 68,1 64,4 72,0 
1999 68,4 64,6 72,3 
2000 68,6 64,8 72,6 
Ganhos na esperança de vida ao nascer 1991 – 2000 
Em anos 2,59 2,26 2,84 
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de População e Indicadores Sociais, Tábua de 
Mortalidade para o Brasil – 1991, 1998-2000. 
As consequências do envelhecimento da população brasileira são inúmeros: 
Socioculturais: marginalição social do idoso, insuficiência familiar e 
institucionalização, discriminação, violência contra o idoso, ...; 
Econômicas: aposentadoria (reforma previdenciária), mercado de consumo 
emergente (grupos de terceira idade, turismo, lazer); 
 
 
10 
Políticas: Política Nacional do Idoso (Lei 8842,1994) e Estatuto do Idoso; 
Saúde: Nos EUA, o gasto com a manutenção da saúde de um idoso é cerca de 
três vezes maior que pessoas com idade inferior a 15 anos. Neste país, embora os 
idosos representem 11% da população, ocupam 33% dos leitos hospitares destinados 
a agudos, compram 25% de todas as prescrições medicamentosas e consomem 30% 
do orçamento da saúde. 
Transição Epidemiológica: Mudança no perfil epidemiológico de morbi-
mortalidade da população). As doenças infecto-contagiosas predominam na 
população jovem e seu controle depende, basicamente, da melhoria das condições 
sanitárias, sendo, portanto, menos onerosas. No idoso, predominam as doenças 
crônico-degenerativas (doenças cardiovasculares, câncer, ...), mais difíceis de serem 
prevenidas e controladas, exigindo maiores investimentos. 
3 ASPECTOS BIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO 
3.1 Conceito e Classificação 
O envelhecimento representa a consequência ou os EFEITOS DA PASSAGEM 
DO TEMPO. Estes efeitos podem ser positivos ou negativos e são observados nas 
diversas dimensões do indivíduo: organismo (envelhecimento biológico) e psiquismo 
(envelhecimento psíquico). Todas as dimensões são igualmente importantes, na 
medida em que são coadjuvantes para a manutenção da autonomia e independência. 
3.2 Envelhecimento Biológico 
Todas as pessoas, animais e plantas passam por transformações com o passar 
dos anos. Essas modificações podem ser consideradas como uma involução 
morfológica e funcional que afeta a maioria dos órgãos e leva a um gradual declínio 
na performance dos indivíduos, culminando com a morte.O termo envelhecimento é 
utilizado para indicar tais transformações. 
O envelhecimento biológico é inexorável, dinâmico e irreversível, 
caracterizando-se pela maior VULNERABILIDADE às agressões do meio interno e 
externo e, portanto, maior susceptibilidade nos níveis celular, tecidual e 
órgãos/aparelhos/sistemas. Entretanto, não significa adoecer. Senilidade não é 
 
 
11 
diagnóstico. Em condições basais, o idoso funciona tão bem quanto o jovem. A 
diferença manifesta-se nas situações onde se torna necessário a utilização das 
reservas homeostáticas, que, no idoso, são mais frágeis. Além disso, cada órgão ou 
sistema envelhece de forma diferenciada. A VARIABILIDADE é, portanto, cada vez 
maior na medida em que envelhecemos. 
 
 
O gráfico abaixo mostra a relação entre a funcionalidade global do organismo 
e o tempo (infância, adolescência, adultez e velhice). O ser humano atinge o máximo 
das suas funções orgânicas por volta dos 30 a 40 anos. Entre os 40 e 50 anos há uma 
estabilização e, à partir daí, um declínio funcional progressivo, com a perda funcional 
global de 1%/ano. Portanto, quanto maior a reserva funcional, menor será a 
repercussão do declínio considerado fisiológico (envelhecimento fisiológico). Para 
exemplificar melhor, vamos utilizar o modelo da osteoporose. O pico de massa óssea 
ocorre por volta dos 25-30 anos. Entre 30 e 50 anos, a massa óssea mantém-se 
estável. Após os 50 anos, a perda óssea na mulher varia 2 a 3%/ano, podendo, 
portanto, levar à osteopenia (envelhecimento fisiológico) ou à osteoporose 
(envelhecimento patológico), aumentando o risco de fraturas. 
 
Envelhecimento = VULNERABILIDADE + Variabilidade + 
Irreversibilidade 
 
 
 
12 
 
O envelhecimento biológico pode ser fisiológico (senescência) ou patológico 
(senilidade). Seus principais determinantes são: hereditariedade e estilo de vida 
(fatores ambientais). A hereditariedade é responsável por cerca de 30 a 50% da 
qualidade do envelhecimento, dependendo de cada órgão e/ou sistema. Portanto, se 
a história familiar é rica em doenças com caráter heredo-familiar, como as doenças 
cardiovasculares, diabetes mellitus, câncer, depressão, doença de Alzheimer, etc, a 
qualidade do envelhecimento dependerá de um esforço maior na incorporação de 
hábitos de vida mais saúdáveis. Por outro lado, se a herança é favorável, o estilo de 
vida saudável otimizará mais ainda a qualidade do envelhecimento. 
3.3 Envelhecimento fisiológico (Senescência) 
Refere-se aos processos biológicos inerentes aos organismos e são 
inevitavelmente involutivos. Provavelmente, essas transformações sofrem influência 
do ambiente físico e social. Entretanto, ainda não se sabe a extensão do impacto 
ambiental, principalmente devido à dificuldade de desenvolvimento de um método que 
separasse a fração de declínio fisiológico inerente ao organismo daquelas advindas 
dos estresses ambientais anteriores ao envelhecimento. O envelhecimento fisiológico 
é dividido em: 
Envelhecimento Fisiológico
Idade
Infância e
adolescência
Adultez Velhice
Limiar de Incapacidade
Envelhecimento
Patológico
F
u
n
ç
ã
o
 
 
13 
Envelhecimento usual: apresenta prejuízos significativos, mas não são 
qualificados como doentes; 
Envelhecimento Bem Sucedido: perda fisiológica mínima, com preservação da 
função robusta em uma idade avançada. O processo de envelhecimento é “puro”, 
isento de danos causados por hábitos de vida inadequados, ambientes inapropriados 
e doenças. 
3.4 Envelhecimento patológico (Senilidade) 
Refere-se às alterações resultantes de traumas e doenças que ocorrem no ciclo 
vital. Como, por exemplo, a osteoartrite dos joelhos secundária à obesidade. Ainda é 
o que predomina. 
3.5 Envelhecimento e Doença 
Existe uma relação epidemiologicamente demonstrada entre doença e 
envelhecimento, entretanto, não quer dizer que todas as doenças aumentam em 
função da idade. Brody assinalou dois grupos: doenças que se relacionam com a 
idade, as quais se associam com mais frequência com determinada idade 
(osteoporose e fratura de fêmur, doença de Parkinson, etc) e doenças que dependem 
da idade, as quais aumentam sua incidência de forma exponencial à medida que a 
idade aumenta (polimialgia reumática, arterite temporal); 
Há certas desordens associadas com mudanças específicas que acompanham 
o processo de envelhecimento, as quais o idoso é particularmente vulnerável, como 
por exemplo, os transtornos motores do esôfago, a catarata e a osteoartrite; 
Algumas complicações de doenças ocorrem somente décadas após o início de 
determinadas patologias e, portanto, mais observadas no idoso, como as lesões de 
órgãos-alvo na hipertensão arterial e no diabetes mellitus. 
Portanto, o envelhecimento aumenta a vulnerabilidade do organismos às 
agressões do meio interno e externo, predispondo às doenças. Praticamente todo 
idoso apresenta uma ou mais doenças/disfunções. O paciente pode conviver bem com 
suas doenças, sem que elas afetem a sua qualidade de vida. Daí o conceito de saúde 
como algo mais amplo do que simplesmente a ausência de doenças (OMS, 1947): 
 “Saúde representa o mais completo estado de bem-estar físico, 
psíquico e social e não meramente ausência de doença ou enfermidade.” 
 
