Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 3C História Período Joanino (1808 - 1821) 09 Aula Por que o príncipe regente D. João encon- trava-se no Brasil neste período? A vinda de D. João ocorreu em virtude da luta entre França e Inglaterra. No início do século XIX, a Europa vivia a expansão napoleônica, e as monarquias absolu- tistas “sofriam” com as investidas das ideias da Revolução Francesa “exportadas” pelo Imperador Francês. O único país onde as forças francesas não obtiveram êxito foi a Inglaterra, cuja marinha impedia a ação de Napoleão. Como não conseguiu submeter os ingleses pelas armas, o governante francês resolveu asfixiar o país economicamente, decretando o Bloqueio Continental. Na- poleão proibiu, sob pena de invasão, a prática de comércio de todos os países europeus com a Inglaterra. O bloqueio deixou Portugal em uma situação delicada, pois dependia economicamente da Inglaterra. O rompimento significaria a falência do Estado português, mas não romper teria como resultado a invasão francesa. A solução acabou sendo a transferência da Família Real para o Brasil, aliás proposta até pelo próprio governo inglês ao regente D. João. A vinda da Família Real foi, na verdade, uma fuga, já que Napoleão ficou sabendo das inten- ções de D. João e ordenou a invasão de Portugal. Avisados da aproximação das tropas napoleôni- cas, comandadas pelo general Junot, a nobreza portuguesa apinhou-se no porto em busca de um lugar nos poucos navios disponíveis. A fuga ocorreu no dia 27 de novembro de 1807. Quinze mil pessoas espremeram-se nas embarca- ções, que zarparam em meio a uma tempestade, sendo possível ouvir ao longe o som dos canhões das tropas francesas. A acidentada viagem durou quase dois meses. Somente em 22 de janeiro de 1808, a estropiada Fa- mília Real desembarcou em Salvador. Alegoria à chegada da família de Dom João VI. Como foi a administração joanina no Brasil? Pressionado pela Inglaterra, pelas necessidades ad- ministrativas e pelos conselhos de José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu – representante dos interesses dos proprietários rurais –, D. João decretou, em 28 de janeiro, a abertura dos portos às nações amigas. Essa medida significou o fim do Pacto Colonial e a independência econômica do Brasil em relação a Portugal, além de um grande alívio para a economia inglesa (asfixiada com o Bloqueio Continental), que agora poderia direcionar pelo menos parte da sua produção para o mercado brasileiro. Em 1810, D. João assinou o Tratado de Aliança e Ami- zade, Comércio e Navegação, consolidando a primazia da relação econômica com a Inglaterra: Co le çã o D uq ue d e Pa lm el a, L isb oa /F ot óg ra fo d es co nh ec id o 2 Extensivo Terceirão • Os ingleses aqui residentes teriam plena liberdade religiosa e seriam julgados em qualquer caso por juízes ingleses. • O governo português comprometia-se a abolir gradualmente o tra- balho escravo. • Os produtos ingleses pagariam tarifas alfandegárias de 15% sobre os seus produtos. Os portugueses pagariam 16% e as demais nações, 24%. Além de serem mais baratos, porque eram produzidos em larga escala, os produtos ingleses pagariam menos impostos no Brasil. Essas medidas deixavam claro o novo perfil a que se submeteria o mercado brasileiro: da dependência econômica portuguesa para a dependência econômica inglesa. No período em que permaneceu no Brasil – até 1821 –, D. João realizou um número considerável de obras, modificando o perfil da Colônia, particu- larmente o do Rio de Janeiro. O Príncipe Regente criou a Imprensa Régia, a Academia Real Militar, a Biblioteca Pública, o Banco do Brasil, o Jardim Botâ- nico, além de trazer uma missão artística liderada pelo pintor francês Debret, que retratou a paisagem e o cotidiano da Colônia nas primeiras décadas do século XIX. Rua Direita, remodelada por D. João VI. (Detalhe). Em 1815, o Brasil foi elevado à condição de Reino Unido, e D. João deter- minou que a capital do “novo” reino seria o Rio de Janeiro. Enfim, o Príncipe Regente ainda encontrou tempo para invadir a Guiana Francesa – em repre- sália à invasão napoleônica a Portugal – e anexar a Província Cisplatina. O que estava acontecendo em Portu- gal durante o Período Joanino? Até 1815, Portugal ficou sob domínio francês. Com a queda de Napoleão, a Inglaterra passou a administrar o reino. A elite portuguesa e o povo não su- portaram a situação e tentaram livrar-se da incômoda e humilhante condição. Em 1820, a Revolução Liberal do Porto finalmente reencaminhou a elite portuguesa ao poder, afastando os ingleses de Portugal. A elite or- ganizou as Cortes – parlamento – e elaborou uma Constituição liberal, pondo fim ao absolutismo. D. João recebeu uma intimação para retornar imediatamente para Portugal, sob pena de perder o direito ao trono. No dia 26 de abril de 1821, o Rei deixa o Rio de Janeiro, passando a administração para seu filho mais velho, D. Pedro de Alcântara. Com o Rei de volta, o interesse em restaurar o controle sobre as coisas fez a elite portuguesa voltar os olhos para o Brasil. As Cortes portuguesas toma- ram medidas no sentido de reverter tudo o que havia mudado durante o Período Joanino. Para a elite portu- guesa, o Brasil que “servia” era aquele submetido ao Pacto Colonial. Esses episódios são funda- mentais para se compreender a emancipação política brasi- leira: a tentativa portuguesa de recolonizar o Brasil desper- tou a reação dos proprietários rurais, que organizaram um grupo denominado Partido Brasileiro. A população urba- na também reagiu contra as intenções lusitanas com a for- mação do Partido Radical, de caráter republicano. Para tornar o clima ainda mais tenso, a partida da Famí- lia Real para Portugal agravou a situação econômica do país: os cofres foram esvaziados e o ouro levado para Lisboa, assim como os funcionários mais ex- perientes e todos os arquivos com informações sobre a ad- ministração joanina. Co le çã o Ba nc o Ita ú, S ão P au lo /F ot óg ra fo d es co nh ec id o Aula 09 3História 3C Testes Assimilação 09.01. (UFCE) – Sobre a vinda da família real para o Brasil é correto afirmar-se que a) ao desembarcar no Brasil, Dom João VI criou novos im- postos alfandegários que contribuíram para o fechamento dos portos brasileiros para outras nações estrangeiras. b) o Brasil continuou na simples posição de colônia do impé- rio português sem grandes transformações econômicas, políticas e culturais. c) foi uma medida tomada em comum acordo com Napo- leão Bonaparte para ajudá-lo na integração com as nações da Europa Continental. d) a cidade do Rio de Janeiro teve o seu cenário transfor- mado com a criação da Biblioteca Nacional, a construção do Jardim Botânico e o surgimento de várias casas de comércio que atendiam ao gosto refinado dos cortesãos vindos diretamente da Europa. e) a abertura dos portos brasileiros às chamadas nações amigas não privilegiou e nem ofereceu isenção de im- postos à Inglaterra. 09.02. Em 1808, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi criado com a finalidade de aclimatar espécies vegetais prove- nientes de diversos lugares do mundo. Com isso, esperava-se criar condições para produzir bens apreciados na Europa. Hoje, essa instituição científica desenvolve pesquisas sobre a flora de áreas protegidas, contribuindo para a conservação ambiental. Sobre o contexto de criação dessa instituição, é correto mencionar a) o reinado de D. Pedro II, responsável por diversas iniciativas na área das ciências, sobretudo na capital do país à época. b) a transferência da Corte de Portugal para o Brasil, quando o Rio de Janeiro se tornou a capital do império português. c) a Independência do Brasil, quando o Rio de Janeiro se tornou a capital da República recém-criada. d) a fundação da cidade do Rio de Janeiro, planejada para ser a nova capital, em substituição a Salvador. e) a proclamação da República, quando D. Pedro II foi deposto e a capitalbrasileira foi transferida para Brasília. 09.03. Ao longo dos séculos, a cidade passou por uma série de mudanças e transformações que resultaram na capital do estado que temos hoje. Dentre estas mudanças podemos citar: a) a ocupação francesa no centro do Rio de Janeiro no sé- culo XVIII, inclusive a Ilha de Villegagnon, sede da França Antártica. b) a destruição das plantações de cana-de-açúcar pelos ho- landeses por conta da concorrência do açúcar produzido nas Antilhas durante o século XVII. c) o surgimento de ruas e o alargamento de algumas já existentes e a criação de instituições por D. João VI a partir de 1808, como o Jardim Botânico e a Biblioteca Real. d) a Revolução do Porto que em 1820 paralisou o porto principal do Rio de Janeiro por conta das altas tarifas alfandegárias sobre os escravos. 09.04. (UECE) – Sobre a transferência da Corte portuguesa para o Brasil em 1808, é correto afirmar que a) ocorreu sem nenhum transtorno para a população do Rio de Janeiro, que recepcionou os nobres portugueses de forma planejada, sem que fossem necessárias grandes mudanças na cidade. b) teve como causa direta a invasão das tropas francesas ao território português como forma de forçar a adesão do país luso ao bloqueio continental. c) foi provocada pela ameaça inglesa de invasão ao Brasil, caso Portugal aderisse ao Bloqueio Continental ao co- mércio britânico, imposto por Napoleão Bonaparte no decreto de Berlim, emitido em 1806. d) somente foi realizada como forma de garantir o cum- primento do tratado de Fontainebleau, assinado com a França, que garantia a mudança para o Brasil no caso de ameaça espanhola a Portugal. Aperfeiçoamento 09.05. (CEFET – RJ) – Em 1808, D. João VI chegou ao Brasil, fugindo das conquistas napoleônicas. A partir de então, o Rio de Janeiro passou a ser a sede do Império Português. O período Joanino (1808-1821) é considerado um precursor do processo de independência do Brasil. Podemos chegar a essa conclusão a partir do entendimento de que: a) D. João VI sofreu severas críticas durante todo o período em que esteve no Brasil, não conseguindo manter sua autoridade e seu governo, tendo assim que renunciar ao trono de Portugal. b) possibilitou a abertura dos portos brasileiros a países como Inglaterra, facilitando o comércio e o enriqueci- mento das elites no Brasil. c) o processo de independência foi uma iniciativa do próprio rei português, a partir do momento em que ele resolveu apoiar a Insurreição Pernambucana em 1817. d) a Coroa Portuguesa não tinha interesse de governar o Brasil, tendo em vista que perdera a região da Cisplatina para a Coroa Espanhola. 