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1 2A Ortografia Oficial (3) Português 05 Aula Acentuação gráfica Também estamos, aqui, num caso de ortografia oficial, ou seja, a correta escrita das palavras na língua portuguesa contemporânea. Vamos conhecer quais os princípios que prescrevem o acento em algumas palavras e o proíbem em outras. Mas, antes de mais nada, surge a pergunta: Por que acentuamos algumas palavras e outras não? Algumas línguas não possuem acento algum em palavras, como o inglês. Já em outras, o uso do acento é bem recorrente, como no francês. Na língua portuguesa, acentuamos algumas palavras, basicamente, por 3 motivos, que enumeramos a seguir: 1. Para distinção de significados, desfazendo eventuais ambiguidades Em algumas palavras da língua portuguesa, se mudarmos a posição da sílaba tônica, poderemos ter uma mudança de significado. E os acentos seriam os marcadores de tal mudança, buscando desfazer prováveis ambiguidades. Assim, a acentuação contribui para a clareza do texto. Eis alguns exemplos: (1) Ele sabia que sua avó era uma mulher sábia. (2) Ele não bebe mais como antes, pois agora tem um bebê para cuidar. (3) Tiveram de reformar o forro da casa noturna, pois o som do forró a noite inteira incomodava os vizinhos. (4) Seus pais vieram de outro país. 2. Marcação da correta pronúncia Também podemos usar a acentuação gráfica para indicarmos, com o acento, a sílaba tônica de uma palavra e, assim, estabelecermos a correta pronúncia. Exemplos: jacaré, tórax, âmbito, próximo, antítese, entre outras. 3. Tradição na língua Como a língua portuguesa apresenta sinais em algumas palavras desde o seu surgimento, em fins do século 12, tal uso foi se mantendo, ao longo dos séculos, ao longo das reformas ortográficas. Por mais que, vez ou outra, surjam especialistas propondo a extinção dos acentos, nossa língua portuguesa se mantém firme no uso de sinais diacríticos (o nome mais “elegante” para acentos) em algumas palavras, conforme as regras que conheceremos a seguir. Acentos por tonicidade As principais regras de acentuação gráfica se estabelecem em virtude da tonicidade dos vocábulos, que podem se classificar em: monossílabos tônicos, oxítonos, paroxítonos ou proparoxítonos. Vamos relembrar: 2 Extensivo Terceirão MONOSSÍLABOS TÔNICOS OXÍTONOS PAROXÍTONOS PROPAROXÍTONOS A palavra possui 1 só sílaba A palavra possui duas ou mais sílabas Única sílaba: sílaba tônica A tônica: última A tônica: penúltima A tônica: antepenúltima COM ACENTO chá, dá, já, lá, má, pá, vá crê, dê, fé, lê, mês, três, vê cós, dó, nó, nós, pó, só, sós guaraná, Pará, virás, xará, amém, café, dendê, picolé, avô, complô, faraó, pivô âmbar, biquíni, córtex, difícil, elétron, fórum, hífen, órgão, nível, tríceps, vírus âmago, benemérito, cândido, daltônico, excêntrico, fático, homérico, idílico, júbilo SEM ACENTO bem, bis, gim, li, mau, mim, nem, nu, quis, ti, tris, vi, vim, zum anis, assim, azul, babaçu, beiral, capim, jabuti, jardim, juiz, imperatriz, urubu arara, banda, corpo, dados, elefante, fama, guirlanda, homem, indiscreto, jaula não existem! Observando a tabela anterior, percebemos que algumas palavras possuem acento, mas outras não. Por quê? Vamos conhecer, então, as regras que determinam o acento em algumas palavras, levando em consideração a tonicidade. 1. Regra dos monossílabos tônicos Acentuamos os monossílabos tônicos terminados em A(S), E(S) e O(S). Exemplos: • A(S): ás, cá, chá, dá, dás, dá-lo, dá-los, fá, gás, há, hás, já, lá, má, más, pá, pás, tá, vá, vás, xá, zás • E(S): dê, dês, é, és, fé, lê, lês, mês, pé, pés, ré, rés, rês, tê-la, tê-las, vê, vês • O(S): cós, dó, nó, nós, pó, pós, pôs, pô-lo, pô-los, só, sós, vó, vós, vô • ENS: absténs, advéns, aténs, armazéns, conténs, convéns, desavéns, haréns, intervéns, nenéns, obténs, parabéns, poréns, reféns, sobrevéns, vaivéns, vinténs • O(S): alô, após, avô, avó, avós, bangalô, bisavó, bre- chó, capô, cipó, curió, camelô, complô, compôs, dominó, esquimós, forró, judô, Maceió, igapó, paletó, pivô, platô, propô-lo, robô, Tapajós, tataravó, trenó, tricô 3. Regra dos paroxítonos Os vocábulos paroxítonos são os mais abundantes na língua portuguesa e, consequentemente, os mais utilizados. Logo, acentuamos apenas os de ocorrência mais rara. Assim, acentuamos os vocábulos paroxítonos terminados em L, N, R, X, PS, I(S), US, UM, UNS, OM, ON, ONS, SÍLABA COM TIL e DITONGO ORAL. Exemplos: • I(S): biquíni, biquínis, cáqui, cútis, íris, júri, júris, lápis, oásis, pênis, táxi, táxis, tênis • L: afável, ágil, amável, biodegradável, comestível, contábil, deplorável, difícil, dócil, estável, fácil, físsil, fóssil, frágil, fútil, hábil, incrível, intolerá- vel, lamentável, míssil, nível, palpável, réptil, túnel, útil, venerável, viável • N: abdômen, ânion, cátion, cólon, Éden, elétron, fitoplâncton, gérmen, hífen, hímen, líquen, nêutron, Órion, plâncton, pólen, próton, sêmen • OM: iândom, rádom • ONS: ânions, cátions, elétrons, nêutrons, plânctons, prótons • PS: bíceps, fórceps, tríceps, Quéops • R: âmbar, açúcar, cadáver, câncer, cárter, caráter, César, destróier, díspar, dólar, esfíncter, éter, fê- mur, gângster, ímpar, líder, mártir, nácar, néctar, pôquer, pulôver, repórter, revólver, suéter, zíper • US: ânus, bônus, húmus, lótus, tônus, Vênus, vírus • UM/UNS: álbum, álbuns, fórum, fóruns, médium, médiuns 2. Regra dos oxítonos Acentuamos os vocábulos oxítonos terminados em A(S), E(S), EM, ENS e O(S). Exemplos: • A(S): alvará, atrás, babá, cajá, comprá-lo, crachás, dará, erguerás, farás, gagá, Goiás, irá, Jeová, maná, olá, Pará, Paraná, piá, reterás, quiçá, satanás, sofás, subirá, tamanduás, verás, xará • E(S): através, bebê, brevê, burguês, cabaré, cachê, chalé, chinês, clichê, dendê, dinamarquês, dossiê, erguê-lo, filé, freguês, gaulês, guichê, inglês, jacaré, laquê, movê-lo, nenê, oboé, purê, relê, revés, turnê, você • EM: além, alguém, além, amém, aquém, armazém, Belém, contém, convém, harém, intervém, Jerusalém, neném, ninguém, porém, refém, retém, sobrevém, também, vaivém, vintém Observações Para palavras com hífen (como dá-lo, tê-la, pô-lo, entre outras), o que vem após o hífen é uma outra pa- lavra. No caso, as formas lo, la, los, las NÃO recebem acento porque são monossílabos átonos (fracos). Aula 05 3Português 2A • X: córtex, fênix, látex, ônix, sílex, tórax, xérox • SÍLABA COM TIL: bênção, ímã, órfã, órfãos, órgão, órgãos • DITONGO ORAL: Amazônia, benefício, blasfêmia, clamídia, colônia, comédia, espécie, espécies, fáceis, fêmea, gêmeo, gênio, história, homicídio, irrisório, léguas, mágoa, média, mídia, míngua, perfídia, pônei, pôneis, prioritário, rádio, régua, série, séries, tragédia, tênue, tênues, trégua 4. Proparoxítonos Acentuamos todos os vocábulos proparoxítonos. Exemplos: • aeronáutica, acadêmico, âmago, bélico, catastró- fico, diâmetro, ênfase, esférico, fatídico, frigorífico, gástrico, genérico, hábito, ilógico, jurídico, lâmina, maléfico, marítimo, matemática, metástase, mú- sica, narcótico, óbito, pântano, péssimo, quântico, ridículo, quentíssimo, retrógrado, ridículo, sábado, triângulo, trópico, último, válido Casos especiais de acentuação Há 5 casos especiais de acentuação, que passaremos a conhecê-los agora. 1. Vogais repetidas; em especial, E – E / O – O No caso de hiato com vogais repetidas, não haverá acento. São poucos os vocábulos que apresentam tal construção. Exemplos: • saara, xiita, sucuuba (planta) Agora, de acordo com o Novo Acordo Ortográfico, de 2008, fica abolido o acento circunflexo em todas as pala- vras com a sequência E – E, E – EM, O – O e O – OS. Logo, os seguintes vocábulos passam a ser escritos assim: • aperfeiçoo, creem, deem, descreem, enjoo, enjoos, leem, magoo, releem, sobrevoo, sobrevoos, veem (do verbo “ver”), voo, voos 2. Hiatos terminados em I ou U (tônicos) Para que sejam acentuados, o I ou o U devem: a) ser as segundas vogais do hiato. Exemplos: baú,caí- mos, miúdo, reúne, ruína, saída, saúde, saúva, viúva. b) estar sozinhos na sílaba ou acompanhados da consoan- te S. Exemplos: faísca, juíza, juízes, reúso. c) não ser seguidos de NH. Exemplo: rainha, moinho, tainha. 3. Ditongos abertos em monossíla- bos tônicos e oxítonas Neste caso, recebem acento os ditongos abertos ÉI(S), ÉU(S), ÓI(S). Exemplos: • ÉI(S): aluguéis, anéis, bacharéis, bordéis, carrosséis, coronéis, cruéis, decibéis, fiéis, hotéis, infiéis, menestréis, motéis, painéis, papéis, pastéis, pincéis, quartéis, réis, tonéis • ÓI(S): anzóis, caracóis, condói, constrói, corrói, destrói, dói, espanhóis, faróis, girassóis, herói, heróis, lençóis, mói, Niterói, reconstrói, remói, rói, rouxinóis, sóis • ÉU(S): céu, céus, chapéu, chapéus, ilhéu, ilhéus, escarcéu, réu, réus, véu, véus 4. Ditongos abertos EI e OI em paro- xítonos De acordo com o Novo Acordo Ortográfico, de 2008, fica abolido o acento nos ditongos abertos EI e OI em pa- roxítonos. Logo, os vocábulos passam a ser escritos assim: • EI: apneia, assembleia, ateia, azaleia, boleia, Cananeia, cefaleia, colmeia, diarreia, dispneia, epopeia, europeia, geleia, gonorreia, ideia, lampreia, mesogleia, moreia, odisseia, plateia, traqueia, ureia, verborreia • OI: alcaloide, asteroide, boia, cenozoico, corticoide, cossenoide, debiloide, dicroico, esfenoide, es- permatozoide, estoico, geoide, heroico, jiboia, joia, mesozoico, paranoia, paranoico, senoide, tifoide, tramoia 5. Acentos diferenciais Dois casos a serem observados, ao se observar o Novo Acordo Ortográfico, de 2008: a) Acentos mantidos Foram mantidos os seguintes acentos: • Verbos ter, vir e derivados, no plural: têm, mantêm, entretêm, detêm, obtêm, retêm, vêm, intervêm, convêm; • O verbo pôr, no infinitivo, diferenciando-se da