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Mediação Familiar, Escolar e Comunitária

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Mediação FaMiliar, 
escolar e coMunitária
Prof.ª Isabel Maciel Mousquer
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Isabel Maciel Mousquer
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
M932m
 Mousquer, Isabel Maciel
 Mediação familiar, escolar e comunitária. / Isabel Maciel Mousquer. 
– Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 180 p.; il. 
 ISBN 978-65-5663-147-9
 ISBN Digital 978-65-5663-148-6
1. Mediação. - Brasil. 2. Inclusão social. – Brasil. Centro Universitário Leonardo 
Da Vinci.
CDD 342.12
III
apresentação
Seja bem-vindo à disciplina de Mediação Familiar, Escolar e 
Comunitária. 
Como futuro profissional da área do Direito, você deverá perceber o 
quanto nos utilizamos das ferramentas de outras áreas. Afinal, a Mediação 
de Conflitos, grande área das Ciências Jurídicas e Sociais, é considerada 
multidisciplinar. Nesse contexto, emprestamos ferramentas da Psicologia e 
da Pedagogia para utilizar em nossos processos de Mediação de conflitos 
familiares, escolares e comunitários. 
Nosso objetivo é oferecer noções básicas dos aspectos históricos, 
culturais e sociais da família, da mediação e a resolução dos conflitos em 
âmbito familiar, os conflitos familiares e a atuação do mediador familiar, 
a escola, a família e comunidade e as diferentes técnicas de mediação 
escolar, de como enfrentar a violência escolar, das técnicas e modelos de 
mediação escolar, dos fundamentos da mediação comunitária, a mediação 
comunitária, da conceituação e modelos de mediação comunitária e da 
mediação comunitária: a democracia, o acesso à justiça e o empoderamento 
da comunidade. 
Para isso, contextualizaremos os aspectos históricos, culturais e 
sociais da família, abordando a importância da família na mediação familiar. 
Também buscaremos apresentar a história social da família e adaptações 
culturais, as novas configurações familiares, a conjugalidade e a parentalidade 
e os conflitos geracionais. Ao final desta disciplina, você deverá compreender 
as três espécies de mediação: a familiar, a escolar e a comunitária. 
Os conteúdos foram organizados em três unidades de aprendizagem. 
Na Unidade 1 conheceremos os aspectos históricos, culturais e sociais da 
família. Para tanto, compreenderemos a importância da família na mediação 
familiar, a história social da família e adaptações culturais, bem como as 
novas configurações familiares, inclusive as etapas do ciclo vital da família, 
a família de origem vs família nuclear e as fronteiras de comunicações 
familiares. Dentro do estudo dos aspectos culturais e sociais da família 
será abordada a conjugalidade vs parentalidade e as disfunções conjugais e 
parentais dos conflitos geracionais. 
Da mesma forma abordaremos a mediação e a resolução dos conflitos 
em âmbito familiar. Para isso, será necessário estudar acerca da evolução da 
mediação familiar no Brasil e no mundo, tratando do divórcio e do instituto 
Recasamento. O mediador precisa compreender os institutos do Direito de 
Família, abordando o eixo matrimonial: casamento, habilitação, celebração, 
IV
impedimentos, provas, nulidade e anulação e efeitos, o regime de bens no 
matrimônio, da dissolução da sociedade conjugal, do reconhecimento de 
filhos, alimentos e adoção e da tutela e da curatela. Também serão estudados 
nesta mesma unidade os conflitos familiares e a atuação do mediador familiar 
abordando os objetivos e aplicações da mediação familiar e as formas e 
modelos de intervenção da mediação familiar. Na sequência será abordado 
a respeito dos conflitos familiares tratando da resolução dos conflitos 
familiares: procedimentos metodológicos, instrumentos e estratégias e, por 
fim, da atuação do mediador familiar. 
 
Na Unidade 2 abordaremos sobre a mediação escola. Para tanto, 
você aprenderá sobre a escola, a família, a comunidade e as diferentes 
técnicas de mediação em âmbito escolar, por isso, será estudado os aspectos 
históricos e conceituais, a mediação e suas implicações pedagógicas, a 
mediação no contexto escolar, os objetivos e a interação escolar abordando o 
comportamento e a socialização. Dentro do estudo sobre o enfrentamento da 
violência escolar, temos: as formas de combate à violência escolar, a prevenção 
e os modelos, o papel do mediador na escola, a escola e a comunidade, o 
papel da escola e da família, a educação inclusiva e a inclusão social. 
Acerca das técnicas de mediação escolar, tais como: as diferentes 
técnicas de mediação escolar, a escuta inclusiva/ativa, a estruturação das 
atividades: intervenções, sessões e fases, o rapport (empatia), o tratamento 
equânime das partes e a assertividade do facilitador/mediador escolar, a 
credibilidade e a confiança necessárias ao mediador na mediação escolar, 
a criatividade do mediador: a produção, avaliação e seleção de ideias. Os 
modelos de mediação escolar: a mediação entre pares ou mediação mirim 
(peer mediation), a mediação em rede, a mediação professores-alunos e os 
círculos restaurativos/justiça restaurativa. 
Na Unidade 3 focaremos o estudo nos fundamentos da mediação 
comunitária. Para tanto, você compreenderá os aspectos históricos da 
mediação comunitária, a inserção da mediação comunitária no conflito, os 
objetivos da mediação comunitária, as limitações da mediação comunitária. 
Dentro do estudo sobre a conceituação e os modelos de mediação 
comunitária, o princípio da solidariedade e da dignidade da pessoa humana 
e a mediação comunitária, o exercício da cidadania e a mediação comunitária, 
os modelos da mediação comunitária e sua aplicabilidade. Acerca da 
mediação comunitária: a mediação comunitária como forma de efetivação 
da democracia, o acesso à justiça no contexto da mediação comunitária e o 
empoderamento da comunidade por intermédio da mediação comunitária. 
A cada unidade você será convidado a praticar exercícios que 
ajudarão no processo de ensino e aprendizagem. 
Bons estudos! 
Profª Isabel Maciel Mousquer
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é 
veterano, há novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
VI
VII
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiaiscomplementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VIII
IX
UNIDADE 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA .................1
TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA .....................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 HISTÓRIA SOCIAL DA FAMÍLIA E ADAPTAÇÕES CULTURAIS ...........................................3
3 AS NOVAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES ...............................................................................4
3.1 AS ETAPAS DO CICLO VITAL DA FAMÍLIA ............................................................................10
3.2 FAMÍLIA DE ORIGEM X FAMÍLIA NUCLEAR .........................................................................11
3.3 AS FRONTEIRAS DE COMUNICAÇÕES FAMILIARES .........................................................12
4 CONJUGALIDADE X PARENTALIDADE ....................................................................................13
4.1 DISFUNÇÕES CONJUGAIS E PARENTAIS ............................................................................14
5 DOS CONFLITOS GERACIONAIS ...............................................................................................16
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................19
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................21
TÓPICO 2 – A MEDIAÇÃO E A RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS EM ÂMBITO
 FAMILIAR ..........................................................................................................................25
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................25
2 EVOLUÇÃO DA MEDIAÇÃO FAMILIAR NO BRASIL E NO MUNDO ...............................25
3 O DIVÓRCIO E O RECASAMENTO ..............................................................................................26
4 O DIREITO DE FAMÍLIA ..................................................................................................................28
4.1 EIXO MATRIMONIAL: CASAMENTO, HABILITAÇÃO, CELEBRAÇÃO, 
 IMPEDIMENTOS, PROVAS, NULIDADE E ANULAÇÃO E EFEITOS ..................................29
4.2 O REGIME DE BENS NO MATRIMÔNIO .................................................................................36
4.3 DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL ...................................................................39
4.4 DO RECONHECIMENTO DE FILHOS, ALIMENTOS E ADOÇÃO ......................................40
4.5 DA TUTELA E DA CURATELA ..................................................................................................42
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................43
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................46
TÓPICO 3 – OS CONFLITOS FAMILIARES E A ATUAÇÃO DO MEDIADOR 
 FAMILIAR ..........................................................................................................................49
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................49
2 DOS OBJETIVOS E APLICAÇÕES DA MEDIAÇÃO FAMILIAR ...........................................49
3 AS FORMAS E MODELOS DE INTERVENÇÃO DA MEDIAÇÃO FAMILIAR ..................50
4 DOS CONFLITOS FAMILIARES ...................................................................................................52
4.1 DA RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS FAMILIARES: PROCEDIMENTOS 
METODOLÓGICOS, INSTRUMENTOS E ESTRATÉGIAS .....................................................53
4.2 A ATUAÇÃO DO MEDIADOR FAMILIAR ...............................................................................56
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................58
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................62
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................64
suMário
X
UNIDADE 2 – A ESCOLA, A FAMÍLIA, A COMUNIDADE E AS DIFERENTES 
 TÉCNICAS DE MEDIAÇÃO ESCOLAR .................................................................67
TÓPICO 1 – A MEDIAÇÃO ESCOLAR ..............................................................................................69
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................69
2 BREVES ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA MEDIAÇÃO ESCOLAR ..........69
3 CONCEITUANDO A MEDIAÇÃO ESCOLAR ..............................................................................71
3.1 A MEDIAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS .......................................................73
3.2 A MEDIAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR ...............................................................................74
3.3 OBJETIVOS DA MEDIAÇÃO ESCOLAR ...................................................................................75