 
14 
A Classificação Internacional de Limitação, Incapacidade e Deficiência (ICIDH), 
revista em 2001, define melhor os determinantes do estado de saúde dos indivíduos. 
Os termos funcionalidade e incapacidade são claramente definidos, em contraposição 
com o CID (Código Internacional de Doenças), que valoriza apenas um lado da 
questão: o da doença ou a situação que causou a sequela, mas não apresenta outros 
fatores como a capacidade do indivíduo em se relacionar com seu ambiente de vida. 
FUNCIONALIDADE: É um termo que abrange todas as funções do corpo, 
atividades e participação. 
INCAPACIDADE: É um termo que abrange deficiências, limitação de 
atividades ou restrição na participação. 
O CIF (Código Internacional de Classificação da Funcionalidade) é um sistema 
que organiza e padroniza as informações sobre a funcionalidade das pessoas com 
deficiência, segundo uma nova abordagem, a da sua capacidade efetiva. 
Neste novo sistema de classificação do bem estar relacionado à saúde, são 
definidos os seguinte compornetes: 
Componentes da Funcionalidade e Incapacidade: 
Componentes do Corpo (Funções e Estruturas do Corpo): representados 
pelos diversos órgãos/sistemas (sistema cardiovascular, respiratório, etc) e suas 
respectivas funções (circulação, respiração, etc); 
Atividades e Participação: representados pelas grandes funções do indivíduo 
(cognição/humor, mobilidade, comunicação), principais determinantes da sua 
qualidade de vida (independência nas atividades de vida diária básicas e 
instrumentais, integração e participação familiar, comunitária e social , de forma 
contextualizada e socialmente apropriada, acesso à educação, trabalho e lazer 
Componentes dos Fatores Contextuais: 
Fatores ambientais (do ambiente imediato ao indivíduo para o geral) 
Fatores pessoais: não são incluídos na CIF, mas considerados de fundamental 
importância na determinação da qualidade de vida dos idosos (envelhecimento 
psíquico) 
3.6 Envelhecimento Patológico 
Infelizmente, a maioria dos idosos apresentam o envelhecimento considerado 
patológico, ou seja, associado a doenças, disfunções ou deficiências e incapacidades. 
 
 
15 
A prevalência de incapacidades em idosos com idade igual ou seperior a 70 
anos varia de 25 a 50%, dependendo do sexo e nível socioeconômico; 
Ramos (1992) em São Paulo, verificou que 61% dos idosos entrevistados 
precisavam de algum tipo de ajuda para realizar pelo menos uma das atividades de 
vida diária (andar, comer, vestir-se, ir ao banheiro) e que 10% apresentava uma 
dependência total, impossibilitando o indivíduo de viver sozinho. 
A hereditariedade, os fatores ambientais (estilo de vida) e as própriasalterações fisiológicas do envelhecimento (maior vulnerabilidade) são as variáveis que 
se interagem para determinar o risco de doenças, deficiências ou incapacidades na 
velhice. 
Portanto, se o indivíduo traz consigo uma carga hereditária desfavorável, o 
estilo de vida será o principal determinante modificável do estado de saúde durante a 
sua velhice. Maior esforço deverá ser feito na implementação de estratégias de 
prevenção de doenças e promoção da saúde, desde a vida intra-útero. Por outro lado, 
aqueles indivíduos com história familiar favorável, terão muito mais chance de atingir 
o potencial máximo de longevidade e funcionalidade, caso tenham um estilo de vida 
apropriado. 
 
 
HEREDITARIEDADE
Restrição da Participação
Desvantagem social
INCAPACIDADE
DISFUNÇÃO
Deficiência
FATORES AMBIENTAIS ENVELHECIMENTO
 
 
16 
3.7 Envelhecimento Psíquico 
O envelhecimento psíquico independe do biológico. A busca da maturidade 
psíquica exige esforço pessoal contínuo, não sendo, portanto, naturalmente 
progressivo. O autoconhecimento, o estudo da estrutura e dinâmica do psiquismo e 
os conflitos do cotidiano são indispensáveis para atingirmos a independência psíquica 
(sabedoria). O amadurecimento é uma conquista individual e se traduz pela 
modificação dos valores de vida ou aquisição da consciência (para que vivemos?). 
“Só é consciente a pessoa que se conhece, que conhece os reais motivos do seu 
viver, sua capacidade de controle desses motivos e de organização desse controle”. 
É a personalização do indivíduo, harmonizando-o consigo mesmo e com o mundo. 
Há, portanto, uma redução da vulnerabilidade. A pessoa idosa torna-se 
suficientemente sábia para aceitar a realidade, tolerar a dor ou a perda da 
independência biológica, pois seus dispositivos de segurança são cada vez mais 
eficazes na relação com o mundo. É a liberdade plena ou independência psíquica, 
pois compreende o sentido da vida (para quê). Os valores que regem a sua vida 
(filosofia de vida) são cada vez mais elevados, racionais, inteligentes, enfim, 
conscientes. 
O idoso “entrega-se à existência com a pureza das crianças, mas sem a 
ingenuidade, com o vigor do adolescente, mas sem a sua pugnacidade, com a 
sensatez do homem maduro, mas sem o seu orgulho. Torna-se cidadão do Universo 
com a astúcia da raposa e a malícia da serpente, o que faz dele um sábio.” (Maria 
Auxiliadorea Souza Brasil,2002). 
 
 
 
17 
 
3.8 Envelhecimento Bem Sucedido e Mal Sucedido 
O envelhecimento biológico aumenta a vulnerabilidade da pessoa às agressões 
orgânicas, que é compensado pela menor vulnerabilidade psíquica, permitindo uma 
vida saudável, mesmo com as limitações impostas pela doença/disfunção ou, até 
mesmo, pela incapacidade. A felicidade pode coexistir com a limitação física. 
O velho, portanto, necessita informar-se sobre a diminuição natural de 
determinadas funções para saber como adaptar-se às limitações naturais da sua 
idade. A permanência na infância psíquica faz com que as alterações do 
envelhecimento biológico predominem, podendo tornar a velhice repleta de tristezas 
e perdas (envelhecimento malsucedido). 
Assim, o ser humano pode envelhecer como um sábio ancião ou permanecer 
nos estágios infantis do psiquismo. Autonomia e independência são, portanto, 
resultantes do equilíbrio entre o envelhecimento psíquico e biológico. 
 
Idade cronológica
Indivíduo PESSOA
Humanização: Aquisição e evolução da consciência
(Para quê?)
AUTOCONHECIMENTO
Aprendizado ou aprimoramento
ESFORÇO PESSOAL
G
ra
u
 d
e
 a
m
a
d
u
re
c
im
e
n
to
Sabedoria
Psiquismo infantil
 
 
18 
3.9 Envelhecimento malsucedido 
 
3.10 Envelhecimento bem sucedido 
A singularidade individual torna-se mais exuberante quando se avalia ambas 
as dimensões, biológica e psíquica, associadas ao contexto familiar e social, ou seja, 
a integralidade do indivíduo. 
O processo de envelhecimento é, portanto, absolutamente individual, variável, 
cuja conquista se dá dia após dia, desde a infância. A velhice bem sucedida é 
consequência de uma vida bem sucedida. 
 
 
 
Idade 
 
 
 
Limiar de Incapacidade 
Envelhecimento patológico 
do organismo 
Psiquismo infantil 
 
 
19 
 
O principal objetivo da intervenção geriátrica e gerontológica é a preservação 
ou recuperação da qualidade de vida. Autonomia de decisão e independência 
funcional são variáveis fundamentais na capacidade de desempenhar os papéis 
sociais. A busca da felicidade, que é o principal objetivo da vida, depende de outra 
variável difícil de ser conceituada. Trata-se, talvez, do amadurecimento psíquico, que 
depende do autoconhecimento, única forma de atingirmos a verdadeira sabedoria na 
velhice. Qualidade de vida, portanto, resulta da interação destas três variáveis: 
autonomia, independência e sabedoria. 
Infelizmente, a minoria das pessoas atinge a velhice na sua plenitude, 
usufruindo dos ganhos advindos do passar dos anos. Grande parte deste insucesso 
resulta da falta de preparação ou investimento pessoal na prevenção das grandes 
síndromes geriátricas/gerontológicas, a saber: 
 
Grandes Síndromes Bio-Psico-Sociais 
Incapacidade Cognitiva 
Imobilidade 
Instabilidade Postural 
Incontinência Urinária 
Iatrogenia 
Insuficiência Familiar 
Indiferença 
Isolamento Social 
Institucionalização 
Idade
Limiar de Incapacidade
ORGANISMO
PSIQUISMO
 
 
20 
4 TEORIAS DO ENVELHECIMENTO 
O fenótipo do envelhecimento caracterizado por perda de peso, redução da 
massa magra, cabelos grisalhos, pele enrugada há muito tempo faz parte de uma das 
maiores preocupações e indagações do homem e essas alterações embora muito 
evidentes e observáveis até o momento não apresentam uma gênese clara e 
confiável. 
Quais os mecanismos responsáveis? É essa resposta que pesquisadores em 
todo mundo buscam para tentar determinar um ponto ou limite de transição entre as 
fazes de desenvolvimento do ser humano. 
Cabe a esse texto descrever o que já foi identificado e descoberto relacionado 
ao processo de envelhecimento sem, contudo concluir o que ainda é desconhecido 
pelo homem. 
5 MECANISMO DE SÍNTESE PROTÉICA 
A vida é perpetuada graças à unidade funcional de herança, denominada por 
Johansen em 1909 como gene, localizada nos cromossomas de todas as células e 
que é responsável pela síntese de proteínas que estão envolvidas na manutenção da 
vida de todo indivíduo. Para caracterizar o processo de envelhecimento precisamos 
antes de tudo conhecer o início da síntese protéica e todas as fases envolvidas nesse 
processo. 
1909 = GENE 1944: constituição química do gene = DNA 
  