09.06. (UEFS) – Do ponto de vista econômico, a con- cessão mais onerosa para os interesses da colônia foi a tarifa de 15% ad valorem a ser cobrada sobre as mer- cadorias inglesas entradas nos portos brasileiros, em navios ingleses ou portugueses [...]. Situação agravada 4 Extensivo Terceirão pelo fato de a Carta de Abertura dos portos fixar a taxa de 16% ad valorem para os navios portugueses e 24% para todas as demais nações. (José Jobson de Andrade Arruda. Uma colônia entre dois impérios, 2008.) O excerto refere-se aos tratados de 1810 assinados entre os governos português e inglês, que tiveram como uma de suas consequências a) o estímulo ao desenvolvimento das manufaturas no Brasil. b) o fortalecimento do controle metropolitano sobre o comércio colonial. c) a ligação das atividades econômicas coloniais com uma economia industrial. d) a crise das exportações de produtos primários do Brasil para a Europa. e) a adoção no conjunto do Império português da política do livre-cambismo. 09.07. (UFPE) – TEXTO 1 D. João VI e muitos de seus partidários sonhavam em refazer o Brasil à imagem da Europa Central. Nova Friburgo, apesar de ter fracassado, contribuiu para que as elites imaginassem o Brasil como um ímã para imigrantes, que transformariam o país em termos ra- ciais, econômicos e culturais. LESSER, J. A invenção da brasilidade: identidade nacional, etnicidade e políticas de imigração. Trad.: Patrícia de Queiroz Carvalho Zimbres. São Paulo: Editora UNESP, 2015, p. 49. Adaptado. TEXTO 2 Que Paris seja aqui! Assim pensava o Prefeito Pereira Passos durante os quatro anos da sua gestão (1903- 1906), uma época de Belle Époque na qual parecia que ele queria fazer do Rio de Janeiro uma Paris Tropical. DELUIZ, Ney. Disponível em: <https://espacomorgenlicht.wordpress. com/2013/09/02/o-rio-que-queria-ser-paris>. Acesso em: 07 maio 2019 (adaptado). Sobre a sociedade brasileira do século XIX e do início do século XX, assinale a alternativa CORRETA. a) Os dois textos, ainda que relativos a momentos históricos distintos, denotam a persistência de uma busca por refe- renciais europeus e brancos em nossa formação cultural. b) A formação da identidade nacional brasileira é uma cópia do mundo europeu, como os dois textos assinalam e exemplificam. c) Em todos os contextos históricos referidos, demonstra- -se a importância de propor a mestiçagem de diversas contribuições culturais na formação do país. d) No início dos séculos XIX e XX, o Brasil, na condição de Reino Unido, e o Brasil republicano, construíram modelos de civilização, integrando grupos sociais e raciais diversos. e) Os dois momentos históricos descritos nos textos, o período joanino e o início da República, foram marcados pela paz social, prosperidade econômica e estabilidade política. 09.08. (UDESC) – No Brasil, durante o início do século XIX, as províncias do Norte, dentre elas Pernambuco, viviam uma relativa prosperidade econômica, ocasionada em especial pela produção do algodão e do açúcar. A partir do estabelecimento da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, tal prosperidade foi relativamente fragilizada. Analise as proposições em relação às mudanças ocorridas com a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil. I. A alocação de uma estrutura burocrática no Rio de Janeiro tornou o governo de Dom João VI mais capacitado a se envolver nos negócios das províncias, o que possibilitou a diminuição de autonomia destas. II. Para arcar financeiramente com os custos da Corte no Rio de Janeiro, o governo exigiu a cobrança de mais impostos dos setores de produção de açúcar e algodão. III. A cobrança de maiores impostos e a diminuição da auto- nomia das províncias, ocasionadas pela presença da Corte no Rio de Janeiro, não tiveram nenhuma relação com o movimento que se tornou conhecido como Revolução Pernambucana. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. c) Somente a afirmativa I é verdadeira. d) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. e) Somente a afirmativa II é verdadeira. 09.09. (UEPB) – Ao chegar ao Brasil, D. João VI causou mu- danças. Educados na Europa, sob a influência do Iluminismo francês, os nobres precisavam dos livros, das pinturas e dos estudos científicos como símbolos de poder, de progresso e para se diferenciar dos nativos incultos que trabalhavam. Assinale a alternativa que traz quatro medidas efetivadas pelo governo que se instalou no Rio de Janeiro em 1808. a) Inauguração do Real Horto (Jardim Botânico)/ Criação do Banco do Brasil/ Construção do Jardim Zoológico de São Paulo/ Criação da Imprensa Régia. b) Criação da Caixa Econômica Federal/ Inauguração de Universidades em várias cidades/ Fundação da Real Biblio- teca/ Criação de um centro de pesquisas da cultura nativa. c) Instalação da Missão Científica Austro-francesa/ Inau- guração dos Jornais O Globo e Estado de São Paulo/ Inauguração da Casa de Cultura Francesa / Inauguração de uma estação de trens. d) Fundação da Real Biblioteca/ Construção do Forte de Santa Maria no Rio de Janeiro/ Implantação da Casa da Moeda/ Inauguração de um orquidário. e) Inauguração doReal Horto (Jardim Botânico)/ Criação da Imprensa Régia/ Fundação da Real Biblioteca / Insta- lação da Missão Científica Austríaca e da Missão Artística Francesa. Aula 09 5História 3C 09.10. “A fuga da família real portuguesa para o Brasil abriu o único período na história em que um império colonial foi governado de fora da Europa. Em 1807, sob forte pressão britânica e com o imperador francês Napoleão Bonaparte expandindo seu poder pelo con- tinente, D. João VI, então príncipe regente de Portugal, decide transferir a sede do reino para Rio de Janeiro. Apesar de planejada e debatida por muito tempo, a mudança se deu e modo atabalhoado e às pressas. Nem todos os que deveriam viajar conseguiram embarcar, e o mesmo aconteceu com parte da bagagem, incluindo os livros da biblioteca real, abandonados em caixotes. Quando a frota portuguesa partiu, amparada por navios ingleses, as tropas do general francês Junot se aproximavam de Lisboa.” COLOMBO, Sylvia. Confronto e Calmaria. Folha de São Paulo, 2 mar. 2008. Especial, p. 2. O artigo acima aborda as motivações que impulsionaram a transferência da sede do reino português para o Brasil. Sobre o tema podemos afirmar que dentre as principais repercussões provocadas pela instalação da corte portuguesa não se inclui: a) a fundação da Faculdade de Medicina na Bahia, e da Imprensa Régia no Rio de Janeiro; b) a assinatura de tratados de comércio e navegação com a Inglaterra, os quais favoreceram a comercialização de produtos de origem britânica pelas baixas tarifas cobradas dos produtos ingleses importados; c) a criação do Banco do Brasil, da Casa da Moeda e do Jardim Botânico; d) a fundação, no Rio de Janeiro, da Escola Nacional de Belas-Artes e da Biblioteca Pública; e) a convocação de uma Assembleia Constituinte, para a elaboração de novas leis, dentre elas a que estabeleceu a liberdade de comércio na colônia. Aprofundamento 09.11. (PUC – RJ) – Analise as afirmativas abaixo que apre- sentam acontecimentos referidos à política da Corte portu- guesa durante sua permanência no Brasil entre 1808 e 1821. I. Como expressão da relação de poder assimétrica entre os soberanos britânico e português, os tratados de 1810 impunham ao governo de D. João no Rio de Janeiro, entre outras decisões, a limitação do tráfico negreiro intercontinental às colônias de Portugal na África e o compromisso de abolir gradualmente o trabalho escravo na América portuguesa. II. A criação do primeiro Banco do Brasil, da Impressão Régia, da Escola de Medicina, das Academias Militar e de Mari- nha, do Real Horto, da Real Biblioteca e inúmeras outras medidas, assim como a conquista da Guiana Francesa e a ocupação da Banda Oriental, revelavam o projeto político da Corte joanina de “criar um novo império” na América, tendo como sede a cidade do Rio de Janeiro. III. Ao revogar o alvará de 1785 que proibia qualquer ativi- dade manufatureira na colônia americana, com exceção da fabricação de panos grossos para a vestimenta dos escravos, o Príncipe-Regente D. João propiciou o sur- gimento de inúmeros estabelecimentos fabris em dife- rentes pontos do Reino do Brasil, deflagrando o primeiro grande surto industrial do país, apesar da permanência do trabalho escravo. IV. A Revolução Pernambucana de 1817 teve como uma de suas motivações a reação aos privilégios concedidos por D. João aos comerciantes, burocratas e proprietários de escravos e terras do Rio de Janeiro e áreas próximas, o que lhes possibilitara prosperar, acumular poder e ga- nhar prestígio. Para os revolucionários de 1817, o Rio de Janeiro se transformara em uma “nova Lisboa”, dominada por “portugueses” que oprimiam os “brasileiros” de outras partes do Reino do Brasil. Assinale: a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. c) se somente as afirmativas I e IV estiverem corretas. d) se somente as afirmativas II, III e IV estiverem corretas. e) se somente as afirmativas I, II e IV estiverem corretas. 