4 A INTERAÇÃO ESCOLAR: COMPORTAMENTO E SOCIALIZAÇÃO ..................................76
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................78
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................80
TÓPICO 2 – COMO ENFRENTAR A VIOLÊNCIA ESCOLAR? ....................................................83
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................83
2 FORMAS DE COMBATE À VIOLÊNCIA ESCOLAR: PREVENÇÃO E MODELOS .............83
3 O PAPEL DO MEDIADOR NA ESCOLA ......................................................................................84
4 A ESCOLA E A COMUNIDADE .......................................................................................................86
5 O PAPEL DA ESCOLA E DA FAMÍLIA ..........................................................................................87
5.1 POR UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA .........................................................................................90
5.2 A INCLUSÃO SOCIAL ...................................................................................................................92
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................94
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................96
TÓPICO 3 – AS TÉCNICAS E OS MODELOS DE MEDIAÇÃO ESCOLAR .............................99
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................99
2 AS DIFERENTES TÉCNICAS DE MEDIAÇÃO ESCOLAR ........................................................99
2.1 A ESCUTA INCLUSIVA/ATIVA ...................................................................................................99
2.2 ESTRUTURANDO AS ATIVIDADES: INTERVENÇÕES, SESSÕES E FASES ....................100
2.3 O RAPPORT (EMPATIA) ..............................................................................................................1012.4 DO TRATAMENTO EQUÂNIME DAS PARTES E DA ASSERTIVIDADE DO 
FACILITADOR/MEDIADOR ESCOLAR ....................................................................................102
2.5 DA CREDIBILIDADE E CONFIANÇA NECESSÁRIAS AO MEDIADOR NA 
 MEDIAÇÃO ESCOLAR ...............................................................................................................103
2.6 DA CRIATIVIDADE DO MEDIADOR: PRODUÇÃO, AVALIAÇÃO E SELEÇÃO 
 DE IDEIAS .....................................................................................................................................104
3 MODELOS DE MEDIAÇÃO ESCOLAR: MEDIAÇÃO ENTRE PARES OU MEDIAÇÃO 
MIRIM (PEER MEDIATION), MEDIAÇÃO EM REDE, MEDIAÇÃO PROFESSORES-
ALUNOS E OS CÍRCULOS RESTAURATIVOS/JUSTIÇA RESTAURATIVA .....................105
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................110
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................115
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................117
UNIDADE 3 – OS FUNDAMENTOS DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ................................119
TÓPICO 1 – A MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ................................................................................121
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................121
2 BREVE HISTÓRICO DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ........................................................121
XI
3 A INSERÇÃO DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA NO CONFLITO .......................................123
3.1 OBJETIVOS DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA .....................................................................125
3.2 LIMITAÇÃO DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ....................................................................127
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................129
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................131
TÓPICO 2 – CONCEITUAÇÃO E MODELOS DE MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ................133
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................133
2 CONCEITUAÇÃO DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA .............................................................133
3 O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
 E A MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ................................................................................................135
4 O EXERCÍCIO DA CIDADANIA E A MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ..................................138
5 DOS MODELOS DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA E SUA APLICABILIDADE ...............142
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................147
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................149
TÓPICO 3 – MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA: DEMOCRACIA, ACESSO À JUSTIÇA E 
 O EMPODERAMENTO DA COMUNIDADE ..........................................................151
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151
2 A MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA COMO FORMA DE EFETIVAÇÃO DA 
 DEMOCRACIA ..................................................................................................................................151
3 O ACESSO À JUSTIÇA NO CONTEXTO DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA .....................152
4 O EMPODERAMENTO DA COMUNIDADE POR INTERMÉDIO DA MEDIAÇÃO 
 COMUNITÁRIA ...............................................................................................................................155
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................159
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................164
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................166
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................169
XII
1
UNIDADE 1
ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E 
SOCIAIS DA FAMÍLIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• aprender sobre os aspectos históricos, culturais e sociais da família;
• entender a importância da família na mediação familiar; 
• identificar em âmbito familiar a utilização da mediação e a resolução dos 
conflitos; 
• compreender os conflitos familiares e a atuação do mediador familiar.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA MEDIAÇÃO FAMILIAR
TÓPICO 2 – A MEDIAÇÃO E A RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS 
 EM ÂMBITO FAMILIAR 
TÓPICO 3 – OS CONFLITOS FAMILIARES E A ATUAÇÃO DO 
MEDIADOR FAMILIAR 
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! 
Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor 
as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você irá aprender sobre os aspectos históricos, culturais e 
sociais da família. Para tanto, compreenderá a importância do estudo da família 
na mediação familiar, na história social da família e as adaptações culturais, bem 
como as novas configurações familiares, inclusive as etapas do ciclo vital da 
família, a família de origem vs família nuclear e as fronteiras de comunicações 
familiares. Dentro do estudo dos aspectos culturais e sociais da família, será 
abordada a conjugalidade vs parentalidade e as disfunções conjugais e parentais 
dos conflitos geracionais. 
2 HISTÓRIA SOCIAL DA FAMÍLIA E ADAPTAÇÕES CULTURAIS
A história social da família e suas adaptações culturais sofridas ao longo 
da história tiveram início de modo tradicional no período do Brasil Colonial. Nela, 
poderia ser visto a presença do pátrio poder exercido pelo patriarca, comumente 
o marido, perante esposa e filhos, sendo seu objetivo a procriação, mas guardava 
também funções religiosas e políticas. Esse era o retrato da família patriarcal 
(LÔBO, 2011). 
 
Além da família patriarcal outras foram surgindo e merecem destaque, tais 
como: união estável ou informal, família homoafetiva, paralelas ou simultâneas, 
família poliafetiva, família monoparental, família parental ou anaparental, família 
composta, pluriparental ou mosaico, família natural, extensa ou ampliada, família 
substituta, família eudemonista (DIAS, 2015).
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
4
FIGURA 1 – FAMÍLIA 
FONTE: <https://www.urbanarts.com.br/familia-vida-amor-quadrado-70026/p>. 
Acesso em: 6 jan. 2019.
3 AS NOVAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES
A família é o instituto mais antigo da humanidade e surgiu muito antes 
da possibilidade de o homem passar a viver em bandos por causa do casamento 
e/ou de um antepassado comum. 
Não foi, portanto, nem o Estado nem o Direito que criaram a família, 
pois foi esta que criou o Estado e o Direito, como sugere a famosa 
frase de Rui Barbosa: “A pátria é a família amplificada”. Como a 
primeira base da organização social, a família deve ser tutelada pelo 
ordenamento jurídico vigente” (MACHADO, 2000, p. 2). 
Após a análise dessa concepçãoinicial de família como centro do Estado, 
é necessário direcionarmos o estudo e a compreensão da temática a fim de 
estabelecermos as balizas conceituais próprias, ressaltando que ela não é um 
conceito exato, mas cíclico, sofrendo alterações à maneira que mudam os valores 
sociais e seus fatores. 
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
5
Quanto às novas configurações familiares, podemos citar:
NOTA
• Família Extensa/ampliada: formada pela base familiar como parentes diretos (pais, irmãos, 
tios, avós e primos) e colaterais (que não possuem laços consanguíneos); paralelo com a 
família nuclear.
• Família ou União Homoafetiva: contituída pela união de pessoas do mesmo sexo; os 
movimentos sociais tiveram uma contribuição para que essas famílias fossem reconhecidas 
como tais e gerando um reconhecimento de que elas possam inclusive adotar.
• Família Eudemonista: várias pessoas que vivem juntas, sem laços consanguíneos, mas com 
forte comprometimento mútuo.
• Família Anaparental: possui vínculo de parentesco, mas não relação de ascendência e 
descendência. Ex.: 2 irmãos que moram juntos.
FONTE: https://player.slideplayer.com.br/89/14242481/slides/slide_9.jpg. Acesso em: 6 jan. 2020.
O doutrinador Sílvio de Salvo Venosa (2013, p. 20), em um conceito 
restritivo leciona que “família compreende somente o núcleo formado por pais e 
filhos que vivem sob o pátrio poder” e, em um conceito amplo, “é o conjunto de 
pessoas unidas por vínculo jurídico de natureza familiar”. 
Analisando o conceito legal de família em sentido lato, temos o texto 
constante no Capítulo VII, da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do 
Idoso, merecendo destaque o artigo 226, caput, e os § 3º, 4º e 5º: 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável 
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei 
facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade 
formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos 
igualmente pelo homem e pela mulher (BRASIL, 1988). 