Unidade funcional de herança 
5.1 Constituição do DNA 
O DNA é formado por duas cadeias espirais entrelaçadas formadas por: 
 Açúcar = 2-desoxi-D-ribose 
 Ácido fosfórico 
Bases nitrogenadas: purínicas (adenina e guanina) e pirimidínicas (timina e 
citosina) 
 
 
21 
6 MODELOS DE ENVELHECIMENTO 
6.1 Modelos em culturas celulares de longo prazo: “Modelo de Hayflick – 1961” 
Experiência realizada com células humanas, fibroblastos isolados de pulmão, com 
muito destaque na história por demonstrar que a capacidade de duplicação dessas 
células era limitada observando assim que o processo de envelhecimento poderia 
iniciar em nível celular. Outra demonstração importante foi que células embrionárias 
normais em condições favoráveis em cultura evoluem, envelhecem e morrem 
inevitavelmente após 50 duplicações. Desde então nenhuma experiência com células 
animais ou humanas mostrou-se imortal. Através dessas pesquisas foi confirmada a 
perda progressiva da capacidade de proliferação celular na fase de senescência. 
Atualmente existe a hipótese de que as doenças e incapacidades relacionadas ao 
envelhecimento sejam consequências da perda ou diminuição da capacidade de 
proliferação celular de um ou mais tipos de células.6.2 Modelos em culturas de curto prazo 
Realizados com o objetivo de diminuir os possíveis artefatos dos modelos de 
longo prazo como seleção e adaptação das células. Foi estudado o comportamento 
do linfócito T, célula com função na imunidade e produção de anticorpos, cuja função 
declina com o envelhecimento. A diminuição da imunidade mediada pelas células T é 
um dos fatores responsáveis pelo aumento da incidência de doenças infecciosas e 
neoplásicas com o avançar dos anos. Essas alterações foram observadas em células 
animais e humanas. 
6.3 Modelos in vivo 
Realizadas no início da década de 60 os primeiros estudos com enxertos de 
tecidos e órgãos (pele e ovários). Os estudos com enxerto de pele reforçaram a 
conclusão de que células normais não sobrevivem indefinidamente ao demonstrar 
tanto em animais velhos quanto nos jovens que após sucessivos transplantes, os 
enxertos tornavam-se progressivamente menores e muitos eram perdidos. Já com os 
 
 
22 
ovários ficou demonstrado a existência de um mecanismo de feedback entre o sistema 
nervoso central e os tecidos periféricos e que alterações dessa interação poderiam 
fazer parte do processo de envelhecimento. Quando ovários jovens eram 
transplantados em indivíduos jovens a sua função era preservada ao contrário do que 
ocorria quando os ovários de idade semelhante eram transplantados em indivíduos 
velhos. Porém, ao selecionar receptores velhos, mas ovariectomizados quando 
jovens, ao serem transplantados os ovários permaneciam com sua função preservada 
demonstrando a participação do hipotálamo na manutenção dos ciclos ovarianos. 
Ovários jovens  Receptor jovem = função mantida 
  Receptor idoso = função prejudicada 
  Receptor idoso ovariectomizada = função mantida 
7 ENVELHECIMENTO EM NÍVEL MOLECULAR 
O processo de envelhecimento pode ter origem desde a constituição do próprio 
DNA ou em qualquer ponto da sequência de eventos que participam da síntese 
protéica. Segue abaixo algumas das alterações possíveis já identificadas em estudos: 
7.1 Alterações do DNA 
Rupturas, distorção, alterações químicas e mutações. 
Mutações: alterações na seqüência do DNA provocando erros na replicação de 
todas as células filhas dando origem a moléculas anormais e conseqüentemente 
proteínas alteradas 
Câncer, arteriosclerose, demência podem ser decorrentes de tais 
modificações. 
7.2 Alterações nas enzimas polimerases 
7.3 Alterações do RNA 
Redução na expressão genética 
Modificações na atividade da RNA polimerase 
 
 
23 
Redução do RNA ribossômico 
7.4 Alteração na formação da proteína 
Modificações no metabolismo das proteínas 
Diminuição da capacidade funcional das células 
Acúmulo de proteínas alteradas 
Incapacidade de manutenção do equilíbrio homeostático em condições de 
sobrecarga funcional 
8 PECULIARIDADES DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO 
As alterações fisiológicas do envelhecimento fazem com que haja uma 
diminuição da capacidade do organismo de reagir satisfatoriamente às doenças e 
às situações em que ocorre aumento da demanda do organismo. Isso torna o 
paciente idoso menos capaz de manter a homeostase levando a ocorrência de 
múltiplas patologias e ao aparecimento de sintomatologia atípica das doenças. 
O envelhecimento e declínio da função dos órgãos ocorrem em tempos 
diferentes em um mesmo indivíduo e muito variável nos diferentes indivíduos, ou 
seja, cada indivíduo apresentará declínio funcional de seus órgãos em períodos 
diferentes e com sequência diferentes de perda funcional (coração prévio ao 
pulmão seguido dos rins...). 
A tendência do ritmo de declínio é linear com perda da função de 
aproximadamente 1% a cada ano após os 30 anos. 
9 INFLUÊNCIA DOS FATORES EXTERNOS 
Alguns fatores externos foram identificados como intimamente relacionados 
com o envelhecimento, contribuindo direta ou indiretamente com esse processo. 
Alguns estudos tentaram concluir sobre o papel desses fatores: 
9.1 Restrição calórica: 
 
 
24 
A investigação pioneira de McCay em 1934 desencadeou uma série de 
experimentos que tentaram provar o efeito da restrição calórica sobre a duração da 
vida. Uma revisão realizada a partir desses trabalhos concluiu que há aumento de até 
50% nas sobrevidas médias e máximas dos animais estudados e além do aumento 
da longevidade a aparência desses animais era mais jovem e houve também um 
retardo na incidência de afecções relacionadas ao processo de envelhecimento. O 
mecanismo desse fenômeno permanece desconhecido. A relação entre a restrição 
calórica com a menor produção de radicais livres pode ser uma explicação provável. 
É possível admitir essa probabilidade apesar de não podermos transpor tais 
resultados para a espécie humana. 
9.2 Temperatura ambiental: 
Animais poiquilotérmicos (Drosophila subobscura) apresentam acréscimo do 
tempo de vida a baixas temperaturas o que não podemos observar nos animais 
homeotérmicos onde extremos de temperatura poderiam levar a morte desses 
indivíduos. Como o processo de envelhecimento é universal, ocorre com todas as 
espécies, fica difícil estabelecer qualquer vínculo entre variação de temperatura e 
longevidade. 
9.3 Radiação: 
Exposição a radiações mesmo em pequenas doses foram causas de 
aberrações cromossômicas em animais. Nos homens a maior incidência de 
neoplasias nos indivíduos sobreviventes das explosões atômicas em Hiroshima e 
Nagasaki foram justificadas pela exposição radioativa apresentada por esses 
indivíduos. O curioso foi que manifestação precoce de envelhecimento nessas 
pessoas não foi observada, ou seja, a morte foi antecipada, mas não pelo 
envelhecimento. 
 
 
25 
10 TEORIAS DO ENVELHECIMENTO 
 
Fonte: eadriodejaneiro.files.wordpress.com 
Sabemos que o processo de envelhecimento ocorre universalmente nos seres 
vivos e que as mudanças que ocorrem ao longo do tempo, independentemente de 
serem deletérias ou não sobre a vitalidade e a longevidade, são inevitáveis. Essas 
mudanças apresentam quatro condições para que sejam relacionadas com o aumento 
da idade: 
Devem ser deletérias: reduzir a funcionalidade 
Devem ser progressivas: estabelecer gradualmente 
Devem ser intrínsecas: o ambiente tem forte influência sobre o aparecimento e 
velocidade dessas mudanças, apesar de não ser a sua causa. 
Devem ser universais: dentro de uma mesma espécie 
Diante disso surgiram muitas teorias que tentam explicar o envelhecimento, seu 
início e evolução ao longo dos anos, porém, nenhuma delas ainda conseguiu explicar 
integralmente o processo de envelhecimento. 
11 TEORIAS BASEADAS EM ALTERAÇÕES METABÓLICAS 
11.1 Teoria da taxa de vida: 
Relação inversa entre quantidade de calorias consumidas e a duração máxima 
de vida. Defende a ideia de que quanto maior o metabolismo, maior o consumo de 
calorias e menor a longevidade. As principais críticas foram os resultados 
contraditórios já descritos em animais homeotérmicos e a afirmação de que a 
 