09.12. (PUC – RS) – O período que antecedeu à Indepen- dência do Brasil foi marcado pela presença da Coroa Por- tuguesa em sua colônia americana. Sobre esse processo, é INCORRETO afirmar: a) A primeira medida de D. João, o príncipe regente de Portugal, ao desembarcar no Brasil, foi assinar o decreto que estabelecia a abertura dos portos brasileiros às na- ções amigas (1808), atendendo, assim, aos interesses da Inglaterra, maior parceira econômica da Coroa Lusitana. b) Em 1810, D. João assinou tratado com a Inglaterra, es- tabelecendo que os produtos ingleses importados pelo Brasil pagariam apenas 15% de tributos alfandegários nos portos brasileiros, enquanto que os portugueses pagariam 16%, e os dos demais países, 24%. c) A Coroa Portuguesa tomou várias medidas para moderni- zar a sua colônia americana, promovendo maior abertura comercial, fazendo investimentos em infraestrutura e no desenvolvimento cultural do Rio de Janeiro, o que deu grande dinamismo à cidade. d) Em 1815, o Brasil foi elevado à condição de Reino Unido a Portugal e Algarve, deixando, assim, de ser oficialmen- te uma colônia, decisão tomada por D. João devido ao receio de que o Brasil seguisse o caminho das colônias espanholas e se separasse definitivamente da metrópole. e) Em 1820, foi deflagrada a Revolução do Porto que, dentre outras medidas, exigiu o retorno do Brasil à condição de colônia portuguesa e a volta de D. João a Portugal, a fim de reestabelecer o absolutismo nesse país. 6 Extensivo Terceirão 09.13. Com a vinda da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, não só os portos se abriram para as Nações Ami- gas, mas também as portas para a entrada de estrangei- ros. [...] Comerciantes, especialmente ingleses, artistas franceses e imigrantes, além de viajantes naturalistas de várias regiões do Velho Mundo, têm permissão de estudar o que o país desconhecido parecia prometer em novidades. Esses visitantes serão autores de um novo descobrimento do Brasil [...]. LISBOA, Karen Macknow. A Nova Atlântica de Spix e Martius: natureza e civilização na Viagem pelo Brasil (1817-1820). São Paulo: Hucitec, 1997. p. 29. O texto refere-se aos viajantes como autores de um “novo descobrimento do Brasil” porque eles teriam a) denunciado a condição degradante dos indígenas da América, dada a expropriação de suas terras. b) apontado a necessidade de emancipação política brasilei- ra frente aos interesses colonialistas de Portugal. c) influenciado as práticas agrícolas brasileiras por compar- tilharem tecnologias modernizantes dos Estados Unidos. d) divulgado as informações sobre o país ao transformarem suas anotações de viagens em relatos publicados na Europa. 09.14. (UEL – PR) – A transferência da Corte de D. João VI para a colônia portuguesa teve apoio do governo britânico, uma vez que: a) Portugal negociou o domínio luso na Península Ibérica com a Inglaterra, em troca de proteção estratégica e bélica na longa viagem marítima ao Brasil. b) em meio à crescente Revolução Industrial, os negociantes ingleses precisavam expandir seus mercados rumo às Américas, já que o europeu era insuficiente. c) o bloqueio continental imposto por Napoleão fechou o comércio inglês com o continente europeu; a instalação do governo luso no Brasil propiciou a retomada dos negócios luso-anglicanos. d) o exército napoleônico invadiu Portugal visando a instituir o regime democrático republicano de paz e comércio, em franca oposição ao expansionismo da monarquia britânica. e) os ingleses pretendiam consolidar novos mercados na América Portuguesa, tendo em vista antigas afinidades socioculturais com os ibéricos. 09.15. (UFSC) – “A fuga da família real portuguesa para o Brasil abriu o único período na história em que um império colonial foi governado de fora da Europa. Em 1807, sob forte pressão britânica e com o imperador francês Napoleão Bonaparte expandindo seu poder pelo continente,Dom João 6.º [sic], então príncipe regente de Portugal, decide transferir a sede do reino para o Rio de Janeiro. Apesar de planejada e debatida por muito tempo, a mudança se deu de modo ataba- lhoado e às pressas. Nem todos os que deveriam viajar conseguiram embarcar, e o mesmo aconteceu com parte da bagagem, incluindo os livros da biblioteca real, abandonados em caixotes. Quando a frota portuguesa partiu, amparada por na- vios ingleses, as tropas do general francês Junot se aproximavam de Lisboa.” COLOMBO, Sylvia. Confronto e Calmaria. “Folha de São Paulo”, São Paulo, 2 mar. 2008. Especial, p. 2. Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre a história ibérica, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). 01) O deslocamento da Família Real de Lisboa para o Brasil, em 1808, foi provocado pelas ameaças de invasão mili- tar dos ingleses e a ingenuidade política do rei D. João VI, que assumiu o poder após a morte de sua mãe, D. Maria, a Louca. 02) A instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro, em 1808, transformou o Brasil no único exemplo da histó- ria ocidental em que um império colonial foi governa- do de fora da Europa. 04) Durante o século XIX, pressionado pelos ingleses e com a invasão dos seus territórios pelas tropas francesas, o rei da Espanha decidiu seguir o exemplo de D. João VI e transferiu a sede do governo para Buenos Aires. 08) A viagem da corte portuguesa para o Brasil foi planeja- da desde 1807 e permitiu um transcurso direto, rápido e tranquilo até o Rio de Janeiro, cidade que dispunha de alojamentos suficientes para hospedar um número superior a 10 mil nobres lusitanos. 16) A transferência da sede administrativa do reino por- tuguês para o Rio de Janeiro exigiu a criação de ins- tituições como o Banco do Brasil, a Imprensa Real e a Academia Militar. 09.16. (UEM – PR) – Sobre a vinda da Corte portuguesa e sua permanência no Brasil no início do século XIX, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) A Missão Artística Francesa, promovida pela Coroa Por- tuguesa, influenciou o ambiente cultural brasileiro e introduziu nas artes plásticas o neoclassicismo, movi- mento artístico que se inspirava na arte greco-romana. 02) Com a vinda da Corte, ocorreu um processo de urba- nização; e o Brasil, até então um país agrário, com a maioria da população exercendo atividades agrícolas, tornou-se um país caracterizadamente urbano. 04) A vinda da Corte portuguesa e a transposição dos prin- cipais órgãos do Estado metropolitano tornaram o Bra- sil a sede do Império Português. 08) A vinda da Corte decorreu das Guerras Napoleônicas e criou condições para a abertura dos portos brasileiros às “nações amigas” em 1808. 16) A presença da corte portuguesa promoveu uma maior autonomia e contribuiu decisivamente para o processo que conduziu o Brasil à independência. Aula 09 7História 3C 09.17. (FGV – SP) – Leia a entrevista. FOLHA – Estamos vivendo um momento de novas interpretações em relação ao período imperial? MAXWELL – (...) o movimento de independência da década de 1820 não aconteceu no Brasil, mas em Portugal. Foram os portugueses que não quiseram ser dominados por uma monarquia baseada na Amé- rica. Com a rejeição da dominação brasileira, eles atraí- ram muitos dos problemas de fragmentação, guerras civis e descontinuidade que são parecidos com aque- les que estavam acontecendo na América espanhola. É sempre importante, ao pensar a história do Brasil, considerar que ela não se encaixa em interpretações convencionais. É sempre necessário pensar um pou- co de forma contrafactual, porque a história brasilei- ra não segue a mesma trajetória de outras histórias das Américas. O rei estava aqui, a revolução liberal estava lá. A continuidade estava aqui, a descontinui- dade estava lá. Acho que isto explica muito das coisas que acontece- ram depois no Brasil, no século 19. Marcos Strecker, Para Maxwell, país não permite leituras convencionais. Folha de S.Paulo, 25-11-2007. “A história brasileira não segue a mesma trajetória de outras histórias das Américas”, pois a) em 1824 foi promulgada a primeira constituição do Brasil, caracterizada pela divisão e autonomia dos três poderes e por uma legislação social avançada para os padrões da época, pois garantia o direito de voto a todos os brasileiros. b) com a grave crise estrutural que atingiu as atividades produtivas da Europa no início do século XIX, restou ao Brasil um papel relevante no processo de recuperação das bases econômicas industriais, com o fornecimento de algodão, tabaco e açúcar. c) os princípios e as práticas liberais do príncipe-regente Dom Pedro se chocavam com o conservadorismo das elites coloniais do centro-sul, defensoras de restrições mercantilistas com o intuito de conter a ganância bri- tânica pela riqueza brasileira. d) com as invasões napoleônicas, desorganizaram-se os contatos entre a metrópole espanhola e seus espaços coloniais na América, situação diversa da verificada em relação ao Brasil, que abrigou a Corte portuguesa. e) a elite colonial nordestina – voltada para o mercado in- terno, defensora do centralismo político-administrativo e da abolição da escravatura – apostava na liderança e na continuidade no Brasil de Dom João VI para a efetivação desse projeto histórico. 09.18. (UNESP – SP) – A vinda da Corte com o enraiza- mento do Estado português no Centro-Sul daria início à transformação da colônia em metrópole interiorizada. (Maria Odila Leite da Silva Dias. A interiorização da metrópole e outros estudos, 2005.) Cite e analise duas medidas determinadas pelo Príncipe Re- gente D. João, nos anos em que ficou no Brasil, que tenham contribuído para essa interiorização da metrópole e seu gradual enraizamento na colônia. Desafio 09.19. (UFPR) – Leia os dois excertos abaixo sobre o Museu Nacional do Rio de Janeiro: A primeira instituição museológica e de pesquisa do Brasil, o Museu Nacional/UFRJ, segue seu pioneiris- mo com estudos de ponta e amplo acervo enriquecido constantemente. [...] O embrião das coleções foi im- plantado pela família real portuguesa, e atualmente é o maior museu de história natural e antropológica da América Latina. (PIRES, Debora de Oliveira. 