Buscar

ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ÉTICA, RESPONSABILIDADE 
SOCIAL E AMBIENTAL 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.a Olívia Resende 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá você já imaginou como seria a responsabilidade das organizações em 
um mundo cada vez mais globalizado? Como seriam suas ações em meio a 
consumidores cada vez mais conscientes da sua responsabilidade com um 
mundo melhor? Consumidores estes com mais acesso a informação e produtos 
diferenciados? Como as organizações se mantêm em um cenário assim? Pense 
e reflita sobre estas perguntas. 
Nesta aula, vamos tentar responder a estas perguntas e mais 
especificadamente, iremos aprofundar nas Ferramentas de Gestão que 
direcionam as empresas na busca de resultados sustentáveis. 
CONTEXTUALIZANDO 
A responsabilidade social empresarial é, segundo o Ethos, “uma forma de 
gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos 
os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas 
empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, 
preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, 
respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais”. 
A Responsabilidade da Empresa surge em um contexto, onde o Estado, 
as empresas e a sociedade civil estão envolvidos diante das pressões 
internacionais que coloca todos num campo de incertezas; com relação aos seus 
projetos, fazendo com que outras formas de controle dos respectivos destinos 
sejam objeto de pesquisa e de utilização de novas certificações, metodologias e 
sistemas de apoio à decisão. 
Algumas ferramentas gerenciais contribuem para a implementação e 
fiscalização de práticas de Responsabilidade Social Empresarial. Com a 
globalização das práticas de RSE, entende-las e aplica-las de maneira adequada 
é de extrema importância. 
No que diz respeito ao papel do gestor na construção da responsabilidade 
social da organização devem ter especial atenção, pois os projetos que não 
levarem essas questões em consideração estarão fadados ao fracasso. Da 
mesma forma, o desconhecimento progressivo do processo de governança local 
 
 
3 
e das dinâmicas locais sobre o desenvolvimento de processos de intervenção 
tecnológica tem trazido inúmeros problemas: para as comunidades, os governos, 
os organismos internacionais e os órgãos de fomento internacional, no âmbito 
da gestão dos respectivos projetos, entre eles os projetos de responsabilidade 
social. 
Nesta rota buscaremos refletir sobre a Gestão Empresarial e a 
Responsabilidade Social Empresarial em meio a um cenário de globalização, 
apresentaremos algumas ferramentas, normas e práticas que devem ser objeto 
dos programas de responsabilidade social empresarial, as quais poderão ser 
utilizadas para que a sua empresa seja considerada responsável, dentre eles 
daremos enfoque ao Investimento Comunitário Estratégico, além disto 
apresentaremos o marketing 3.0, um novo conceito para o desenvolvimento de 
estratégias de marketing que está totalmente relacionado às estratégias de 
Sustentabilidade e de Responsabilidade Social. Para tanto buscaremos 
responder as seguintes perguntas: 
 
 
 
 
 
Para responder a esta e outras perguntas, começaremos abordando a 
relação entre a Globalização e a Responsabilidade Social Empresarial. 
TEMA 1 DA ROTA: A GLOBALIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL E O 
PRINCÍPIO DA INCERTEZA 
Com a globalização estamos há algumas décadas vivendo um movimento 
internacional denominado “neoliberalismo”. O neoliberalismo defende que o 
Estado deixe de ser agente controlador da economia, ou seja, defende a pouca 
intervenção do governo no mercado de trabalho, a política de privatização de 
empresas estatais, a livre circulação de capitais internacionais e ênfase na 
O que a globalização tem a ver com a 
Responsabilidade Social Empresarial? 
 
Existem formas de gerir uma empresa voltada para 
sua Responsabilidade Social? 
 
 
 
4 
globalização, a abertura da economia para a entrada de multinacionais, a adoção 
de medidas contra o protecionismo econômico, a diminuição dos impostos e 
tributos excessivos, dentre outros, passando o estado a exercer um reduzido 
número de atividades, delegando, através de diferentes mecanismos e leis, parte 
das suas atividades para outros segmentos da sociedade. 
Assim, algumas atividades que antes eram exclusivas do Estado 
passaram a ser confiadas às empresas. Que através da Responsabilidade Social 
Empresarial, se transformaram em grande parte, em agentes de 
desenvolvimento local, através das parcerias público-privadas. 
Neste cenário, as empresas passaram a ter mais responsabilidades. 
Quando nos remetemos ao “princípio da incerteza”, estamos nos referindo ao 
grande número de exigências, normas, projetos, controle e monitoramentos que 
as empresas passam nesse momento e que precisam ser revistos através de 
análise prospectiva para que seus objetivos sejam atingidos. 
Podemos então dizer que a Responsabilidade Social Empresarial, surge 
neste contexto internacional neoliberal, como mudança de perspectiva do 
sistema econômico e de regime de Estado. 
No aspecto neoliberal, o Estado cria todas as condições para se dedicar 
às suas novas funções. Entretanto, deixa de ser um “agente de controle” das 
atividades econômicas para ser um “agente de fiscalização” dos processos, 
produtos e serviços que foram terceirizados, privatizados e realizados através de 
parcerias público-privadas (setor privado) ou termos de parceria (terceiro setor). 
Em relação às organizações da sociedade civil, o Estado as dota de 
natureza privada com personalidade jurídica de instituição pública, garantindo 
que estas possam receber recursos de instituições públicas ou de empresas, 
com dedução de imposto de renda, para desenvolvimento de projetos. 
Nesse contexto, empresas, comunidades, mercados nacionais e 
internacionais, agências de certificação e projetos diversos passam a fazer parte 
das agendas das empresas responsáveis e dos seus respectivos setores e 
profissionais. 
 
 
5 
Destarte, o papel dos diferentes atores sociais está assim definido: 
 o Estado passa a ser agente fiscalizador das atividades que 
atribuiu para empresas e organizações da sociedade civil, através das 
agências de regulação; 
 a sociedade civil, estruturada em organizações da 
sociedade civil de interesse público, será o agente público para projetos 
na área social, sob tutela e controle do Ministério da Justiça; 
 o Ministério Público, seja ele federal ou estadual, passa a 
ser agente de controle dos bens de interesse difuso e coletivo de todo tipo 
de relação estabelecida entre o Estado, as empresas; 
 as empresas passam a ser agentes de desenvolvimento 
local, numa perspectiva de sustentabilidade social, ambiental, cultural, 
econômica e financeira. 
Para Ferraz (2007), a responsabilidade social, nada mais é que um dos 
pressupostos da função social da Empresa: o de atender aos anseios da 
sociedade onde está inserida, por meio de práticas sociais e éticas, o amparo 
aos direitos do trabalhador envolvido com a produção, bem como o 
reconhecimento dos valores desse trabalhador por meio de investimentos 
intelectuais e culturais, e enfim, a responsabilização, ambiental, social e moral. 
Assim, como analisamos em outras rotas e aqui reforçado, a 
responsabilidade social vem assumindo relevância considerável a partir das 
intervenções realizadas pelas empresas em diversas situações em que o Estado 
não se faz mais presente. 
Não basta implantar práticas para solução de desafios empresariais, é 
necessário que elas possam também ser avaliadas. Da mesma forma, é preciso 
saber qual tipo de prática a ser adotada vai tornar possível que os resultados 
sejam atingidos. 
Segundo Zocolaro (2013), em linhas gerais, as empresas têm 
desenvolvido práticas na área de: governança, direitos humanos, público interno,6 
meio ambiente, cadeia de valor, comunidade e sociedade, governo e mercado 
consumidor. 
Gonçalves (2011) entende que as ações de responsabilidade social estão 
cobrindo as áreas de educação, meio ambiente, capacitação de mão de obra, 
gênero e diversidade social, sexual e racial, emprego e renda e orientações para 
o mercado, as empresas passam a ter uma ação muito mais extensiva. 
Atualmente, as empresas passam a incorporar funções governamentais, 
quando gradualmente vão assumindo áreas e projetos, que efetivamente não 
são a sua atividade fim, fazendo com que internamente todo o seu público alvo 
esteja também envolvido nessas atividades. 
Para se implantar a responsabilidade social empresarial, foram 
desenvolvidas várias ferramentas, normas e seus respectivos sistemas de 
gestão que, ao serem aplicados e sistematizados pelos diferentes públicos-alvo, 
garantem a certificação a responsabilidade social de todos os procedimentos 
descritos nos planos a serem desenvolvidos. 
A responsabilidade social empresarial envolve temas e demandas 
diversos, que só podem ser suficientemente inseridos em uma organização por 
meio de várias ferramentas de gerenciamento. Entre as ferramentas de gestão 
mais utilizadas, temos o balanço social, que é uma ferramenta de comunicação 
dos resultados das atividades das empresas e de seus projetos nessa 
perspectiva. 
O balanço social é um tipo de demonstração de resultados parecido com 
as demonstrações financeiras publicadas anualmente, no qual as empresas 
apresentam um conjunto de informações sobre os projetos, os benefícios e as 
ações sociais dirigidas aos empregados, aos investidores, aos analistas de 
mercado, aos acionistas e à comunidade. 
Relatório de Sustentabilidade Empresarial, Balanço Social Corporativo, 
Relatório Social e Relatório Social-Ambiental são outros nomes utilizados pelas 
organizações, especialistas e acadêmicos para designar o material informativo 
sobre a situação da organização em relação a questões sociais e ambientais. 
(OLIVEIRA, 2008). 
 