 
26 
temperatura exerceria efeito direto sobre a atividade metabólica, o que não foi 
comprovado. 
11.2 Teoria dos Radicais Livres: 
Radicais livres são átomos ou moléculas altamente reagentes com grande 
capacidade de promover lesão celular. O oxigênio é a maior fonte de radicais livres e 
essa produção ocorre como consequência da resposta fisiológica celular normal. A 
lesão celular causada pelos radicais livres seria o início do processo de 
envelhecimento segundo essa teoria. A crítica ocorre, pois apesar de admitirmos a 
existência dos radicais e de conhecermos os danos causados por eles, o efeito 
benéfico do uso de antioxidantes na dieta ainda não foi comprovado. Há necessidade 
de evidências mais diretas para se afirmar que os radicais livres possam ser os 
responsáveis pelo envelhecimento 
12 TEORIA BASEADA EM ALTERAÇÕES DOS SISTEMAS ORGÂNICOS OU 
TEORIA DO MARCAPASSO 
A teoria baseia na perda ou diminuição da funçãodos sistemas orgânicos 
evidenciados com o avançar da idade. Como exemplo o sistema imunitário e o sistema 
neuroendocrinológico. A crítica é que não podemos afirmar se essas alterações são 
causas ou conseqüências do envelhecimento. 
13 TEORIAS BASEADAS EM ALTERAÇÕES CELULARES E 
MACROMOLECULARES 
13.1 Teoria do equívoco ou do erro catastrófico de Orgel 
Proposta por Leslie Orgel em 1963, sugere que o envelhecimento celular 
começa quando, naturalmente, ocorrem erros na transcrição e transporte de material 
genético. Os erros na síntese de uma proteína podem ser utilizados na síntese de 
outras proteínas, acumulando erros e proteínas potencialmente letais. Esse quadro 
traz como consequência o comprometimento da renovação celular, repercutindo a 
 
 
27 
longo prazo sérios problemas na função de sistemas orgânicos inteiros, como 
patologias. 
13.2 Diminuição na produção de proteínas 
A maioria dos trabalhos tem revelado redução da síntese proteica inclusive no 
homem, porém, com as críticas aventadas sobre a teoria do erro catastrófico de Orgel 
acredita-se que ocorra uma produção mais lenta nas células de idosos quando 
comparados com os mais jovens. A causa dessa redução ainda é desconhecida. 
13.3 Alterações proteicas pós-translacionais 
Modificações que ocorrem na estrutura das proteínas após serem produzidas 
resultantes de alterações enzimáticas ocorridas com a idade (ex: proteínas da 
hemácia e do cristalino) 
13.4 Alterações no sistema lesão/reparação do DNA 
A teoria defende a hipótese de que DNA é constantemente lesado durante toda 
a vida e que o mecanismo de reparação encontra-se alterado com o envelhecimento. 
Essas alterações já foram confirmadas com o avançar da idade, porém sua correlação 
com a duração da vida não foi confirmada. 
13.5 Alterações baseadas nas mutações somáticas 
Sugere que a existência de aberrações cromossômicas nas células somáticas 
se acentuam com o envelhecimento e que o acúmulo dessas alterações durante a 
vida gera heterogeneidade celular que poderia explicar maior prevalência de doenças 
que são de origem clonal como câncer e aterosclerose. 
 
 
28 
13.6 Teorias baseadas em modificações genéticas (Teoria do Relógio Biológico) 
Cada espécie de ser vivo apresenta uma duração máxima de vida que seria 
determinada pelo seu padrão genético sendo o núcleo da célula o responsável pelo 
relógio biológico do indivíduo. 
Envelhecimento Programado é defendido pelos seguintes achados: 
 Presença do relógio biológico intrínseco (cromossomo): extensão do 
programa de crescimento e desenvolvimento 
 Capacidade de proliferação finita das células humanas 
 Células de idosos dividem-se menor número de vezes que as do jovem 
 Correlação entre número de divisões e duração máxima de vida 
 Células envelhecidas com maior número de alterações celulares = 
deterioração proteica 
13.7 Teoria das ligações cruzadas 
Presença de ligações cruzadas entre moléculas de DNA e deste com proteínas 
precipitadas por ação de agentes antioxidantes, radiação ou substâncias químicas 
prejudicando a permeabilidade dos vasos sanguíneos levando a um prejuízo da 
função celular. Ex: colágeno. 
 Vê-se, portanto, que os mecanismos responsáveis pelo processo de 
envelhecimento não estão completamente definidos. Provavelmente são multifatoriais 
e interdependentes. Resumidamente, as principais teorias do envelhecimento podem 
ser divididas em: 
 
13.7.1 Teorias Estocásticas 
Os efeitos postulados por cada teoria ocorre acidentalmente 
Teoria de uso e desgaste: o acúmulo de agressões ambientais no dia-a-dia 
levaria ao decréscimo gradual da eficiência do organismo e, por fim, a morte; 
Defeito na produção das unidades funcionais básicas (proteínas): mudanças 
que ocorrem nas proteínas após a tradução, e que são dependentes do tempo, 
provocariam alterações conformacionais e mudariam a atividade enzimática, 
comprometendo a eficiência da célula; 
 
 
29 
Mutações somáticas: o acúmulo de mutações somáticas ao longo da vida 
alteraria a informação genética e reduziria a eficiência a célula até um nível 
incompatível com a vida; 
Erro catastrófico: os processos incorretos de transcrição e/ou tradução dos 
ácidos nuclêicos reduziriam a eficiência celular a um nível incompatível com a vida. 
Haveria alteração na fidelidade do aparato de síntese protêica; 
Dano oxidativo e radicais livres: a longevidade seria inversamente proporcional 
à extensão do dano oxidativo e diretamente proporcional à atividade das defesas anti-
oxidantes; 
Lipofuscina e acúmulo de detritos: o acúmulo intracelular de produtos do 
metabolismo que não podem ser destruídos ou eliminados, exceto pelo processo de 
divisão celular; 
Mudanças pós-tradução em proteínas: as modificações químicas dependentes 
de tempo ocorrendo em macromoléculas importantes (colágeno, elastina), 
comprometeria a função dos tecidos e reduziria a eficiência celular culminando na 
morte. 
 
13.7.2 Teorias Sistêmicas 
Resultado das cascatas de retroalimentação hierárquicas características das 
espécies (programação) 
Teorias metabólicas: estabelece uma relação causal entre longevidade e taxa 
de metabolismo. A longevidade é inversamente proporcional à taxa metabólica 
(radicais livres  dano mitocondrial); 
Teorias genéticas: mudanças na expressão gênica causariam modificações 
senescentes nas células. Os mecanismos básicos atuantes na longevidade seriam as 
enzimas de defesa anti-oxidante, os sistemas de controle da síntese protêica, as 
mudanças na expressão gênica induzidas pelas restrição calórica e o encurtamento 
dos telômeros levando a perda da informação genética e à instabilidade genômica; 
Apoptose: a falha em reprimir ou induzir apoptose (morte programada) induzida 
por sinais extracelulares é responsável por diversas doenças. Contudo o papel da 
apoptose no envelhecimento fisiológico não foi esclarecido; 
Fagocitose: células senescentes apresentariam proteínas de membranas 
típicas, que a identificariam e as marcariam como alvo para a destruição por outras 
células, como por exemplo, os macrófagos; 
 
 
30 
Teorias neuro-endócrinas: falência progressiva de células com funções 
integradoras levaria ao colapso da homeostasia corporal, à senescência e à morte 
(“hormônio da morte”); 
Teorias imunológicas: a longevidade seria dependente das variantes de certos 
genes para o sistema imune (imuno-vigilância). 
14 REFLEXÕES SOBRE O ENVELHECIMENTO 
A senescência não é uma ladeira que todos descem com a mesma velocidade. 
É uma sucessão de degraus irregulares onde alguns despencam mais depressa que 
outros” (HOWELL) 
A Providência nos conduz com tanta bondade em todos os diferentes tempos 
de nossa vida, que quase nem os sentimos. ...é dia após dia que avançamos; estamos 
hoje como ontem, e amanhã como hoje; e, assim, avançamos sem sentir, e este é um 
dos milagres... (BEAVOIR, 1990). 
O indivíduo idoso sente-se velho através dos outros, sem ter experimentado 
sérias mutações; ... não sabe mais quem é. Nenhuma impressão cenestésica nos 
revela as involuções da senescência. Aí está um dos traços que distinguem a velhice 
da doença (BEAVOIR, 1990). 
“Estou despedaçado, esvaziado, desconjuntado por meus longos trabalhos, e 
a hospedaria à qual me encaminho para viver e comer é a morte... Num saco de pele 
cheio de ossos e de nervos, guardo uma vespa que zumbe, e num canal, tenho três 
pedras de piche. Meu rosto parece um espantalho. Estou como esses trapos 
estendendidos nos dias de seca nos campos, e que bastam para espantar os corvos. 
Oprimido por meu catarro, não posso dormir, nem roncar” (MIGUEL ÂNGELO) 
“Como cheguei aos 80? Desde cedo compreendi que o ser humano não é só 
um conjunto de ossos, nervos, músculos e sangue, mas algo que não se vê, não se 
palpa mas se sente. Algo como o perfume das flores e a brisa do mar que se sente 
sem ser tocado. Esse algo para mim é a ENERGIA INTERIOR que uns chamam de 
alma,outros de espírito. E assim passei a minha vida cuidando dessa energia do 
mesmo jeito como venho tratando do meu corpo que banho, perfumo e protejo” 
(SIMONE M.BULHÕES) 
 
 
31 
15 ENVELHECIMENTO DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS PRINCIPAIS 
15.1 Composição corporal / nutrição/ antropometria 
15.1.1 Composição Corporal: 
As alterações fisiológicas do envelhecimento alteram com o passar dos anos a 
composição corporal do indivíduo e as consequências dessas alterações são 
evidentes no paciente idoso. 
 