200 anos do Museu Nacional. Rio de Janeiro: Associação Amigos do Museu Nacional, 2017.) As cinzas do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, con- sumido pelas chamas na noite do último domingo, são mais do que restos de fósseis, cerâmicas e espécimes raros. O museu abrigava entre suas mais de 20 milhões de peças os esqueletos com as respostas para perguntas que ainda não haviam sido respondidas – ou sequer feitas – por pesquisadores brasileiros. E pode ter calado para sempre palavras e cantos indígenas ancestrais, de línguas que não existem mais no mundo. (ALESSI, Gil. A ciência perdida no incêndio do Museu Nacional. El País, 06 set 2018. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/ brasil/2018/09/05/politi- ca/1536160858_009887.html>. Acesso em 06 de set. 2018.) 8 Extensivo Terceirão O Museu Nacional foi construído no Rio de Janeiro juntamente com outras iniciativas, como o Jardim Botânico e a Biblioteca Real, nas duas primeiras décadas do século XIX, após a vinda da família real portuguesa ao Brasil. a) Identifique a razão pela qual a família real se instalou no Brasil em 1808 e pontue outras duas consequências da sua vinda para os brasileiros, durante o chamado período joanino (1808-1821). b) A partir da leitura dos excertos apresentados e dos conhecimentos sobre história, disserte sobre duas funções sociais e/ ou científicas da existência de lugares de memória e de patrimônio, tais como o Museu Nacional. 09.01. d 09.02. b 09.03. c 09.04. b 09.05. b 09.06. c 09.07. a 09.08. d 09.09. e 09.10. e 09.11. e 09.12. e 09.13. d 09.14. c 09.15. 18 (02 + 16) 09.16. 29 (01 + 04 + 08 + 16) 09.17. d 09.18. Podemos citar: (1) abertura dos Portos às Nações Amigas, rompendo o Pacto Colonial, (2) elevação do Brasil à cate-goria de Reino Unido ao de Portugal e Algarves, (3) abertura de escolas de ensino superior, (4) criação da Imprensa Régia, (5) criação da Casa da Moeda, (6) abertura do Banco do Brasil, dentre ou- tros feitos. 09.19. a) Fugindo das invasões napoleônicas no contexto do Bloqueio Continental, a corte portuguesa fugiu de Portugal, foi escoltada pela marinha Inglesa, chegando em 1808 ao Brasil. Entre as realizações de D. João VI no Brasil, 1808-1821, estão a criação do Banco do Brasil, da Biblioteca, do Jardim Bo- tânico, das faculdades de Medicina e Direito, etc. b) O Museu Nacional do Rio de Janeiro possuía um grande acervo histórico contribuindo muito para a preserva- ção da memória nacional e interna- cional. Nele estava boa parte da His- tória nacional; representava um local de estudos para os pesquisadores, uma vez que preservava a memória social, histórica e científica. Segundo o professor e antropólogo da UFPR João Pacheco de Oliveira, “Foi uma hecatombe o incêndio no Museu. O acervo etnológico perdeu materiais indígenas, africanos, da Oceania. Ha- via peças mais antigas que o próprio museu, herdadas dos imperadores D. Pedro I e II. Havia mais de 40 mil peças relativas aos povos indígenas do Brasil, o maior acervo sobre esse tema nas Américas. Era memória, os elementos de cultura material que permitiam repensar culturas, formas de contato e mudanças culturais. Além do acervo, perdemos a biblio- teca do programa de pós-graduação em Antropologia Social, com 30 mil volumes. A arqueologia também per- deu um acervo valioso – material dos Andes, do Egito, da Europa”. Gabarito 9História 3C História 3C A Independência – Primeiro Reinado Aula 10 Que fatos marcaram o rompimento político com Portugal? No início da década de 20 do século XIX, o quadro podia ser assim resumido: pressão das Cortes portu- guesas, visando a reenquadrar o Brasil nos moldes do Pacto Colonial; pressão inglesa no sentido de garantir o domínio comercial sobre o mercado brasileiro; manifestações das populações urbanas, desejando aproveitar o clima de incertezas para concretizar um projeto radical de emancipação, nos moldes do que vi- nha acontecendo em outras nações latino-americanas; os proprietários rurais brasileiros admitiam a emanci- pação como solução para evitar o risco da recoloniza- ção, mas temiam que uma radicalização do processo pusesse em risco seus reais interesses: a propriedade da terra, dos escravos e a manutenção do controle sobre o território nacional. A solução para a elite brasileira parecia ser mesmo a de dar continuidade à Dinastia de Bra- gança, por meio da figura do jovem, inexperiente e manipulável D. Pedro de Alcântara. Induzi-lo a romper com Portugal seria a forma menos traumá- tica de independência, além da melhor garantia de manter a estrutura latifundiária e a escravagista intactas. A ação insensível das Cortes portuguesas facilitou o trabalho da elite brasileira. Em outubro de 1821, as Cortes solicitaram o retorno de D. Pedro a Portugal. Ora, voltar significava abrir mão de qualquer chance de exercício do poder, já que o caráter liberal do novo governo português limitava as funções do Rei, fato que logicamente desagradava o Príncipe Regente do Brasil. Essa situação acabou por aproximar o grupo de D. Pedro ao (grupo) da aristocracia rural, iniciando os contornos de uma “solução pelo alto”, envolvendo o príncipe, man- tendo a monarquia e os privilégios econômicos da elite. Em janeiro de 1822, D. Pedro anunciou publicamente sua intenção de permanecer no Brasil, o que provocou a ira das Cortes portuguesas, que enviaram novas ordens, limitando os poderes de D. Pedro ao Rio de Janeiro e determinando a obediência do resto do território dire- tamente a Lisboa. O Príncipe Regente respondeu com a Lei do Cumpra-se, estabelecendo que a obediência a qualquer ordem em todo o território brasileiro estava condicionada à sua assinatura. José Bonifácio, representante da aristocracia, che- fiava o ministério de D. Pedro nesse momento e exercia grande influência sobre o Príncipe Regente. Pode-se dizer que Bonifácio foi o verdadeiro articulador da Independência. Em junho de 1822, D. Pedro convocou uma Consti- tuinte, antecipando o grito do Ipiranga. Afinal, por que uma nova Constituição senão para formalizar a separa- ção de Portugal? As disposições da convocação excluíram qualquer possibilidade de participação popular no processo de escolha dos constituintes. Era a garantia de que o controle das leis e da ordem não cairia nas mãos de radicais. As Cortes portuguesas reagiram duramente a essas notícias: mandaram ordens anulando as últimas deter- minações de D. Pedro e exigiram seu imediato retorno a Portugal, sob pena de deserdá-lo. Era chegada a hora da decisão... Grito do Ipiranga! A chegada das últimas ordens das Cortes ao Rio de Janeiro pegou D. Pedro “fora de casa”. No dia 14 de agosto, ele havia partido para Santos, a fim de visitar a família de José Bonifácio, seu principal assessor e ministro. Ao receber as notícias vindas de Portugal, Bonifácio imediatamente mandou avisar D. Pedro. Conhecedor do espírito explosivo do Príncipe Regente, o ministro tinha certeza de que, apanhado de surpresa, o humor de D. Pedro não resistiria às más notícias. 10 Extensivo Terceirão Diante das últimas ordens provenientes das Cortes por- tuguesas, Dona Leopoldina, esposa de D. Pedro, comentou: “Os frutos estão maduros. Já é hora de colhê-los”. Gérson Brasil, no livro A Revo- lução Brasileira de D. Pedro I (São Paulo, Editora J. Bushatski, p.123), definiu assim os momentos que antecederam o “grito” da Indepen- dência: Finalmente, na madrugada de 7 de setembro, saiu D. Pedro de Santos em direção a São Paulo, (...) mas logo à altura de Cubatão começou a passar mal da barriga, por isso mandou que a Guarda e a maior parte da sua comitiva se adiantassem para esperá-lo perto da capital. Vestia um uniforme comum, uma fardeta de oficial de polícia e montava uma besta gateada, mais adequada que o cavalo para descer e subir a serra em estrada rústica de terra batida. Às margens do riacho Ipiranga, o jovem príncipe recebeu as cartas com as últimas ordens das Cortes. Como imaginaram José Bonifácio e Dona Leopoldina, D. Pedro ficou irado e, dirigindo-se à pequena comitiva que o acompanhava, bradou: Independência ou Morte! E assim se deu: a Independência política, realizada por D. Pedro, em virtude das ingerências dos mem- bros da elite, teve apoio popular e afastou os riscos da recolonização portuguesa. Mas foi só. No mais, nada mudou no país. “Independência ou Morte”, obra de Pedro Américo, 1888 M us eu P au lis ta /F ot óg ra fo d es co nh ec id o Quais as primeiras dificuldades do novo governo? Ao contrário do que muitos imaginam, a Independência não teve fácil aceitação, princi- palmente para os milhares de portugueses que moravam no Brasil e que temiam ser prejudi- cados. Diante disso, muitos reagiram contra a separação de Portugal. No Pará, no Maranhão, no Piauí, na Bahia e na Província Cisplatina, D. Pedro teve de recorrer à força para garantir a obediência à sua autoridade e, principalmente, evitar a fragmentação territorial do Império. Como não havia um exército organizado para enfrentar conflitos de maior envergadura, o jovem Imperador contratou mer- cenários, como o almirante Cochrane, Grenfell e o general Labatut. A maior resistência ocorreu na Bahia, onde as hostilidades dos portugue- ses, comandados pelo brigadeiro Madeira de Melo, vinham desde antes da Independência. Agressões e atos de violência geraram um clima muito tenso. Até a Igreja se envolveu, após o ataque português ao convento da Lapa, que resultou na morte da soror Joana Angélica. Co nv en to d a La pa /F ot óg ra fo d