preposição por; • A forma verbal pôde (pretérito perfeito do indi- cativo), diferenciando-se da forma verbal pode (presente do indicativo); Observação A regra também se aplica às formas verbais conju- gadas com os pronomes -lo, -la, -los, -las. Exemplos: atraí-lo, destituí-los, possuí-la, concluí-las. 4 Extensivo Terceirão b) Acentos abolidos Foram abolidos os seguintes acentos das seguintes palavras: • A forma verbal para (verbo parar): grafia idêntica à preposição para; • O substantivo polo (extremidade): grafia idêntica ao substantivo polo (frango); • A forma verbal pelo (do verbo pelar), o substanti- vo e forma verbal pela(s) e o substantivo pelo(s) que tinham acento para diferenciar de seus homônimos. • O substantivo pera (fruta): grafia idêntica à pre- posição pera (já em desuso). Casos complementares de ortografia Vamos ver mais alguns casos de Ortografia Oficial, já não tão cobrados em testes objetivos de vestibular, mas necessários à escrita no dia a dia. Uso de maiúsculas e minúsculas De modo didático, os casos ficam dispostos assim: 1. Uso de inicial maiúscula Emprega-se a letra inicial maiúscula nos seguintes casos: a) Início de frases e de citações diretas. Exemplos: (5) Sempre é necessário trabalhar com paixão. Tudo possui mais significado assim. (6) Já dizia Vicent Van Gogh: “O homem é só um hóspede na terra; sua vida, uma viagem limita- da pelas tormentas”. b) Nomes próprios e apelidos. Exemplos: Adão, Buda, Clarice Lispector, Deus, Ernest Hemingway, Ferreira Gullar, Guga, Immanuel Kant, Jesus Cristo, Kaká, Lygia Fagundes Telles, Maomé, Nina Simone, Pelé, Quincas Borba, Riobaldo, Saci Pererê, Tom Jobim, Ursula Andrews, Vadico, Walt Disney, Xerazade, Yuri Gagarin, Zeus c) Nomes de lugares. Exemplos: América do Sul, Brasil, Canadá, Diamantina, Estados Unidos, Farol de Santa Marta, Guarapari, Irlanda, Júpiter, Kuwait, Lua (pla- neta), Macondo, Nárnia, Salamanca, Ponta Grossa, Quatro Barras, Romênia, Suécia, Terra (planeta), Umuarama, Veneza, Witmarsun, Xanxerê, Zâmbia d) Nomes de instituições. Exemplos: (7) Com o dinheiro das palestras, ele pôde ajudar as seguintes instituições: Hospital Erasto Gaertner, Associação Reviver Down e Lar Batista Esperança. e) Nomes de épocas históricas, fatos históricos e movimentos (estéticos, filosóficos, literários, entre outros). Exemplos: (8) O Renascimento é posterior à Idade Média. (9) Há dezenas de filmes muito bons sobre a Se- gunda Guerra Mundial. (10) José de Alencar e Gonçalves Dias foram os autores mais representativos do Romantismo brasileiro. (11) O Protestantismo provocou grandes mudanças na Europa, no século 16. f) Nomes de festas, ocasiões especiais e afins. Exemplos: Natal, Páscoa, Ação de Graças, entre outras. g) Nomes de publicações periódicas e de documen- tos oficiais. Exemplos: (12) A reportagem foi publicada no Estado de S. Paulo e na Crusoé. (13) As regras que estudamos nas últimas aulas foram delimitadas pelo Decreto nº. 6.583, de 29 de setembro de 2008. 2. Uso de inicial minúscula Emprega-se a letra inicial minúscula nos seguintes casos: a) Em vocábulos pertencentes a todas as classes gramaticais nos usos correntes. Exemplo: (14) Nesta frase, apenas a primeira palavra foi escri- ta com inicial maiúscula, por se tratar de início de período. b) Dias da semana, meses e estações do ano. Exem- plos: segunda, terça-feira, quarta, sexta, sábado, domingo, janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, primavera, verão, outono, inverno. c) Pontos cardeais e nomes de acidentes geográficos. Exemplos: (15) Há lindas paisagens a serem exploradas no Brasil, de norte a sul, de leste a oeste, como: o rio Amazonas, o pico Marumbi, a baía de Guaraqueçaba, o sertão de Pernambuco. 3. Uso facultativo de maiúsculas e minúsculas Emprega-se a letra inicial minúscula nos seguintes casos: a) Títulos de publicações, como livros, textos, discos, nomes de peças musicais, entre outros. Neste caso, é muito comum que haja mais de uma palavra no título. Logo, surgem duas possibilidades de grafia: Aula 05 5Português 2A a1) Colocar todas as iniciais em maiúsculo, com ex- ceção dos monossílabos átonos e preposições tônicas; ou a2) Grafar apenas a primeira em maiúsculo e as outras iniciais em minúsculo (exceção para nomes próprios). Exemplos: (16) Thomas Mann publicou em 1924 um livro genial, intitulado A montanha mágica. / Tho- mas Mann publicou em 1924 um livro genial, intitulado A Montanha Mágica. (17) O Realismo tem início no Brasil, em 1881, com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. / O Realismo tem início no Brasil, em 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. (18) A dupla Tom Jobim e Vinícius de Moraes com- pôs preciosidades como Garota de Ipanema, A felicidade e Chega de saudade. / A dupla Tom Jobim e Vinícius de Moraes compôs preciosidades como Garota de Ipanema, A Felicidade e Chega de Saudade. b) Formas de tratamento, usadas para autoridades ou nomes sagrados. Exemplos: (19) Desconheço as provas apresentadas pela defesa, Meritíssimo. / Desconheço as provas apresentadas pela defesa, meritíssimo. (20) Euricão era muito apegado a Santo Antônio. / Euricão era muito apegado a santo Antônio. c) Áreas que designam domínios do saber, como: Li- teratura / literatura, Pintura / pintura, Língua Portu- guesa / língua portuguesa, História da Arte / história da arte, Direito Penal / direito penal, Medicina Legal / medicina legal. d) Nomes comuns que acompanham o nome próprio de logradouros públicos, como: Praça do Expedicio- nário / praça do Expedicionário, Rua Arthur Bettes / rua Arthur Bettes, Avenida Vavá Rodrigues / avenida Vavá Rodrigues, Travessa Beto Ribeiro / travessa Beto Ribeiro. Uso do hífen Este pequeno traço horizontal, aplicado na altura média das letras (-) e confundido constantemente com o travessão (–) ou o underline (_), é usado para unir certas palavras, de acordo com regras nem um pouco claras ou totalmente abrangentes. Traduzindo: seu uso é complexo. O último Acordo Ortográfico procurou simplificare tornar mais prático o uso do hífen. Na prática, houve, sim, alguns avanços, mas o assunto ainda é bastante controverso, em virtude das exceções consagradas pelo uso e de várias particularidades. Em matéria de vestibular, algumas questões objetivas ainda cobram alguns casos do uso correto do hífen. Na es- crita, também devemos fazer o uso correto. Agora, tal uso correto deve vir muito mais de uma constante consulta ao VOLP e aos dicionários do que uma mera, inútil e quase impossível memorização de todas as regras. Nesta aula, iremos abordar apenas os casos gerais. Agora, sempre que um teste apresentar um caso espe- cífico, haverá explicações específicas também. Vamos, então, aos casos mais representativos. 1. Usamos hífen a) Quando as palavras compostas se referem a uma determinada nacionalidade. Exemplos: anglo-canadense ítalo-espanhol ibero-americano austro-húngaro franco-brasileiro luso-árabe greco-romano sino-coreano nipo-russo euro-asiática teuto-catarinense afro-americano b) Quando há palavras repetidas. Exemplos: blá-blá- -blá, corre-corre, dói-dói, mata-mata, mexe-mexe, pisca-pisca, quebra-quebra, tico-tico, vira-vira, zum- -zum-zum. c) Quando as palavras formam um adjetivo gentílico (qualificador de lugar) e são derivadas de topôni- mos compostos. Exemplos: belo-horizontino rio-grandense-do-sul norte-americano sul-africano ponta-grossense sul-americano porto-alegrense sul-coreano Observação A palavra afrodescendente se escreve SEM hífen, pois “afro” é, sim, uma redução de “África”, mas “des- cendente” não é uma palavra referente a um lugar. 6 Extensivo Terceirão d) Quando a segunda palavra é iniciada por apóstro- fo (‘). Exemplos: barriga-d’água marca-d’água caixa-d’água mestre-d’armas estrela-d’alva pau-d’arco galinha-d’angola tromba-d’água e) Quando as palavras compõem um nome de espé- cies animais ou vegetais. Exemplos: amor-perfeito erva-doce batata-doce erva-mate beija-flor fruta-pão bem-te-vi lobo-marinho capim-limão macaco-prego cobra-coral onça-pintada couve-flor palmeira-real estrela-do-mar porco-espinho f ) Quando o segundo elemento começa com a letra H. Exemplos: anti-hemorrágico micro-habitat anti-herói neo-helênico circum-hospitalar pré-história extra-hospitalar pré-hominídeo geo-hidrográfico sub-humano inter-hemisférico sub-hepático g) Quando há coincidência de vogais, ou seja, a pri- meira palavra termina com a mesma vogal que inicia a próxima palavra. Exemplos: anti-imperialista micro-ônibus anti-inflamatório micro-organismo contra-atacar semi-idolatria infra-assinado semi-interno infra-axilar semi-integral micro-ondas sobre-elevação h) Quando há coincidência de consoantes, ou seja, a primeira palavra termina com a mesma consoante que inicia a próxima palavra. Exemplos: além-mar pan-negritude além-mundo sub-base hiper-realismo sub-braquial hiper-reflexivo super-realismo inter-racial super-reativo circum-mediterrâneo super-resfriado 2. Não usamos hífen a) Quando não há coincidência de vogais, ou seja, a primeira palavra termina com uma vogal que é diferente da vogal que inicia a próxima palavra. Exemplos: aeroespacial autoestrada agroindústria autoimune anteontem biênio antiaéreo contraofensiva antiético infraestrutura autoescola plurianual b) Quando o prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e a segunda palavra começa com R ou S. Neste caso, duplica-se o R ou o S. Exemplos: antirracional entressafra antissemita infrassom antissocial minissaia arquirrival psicossocial autorretrato semirreta autossuficiente suprarrenal biorritmo ultrarromantismo cosseno ultrassonografia Aula 05 7Português 2A Testes Assimilação 05.01. (IFSUL – RS) – Quanto à acentuação gráfica das palavras sublinhadas, é incorreto afirmar que a) amanhã recebe acento gráfico pelo mesmo motivo de ímã. b) história recebe acento gráfico pelo mesmo motivo de glória. c) saída recebe acento gráfico pelo mesmo motivo de ba- laústre. d) patético recebe acento gráfico pelo mesmo motivo de trágico. 