15.1.2 Água Corporal (Desidratação): 
A água é o principal componente da composição corporal na criança, 
correspondendo a 70% do seu peso. Com o envelhecimento, há redução de 20 a 30% 
da água corporal total e 8 a 10% do volume plasmático. A água passa a corresponder 
a 52% do seu peso. A redução é maior no conteúdo intracelular. Sendo assim o idoso 
pode ser considerado um “desidratado crônico”, estando mais vulnerável à 
desidratação aguda e à iatrafarmacogenia, pela alteração do volume de distribuição 
das drogas hidrossolúveis. 
 
15.1.3 Massa Muscular (Sarcopenia): 
A perda do conteúdo intracelular é uma consequência da redução da massa 
celular do idoso, sarcopenia, que é responsável por uma tendência à redução do peso 
corporal e da maioria dos órgãos após os 60 anos de idade. 
As principais consequências dessa perda são: 
Redução da massa muscular magra (20 a 30%): redução na força muscular, 
mobilidade, equilíbrio, tolerância ao exercício, predispondo a quedas e imobilidade; 
Diminuição da sensibilidade à insulina: intolerância à glicose; 
Comprometimento da resposta imunológica; 
Redução dos tecidos metabolicamente ativos, levando a uma diminuição do 
metabolismo basal (100 Kcal / década), que, por sua vez, causa anorexia e 
conseqüente redução da ingestão alimentar, agravando mais ainda o quadro, 
podendo causar subnutrição protêico-calórica e deficiência de micronutrientes, como 
vitamina D, magnésio, cálcio e zinco. 
As principais causas da sarcopenia são: 
 
 
32 
Senescência (perda de neurônios motores, redução das influências hormonais 
anabólicas); 
Atrofia por desuso (redução da atividade física), doenças com caráter 
consumptivo (ICC, DPOC, artrite reumatóide, hipertireoidismo, parkinsonismo) etc...; 
 
15.1.4 Gordura 
Ocorre aumento de 20 a 30% na gordura corporal total (2 a 5%/década, após os 
40 anos) e modificação da sua distribuição, tendendo a ser mais central, abdominal e 
visceral. No sexo feminino, a gordura deposita-se mais na região nas nádegas e coxas 
(aparência de “pera”) e nos homens localiza-se mais na região abdominal (aparência 
de “maçã”). A principal complicação é o aumento da meia-vida das drogas 
lipossolúveis como os benzodiapenícos (diazepam), aumentando o risco de 
toxicidade. 
 
15.1.5 Massa Óssea (Osteopenia) 
Ocorre redução do conteúdo mineral ósseo principalmente na mulher após a 
menopausa com aumento do risco de osteoporose e suas complicações. Mulheres 
perdem 40% do cálcio esquelético, particularmente nos primeiros 5 anos após a 
menopausa (50%). Os fatores relacionados a essa diminuição são principalmente 
alterações hormonais e da ingesta alimentar como esquematizado a seguir: 
Redução do hormônio de crescimento e somatomedina (somatopausa); 
Aumento do PTH (paratormônio) 
Redução da vitamina D, secundária a redução da ingesta alimentar, exposição 
solar, síntese cutânea e função renal. 
15.2 Nutrição e Antropometria 
15.2.1 Estatura 
Com o envelhecimento ocorre ainda uma redução da estatura do idoso, cerca 
de 1 (homens) a 1,5 cm (mulheres) por década, a partir dos 40-50 anos. A redução da 
massa óssea (osteopenia e/ou osteoporose), associada à hipercifose torácica, 
cifoescoliose e redução dos discos intervertebrais (achatamento) são os principais 
determinantes, particularmente nas mulheres. 
 
 
33 
15.2.2 Peso e índice de massa corporal (IMC) 
O índice de massa corporal (Índice de Quetelet = peso em quilogramas dividido 
pela estatura em metros e elevada ao quadrado) tende a elevar-se com o 
envelhecimento, provavelmente pelo aumento progressivo da massa de gordura 
corporal, redução da atividade física, mudanças dos hábitos alimentares e alterações 
endócrinas. 
Nos idosos, os pontos de corte do IMC diferem daqueles sugeridos pela OMS, 
em 1995 para a população adulta, segundo os quais os limites da eutrofia situam-se 
entre 18,5 Kg/m2 a 25 Kg/m2. Utiliza-se os pontos de corte sugeridos por Lipschitz 
(1994): 
 
IMC para idosos, segundo Lipschitz (1994): 
Diagnóstico IMC (kg/m2) 
Eutrofia 22- 27 
Subnutrição  22 
Obesidade  27 
 
 
A prevalência de obesidade e/ou sobrepeso em idosos brasileiros, medidos 
pelo IMC, varia de 30 a 50% (Cad. Saúde Pública, v. 15(4), p:759-768, 1999). A 
obesidade representa importante fator de risco para hipertensão arterial, vasculopatia 
periférica, AVC, câncer de mama e endométrio, insuficiência venosa, intolerância ao 
exercício, redução da mobilidade, osteoartrite, lombalgia, apnéia do sono, diabetes 
mellitus, etc. Os únicos benefícios são a redução do risco de fratura de fragilidade e 
do risco de hipotermia. 
 
15.2.3 Nutrição 
As alterações fisiológicas do envelhecimento que comprometem as 
necessidades nutricionais ou ingestão alimentar são: 
Redução do olfato e paladar: redução nos botões e papilas gustativas sobre a 
língua, diminuição nas terminações nervosas gustativas e olfatórias, ambos 
comprometendo a palatabilidade dos alimentos. Alterações nas papilas gustativas e 
na condução neurosensorial ocorrem progressivamente com a idade, com tendência 
 
 
34 
à elevação do limiar de percepção dos sabores doce e salgado, levando à sensação 
de que os alimentos estão amargos e azedos; 
Redução do metabolismo basal: redução de 100 Kcal por década ( massa 
magra e da atividade física); 
Aumento da necessidade proteica:  síntese e ingestão 
Redução da biodisponibilidade da vitamina D:  absorção intestinal de cálcio; 
Deficiência da utilização da vitamina B6; 
Redução da acidez gástrica:  B12, Fe, cálcio, ácido fólico e zinco 
Insuficiência do mecanismos reguladores da sede, fome e saciedade; 
Aumento da toxicidade de vitamina lipossolúveis: vitamina A, D, E, K 
Maior dificuldade na obtenção, preparo e ingestão de alimentos; 
Xerostomia 
Outros fatores contribuintes para desnutrição nos idosos seriam: menor acesso 
ao alimento secundário a causas físicas (sequela de AVC, parkinsonismo, demência 
avançada) ou sociais (isolamento, institucionalização, baixo poder aquisitivo,...); uso 
de drogas que produzem inapetência (digoxina) ou alteram o sabor dos alimentos 
(inibidores da ECA); depressão; medo exagerado de alimentos considerados 
“inadequados” (colesterol, carne vermelha, sal, açúcar); desordens da mastigação 
(dentaduras mal adaptadas, ausência de dentes, gengivite, candidíase oral,...) e/ou 
disfagia; diarreia e má-absorção; doenças consumptivas; hipertireoidismo; alcoolismo, 
... 
16 METABOLISMO HIDROELETROLÍTICO (ÁGUA, SÓDIO, POTÁSSIO) 
 
1. Hormônio Antidiurético (ADH) 
 
 
DESIDRATAÇÃO 
(Redução de 20% da água 
corporal total e 8 -10% do 
volume plasmático) 
 
Níveis séricos basais  
Liberação do ADH após estimulação dos 
osmorreceptores 
 
Liberação do ADH após estimulação dos 
barorreceptores 
 
Responsividade renal ao ADH  
 
 
35 
2. Aldosterona (hipoaldosteronismo 
hiporreninêmico) 
 
HIPOTENSÃO 
ORTOSTÁTICA 
 
 
HIPONATREMIA 
 
 
HIPERPOTASSEMIA 
(IRC, diabetes, AINE) 
Níveis basais  
Liberação de aldosterona após depleção do sódio  
Liberação de aldosterona após mudanças posturais  
3. Hormônio Natriurético Atrial 
Níveis basais  
Liberação após estimulação  
4. Sensação de Sede  
5. Outros: diuréticos, sudorese excessiva, restrição 
física, confusão mental, demência, diarréia, etc... 
 