Nesse sentido, mas sob outra perspectiva, Maria Helena Diniz (2008, p. 
23-24), assevera: “todos os indivíduos que estiverem ligados pelo vínculo da 
consanguinidade ou da afinidade, chegando a incluir estranhos”. 
Cabe ressaltar, entretanto, que a conceituação de família não é a mesma 
de quando foi promulgada a Constituição de 1988 e o Código Civil de 2002, pois 
os novos rearranjos sociais e culturais permitiram que novas espécies de famílias 
diversas da patriarcal viessem a surgir, mas de igual modo protegidas pela norma. 
Vamos estudar um pouco cada uma delas. 
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
6
O estudo dos diferentes tipos de famílias iniciará pela família patriarcal, a 
qual consiste em um modelo herdado no período do Brasil Colônia e continuou 
existindo, inclusive no século XX, como grande parte do modo como eram 
constituídos os núcleos familiares, persistindo ainda hoje. Ela possui como 
característica preponderante a existência do matrimônio, realizado por um juiz, 
e a presença do chefe e/ou patriarca como sendo o esposo e pai dos filhos ali 
havidos, capaz de deter o pátrio poder, tendo aspectos políticos e religiosos muito 
definidos (LÔBO, 2011). 
Esses aspectos acerca do casamento estão presentes no Código Civil 
de 2002, no Livro IV, do Direito de Família, no Título I, do Direito Pessoal, no 
subtítulo do Casamento, do Capítulo I das Disposições Gerais, especificamente 
no artigo 1514: “O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher 
manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz 
os declara casados” (BRASIL, 2002).
 
Diferentemente do texto contido na Constituição da República Federativa 
do Brasil, o § 5º do artigo 226 preconiza a necessidade da existência de igualdade 
entre os cônjuges na sociedade conjugal: “§ 5º Os direitos e deveres referentes 
à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher” 
(BRASIL, 1988).
Outro tipo de família que merece estudo é aquela constituída por 
intermédio de uma união estável ou informal, a qual consiste naquela em que 
há uma relação de afeto pública, duradoura com o objetivo de constituir família 
entre duas pessoas, sendo reconhecida pela Constituição Federal no § 3º do artigo 
226: “para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o 
homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão 
em casamento” (BRASIL, 1988).
Ela é amplamente abordada pelo Código Civil de 2002, no Título III da 
União Estável, principalmente nos artigos 1723 ao 1727, merecendo destaque os 
artigos 1723 e 1727:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre 
o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e 
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão 
aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e 
educação dos filhos (BRASIL, 2002).
Para tanto, existem alguns critérios para a configuração da união estável, 
pois não basta somente ter filhos e/ou ter um relacionamento, é necessário provar 
a constituição familiar e a relação ser algo público. 
O Direito evoluiu no entendimento a respeito das entidades familiares, 
pois os filhos havidos fora do casamento, também foram reconhecidos pelo texto 
constitucional.
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
7
Assim, filhos ilegítimos, naturais, espúrios, bastardos, nenhum direito 
possuíam, sendo condenados à invisibilidade. Tal ojeriza, entretanto, 
não coibiu os egressos de casamentos desfeitos constituírem novas 
famílias, mesmo sem respaldo legal. Quando o rompimento dessas 
uniões, seus partícipes começaram a bater às portas do judiciário. 
Viram-se os juízes forçados a criar alternativas para evitar flagrantes 
injustiças, tendo sido cunhada a expressão companheira, como 
forma de contornar as proibições para o reconhecimento dos direitos 
banidos pela lei à concubina. Essas estruturas familiares, ainda que 
rejeitadas pela lei, acabaram aceitas pela sociedade, fazendo com que 
a Constituição as albergasse no conceito ele entidade familiar (DIAS, 
2015, p. 140).
Cabe ressaltar sua aplicação de modo extensivo às relações homoafetivas. 
O importante é que qualquer forma de constituição de família e/ou de 
relacionamento precisa ser saudável e baseada no respeito mútuo. 
Outra espécie de família que merece destaque é a homoafetiva, formada 
pela união de dois indivíduos do mesmo sexo, nele compreendido também o 
conceito de gênero. Considerada como entidade familiar, ela alcançou esse 
reconhecimento pela jurisprudência e pelo Supremo Tribunal Federal (STF) 
quando do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 4.277 e 
da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF 132, da qual foi 
relator o Min. Ayres Britto, com efeito vinculante, portanto, precisa ser observada 
pelo Poder Judiciário. 
A sociedade que se proclama defensora da igualdade é a mesma 
que ainda mantém uma posição discriminatória nas questões da 
homossexualidade. Nítida é a rejeição social à livre orientação sexual. 
A homossexualidade existe e sempre existiu, mas é marcada pelo 
estigma social, sendo renegada à marginalidade por se afastar dos 
padrões de comportamento convencional. O núcleo do atual sistema 
jurídico é o respeito à dignidade humana, atentando nos princípios 
da liberdade e da igualdade. A identificação da orientação sexual 
está condicionada à identificação do sexo da pessoa escolhida com 
relação a quem escolhe, e tal escolha não pode ser alvo de tratamento 
diferenciado. Se todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, aí está incluída, poróbvio, a orientação sexual que 
se tenha (DIAS, 2012, p. 5-6).
Atualmente, as uniões homoafetivas e a adoção de crianças por casais 
homoafetivos têm aumentado e mostram um avanço na conquista desses direitos. 
Também merece ser objeto de análise as famílias paralelas ou simultâneas, 
as quais são constituídas ao mesmo tempo que o casamento, ou seja, um dos 
cônjuges constitui uma outra família. Dessa forma, pode tratar-se de um 
casamento simultâneo a uma ou mais uniões estáveis, ou mais de uma união 
estável concomitante.
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
8
Famílias paralelas ou simultâneas são as constituídas por dois ou 
mais núcleos familiares, com um de seus membros comuns a ambas, 
podendo existir no casamento como na união estável. Portanto, 
encampando foi nesta família o concubinato, antigo concubinato 
impuro. Não se confunde famílias paralelas ou simultâneas, cada uma 
possuindo domicílio diferente, com poliamorismo. Desse modo, nas 
famílias paralelas há dois ou mais núcleos familiares, com um membro 
comum. Por isso mesmo rotulada também de entidades familiares 
simultâneas. No poliamorismo há ocorrência de relação afetiva entre 
todos os seus membros, formando tão somente uma única célula 
familiar (CARVALHO, 2018, s.p.).
 Nessa mesma esteira, existem as denominadas famílias poliafetivas, que 
são aquelas formadas por três ou mais indivíduos, tanto homens quanto mulheres, 
reunidos por laços afetivos e/ou sexuais. 
Assim, a união poliafetiva, constituída de três ou mais pessoas, carece 
totalmente de reconhecimento e proteção legal para seus membros. A 
jurisprudência dos Tribunais estaduais vem encampando, infelizmente 
com certa resistência do STJ, tanto a união poliafetiva como as famílias 
simultâneas ou paralelas (CARVALHO, 2018, s.p.). 
Em nosso país, não há previsão na norma acerca dessas duas espécies 
de família anteriormente citadas, apenas restando o reconhecimento delas pelas 
jurisprudências dos tribunais. 
A próxima espécie de família a ser tratada é a monoparental, a qual é 
formada pela presença apenas de um dos genitores, podendo ser o pai ou a mãe e 
dos filhos. Em comparação aos anos anteriores, desde 2008 esse tipo de configuração 
familiar tem aumentado, passando de 22% para 34,9%, representando mais de 
um terço das famílias (LÔBO, 2011). 
Essa espécie de família também encontrou respaldo no texto 
constitucional, em especial no §4º do artigo 226: “Entende-se, também, 
como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus 
descendentes” (BRASIL, 1988, s.p.).
Ainda, podemos comentar sobre a família do tipo parental ou anaparental, 
que é aquela que se constitui pelos laços da convivência e do afeto, podendo possuir 
os indivíduos parentesco ou não. Entretanto, eles não possuem ascendência e/ou 
descendência entre si. 
 
A família anaparental é a família sem pai e sem mãe. Pais morreram e os 
filhos têm por tutores os avós. Estes novos arranjos são as denominadas 
famílias socioafetivas, que se fundam no afeto, dedicação, carinho 
e ajuda mútua, transformando estas convivências em verdadeiras 
entidades familiares. Essa realidade é crescente no Brasil, mas não 
ganhou a devida atenção dos estudiosos do direito e nem do próprio 
Estado. Muitos irmãos passam a conviver juntos após o falecimento 
de seus pais, um cuidando do outro, formando por esforço mútuo 
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
9
patrimônio comum sem possuir, em tese, a mesma proteção estatal 
das famílias do rol do artigo 226 da Constituição Federal, já citado 
acima (GODINHO, 2018, s.p.). 