05.02. (IFAL – AL) – Marque, dentre as alternativas abaixo, aquela em que os vocábulos são acentuados graficamente por serem oxítonos: a) caí, aí, ímã, ipê, abricó; b) parabéns, vêm, hífen, saí, oásis; c) vovô, capilé, Paraná, lápis, régua; d) amém, amável, filó, porém, além; e) paletó, avô, pajé, café, jiló. 05.03. (FD – MG) – Com o “Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 29/09/2008”, algumas mudanças ocorreram no registro de determinadas palavras. Em “Com a inacreditável capacidade humana de ter ideias, [...]” a palavra “ideias” é um exemplo de tal mudança, registrada sem acento após o Acordo. Assinale, a seguir, o grupo de palavras em que todos os termos foram modificados após o Novo Acordo Ortográfico e estão grafados corretamente de acordo com as novas regras: a) para – pára – pela; b) feiura – arguem – enjoo; c) heroico – heroi – paranoico; d) joias – consequência – anéis. 05.04. (PUCPR) – Veja a placa a seguir: Disponível em: <http://nossaonda.blogspot.com.br/2010/11/ nossa-contribuicao_2410.html>. Acesso em: 14/09/2018. Ao lermos uma palavra desconhecida, a acentuação gráfica pode nos ajudar a identificar a sílaba. A ausência do sinal tam- bém revela informações sobre suas características sonoras. Sobre essas relações, considere a placa anterior. De cima para baixo, os topônimos presentes nela são oxítono, paroxítono, paroxítono e paroxítono. Há algum nome escrito incorre- tamente em relação à presença ou à ausência do acento? a) Sim: Massanguaçu e Mococa; b) Não; c) Sim: Cocanha; d) Sim: Massanguaçu e Cocanha; e) Sim: Mococa e Tabatinga. Aperfeiçoamento 05.05. (FPP – PR) – Texto: Hoje, o tema inovação está mais em voga do que nunca e vem sendo discutido por ser um importante diferencial estratégico das empresas. As organizações devem se preparar para reno- var continuamente seus produtos, serviços, pro- cessos, competências e organogramas, de modo que suas decisões garantam sua sustentabilidade. Existem muitas maneiras de inovar, e as empresas estão sedentas por encontrar alguma que seja a ideal ao seu negócio. Os investimentos em ino- vação são muito altos, e o que se percebe é que apenas um grupo de pessoas ou áreas específicas são envolvidas nestes processos. Será que só os cientistas, designers e engenheiros são capazes de inovar? ... a ideia é que todos podem participar, especialmente os voluntários. O programa de vo- luntariado empresarial pode estar alinhado à es- tratégia de inovação da empresa, desde que esteja visando uma relação de valor compartilhado com a sociedade. (ROSSI, Roberta). Disponível em: http://www.institutofilantropia.org.br/component/k2/ item/5670-a-import%C3%A2ncia-do-volunt%C3%A1rio-no-proces- so-de-inova%C3%A7%C3%A3o-dasempresas Assinale a questão em que a acentuação gráfica das palavras do texto obedece a uma regra comum: a) Competências; negócio; áreas; voluntários; estratégia; b) Estratégico; voluntários; áreas; está; estratégia; c) Será; está; só; estão; é; d) Específicas; áreas; estratégico; negócio; voluntários; e) É; está; áreas; será; só. 8 Extensivo Terceirão 05.06. (UP – PR) – Considere o texto abaixo: 05.09. (IFF – RS) – Assinale a alternativa em que todas as palavras obedecem à mesma regra de acentuação gráfica: a) já – três – possíveis; b) Sábado – importância – água; c) além – dê – único; d) três – têm – água; e) gástricos – sintomática – plásticos. 05.10. (UNICENTRO – PR) – Assinale a alternativa em que a acentuação gráfica das palavras está corretamente justificada: a) As palavras líquida, existência, rígidas, própria, soci- ólogo são acentuadas pela mesma regra de acentuação, isto é, são proparoxítonas. b) Alguém e tornará são oxítonas e acentuadas pelo mesmo motivo por que são acentuadas as palavras ninguém e dá. c) As palavras família, distância e indivíduo são acentua- das por serem paroxítonas terminadas em vogal. d) Genuína e saúde são acentuadas pelo mesmo motivo por quesão acentuadas as palavras saí e baú, isto é, o i e o u são a sílaba tônica das palavras e formam hiato com a vogal anterior. e) Crônica, água, crítica, práticas e sólido são proparoxí- tonas e, como tais, devem ser acentuadas. Aprofundamento 05.11. (FAMEB – MG) – Em relação ao emprego de hífen ou de acentuação gráfica, assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas conforme as regras do Novo Acordo Ortográfico: a) Antirreligioso, extraescolar, infrassom, coautor, antiaéreo; b) Vôo, dêem, heróico, assembléia, feiúra, andróide, baiúca; c) Préhistória, sobrehumano, infraxilar, autobservação, enjôo; d) Interresistente, superrevista, autoaprendizagem, agroin- dustrial. 05.12. (PUCPR) – Veja a placa a seguir, encontrada na en- trada de um conjunto habitacional: Nele, a palavra residêncial foi grafada incorretamente. Esse equívoco de acentuação gráfica, que também ocorre em outros vocábulos diariamente, como melância, econômia e sútil, pode ser explicado porque a) a sílaba tônica da palavra não é a marcada pelo acento, motivo pelo qual a vogal E não pode ser acentuada. b) se trata de uma palavra paroxítona terminada em al, grupo que nunca recebe acento gráfico. Pequenos peixes e plancton podem confundir microplasticos com alimentos. Esses plasticos indi- geriveis então seguem o seu caminho ate a cadeia alimentar, chegando aos alimentos consumidos por humanos. Pesquisadores disseram esperar que seu estudo sirva de alerta para os fabricantes de lentes de contato e incentive os usuarios a descarta- -las adequadamente com outros residuos solidos. Quantas palavras nesse texto deveriam ter sido acentuadas e não foram? a) 10 d) 5 b) 9 e) 3 c) 7 05.07. (UP – PR) – Considere o seguinte texto: Com o fim do combustivel da Cassini, a NASA optou por sacrificar a nave. Ela “se jogou” na at- mosfera de Saturno na ultima sexta-feira, 15 de setembro. Com isso, Cassini teve o destino gran- dioso que merece, cruzando os ceus do nosso Senhor dos Aneis como um meteoro. Seus 12 instrumentos cientificos se desintegraram e se tornaram parte do planeta que tanto estudou. Da- dos do ultimo voo ajudarão a investigar a compo- sição e a estrutura do planeta gasoso. A ideia de mandar uma sonda para Saturno veio depois de dois anos do lançamento da Voyager, em 1982. No fim de 2006, Cassini registrou imagens que provam a existencia de furacões nos polos de Sa- turno, alem de um jato de vapor hexagonal nos extremos do planeta. Outra surpresa veio quando os especialistas perceberam que os furacões tem “olhos”, assim como os da Terra. Assinale a alternativa que apresenta o número de palavras desse texto que estão erroneamente sem acento: a) 5 b) 7 c) 9 d) 10 e) 12 05.08. (UEPG – PR) – O substantivo “século” e o adjetivo “exóticas” são acentuados graficamente porque são palavras proparoxítonas. Identifique a(s) alternativa(s) em que todas as palavras estão grafadas corretamente de acordo com o atual Acordo Ortográfico e assinale o que for correto: 01) automático, tecnológico, catástrofe; 02) centésimo, falencia, público; 04) hipótese, idéia, próprio; 08) após, aereo, imóvel; 16) nível, íris, atrás. Aula 05 9Português 2A c) se trata de uma palavra proparoxítona, grupo que nunca é acentuado graficamente na língua portuguesa. d) o timbre da vogal E não é fechado, mas aberto, motivo pelo qual o acento gráfico a ser usado é o agudo. e) é uma palavra oxítona terminada em L, portanto, o acento deveria aparecer na última sílaba. 05.13. (UNICAMP – SP) – Texto: Há dois tipos de palavras: as proparoxítonas e o resto. As proparoxítonas são o ápice da cadeia alimentar do léxico. As palavras mais pernósticas são sempre pro- paroxítonas. Para pronunciá-las, há que ter ânimo, falar com ímpeto – e, despóticas, ainda exigem acento na sílaba tônica! Sob qualquer ângulo, a proparoxítona tem mais crédito. É inequívoca a di- ferença entre o arruaceiro e o vândalo. Uma coisa é estar na ponta – outra, no vértice. Ser artesão não é nada, perto de ser artífice. Legal ser eleito Papa, mas bom mesmo é ser Pontífice. Adaptado de Eduardo Affonso, “Há dois tipos de palavras: as proparoxítonas e o resto”. Disponível em www.facebook.com/eduardo22affonso Segundo o texto, as proparoxítonas são palavras que a) garantem sua pronúncia graças à exigência de uma sílaba tônica. b) conferem nobreza ao léxico da língua graças à facilidade de sua pronúncia. c) revelam mais prestígio em função de seu pouco uso e de sua dupla acentuação. d) exibem sempre sua prepotência, além de imporem a obrigatoriedade da acentuação. 05.14. (UFPR) – As duas estrofes a seguir iniciam o poema Y-Juca-Pyrama de Gonçalves Dias, publicado em 1851: EM BUSCA DE NOVAS ARMAS CONTRA O AEDES AEGYPT O infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha já foi diagnosticado com dengue duas vezes. Ne- nhuma surpresa. O coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul vive no Brasil, país castigado pela doença nas úl- timas três décadas e por outras também transmi- tidas pelo Aedes aegypt. Essas epidemias, explica o pesquisador nesta entrevista, devem continuar décadas adiante: “Ainda utilizamos o modelo de controle do mosquito que foi exitoso há 110 anos com Oswaldo Cruz”. Nem as águas de março que acabaram de fechar o verão são promessa de uma trégua. “Temos observado que, em algumas loca- lidades do Brasil, o padrão de ocorrência da den- gue tem se mantido estável mesmo fora do verão. Isso aponta o óbvio: a população e as autoridades sanitárias têm de atuar durante todo o ano, e não somente no verão. Infelizmente, isso não ocorre em um padrão homogêneo”, ensina Cunha, que comemora, no entanto, abordagens promissoras para o controle do mosquito e vê uma melhora da vigilância nas últimas décadas. Ciência Hoje: O Brasil sofreu recentemente com grandes surtos de dengue, zika e febre ama- rela. Devemos esperar novos surtos em breve? O que dizem os dados epidemiológicos? Rivaldo Venâncio da Cunha: As doenças transmitidas pelo Aedes continuarão ocorrendo Nesse trecho, o poeta apresenta a tribo dos timbiras. Consta- tamos, sem dificuldades, que a ortografia da época era, em muitos aspectos, diferente da que usamos atualmente. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas: 1. As palavras paroxítonas terminadas em ditongo não eram acentuadas naquela época, diferentemente de hoje. 2. As formas verbais se alternam entre presente e futuro do presente do indicativo, com a mesma terminação. 3. A 3ª pessoa do plural dos verbos do presente do indica- tivo se diferencia graficamente da forma atual. 4. Os monossílabos tônicos perderam o acento na ortografia contemporânea. Assinale a alternativa correta: a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira. b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. 05.15. (UECE) – Texto: No meio das tabas de amenos verdores Cercadas de troncos – cobertos de flores, Alteião-se os tectos d’altiva nação; São muitos seus filhos, nos animos fortes, Temiveis na guerra, que em densas cohortes Assombrão das matas a imensa extensão São rudes, severos, sedentos de gloria, Já prelios incitão, já cantão victoria, Já meigos attendem a voz do cantor: São todos tymbiras, guerreiros valentes! Seu nome la vôa na bocca das gentes, Condão de prodigios, de gloria e terror! Últimos Cantos, Gonçalves Dias 10 Extensivo Terceirão nos próximos 20 ou 30 anos. Por que continu- arão ocorrendo? Porque utilizamos o modelo de controle do mosquito que foi exitoso há 110 anos com Oswaldo Cruz e, depois, com Clementino Fraga e outros. Se não houver uma nova aborda- gem para controle do vetor, continuaremos tendo epidemias, porque, infelizmente, as questões es- truturais da sociedadepermanecem praticamente inalteradas. Essa bárbara segregação social que o Brasil tem, esse apartheid social, que é fruto de séculos, criou condições para haver comunidades extremamente vulneráveis, onde a coleta do lixo, quando existe, é feita de forma inadequada, e nas quais o fornecimento de água é irregular. São lu- gares onde o Estado inexiste. Há comunidades em que policiais não podem entrar a qualquer hora, imagine um agente de controle de vetores. Essa complexidade urbana não aparenta que será mo- dificada nos próximos anos. CUNHA, Rivaldo Venâncio da. Em Busca de Novas Armas Contra o Aedes Aegypt. Ciência Hoje, São Paulo, n.353, abr. 2019. Entrevista concedida a Valquíria Daher. Disponível em: http://cienciahoje.org.br/artigo/em-busca- -de-novasarmas- contra-o-aedes-aegypt/. Acesso em: 27 de abril de 2019 Quanto à utilização de letras maiúsculas no texto, atente para as seguintes assertivas: I. A expressão “Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz” é utilizada com letras maiúsculas para realçar o nome da instituição em questão. II. A palavra “Medicina” é grafada, no texto, com letra mai- úscula, porque o autor considera esse termo como uma área do saber, diferenciando-a das demais áreas. III. O termo “Estado” aparece, no texto, com letra maiúscula, porque significa uma entidade de direito público adminis- trativo que congrega várias instâncias do poder público. Está correto o que se afirma em a) I e II apenas; b) I e III apenas; c) II e III apenas; d) I, II e III. 05.16. (INSPER – SP) – A respeito da acentuação gráfica nas palavras, assinale a alternativa em que a ausência do acento não acarretaria falha gramatical: a) através b) domésticos c) negócio d) atrás e) discutível 05.17. (UEM – PR) – Assinale o que for correto: 01) Nos vocábulos “século”, “estatística”, “fenômeno”, “próxi- mo”, a acentuação gráfica acontece porque todos os vocábulos são proparoxítonos e, em língua portuguesa, toda palavra proparoxítona é acentuada. 02) Em “vários”, “próprio”, “negócio”, os três vocábulos recebem acento gráfico justificado pelo fato de serem palavras pa- roxítonas acentuadas terminadas em ditongos crescentes. 04) Nos vocábulos “reúne”, “construíam”, “saúde”, a acentua- ção gráfica ocorre nas vogais tônicas u, i e u, respectiva- mente, em virtude de formarem hiato, pois aparecem sozinhas em uma sílaba. 08) O vocábulo “ideia” não recebe acento gráfico porque apresenta a ocorrência de um ditongo aberto em pa- lavra paroxítona. 16) Os vocábulos “difícil” e “indispensável” têm a acentuação justificada pelo fato de que ambos são terminados em uma sílaba constituída por consoante-vogal-consoante. 05.18. (USF – SP) – Texto: NEANDERTAIS JÁ USAVAM PENICILINA Foi essa a descoberta de cientistas da Univer- sidade da Austrália que analisaram as ossadas de dois neandertais que viveram há 48 mil anos na caverna de El Sidron (atual Espanha). Os den- tes de um deles apresentavam sinais de cáries e tártaro – dentro do qual havia material genético pertencente a fungos do gênero Penicillium. É o mesmo fungo que o biólogo escocês Alexandre Fleming usou, em 1928, para criar o primei- ro . Segundo os pesquisadores, o ne- andertal provavelmente estava tentando se curar da dor de dente e se comendo plan- tas que continham penicilina. Superinteressante, maio/2017, p. 27 Selecione a alternativa que completa corretamente as lacu- nas, na ordem em que aparecem, de acordo com as normas do português corrente: a) anti biótico – auto medicou; b) antibiótico – automedicou; c) antibiótico – auto-medicou; d) anti-biótico – automedicou; e) anti-biótico – auto-medicou. Desafio 05.19. (PUCPR) – Leia e analise o texto a seguir: Muito se tem polemizado sobre a pronúncia da palavra cateter. Ca-té-ter ou ca-te-tér? E, no caso da forma paroxítona, como seria o plural? Catéteres ou cateteres? A palavra cateter já exis- tia em grego, com acento na última sílaba – ka- thetér – e com o significado de algo que se intro- duz. O fato de o acento tônico recair na última sílaba, em grego, tem servido de argumento aos que defendem a forma oxítona em português. Do grego a palavra passou para o latim, com re- Aula 05 11Português 2A cuo da sílaba tônica. “No que toca aos vocábu- los de procedência grega, discutem muitas vezes os mais doutos. Nasce a divergência, em muitos casos, de ser tomada como padrão ora a acentu- ação grega, ora a latina”, diz o filólogo Machado Filho. Catéter é um exemplo típico dessa dificul- dade. Havendo disputa entre os doutos, manda o bom senso acolher a interpretação que mais se aproxima do uso e da tradição. O que é preciso é abandonar o farisaísmo de pronunciar uma pa- lavra de um modo e escrever de outro, simples- mente por respeito ao que está no dicionário, esse bicho-papão de todos nós. Disponível em: <http://www.jmrezende.com.br/cateter.htm>. Acesso em: 08/02/2017 05.20. (UCPEL – RS) – A acentuação gráfica é de extrema importância na escrita. Não acentuar corretamente as palavras, pode corromper o sentido desejado. Segundo as regras de acentuação gráficas da língua portuguesa, analise as assertivas e marque a correta: a) Na frase “O ISB seguiu com o monitoramento diário de notícias de ocorrências de incêndios no Brasil no ano de 2017”, todas as palavras acentuadas estão relacionadas à regra das paroxítonas. b) Na frase “O Gráfico abaixo, além de expor os números de notícias sobre incêndios estruturais em estabelecimentos comerciais e depósitos”, a primeira palavra acentuada é uma proparoxítona e a segunda é uma monossílaba tônica, enquanto que as demais são, respectivamente, oxítona, proparoxítona, paroxítona e paroxítona. c) Na frase “O ISB seguiu com o monitoramento diário de notícias de ocorrências de incêndios no Brasil no ano de 2017”, a única palavra que possui dupla possibilidade de acentuação é a palavra “diário”, podendo ser classificada como paroxítona ou proparoxítona. d) Na frase “O Gráfico abaixo, além de expor os números de notícias sobre incêndios estruturais em estabelecimentos comerciais e depósitos”, a primeira palavra acentuada é proparoxítona e a segunda é oxítona, enquanto que as demais são, respectivamente, proparoxítona, paroxítona, paroxítona e oxítona. e) Na frase “... aqueles que poderiam ter sido contornados com a instalação de sprinklers e ocorreram em depósitos, hospitais, hotéis, escolas, prédios públicos, entre outros”, a primeira palavra acentuada é uma proparoxítona oca- sional e a segunda é uma oxítona, sendo que as demais são paroxítonas ocasionais. 05.01. a 05.02. e 05.03. b A palavra feiura perdeu o acento, pois a nova regra prescreve que não haverá acento agudo em palavras proparoxí- tonas cujas vogais tônicas I ou U são precedidas de ditongo decrescente. No caso, “ei” é um ditongo decrescente. A forma verbal arguem perdeu o acen- to, pois deve ser pronunciada como pa- roxítona terminada em EM e, como tal, não recebe acento. Os outros casos deste exercícios estão contemplados na teoria desta aula. 05.04. a 05.05. a 05.06. b São acentuadas as seguintes palavras: plâncton, microplásticos, plásticos, in- digeríveis, até, usuários, descartá-las, resíduos, sólidos. 05.07. c São acentuadas as seguintes palavras: combustível, última, céus, anéis, científi- cos, último, existência, além, têm 05.08. 17 (01 + 16) 05.09. e 05.10. d 05.11. a 05.12. a 05.13. d 05.14. b 05.15. b 05.16. c 05.17. 