17 IMUNOSSENESCÊNCIA 
A maior incidência de doenças infecciosas, autoimunes e neoplásicasem 
pessoas idosas tem sido associada às alterações que ocorrem no sistema 
imunológico. Tais alterações são listadas no quadro a seguir: 
 
IMUNIDADE CELULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INFECÇÃO 
 
 
 
Involução anatômica e funcional do timo; 
Redução de 20 a 30% dos linfócitos T circulantes 
(maestro da resposta imune); 
Declínio na reação de hipersensibilidade tipo tardia 
Declínio na citotoxicidade e na resposta proliferativa; 
Redução na produção de citotoxinas IL-2 (essencial na 
proliferação e diferenciação dos linfócitos T) e IL-10; 
Não há redução quantitativa ou qualitativa na função dos 
leucócitos polimorfonucleares 
IMUNIDADE HUMORAL 
 
 
36 
Não há mudança no número de linfócitos B circulantes; 
Aumento na produção de auto-anticorpos; Menor produção de 
anticorpos contra antígenos específico (IgA e IgG, IgM   
resposta vacinal contra tétano, influenza e hepatite). 
Possivelmente quando a imunização primária é feito na infância, 
a resposta secundária é mantida por toda vida. Entretanto, 
quando a imunização primária ocorre tardiamente (>65 anos), 
parece haver declínio na resposta secundária; 
Menor capacidade de neutralização dos anticorpos; 
Maior latência na resposta anticórpica; 
 
 
 
 
 AUTOIMUNIDADE 
 
 
 
 
 
 
 NEOPLASIA 
CO-MORBIDADES QUE PREJUDICAM A RESPOSTA IMUNE 
Desnutrição, pobreza, poluição, depressão, tabagismo, 
drogas (corticoides,...), doença mental, diabetes mellitus, álcool, 
fatores genéticos, doenças consumptivas, ... 
18 TERMORREGULAÇÃO 
A homeostase da regulação temperatura corporal e a habilidade para 
adaptação térmica são comprometidas com o envelhecimento, provavelmente pela 
disfunção hipotalâmica, lentificação da resposta aos pirogênios, dificuldade da 
produção e conservação do calor (redução da gordura subcutânea, lentificação da 
vasoconstricção periféricas, etc). Os idosos apresentam temperaturas basais menores 
que os jovens além da febre poder estar ausente nos processos infecciosos. 
Temperatura axilar maior ou igual a 37,2ºC (99ºF) ou elevações de 1,1ºC (2ºF) na 
temperatura basal, independente do local da medição, merecem investigação. Por 
outro lado, não é raro o desenvolvimento de hipotermia (temperatura axilar < 35o C) 
em resposta à infecção. A hipotermia pode causar sonolência, confusão mental, 
disartria, bradicinesia, hipertonia, bradipnéia, hipoxemia, dilatação gástrica, LAMGD, 
coma, arritmia ventriculares e morte. A mensuração da temperatura axilar deve ser 
mais prolongada (5 minutos). 
 
 
37 
A lentificação da vasodilatação periférica e do aumento do fluxo sanguíneo 
cutâneo dificultam a adaptação a ambientes mais quentes. A sudorese também é 
prejudicada. 
19 PELE E ANEXOS 
A pele se presta à regulação térmica, proteção contra traumas físicos, 
irradiação ultravioleta, substâncias químicas tóxicas e patógenos infecciosos. É a 
porta de entrada do estímulo tátil. Representa grande parte da autoimagem de cada 
indivíduo, principalmente na transição da idade adulta para a velhice, de forma mais 
evidente nas mulheres. 
As modificações ocorrem em áreas protegidas do sol (senescência) e, 
principalmente, em áreas exposta (senilidade: foto envelhecimento), trazendo grandes 
implicações fisiológicas e psicossociais. 
Ocorre redução do colágeno, das fibras elásticas e da vascularização, levando 
ao adelgaçamento da epiderme e da derme, em torno de 20% da espessura desta. 
Há redução de aproximadamente 50% das células de Langerhans, de mastócitos, do 
índice de renovacão epitelial e da taxa de crescimento linear das unhas, do cabelo e 
pelos, que se tornam finos, quebradiços e rarefeitos. A produção das glândulas 
sebáceas diminui em torno de 60%, reduzindo também a produção de vitamina D. A 
pele torna-se fina, pálida, flácida e frágil. Aparecem rugas e aspereza nas áreas 
expostas, áreas de hiper ou hipopigmentação, que levam a manchas, e 
telangiectasias. O fumo é fator agravante destas alterações. As pessoas de raça negra 
apresentam as alterações degenerativas cutâneas mais tardiamente que as de raça 
branca, devido a maior proteção natural à irradiação solar. A responsividade 
imunológica imediata e tardia diminui. O mesmo ocorre com a termoregulação, por 
menor sudorese e outras causas. 
Ocorre alteração quantitativa e qualitativa do tecido conectivo: matriz 
extracelular. Os principais são: 
Sistema colágeno: aumento da rigidez dos tecidos levando a maior 
dificuldade de difusão de nutrientes 
Sistema elástico: redução da elasticidade dos tecidos. Ex: pele, parede arterial 
e pulmão. 
 
 
38 
LOCALIZAÇÃO ALTERAÇÕES ANATÔMICAS / 
FUNCIONAIS 
REPERCUSSÃO CLÍNICA 
(ANAMNESE E EXAME 
FÍSICO) 
 
 
 
 
EPIDERME 
Redução do potencial proliferativo 
Redução do número de melanócitos e 
células de Langerhans 
Redução da adesão dermato-epidérmica 
FLACIDEZ 
 
REDUÇÃO DO TURGOR 
 
REDUÇÃO DA 
ELASTICIDADE 
 
MAIOR MOBILIDADE 
 
RUGAS 
 
PALIDEZ 
 
XEROSE (Pele seca) 
 
PÚRPURA SENIL 
 
LEUCODERMIA 
PUNTIFORME 
 
DISFUNÇÃO DA 
TERMORREGULAÇÃO 
 
HIPERPLASIA SEBÁCEA 
 
UNHAS ESPESSAS 
(“ranhuras”, onicogrifose, 
onicomicose) 
 
 
 
 
DERME 
Redução da espessura 
Redução da celularidade e vascularidade 
Degeneração das fibras de elastina 
Degeneração das fibras de colágeno 
 
SUBCUTÂNEO 
Redução da gordura e redistribuição 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
Redução das glândulas sudoríparas 
Redução do tamanho e função das 
glândulas sebáceas 
Redução do folículos piloso 
Redução do rescimento das unhas 
Redução da lúnula 
 “A Providência nos conduz com tanta bondade em todos os diferentes tempos 
de nossa vida, que quase nem os sentimos. ...é dia após dia que avançamos; estamos 
hoje como ontem, e amanhã como hoje; e, assim, avançamos sem sentir, e este é um 
dos milagres...” 
“O indivíduo idoso sente-se velho através dos outros, sem ter experimentado 
sérias mutações; ... não sabe mais quem é. Nenhuma impressão cenestésica nos 
 
 
39 
revela as involuções da senescência. Aí está um dos traços que distinguem a velhice 
da doença.” 
“Não está claro porque alguém deveria se preocupar com o envelhecimento 
cutâneo. Afinal, ninguém morre porque a pele envelhece! Existe insuficiência cardíaca 
mas não insuficiência cutânea. Todos ficamos bem embrulhados até o fim... Todos 
desejam uma vida longa, mas ninguém que parecer velho”. 
20 ÓRGÃOS DOS SENTIDOS 
20.1 Visão 
 
Fonte: www.funiber.org 
A presbiopia é caracterizada pela redução da capacidade de acomodação em 
decorrência do enrijecimento do núcleo do cristalino e atrofia do músculo ciliar, com 
dificuldade visual para perto. Este processo inicia-se aos 40 anos, com o máximo aos 
60 anos, quando a acomodação é mínima ou ausente. 
Em decorrência do envelhecimento fisiológico identificam-se também redução 
do campo visual periférico, da acuidade visual, da discriminação de cores e dificuldade 
de adaptação a estas e às mudanças de luminosidade, com limitação funcional em 
relação ao ambiente. 
As principais alterações relacionadas ao envelhecimento são: 
 Aumento da pressão intraocular: embora ocorra uma diminuição da 
produção de humor aquoso com o envelhecimento, ocorre uma 
resistência a passagem do seu fluxo da câmara anterior. 
 Diminuição da produção de lágrima 
 Espessamento de epitélio corneano 
 Arco senil: depósito de lípides na periferia da córnea. Está presente em 
todos os idosos com mais de 80 anos. 
 