Diferentemente, a denominada família composta, pluriparental ou 
mosaico, é aquela que é (re)composta entre um indivíduo que já possuía uma 
família de um primeiro relacionamento e acaba levando para aquela nova relação 
os seus filhos, e seu atual também possui filhos de um casamento anterior, 
por exemplo, passando esses entes a formarem uma nova entidade familiar 
caracterizada pelo afeto (RANGEL, 2013). 
 Outra modalidade de entidade familiar é a família natural, a qual 
encontra previsão legal no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, na seção 
II, da família natural, no artigo 25. Ela pode ser entendida como: “Entende-se 
por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus 
descendentes” (BRASIL, 1990).
A família natural pode compreendida como aquela em que os indivíduos 
possuem laços sanguíneos, biológico e/ou nucleares. Já a família extensa ou 
ampliada é aquela formada não pelos pais, mas pelos parentes próximos, e 
encontra previsão legal no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, na seção 
II, da família natural, no § único do artigo 25: 
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada 
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da 
unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a 
criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e 
afetividade (BRASIL, 1990, s.p.). 
Para esse tipo de entidade familiar, a norma ressaltou a existência dos 
vínculos e da convivência enquanto a denominada família substituta traz a 
possibilidade de colocação da criança ou adolescente em uma nova família 
(substituta), anteriormente presente no cadastro de adoção, a qual se dará por 
intermédio da guarda, tutela ou adoção. 
Ela tem previsão legal também no ECA, na seção III, da família substituta, 
da subseção I, disposições gerais, no artigo 28: “A colocação em família substituta 
far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação 
jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei” (BRASIL, 1990, s.p.). 
Ainda, resta estudar a família eudemonista, aquela em que se sobressai o 
afeto e não a consanguinidade, sendo baseada na felicidade e no afeto. Leciona 
Maria Berenice Dias (2015, p. 144): “A busca da felicidade, a supremacia do amor, 
a vitória da solidariedade, ensejam o reconhecimento do afeto como único modo 
eficaz de definição da família e de preservação da vida”. 
Por fim, é possível constatar que a família já passou por inúmeras 
mudanças conceituais e estruturais. Contudo, alguns requisitos não poderão 
deixar de estar presentes: a afetividade e o respeito. 
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
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Na Constituição da República Federativa de 1988, podemos, literalmente, 
identificar o seguinte: 1) O casamento civil; 2) A união estável; 3) A família monoparental. 
Contudo, são admitidas em respeito aos princípios constitucionais outras entidades 
familiares: 1) Família anaparental: sem os genitores; 2) Família homoafetiva: constituída 
por indivíduos do mesmo sexo/gênero; 3) Família mosaico ou pluriparental: decorrente 
de vários casamentos, uniões estáveis ou relacionamentos dos membros; 4) Família 
matrimonial: união entre homem e mulher e filhos; 5) Família informal: união de fato 
reconhecida pelo Estado; 6) Família monoparental: constituída por apenas um dos genitores 
e filhos; 7) Família paralela, simultâneas, plúrimas, múltiplas: quando um dos indivíduos 
passa a compor concomitantemente duas ou mais entidades familiares diferentes entre si; 
8) Família eudemonista: baseada nas relações de afeto.
IMPORTANT
E
3.1 AS ETAPAS DO CICLO VITAL DA FAMÍLIA
A entidade familiar, desde sua constituição, passa por transformações 
em seu desenvolvimento com intuito de cumprir algumas tarefas que lhe são 
específicas, as quais são chamadas de ciclo vital e formam as características de 
suas etapas. O ciclo vital familiar tem quatro fases: a fase de aquisição, a fase 
adolescente, a fase madura e a fase última (DONATO; BALIEIRO, 2013, p. 2). 
A fase da aquisição é aquela inicial, “em que ocorre a conquista e a escolha 
do parceiro, um possível casamento e/ou união estável”. A fase adolescente “é 
marcada pela amizade e pelos grupos de amigos, sendo também uma fase de 
descobertas como a da sexualidade, mas por outro lado é momento de conflitos, 
principalmentecom os pais” (DONATO; BALIEIRO, 2013, p. 2).
 
A próxima fase é a madura ou do desenvolvimento da entidade familiar. 
É a fase na qual os pais sentem falta dos filhos no lar, ou seja, no ninho, pois eles, 
nesse momento, já saíram da casa dos seus pais para gerirem suas próprias vidas, 
restando em casa, na maioria das vezes, somente o casal. 
A fase madura possui relação com a “síndrome do ninho vazio”, 
caracterizada pela saída dos filhos de casa. Nessa fase, a relação 
familiar passa novamente por mudanças e, para o casal, é importante 
que este processo seja vivenciado de forma amena e compreensível, 
já que se trata de um momento dentro do ciclo vital da família, uma 
vez que o casamento muda de função em decorrência da ausência dos 
filhos. Essa fase também está relacionada com a chegada dos netos e 
preocupações quanto ao futuro destes (DONATO; BALIEIRO, 2013, 
p. 2-3).
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
11
Na denominada fase última, os pais realizam uma retrospectiva daquilo 
que já viveram. Há “uma inversão de papéis entre pais e filhos, pois a partir daqui 
os filhos é que passam a cuidar dos pais devido a possíveis problemas de saúde” 
(DONATO; BALIEIRO, 2013, p. 3). Entretanto, alguns colocam os genitores em 
asilos e casas de repouso, provocando tristeza, depressão e até a morte.
3.2 FAMÍLIA DE ORIGEM X FAMÍLIA NUCLEAR
FIGURA 2 – O QUE É FAMÍLIA NUCLEAR?
FONTE: https://todaatual.com/wp-content/uploads/familia-1-1.jpg. Acesso em: 6 jan. 2020.
A família de origem é tida como aquela da qual advém um dos cônjuges, 
que irá formar, após o casamento com outrem, uma outra espécie de família 
denominada família nuclear. Outra espécie de família, objeto de estudo, é a família 
nuclear. Historicamente, nesse tipo de família, a mulher é tida como aquela figura 
encarregada de cuidar do lar e dos filhos. 
Posteriormente, no final do século, a influência da burguesia industrial 
europeia atuaria no sentido inverso, levando a mulher para dentro 
de casa, para ser a "rainha do lar”. Na família nuclear brasileira, 
historicamente falando, quando seus componentes se casavam, 
constituíam sua própria família em outro domicílio. Eram raros os 
casais que agrupavam genros, noras e netos em torno de seus filhos 
casados, o que nos leva a crer que, na família nuclear, diferentemente 
da patriarcal, não havia um total poder de mando por parte do chefe 
da família. Se o comando do lar era responsabilidade da mulher, pois 
esta deveria administrar o lar e educar os filhos, a ausência do homem 
era comum em seu domicílio, devido a sua dedicação aos negócios, o 
que acabava diminuindo-lhe a autoridade paterna (ALVES, 2009, p. 8). 
Na família nuclear, o chefe da família é o homem, restando a ele o 
sustento da família, já a figura feminina, a mulher, possui caráter reprodutivo e 
de cuidadora da casa e dos filhos.
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
12
Um desdobramento familiar disseminado e mais conhecido é o 
desdobramento nuclear. Este tipo de família é composto por um homem 
e uma mulher e se baseia no casamento (união estável e econômica, 
socialmente sancionada, e presumivelmente de longa duração, entre 
um homem e uma mulher). Na família nuclear tradicional, o chefe 
da família é quem concentra o poder, e os outros membros da família 
são subordinados a ele. Já a mulher possui as tarefas reprodutivas, 
como a reprodução biológica (gravidez), reprodução cotidiana (tarefas 
domésticas) e a reprodução social (socialização dos filhos. Esse 
tipo de família provém do modelo patriarcal. O modelo de família 
patriarcal é baseado na hierarquia. A figura principal é a do “pater 
famílias”, ao qual todos devem respeito e obediência. Assim, a mulher 
é subordinada ao poder do seu marido e os filhos subordinados ao 
poder do pai (PIZZI, 2012, p. 3-4).
Com a evolução e ascensão histórica da mulher na sociedade, esse tipo 
de entidade familiar com o passar do tempo foi perdendo espaço, pois a mulher 
passou a trabalhar fora para ajudar no sustento da casa e dos filhos e a dividir 
direitos e deveres na administração do lar e na educação dos descendentes. 
3.3 AS FRONTEIRAS DE COMUNICAÇÕES FAMILIARES 
A comunicação familiar é essencial para a construção e manutenção das 
relações pessoais em todas as áreas de nossas vidas, principalmente na família, 
entretanto, podem ocorrer alguns ruídos ou falhas de comunicação ocasionando 
desentendimentos e até distanciamentos: 
A partir do nosso modo de comunicação, poderemos dar vida ou 
sufocar e até matar nossos relacionamentos. Dependendo da forma 
como nos comunicamos com a nossa família, construiremos, ou não, 
pontes de cooperação, respeito e amor, que nos possibilitarão o acesso 
a uma convivência calorosa, saudável e harmoniosa (MACHADO, 
2015, s.p.).