 
7 
A função principal do balanço social é tornar pública a responsabilidade 
social empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, a sociedade 
e o meio ambiente. 
Leitura Obrigatória 
Rico, E. M. A responsabilidade social empresarial e o Estado: uma 
aliança para o desenvolvimento sustentável. Perspec. vol.18 no.4, São Paulo 
2004 
Saiba mais 
Assista o vídeo da Fundação Grupo Boticário e da responsabilidade 
assumida pela empresa. O Brasil é um país maravilhoso, rico em florestas 
tropicais e em reservas de água doce. O trabalho da Fundação Grupo Boticário 
é proteger o patrimônio natural do nosso país, que além de ser maravilhoso, 
possui a maior biodiversidade do planeta. Assista a este vídeo e conheça os 
projetos da Fundação! 
https://www.youtube.com/watch?v=DVE19y5znGA 
TEMA 2 DA ROTA: FERRAMENTAS GERENCIAIS NO PROCESSO DE 
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL 
Atualmente, a responsabilidade das empresas passa a ser o centro das 
discussões das principais economias do mundo, associado ao conceito de 
desenvolvimento sustentável, um modelo de progresso econômico e social que 
permitirá que todos os seres humanos atinjam boas condições de vida, sem 
comprometer a capacidade do ser humano de se manter continuamente no 
planeta. 
Na tentativa de dar resposta a esse anseio mundial, surgem códigos, 
princípios e normas que regulamentam essas práticas. Alguns exemplos são o 
Pacto Global da ONU, já visto em nossas aulas, o Sustainability Index do Dow 
Jones, e as normas SA8000 (focada prioritariamente nas relações de trabalho) 
e AA1000 (com foco no diálogo com partes interessadas), que desafiam as 
corporações a atingir um patamar mais alto de desempenho. No Brasil, a 
Bovespa lançou em 2005 o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), 
https://www.youtube.com/watch?v=DVE19y5znGA
 
 
8 
resultado da análise de uma carteira de ações de empresas reconhecidamente 
comprometidas com a sustentabilidade. Atualmente, o GRI –Global Reporting 
Initiative, foi criada com o objetivo de elevar as práticas de relatórios de 
sustentabilidade de empresas a um nível de qualidade equivalente ao dos 
relatórios financeiros. 
Estes códigos, princípios e normas que regulamentam as práticas de 
Responsabilidade Social Empresarial, contribuem demonstrando para todos qual 
é a postura da empresa e seus dirigentes e da qualidade do produto ou serviço 
oferecido. Como vimos, o Estado ajuda apenas na identificação e na formulação 
de políticas públicas, deixando a responsabilidade para as empresas. 
Segundo a Global Reporting, um relatório de sustentabilidade é um 
relatório que divulga o desempenho econômico, ambiental, social e de 
governança da organização relatora. Cada vez mais, organizações querem 
tornar suas operações mais sustentáveis e estabelecer um processo de 
elaboração de relatório de sustentabilidade para medir desempenhos, 
estabelecer objetivos e monitorar mudanças operacionais. Um relatório de 
sustentabilidade é a plataforma fundamental para comunicar os impactos de 
sustentabilidade positivos e negativos bem como para obter informações que 
podem influenciar na política, estratégia e nas operações da organização de uma 
forma contínua. 
Vamos apresentar alguns relatórios. Iniciamos com os Indicadores Ethos, 
que segundo o Instituto Ethos são ferramentas de gestão que visam apoiar as 
empresas na incorporação da sustentabilidade e da responsabilidade social 
empresarial (RSE) em suas estratégias de negócio, de modo que esse venha a 
ser sustentável e responsável. A ferramenta é composta por um questionário que 
permite o auto diagnóstico da gestão da empresa e um sistema de 
preenchimento on-line que possibilita a obtenção de relatórios, por meio dos 
quais é possível fazer o planejamento e a gestão de metas para o avanço da 
gestão na temática da RSE/Sustentabilidade. 
Ainda para o Instituto Ethos, a atual geração dos Indicadores Ethos, que 
será continuamente aprimorada, apresenta uma nova abordagem para a gestão 
das empresas e procura integrar os princípios e comportamentos da RSE com 
 
 
9 
os objetivos para a sustentabilidade, baseando-se num conceito de negócios 
sustentáveis e responsáveis ainda em desenvolvimento. Além de ter maior 
integração com as diretrizes de relatórios de sustentabilidade da Global 
Reporting Initiative (GRI), com a Norma de Responsabilidade Social ABNT NBR 
ISO 26000, CDP, e outras iniciativas. Os Indicadores Ethos para Negócios 
Sustentáveis e Responsáveis têm como foco avaliar o quanto a sustentabilidade 
e a responsabilidade social têm sido incorporadas nos negócios, auxiliando a 
definição de estratégias, políticas e processos. Embora traga medidas de 
desempenho em sustentabilidade e responsabilidade social, esta ferramenta não 
se propõe a medir o desempenho das empresas nem reconhecer empresas 
como sustentáveis ou responsáveis. 
O Global Report Initiative (GRI) é outro instrumento gerencial para 
avaliação das práticas de responsabilidade social através de relatórios que 
deverão ser enviados para os organismos credenciados. (Indicadores Ethos de 
Responsabilidade Social Empresarial, 2007) 
Já a norma ISO 14063 define comunicação ambiental como sendo o 
processo de compartilhar informação sobre temas ambientais entre 
organizações e suas partes interessadas, visando construir confiança, 
credibilidade e parcerias para conscientizar os envolvidos e para utilizar as 
informações no processo decisório. A norma está organizada para propor o 
alinhamento entre os princípios, a política, a estratégia e as atividades de 
comunicação ambiental (CAMPOS, M. K. S., 2007). 
As organizações devem construir sua comunicação ambiental com base 
em princípios: utilizar transparência no processo, ser relevante no conteúdo 
comunicado, garantir credibilidade das informações, ser responsivo aos 
stakeholders e adotar clareza nalinguagem. 
O Projeto SIGMA foi lançado em 1999 com o apoio do Departamento de 
Indústria e Comércio do Reino Unido. Visando construir a capacidade das 
empresas de alcançarem seus objetivos de negócio e institucionais tratando, de 
modo mais eficaz, os dilemas, ameaças e oportunidades nos campos 
econômico, social e ambiental. As diretrizes do Projeto SIGMA oferecem 
soluções flexíveis e viáveis que podem ser implementadas em uma ampla gama 
10 
de setores, tipos de organização e funções. Integração e melhoria de 
desempenho são palavras chaves no Projeto SIGMA. Ele reúne temas sociais, 
ambientais e econômicos, ao mesmo tempo em que incentiva as empresas a 
integrar essas áreas na gestão organizacional. É a síntese de vários modelos e 
instrumentos no campo da responsabilidade social empresarial. Ele pode ser 
usado sozinho ou em conjunto com outras iniciativas e permite às organizações 
definirem seu próprio processo de acordo com suas necessidades, visando 
sempre à melhoria do desempenho. (Instituto Willis Harman House, Antakarana) 
O Guide 72 (ISO, 2001) é um documento informativo sobre conceitos, 
processos e metodologias para sistemas de gestão que deverão ser objeto de 
uso pelas empresas para implantação dos processos de certificação e de 
padronização de sistemas de gestão. 
A norma PAS 99 (BSI, 2006) é a primeira norma mundial que integra os 
diferentes sistemas de gestão da qualidade (qualidade, meio ambiente, higiene, 
saúde e segurança do trabalho). Nesse procedimento padrão não foram 
incluídas as normas de ética e responsabilidade social. O modelo usado na PAS 
99 (BSI, 2006) tem como base o Guide 72 (ISO, 2001) com algumas 
modificações, já tendo sido testado na prática. Todo o processo do sistema 
integrado de gestão segue o mesmo princípio do sistema PDCA como 
mecanismo de gestão das diferentes normas de qualidade. 
Assim, o primeiro passo deve ser a identificação das necessidades do 
negócio. Se a empresa não vê benefícios com a integração, então não deverá 
fazê-la – embora seja difícil imaginar uma organização que não veja. 
Leitura Obrigatória 
RODRIGUES et al. A prática da Responsabilidade Social Empresarial 
através do Programa Miniempresa da Junior Achievement em Macapá/AP. 
Saiba mais 
Assista os vídeos da norma 26000 e a entrevista sobre Sistema de Gestão 
Ambiental e fique por dentro. 
11 
https://www.youtube.com/watch?v=pp_ERQAaEko 
https://www.youtube.com/watch?v=0wZIm-E5yOM 
TEMA 3 DA ROTA: INVESTIMENTO COMUNITÁRIO ESTRATÉGICO (ICE) 
O aumento vertiginoso da pobreza, aliado aos processos de 
redemocratização de diversos países, intensifica a pressão social exercida pela 
sociedade junto ao setor privado. O resultado é a ampliação do alcance da visão 
das empresas sobre sua responsabilidade, que passam a ir além das 
expectativas de acionistas, funcionários, fornecedores e clientes. As empresas 
começam então a perceber a necessidade de geração de valor para todos 
os stakeholders, e a serem questionadas na sua missão e objetivos, em seus 
processos produtivos e nos impactos que geram no meio ambiente, na 
sociedade dentre outros. (Aliança Grupo Capoava, 2010) 
Recentemente, a Corporação Financeira Internacional, objetivando 
ampliar e melhorar os resultados da cadeia de valor dos investimentos realizados 
em programas e projetos de responsabilidade social, desenvolveu outro 
programa, que já está em andamento, denominado Investimento Comunitário 
Estratégico. 
Os novos desafios impostos as empresas, exigem que estas se tornem 
sujeito de transformação social, tanto da comunidade onde está inserida, quanto 
do país, assim, o Investimento Comunitário Estratégico, quando executado de 
maneira estratégica, ou seja, alinhado às diretrizes de responsabilidade social e 
sustentabilidade e às estratégias de negócio da empresa, integrando a 
perspectiva interna à perspectiva externa do negócio, e gerando valor para a 
empresa e sociedade, contribui para que estes desafios sejam alcançados. 
No Brasil ainda pouco se fala do Investimento Comunitário Estratégico 
(ICE), onde é praticamente desconhecido da maior parte das instituições e 
empresas. Convém ressaltar que todas as considerações realizadas nesse item 
foram extraídas do único manual da CFI em língua portuguesa que trata dessa 
questão no País. 
https://www.youtube.com/watch?v=pp_ERQAaEko
https://www.youtube.com/watch?v=0wZIm-E5yOM
 