 
40 
 Espessamento do cristalino: resultado do crescimento contínuo de suas 
fibras. Consequentemente ocorre diminuição da capacidade de 
acomodação do cristalino para distância maior do que o comprimento do 
braço = Presbiopia. 
 Liquefação do gel vítreo: formação de partículas de fibras colágenas 
flutuando no vítreo provocando sombras na retina → clarões, 
alucinações visuais. 
 Opacificação do cristalino: esclerose do cristalino = catarata. 
 Rigidez pupilar:miose pupilar. Dificuldade de adaptação quando a luz é 
fraca com piora da visão noturna, diminuição da acomodação aos 
clarões e à iluminação súbita. 
 
ALTERAÇÕES ANATÔMICAS E FUNCIONAIS MAIS PREVALENTES NOS 
IDOSOS 
Alterações anatômicas Alterações funcionais 
Enoftalmia 
Edema de pálpebra inferior (com ou 
sem hiperpigmentação) 
Ptose 
Entrópio (inversão da pálpebra e 
cílios) Ectrópio (eversão da pálpebra) 
Epífora (lacrimejamento excessivo) 
Halo senil 
Esclera mais amarelada 
Pterígio 
Conjuntiva mais fina e friável 
(“sensação de areia nos olhos”). 
 
Presbiopia 
Catarata 
Glaucoma 
Rigidez Pupilar (miose senil) 
 visão periférica e central,  visão 
espacial, modificação da 
percepção de cores; 
Degeneração macular: dificuldade 
de individualizar e distinguir 
detalhes e cores → 
perda da visão central; 
Maior risco de descolamento de 
retina 
 
 
 
 
41 
20.2 Audição 
A disfunção auditiva é o mais comum déficit sensorial associado ao processo 
de envelhecimento. A diminuição da audição é a terceira causa mais prevalente de 
incapacidade crônica na população com mais de 65 anos. A prevalência é de cerca 
de 24% na faixa etária de 65 a 74 anos e aumenta para 39% na população com idade 
superior a 74 anos. Pacientes institucionalizados apresentam a mais alta prevalência. 
A diminuição do limiar de sensibilidade para sons de alta frequência (sons 
agudos) iniciam e progridem lentamente manifestando na quinta e sexta década de 
vida. Os tinidos são frequentemente associados à deterioração da sensibilidade 
auditiva. Os homens são usualmente os mais acometidos. 
 
ALTERAÇÕES RELACIONADAS À IDADE 
Ouvido externo Ouvido médio Ouvido interno 
Pelos do trago 
(característica sexual 
secundária) se tornam 
mais grossos, maiores e 
proeminentes. 
Glândulas da cera se 
atrofiam  cera mais 
seca 
Atrofia e ressecamento 
da pele  prurido 
Estreitamento do espaço 
articular dos ossículos + 
calcificação cartilagem 
articular  degeneração 
articular 
Degeneração das células do 
órgão de Corti (equilíbrio) e da 
cóclea (audição): 
Redução da sensibilidade 
vestibular 
Hipoacusia 
20.3 Presbiacusia 
A presbiacusia é a perda auditiva devido a mudanças degenerativas no 
sistema auditivo periférico e central que acompanham o envelhecimento. Geralmente 
neurossensorial, podendo consistir em disfunção condutiva e central, sendo a causa 
mais comum de perda da audição em idosos. A etiologia é obscura não sendo uma 
entidade distinta e sim os múltiplos efeitos do envelhecimento no sistema auditivo 
sendo assim um diagnóstico de exclusão. Alguns fatores podem estar associados: 
 
 
42 
dieta, alterações metabólicas, arteriosclerose, ruído, hereditariedade, nível de 
colesterol e doença coronariana. 
Caracteriza-se por uma perda bilateral lenta e progressiva da audição para tons 
de alta freqüência. Ocorre também uma redução no discernimento das palavras. 
Torna-se mais difícil escutar quando tem mais de uma pessoa falando ou quando 
existe barulho no fundo. O declínio da acuidade auditiva implica na mudança gradativa 
de hábitos de vida do idoso levando a uma incapacidade de comunicar-se com o 
entorno e conseqüentemente ao isolamento social. 
Diante desse complexo distúrbio os idosos precisam de explicações 
cuidadosas sobre o problema para ajudar na prevenção de isolamento e frustrações. 
 
 
 
 
20.3.1 Tipos de Surdez: 
Surdez de Condução: bloqueio na transmissão das ondas sonoras através do 
ouvido externo e médio (rolha de cerumen, otite média, calcificação entre os 
ossículos.). 
Tendência a falar baixo; percepção melhor da própria voz; pouca dificuldade na 
distinção e compreensão da fala. 
Otoscopia 
 
Surdez Neurossensorial: degeneração das células do órgão de Corti-cóclea 
Presbiacusia – Ototoxicidade – D. Meniére -  Ruídos 
Fala alta, bilateral, usualmente simétrica, tendência a não discriminar e 
entender o que é dito, sons altos são entendidos com precariedade, lentamente 
progressiva,  sensibilidade para sons de alta frequência. 
20.4 Estratégias de Comunicação com Idosos 
Ambiente tranquilo com redução do nível de ruídos indesejáveis e bem 
iluminado; 
Interlocutor bem posicionado (1 a 1,5 m de distância); 
SURDEZ  Isolamento + Depressão + Déficit Cognitivo 
 
 
 
43 
Chamar a atenção do idoso, pondo-lhe a mão ou até tossindo; 
Falar distinta e pausadamente, sem exageros quanto a articulação; 
Não gritar; 
Evitar mudar de assunto sem avisar o interlocutor; 
Evitar frases intermináveis ou prolixas. Utilizar sempre palavras simples, claras 
e afirmativas; 
Conhecer o vocabulário utilizado pelo idoso; 
Ouvir o idoso com paciência, respeitando seu ritmo de resposta; 
Ser amável, paciente e atencioso; 
Permitir que o idoso participe do diálogo e das decisões tomadas em casa; 
Usar gestos convenientes; 
Quando houver necessidade de repetição, reformular a frase com palavras 
mais simples; 
Evitar expressões como “vô”, “vó”, “vozinha”, etc., que despersonalizam e 
inferiorizam o idoso, procurando chamá-lo pelo nome; 
Não infantilizar o idoso; 
Evitar expressões do tipo “deve”, “não deve”, porque reflete um relacionamento 
autoritário; 
Respeitar a intimidade do idoso, evitando qualquer exposição desnecessária; 
21 ESTRUTURAS ENVOLVIDAS NA VOZ, MOTRICIDADE ORAL E CAVIDADE 
ORAL 
Assim como todo o organismo a voz também sofre os efeitos do 
envelhecimento. O processo de deterioração vocal inerente a idade decorrente da 
perda natural da eficiência biomecânica do organismo é chamado de presbifonia, que 
é variável para cada indivíduo conforme sua saúde, treino de voz e história de vida. 
A presbifonia deve ser compreendida como parte do processo de envelhecimento 
normal do indivíduo e não como uma desordem vocal, embora muitas vezes seja 
difícil estabelecer-se um limite entre o que é processo vocal fisiológico inerente à 
idade e o que é uma desordem vocal estabelecida. 
As alterações de motricidade oral se dividem em alterações de fala e 
deglutição. As mudanças fisiológicas e funcionais decorrentes do envelhecimento 
 
 
44 
podem afetar a inteligibilidade de fala e alterar o processo de deglutição. A perda de 
dentes leva a problemas de mastigação e distorção de sons da fala; a atrofia de dos 
músculos da língua e alteração da capacidade funcional da musculatura oral também 
leva tanto a problemas de fala quanto de deglutição. 
21.1 Cavidade oral 
As funções da cavidade oral no idoso, deglutição, digestão, fonação, podem 
estar alteradas como consequência das alterações fisiológicas que acontecem no 
envelhecimento das estruturas anatômicas: 
 
DENTE 
TECIDO PERIODONTAL (gengiva, osso alveolar, ligamento periodontal) 
ARTICULAÇÃO TÊMPORO-MANDIBULAR 
LÍNGUA 
GLÂNDULAS 
MUCOSA  Temperatura - Tato - Textura - PALADAR 
 
O envelhecimento, por si só, não causa perda dentária significativa, mas causa 
alterações com consequências importantes e algumas vezes incapacitantes que 
comprometem a higiene bucal que estão listadas abaixo: 
 
OSSO  Osteoporose  PERDA ÓSSEA 
ARTICULAÇÃO  Osteoartrose  DOR 
PALATABILIDADE DOS ALIMENTOS  Desnutrição 
DIFICULDADE DE DEGLUTIÇÃO  Disfagia  Aspiração 
XEROSTOMIA 
DIFICULDADE DE FALA 
NEOPLASIA 
22 ENVELHECIMENTO TIREOIDIANO 
A tireoidosenescência é caracterizada pelas seguintes alterações: 
 
 
45 
Atrofia glandular; 
Aumento da nodularidade (nódulo coloidais); 
Infiltração leucocitária. 
A função tireoideana permanece praticamente (TSH, T4, T3) inalterada entre 
os 20 e 80 anos de idade. 
 