15 (01 + 02 + 04 + 08) 05.18. b ANTI – Emprega-se hífen apenas quan- do o segundo elemento se inicia por H ou por I (no caso, a mesma vogal com que termina o prefixo ANTI). Logo, a pa- lavra antibiótico NÃO recebe hífen. AUTO – Emprega-se hífen apenas quan- do o segundo elemento se inicia por H ou por O (no caso, a mesma vogal com que termina o prefixo AUTO). Logo, a pa- lavra automedicou NÃO recebe hífen. 05.19. b 05.20. a Gabarito No último período do texto, o autor deixa claro o seu ponto de vista sobre a discussão levantada.De acordo com esse trecho, o falante que escreve a) cateter deve ler a palavra como paroxítona; b) cateter deve ler a palavra como oxítona; c) catéter deve ler a palavra como proparoxítona; d) catéter deve ler a palavra como oxítona; e) cateter deve ler a palavra como proparoxítona. 12 Aula 06 Extensivo Terceirão Português 2A Compreensão e Interpretação de Texto Eis as capas de algumas fontes de textos usados em questões de vestibular. É fundamental que qualquer cidadão leia diariamente sobre o mundo em que vive. Introdução É cada vez mais comum encontrar questões de vestibu- lar cobrando compreensão/interpretação de um ou mais textos transcritos. Isto é: para acertar a questão, você deverá ler, compreender e interpretar o texto dado. E observe que não estamos falando apenas de questões de Língua Portu- guesa: outras matérias também fazem o mesmo. Logo, é fundamental desenvolver sua capacidade de compreensão e interpretação de textos. Na aula 02, conhecemos a tipologia textual, bem como os gêneros textuais. Nesta aula, vamos desenvolver suas habilida- des de compreensão e interpretação. Entretanto, antes de começar, é importante ter em mente que o estudo da teoria de compreensão/interpre- tação de texto envolve uma série de assuntos afins, que veremos ao longo de todas as aulas, tanto do Português A, como das outras frentes, pois os elementos linguísticos, o conhecimento de mundo, a leitura de textos literários, bem como tantos outras competências, desenvolvem sua capacidade de compreensão e interpretação. Nesta aula, apresentaremos os elementos básicos e indispensáveis a uma proficiente compreensão e inter- pretação dos textos. Ao trabalho! O autor Se há um texto, é porque alguém o escreveu. Evidentemente óbvio, mas fundamental termos isso em mente, pois tal autoria nos levanta uma série de elementos, que constantemente são abordados nas questões. Observe: • O autor, no texto, se mostra mais parcial ou imparcial? • O texto se mostra mais pessoal ou impessoal? • O autor emite juízos de valor no texto? Quais são as marcas perceptíveis de tal emissão de juízo de valor? • A voz do autor se confunde com outras vozes no texto? Muitas vezes, um autor cita outros autores e, consequentemente, você tem de saber dis- tinguir entre o que o autor disse e o que outros disseram no texto. © Re pr od uç ão 13Português 2A Aula 06 O contexto DALÍ, Salvador. Personagem a uma janela. 1925. 1 óleo sobre tela: color.; 103 × 75 cm, Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri Assim como a paisagem não se restringe apenas ao que se retrata na tela, um texto não se restringe apenas a si mesmo: seu contexto é fundamental. De modo geral, um autor não escreve um texto den- tro de uma bolha de isolamento, sem receber qualquer tipo de influência ou, então, sem levar em consideração o mundo concreto, os leitores, a humanidade em geral. Os textos são escritos dentro de um contexto, o qual deve ser necessariamente levado em consideração, se quisermos compreendê-lo e interpretá-lo adequada- mente. Logo, contexto é uma espécie de fusão entre tempo – quando o texto foi publicado – e lugar – onde o texto foi publicado. O mundo ao momento de publicação O “quando” de um texto é fundamental: saber o contexto de publicação é praticamente um ponto de partida. Exemplo: em Conto de escola, de Machado de Assis, Pilar, personagem-narrador, foi flagrado passando cola a um outro aluno, o Raimundo. O professor Policar- po, em resposta, dirigiu-lhe palavras de repreensão e lhe deu 12 bolos (pancadas de palmatória) nas mãos, que ficaram vermelhas e inchadas. O conto foi publicado no final do século 19, quando era permitido aos professores aplicar castigos corporais aos alunos. A palmatória era um instrumento didático, assim como o giz, o quadro e o livro. Agora, se tal fato ocorresse nos dias atuais, teríamos a clara caracterização de um crime cometido pelo professor. O momento de publicação de um texto nos faz com- preender e interpretar mais adequadamente o texto em si. Até bem pouco tempo atrás, os textos eram sempre extraídos de meios físicos, de papel, como jornais, revistas e livros. Nos últimos anos, percebe-se muito a referência “www...”, com acesso no dia xx/xx/xx... O que mudou? Bem, é fundamental que se observem três detalhes nas letrinhas pequenas das referências: 1. A data de publicação original do texto: quando o texto foi publicado originalmente, num outro meio. 2. A data de publicação no site: quando o site publicou o texto. 3. A data de acesso ao texto: quando a banca acessou o texto e, assim, o transcreveu na prova. Mas por que deveríamos fazer tal distinção? Para melhor compreensão/interpretação do texto; simples e direto assim. Exemplo: a questão traz um texto de Rubem Braga, intitulado Imigração, publicado originalmente em 1952. O texto é transcrito num site, em 2015, e estamos no ano de 2019. Então, aparece uma seguinte afirmação: “Rubem Braga é favorável ao acolhimento de imigrantes venezuelanos em nosso território”. A afirmação é completamente INCORRETA. Por quê? Ora, como o autor pode se posicionar sobre um fato recente, dos últimos anos, quando o seu texto é de 1952 e ele próprio, Rubem Braga, já está morto desde 1990? Um erro grotesco de sincronia, que comumente é explorado em questões de compreensão/interpretação de texto. Os locais de publicação O “onde” de um texto também é fundamental para sua devida compreensão/interpretação. É muito natural lermos um texto de natureza mais humorística num livro de crônicas, numa seção mais “à vontade” num jornal, revista ou blog. Agora, não será natural – nem correto – termos um texto de tal natureza publicado numa revista de divulgação científica, por exemplo. O local onde um texto é publicado dita não só o seu conteúdo, como tam- bém a sua forma, pois um editorial, por exemplo, exige que se use uma linguagem mais formal, bem como uma estrutura mais convencional. Logo, saber onde o texto foi publicado pressupõe uma série de elementos funda- mentais à compreensão/interpretação, como: linguagem, imagens, argumentação, exemplos, entre outros. 14 Extensivo Terceirão O leitor Trata-se do receptor do texto, quem fará a leitura/ compreensão/interpretação do que se leu. Todo leitor, ao ler, exerce um papel bastante dinâmico de “trocas” com o texto, pois contínua, consciente e inconsciente- mente, inter-relaciona tudo o que lê com tudo o que possui como conhecimento prévio de mundo, como repertório cultural. É por isso que toda leitura é um exercício constante de concordância, discordância, ampliação, empatia, aversão, gosto, ódio, ..., uma vez que sempre o que se lê é submetido ao seu universo de conhecimentos prévios. Logo, quanto maior o repertório cultural que o indivíduo possua, maiores as chances de se obterem leituras mais enriquecedoras, pois este pode compreen- der alguns implícitos e nuances do texto, bem como os explícitos e as mensagens principais veiculadas. Machado de Assis (1839-1908) é considerado por muitos como nosso maior escritor de todos os tempos. Usou como poucos o recurso da intertextualidade, que consiste na citação de vários outros textos, sem necessa- riamente explicá-los. Ao mesmo tempo que tal recurso é uma riqueza na obra de Machado, é um obstáculo ao leitor menos culto, que não conhece as citações feitas nas obras. Agora, um leitor com melhor repertório cul- tural só tem a saborear e a compreender melhor nosso grande escritor. Portanto, um desafio a você, neste ano, é desen- volver com afinco o seu repertório cultural, para que compreenda melhor os textos dados. O texto em si Textu, us – 1. tecido, pano; 2. contextura, en- cadeamento. Dicionário Latim – Português. Porto (Portugal): Porto Editora, 2.ª edição, 2001, página 665 Recorrendo à nossa língua-mãe, o Latim, perce- bemos a preciosa origem da palavra texto: um tecido. Sim, podemos enxergar um texto como um tecido depalavras, que deve possuir uniformidade, harmonia e beleza. Para compreendermos, enfim, um texto lido, é necessário que conheçamos a sua tessitura: as partes que o compõem, as ideias explícitas (e as implícitas também), sua devida contextualização e uma série de outros elementos que vêm à tona numa leitura mais atenta, conforme vimos anteriormente. Muitos estudiosos já afirmaram que existem apenas três regras para que um sujeito aprenda a ler e interpretar textos: ler, ler e ler. Bem, lógico que a leitura e as releituras são fundamentais; entretanto, observar alguns aspectos essenciais relacionados à estrutura de um tecido de palavras também refina nossa habilidade de leitura, compreensão e interpretação. É o que faremos aqui. Ler apenas uma vez um texto e querer compreendê- -lo na íntegra é algo, a rigor, impossível. Muitos são os riscos ao se assumir tal postura, como a incompreensão das ideias essenciais e a distorção das ideias centrais e, é lógico, das secundárias também. Logo, não confie jamais em apenas uma primeira leitura de um texto, por mais simples que este lhe pareça. Das releituras é que surge uma compreensão mais plena daquilo que se lê. Para que um texto seja plenamente assimilado, é neces- sário que seu leitor seja capaz de compreender e interpre- tar aquilo que lê. Vamos conhecer essas capacidades. Compreender Normalmente, uma