es co nh ec id o Lord Cochrane © W ik im ed ia C om m on s/ Sm ith so ni an L ib ra rie s Soror Joana Angélica, bloqueando a passagem datropa Portuguesa. Sal- vador – BA. Aula 10 11História 3C Em 2 de julho de 1823, as tropas fiéis ao governo, li- deradas por Labatut, venceram em Pirajá. Os portugueses bateram em retirada. Consolidou-se, quase um ano após a proclamação, a Independência no âmbito interno. No Pará, ocorreu uma situação curiosa e trágica. Após pacificar a reação portuguesa, o inglês John Grenfell abriu fogo contra os brasileiros que come- moravam a libertação da região (cinco brasileiros foram fuzilados). Outros 252 morreram asfixiados num porão de navio. O reconhecimento interno não foi, no entanto, a única dificuldade do novo governo. O reconhecimento externo exigiu de D. Pedro muitos esforços e recursos. O primeiro país a reconhecer a independência brasi- leira foram os EUA, em 1824. A atitude norte-americana era coerente com a postura de seu presidente, James Monroe, que advogava a não interferência europeia nas questões políticas e territoriais da América. A síntese de sua política, conhecida como Doutrina Monroe, era “A América para os americanos”. Boa parte da Europa, nessa ocasião, vivia o perío- do da Restauração, com a volta ao poder – após a derrocada de Napoleão Bonaparte – de líderes ab- solutistas. Essa nova situação política na Europa difi- cultou bastante o reconhecimento de uma nova co- lônia que desfalcava uma potência europeia e dava mau exemplo às demais colônias. Para reconhecer a independência do Brasil, Portugal exigiu, em 1825: • o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas a título de indenização; • o título honorário, dado a D. João VI, de Imperador do Brasil. A mediação para o reconhecimento português foi feito pela Inglaterra, interessada em manter os negócios com o Brasil. Foram os ingleses, inclusive, que, “gentil- mente”, emprestaram o dinheiro para D. Pedro pagar a indenização aos portugueses. Com juros, é claro! O interessante é que os ingleses só reconheceram a nossa independência depois de Portugal. Apro- veitaram, enquanto isso, para tirar um pouco (mais) de proveito: exigiram a renovação dos Tratados de 1810 – que expirariam em 1827 – garantindo que produtos da Inglaterra pagassem tarifas adua- neiras bastante baixas. Além disso, arrancaram de D. Pedro o compromisso de acabar com o tráfico negreiro, gerando desconfiança e insatisfação dos proprietários brasileiros. As indenizações e favores realizados em troca da Independência fragilizaram ainda mais a já dramática situação econômica do país naquele momento. Sem nenhum produto que sustentasse a economia nacio- nal, o governo brasileiro aprofundou a sua dependên- cia econômico-financeira em relação à Inglaterra. Os empréstimos concedidos pelos bancos ingle- ses serviam até para o pagamento dos funcionários do Império. A crise econômica ajudou a enfraquecer a aliança entre o povo e o Imperador. Como foi elaborada a primeira constituição do Brasil? A Constituinte, que já havia sido convocada por D. Pedro antes mesmo do “gri- to do Ipiranga”, reuniu-se a partir de 3 de maio de 1823. As ações dos constituintes estavam centradas nos interesses dos proprietários rurais. Isso determinaria a organização do Estado e o funcionamento do governo. Um dos líderes desse grupo majoritário, Antônio Carlos de Andrada, irmão de José Bonifácio, elaborou um pro- jeto liberal e antilusitano. Elitista, o projeto permitia que votassem e fossem votados apenas os que pudessem provar renda. Era o voto censitário. O curioso é que a base de cálculo usa- da para determinar quem poderia votar ou não era a farinha de mandioca. Se o cidadão possuísse o equiva- lente a 150, 250, 500 ou 1 000 alqueires de mandioca, poderia ser eleitor ou se candidatar a deputado ou a senador, conforme o caso. Por isso, esse projeto ficou conhecido como a Constituição da Mandioca. O aspecto mais controverso do projeto era o que limitava os poderes de D. Pedro e os direitos dos portugueses no Brasil. Em resumo, a elite rural brasileira desejava fazer com D. Pedro o mesmo que a elite portuguesa fez com D. João, ou seja, torná-lo um Imperador de fachada. Porém, D. Pedro, que havia jurado respeitar o texto constitucional se ele fosse digno do Brasil e dele, não se con- formou com essa trama e resolveu agir de forma decidida. M us eu P au lis ta /F ot óg ra fo d es co nh ec id o José Bonifácio continuava à frente da política nacional. 12 Extensivo Terceirão No dia 12 de novembro de 1823, após manter os constituintes acordados a noite toda – essa vigília forçada ficou conhecida como a Noite da Agonia –, D. Pedro dissolveu a Assembleia. Vários constituintes foram presos, inclusive os irmãos Andrada. Dissolução da Assembleia Dissolvida a Assembleia, D. Pedro determinou a elaboração de um novo texto constitucional, que a rigor modificou pouco o que já havia sido feito. O Imperador manteve o caráter liberal da Monarquia Constitucional pensada pelos constituintes e o voto censitário, mas na verdade criou mecanismos que lhe garantiam amplos poderes, como o Poder Moderador, por meio do qual poderia intervir nos demais poderes. A constituição foi outorgada no dia 25 de março de 1824. Além dos aspectos já mencionados, podemos desta- car na primeira Constituição do Brasil: • O senado tornou-se vitalício. • A Igreja Católica tornou-se a religião oficial do Estado. • Foi garantida a liberdade religiosa. • O Brasil foi dividido em províncias. • As eleições para a Assembleia tornaram-se indiretas. Quais os fatores condicionantes da abdicação de D. Pedro? Com o fechamento da Constituinte, D. Pedro rompeu relações com a elite rural e, diante disso, isolou-se poli- ticamente. Além disso, uma série de fatores provocou a reação dos setores médios e populares contra o Impera- dor, entre eles: • a crise econômica que afetava duramente as ca- madas populares; • a repressão da Confederação do Equador inicia- da em Pernambuco. Essa revolta liberal, liderada pelo religioso e jornalista Frei Caneca, teve como causa imediata a indicação de um governador conservador para a Província, o qual não foi acei- to pelos pernambucanos. As ideias liberais e an- tilusitanas difundidas pela imprensa pregavam também o separatismo e a proclamação de uma República Federalista. O movimento recebeu a adesão de outras provín- cias, e os rebeldes chegaram a proclamar a República, adotando provisoriamente a Constituição da Colôm- bia. D. Pedro reprimiu o movimento e não perdoou aos rebeldes: dezesseis deles foram condenados à forca, inclusive Frei Caneca. O descontentamento com a forma como D. Pedro reprimiu a Confederação do Equador contribuiu para isolar ainda mais o Imperador. Confederação do Equador Ta lit a Ka th y Bo ra 13História 3C A popularidade de Frei Caneca era tão grande que ninguém se apresentou para executar a sua pena de morte, como dispunha a lei. Acabou sendo fuzilado pelo exército. • Em 1825, os uruguaios declararam sua indepen- dência do Brasil e reapro- ximaram-se da Argen- tina. D. Pedro declarou guerra aos argentinos. O conflito se arrastou por três anos, ampliando os problemas financeiros e a insatisfação geral. Em 1828, com a interferên- cia inglesa, D. Pedro de- sistiu do Uruguai, acei- tando a independência. • Em meio a esse conflito, morreu o rei de Portugal, D. João VI. D. Pedro era o seu herdeiro. Como a situação brasileira era grave, abdicou em nome de sua filha, D. Maria da Glória. Porém, D. Miguel, irmão de D. Pedro, deu um golpe (com apoio de D. Carlota Joaquina, mãe de ambos) e assumiu o trono português. Toda essa confusão afastou D. Pedro dos problemas na- cionais, motivo pelo qual foi duramente criticado. D. Miguel e Maria da Glória, irmão e filha de D. Pedro I, aspiran- tes à Coroa portuguesa • As críticas dos jornais, como o Aurora Fluminense, irritaram o Imperador, que mandou fechar alguns deles. Alguns jornalistas foram agredidos. Em São Paulo, o jornalista Líbero Badaró, do jornal O Ob- servador Constitucional,foi assassinado. O clima ficou muito difícil para o Imperador. • Em fins de 1830, D. Pedro fez uma viagem a Mi- nas e foi friamente recebido pela população. De volta ao Rio, os portugueses que o apoiavam tentaram organizar uma festa, mas os brasileiros atacaram o local e houve uma grande confusão. Esse episódio ficou conhecido como a Noite das Garrafadas. D. Pedro tentou, para acalmar os ânimos, nomear um ministério formado apenas por brasileiros natos. A medida, porém, não surtiu efeito. Quinze dias depois, organizou novo gabinete formado por portugueses, que ficou conhecido como Ministério dos Marqueses. As pressões se avolumaram. O povo foi às ruas e a situação tornou-se insustentável. O Imperador, então, desistiu. Em 7 de abril de 1831, D. Pedro abdicou em favor de seu filho mais velho, na época com cinco anos de idade. A abdicação de D. Pedro encerrou o processo de Independência. O afastamento do Imperador e do grupo português que o apoiava consolidou o grupo agrário brasileiro no poder e afastou defi- nitivamente o perigo da recolonização. Agora era hora de constituir as regras do Estado brasileiro. Para a elite, o desafio passava a ser as massas po- pulares. Como tutor do futuro Imperador foi escolhido José Bonifácio. D. Pedro partiu para a Europa, a fim de lutar pelo trono de sua filha. Venceu o irmão, D. Miguel, e D. Maria da Glória assumiu com o nome de D. Maria II. Em 1834, doente, D. Pedro morreu, aos 36 anos de idade. D. Pedro morre, em Portugal, aos 36 anos. Pa lá ci o N ac io na l d e Q ue lu z/ Fo tó gr af o de sc on he ci do Aula 10 Co le çã o M ur ill o La G re ca /F ot óg ra fo d es co nh ec id o Frei Caneca 14 Extensivo Terceirão Testes Assimilação 10.01. (CEFET – MG) – Nos primeiros anos após a Inde- pendência do Brasil, formou-se um governo dissidente em 2 de julho de 1824. Apoiado pelas classes populares urbanas, por negociantes do Recife e proprietários ru- rais ligados à cultura do algodão, o movimento buscou reunir Pernambuco às províncias do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e estender sua ação até o Piauí e Ceará com um governo federativo e republicano. MUGGIATI, Roberto (coord.). A construção do Brasil. Revista Nossa História, vol. Único, São Paulo, 2006. p. 49. A consolidação do Império Brasileiro pós-independência foi marcada, desde o início, por conflitos em torno de um modelo de Estado centralizado, resultando na eclosão de movimentos de resistência. A qual movimento dessa natureza esse texto faz menção? a) Balaiada b) Sabinada c) Revolta dos Malês d) Confederação do Equador 10.02. (ESPM – SP) – Assim, as províncias do nordeste, há muito insatisfeitas com a política da corte, e agitadas com essa guerra de palavras, manifestaram-se em uma nova explosão revolucionária. Contra decisões de D. Pedro I, conclamava o Typhis Pernambucano: ‘Eia, pernambucanos! A nau da pá- tria está em perigo, cada um a seu posto, unamo-nos com as províncias limítrofes. Escolhamos um piloto, que mareie a nau ameaçada de iminente e desfechada tempestade; elejamos um governo supremo, que nos conduza à salvação e à glória.’