Há aspectos da comunicação familiar que precisam ser observados e 
respeitados, já que constituem fronteiras dessa comunicação. Um deles é o uso 
excessivo da tecnologia ao invés da comunicação pessoal, pois cada vez mais 
as famílias estão se comunicando por intermédio dos computadores e telefones. 
Assim, aquela conversa em família ao redor da mesa durante as refeições foi 
substituída pela conversa por aplicativos. 
Vivemos na era da tecnologia e da comunicação. Apesar disso, 
nunca se observou tanta falta de comunicação entre as pessoas. 
Nos lares, a família passou a se comunicar mais por telefones e 
computadores. Tem sido comum, pais e filhos passarem horas em 
bate-papo virtual, disponibilizando pouco ou nenhum tempo para 
seus relacionamentos pessoais. Não são capazes de passarem cinco 
minutos numa conversa à mesa, desfrutando os benefícios desse 
encontro (MACHADO, 2015, s.p.).
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
13
 A principal fronteira de comunicação está nas famílias que possuem filhos 
na fase da adolescência, a fase natural de conflitos, inclusive internos, pois nela 
ocorre um distanciamento somado a um enfrentamento com os genitores, 
A adolescência é uma fase de emoções intensas, na qual o sujeito está 
em busca da consolidação da sua própria identidade. Como uma 
das primeiras manifestações deste processo, ocorre o afastamento da 
família de origem e um maior envolvimento com o grupo de iguais. 
Esse afastamento das figuras parentais, em muitos momentos, pode 
tomar a forma de rebeldia, mesmo quando não existem motivos 
aparentes para isso (WAGNER et al., 2002, p. 75). 
Outra fronteira de comunicação que pode ocorrer é a falta de diálogo 
no casamento, o silêncio ou o exercício da comunicação violenta, pois ela leva a 
perda da comunicação pela ruptura de laços e até ao divórcio. Depreende de tudo 
isso que é necessário haver mais proximidade na família a fim de estreitar laços, 
somente assim será construído um ambiente harmonioso.
4 CONJUGALIDADE X PARENTALIDADE 
A conjugalidade consiste na construção de vínculos afetivos entre o casal, 
fazendo brotar o um terceiro elemento à relação conjugal. 
O termo aparece como um neologismo da palavra conjugar, que dá a 
ideia de união, de ligação entre duas pessoas, sem, necessariamente, 
a existência de um contrato formal entre elas. O surgimento de 
neologismos como conjugalidade se deve, em parte, às amplas e 
profundas transformações sociais e culturais pelas quais vem passando 
a família na atualidade (DIEHL, 2002, p. 138).
Abreu (2005, p. 23) ensina acerca dos novos arranjos matrimoniais que 
eles: “fazem parte de um contexto social em reorganização”, e prossegue, “o 
casal contemporâneo depara-se com uma série de possibilidades de viver a sua 
conjugalidade, muitas delas que em nada se aproximam com o que costumamos 
chamar de casamento tradicional”.
FIGURA 3 – CONJUGALIDADE
FONTE: <https://rivigrupo.files.wordpress.com/2016/06/habilidades-sociais-e-satisfac3a7c3a3o-
conjugal-um-estudo-correlacional.jpg>. Acesso em: 6 jan. 2020.
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
14
Percebemos que, ao longo dahistória, o casal mudou seus ideais e 
percepções quanto ao relacionamento e à construção de uma família, pois a 
prioridade hoje não é somente ter descendentes, mas está na busca de satisfação 
pessoal e profissional de cada indivíduo, já que a conjugalidade implica 
na construção de uma identidade própria do casal, respeitando sempre a 
individualidade. 
 Já a parentalidade, segundo Zornig (2010, p. 454): “é um termo 
relativamente recente, que começou a ser utilizado na literatura psicanalítica 
francesa a partir dos anos 1960 para marcar a dimensão de processo e de 
construção no exercício da relação dos pais com os filhos”. E, prossegue “assim, 
não podemos restringir a parentalidade à gestação e ao nascimento de um filho, 
já que as identificações feitas na infância influenciam e determinam a forma como 
cada um de nós poderá exercitar a parentalidade”. 
Nas sociedades tradicionais as relações de aliança eram estabelecidas 
em função do patrimônio familiar, mas a partir do século XVIII, com 
o discurso iluminista e com a importância do romantismo, o amor 
entre casais e entre pais e filhos é priorizado e as alianças conjugais 
passam a ser estabelecidas com base no afeto e não mais como arranjos 
externos, que não levavam em consideração as escolhas individuais. 
O amor entre pais e filhos é fortemente marcado pela noção de 
educação e a formação das crianças torna-se um fator importante para 
o desenvolvimento de um país e garantia de uma sociedade saudável. 
Neste contexto, as relações conjugais são mantidas no espaço privado 
e dependem somente do desejo de cada um dos cônjuges. No entanto, 
quando este casal ou indivíduo decide ter filhos, o espaço público 
invade o espaço privado da conjugalidade, organizando as relações de 
parentesco e definindo as responsabilidades dos pais e do estado em 
relação às crianças (ZORNIG, 2010, p. 454). 
 
Em suma, com relação à parentalidade existem alguns aspectos a serem 
considerados no tocante ao seu exercício, à experiência adquirida com ela e à 
prática, pois estão relacionados à função, às mudanças trazidas e ao procedimento. 
4.1 DISFUNÇÕES CONJUGAIS E PARENTAIS 
As disfunções conjugais podem estar presentes em qualquer relação 
conjugal, pois os indivíduos, ao viverem em sociedade e ao se relacionarem entre 
si, estão sujeitos a vivenciarem situações conflitivas. 
Torna-se complexo dizer que existem famílias desestruturadas, visto 
que em diferentes circunstâncias ou ideais todas se estruturam de 
algum modo. Nesse sentido, acreditamos que existem funções justas e 
saudáveis que estas deveriam abraçar e que, por razões diversas, não 
o fazem. Conviver é um processo difícil, por mais que seja necessário. 
Neste trabalho de vivência conjunta, muitos saem machucados. Outros 
mais realizados, e estas diferenças nem sempre estão associadas 
às personalidades difíceis. Em grande parte, é a situação conjunta, 
contextual, intersubjetiva que explica determinados problemas, 
sendo que as personalidades são participantes nos resultados 
(CAVALCANTE, 2016, p. 1). 
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
15
O exercício de uma comunicação não violenta é capaz de evitar 
desentendimentos. Contudo, os conflitos são inerentes às relações, principalmente 
conjugais, o que leva muitos casais a procurarem o auxílio de um profissional, 
de um psicólogo, psicanalista e até mesmo de um terapeuta familiar, a fim de 
trabalhar os conflitos e melhorar a relação entre eles. 
Um terapeuta familiar tem uma função essencial que é a de trabalhar 
o conjunto de cada família facilitando o ambiente de modo a alcançar 
certo equilíbrio funcional; ajudando-o a perceber que a culminância 
relacional, munida de saberes e disposições, precisam alterar 
suas tendências de julgamento. São comuns os casos de projeção, 
racionalização, desistência e outros mecanismos de controle da dor 
para alcance de satisfações, assim como são frequentes os pontos 
corpóreos que aparecem prejudicados em função de um psiquismo 
pleno de ansiedades. Necessário se torna analisarmos e ajudarmos 
na tomada de consciência e na decisão consciente de mudanças 
(CAVALCANTE, 2016, p. 1). 
 Outro aspecto que merece ser estudado são as disfunções parentais, 
lembrando que parentalidade é uma espécie de relacionamento mais abrangente 
que a conjugalidade, pois nela temos a relação dos pais com os filhos. 
No decorrer dessa relação, poderá acontecer de os pais não conseguirem 
mais manter o relacionamento e decidirem pela separação e/ou o divórcio. Caso 
isso ocorra, em alguns casos, a Síndrome da Alienação Parental (SAP), pode 
manifestar-se como uma disfunção parental. 
 
Com o aumento do número de divórcios nos EUA na década de 70, 
começaram a surgir casos nos quais filhos apresentavam recusa em 
manter contato com o genitor não detentor da guarda. Essas crianças 
costumavam apresentar reações emocionais extremas de rejeição a 
esses genitores, o que levava o judiciário a solicitar avaliações desses 
casos. Para a compreensão da SAP e a dinâmica que a constitui, faz-
se necessário destacar o posicionamento que os membros da relação 
familiar ocupam em sua consolidação. Um dos significados para o 
termo alienar é tornar alheio, que remete ao que não pertence a alguém 
(BHONA; LOURENÇO, 2011, p. 4).
A prática desse tipo de disfunção parental ocorre comumente em sede 
de divórcio e/ou dissolução de união estável cumulada com disputa de guarda, 
ficando visível quando da realização de uma sessão de mediação familiar, em 
que um dos genitores retrata o comportamento incomum da criança ou quando 
um profissional, psicólogo ou psiquiatra, constata tal ocorrência após atender a 
mesma. 