 
12 
Segundo Pimentel (2011), atualmente, a grande maioria dos investidores 
sociais privados são fundações, associações empresariais e empresas, e não 
pessoas físicas, fundações familiares ou comunitárias. Isso significa dizer que, 
de forma geral, estes investimentos são administrados tendo como pano de 
fundo a lógica empresarial. Assim, parece natural que os investimentos sejam 
executados por meio do desenvolvimento de programa próprio, ou seja, sejam 
focados em determinados temas definidos pela empresa em um horizonte mais 
curto de tempo. 
Mas em que consiste o ICE? 
O ICE consiste, por um lado, em contribuições ou ações voluntárias por 
parte das empresas para ajudar comunidades localizadas em suas áreas de 
operação a resolver suas prioridades de desenvolvimento; e, por outro, em 
aproveitar as oportunidades criadas pelo investimento privado de maneira 
sustentável que respaldem os objetivos do negócio (IFC, 2010). 
Vale ressaltar que o ICE não deve ser confundido com as obrigações das 
empresas de mitigarem ou compensarem as comunidades locais pelos impactos 
ambientais e sociais causados por projetos em desenvolvimento. 
Essas questões são tratadas de forma isolada pelos “Padrões de 
Desempenho Socioambiental” da IFC. Entretanto, as duas são componentes 
interligadas de uma abordagem da gestão dos relacionamentos empresa–
comunidade. 
As empresas estão mudando as suas formas de gestão socioambiental, 
passando de “doadoras filantrópicas” e de “práticas pontuais” para adotantes de 
“programas estratégicos de planejamento” centrados em investimento 
comunitário orientado para plano de negócios. 
Segundo o Instituto Ethos, o ICE, através da gestão dos riscos e das 
oportunidades, cria valor compartilhado pela articulação dos objetivos e das 
competências do negócio, com as prioridades de desenvolvimento das partes 
interessadas locais. 
 
 
13 
Através do ICE, as empresas apoiam diversos tipos de atividades: 
capacitação, desenvolvimento de formas de sustento, transferência de 
conhecimento, acesso a serviços sociais e infraestrutura, frequentemente em 
contextos onde os níveis de pobreza, risco social e expectativa são altos e onde 
empresas e comunidades competem pelo uso da terra e dos recursos naturais. 
A estrutura de um programa de ICE passa pelas seguintes etapas: avaliar 
o contexto empresarial; avaliar o contexto local; avaliar o processo de 
envolvimento comunitário; e avaliar a necessidade de capacitação. Depois 
dessas etapas, é necessário definir os parâmetros, o modelo de implementação 
e o processo de mensuração e comunicação dos resultados. 
A noção dos conceitos de desenvolvimento, inovação, mudança e 
progresso poderá ter diferentes significados em razão dos contextos 
historicamente produzidos, que definiram elaborações e apropriações cognitivas 
pelos diferentes grupos e comunidades, no local onde as empresas e instituições 
desenvolvem as suas atividades. 
A construção de um modelo cognitivo integra: a história pessoal e 
comunitária com conceitos e significados; a formação dos conjuntos de relações 
que definem formas de pensar, agir e se comportar diante das diferentes 
relações que se estabelecem diariamente com as coisas, os outros, o mundo, os 
objetos; e, por conseguinte, as implicações das atividades das empresas quando 
pretendem implantar programas de responsabilidade social e de investimento 
comunitário estratégico. 
Concomitantemente, para a identificação da estrutura do modelo cognitivo 
das comunidades de projeto,os gestores devem levar em consideração: 
Variáveis culturais; Variáveis ambientais; Variáveis sociais; variáveis políticas; 
Variáveis econômicas; Variáveis financeiras. 
As Variáveis culturais, na maior parte dos projetos de empreendimentos 
civis, a variável cultural não é levada em consideração, já que, praticamente, a 
legislação que regula a possibilidade de realização de um empreendimento não 
privilegia essa questão como fator de realização deste; 
 
 
14 
Variáveis ambientais, existe uma grande diferença entre a compreensão 
do que seja um aspecto (variável promotora do impacto) em relação a um 
impacto ambiental (fatores resultantes da ativação de um aspecto); 
Variáveis sociais, a maior parte dos empreendimentos não se integra aos 
locais onde são instalados, tanto da perspectiva de sua manutenção (uso de mão 
de obra local) quanto dos grupos sociais que irão utilizá-los; 
Variáveis políticas, a falta de conhecimento das atividades a serem 
desenvolvidas pelos empreendimentos pode gerar uma ação reativa em termos 
de organização local contra estes, como já vem acontecendo em várias partes 
do planeta; 
Variáveis econômicas, refere-se a um conjunto de grandezas 
determinadas pelo funcionamento do sistema econômico, onde estão incluídos, 
por exemplo, os preços, as quantidades transacionadas no mercado, a riqueza 
produzida, as taxas de juros, as taxas de câmbio, a legislação trabalhista, as 
taxas de desemprego, entre outras; 
Variáveis financeiras, as variáveis financeiras são aquelas relacionadas 
aos valores e ao orçamento de capital, à avaliação do retorno e do risco 
financeiro, à análise da estrutura de capital, às possibilidades de financiamentos 
de longo ou curto prazo e à administração de caixa do empreendimento em 
desenvolvimento. 
De uma forma geral, os programas de ICE acabam se tornando um 
aspecto (agente promotor do impacto) que evitará um impacto (resultado da ação 
de um aspecto) passivo (custo de recuperação de um impacto) e um dano 
ambiental (infringência legal produzida por um impacto ambiental). 
Leitura Obrigatória 
http://commdev.org/wp-
content/uploads/2015/05/P_SCI_Quick_Guide_Portugese.pdf 
Saiba mais 
http://commdev.org/wp-content/uploads/2015/05/P_SCI_Quick_Guide_Portugese.pdf
http://commdev.org/wp-content/uploads/2015/05/P_SCI_Quick_Guide_Portugese.pdf
 
 
15 
Leia o artigo do Instituto Iris sobre a diferença entre os conceitos de 
Responsabilidade Social e Investimento Social. 
http://institutoiris.org.br/artigo/a-diferenca-entre-os-conceitos-de-
responsabilidade-social-e-investimento-social/ 
TEMA 4 DA ROTA: SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL E SUAS RELAÇÕES 
COM A GESTÃO DA MUDANÇA E MARKETING 
Já vimos que a Sustentabilidade Corporativa está sendo discutida em 
empresas de todos os portes e segmentos. Porém, nem sua implantação nem o 
acompanhamento dos seus resultados vêm sendo tratados como deveriam. Os 
efeitos das ações de Sustentabilidade somente serão sentidos ao longo do 
tempo. Por isso, uma estratégia mal definida e mal implantada pode causar 
desânimo nos stakeholders, fazendo com que os envolvidos se sintam 
desestimulados e percam a confiança nos efeitos do processo. Em resumo, um 
projeto de Sustentabilidade malconduzido pode provocar efeitos contrários aos 
esperados, desencorajando, assim, a sua adoção. 
É nesse cenário que a Gestão da Mudança, com enfoque na constante 
necessidade de adaptação das organizações contemporâneas, torna-se o 
elemento que, com boa margem de segurança e em relação às práticas de 
Sustentabilidade, permitirá à empresa sair do estado atual para o estado 
desejado. Podemos definir a mudança organizacional como um processo que 
pode acarretar desde o direcionamento estratégico até mudanças culturais na 
organização. Embora seja um processo natural ao longo da existência de uma 
organização, para que ele tenha sucesso, cada etapa envolvida deve ser 
gerenciada e acompanhada. 
Como a Sustentabilidade é um conceito novo e que envolve mudança de 
comportamento, neste caso, a mudança deve ocorrer, em um primeiro momento, 
por meio da conscientização. Somente assim as chances de resultados efetivos 
e duradouros serão maiores. Conscientizar alguém a respeito de algo, ao 
contrário do que parece, nem sempre é uma tarefa fácil. 
A conscientização remete ao engajamento, que, por sua vez, remete ao 
fortalecimento das ações corporativas sustentáveis. Nesse sentido, trabalhar a 
http://institutoiris.org.br/artigo/a-diferenca-entre-os-conceitos-de-responsabilidade-social-e-investimento-social/
http://institutoiris.org.br/artigo/a-diferenca-entre-os-conceitos-de-responsabilidade-social-e-investimento-social/
 
 
16 
mudança organizacional e coletiva passa a ser um fator decisivo. Contudo, deve-
se ter em mente que, quando implantadas, as mudanças geram resistências, e 
é aí que a Gestão da Mudança assume um papel fundamental, pois é por meio 
de suas metodologias que as resistências serão minimizadas. 
Assim como em todas as áreas, a Sustentabilidade deve ser encarada e 
conduzida como um projeto no qual devem ser consideradas, no mínimo, as 
seguintes etapas: Planejamento e estudo de cenários; Implantação com base 
em análises; Acompanhamento e divulgação de resultados. 
A etapa de planejamento, que é o ponto de partida para a implantação de 
mudanças, deve levar em conta as questões culturais e comportamentais e os 
riscos e impactos gerados por uma mudança organizacional. Definir metas e 
ferramentas de mensuração de resultados pode ser considerada como uma boa 
tática de engajamento e de comprometimento dos colaboradores envolvidos. 
Na etapa de implantação, o que prevalece é a transparência na 
comunicação, ou seja, a forma pela qual os resultados obtidos ao longo do 
processo são demonstrados e, mais ainda, pela qual os participantes são 
envolvidos nas mudanças. 
Já na etapa de acompanhamento e divulgação de resultados, os 
responsáveis devem mensurar as mudanças ocorridas, definindo os ajustes 
necessários para melhorias no processo e comunicando esses pontos aos 
envolvidos. 
Após tudo o que apresentamos até agora, podemos nos perguntar: como, 
efetivamente, as empresas devem direcionar as questões de marketing quando 
o assunto é Sustentabilidade e Responsabilidade Social? 
O marketing 3.0 surge como uma resposta possível a essa questão, 
buscando acompanhar as mudanças mais profundas pelas quais o mercado tem 
passado. 
O que é o marketing 3.0? 
O marketing 3.0 vai de encontro aos novos desafios do mundo globalizado 
partindo da premissa de que o ser humano deve ser considerado em suas três 
 