. (Lúcia Bastos Pereira das Neves. “A Vida Política” in: Crise Colonial e Independência / coordenação Alberto da Costa e Silva) O contexto tratado deve ser relacionado com: a) a Confederação do Equador; b) a Revolução Pernambucana de 1817; c) a Praieira; d) a Sabinada; e) a Cabanagem. 10.03. (CEFET – MG) – A classe dominante brasileira era, em sua maioria, conservadora (...). Desejava manter as estruturas econômicas e sociais coloniais baseadas no sistema agrícola, na escravidão e na exportação de produtos agrícolas tropicais para o mercado europeu. Contudo, havia nas cidades (...) alguns liberais que esperavam mudanças mais profundas na política e na sociedade: soberania popular, democracia e mesmo uma república. (BETHELL, Leslie. A independência do Brasil. In: História da América Latina. São Paulo: EDUSP, 2009. V. 3, p. 213.) A aceitação de D. Pedro pela elite senhorial, como líder do processo de independência do Brasil, eclodido em 1822, visava a) manter nosso país sob a tutela da metrópole lusitana. b) evitar transformações mais bruscas na ordem social e política. c) defender a República como sistema de governo para o novo país. d) impossibilitar a escolha do regime monárquico após a emancipação. 10.04. (FMP – RJ) – O texto a seguir é um fragmento de decreto de D. Pedro I, de 1823, em que o imperador dissolve a Assembleia Constituinte. Havendo Eu convocado, como Tinha Direito de con- vocar, a Assemblea Geral, Constituinte e Legislativa, [...] e havendo esta Assemblea perjurado ao tão so- lemne juramento, que prestou á Nação [...]: Hei por bem, como Imperador, e Defensor Perpetuo do Brasil, dissolver a mesma Assemblea, e convocar já huma ou- tra na forma das Instruções, feitas para a convocação desta, que agora acaba; a qual deverá trabalhar sobre o Projecto de Constituição, que Eu Hei-de em breve Apresentar; que será duplicadamente mais liberal, do que a extincta Assemblea acabou de fazer. D. PEDRO I. Decreto de dissolução da Assembleia Nacional Constituinte, em 12 nov. 1823 apud PEREIRA, V. “A longa ‘noite da agonia’”. Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: SABIN, ano 7, n. 76, jan. 2012, p. 42. Com base na justificativa do ato político explicitado no texto do decreto, e analisando as suas consequências, identifica-se um antagonismo entre: a) Monarquia e República b) Capitalismo e Socialismo c) Imperialismo e Independência d) Absolutismo e Liberalismo e) Nacionalismo e antilusitanismo Aperfeiçoamento 10.05. (ESPM – SP) – Vossa majestade verá que fiz de minha parte tudo quanto podia e, por mim, no dito tra- tado, está feita a paz. É impossível que vossa majestade, havendo alcançado suas reais pretensões negue ratificar um tratado que lhe felicita seus reinos, abrindo-lhe os portos ao comércio estagnado, e que vai pôr em paz tanto a nação portuguesa, de que vossa majestade é tão digno rei, como a brasileira, de que tenho a ventura de ser imperador. Paulo Rezzuti. D. Pedro: a história não contada. O homem revelado por cartas e documentos inéditos. Aula 10 15História 3C O fragmento é parte da carta de D. Pedro a D. João VI, ver- sando sobre o tratado por meio do qual Portugal reconhecia a independência do Brasil, mediante: a) a renovação dos tratados comerciais de 1810; b) a concessão aos portugueses da Ilha de Trindade; c) a assinatura de um acordo de reciprocidade; d) o compromisso assumido pelo Brasil de cessar o tráfico negreiro; e) o pagamento pelo Brasil de uma indenização de 2 milhões de libras. 10.06. (UNESP – SP) – A primeira Constituição brasileira, de 1824, foi a) aprovada pela Câmara dos Deputados e estabeleceu o voto censitário. b) imposta por Portugal e determinou o monopólio portu- guês do comércio colonial. c) outorgada pelo imperador e definiu a existência de quatro poderes. d) promulgada por uma Assembleia Constituinte e concen- trou a autoridade no Poder Executivo. e) determinada pela Inglaterra e estabeleceu o fim do tráfico de escravos. 10.07. (ACAFE – SC) – O período da história brasileira conhe- cido como Primeiro Reinado marcou o início da construção do Estado brasileiro a partir da separação política de Portugal. Sobre esse contexto, é correto afirmar: a) O Poder Moderador permitia que os senadores do império fiscalizassem com mais rigor as ações do imperador. b) Com o voto censitário, a grande maioria do povo ficou afastada da vida política. c) Foi implantado o Parlamentarismo Monárquico, dando mais autonomia para o poder legislativo. d) Foi instituído o registro de nascimento e o casamento civil e, pelo regime do padroado, ficou estabelecido que o Brasil não tivesse nenhuma religião oficial e que era livre o culto religioso 10.08. (FPP – PR) – Na interpretaçãomais conhecida sobre a História do Brasil, a data de 7 de setembro de 1822 repre- sentou um marco, pois, nesse dia, D. Pedro proclamou ofi- cialmente a separação da Colônia da metrópole portuguesa. Sobre o processo de Independência do Brasil, assinale a alternativa CORRETA. a) As relações entre a Coroa portuguesa e o Brasil melhora- ram quando Dom João VI, de Portugal, apoiado pela Corte portuguesa, assinou um decreto concedendo o título de Regente do Brasil a seu filho Dom Pedro. Entretanto, apro- veitando-se da autoridade que lhe foi concedida, no dia 7 de setembro de 1822, Dom Pedro rompeu politicamente com Portugal e proclamou a Independência do Brasil. b) A Independência brasileira foi um processo liderado, em grande parte, pelos setores sociais que mais se beneficiavam com a ruptura dos laços coloniais: os grandes proprietários de terra e os grandes comerciantes, pois a separação tinha como objetivo preservar a liberdade de comércio e a autonomia administrativa. A maioria da população permaneceu na situação anterior à proclamação da Independência. c) Após o processo de Independência, a economia brasileira tornou-se competitiva no mercado internacional, pois devido ao apoio econômico inglês o Brasil começou a desenvolver a atividade industrial, o que era proibido pelo governo metropolitano. d) A mudança mais significativa após a Independência do Brasil ocorreu no âmbito econômico-social, pois com o desenvolvimento econômico surgiram novas classes sociais urbanas ligadas ao processo industrial. e) A Inglaterra, interessada em manter os benefícios comer- ciais garantidos pelos tratados de comércio e navegação de 1810, foi a primeira nação a reconhecer a Indepen- dência do Brasil. 10.09. (UNESP – SP) – O texto afirma que a consolidação do Rio de Janeiro como “o centro da vida política nacional” ocorreu com a) a reunião dos órgãos administrativos na capital e o fecha- mento das assembleias provinciais. b) a proclamação da independência política e a implantação do regime republicano no país. c) a concentração do poder nas mãos do imperador e a ascensão econômica de São Paulo. d) o declínio da economia açucareira nordestina e o início da exploração do ouro nas Minas Gerais. e) o crescimento populacional da capital e a democratização política no Segundo Reinado. 10.10. (UDESC) – Em 25 de março de 1824, Dom Pedro I outorgou a Constituição Política do Império do Brasil. Em relação à Constituição de 1824, assinale a alternativa correta. a) O Texto Constitucional foi construído coletivamente pela Câmara de Deputados, votado e aprovado em 25 de março de 1824. Expressava os interesses tanto do partido liberal quanto do partido conservador, para o futuro na nação que recém conquistara sua independência. b) A Constituição de 1824 instaurava a laicidade no território nacional, extinguindo a religião católica como religião ofi- cial do império e expressando textualmente que “todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do Templo”. c) A organização política instaurada pela Constituição de 1824 dividia-se em 4 poderes: Executivo, Legislativo, Ju- diciário e Moderador, sendo que este último determinava a pessoa do imperador como inviolável e sagrada. d) A Constituição de 1824 determinou a cidadania amplifi- cada e o direito ao voto para todos os nascidos em solo brasileiro, independentemente de gênero, raça ou renda. e) A Constituição de 1824 promoveu, em diversos artigos, ideais de cunho abolicionista. Tais ideais foram respaldo para movimentos políticos posteriores, tais como a Re- volta dos Farrapos e a Revolta dos Malês. 