Ocorre aumento da prevalência de doenças tireoideanas primárias (hipo e 
hipertireoidismo, nódulo) e secundárias como a síndrome do eutireoideano doente e 
da toxicidade por drogas (amiodarona, lítio). 
 
 Clínico Subclínico 
Hipotireoidismo 2 a 5% 5 a 14% 
Hipertireoidismo 0,5 a 2,3% 0,7 a 6% 
Nódulo tireoideanoA conduta não difere do jovem  Punção-biópsia 
Palpação 4 a 7% Malignidade? 
Disfunção tireoidiana? 
Compressão local? 
Ultrasom/ Autópsia 30 a 50% 
 
A alta prevalência associada à inespecificidade do quadro clínico justificam o 
screening da função tireoideana nos idosos, particularmente nas mulheres, cujo risco 
de tireoidopatia é maior. A relação entre TSH e tiroxina sérica é log-linear inversa, ou 
seja, um aumento de 100 vezes no TSH sérico equivale a uma elevação de somente 
2 vezes no T4 livre sérico e vice-versa. Portanto, o TSH ultrasensível é o método mais 
sensível para o diagnóstico precoce de disfunção tireoideana. 
23 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR 
As alterações associadas ao processo de senescência no aparelho 
cardiovascular podem desencadear ou ocultar doenças cardiovasculares, reduzir a 
atividade física do idoso e afetar a função cardiovascular. 
As alterações fisiológicas dos sistema cardiovascular pode ser didaticamente 
dividida em dois grupos baseando-se no local da alteração – coração e esturuturas 
vasculares (grandes artérias, arteríolas, capilares e veias). 
 
 
46 
Apesar das diferenças entre as funções cardiovasculares entre indivíduos 
jovens e idosos já terem sido amplamente estudadas, o reconhecimento do efeito 
isolado da idade, do meio externo ou das doenças associadas no aparelho 
cardiovascular não é fácil dada a grande interação entre esses fatores. 
23.1 Efeito do envelhecimento no coração 
O coração sofre diversas alterações em suas principais estruturas decorrentes 
do processo de envelhecimento. Tais alterações irão afetar os miócitos, o sistema de 
condução, as válvulas e os septos. O coração com essas alterações, é comumente 
chamado de “coração senil” (Aged heart). 
Mesmo com o comprometimento de todo o coração, o envelhecimento normal 
não produz alterações significativas na função do coração graças aos mecanismos 
compensatórios. Entretanto, quando há uma depleção desses mecanismos 
compensatórios ou uma ineficiência frente uma situação de sobre-carga poderá 
ocorrer então, sinais de insuficiência ou falência do coração. Dessa forma, nas 
situações de repouso, não há alterações no volume de ejeção do ventrículo esquerdo, 
na frequência cardíaca ou no débito cardíaco. 
As alterações morfológicas presentes no coração encontram sumarizadas no 
esquema a seguir. 
As repercussões funcionais dessas alterações morfológicas são observadas 
nas situações onde há uma sobrecarga além da capacidade dos mecanismos 
compensatórios existentes no sistema cardiovascular. Tais repercussões serão 
apresentadas após a descrição das alterações apresentadas pela vasculatura tendo 
em vista a íntima relação existente entre o coração e o vasos. Para o entendimento 
de como se processa as alterações do sistema vascular, é necessário compreender e 
fazer um paralelo do processo de ateroclerótico com os processos decorrentes da 
senescência, o que será abordado a seguir. 
 
 
47 
 
Fonte: principo.org 
23.2 Alterações morfológicas no coração 
23.2.1 Aterosclerose 
Apesar da aterosclerose ser a mais importante doença dos idosos por ser a 
principal cause de mortalidade, incapacidade e dependência nos últimos anos de vida 
e seu desenvolvimento ser facilitado pelo envelhecimento, a aterosclerose não reflete 
o envelhecimento normal. 
Cabe ressaltar que o processo de envelhecimento apresenta um enorme grau 
de variabilidade e o impacto do envelhecimento entre os indivíduos é extremamente 
variável. Dessa forma, a magnitude das alterações fisiológicas e as manifestações 
clínicas cardiovasculares da senescência apresentam elevado índice de variabilidade. 
 
 
48 
Além disso, deve-se lembram que o envelhecimento patológico é o mais comum o que 
acrescenta um grau de variabilidade ainda maior. 
A exata relação entre aterosclerose e envelhecimento é difícil de ser definida 
dada à íntima relação entre os dois processos e o fato da aterosclerose estar presente 
universalmente entre os idosos. A importância desse processo no aparelho 
cardiovascular é inquestionável. 
A ilustração, a seguir, representa, forma esquemática, a aterogênese 
ressaltando os fatores de risco intrínsecos (idade, sexo masculino e fatores 
genéticos), os extrínseco (tabagismo, hipertensão, dislipoproteinemia, hiperglicemia e 
diabetes) e os fatores de risco indireto (obesidade e inatividade física). Inúmeras 
evidências mostram o caráter inflamatório e/ou infeccioso (evidências mostram a 
associação e doença isquêmica com herpes vírus e Chlamydia pneumoniae) da 
aterogênese. 
A aterosclerose, conforme ressaltando na ilustração abaixo, é um processo 
generalizado, de comprometimento sistêmico afetando os diferentes vasos com 
intensidade variável e repercussões variáveis de paciente para paciente. 
 
 
49 
 
Fonte: principo.org 
A repercussão das alterações anatômicas e bioquímicas decorrentes do 
envelhecimento na vasculatura irá depender do tipo de vaso comprometido. Em 
função das características dos vasos eles podem ser determinantes da resistência ou 
da impedância do sistema vascular. A resistência é determinada primariamente pelos 
vasos de pequenos calibres como as arteríolas enquanto a impedância é determinada 
principalmente pelas artérias elásticas de grande calibre. 
Alterações do envelhecimento normal irão modificar essas propriedades 
(resistência e impedância) e forma semelhante ao processo ateroscleróticos. 
Entretanto, há algumas diferenças entre as alterações decorrentes do envelhecimento 
 
 
50 
normal da aterosclerose. A tabela abaixo sumariza essas diferenças para artérias 
elásticas. 
 
Aterosclerose Senescência 
Predomina em homens ocidentais Ocorre universalmente em várias espécies 
inclusive 
Placas heterogêneas Uniforme nas artérias calibrosas 
Comprometem o lume Aumenta o lúmen 
Gravidade relaciona com a turbulência e 
estresse local 
Não é localizado em locais de estresse 
Tem componente inflamatório Não há participação de leucócitos ou outras 
células 
Colesterol é um cofator Independe do colesterol 
Adaptado de Hazzard et al, 2003 
Vaso Alteração Repercussão 
Artérias 
de Grande 
Calibre 
Aumenta a rigidez 
Alongamento do vaso 
Aumento do diâmetro do vaso. 
Diminuição na produção basal e pós-
estímulo de óxido nítrico. 
Espessamento sub-endotelial com tecido 
conjuntivo e células. 
Calcificação da túnica média. 
Devido fragmentação da elastina e 
aumento do colágeno 
Aumento da pressão arterial sistólica. 
Pressão de pulso (PAS-PAD) é manifestação 
da rigidez arterial (redução da complacência), 
além de ser um importante fator de risco para 
doenças cardiovasculares. 
Aumenta a velocidade da onda de pulso. (Fator 
de risco para coronariopatia e AVC). 
Aumenta o “índice de aumento” (augmentation 
index) – percentual de aumento da PÁS central 
pela reflexão de pressão. Jovens <5%, idosos 
até 20%. 
Preservação relativa da resposta α-adrenergica 
(vasoconstritora) e redução da resposta -
adrenergica. 
Artérias 
de menor 
calibre 
As alterações acima não ocorrem de 
forma uniforme nas artérias mais 
distais, são menos comprometidas. 
Nas artérias intracranianas há redução 
relativa na quantidade de tecido 
conjuntivo na intima. 
Redução do fluxo na a. renal. 
Geralmente há um aumento na resistência 
vascular periférica, sendo mais proeminente 
nas mulheres. 
Alterações na impedância sem alterações na 
resistência promovem uma redução na PAD. 
Isso é visto em vários trabalhos incluindo 
Framingham e HANES nos indivíduos a partir 
de 70 anos. 
 
 
51 
Alteração na neoformação vascular em 
resposta a isquemia. 
Diminuição na produção basal de óxido 
nítrico. 
Capilares 
Senescência não causa remodelamento 
do vaso 
Espessamento e deposição de colágeno 
na membrana basal. 
Redução da perfusão dos capilares nas 
situações de isquemia ou calor. 
Veias 
Poucos estudos 
Vasos de capacitância

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