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Administração de medicamentos em neonatal

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Discente: Mariana Vieira da Conceição
ENFERMAGEM AOS CUIDADOS DO RECÉM-NASCIDOS – 4ª AVD
Administração de medicamentos em Neonatologia
1. INTRODUÇÃO
Na UTI Neonatal, existem alguns fatores que podem dificultar na administração de medicamentos, como por exemplo, o crescimento ponderal que é variável e pode afetar a dosagem de medicações. Além disso, a enfermidade ou a imaturidade dos órgãos envolvidos na metabolização dos medicamentos também deverão ser levados em consideração quanto se trata do paciente neonatal.
Portanto, faz-se necessário que os profissionais responsáveis pelo cuidado de um paciente neonatal levem em consideração essas variáveis, fazendo os ajustes necessários para que a administração de medicamentos na UTI neonatal seja feita de maneira precisa, efetiva e segura.
2. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM
- Cuidados gerais na administração de medicamentos:
- O responsável pelo preparo e pela administração do medicamento deverá ter conhecimento sobre a ação, os efeitos adversos, a toxicidade e a dosagem adequada;
- Seguir a regra básica de administração de medicamentos. Certificar-se de que estejam corretos: medicamento, dose, via, método de administração, hora, paciente;
- Ler a etiqueta do frasco, do vidro ou da ampola três vezes: ao retirar o medicamento do armário, antes de abrir o frasco ou ampola, antes de descartar, recolocá-lo no armário ou na geladeira.
- A pessoa que prepara a medicação deverá administrá-la;
- Colocar no frasco ou seringa etiqueta na qual constem o nome do medicamento, a dosagem e a via de administração;
- Confirmar a dose, a via, a frequência e o nome do medicamento na prescrição médica;
- Criar um ambiente de aprendizado, adotando um sistema não punitivo nos casos de notificação de erro medicamentoso
- Observar o código de barras do medicamento a ser administrado, a pulseira de identificação do paciente e a prescrição médica, cruzando tais informações
- Antes de administrar, checar a medicação com outro profissional de enfermagem (padronizar os medicamentos e soluções intravenosas de alto risco que devem passar pela checagem de duas pessoas);
- Registrar data e horário da administração;
- Avaliar fatores que possam afetar a absorção, a distribuição, o metabolismo e a eliminação da substância;
- Via enteral:
É a via em que o medicamento é introduzido no trato gastrointestinal (oral, sonda gástrica ou jejunal). Deve ser observado se o paciente tolera alimentação, apresenta regurgitação ou requer aspiração gástrica intermitente, pois administrado medicamento nessa via, poderá ser problemático.
Cuidados de enfermagem: 
- Os comprimidos deverão ser triturados e diluídos com água estéril, e as medicações líquidas poderão ser agregadas ao leite artificial ou materno. 
- Se o paciente estiver com sonda gástrica, gastrostomia ou sonda jejunal, a medicação deverá ser administrada com uma pequena porção do leite no início da gavagem.-
- Caso o paciente esteja sendo alimentado por via oral, a medicação poderá ser acrescentada a 10 a 15 mℓ de leite e administrada no início da alimentação, em copinho, para os recém-nascidos que estão amamentando, ou na mamadeira, para os demais.
- Deve-se evitar a administração de medicamentos por via oral diretamente na boca do recém-nascido, pois o sabor desagradável das medicações poderá causar regurgitação, que implica risco de aspiração.
- Via retal:
É uma via em que faz a administração de supositórios, os quais podem ser utilizados para promover a evacuação, como no caso dos supositórios de glicerina, ou com fins terapêuticos, no caso de analgésicos, antitérmicos e sedativos. 
Cuidados de enfermagem:
- É importante cortar o supositório de acordo com o tamanho do recém-nascido, procurar arredondar o supositório, evitando assim possíveis lesões da frágil musculatura retal. Se necessário, deve-se lubrificar o supositório antes de introduzi-lo.
- Via intramuscular:
É a via de aplicação de medicamentos no tecido muscular. Em recém-nascidos, as opções quanto ao local de aplicação dessa via são bem limitadas, devido à pouca massa muscular. A região indicada para administração de injeções intramusculares nos recém-nascidos, é o músculo vasto lateral da coxa (face lateral, no terço médio).
Cuidados de enfermagem:
- A agulha deverá ser introduzida a um ângulo de 90° em relação à pele. O volume a ser administrado varia com o tamanho do paciente. Recomendam-se os seguintes critérios:
< 1.000 g: o volume em cada área de aplicação não deverá exceder 0,25 mℓ
> 1.000 g: o volume em cada área de aplicação não deverá exceder 0,5 mℓ.
- Recomenda-se não massagear o local da injeção, mas somente fazer leve pressão na área.
- Via intravenosa:
É a via que permite a introdução de medicamentos diretamente na corrente sanguínea. A administração pode ser feita de maneira rápida, por determinado período, ou de modo contínuo. No período neonatal, de preferência devem-se usar as seguintes veias periféricas:
Mãos: veias basílica, cefálica e arco venoso dorsal
Braços: veias basílica, cefálica e intermédia do antebraço
Pés e pernas: veias safena interna, mediana marginal e arco venoso dorsal
Cefálica: veias frontal, superficial temporal e auricular posterior auricular.
Cuidados de enfermagem:
- Algumas medicações, quando adicionadas ou administradas juntas, podem ser incompatíveis, causando precipitação da substância.
- A fixação do cateter periférico venoso é importante para prevenir seu deslocamento fácil e permitir boa visualização do local, evitando que passem despercebidos irritação, flebite e extravasamento do medicamento ou solução.