primeira leitura de um texto é uma leitura de compreensão, em que procuramos iden- tificar o tema do texto, isto é, sua mensagem central – o que o texto diz? Tal leitura é em geral suficiente para identificar as temáticas, distinguindo a central das secundárias. É também suficiente para captarmos apenas o que está explícito, dito de modo literal ou então sugerido de maneira bastante evidente. Enfim, uma primeira leitura é uma leitura de contex- tualização, que permite ao leitor responder a algumas perguntas sobre o texto lido: o quê? Quando? Onde? Quem? De modo esquemático, temos: • O quê? – Qual é o tema do texto; do que o texto trata; • Quando? – Se há referências temporais; quando o tex- to foi escrito; a referências a que momento histórico; • Onde? – Se há referências espaciais; de qual ambien- te trata; • Quem? – quem são os personagens em foco. Interpretar Normalmente, a interpretação representa um momento posterior ao da compreensão. Em outras palavras, só se interpreta um fato – ou um texto – depois de minimamente compreendê-lo. Uma segunda leitura atenta de um texto nos permite uma interpretação mais minuciosa e sensata, capaz de oferecer respostas a perguntas como: • Qual o posicionamento assumido em relação ao tema? – No caso de um texto mais argumentativo; • Que argumentos sustentam o posicionamento as- sumido? – No caso de um texto mais argumentativo; • Qual a sequência do enredo? – No caso de um texto predominantemente narrativo; 15Português 2A Aula 06 • Como se descrevem pessoas, objetos, fatos e cenas? – No caso de um texto predominantemente descritivo (de modo mais sucinto, ou de modo mais minucioso, etc.); • De que tipo de linguagem o autor lança mão na elaboração de seu texto? – Uma linguagem mais elaborada, mais concisa, mais rebuscada, etc. Enfim, interpretar é assimilar de fato um texto de ma- neira mais ostensiva, o que exige maior atenção e desperta a seguinte desconfiança em você, leitor destas linhas: “ah, se eu fizer todas essas perguntinhas a cada texto que leio, lerei muito pouco e de modo muito lento.” Será? Bem, uma leitura atenta de fato exige mais tempo de um leitor. Entretanto, os benefícios proporcionados são bastante atrativos, pois conseguir compreender e inter- pretar plenamente aquilo que se lê nos faz indivíduos mais críticos, minuciosos e melhor preparados. Além disso, ao se praticar esta leitura mais atenta que propomos, ganha-se maior “velocidade” nessa leitura; isto é: você aperfeiçoa o método e naturalmente se torna um leitor melhor. Testes Assimilação Instrução: Para responder as duas próximas questões, leia o seguinte diálogo entre os personagens Simei e Colonna, no romance Número zero, de Umberto Eco: desmoronou, um caminhão caiu e o motorista morreu. O texto, depois de relatar rigorosa- mente o fato, dirá: Ouvimos o senhor Rossi, 42 anos, que tem uma banca de jornal na es- quina. Fazer o quê, foi uma fatalidade, disse ele, sinto pena desse coitado, mas destino é destino. Logo depois um senhor Bianchi, 34 anos, pedreiro que estava trabalhando numa obra ao lado, dirá: É culpa da prefeitura, que esse viaduto estava com problemas eu já sabia há muito tempo. Com quem o leitor se iden- tificará? Com quem culpa alguém ou alguma coisa, com quem aponta responsabilidade. Está claro? O problema é no quê e como pôr aspas. ECO, Umberto. Número zero. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 55-6 – Colonna, exemplifique para os nossos amigos como é que se pode seguir, ou dar mostras de seguir, um princípio fundamental do jornalismo democrático: fatos separados de opiniões. Opiniões no Amanhã [nome do jornal] haverá inúmeras, e evidenciadas como tais, mas como é que se demonstra que em ou- tros artigos são citados apenas fatos? – Muito simples – disse eu. – Observem os grandes jornais de língua inglesa. Quando fa- lam, sei lá, de um incêndio ou de um acidente de carro, evidentemente não podem dizer o que acham daquilo. Então inserem no artigo, entre aspas, as declarações de uma testemu- nha, um homem comum, um representante da opinião pública. Pondo-se aspas, essas afirma- ções se tornam fatos, ou seja, é um fato que aquele sujeito tenha expressado tal opinião. Mas seria possível supor que o jornalista ti- vesse dado a palavra somente a quem pensasse como ele. Portanto, haverá duas declarações discordantes entre si, para mostrar que é fato que há opiniões diferentes sobre um caso, e o jornal expõe esse fato irretorquível. A esperte- za está em pôr antes entre aspas uma opinião banal e depois outra opinião, mais racional, que se assemelhe muito à opinião do jorna- lista. Assim o leitor tem a impressão de estar sendo informado de dois fatos, mas é induzido a aceitar uma única opinião como a mais con- vincente. Vamos ver um exemplo. Um viaduto 06.01. (UFPR) – Segundo o texto, são estratégias utilizadas pelos jornais ao fazer citações: 1. Escolher criteriosamente as citações das testemunhas para contemplar pontos de vista divergentes sobre um mesmo fato. 2. Salientar os pontos de vista que mais interessam ao jornalista. 3. Redigir as notícias de tal forma que as opiniões sejam apresentadas como fatos. 4. Citar em primeiro lugar as palavras da testemunha que faz uma análise mais racional dos acontecimentos. Estão de acordo com o texto as estratégias: a) 1 e 2 apenas; b) 1 e 4 apenas; c) 1, 2 e 3 apenas; d) 1, 3 e 4 apenas; e) 2, 3 e 4 apenas. 16 Extensivo Terceirão 06.02. (UFPR) – Assinale a alternativa correta sobre afirma- ções encontradas no texto: a) Ao mencionar “um princípio fundamental do jornalismo democrático: fatos separados de opiniões”, Simei destaca que os jornais seguem rigorosamente esse princípio. b) Ao dizer que “o leitor tem a impressão de estar sendo in- formado de dois fatos, mas é induzido a aceitar uma única opinião”, Colonna explicita uma forma de manipulação da opinião do leitor. c) Nas linhas 2-3, Simei faz uma retificação (“...seguir, ou dar mostras de seguir...”) para deixar claro que o jornalista deve não só separar fatos de opiniões como indicar isso explicitamente nos artigos. d) Ao afirmar que “é fato que há opiniões diferentes sobre um caso, e o jornal expõe esse fato irretorquível”, Colonna destaca a imparcialidade do jornal ao incluir nos artigos opiniões divergentes. e) Ao afirmar, no final do texto, que “o problema é no quê e como pôr aspas”, Colonna enfatiza a importância da fidelidade na citação das palavras das testemunhas de cada fato noticiado. Instrução: O texto a seguir é referência para a próxima questão: de umanotícia, vale dizer, o número de vezes em que é “clicada” pelo eventual leitor está for- temente vinculado a esses “sentimentos” e que os dois extremos – negativo e positivo – são os mais “clicados”. As manchetes negativas, todavia, são aquelas que atraem maior interesse dos leitores. Embora realizado com base em manchetes pu- blicadas em sites internacionais – não brasileiros –, os resultados do trabalho dos pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a predo- minância do “jornalismo do vale de lágrimas” na grande mídia brasileira. Para além da partidarização seletiva das notí- cias, parece haver também uma importante estra- tégia de sobrevivência empresarial influindo na escolha da pauta negativa. Os principais telejor- nais exibidos na televisão brasileira, por exemplo, estão se transformando em incansáveis noticiários diários de crises, crimes, catástrofes, acidentes e doenças de todos os tipos. Carrega-se, sem dó nem piedade, nas notícias que geram sentimen- tos negativos. Mais do que isso: os âncoras dos telejornais, além das notícias negativas, se encar- regam de editorializar, fazer comentários, invaria- velmente críticos e pessimistas, reforçando, para além da notícia, exatamente seus aspectos e con- sequências funestos. Existe, sim, o risco do esgotamento. Cansa- do de tanta notícia ruim e sentindo-se impotente para influir no curso dos eventos, pode ser que o leitor/telespectador afinal desista de se expor a esse tipo de jornalismo que o empurra cotidiana- mente rumo a um inexorável “vale de lágrimas” mediavalesco. Adaptado de: <http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-ebates/ outras-razoes-para-a-pauta-negativa/>. Acesso em: 19 mai. 2015 OUTRAS RAZÕES PARA A PAUTA NEGATIVA Venício A. Lima O sempre interessante Boletim UFMG, que traz, a cada semana, notícias do dia a dia da Uni- versidade Federal de Minas Gerais, informa, na edição de 4 de maio, o trabalho desenvolvido por grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação (DCC) em torno da “análise de sentimento”, que relaciona o sucesso das notícias com sua polaridade, negativa ou positiva. Utilizando programas de computador desen- volvidos pelo DCC-UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907 manchetes veicu- ladas em quatro sites noticiosos internacionais ao longo de oito meses de 2014: The New York Times, BBC, Reuters e Daily Mail. E as notícias foram agrupadas em cinco grandes categorias: negócios e dinheiro, saúde, ciência e tecnologia, esportes e mundo. As conclusões da pesquisa são preciosas. Cerca de 70% das notícias diárias estão rela- cionadas a fatos que geram “sentimentos negati- vos” – tais como catástrofes, acidentes, doenças, crimes e crises. Os textos das manchetes foram relacionados aos sentimentos que elas despertam, numa escala de menos 5 (muito negativo) a mais 5 (muito positivo). Descobriu-se que o sucesso 06.03. (UFPR) – Assinale a alternativa que exprime a tese do texto: a) Segundo o autor, há na imprensa internacional mais no- tícias negativas, porque ocorrem muito mais catástrofes e desgraças do que fatos positivos. b) O tom negativo, principalmente das notícias nacionais, deve-se à editorialização promovida pelos âncoras de telejornais. c) O telejornalismo pautado em notícias funestas e trágicas está caminhando para o esgotamento e afastamento do telespectador. d) A mídia privilegia notícias ligadas a sentimentos negativos porque estas atraem mais o público. e) Pesquisas analisam o comportamento de leitores de mídia estrangeira, mas não há evidência de que seus resultados possam ser aplicados ao cenário nacional. 