Sua manifestação primária é a campanha da criança direcionada contra 
o genitor para denegri-lo, campanha esta sem justificativa. Isso resulta 
da combinação da “programação” (lavagem cerebral) realizada pelo 
outro genitor e da própria contribuição da criança na desqualificação 
do pai alienado. Quando o abuso e/ou negligência parental são 
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
16
presentes, a animosidade da criança pode ser justificada e então a 
explicação de síndrome de alienação parental para essa hostilidade 
não pode ser aplicada (GARDNER, 2002, p. 95).
 
Essa síndrome causa um distanciamento do alienado para com a criança, 
pois ela passa a ser manipulada emocionalmente pelo alienador por intermédio 
de informações que denigrem a imagem daquele genitor, fazendo ela esquecer 
dos aspectos positivos e da bondade daquela figura. 
5 DOS CONFLITOS GERACIONAIS 
Antes de iniciarmos a tratar acerca da conceituação dos conflitos 
geracionais, é necessário conceituar o termo geração: 
A noção de geração é marcada por uma multiplicidade de sentidos 
que remetem à amplitude que tal conceito pode assumir no âmbito 
dos estudos da área: de gerações históricas e políticas às gerações 
estritamente familiares, por exemplo. Em todos os casos, de modo 
sumário, o que define um conjunto geracional são as experiências 
comuns capazes de criar laços (profundos) entre determinados 
indivíduos que se sentem irremediavelmente ligados por um destino 
comum, o que se desdobra em uma dada forma de conceber o mundo 
e seu lugar nele (TOMIZAKI, 2018, s.p.). 
Cabe destacar que cada geração possui suas particularidades, pois com 
a crescente tecnologia há um distanciamento real dos indivíduos, o que acarreta 
também uma ruptura entre as diferentes gerações. Por conta disso, jovens e 
crianças estão cada vez mais conectados, diferentemente dos idosos, que não 
possuem tamanha facilidade para lidar com as redes sociais e as mensagens 
eletrônicas, passando então a criar um abismo entre os mais velhos e os jovens e, 
por consequência, o conflito de gerações. 
Atualmente, o surgimento de cada geração se dá a cada dez anos, “podendo 
ser classificada como tradicional: anos 1920, 1930, 1940; baby boomer: anos 1950 
e início dos anos 1960; geração X: anos 1970e início dos anos 1980; geração Y: fim 
dos anos 1980 e início dos anos 1990; geração Z: anos 2000; geração alfa: 2010” 
(LEOTO, 2014, p. 8-12). 
Dentre as características de cada geração, iniciaremos pontuando aquelas 
concernentes a primeira e segunda a serem estudadas, a geração tradicional e a 
baby boomer, nelas destacam-se:
 
Enfrentaram as duas Grandes Guerras, são extremamente dedicados 
e leais; sacrificaram-se para alcançar seus objetivos; admitem 
recompensas tardias; são práticos e formais; adaptaram-se às 
atividades rotineiras; gostam de regras e burocracias; respeitam 
hierarquias e acreditam que o dever tem que vir antes do prazer, 
acreditando que o trabalho traz dignidade ao homem. São jovens 
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
17
nascidos na época da “Explosão de Bebês”, fenômeno ocorrido nos 
Estados Unidos no final da Segunda Guerra, repetido nas guerras da 
Coreia e do Vietnã, ocasião em que os soldados voltaram para suas 
casas e conceberam filhos em uma mesma época. No Brasil, coincide 
com a época da ditadura militar, Jovem Guarda, Bossa Nova, Tropicália 
e festivais. São educados com disciplina e compromisso. São mais 
otimistas, puderam pensar na boa educação de seus filhos. Priorizam 
o trabalho, são workaholics. Valorizam a ascensão profissional. Querem 
ser reconhecidos pela sua experiência. Buscam um emprego rentável 
e estável. Hoje ocupam cargos de diretoria, gerencias, chefias nas 
empresas ou são do comércio. Veem o surgimento da tecnologia, por 
isso têm dificuldade (LEOTO, 2014, p. 8-12). 
As próximas gerações a serem estudadas são a geração X e a Y, sendo a 
primeira aquela marcada por importantes fatos históricos. 
Presenciaram fatos históricos importantes e foram marcados por 
movimentos revolucionários. No Brasil, foi o fim da ditadura militar 
e o movimento das “Diretas Já”. Autocentrados e extremamente 
independentes. Orientados às ações e resultados. Comprometidos 
com os seus objetivos. Sua vida é dirigida a novos desafios. Têm certa 
resistência à inovação. Sentem-se ameaçados diante das gerações 
mais novas, com mais energia e ideias avançadas, principalmente a 
geração Y. Primeira geração a ligar com a era da informação (LEOTO, 
2014, p. 8-12). 
 
Enquanto a geração Y, dos nascidos entre o final dos anos 1980 e o início 
dos anos 1990, é aquela que ama a tecnologia. Seus indivíduos são multitarefas, 
não suportam ser controlados, não suportam burocracias, priorizam a carreira em 
detrimento de relacionamentos amorosos e necessitam constantemente de novas 
experiências e de reconhecimento periódico. Ainda sobre eles os pertencentes à 
Geração Y, pode-se afirmar que: 
 
Tecnologicamente superiores. Consideram-se muito especiais. 
Necessitam de reconhecimento periódico. Desejam crescimento 
rápido e continuo em sua carreira. Necessitam constantemente de 
novas experiências. Fazem várias tarefas ao mesmo tempo: ouvem 
música, navegam na internet e falam ao celular. Autônomos e 
individualistas. Comunicação com frases curtas e diretas. Não abrem 
mão de seus projetos. Preferem uma liderança por equipe, horizontal 
e de inclusão. Valorizam equipes mais abertas e transparentes. São 
impulsivos, enfrentam sem medo autoridades. São fascinados por 
desafios e querem fazer tudo a sua maneira. Consideram o trabalho 
como fonte de prazer e aprendizado. Odeiam burocracias, controle e 
atividades rotineiras. Gostam de horários flexíveis e atividades mais 
informais. Priorizam mais sua carreira e profissão em vez da vida 
afetiva (LEOTO, 2014, p. 8-12). 
Já a geração Z é tida como aquela que domina a tecnologia e possui 
alguns aspectos mais ressaltados que a geração Y, por exemplo, a necessidade 
de divulgarem nas redes sociais todos os acontecimentos pessoais a todo o 
instante: 
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
18
Características semelhantes à “Geração Y”, mais acentuadas. 
Tecnologicamente mais sofisticados. Chegam a um mundo conectado, 
veloz e globalizado. Sem fronteiras geográficas, desapegados das raízes 
e aceitam mais as diferenças e minorias. Imediatistas ao extremo (fast-
food). Narcisistas com aparelhos de câmera frontal fotografam e 
filmam a sua própria imagem (selfies). Necessidade de autoexposição 
(redes sociais). Valorizam sua autoestima. Precisam ser reconhecidos. 
A vida sem “likes” ou “views” não faz sentido. Individualistas, mas 
empáticos, pois vivem em comunidades virtuais. Alienação, inércia, 
ansiedade, intolerância, atenção seletiva, resultados imediatos, 
julgamentos constantes, críticos, não perseveram e têm dificuldade de 
tomar atitude de mudança (LEOTO, 2014, p. 8-12). 
E, por último, temos a geração alfa, uma geração que já nasceu digital, 
formada pelos filhos da geração Y/millenials: 
A geração alfa – formada pelos filhos dos millennials – neste aspecto. 
Ela será a primeira geração para qual muitos aspectos do mundo 
analógico parecem bem distantes de sua realidade. O mundo ao redor 
dos alfas, começando por seus pais, está constantemente conectado a 
celulares e à internet. A tecnologia é uma extensão de sua forma de 
conhecer o mundo. E, se sua característica principal é seu domínio do 
mundo digital (SALEK, 2019, s.p.).
Contudo, a convivência de gerações diferentes e ao mesmo tempo tão 
próximas em algum dado momento fará aflorar divergências, ocasionando 
alguns conflitos geracionais, os quais necessitarão ser resolvidos, pois essas crises 
familiares precisarão ser superadas.
Para isso, as diferentes gerações precisam aprender a aproveitar seus 
pontos convergentes e divergentes, a fim de se auxiliarem mutuamente, pois 
os jovens possuem o domínio de muita informação, mas pouca experiência de 
vida, enquanto os mais idosos detêm sabedoria por causa de suas vivências 
e experiências pessoais e, por outro lado, precisam de ajuda para poder lidar 
melhor com alguns aspectos tecnológicos. 
19
Neste tópico, você aprendeu que:
• A história social e cultural da família teve início de modo tradicional no período 
do Brasil Colonial. Nela, poderia ser visto a presença do pátrio poder exercido 
pelo patriarca perante esposa e filhos, sendo o objetivo dela procriação, mas 
guardava também funções religiosas e políticas. Esse era o retrato da família 
patriarcal. 