- Para prevenir contaminação no local de inserção do cateter, recomenda-se a utilização de adesivo estéril transparente, o qual deve cobrir o cateter desde o local de inserção até o local em que será feita a conexão com a extensão.
- Cateter centrais:
A cateterização de vias centrais está indicada para pacientes que deverão permanecer por período prolongado recebendo medicamentos intravenosos e soluções parenterais. As vias mais comumente utilizadas no período neonatal são a artéria umbilical, a veia umbilical e o cateter percutâneo central, cateter venoso tipo Broviac.
Cuidados de enfermagem:
- Todas as vias centrais deverão ser heparinizadas, com adição de heparina na proporção de ½ a 1 unidade de heparina por mililitro (mℓ) da solução parenteral a ser infundida, de acordo com o peso e a idade gestacional do paciente, com a finalidade de manter essa via pérvia, prevenindo a formação de microcoágulos ao longo do cateter.
- Monitorar sinais de sangramento. Não é indicado o uso de heparina em neonatos com evidências de hemorragia intracraniana, sangramento gastrintestinal ou trombocitopenia.
- Todos os cateteres centrais deverão passar por antissepsia, com solução antisséptica à base de clorexidina ou álcool a 70%; deixar secar por 3 minutos
- A via umbilical arterial não deverá ser utilizada para administração de sangue e seus derivados, epinefrina, substâncias vasoativas (dopamina, dobutamina), intralipídios, gliconato de cálcio (como infusão direta, sem dilução), cloreto de potássio, tolazolina, indocina etc, porque todas essas medicações podem causar espasmo da artéria, irritação do tecido arterial, formação de coágulos e subsequente necrose da artéria.
- Certificar-se da fixação adequada do cateter;
- Manter registro da medida inicial da inserção do cateter no plano de cuidados de enfermagem (Apêndice G)
- No início de cada plantão, certificar-se da numeração referente ao posicionamento do cateter, comparando com a medida feita inicialmente, quando de sua colocação; registrar no formulário de anotações de enfermagem
- No caso de cateter umbilical arterial, checar os pulsos femorais a cada 6 horas, avaliando simetria e intensidade. Verificar também a coloração e a temperatura das extremidades inferiores a cada hora, com a finalidade de avaliar a perfusão capilar e possíveis espasmos arteriais. Caso as extremidades inferiores, especialmente os dedos dos pés, apresentem sinais de espasmo vascular arterial (p.ex., cianose ou coloração azul), notificar imediatamente ao médico. Em caso de espasmo nas extremidades inferiores, recomenda-se o uso de pasta de nitroglicerina a 2%; aplicar na área afetada e, se necessário, repetir. Em conjunto com essa terapia, também pode ser feito o aquecimento da extremidade oposta à extremidade com espasmo. Caso não haja melhora no quadro, o cateter deverá ser removido
- Manter o local de inserção do cateter umbilical exposto, para melhor visualização em caso de sangramento ou deslocamento
- Observar sinais de infecção no local de inserção do cateter, como hiperemia da pele e drenagem de secreções na região
- Evitar entrada de ar no cateter arterial umbilical, devido ao risco de embolia gasosa. 
- Todos os equipos e tubos usados deverão ser cuidadosamente inspecionados antes que se inicie a infusão pela artéria umbilical.
- Cateter intravenoso percutâneo central (PICC):
É de fácil colocação e tem uma permanência prolongada sem muitas complicações. Essa via não deverá ser utilizada para administração de sangue e derivados, pois tendem a obstruir o cateter.
Cuidados de enfermagem: 
- Deverá sempre ser tratado como qualquer outro cateter central, adotando-se as técnicas antissépticas já mencionadas.
- Deve-se manter a solução a ser infundida heparinizada (½ a 1 unidade de heparina por mililitro da solução) quando se faz a troca diária do equipo de soro, mas atualmente não se recomenda usar solução heparinizada para limpar o cateter quando for realizada a troca do equipo de soro.
- Se o cateter percutâneo for utilizado somente para administração intermitente de medicamentos, sem que se mantenha infusão contínua, recomenda-se:
Peso 1.200 g: 5 unidades de heparina em 0,5 a 1 mℓ de solução fisiológica cada 8 h
Peso 1.200 g: 10 unidades de heparina em 0,5 a 1 mℓ de solução fisiológica cada 8 h.
- As vias de acesso para cateter percutâneo central em recém-nascido devem ter calibre médio a grosso, pois duram mais tempo. De preferência, são utilizadas as veias antecubitais, laterais na cabeça (posterior auricular) e veia safena.
- Deve-se observar constantemente o local de inserção do cateter em busca de sinais de vazamento da solução infundida, sangramento e infiltração (edema e isquemia) e infecção no local de inserção (hiperemia e drenagem de secreções), sensibilidade ao toque, instabilidade térmica corporal. Nos PICCs inseridos em extremidades, observar a perfusão da extremidade, e alterações na função de movimentos, temperatura e coloração.
- Todas as conexões e extensões devem ser trocadas de acordo com os procedimentos de troca do equipo mencionados anteriormente, e quando se troca o curativo
- Evitar, quando possível, o uso de torneirinha no cateter PICC
- Colocar etiqueta em todos os equipos e extensões, informando data e hora da troca e o tipo de cateter.
- O curativo do cateter percutâneo central deverá ser trocado a cada 7 dias e quando se fizer necessário, se não estiver aderindo bem à pele. Caso contrário, não deverá ser trocado, pois é frequente o deslocamento do cateter durante as trocas. É importante seguir a rotina estabelecida em cada unidade.
Referência Bibliográfica:
TAMEZ, Raquel Nascimento. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém-nascido de alto risco. 6 ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2017.

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