16 Extensivo Terceirão Aprofundamento 10.11. (FEEVALE – RS) – “[...] no 07 de setembro de 1822, nas margens do Ipiranga, nos arredores de São Paulo, quando Dom Pedro, herdeiro do trono português, gritou ‘Independência ou morte’, estava exagerando. [...] O que estava em jogo no início da década de 1820 era mais uma questão de monarquia, estabilidade, continuidade e integridade territorial do que de revolução colonial.” MAXWELL, Kenneth. Por que o Brasil foi diferente? O contexto da independência. In: MOTA, Carlos Guilherme (Org.). Viagem incompleta: A experiência brasileira (1500- 2000). Formação: histórias. São Paulo: Senac, 2000, p. 186. O processo de independência do Brasil foi marcado por di- versas características. Sobre esse tema, fazem-se as seguintes afirmações. I. A instalação da Corte portuguesa no Rio de Janeiro em 1808 representou uma alternativa para o contexto de crise política da Metrópole e a possibilidade de estruturar um império luso-brasileiro na América. II. Da mesma forma que nos demais países da América Latina, o Brasil independente tornou-se monárquico, liberal e, rapidamente, urbano. III. O projeto de D. Pedro, ao proclamar a independência, era ampliar o controle das Cortes portuguesas sobre o Brasil, além de acabar com a escravidão. Com base nas afirmações, assinale a alternativa correta. a) Apenas a afirmação I está correta. b) Apenas as afirmações I e II estão corretas. c) Apenas as afirmações I e III estão corretas. d) Apenas as afirmações II e III estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. 10.12. (UDESC) – As relações entre religião e política são bastante frequentes no decorrer da História do Brasil. Parti- cularmente no que diz respeito à Igreja Católica e à política, tal relação pode ser observada em diferentes eventos. Sobre esta relação, analise as proposições. I. Ao longo de todo o século XX, a Igreja Católica sempre se posicionou, institucionalmente, ao lado dos governos e nunca questionou qualquer atitude ou iniciativa praticada pelos poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário. II. A participação de Frei Caneca na Revolução Pernambu- cana e na Confederação do Equador permite observar a participação efetiva de religiosos em movimentos de contraposição aos governos instituídos. III. Durante os anos de Ditadura Militar no Brasil, particu- larmente a partir de 1968, vários religiosos e religiosas manifestaram-se contrários às torturas e às infrações aos Direitos Humanos, cometidas sob o jugo dos governos militares. IV. A Igreja Católica sempre foi considerada, institucional- mente, a religião oficial do Brasil. Tal status manteve-se garantido pelas Constituições de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. c) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. d) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras. e) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. 10.13. (MACK – SP) – “A cena de uma rua é, a um só tem- po, a mesma de todo o quarteirão. Os pés de chumbo (portugueses) deixam que a cabralhada (brasileiros) se aproxime o mais possível. E inesperadamente, de todas as portas, chovem garrafas inteiras e aos pedaços sobre os invasores. O sangue espirra, testas, cabeças, canelas... Gritos, gemidos, uivos, guinchos. É inverossímil. E a raça toda, de cacete em punho, vai malhando... E os corpos a cair ensanguentados sobre os cacos nava- lhantes das garrafas. ” (Correia, V.,1933, p. 42) O episódio, descrito acima, relata o enfrentamento entre portugueses e brasileiros, em 13/03/1831, no Rio de Janeiro, conhecido como Noite das Garrafadas. Essa manifestação assemelhava-se às lutas liberais travadas na Europa, após as decisões tomadas pelo Congresso de Viena. A respeito dessa insatisfação popular, presente tanto na Europa, após 1815, quanto nos conflitos nacionais, durante o I Reinado, é correto afirmar que a) D. Pedro II adota a mesma política praticada por monarcas europeus; quando, ao outorgar uma carta constitucional, contrariou os interesses, tanto da classe oligárquica, fiel ao trono, quanto das classespopulares, as quais perma- neceram sem direito ao voto. b) o governo brasileiro também se utilizou de emprésti- mos junto à Inglaterra, aumentando a dívida externa e fortalecendo a economia inglesa, a fim de sanar o deficit orçamentário e suprir os gastos militares em campanhas contra os levantes populares. c) D. Pedro I, buscando recuperar sua popularidade, iniciou uma série de visitas às províncias revoltosas do país, adotando a mesma estratégia diplomática que alguns regentes europeus, nessa época, praticaram, sem contu- do, lograrem nenhum sucesso político. d) as guerras travadas contra o exército napoleônico, na Eu- ropa, e o envolvimento do Brasil, na Guerra da Cisplatina, provocaram, em ambos os casos, a enorme insatisfação popular e revolta, diante do elevado número de comba- tentes mortos. e) a retomada de políticas absolutistas, como o estabele- cimento do Poder Moderador, no Brasil, dando plenos poderes a D. Pedro I e, na Europa, a dura repressão contra as ideias liberais, deflagradas pela Revolução Francesa, ocasionaram uma enorme insatisfação popular. Aula 10 17História 3C 10.14. (MACK – SP) – “(...). Conquistar a emancipação definitiva e real da nação, ampliar o significado dos princípios constitucionais foi tarefa de- legada aos pósteres”. COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo; Livraria Editora Ciências Humanas, 1979. P.50. A análise acima, da historiadora Emília Viotti da Costa, refere-se à proclamação da independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. A análise da autora, a respeito do fato histórico, aponta que a) apesar dos integrantes da elite nacional terem alcançado seu objetivo: o de romper com os estatutos do plano colonial, no que diz respeito às restrições à liberdade de comércio, e à conquista da autonomia administrativa, a estrutura social do país, porém, não foi alterada. b) a independência do Brasil foi um fato isolado, no contexto americano de luta pela emancipação das metrópoles. Isso se deu porque era a única colônia de língua portuguesa, e porque adotava, como regime de trabalho, a escravidão africana. c) caberia, às futuras gerações de brasileiros, o esforço no sentido de impor seus valores para Portugal, rompendo, definitivamente, os impasses econômicos impostos à Colônia pela metrópole portuguesa desde o início da colonização. d) apesar de alguns setores da elite nacional possuírem interesses semelhantes à burguesia mercantil lusitana e, portanto, afastando-se do processo eman- cipatório nacional, com a eminente vinda de tropas portuguesas para o país, passaram a apoiar a ideia de independência. e) assim como Portugal passava por um processo de reestruturação, após a Revolução Liberal do Porto; no Brasil, esse movimento emancipatório apenas havia começado e só fora concluído, com a subida antecipada ao trono, de D. Pedro II, em 1840. 10.15. (UFSM – RS) – O quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, concluído em 1888, é uma representação do 7 de setembro de 1822, quando o Brasil rompeu com Portugal. Essa representação enaltece o fato e enfatiza a bravura do herói D. Pedro, ocul- tando que: a) o fim do pacto colonial, decretado na Conjuração Baiana, conduziu à ruptura entre o Brasil e Portugal. b) o processo de emancipação política iniciara com a instalação da Corte por- tuguesa no Brasil e que as medidas de D. João puseram fim ao monopólio metropolitano. c) o Brasil continuara a ser uma extensão política e administrativa de Portugal, mesmo depois do 7 de setembro. d) a Abertura dos Portos e a Revolução Pernambucana se constituíram nos únicos momentos decisivos da separação Brasil-Portugal. e) a separação estava consumada, o processo estava completo, visto que havia, em todo o Brasil, uma forte adesão militar, popular e escravista à emancipação. 10.16. (UEPG – PR) – Apesar de curto (1822-1832), o Primeiro Reinado bra- sileiro é um período fundamental de nossa história política e foi marcado por intensas disputas políticas que marcaram a formação do Estado Nacional brasileiro. A respeito desse período histórico, assinale o que for correto. 01) Após a Proclamação da Indepen- dência, em 07 de setembro de 1822, províncias do norte e do nordeste brasileiro não reconhe- ceram o novo governo. Nessas províncias, foram promovidos protestos e conflitos armados entre as forças leais à D. Pedro I e àquelas que pretendiam manter o Brasil ligado a Portugal. 02) Em 1824, foi outorgada a Consti- tuição que vigoraria durante todo o período imperial. De orientação política conservadora, a Carta Magna estabeleceu, entre outras coisas, o voto como sendo cen- sitário (por renda) e restrito aos brasileiros alfabetizados do sexo masculino. 04) Chamou-se de Confederação do Equador o movimento organizado com objetivo separatista que daria origem a um novo Estado, liberto do Império brasileiro. Esse movi- mento foi reprimido e seus líderes foram presos ou executados. 08) A abdicação de D. Pedro I provo- cou uma situação política inco- mum. Como o sucessor direto do trono, D. Pedro II, era menor de idade, o país passou a ser gover- nado por um grupo de três pes- soas (Regência Trina). 16) Maior conflito externo enfrenta- do pelo Primeiro Reinado, a Guer- ra da Cisplatina teve como desfe- cho a separação dessa região que havia sido invadida e anexada pelo Brasil por ordem de D. João VI, então Rei de Portugal. 18 Extensivo Terceirão 10.17. (UEPG – PR) – O Império brasileiro teve início em 1822 e perdurou até 1889, quando foi proclamada a República. Foi no decorrer desse período histórico que se formou o Estado Nacional Brasileiro. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) A Constituição de 1824 garantiu amplos poderes ao Imperador e vigorou durante todo o período imperial. 02) Entre o I e o II Império, o Brasil foi governado por regên- cias. Isso ocorreu por conta da menoridade de Pedro II, herdeiro do trono brasileiro. 