 
17 
dimensões: corpo, mente e espírito – de acordo com Kotler. Deve levar em conta, 
portanto, os valores humanos e os anseios individuais e coletivos por tornar o 
mundo um lugar melhor e mais justo para todos. 
Assim segundo Kotler (2010), “a missão do marketing 3.0 nas empresas 
consiste em estabelecer um elo com o cliente, promover a sustentabilidade no 
planeta e melhorar a vida dos pobres. Se você criar um caso de amor com os 
seus clientes, eles próprios farão a sua publicidade”. 
No relacionamento com os stakeholders, as estratégias fundamentadas 
nesse conceito apresentam um vínculo profundo com a ética, atentando para as 
questões relacionadas à Sustentabilidade e à Responsabilidade Social – por 
isso, também é conhecido como Marketing de Valores. Mais substancialmente, 
porém, o marketing 3.0 busca restabelecer a confiança no exercício e nas 
estratégias de marketing colocando em prática, diante dos consumidores e da 
sociedade, conceitos como respeito e compromisso, assumindo essas posturas 
efetivamente, não como mero jargão mercadológico. 
O marketing 3.0, em suma, é aquele que deve colocar as questões 
culturais e socioambientais no centro do modelo de negócios da empresa, 
demonstrando sua preocupação com as comunidades ao seu redor 
(consumidores, colaboradores, parceirosde canal e acionistas) e minimizando, 
assim, as implicações da globalização. Devemos observar, contudo, que ele não 
pretende transformar o modelo empresarial em um modelo social, mas sim 
demonstrar que os resultados e a perpetuação do negócio estão correlacionados 
aos impactos socioambientais que desestabilizam a própria economia. 
A seguir, apresentamos sete ações de sustentabilidade desenvolvidas a 
partir dos pressupostos do marketing 3.0 para serem consideradas e inseridas 
no planejamento empresarial: Identificar os pontos intangíveis e mapear os 
processos da empresa desde a cadeia produtiva até o relacionamento com os 
agentes externos; Elaborar um Plano de Sustentabilidade; Estabelecer políticas 
de contratação de funcionários e fornecedores; Criar projetos de inteligência 
coletiva que envolvam funcionários, comunidade, clientes, fornecedores, ONGs 
(organizações não governamentais), governos e universidades; Definir 
indicadores (econômicos, ambientais, sociais, trabalhistas e de direitos 
 
 
18 
humanos, dentre outros) e métricas; Buscar certificações de órgãos balizadores, 
o que agrega valor à marca; Comunicar, de forma eficaz, as ações e os seus 
resultados, tanto interna como externamente. 
É lícito pensarmos que o ambiente de negócios, cada vez mais afetado 
por mudanças que exigem uma readaptação das estratégias e mesmo da cultura 
da empresa, precisará de uma estratégia de marketing que considere essas 
mudanças e que ofereça ferramentas efetivas para que a empresa opere dentro 
dessas condições um tanto instáveis. Nesse sentido, a tendência que é a de uma 
migração definitiva para o marketing 3.0, o que não significa, porém, que essa 
migração será repentina, visto que uma readaptação de estratégias e de cultura 
empresarial requer um embasamento em análises e estudos que precisam de 
tempo hábil para serem realizados de maneira a assegurar seus resultados. 
Sendo assim, embora a adoção do marketing 3.0 seja algo praticamente certo e 
mesmo esperado, durante algum tempo as estratégias do marketing 1.0 (foco 
nos produtos) e 2.0 (foco nos clientes) conviverão com as do 3.0. 
Em relação as metas do milênio, muitas empresas têm se amparado 
nessas metas para se posicionar como empresas socialmente responsáveis, 
diferenciando-se pela preocupação com a sustentabilidade e definindo-se como 
marca preocupada com a continuidade e a melhoria da qualidade de vida das 
pessoas (clientes e colaboradores). Dentre elas, podemos citar a P&G e a 
Danone, empresas que, alinhadas às metas do milênio e às estratégias 
sustentáveis e socialmente responsáveis do marketing 3.0, desenvolvem 
produtos e firmam parcerias no intuito de suprir as necessidades de 
comunidades e populações carentes. 
Leitura Obrigatória 
Rezilda Rodrigues Oliveira. Responsabilidade social corporativa: afinal, 
quem são os interessados? Acesso em: 
http://periodicos.pucminas.br/index.php/economiaegestao/article/viewFile/61/54 
Saiba mais 
Assistam os vídeos do canal Meio Ambiente que fala sobre empresas 
sustentáveis. 
http://periodicos.pucminas.br/index.php/economiaegestao/article/viewFile/61/54
 
 
19 
https://www.youtube.com/watch?v=KAPVEJo9nss 
https://www.youtube.com/watch?v=y8IMfn45LUQ 
TEMA 5 DA ROTA: AS ORGANIZAÇÕES E A SUSTENTABILIDADE 
Vimos no decorrer desta disciplina que a empresa é parte viva da 
sociedade, e como tal, tem responsabilidades para o Desenvolvimento 
Sustentável e o Local. 
Assim, entendemos que as dimensões da sustentabilidade empresarial, 
de maneira geral, pressupõem, que as tecnologias ambientais, além de tornarem 
possível a administração dos impactos ambientais, não devem se transformar 
num aspecto passivo, ou dano, ou gerar conflitos ambientais em toda a cadeia 
produtiva das empresas e instituições. 
Cada vez mais, observa-se que nem todas as soluções de base 
tecnológica são as melhores alternativas para questões relativas à 
sustentabilidade social, econômica e ambiental. 
Algumas tecnologias propostas como soluções para a manutenção da 
sustentabilidade, entre elas a sustentabilidade empresarial, acabaram por se 
constituir em passivos ambientais, onerando sensivelmente empresas e 
instituições, na sua destinação final, quando cumpriram a sua função 
operacional, na respectiva etapa do ciclo de vida dos processos produtivos 
(extração de matérias-primas, produção, distribuição, circulação, troca, consumo 
e disposição final). 
As tecnologias ambientais devem estar orientadas para gerar benefícios 
sociais, resultados econômicos e redução dos impactos ambientais. Esses 
critérios deverão ser utilizados para que a solução tecnológica adotada através 
da seleção de uma tecnologia ambiental traga os melhores resultados tanto para 
o público interno quanto para o público externo das empresas. 
Para que seja possível, é necessário que, antes de adotar uma solução 
proposta por uma tecnologia ambiental, sejam verificadas várias questões na 
relação com a sustentabilidade e seu grau de obsolescência tecnológica. Isso 
https://www.youtube.com/watch?v=KAPVEJo9nss
https://www.youtube.com/watch?v=y8IMfn45LUQ
 
 
20 
quer dizer que devemos avaliar se a tecnologia a ser adotada não foi suplantada 
por outra que apresenta melhor desempenho. 
Muitas empresas atualmente estão revendo formas de aquisição de 
tecnologias ambientais, entre as quais podemos citar a terceirização de algumas 
das suas atividades mais complexas e com maior impacto ambiental, com o 
objetivo de eximir-se da corresponsabilidade pelos danos ambientais das 
empresas subcontratadas que lhes prestam serviços. 
Desse modo, algumas ações estão sendo discutidas para resolver essas 
questões: 
a) formas de contratação de tecnologias ambientais; 
b) terceirização de etapas de processos produtivos para empresas de 
tecnologias ambientais; e 
c) investimento em pesquisas básicas e recuperação de soluções 
ambientais a partir de conhecimentos tradicionais. 
Um dos maiores desafios para empresas e instituições é avaliar qual a 
melhor forma de promover a gestão dos aspectos, impactos, passivos, danos e 
conflitos ambientais decorrentes das tecnologias ambientais utilizadas em seus 
processos produtivos. 
Normalmente, as empresas compram tecnologias ambientais por pressão 
ou exigência de órgãos de licenciamento ou em decorrência da natureza de sua 
atividade, para fins de controle ambiental. Entretanto, na maior parte das vezes, 
as empresas e instituições não fazem avaliação da relação custo-benefício, entre 
as soluções existentes, para verificar qual é a tecnologia mais adequada para 
determinados tipos de projetos. 
Essa ausência de avaliação das tecnologias ambientais faz com que os 
processos de suas respectivas aquisições passem necessariamente por 
avaliações com base em alguns critérios. 
Certos critérios devem ser adotados na avaliação tecnológica, tais como: 
a relação custo da tecnologia x benefícios em relação ao seu ciclo de vida; 
 
 
21 
situação em processo de descarte; processo de montagem e desmontagem; 
utilização de componentes; reciclagem de partes de sua estrutura; amortização; 
e se configurasse como tecnologia limpa (tecnologia ambiental sem produção de 
aspectos ambientais). 
Muitas empresas utilizam diferentes formas de terceirização: umas 
subcontratam outras empresas para desenvolver atividades potencialmente 
poluidoras; e outras criam as condições para que seus funcionários estabeleçam 
firmas a fim de que as referidas atividades sejam executadas pela nova empresa, 
na condição de subcontratada. As duas possibilidades promovem a redução dos 
graus de responsabilidade sobre os impactos ambientais. 
Da mesma forma, nos processos de fusão e incorporação de empresas, 
equipamentos e tecnologias ambientais entram no processo de avaliação das 
auditorias do tipo due dilligence. Nessas auditorias, as tecnologias ambientais 
assam por alguns tipos de acordos, entre as empresascompradoras x empresas 
vendedoras, em termos de compensações financeiras, por assumir ou não um 
passivo ambiental. 
Em alguns casos, a dedução ou compensação acionária, decorrentes 
dessas relações comerciais, fazem-se presentes em contratos específicos. Até 
os órgãos ambientais são envolvidos, para que as transações tenham 
legitimidade legal diante de todos os processos implicados nas transações. 
Num contexto de terceirização dos processos produtivos, não basta que 
empresas e instituições realizem esses processos de modo simplificado. 
Torna-se necessário que se estabeleça um processo de qualificação das 
empresas terceirizadas para prestação dos serviços, numa perspectiva de 
atendimento à qualidade desejada pela empresa cedente dos processos, 
produtos e serviços a serem desenvolvidos. 
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) 
desenvolveu um Programa de Capacitação de Fornecedores, com oito critérios 
de excelência de gestão baseados na Fundação Nacional da Qualidade 
 