• Outras espécies de família foram surgindo e merecem destaque, tais como: união 
estável ou informal, família homoafetiva, paralelas ou simultâneas, família 
poliafetiva, família monoparental, família parental ou anaparental, família 
composta, pluriparental ou mosaico, família natural, extensa ou ampliada, 
família substituta e família eudemonista. Por fim, é possível constatar que a 
família já passou por inúmeras mudanças conceituais e estruturais, contudo 
alguns requisitos não poderão deixar de estar presentes: a afetividade e o 
respeito. 
• O ciclo vital familiar tem quatro fases: a fase de aquisição, a fase adolescente, a 
fase madura e a fase última. 
• A família de origem é tida como aquela da qual advém um dos cônjuges, 
que irá formar após o casamento com outrem uma outra espécie de família 
denominada família nuclear. Outra espécie de família objeto de estudo é a 
família nuclear, historicamente, nesse tipo de família, a mulher é tida como 
aquela figura encarregada de cuidar do lar e dos filhos. 
• A comunicação familiar é essencial para a construção e manutenção das 
relações pessoais em todas as áreas de nossas vidas, principalmente na 
família. Entretanto, podem ocorrer alguns ruídos ou falhas de comunicação, 
ocasionando desentendimentos e até distanciamentos. 
• A conjugalidade consiste na construção de vínculos afetivos entre o casal, 
fazendo brotar um terceiro elemento à relação conjugal. Já a parentalidade 
trata-se da construção da relação entre pais e filhos. 
• As disfunções conjugais podem estar presentes em qualquer relação conjugal, 
pois os indivíduos, ao viverem em sociedade e ao se relacionarem entre si, 
estão sujeitos a vivenciarsituações conflitivas. 
• No decorrer dessa relação poderá acontecer de os pais não conseguirem mais 
manter o relacionamento e decidirem pela separação e/ou o divórcio. Caso 
isso ocorra, em alguns casos, a Síndrome da Alienação Parental (SAP) pode 
manifestar-se como uma disfunção parental. 
RESUMO DO TÓPICO 1
20
• A prática desse tipo de disfunção parental ocorre comumente em sede de 
divórcio e/ou dissolução de união estável cumulada com disputa de guarda, 
ficando visível quando da realização de uma sessão de mediação familiar, 
em que um dos genitores retrata o comportamento incomum da criança ou 
quando um profissional, psicólogo ou psiquiatra, constata tal ocorrência após 
atendê-la. 
• No que concerne aos conflitos geracionais, a convivência de gerações diferentes 
e ao mesmo tempo tão próximas fará aflorar divergências, ocasionando alguns 
conflitos geracionais, os quais necessitarão serem resolvidos, pois essas crises 
familiares precisarão ser superadas.
• As diferentes gerações precisam aprender a aproveitar seus pontos convergentes 
e divergentes a fim de se auxiliarem mutuamente, pois os jovens possuem 
o domínio de muita informação, mas pouca experiência de vida, enquanto 
os mais idosos detêm sabedoria por causa de suas vivências e experiências 
pessoais e, por outro lado, precisam de ajuda para poderem lidar melhor com 
alguns aspectos tecnológicos. 
21
1 (INEP, 2015 – ENADE – DIREITO) A partir das informações presentes no 
gráfico a seguir e considerando o disposto na Lei nº 13.140/2015, avalie as 
afirmações a seguir:
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/600241>. 
Acesso em: 6 jan. 2020. 
AUTOATIVIDADE
FONTE: <https://ogimg.infoglobo.com.br/in/16827583-e60-2c0/FT1086A/652/grafico-pais.
jpg>. Acesso em: 6 jan. 2020.
Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias 
entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da 
administração pública.
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por 
terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, 
as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a 
controvérsia.
Art. 46. A mediação poderá ser feita pela internet ou por outro meio de 
comunicação que permita a transação à distância, desde que as partes estejam 
de acordo.
FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm>. Acesso 
em: 6 jan. 2020.
22
I- O crescimento do estoque de processos pendentes no Poder Judiciário 
decorre de sua constante queda de produtividade.
II- A elevação anual de casos novos no sistema judicial brasileiro é uma 
das justificativas para o incentivo a meios alternativos de solução de 
controvérsias, a exemplo do previsto na referida lei.
III- O parágrafo único do art. 1º dessa lei inclui no conceito de mediação a 
atividade de julgamento realizada por juízes de primeira instância.
IV- Os particulares que desejarem recorrer à mediação para resolução de 
conflitos referentes ao direito patrimonial disponível poderão fazê-lo por 
meio de aplicativos de telefone celular, fórum digital ou rede social.
É CORRETO apenas o que se afirma em: 
a) ( ) I.
b) ( ) II.
c) ( ) I e III.
d) ( ) II e IV.
e) ( ) III e IV. 
2 (FCC, 2011 – TRT – 23º REGIÃO (MT) Na mediação transformativa, a 
atenção do mediador se concentra nas necessidades dos disputantes e em 
sua relação. Os mediadores facilitam um processo pelo qual os próprios 
disputantes determinam o rumo e o resultado da: 
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/059ab3a2-87>. 
Acesso em: 6 jan. 2020.
a) ( ) Lide e investem em obrigatoriamente obter um acordo, já que este é o 
objetivo primeiro do processo. 
b) ( ) Mediação, não importando se isto acabará levando a um acordo ou não.
c) ( ) Disputa, em que quem tiver a opção mais aplicável ganhará prioridade 
no acordo urgente. 
d) ( ) Solução, sendo que não é objetivo, neste momento, desenvolver a 
consciência social de que conflito e resultados precisam ser em consenso. 
e) ( ) Resolução do conflito, sem que se precise considerar que cada um tem 
seus motivos, pois o que importa é a assunção de um encaminhamento 
transformativo.
3 (FCC, 2014 – TRF – 3º REGIÃO) Dentre os métodos alternativos de resolução 
de conflitos estão a conciliação e a mediação. Uma diferença entre ambos é 
que a conciliação: 
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/f88f011f-10>. Acesso 
em: 6 jan. 2020.
23
a) ( ) Visa ao acordo para dar evolução à demanda, caminhando para as 
sessões de conciliação seguintes.
b) ( ) Não pode ser muito rápida, pois requer o conhecimento da inter-relação 
das partes em conflito.
c) ( ) Depende de que o conciliador nunca apresente sugestões, para não 
influenciar as partes no acordo.
d) ( ) Conta com a habilidade do conciliador em apresentar sugestões 
impositivas ou vinculativas.
e) ( ) Busca um acordo de forma imediata para pôr fim à controvérsia ou ao 
processo judicial.
4 (FUNIVERSA, 2016 – IF-AP) Os programas de educação para a resolução 
de conflitos mostram aos alunos a dinâmica do poder e providenciam uma 
compreensão básica acerca da natureza do conflito e do papel da cultura na 
forma de resolvê-los. No que diz respeito a esse tema, assinale a alternativa 
CORRETA. 
a) ( ) A criação de ambientes de aprendizagem seguros implica no aumento 
do número de suspensões e acarreta maior evasão escolar. 
b) ( ) O desenvolvimento pessoal e social dos alunos inclui a aprendizagem 
de competências de resolução de problemas, o treino das aptidões 
para reconhecer e lidar com as emoções, a identificação e a redução 
das orientações agressivas e das atribuições hostis e a utilização de 
estratégias construtivas em casos de conflito nas escolas e no contexto 
familiar e comunitário. 
c) ( ) A promoção de ambientes de aprendizagem construtivos consiste no 
aumento do rendimento dos alunos, sem preocupação com a disciplina. 
d) ( ) É de responsabilidade exclusiva do professor o trabalho de implementação 
da mediação escolar, de modo a desenvolver um conjunto de ações que 
permitam solucionar os conflitos entre os alunos pacificamente. 
e) ( ) O processo de mediação de conflitos escolares deve ser público para 
que os demais alunos possam aprender por meio do exemplo, cabendo 
ao docente apresentar as soluções para cada caso.
5 (FUNDEP, 2010 – TJ-MG) Analise as seguintes afirmativas concernentes à 
relação entre a família, as crianças e adolescentes e o discurso jurídico.
I- Na literatura especializada sobre o tema das disputas familiares, pode-se 
encontrar, frequentemente, a ênfase na importância dos casais conseguirem 
diferenciar conjugalidade e parentalidade no processo de separação 
conjugal para diminuir o risco de que as crianças e adolescentes envolvidos 
sofram demasiadamente.
II- Mesmo nos casos de violência doméstica contra a criança e ao adolescente, 
é importante adotar as medidas de proteção que visem ao fortalecimento 
dos vínculos familiares, como preconiza o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (Lei 8.069 e alterações posteriores) e como recomenda a 
literatura especializada, pois a família não deixa de ser o melhor ambiente 
para o desenvolvimento infantojuvenil.