04) A Guerra do Paraguai, a Revolução Farroupilha e a Revol- ta da Vacina figuram entre os conflitos políticos e sociais mais intensos registrados durante o Império brasileiro. 08) O abolicionismo ganhou força nas décadas finais do século XIX e o fim da escravidão pode ser considerado como um dos motivos de enfraquecimento do Império. 10.18. (UEM – PR) – O Primeiro Reinado se iniciou com a Proclamação da Independência, em 1822, que garantiu ao Brasil autonomia em relação a Portugal. Essa fase da história política do Brasil imperial se estendeu até 1831, quando teve início o período regencial. Sobre o Primeiro Reinado, assinale o que for correto. 01) O projeto constitucional que se originou dos trabalhos da Assembleia Constituinte de 1823, dissolvida por D. Pedro I no mesmo ano, estabelecia o critério censitário para o direito ao voto, que exigia renda anual equiva- lente a 150 alqueires de farinha de mandioca. 02) A constituição de 1824 estabeleceu uma divisão polí- tico-administrativa do território brasileiro em estados federados e a centralização do governo em um único poder, o moderador. 04) A Confederação do Equador foi a união das províncias insurgentes, localizadas próximas à linha do Equador, que estavam descontentes com os rumos políticos tomados pelo governo imperial e com a situação eco- nômica, marcada por crises como a do açúcar, a do algodão e pelos crescentes impostos cobrados pelo governo central. 08) O desempenho econômico durante esse período apresentou índices expressivos, pois a demanda por produtos agrícolas por parte dos países europeus era elevada. Com isso, a balança comercial do Brasil estava equilibrada. 16) Alguns jornalistas como Líbero Badaró e Evaristo da Vei- ga representaram uma relevante fonte de apoio para o governo de D. Pedro I, uma vez que elogiavam o seu estilo de governar, bem como seu relacionamento po- lítico com as províncias. Desafio 10.19. (UFSC) – Sobre processos e projetosde construção da(s) identidade(s) nacional brasileira, é correto afirmar que: 01) durante o Período Regencial (1831-1840), revoltas como a Sabinada (na Bahia), a Cabanagem (no Pará) e a Farroupilha (no Rio Grande do Sul) eram mobilizadas por sentimentos de patriotismo em busca de um Brasil unificado. 02) apesar da multiplicidade de línguas e de costumes, a chegada da família real ao Brasil, em 1808, possibilitou a união em torno do território de uma identidade úni- ca, fator muito importante para a consolidação do mo- vimento de independência em 1822. 04) na década de 1920, obras como Abaporu, de Tarsila do Amaral, tornaram-se símbolo do movimento moder- nista brasileiro por sua tentativa de combinar particula- ridades nacionais com tendências mundiais, a herança cultural e os impulsos da modernização. 08) já nos anos iniciais da República, símbolos patrióticos foram criados, como o hino nacional, que rapidamente teve forte aceitação pela população diante dos novos sentimentos nacionalistas projetados. 16) a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), em 1838, tinha por objetivo a instituição de um órgão que se dedicasse a pensar o Brasil como Nação. 10.01. d 10.02. a 10.03. b 10.04. d 10.05. e 10.06. c 10.07. b 10.08. b 10.09. c 10.10. c 10.11. a 10.12. b 10.13. e 10.14. a 10.15. b 10.16. 31 (01 + 02 + 04 + 08 + 16) 10.17. 11 (01 + 02 + 08) 10.18. 05 (01 + 04) 10.19. 20 (04 + 16) Gabarito Aula 11 19História 3C História 3C Período Regencial Como foram os primeiros anos após a abdicação? A Constituição determinava que, no caso de o herdeiro do trono ser menor, assumiria uma Regência Trina, indicada pela Assembleia, até a maioridade do Príncipe. D. Pedro com 5 anos M us eu d e Ar te S ac ra d e Sã o Pa ul o/ Fo tó gr af o de sc on he ci do Não havia, porém, Assembleia quando da abdicação e foi neces- sário organizar, às pressas, uma Re- gência Trina Provisória. Os regentes Francisco de Lima e Silva (pai do futuro Duque de Caxias), Joaquim Carneiro de Campos e Nicolau de Campos Vergueiro divulgam um manifesto ao povo, pedindo-lhe que mantivesse a ordem, mas assim mesmo várias revoltas eclodiram em todo o país, contra os portugueses seguidores do imperador. Além disso, os regentes: • reconduziram o ministério dos brasileiros ao poder; • anistiaram presos políticos; • exoneraram oficiais portugueses; • suspenderam a aplicação do Poder Moderador. Em junho, assumiu a Regência Trina Permanente, formada por Francisco de Lima e Silva, João Bráulio Muniz e José da Costa Carvalho. Posse da Regência Permanente M us eu Im pe ria l/F ot óg ra fo d es co nh ec id o Padre Diogo Feijó assumiu o Ministério da Justiça e criou a Guarda Na- cional, milícia organizada pelos fazendeiros e submetida a ele, com a função de conter as manifestações populares mais radicais. Era o braço da justiça a serviço dos interesses da elite. Com a abdicação, foram as elites agrárias que se assenhoraram do poder, mas a muito custo o sustentaram, visto não serem o único grupo político do país. As elites compunham o chamado grupo ou partido mode- rado ou chimango; havia também os exaltados, farroupilhas ou juruju- bas, representantes das camadas médias urbanas e que advogavam ideias republicanas e radicais. Existiam ainda os restauradores ou caramurus, portugueses que lutavam pelo retorno de D. Pedro I ao poder. O que foi o avanço liberal? A primeira fase do Período Regencial (1831 - 1835) caracterizou-se pela implementação de medidas de caráter descentralizador, fruto, principal- mente, do desejo dos setores agrários em resgatar o poder antes concentra- do nas mãos do Imperador e dos portugueses. Três medidas deram o tom liberalizante a esse período: a criação da Guarda Nacional, o Código de Processo Criminal e o Ato Adicional. O Código de Processo Criminal dava enormes poderes ao juiz de paz, que seria escolhido pelos proprietários locais. Por sua vez, o Ato Adicional criou as Assembleias Legislativas Provinciais, aboliu o principal órgão de auxílio ao Imperador, chamado de conselho de Estado, criou o Município Neutro e tornou a eleição para regente eletiva e temporária, além de reduzir de três para um o número de regentes. 20 Extensivo Terceirão Foram regentes unos o padre Diogo Feijó (1835-1837), que renunciou por causa das dificul- dades com a situação política e devido a problemas de saú- de, e Araújo Lima (1837-1840), responsável por várias realiza- ções, como a criação do Colégio D. Pedro II, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o Minis- tério das Capacidades, etc. Araújo Lima In st itu to A rq ue ol óg ic o, H ist ór ic o e Ge og rá fic o de P er na m bu co /F ot óg ra fo d es co nh ec id o O caráter descentralizador do novo governo e, principalmente, o processo eletivo das Assembleias Provinciais provocaram um clima de acirrada disputa. Partidários dos grupos mais liberais e dos mais conservadores passaram a disputar o poder, e esse confronto abriu espaço para as reivindica- ções mais radicais das facções populares. A onda liberal estimulou tam- bém as elites locais a formular de maneira mais acintosa suas pre- tensões e expor de maneira mais dura suas insatisfações em relação às regências, como foi o caso do Rio Grande do Sul e da Bahia. O resultado desse ambiente carregado foi a eclosão, por todo o país, das chamadas rebeliões regenciais. Quais foram as principais rebeliões regenciais? Rebeliões regenciais Ta lit a Ka th y Bo ra • Revolta dos Malês (1835): ocorreu na cidade de Salvador e envolveu negros islamizados. Desejavam o fim da escravidão, o confisco dos bens de brancos e mulatos, a repressão aos católicos e a proclamação de uma república islâmica. Durou poucos dias e foi reprimida pelas forças policiais. • Cabanagem (1835-1840): ocorrida no Pará, foi a mais popular de todas as rebeliões do Período Regencial. A revolta teve origens nas agitações de cunho liberal lideradas por Batista Campos entre as populações humildes da região. A indicação de um conservador para o governo da Província precipitou os acontecimentos. O movimento conheceu vários líderes, como Clemente Malcher, Eduardo Angelim e os irmãos Vinagre. A repres- são foi violenta, e a pacificação custou a vida de quase 30 mil pessoas. • Sabinada (1837-1838): liderada pelo médico Sabino da Rocha Vieira, pretendia proclamar uma República que vigoraria até a maioridade do Imperador. O movimento foi rapidamente sufocado. • Balaiada (1838-1841): na origem desse conflito, estava a luta entre a fac- ção liberal-radical, denominada de bem te vis, e os grupos conservadores e elitistas, chamados de cabanos. O nome Balaiada advém do apelido de um de seus líderes, Manuel Francisco dos Anjos, conhecido, por razões de ofício, como balaio. Aula 11 21História 3C Iniciado o movimento, os rebeldes dominaram rapidamente toda a faixa oriental da Província. Além do “balaio”, outros líderes surgiram, como o va- queiro Raimundo Gomes e Preto Cosme, que chegou a ter sob seu comando mais de 2 000 homens. O movimento só foi contido pelas tropas do governo (sob a liderança de Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias) no início do Segundo Reinado. • Farroupilha (1835-1845): as principais razões desse movimento (ocorreu no sul do Brasil e foi a mais longa de todas as revoltas regenciais) foram o inconformismo das elites rio-grandenses com a centralização político- -administrativa no Rio de Janeiro e a incompatibilidade entre a economia nacional, voltada para o mercado externo, e a economia do Rio Grande, baseada na criação de gado e na produção de charque, voltada para o mercado interno. A adoção, por parte do governo central, de uma política de baixos im- postos para a entrada do charque uruguaio e do argentino e as altas taxas de importação do sal prejudicavam duplamente os fazendeiros gaúchos.
Compartilhar