 
22 
(FNQ): liderança; estratégias e planos; clientes; sociedade; informações 
e conhecimento; pessoas; processos; e resultados. 
O programa é articulado entre empresas e instituições com o Sebrae, e 
cada um fará o seu investimento no programa. Assim, micro e pequena 
empresas terão acesso às melhores tecnologias e treinamentos com custo bem 
reduzido. 
Afora as questões relativas ao processo de terceirização dos produtos e 
serviços, os projetos de responsabilidade social têm procurado integrar outras 
perspectivas às dimensões da sustentabilidade empresarial. 
Assim, pudemos entender que os aprimoramentos são necessários e 
devem ser constantes nas organizações. 
Leitura Obrigatória 
SEBRAE. Gestão Sustentável na Empresa. 
Saiba mais 
Assista o vídeo e reflita. 
https://www.youtube.com/watch?v=MWUHurprTVA 
NA PRÁTICA 
“Em Ha Tien Plain, uma remota região do sudoeste do Vietnã, a população 
experimentou o influxo de mão-de-obra emigrante nos últimos 15 anos, com 
pessoas buscando oportunidades econômicas para o cultivo de arroz e camarão 
e trabalho nas fábricas de cimento locais. Uma dessas fábricas de cimento, a 
Holcim Vietnam, foi financiada pela IFC. As mudanças no uso da terra como 
resultado da fábrica resultaram em uma perda significativa e crescente do habitat 
natural local — uma combinação complexa de pastagens sazonalmente 
inundadas, pantanais, torres de pedra calcária, encostas de arenito e mangues 
— apesar da crescente conscientização do valor da biodiversidade da área. À 
medida que o projeto progrediu, ficou claro que qualquer intervenção eficaz na 
conservação do habitat necessitaria de uma agenda comum e da colaboração 
dos principais grupos interessados. Em 2002, tiveram início as discussões a 
https://www.youtube.com/watch?v=MWUHurprTVA
 
 
23 
respeito do papel de cada um desses grupos de interessados: o poder de 
convocação da IFC; a influência local da empresa de cimento Holcim; o 
conhecimento técnico das ONGs locais e dos acadêmicos; a autoridade 
mandatória do governo local; e o apoio ativo da população local. Todos esses 
interessados seriam necessários para assegurar um resultado bem-sucedido. ” 
Fonte: 
http://www.ifc.org/wps/wcm/connect/6dfcd90048855597b744f76a6515bb18/IFC_StakeholderEn
gagement_Portuguese.pdf?MOD=AJPERES 
Imagine que você é o gestor da empresa responsável por resolver estes 
problemas, o que faria neste caso? 
Comentários 
Com base no que foi estudado e para a solução do problema, deve-se 
elaborar um planejamento elaborado a partir de um projeto baseado em um 
modelo para alcançar o resultado desejado de gestão e conservação de recursos 
sustentáveis. Após o planejamento, a implementação do modelo/projeto 
envolvendo todos os stakeholders com monitoramento dos resultados e da 
evolução. 
SÍNTESE 
Nesta rota trabalhamos questões que dizem respeito a Globalização da 
Responsabilidade Social, fator fundamental para entendermos o atual cenário 
imposto às empresas. Uma vez abordada a responsabilidade das empresas 
sobre suas externalidades, estudamos como e quais são as ferramentas 
gerenciais mais utilizadas no processo de Responsabilidade Social Empresarial. 
 Abordamos também questões sobre o Investimento Comunitário 
Estratégico (ICE), e por fim estudamos a Sustentabilidade Empresarial e suas 
Relações com a Gestão da Mudança e Marketing e as organizações e a 
sustentabilidade. 
http://www.ifc.org/wps/wcm/connect/6dfcd90048855597b744f76a6515bb18/IFC_StakeholderEngagement_Portuguese.pdf?MOD=AJPERES
http://www.ifc.org/wps/wcm/connect/6dfcd90048855597b744f76a6515bb18/IFC_StakeholderEngagement_Portuguese.pdf?MOD=AJPERES
 
 
24 
 
REFERÊNCIAS 
OLIVEIRA, J. A. P., Empresas na Sociedade. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2008. 
FERRAZ, A. C. S. L., A Responsabilidade Social como Estratégia 
Empresarial de Desenvolvimento. Universidade de Marília, 2007. Acesso em: 
http://dominiopublico.mec.gov.br/download/teste/arqs/cp062626.pdf 
GLOBO, O que são relatórios Global Reporting Initiative (GRI). Acesso 
em: http://oglobo.globo.com/economia/rio20/o-que-sao-relatorios-global-
reporting-initiative-gri-4714286 
GRI, Relatórios de Sustentabilidade da GRI: Quanto vale essa jornada? 
Acesso em: https://www.globalreporting.org/resourcelibrary/Portuquese-
Starting-Points-2-G3.1.pdf 
INSTITUTO ETHOS, Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e 
Responsáveis. Acesso em: 
http://www3.ethos.org.br/conteudo/iniciativas/indicadores/#.VtQvhH0rK1s 
INSTITUTO ETHOS, Indicadores Ethos de Responsabilidade Social 
Empresarial. Acesso em: http://www3.ethos.org.br/wp-
content/uploads/2013/07/IndicadoresEthos_2013_PORT.pdf 
CAMPOS, M. K. S. – Fiesp – Seminário Internacional “Tendências da 
ISO em normalização ambiental internacional e as ações do Brasil”, A 
Comunicação Ambiental no Brasil e o potencial de aplicação da norma ISO 
14063, Acesso em: http://www.fiesp.com.br/ambiente/pdf/iso/11_marcelo.pdf 
 
http://dominiopublico.mec.gov.br/download/teste/arqs/cp062626.pdf
http://oglobo.globo.com/economia/rio20/o-que-sao-relatorios-global-reporting-initiative-gri-4714286
http://oglobo.globo.com/economia/rio20/o-que-sao-relatorios-global-reporting-initiative-gri-4714286
https://www.globalreporting.org/resourcelibrary/Portuquese-Starting-Points-2-G3.1.pdf
https://www.globalreporting.org/resourcelibrary/Portuquese-Starting-Points-2-G3.1.pdf
http://www3.ethos.org.br/conteudo/iniciativas/indicadores/#.VtQvhH0rK1s
http://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/07/IndicadoresEthos_2013_PORT.pdf
http://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/07/IndicadoresEthos_2013_PORT.pdf
http://www.fiesp.com.br/ambiente/pdf/iso/11_marcelo.pdf
 
 
25 
ISO, ISO Guide 72:2001Guidelines for the justification and development 
of management system standards. Acesso em: 
http://www.iso.org/iso/catalogue_detail?csnumber=34142 
Aliança Grupo Capoava: Responsabilidade Social Empresarial: Por 
que o guarda-chuva ficou pequeno? (2010) 
IFC, Investimento Estratégico Comunitário. Acesso em: 
http://commdev.org/wp-
content/uploads/2015/05/P_SCI_Quick_Guide_Portugese.pdf 
INSTITUTO ETHOS, Gestão de impactos sociais nos 
empreendimentos: riscos e oportunidades. Acesso em: 
http://www3.ethos.org.br/cedoc/gestao-de-impactos-sociais-nos-
empreendimentos-riscos-e-oportunidades/#.VtRKBn0rK1s 
ZOCOLARO, S. Responsabilidade Social Corporativa. 2013. Acesso 
em: 
http://www.businessreviewbrasil.com.br/l%C3%ADderesempresariais/274/Resp
onsabilidade-Social-Corporativa 
INSTITUTO ETHOS, Empresas e Direitos Humanos na Perspectiva do 
Trabalho Decente.http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/arquivo/0-A-
cb3MarcoDeReferenciaCOMPLETO.pdf 
FUNDAÇÃO GRUPO BOTICÁRIO. Relatório Anual, 2014. Acesso em: 
file:///C:/Users/Home/Downloads/Relatorio%20Atividades%202014.pdf 
INSTITUTO ATKWHH, Grã-Bretanha - Sigma Project BSI, FFF e 
ACCOUNTABILITY. Acesso em: 
http://www.institutoatkwhh.org.br/compendio/?q=node/98SEBRAE. Gestão Sustentável na Empresa. Acesso em: 
file:///C:/Users/Home/Downloads/Cartilha%20Gest%C3%A3o%20Sustent%C3
%A1vel%20nas%20Empresas.pdf 
 
http://www.iso.org/iso/catalogue_detail?csnumber=34142
http://commdev.org/wp-content/uploads/2015/05/P_SCI_Quick_Guide_Portugese.pdf
http://commdev.org/wp-content/uploads/2015/05/P_SCI_Quick_Guide_Portugese.pdf
http://www3.ethos.org.br/cedoc/gestao-de-impactos-sociais-nos-empreendimentos-riscos-e-oportunidades/#.VtRKBn0rK1s
http://www3.ethos.org.br/cedoc/gestao-de-impactos-sociais-nos-empreendimentos-riscos-e-oportunidades/#.VtRKBn0rK1s
http://www.businessreviewbrasil.com.br/l%C3%ADderesempresariais/274/Responsabilidade-Social-Corporativa
http://www.businessreviewbrasil.com.br/l%C3%ADderesempresariais/274/Responsabilidade-Social-Corporativa
http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/arquivo/0-A-cb3MarcoDeReferenciaCOMPLETO.pdf
http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/arquivo/0-A-cb3MarcoDeReferenciaCOMPLETO.pdf
file:///C:/Users/Home/Downloads/Relatorio%20Atividades%202014.pdf
http://www.institutoatkwhh.org.br/compendio/?q=node/98
file:///C:/Users/Home/Downloads/Cartilha%20Gestão%20Sustentável%20nas%20Empresas.pdf
file:///C:/Users/Home/Downloads/Cartilha%20Gestão%20Sustentável%20nas%20Empresas.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉTICA, RESPONSABILIDADE 
SOCIAL E AMBIENTAL 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.a Olívia Resende 
 