17Português 2A Aula 06 06.04. (UFPR) – Leia a tira a seguir: Bill Watterson. Disponível em: <http://ficcaoenaoficcao.wordpress.com/2012/03/25>. Acesso em: 26 ago. 2012 Sobre a argumentação de Calvin, considere as seguintes afirmativas: 1. Ao se dirigir à professora, Calvin faz uma simulação do discurso jurídico, tanto no vocabulário quanto na organização dos argumentos. 2. A argumentação de Calvin está fundada na premissa de que a ignorância é uma condição necessária para a felicidade. 3. Calvin questiona a eficiência da professora quando diz que sua aula é uma tentativa deliberada de privá-lo da felicidade. 4. Ao gritar “Ditadura!” no último quadrinho, Calvin protesta contra o desrespeito à Constituição, que lhe garante o direito inalienável à felicidade. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. Aperfeiçoamento Instrução: O texto a seguir é referência para as duas próximas questões: Butão e Costa Rica disputam atualmente o título mundial de felicida- de. Nos anos 30, o troféu coube às Ilhas Salomão, onde os antropólogos mostraram que havia liberdade com os costumes sexuais e compreensão para com a educação das crianças. Na Idade Média os paraísos medievais eram feitos de comida abundante e segurança, assim como as utopias modernas giraram em torno da liberdade e da igualdade. As variações de conteúdo sugerem uma constante: a felicidade é composta do que nos falta, mais exatamente, da relação com o que nos falta. Se entre nós e o que nos falta está o trabalho, temos uma relação com a felicidade. Se en- tre nós e o que nos falta está o amor, eis que a felicidade muda de figura. Se nos falta dinheiro, poder ou fama, ali estará a substância da felicidade. A felicidade depende da teoria da transformação que carregamos co- nosco. Se entre nós e o que nos falta existe apenas e tão somente uma imagem, a transformação dessa imagem será o processo mesmo a que chamaremos felicidade. Se entre nós e o que nos falta existe um oceano (que nos levaria até as Ilhas Salomão), então nossa felicidade tem estru- tura de viagem. Se entre nós e a felicidade está a presença incômoda de pessoas indesejáveis e seus costumes perturbadores, então nossa felici- dade seguirá a gramática da guerra ou da segregação. O terceiro critério de produção da felicidade diz respeito ao outro. Por exemplo, nos faltam asas, mas em geral não nos lamentamos disso. Afinal, ninguém tem asas. Nossa felicidade depende de como supomos a felicidade de nosso vizinho. Se ele aparecesse com asas biônicas, ime- diatamente nos tornaríamos seres infelizes, afetados por essa privação. Civilizações obcecadas com felicidade, como a nossa, são também culturas de inveja e da competição. Como nossa felicidade de- pende de nossa teoria transindi- vidual da transformação em re- lação ao que nos falta, a tarefa de educar nossas crianças tornou- -se um desafio contemporâneo. Queremos tanto fazê-las felizes porque isso realiza nossa felici- dade. Aqui a armadilha tem sido fatal. Imaginamos que o encon- tro de contrariedades reais traz infelicidades, por isso tentamos poupar nossos alunos de expe- rimentarem sua própria falta. Supomos, depois, que nossa te- oria da transformação será igual à deles (afinal, vivemos mais, sabemos como é o mundo), por isso não trabalhamos para que eles construam responsabilida- de ou implicação com a felicida- de que lhes concerne inventar. Além disso, sancionamos a ilu- são da felicidade indiferente, ba- seada no conforto e na satisfação de si, custeada pelo mito de que se nós nos amamos e ficamos juntos e protegidos tudo vai ter- minar bem. Infelizmente, usado dessa maneira o amor mata ou imbeciliza. Praticada dessa maneira, produzimos com eles uma fe- licidade feita de negação de di- ferenças reais (que, portanto, não serão tratadas), de recusa de falsidade nas experiências de reconhecimento (que, portanto, serão odiadas) e de imperativos de sucesso que correspondem à realização, empobrecida, de nossa própria felicidade, não da deles. É assim que estamos prometendo uma felicidade ve- nenosa e ainda queremosfazer das escolas uma extensão desse projeto mórbido. Precisamos de uma felicidade mais cara – esta está dando errado. Christian Ingo Lenz Dunker, psicanalista, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Disponível em: <http://www2.uol.com.br/ vivermente 18 Extensivo Terceirão 06.05. (UP – PR) – Para o autor, precisamos de outra noção de felicidade porque o modelo atual a) acaba promovendo a eliminação das diferenças reais. b) não nos permite supor a felicidade de nossos vizinhos. c) impõe às crianças o modelo de felicidade dos adultos. d) tem provocado o encontro de contrariedades reais. e) não proporciona aos indivíduos conforto e satisfação de si. Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal! Antônio Vieira, Sermão de Santo Antônio aos peixes, em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000033.pdf> 06.08. (UFPR) – O excerto acima é o início do Sermão de Santo Antônio aos peixes escrito por Antônio Vieira, que se imor- talizou pela coerência lógica de seus textos, além de suas qualidades literárias. O texto trabalha fundamentalmente com duas metáforas: o sal e a terra, que representam, respectivamente, os pregadores (aqueles que deveriam propagar a palavra de Cristo) e os ouvintes (aqueles que deveriam ser convertidos). O tema central do texto é a reflexão sobre as possíveis causas da ineficiência dos pregadores. Para tanto, o autor levanta algumas hipóteses. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas: 06.06. (UP – PR) – Assinale a alternativa que propõe um título adequado para esse texto: a) A felicidade ao alcance de todos b) A felicidade de cada um c) O preço da felicidade d) Para ser feliz, dê asas à imaginação e) A falta de felicidade das pessoas 06.07. (UFPR) – Leia o infográfico a seguir: Fontes: International Federation of the Phonographic Industry. Associação Brasileira dos Produtores de Discos. Ipsos Insight . Filme B e Screent Digest. Sobre os dados apresentados, considere as seguintes afirmativas: 1. O Brasil se equipara ao resto do mundo no uso da pirataria em relação aos filmes e no combate à pirataria em relação às músicas. 2. Os dados acima alertam para a distinção entre informalidade e ilegalidade. 3. Somente os dados sobre música no Brasil corroboram a afirmação que se encontra à esquerda do gráfico. 4. Dos dois produtos avaliados, os filmes são os preferidos pelo download ilegal, pois os ingressos dos cinemas estão muito caros. Assinale a alternativa correta: a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira. b) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. e) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras. Instrução: O texto a seguir é referência para a próxima questão: 19Português 2A Aula 06 1. Os pregadores não pregam o que deveriam pregar. 2. Os ouvintes se recusam a aceitar o que os pregadores pregam. 3. Os pregadores não agem de acordo com os valores que pregam. 4. Os ouvintes agem como os pregadores em vez de agir de acordo com o que eles pregam. 5. Os pregadores promovem a si mesmos na pregação ao invés de promover as palavras de Cristo. Constituem hipóteses levantadas pelo autor do texto: a) 1 e 3 apenas; c) 1, 2 e 4 apenas; e) 1, 2, 3, 4 e 5. b) 3 e 5 apenas; d) 2, 4 e 5 apenas; Instrução: O texto a seguir é referência para as duas próxi- mas questões: seriedade. Não lhes falava apenas da alegre aven- tura que é a vida, mas também dos infortúnios, das tristezas e de suas nem sempre merecidas ca- lamidades”. C. S. Lewis dizia que fazer as crianças acreditar que vivem em um mundo sem violência, morte ou covardia só daria asas ao escapismo, no sentido negativo da palavra. Depois de passar dois anos mergulhado em re- latos compilados durante dois séculos, Ítalo Cal- vino selecionou e editou os 200 melhores contos da tradição popular italiana. Após essa investiga- ção literária, sentenciou: “Le fiabe sono vere [os contos de fadas são verdadeiros]”. O autor de O barão nas árvores tinha confirmado sua intuição de que os contos, em sua “infinita variedade e in- finita repetição”, não só encapsulam os mitos du- radouros de uma cultura, como também “contêm uma explicação geral do mundo, onde cabe todo o mal e todo o bem, e onde sempre se encontra o caminho para romper os mais terríveis feitiços”. Com sua extrema concisão, os contos de fadas nos falam do medo, da pobreza, da desigualda- de, da inveja, da crueldade, da avareza... Por isso são verdadeiros. Os animais falantes e as fadas madrinhas não procuram confortar as crianças, e sim dotá-las de ferramentas para viver, em vez de incutir rígidos patrões de conduta, e estimu- lar seu raciocínio moral. Se eliminarmos as partes escuras e incômodas, os contos de fadas deixarão de ser essas surpreendentes árvores sonoras que crescem na memória humana, como definiu o po- eta Robert Bly. Marta Rebón. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/18/ eps/1537265048_460929.html Era uma vez um lobo vegano que não engolia a vovozinha, três porquinhos que se dedicavam à especulação imobiliária e uma estilista chama- da Gretel que trabalhava de garçonete em Berlim. Não deveria nos surpreender que os contos tradi- cionais se adaptem aos tempos. Eles foram sub- metidos a alterações no processo de transmissão, oral ou escrita, ao longo dos séculos para adaptá- -los aos gostos de cada momento. Vejamos, por exemplo, Chapeuzinho Vermelho. Em 1697 – quando a história foi colocada no papel –, Char- les Perrault acrescentou a ela uma moral, com o objetivo de alertar as meninas quanto às intenções perversas dos desconhecidos. Pouco mais de um século depois, os irmãos Grimm abrandaram o enredo do conto e o coro- aram com um final feliz. Se a Chapeuzinho Ver- melho do século XVII era devorada pelo lobo, não seria de surpreender que a atual repreendesse a fera por sua atitude sexista quando a abordasse no bosque. A força do conto, no entanto, está no fato de que ele fala por meio de uma linguagem simbólica e nos convida a explorar a escuridão do mundo, a cartografia dos medos, tanto ancestrais como íntimos. Por isso ele desafia todos nós, in- cluindo os adultos. [...] A poetisa Wislawa Szymborska falou sobre um amigo escritor que propôs a algumas editoras uma peça infantil protagonizada por uma bruxa. As edi- toras rejeitaram a ideia. Motivo? É proibido assus- tar as crianças. A ganhadora do prêmio Nobel, ad- miradora de Andersen – cuja coragem se destacava por ter criado finais tristes –, ressalta a importân- cia de se assustar, porque as crianças sentem uma necessidade natural de viver grandes emoções: “A figura que aparece [em seus contos] com mais fre- quência é a morte, um personagem implacável que penetra no âmago da felicidade e arranca o melhor, o mais amado. Andersen tratava as crianças com 06.09. (UFPR) – Com relação aos contos tradicionais, a autora a) defende a ideia de que eles precisam ser reelaborados,para se adequarem aos valores de cada época. b) concorda que deve ser proibido assustar as crianças por meio dos contos, para que isso não as afaste da leitura. c) vê com bons olhos as versões dos irmãos Grimm, que abrandaram o enredo e passaram a apresentar finais felizes. d) considera a infinita repetição como um aspecto nega- tivo dos contos, mas que é compensado pela infinita variedade. e) é favorável a que tenham finais tristes e abordem situações de desigualdade, crueldade e infortúnios. 06.10. (UFPR) – De acordo com o texto, o autor de O barão nas árvores é: a) Andersen b) Ítalo Calvino c) Wislawa Szymborska d) C. S. Lewis e) Robert Bly 20 Extensivo Terceirão Aprofundamento Instrução: Texto para as duas próximas questões: ORGULHO E PRECONCEITO (excerto de entrevista com a escritora Alice Ruiz) Talvez a coisa que mais me dá orgulho é ter participado da evolução da condição da mulher na sociedade brasileira. A gente já melhorou muito. Mas acho que todos nós somos vítimas da cultura do machismo. Antes, ficava brava com as mulheres machistas. Hoje tenho pena. O pessoal fala sobre cultura do estupro. Não. Antes da cultura do es- tupro tem a cultura do machismo, que acontece para homens e mulheres. A Estrela, minha filha, fez um levantamento — vou contar rapidamente essa história. Tem uma vítima do machismo na mi- nha família. Meu tio Gregório, que eu não conheci porque ele se matou com 20 anos de idade. A nos- sa família era pobre, tinha pouco dinheiro, e meu tio foi o único a estudar porque era o homem da casa. As meninas não estudaram, minha mãe e mi- nhas duas tias não estudaram. Ele estudou porque ia trabalhar e sustentar as mulheres. Minha mãe e minha irmã não precisavam estudar, porque iam casar e um homem iria sustentá-las. Era esse o ra- ciocínio. Meu avô morreu, e ele que era o caçula, com 20 anos, de repente teve a responsabilidade de sustentar a si mesmo e três mulheres. Só que era um momento de crise econômica e ele ficou meses procurando trabalho, não conseguiu e se matou em desespero por não conseguir cumprir o papel do homem da família. Adaptado de: <www.candido.bpp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=1603>. Acesso em: 21/03/2019 06.11. (UEPG – PR) – Após a leitura atenta do texto, assinale o que for correto: 01) No exemplo familiar que embasa seu argumento, a es- critora narra a história de um homem que foi vítima da cultura machista impregnada na sociedade. 02) Para Alice Ruiz o acontecimento trágico que envolveu seu tio serve como exemplo para destacar seu ponto de vista, segundo o qual, apesar de contínuas lutas, a condição da mulher na sociedade brasileira não melho- rou ao longo dos anos. 04) Ao falar sobre a condição feminina contemporânea, a poeta Alice Ruiz afirma que mudou seu modo de en- carar o comportamento de mulheres que reproduzem atitudes machistas. 08) O exemplo de Gregório é lembrado pela escritora por- que ela tinha uma relação carinhosa com o tio, com quem conviveu durante a infância. 16) Para a autora Alice Ruiz a cultura do machismo se so- brepõe inclusive à cultura do estupro. POR QUE A CULTURA DO SUL FICOU DE FORA DO RETRATO DO BRASIL NAS OLIM- PÍADAS? Depois de uma abertura que falou das etnias que formaram o povo brasileiro, a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Ja- neiro, realizada neste domingo (21), teve mais cara de carnaval. A ideia da diretora criativa da festa, Rosa Magalhães, era mostrar “o sentimento de bra- silidade”, conforme ela explicou ao jornal “O Glo- bo” dias antes da cerimônia. Carnavalesca da escola de samba carioca São Clemente, Rosa usou elementos alegóricos para mostrar a arte feita pelo povo do país – para ela, “marca da nossa identidade cultural”. Teve menção a choro, samba carioca, Carmem Miranda, mulhe- res rendeiras da Bahia, bonecos de cerâmica do per- nambucano Vitalino, Heitor Villa-Lobos, carnaval. Entre as ausências, as expressões culturais do Sul do Brasil – o que alimentou algum debate em redes sociais: se a ideia era representar o país todo, por que ficamos de fora? Para a antropóloga Selma Baptista, professora- -doutora aposentada da UFPR, a pergunta deveria ser outra: por que as expressões culturais do Sul participariam do recorte da carnavalesca carioca se elas não estão presentes nem em nossas próprias festas? “Essa questão da representação de iden- tidades regionais se dá a partir da construção da identidade dentro de seus próprios redutos. Cabe perguntar até que ponto nossas representações da cultura popular têm expressividade entre nós mes- mos para que alcancem uma representatividade nacional”, questiona. Patrícia Martins, antropóloga e docente do Instituto Federal do Paraná (IFPR) em Paranaguá, lembra que o Sul tende inclusive a negar o tipo de “brasilidade” representada na cerimônia de en- cerramento, mais ligada à cultura indígena e afro- 06.12. (UEPG – PR) – Sobre as afirmações externadas pela escritora Alice Ruiz no texto, assinale o que for correto: 01) A autora acredita que a evolução da condição da mu- lher na sociedade brasileira não extinguiu os compor- tamentos machistas. 02) A autora acredita que o machismo é um comporta- mento que pode partir de homens ou de mulheres. 04) A autora acredita que o machismo é um comportamen- to que pode vitimar tanto homens quanto mulheres. 08) A autora acredita na existência de uma cultura machis- ta na sociedade brasileira. 16) A autora acredita que antigamente existia uma cultura machista em nosso país, que foi substituída pela cultu- ra do estupro. Instrução: O texto a seguir é referência para as três próximas questões: 21Português 2A Aula 06 -brasileira. “Aqui há uma autorrepresentação que passa por uma cultura europeia”, diz. Para ela, o recorte mostrado na cerimônia de abertura dos Jo- gos Olímpicos tem ligações com uma identidade brasileira que vem sendo construída desde o Es- tado Novo (1937-1945), que incorporou o samba carioca. “Existe um patrimônio rico no Sul – há os batuques do Rio Grande do Sul, o fandango caiça- ra. Teria muita coisa a mostrar, mas nem nós sabe- mos que existe isso em nossa região”. Na opinião de Tau Golin, jornalista, historiador e professor do curso de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo (UPF), esse tipo de questionamento sobre representações regionais é uma “briga simbólica” já bem conhecida – princi- palmente dos gaúchos. “É uma briga de poder pela representatividade, por quem representa mais a na- ção”, diz. “Como é um país com regiões que se for- maram antes da nação, as regionalidades querem estar presentes em tudo o que acontece no país. Se fosse insignificante, não brigariam. Mas, como é para se mostrar para o exterior, a briga é compre- ensível historicamente”. Para ele, o desejo do Sul de estar presente nesse tipo de representação, dada a relação difícil da região com a “brasilidade”, é um fator surpreendente. “É uma novidade, que merece estudos daqui para a frente”, diz. Rafael Rodrigues Costa, Gazeta do Povo, Curitiba, 22/08/2016 06.13. (UFPR) – O texto tematiza a ausência de manifestações culturais da região Sul na festa de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. As duas antropólogas entrevis- tadas compartilham uma mesma opinião sobre a questão levantada. Assinale a alternativa que apresenta essa opinião: a) Houve um boicote dos organizadores para deixar o Sul de fora, dada a sua cultura mais europeia. b) O Sul não apresenta manifestações típicas dignas de apresentação numa festa de impacto internacional. c) O restante do país não identifica a região Sul como de- tentora do sentimento de brasilidade. d) Embora o Sul tenha manifestações culturais importantes, elas não são representativas nem na própria região. e) O Sul tem muita coisa a mostrar, mas os estrangeiros só têm olhos para o carnaval. 06.14. (UFPR) – O último entrevistado, Tau Golin, faz alusão a uma “briga simbólica”, que poderia ser
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