24
III- Sabe-se que fatores como a estruturação familiar e a condição socioeconômica 
estão entre os determinantes dos comportamentos dos adolescentes 
autores de ato infracional. Contudo, os psicanalistas que abordam esses 
adolescentes defendem que é necessária também, a implicação de cada 
sujeito no ato cometido e nas suas consequências para que uma mudança 
de posição subjetiva possa abrir a possibilidade da não reincidência.
A partir dessa análise, pode-se concluir que estão CORRETAS: 
a) ( ) Apenas as afirmativas I e II. 
b) ( ) Apenas as afirmativas I e III. 
c) ( ) Apenas asafirmativas II e III. 
d) ( ) Todas as afirmativas.
25
TÓPICO 2
A MEDIAÇÃO E A RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS EM 
ÂMBITO FAMILIAR
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você irá aprender sobre a mediação e a resolução dos conflitos 
em âmbito familiar. Para isso, é necessário estudar acerca da evolução da mediação 
familiar no Brasil e no mundo, tratando do divórcio e do instituto recasamento. 
O mediador precisa compreender os institutos do Direito de Família, abordando 
o eixo matrimonial: casamento, habilitação, celebração, impedimentos, provas, 
nulidade e anulação e efeitos, o regime de bens no matrimônio, a dissolução 
da sociedade conjugal, o reconhecimento de filhos, alimentos e adoção, tutela e 
curatela. 
2 EVOLUÇÃO DA MEDIAÇÃO FAMILIAR NO BRASIL E NO 
MUNDO 
Diferentemente da mediação tradicional, a mediação familiar no Brasil 
teve início mais tarde, somente por volta de 1990, com influências francesas e 
argentinas, mas seguindo o modelo americano: 
Porém, a mediação familiar começou a ser introduzida apenas na 
década de 1990 e seguia as vertentes argentina e francesa, sendo 
que a primeira seguia o modelo Norte Americano, privilegiando a 
negociação; e a última que foi inserida no Código de Processo Civil 
do país, passando, portanto, a ser inserida no ordenamento jurídico 
pátrio.Com o advento do Novo Código de Processo Civil de 2015 
é notável que o mesmo valoriza sobremaneira a adoção de meios 
consensuais e pode colaborar decisivamente para o desenvolvimento 
de sua prática entre as pessoas, principalmente por fazer menção à 
mediação em várias oportunidades ao longo dos seus dispositivos, 
o que não tinha sido feito em nenhum código anterior. Entretanto, o 
mesmo só entrou em vigor em 18 de março de 2016, o que causou 
alguns conflitos em relação à Lei de Mediação (Lei nº 13.140), que foi 
publicada em 26 de junho de 2015 (LIMA, 2017, p. 24).
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
26
Os registros acerca da utilização das técnicas de mediação familiar pelo 
mundo são imprecisos, entretanto, há registros históricos de sua aplicabilidade 
em países como Grécia, Índia, China e Japão. 
A mediação sempre foi um instrumento utilizado para solucionar os 
conflitos existentes nas sociedades. Entretanto, é importante ressaltar 
que somente a partir do século XX é que a mediação passa a ser um 
sistema estruturado e, desde então, largamente institucionalizada por 
diversos países, tais como: França, Inglaterra, Irlanda, Japão, Noruega, 
Bélgica, Alemanha, dentre outros (LIMA, 2017, p. 24). 
Em suma, percebemos que em todos esses países nos quais a mediação 
foi e ainda é utilizada o objetivo maior é o de promover o diálogo entre as partes 
envolvidas no litígio. Para isso, o mediador precisa, além de conhecer e dominar 
as técnicas adequadas, saber aplicar a norma. 
3 O DIVÓRCIO E O RECASAMENTO 
FIGURA 4 – O DIVÓRCIO
FONTE: <https://direitodiario.com.br/wp-content/uploads/2017/01/o-divrcio-lio-07-para-ebd-1-
638-600x450.jpg>. Acesso em: 6 jan. 2020.
A partir do momento em que um casamento não pode mais prosseguir, 
as partes, ou seja, os cônjuges, decidem desfazer a sociedade conjugal partindo 
para o divórcio. O divórcio no Brasil não se trata de um instituto recente, pois 
conta com mais de 41 anos. Em 1977, com a Emenda Constitucional do Divórcio 
(EC 9/1977) e a Lei do Divórcio (Lei 6.515/1977), esse instituto passou a fazer parte 
do ordenamento jurídico brasileiro. No Código Civil brasileiro e na Emenda 
Constitucional n. 66/2010 também encontramos dispositivos legais acerca do 
tema. 
 
A EC 9/1977 trouxe nova redação ao § 1º do artigo 175 da Constituição 
Federal e a posterior aprovação da Lei do Divórcio. 
TÓPICO 2 | A MEDIAÇÃO E A RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS EM ÂMBITO FAMILIAR
27
Art. 1º O § 1º do artigo 175 da Constituição Federal passa a vigorar 
com a seguinte redação:
"Art. 175 - § 1º - O casamento somente poderá ser dissolvido, nos casos 
expressos em lei, desde que haja prévia separação judicial por mais de 
três anos".
 Art. 2º A separação, de que trata o § 1º do artigo 175 da Constituição, 
poderá ser de fato, devidamente comprovada em Juízo, e pelo prazo 
de cinco anos, se for anterior à data desta emenda (BRASIL, 1977, s.p.). 
Outro dispositivo legal importante de ressaltar é a Lei 6.515/1977, a qual 
regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos 
e respectivos processos, tendo como artigo mais pertinente o artigo 2º, inciso IV e 
o § único, que versa a respeito das causas que dissolvem a sociedade conjugal e o 
casamento: “Art. 2º - A Sociedade Conjugal termina: IV- pelo divórcio. Parágrafo 
único - O casamento válido somente se dissolve pela morte de um dos cônjuges 
ou pelo divórcio” (BRASIL, 1977, s.p.). 
O Código Civil brasileiro trouxe no capítulo X, da dissolução da sociedade 
e do vínculo conjugal, no artigo 1.571, IV e § único: “Art. 1.571. A sociedade conjugal 
termina: IV- pelo divórcio. § 1º O casamento válido só se dissolve pela morte de 
um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste 
Código quanto ao ausente” (BRASIL, 2002, s.p.). 
O texto da Emenda Constitucional (EC 66/2010), a qual trouxe nova redação 
ao § 6º do artigo 226 da Constituição Federal, dispondo sobre a dissolução do 
casamento civil pelo divórcio, suprimiu o requisito de prévia separação judicial 
por mais de um ano ou de comprovada separação de fato por mais de dois anos e 
facilitou sua realização: “as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, 
nos termos do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao 
texto Constitucional: Art. 1º O § 6º do art. 226 da Constituição Federal passa a 
vigorar com a seguinte redação: § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo 
divórcio" (BRASIL, 2010). 
A palavra “divórcio” vem do latim divortium, que quer dizer 
"separação", que por sua vez é derivada de divertere, que significa 
"tomar caminhos opostos, afastar-se". E prossegue, o nesse contexto 
de significações, entende-se o divórcio como um processo que ocorre 
no ciclo vital da família, desafiando sua estrutura e sua dinâmica 
relacional, a estrutura se altera com a dissolução da conjugalidade, 
embora a família, enquanto organização, se mantenha (CANO et al., 
2009, p. 2). 
Ocorre que, em alguns casos, após passar pelo divórcio, tanto o homem 
quanto a mulher decidiram partir para um novo relacionamento e, em muitos 
casos, pelo recasamento.
A palavra recasamento está longe de ser a melhor expressão para designar 
essa nova união, haja vista que o uso do prefixo "re" traz a ideia de repetição, de 
reformulação e de recriação, o que, por sua vez, nos remete a pensar em remendo 
UNIDADE 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS DA FAMÍLIA
28
e reconstituição, trazendo uma conotação negativa, como se antes existisse uma 
união mais original ou verdadeira. Entretanto, diferentemente da primeira união, 
a família recasada encontra outros desafios que envolvem os sistemas familiares. 
Apresentam-se questões relacionadas à associação dos membros, ou seja, à 
ponderação sobre quem faz ou não parte dessa família. Ademais, há variações 
nos aspectos de autoridade dos pais em frente aos filhos, isto é, sobre qual é o 
espaço de cada um na família (CANO et al., 2009, p. 3-4). 
Em suma, quando ocorre um divórcio e, posteriormente, um novo 
casamento, existem alguns elementos presentes nesse novo rearranjo familiar, tais 
como: o processo de divórcio, o fato de um dos cônjuges desse recasamento ainda 
não ter sido casado, a família que foi anteriormente formada e a nova família e o 
espaço de tempo entre os casamentos.
4 O DIREITO DE FAMÍLIA 
O Direito de Família é um ramo do Direito privado, pertencente ao 
Direito Civil e estuda as relações pessoais oriundas, por exemplo, das relações de 
parentesco, filiação, casamento, alimentos e demais: 
sendo o ramo do Direito Civil que tem como conteúdo o estudo 
dos seguintes Institutos jurídicos: a) casamento;

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