 
2 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Olá, caro aluno! Preparado para nossa quinta aula? 
Nesta aula vamos tratar mais profundamente da Sustentabilidade 
Empresarial, indicando seus impactos, forças e megaforças por meio de um 
estudo realizado pela consultoria KPMG, focando na questão do conhecimento 
e da conscientização dos indivíduos para o sucesso de práticas de 
Responsabilidade Social Empresarial que afetem positivamente a 
Sustentabilidade Empresarial. 
Iremos detalhar, também, a diferença entre Responsabilidade Social 
Empresarial, Sustentabilidade Empresarial e Desenvolvimento 
Sustentável. 
CONTEXTUALIZANDO 
Os indivíduos estão diante de um novo desafio, seja dentro de uma 
organização ou na sua vida cotidiana particular. A conscientização de que 
devemos ser parte integrante do processo do Desenvolvimento Sustentável é 
fator determinante para o futuro das próximas gerações. No cunho profissional, 
o indivíduo está diante de desafios que envolvem suas atividades. Esse 
profissional estará, cada vez mais, diante de avaliações decorrentes das 
exigências e considerações relativas aos resultados sustentáveis de todas as 
suas decisões e consequentes implicações em relação aos diferentes públicos-
alvo da empresa ou instituição em que ele trabalha. 
A Sustentabilidade Empresarial como fenômeno social deve proporcionar 
uma compreensão integral do que ocorre (investigação), do que fazer 
(intervenção) e dos resultados atingidos. 
Nessa perspectiva, o profissional deve dotar-se de recursos que 
propiciem a efetividade da Sustentabilidade Empresarial. Diferentes visões, 
formações e áreas fazem parte de uma organização, cada um contribui com sua 
área específica, pensando, porém, de forma sistemática. 
 
 
3 
Quando tratamos de sustentabilidade empresarial, a perspectiva não é 
setorial, mas integrada. Ou seja, é preciso constatar que há um conjunto de 
ocorrências objetivas e transcendentes (acontecendo na realidade) que 
independem do profissional de determinada área. Essas variáveis acontecem de 
forma integrada e precisam ser identificadas, pois corremos o risco de não 
atingirmos a sustentabilidade das ações desenvolvidas. 
Assim, seu maior desafio como profissional será desenvolver uma 
compreensão das implicações sustentáveis sobre as suas ações, não a partir da 
visão disciplinar sob a qual você foi treinado, mas a partir da forma como os 
fenômenos ocorrem no dia a dia da sua empresa ou instituição. 
Para que possamos verificar essa questão, veremos a distinção entre os 
conceitos de Desenvolvimento Sustentável, Sustentabilidade Empresarial e 
Responsabilidade Social Empresarial, colocando o conhecimento e a visão 
sistêmica como fatores relevantes para o sucesso dessas práticas. 
TEMA 1: SUSTENTABILIDADE 
O que é Sustentabilidade? 
Como surgiu o conceito de Sustentabilidade? 
Existe diferença entre Desenvolvimento Sustentável e 
Sustentabilidade? 
Com a queda do comunismo na última década, o capitalismo emergiu 
como a ideologia econômica dominante no mundo. Infelizmente, os 
resultados produzidos em dez anos de capitalismo global não têm sido 
uniformemente positivos. A saturação dos mercados desenvolvidos, a 
ampliação do fosso entre ricos e pobres, o crescimento dos níveis de 
degradação ambiental e a preocupação de que o mundo desenvolvido 
possa estar perdendo o controle sobre sua própria densidade 
populacional, vêm se combinando e criando entraves à economia 
global (HART; MILSTEIN, 2004, p. 65). 
 
Os primeiros movimentos em torno do Desenvolvimento Sustentável 
surgem já nas décadas de 1970 e 1980, frutos da insatisfação com as 
desigualdades sociais e com a degradação ambiental decorrentes de falhas dos 
mercados e das externalidades negativas que foram compreendidas depois dos 
 
 
4 
grandes desequilíbrios e crises no cenário mundial. Esses movimentos 
entendem que os padrões de produção e consumo nas sociedades capitalistas 
não poderiam ser mantidos, tendo em vista que os recursos do planeta são 
finitos. 
Assim, segundo HART (2006), o termo sustentabilidade compreende 
muitas ideias, questões, conceitos e práticas. Alguns pesquisadores atribuem o 
surgimento do conceito a partir do grave acidente ocorrido em 1986 na usina 
nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, quando a explosão de um dos reatores lançou 
uma quantidade de radiação equivalente a 500 bombas atômicas de Hiroshima 
na atmosfera, levando à evacuação de uma área de mais de 140 mil quilômetros 
quadrados. Esse grave acidente provocou danos em mais de 65 mil pessoas e 
causou aproximadamente 15 mil óbitos, afetando direta ou indiretamente a 3,5 
milhões de habitantes. 
A Organização das Nações Unidas (ONU), já alertava desde 1972, na 
Conferência de Estocolmo (a ECO-72), sobre o comportamento predatório em 
relação ao meio ambiente e ao planeta, lançando, então, o Relatório de 
Brundtland, intitulado “Nosso Futuro Comum” em 1987. No relatório, a ONU tece 
severas críticas à postura dos países desenvolvidos que, em prol do 
desenvolvimento econômico, desconsideravam fatores essenciais à 
sobrevivência dos recursos do planeta e à segurança populacional. 
O relatório frisa que o principal objetivo do desenvolvimento é 
satisfazer às necessidades e aspirações humanas. Inclui-se nas 
necessidades a ideia básica de atendimento aos mais pobres, que 
necessitam receber prioridade. Segundo o relatório Brundtland, para 
que haja um desenvolvimento sustentável, é preciso que todos tenham 
as suas necessidades básicas atendidas e lhes sejam proporcionadas 
oportunidades de concretizar suas aspirações a uma vida melhor. As 
necessidades são determinadas social e culturalmente e o 
desenvolvimento sustentável requer a promoção de valores que 
mantenham os padrões de consumo dentro do limite das possibilidades 
ecológicas a que todos podem, de modo razoável, aspirar (CMMAD, 
1991). 
 
O efeito provocado pelo alerta da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento deu início a movimentos vinculados a causas sociais e 
ambientais no mundo todo, tornando-se uma preocupação de toda a sociedade 
e uma responsabilidade para o mundo empresarial. 
 
 
5 
No Brasil, o movimento tornou-se mais intenso a partir da ECO-92, 
realizada no Rio de Janeiro, e da Rio +10, realizada em Johanesburgo. 
Recentemente, também no Rio de Janeiro, realizou-se a Rio +20, reunião 
a partir da qual foram desenvolvidas metas específicas, saindo das rodas dos 
ambientalistas, abrangendo toda a sociedade preocupada com o 
desenvolvimento de ações e estratégias, como o consumosustentável, a 
redução da poluição atmosférica e a proteção dos oceanos. 
Para tornar o Desenvolvimento Sustentável um conceito aplicável e 
palpável, a estratégia foi desagregar seus elementos constitutivos em 
dimensões. Ignacy Sachs subdividiu o Desenvolvimento Sustentável em cinco 
dimensões: 
Sustentabilidade social 
Trata da consolidação de processos que promovam a equidade na distribuição 
dos bens e da renda para melhorar os direitos e as condições de subsistência 
da população e reduzir as distâncias entre os padrões de vida dos indivíduos. 
Sustentabilidade econômica 
Possibilita a alocação e a gestão eficiente de recursos produtivos, bem como o 
fluxo regular de investimentos públicos e privados. 
Sustentabilidade ecológica 
Refere-se às ações para aumentar a capacidade de carga do planeta e evitar 
danos ao meio ambiente. 
Sustentabilidade espacial 
Refere-se a uma configuração rural-urbana equilibrada e a uma melhor 
solução para assentamentos humanos. 
Sustentabilidade cultural 
Refere-se ao respeito pela pluralidade de soluções particulares 
apropriadas às especificidades de cada ecossistema de cada cultura. 
 
 
6 
Porém, como mola propulsora do capitalismo, as organizações deveriam 
ser inseridas no processo de mudança para que pudéssemos absorver 
efetivamente os benefícios desse novo processo e o conceito saísse do papel e 
fosse efetivamente aplicado. 
Uma organização sustentável é aquela que procura incorporar os 
conceitos e objetivos relacionados com o Desenvolvimento Sustentável nas suas 
políticas e práticas de modo consistente. É a que, simultaneamente, procura ser 
eficiente em termos econômicos, respeitar a capacidade de suporte do meio 
ambiente e ser instrumento de justiça social, promovendo a inclusão social, a 
proteção às minorias e grupos vulneráveis, o equilíbrio entre os gêneros dentre 
outros. Contribuir para o desenvolvimento Sustentável é o objetivo dessa 
empresa e a responsabilidade social, o meio para tornar sua contribuição efetiva 
(BARIBIERI e CAJAZEIRA, 2012, p. 68) 
As organizações comprometidas com o Desenvolvimento Sustentável, 
apresentam relatórios corporativos que, por enquanto, são voluntários. 
Atualmente, na Europa Ocidental, 68% das multinacionais fazem esse tipo de 
relatório e, nos Estados Unidos, mesmo a percentagem sendo menor (41%), há 
um crescimento vertiginoso. Em todos os casos, as empresas que apresentam 
esta conta tripla de resultados perceberam, antes de outras, que no futuro 
imediato o consumidor se tornará cada vez mais responsável e exigirá saber qual 
é o impacto econômico, ambiental e social que geram os produtos que compra. 
 
 
7 
 
A Sustentabilidade Empresarial, como não poderia ser diferente, adota 
medidas de desempenho que levam conta alguns indicadores, objetivos e metas. 
Os indicadores empresariais de sustentabilidade estão atualmente divididos em 
categorias (indicadores ambientais, econômicos, sociais e institucionais), mas o 
assunto é bastante abrangente. 
No Brasil, dentre as medidas e relatórios mais conhecidos constam os 
indicadores do Instituto Ethos, os indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística (IBGE) e os Indicadores de Sustentabilidade (ORBIS). 
Além desses indicadores, existe, ainda, o Índice de Sustentabilidade 
Empresarial (ISE), que foi criado pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) 
em 2005 e busca oferecer aos investidores uma opção de carteira composta por 
ações de empresas reconhecidamente comprometidas com a responsabilidade 
social e a sustentabilidade empresarial. 
TEMA 2: IMPACTOS, FORÇAS E MEGAFORÇAS 
Conforme vimos, a Sustentabilidade Empresarial busca suprir falhas de 
mercado, sendo que em seus objetivos visa à busca de soluções para atender 
às demandas sociais, ambientais e econômicas do mercado, tendo como alvo 
 
 
8 
final todos os stakeholders, ou seja, todos aqueles que se relacionam com a 
empresa. 
A questão social vem sendo uma preocupação mundial, e, nesse 
sentido, as empresas são chamadas a resolver problemas globais que o 
Estado não conseguiu resolver sozinho. 
Embora a Sustentabilidade Empresarial ainda não seja uma preocupação 
central na maioria das organizações (principalmente por ser vista como algo que 
provoca um aumento nos custos de operação e nos preços de venda), o próprio 
comportamento do consumidor, preocupado com as questões socioambientais, 
tem sido o gatilho para que o assunto seja prioritário nas agendas de muitas 
corporações pelo mundo. 
Mas, o que é a Responsabilidade Social Empresarial? 
De acordo com a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade, 
Responsabilidade Social Empresarial é o relacionamento ético e transparente da 
organização com os stakeholders, visando o desenvolvimento sustentável da 
sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, 
respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. 
Porém, o conceito de Responsabilidade Social Empresarial não diz 
respeito à filantropia que muitas empresas praticavam antes do surgimento dos 
novos e estratégicos conceitos. A ênfase, hoje, recai sobre a forma como as 
empresas conduzem seus negócios, tornando-se parceiras e corresponsáveis 
no desenvolvimento social. 
A Filantropia não prevê retorno, apenas doação. Já a Responsabilidade 
Social Empresarial, diz respeito às atitudes tomadas tendo em vista todos os 
stakeholders (acionistas, colaboradores, prestadores de serviço, fornecedores, 
consumidores, comunidade e governo), promovendo a cidadania e o 
desenvolvimento social e transformando a forma pela qual os negócios são 
conduzidos, de forma a preservar os recursos ambientais e a buscar o equilíbrio 
das diferenças sociais. Desse ponto de vista, podemos então dizer que a 
Filantropia está muito aquém da Responsabilidade Social Empresarial. 
 
 
9 
Segundo estudo realizado em 2012 por uma consultoria norte-americana, 
a KPMG, existem dez megaforças que podem causar impactos significativos nos 
negócios até aproximadamente 2032, aumentando, assim, a complexidade do 
ambiente de negócios. Conheça, a seguir, cada uma das dez megaforças: 
1. A primeira megaforça pode impactar diretamente em todas as 
demais. As estimativas de perdas anuais devido às mudanças climáticas 
variam de 1% a 5% ao ano, se os formuladores de políticas não agirem 
rapidamente. Essas perdas afetam diretamente a empresa, bem como a 
humanidade. As perdas não são apenas empresariais. Afetam o indivíduo 
como um todo. 
2. No que diz respeito à segunda megaforça, entendida como 
energia e combustíveis, os mercados de combustíveis fósseis tendem a se 
tornar mais voláteis e imprevisíveis, devido à maior demanda global por 
energia; às mudanças no padrão geográfico de consumo; às incertezas de 
fornecimento e consumo e ao aumento de intervenções regulatórias 
relacionadas às mudanças climáticas. Esse mercado precisa inovar para que, 
num futuro próximo, possamos sobreviver sem sua utilização em massa. 
3. No que diz respeito à escassez, podemos ter escassez de 
recursos materiais e de água. A escassez de recursos materiais pode ser 
entendida a partir do aumento do consumo e da demanda pelos insumos na 
produção. Como os países em desenvolvimento se industrializam 
rapidamente, a demanda global por recursos materiais deve aumentar 
drasticamente. Os negócios devem enfrentar restrições comerciais 
crescentes e intensa competição global por uma ampla gama de recursos 
que se tornam menos disponíveis. Porém, a escassez também proporciona 
possibilidades de inovação, otimizando a utilização desses materiais e sua 
substituição ou, ainda, sua recuperação a partir de resíduos. 
4. Já no que diz respeito a escassez de água, a previsão é de que, 
em 2030, a demanda global por água fresca excederá as provisões em 40%. 
As empresas estarão vulneráveis ao racionamento de água, à queda da 
qualidade da água, àvolatilidade dos preços da água e a riscos de reputação. 
5. O crescimento da população é a quinta megaforça e estima-se 
que a população mundial deva alcançar 8,4 bilhões em 2032, afetando as 
megaforças da escassez. Dessa forma, deixará os ecossistemas e o 
 
 
10 
fornecimento de recursos naturais (como comida, água, energia e materiais) 
sob pressão intensa. Se, por um lado, isso é uma ameaça aos negócios, 
também há oportunidades de crescimento do comércio, de geração de 
empregos e de criação de inovações para atender às necessidades de 
agricultura, saneamento, educação, tecnologia, finanças e saúde da 
população. 
6. A sexta megaforça é a riqueza. Estima-se que a classe média 
global (definida pela OCDE como indivíduos com rendimento disponível entre 
US$ 10 e US$ 100 per capita ao dia) cresça 172% entre 2010 e 2030. O 
desafio para as empresas é atender a esse novo mercado de classe média 
em uma época em que os recursos tendem a ser mais escassos e voláteis. 
7. A urbanização é a sétima megaforça. Até 2030 estima-se que 
todas as regiões em desenvolvimento – incluindo a Ásia e a África – devem 
ter a maioria de seus habitantes vivendo em áreas urbanas. Praticamente 
todo o crescimento populacional, nos próximos 30 anos, será nas cidades. 
Essas cidades exigirão melhorias extensas na infraestrutura, incluindo 
construção, fornecimento de água e saneamento, eletricidade, gestão de 
resíduos, transporte, saúde, segurança pública e conectividade de Internet e 
telefonia. 
8. A segurança alimentar é a oitava megaforça. Nas próximas duas 
décadas, o sistema global de produção de alimentos estará sob crescente 
pressão das “megaforças”, incluindo o crescimento populacional, escassez 
de água e desmatamento. Os preços globais de alimentos devem aumentar 
de 70% a 90% até 2030. Em regiões com escassez de água, os produtores 
agrícolas provavelmente terão que competir por provisões com outras 
indústrias que exigem muita água (como utilidades elétricas e mineração) e 
com consumidores. Será necessária uma intervenção para reverter o 
crescimento da escassez localizada de alimentos (o número de pessoas 
cronicamente subnutridas subiu de 842 milhões, no final dos anos 1990, para 
mais de 1 bilhão, em 2009). 
9. A nona megaforça é o declínio do ecossistema. Historicamente, 
o principal risco para os negócios no declínio dos serviços de biodiversidade 
e ecossistema tem sido a reputação das corporações. No entanto, como 
ecossistemas globais mostram crescentes sinais de colapso e estresse, um 
número maior de companhias está percebendo o quanto suas operações 
 
 
11 
dependem dos serviços críticos que esses ecossistemas fornecem. O 
declínio dos ecossistemas está tornando os recursos naturais mais escassos, 
mais caros e menos diversificados, aumentando os custos da água e 
intensificando o dano causado por espécies invasivas em setores como 
agricultura, pesca, alimentação, bebidas, medicamentos e turismo. 
10. Por fim, a décima megaforça é o desmatamento. Florestas são 
grandes negócios: produtos de madeira movimentaram US$ 100 bilhões por 
ano entre 2003 e 2007 e o valor de outros produtos derivados das florestas 
(em sua maioria alimentos) foi estimado em US$ 18,5 bilhões em 2005. No 
entanto, a OCDE prevê que as áreas florestais irão diminuir 13%, entre 2005 
e 2030, principalmente no sul da Ásia e da África. Pressão por parte dos 
órgãos regulamentadores e da sociedade pode impor mudanças 
comportamentais nessas empresas. Oportunidades de negócios devem 
surgir a partir do desenvolvimento de mecanismos de mercado e incentivos 
econômicos para reduzir o desmatamento. 
Conforme apontado pelo estudo, no período entre os anos de 2002 e 
2010, os custos ambientais externos de empresas de onze setores subiram 
cerca de 50% (de US$ 566 bilhões para US$ 846 bilhões). Além disso, se fossem 
pagar todo o custo ambiental de sua produção, as empresas perderiam, a cada 
dólar ganho, cerca de US$ 0,41. Transformada em números – e diante da noção 
da não perenidade dos recursos naturais – a Responsabilidade Social, 
diferentemente de um modismo qualquer, assume o aspecto de uma forma de 
investimento que, no final, poderá assegurar o futuro das organizações! 
Sem ação e planejamento estratégicos, os riscos se multiplicarão e 
serão perdidas oportunidades. As corporações estão reconhecendo 
que há valor e oportunidade na responsabilidade que vai além dos 
resultados do próximo trimestre, e que o que é bom para as pessoas e 
para o planeta também pode ser bom para os resultados no longo 
prazo e para a geração de valor aos acionistas, avalia Yvo de Boer no 
relatório da KPMG. 
 
Assim, soluções para as megaforças devem ser aprimoradas e 
identificadas pelas organizações. 
TEMA 3: SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL E A GESTÃO DO 
CONHECIMENTO 
 
 
12 
Pudemos entender que a Sustentabilidade Empresarial é fator importante 
para o sucesso da organização, bem como os desafios que se apresentam nos 
dias atuais. Para tanto, colaboradores, comunidade, dentre outros, devem 
conhecer seu potencial transformador, entrando em cena a Gestão do 
Conhecimento. Assim, entendemos que a Gestão do Conhecimento afeta 
positivamente a Sustentabilidade Empresarial podendo obter resultados 
positivos, tanto no curto quanto no longo prazo. 
O fato é que, se, por um lado, o grande desafio desse século é promover 
o desenvolvimento sustentável, tema ainda recente em nosso contexto 
globalizado, por outro, a própria falta de conhecimento e de dados históricos é 
um desafio. A gestão do conhecimento é um termo amplamente utilizado pelas 
empresas para referir-se à tomada de decisões estratégicas, e, em se tratando 
das práticas sustentáveis, será necessário aplicá-lo cada vez mais. 
O conhecimento é um elemento importante no processo de transformação 
das empresas, sob qualquer ótica, principalmente a partir do momento que a 
competitividade ficou bastante acirrada diante do papel presente e efetivo da 
globalização no processo produtivo, em que praticamente inexistem diferenças 
em relação ao preço e à qualidade (RODRIGUEZ, 2002). 
Para SABBAG (2007) podemos definir Gestão do Conhecimento como um 
sistema integrado que desenvolve saberes e competências coletivas, utilizáveis 
pelas organizações e pessoas, visando ampliar o capital intelectual. 
Um dos maiores desafios nos dias atuais é formar gestores sustentáveis, 
que tenham em suas práticas de Responsabilidade Social Empresarial a visão 
sustentável como uma estratégia que esteja alinhada com o lucro, ou seja, que 
colabore com o lucro. 
Por meio de um processo orientado à gestão do conhecimento, as 
empresas poderão capturar, organizar, utilizar e disseminar informações 
voltadas à transformação social. Dessa forma, terão como analisar e decidir 
questões que envolvam a necessidade de capacitação de funcionários e de 
implementação de indicadores, tecnologias e inovações. 
 
 
13 
Neste ponto, podemos destacar que o ponto fundamental pode ser 
caracterizado como aquele relacionado a mudanças culturais nas empresas – e, 
neste ponto, os investimentos em capacitação e treinamento são fatores 
importantes. Podemos destacar a importância das palestras de conscientização 
social, ambiental e econômico e até mesmo treinamentos específicos acerca da 
inovação e sustentabilidade – fatores fundamentais, inclusive, para a 
disseminação do conhecimento e do engajamento corporativo. 
Existem ferramentas que auxiliam na Gestão do Conhecimento e na sua 
maioria, as empresas têm utilizado as chamadas “melhores práticas” como uma 
das primeiras fases para a implementação de um processo de Gestão do 
Conhecimento. 
Podemos destacar que as “Melhores Práticas” são algumas ferramentas 
que auxiliam na Gestão do Conhecimento. Assim, incialmente, tem-se a 
definição destas melhores práticas visando contribuir para a organização nos 
seguintes requisitos: otimização de recursosque poderão ser direcionados para 
novas práticas, aumentando assim a produtividade; identificação e substituição 
de práticas organizacionais pouco ou nada eficientes e improdutivas, reduzindo 
assim o índice de retrabalho; equiparação do conhecimento, propiciando que 
funcionários de menor nível ou rendimento aprendam com aqueles que já 
adotaram práticas mais eficientes. 
A Gestão do Conhecimento visando a contribuição para uma cultura 
sustentável dentro das organizações vem se tornando uma prática de 
Governança Corporativa, por meio da qual as empresas extrapolam suas 
preocupações com a viabilidade econômica e passam a se preocupar com todos 
os stakeholders a ela ligados ou por ela afetados. 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC): 
Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são 
dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos 
entre proprietários, Conselhos de Administração, diretorias e órgãos de 
controle. As boas práticas de governança corporativa convertem 
princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a 
finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando 
seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade (IBGC, 
2010). 
 
 
 
14 
A governança está relacionada com a autogestão de uma empresa e 
representa três elementos principais: a preocupação com a prestação de contas, 
a transparência nos resultados e a proteção de acionistas minoritários. Assim 
sendo, uma empresa sustentável é aquela que gera lucros para seus acionistas 
e melhora a qualidade de vida de todos os stakeholders. 
Segundo relatório da Bovespa (2009), do ponto de vista da governança, 
as empresas podem ser enquadradas em dois níveis: 
 As de nível 1 devem adotar práticas que favoreçam a transparência e 
o acesso às informações pelos investidores; 
 As de nível 2, além das características contidas no nível 1, devem 
adotar um conjunto amplo de práticas de governança e de direitos 
adicionais para os acionistas minoritários. 
Assim, podemos dizer que a Gestão do Conhecimento contribui para a 
Sustentabilidade na medida em que, como medida de mudança cultural, as 
organizações dotam-se da Governança Corporativa e da melhoria contínua, 
contribuindo com a Responsabilidade Social Empresarial. Podemos perceber, 
então, que a governança corporativa é forte aliada da Sustentabilidade. 
TEMA 4: SUSTENTABILIDADE NAS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS 
A organização Uniethos, em meados de 2012 lançou, na Conferência 
Internacional Ethos os resultados da pesquisa “Estratégias empresariais para a 
sustentabilidade no Brasil”, realizada em 2011 com as 100 maiores empresas do 
país e com o conjunto de organizações associadas ao Instituto Ethos, 
caracterizado como uma organização da sociedade civil de interesse público que 
tem como objetivo mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus 
negócios. 
Na pesquisa foram analisadas 250 empresas de todos os portes e 
segmentos na tentativa de mapear o processo de incorporação da 
Sustentabilidade em suas estratégias de negócios, avaliando a profundidade e 
abrangência das estratégias adotadas. 
 
 
15 
Dada a importância dessas estratégias na competitividade, nos custos 
etc. os principais resultados foram: 
 15% das empresas avaliam os impactos que as ações sustentáveis 
têm sobre os custos; 
 20% medem os impactos na competitividade; 
 69% entendem que a inserção da sustentabilidade no planejamento 
estratégico é uma necessidade; 
 68% desenvolvem algum tipo de relacionamento com os grupos de 
interesse de seu setor; 
 23% desenvolvem projetos sustentáveis de forma contínua, fazendo 
parcerias, discutindo novos produtos ou detendo-se em processos 
efetivamente mais engajados. 
Na tentativa de identificar qual o impacto dessas estratégias em ações 
que geraram inovação, os resultados foram: 
 14% das empresas promoveram inovações em sustentabilidade; 
 36% do total de empresas pesquisadas criaram sistemas integrados 
de gestão para coordenar as ações de sustentabilidade em todas as 
áreas; 
 60% das empresas criaram comitês para alinhar as áreas de negócios 
com as de sustentabilidade. 
A pesquisa do Instituto Ethos possibilitou clarear a direção no Brasil da 
inserção da sustentabilidade no planejamento estratégico das empresas, 
demonstrando que há um avanço significativo e que o tema tem sido considerado 
nos negócios corporativos. Percebemos que o Brasil tem avançado, seguindo 
algumas tendências internacionais. 
Hoje, há a preocupação em ir ao encontro dos interesses da sociedade e 
dos consumidores, atendendo-os em suas demandas com uma estratégia de 
 
 
16 
inovação e redução de custos por meio de processos mais eficientes, 
possibilitando que as empresas se tornem mais competitivas. 
Assim, percebemos que a adoção de estratégias voltadas para a 
Sustentabilidade, se implementadas adequadamente, em conjunto com a 
adoção de inovações que proporcionem redução de custo, tornam as empresas 
mais competitivas. 
Porém fica a pergunta: 
Que tipos de estratégias as empresas estão utilizando? 
No Guia EXAME 2015, foram apresentadas 68 empresas consideradas 
modelo de Sustentabilidade e de Responsabilidade Social Empresarial, com 
destaque especial para as companhias com as melhores práticas em cada um 
dos setores analisados. Além disso, a revista EXAME destacou as companhias 
com as melhores práticas em 10 categorias: 
1. Governança de Sustentabilidade; 
2. Direitos Humanos; 
3. Mudanças Climáticas; 
4. Relação com a Comunidade; 
5. Relação com Clientes; 
6. Gestão de Fornecedores; 
7. Gestão de Água; 
8. Gestão de Biodiversidade; 
9. Gestão de Resíduo; 
10. Ética e Transparência. 
 
Alguns destaques foram: 
Agronegócio: Bunge 
 
 
17 
O agronegócio é uma atividade sedenta por água, um recurso cada vez 
mais escasso. Atenta à questão, a Bunge resolveu investir em duas frentes para 
reduzir o consumo do insumo. Apostou em programas de educação, como o 
“Colaborador Sustentável”, que busca conscientizar os funcionários, e no uso de 
água de reuso em caldeiras e torres de resfriamento em Jaguaré. 
Resultado: entre 2012 e 2014, o projeto-piloto ajudou a reduzir em 40% o 
consumo de água no processo produtivo. Uma mudança positiva que já está 
sendo adotada em outras fábricas da empresa. 
 
 
Farmacêutica: Eurofarma 
O laboratório Eurofarma pesquisa uma solução para descontaminar 
plásticos e vidros de remédios classificados como perigosos a fim de viabilizar a 
reciclagem desses materiais. 
No ano passado, 91% dos resíduos do processo produtivo foram 
fornecidos a cimenteiras para alimentar fornos e gerar energia. Na dimensão 
social, a empresa investe em projetos culturais, esportivos e educacionais. Um 
dos mais relevantes é o centro técnico de enfermagem que custeia até três anos 
de formação de jovens carentes. 
Mas, para que essas estratégias possam possibilitar retorno para a 
organização e para a sociedade, adotar o pensamento sistêmico em conjunto 
com a visão estratégica torna-se primordial. O pensamento sistêmico busca 
inserir na visão estratégica o todo, ou seja, existe ligação entre a ciência (a 
razão), a arte (a sensação), a filosofia (o sentimento) e a transcendência (a 
intuição), já que tudo está ligado a tudo. 
Nesse sentido, o Pensamento Sistêmico é a abordagem fundamental para 
pensar fora do padrão, pois a formação de uma visão integrada de produção, 
economia, sociedade, cultura e ambiente natural envolve inúmeras variáveis. 
 
 
18 
Pensar sistemicamente é olhar para todo o processo e não as para partes 
dele. É medir todos os impactos que uma determinada ação ou decisão 
empresarial causa, considerando presente, passado e futuro por meio das lições 
aprendidas e da adoção de melhorias. É levar em conta não somente os 
interesses empresariais, mas de todos,

Outros materiais