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Vida e Obra de Immanuel Kant

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Vida e obra
Nem sempre a vida de um pensador é tão elaborada 
quanto sua obra. Esse parece ser o caso de Immanuel 
Kant. Mas nem tanto. Nascido no dia 22 de abril de 1724, 
na cidade de Konigsberg, uma importante cidade por-
tuária do Báltico, na Prússia Oriental, quarto irmão de 
um total de onze, filho de pais esforçados, porém pouco 
prósperos, teve na rígida educação moral e religiosa, sua 
principal herança, tanto da família, quanto da escola 
(Collegium Fridericianum) na qual estudou.
Da escola foi para a universidade de Konigsberg. 
Lá sofreu mais uma influência significativa: a do ra-
cionalismo e seu método rigoroso. Igualmente, foi na 
universidade que Kant descobriu a ciência de Newton 
e a preocupação de compreensão racional dos tempos 
presentes dos Iluministas, como Locke. Com a morte 
do pai, as condições econômicas o obrigaram a deixar 
a universidade e a dedicar-se a aulas particulares. 
Continua estudando e escrevendo até obter finalmente 
seu grau de doutor e poder organizar cursos livres para 
universitários. Em 1770, torna-se professor titular e exer-
ce várias funções acadêmicas – inclusive de reitor – até 
1796. Morre em 12 de fevereiro de 1804 e, segundo a 
crônica, suas últimas palavras foram: Está bem.
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 Casa onde viveu Kant
Kant era um homem resoluto, determinado. Apesar 
de uma aparência física frágil, viveu 80 anos sem nunca 
ter recorrido a um médico. Acreditava intensamente na 
força de vontade e na escolha de seus próprios caminhos 
como responsáveis pelos resultados esperados. E aplicou 
tal resolução à sua vida. Acordava impreterivelmente às 
cinco horas da manhã e trabalhava em seus escritos, entre 
uma xícara de chá e um cachimbo até às sete, quando 
então saía para dar aulas. Voltava e trabalhava até a uma, 
quando almoçava, sempre com alguém, com quem con-
versava animadamente sobre qualquer assunto (afinal, 
Kant foi professor de matemática, lógica, metafísica, física, 
pedagogia, direito natural e geografia!), menos filosofia. 
Às três e meia, pontualmente, saía para um passeio por 
uma pequena avenida que hoje tem o nome de “Avenida 
do Filósofo”. Subia e descia 8 vezes, sempre respirando 
pelo nariz! De volta a casa, lia e trabalhava, sempre 
sentado na mesma poltrona junto à lareira, de onde era 
possível vislumbrar, pela janela, a torre do castelo de 
Konigsberg. Às dez da noite (pontualmente!) recolhia-se. 
Sempre, invariavelmente. Sabe-se que somente em duas 
ocasiões mudou sua rotina: 
um atraso para o passeio, 
entretido que estava ao ler 
uma obra de Rousseau; um 
desvio de caminho para 
saber notícias da Revolução 
Francesa.
O curioso de sua vida, 
uma vida aparentemente 
marcada pela monotonia 
e falta de imaginação, 
esconde, primeiramente, o 
homem afável, bem falante 
e apreciador das compa-
nhias inteligentes, da boa 
comida e dos vinhos e, prin-
cipalmente, o gênio criativo 
que mudou a filosofia do 
Ocidente para sempre.
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Kant
Aula 
13 4
Filosofia
“Até agora se assumiu que todo nosso conheci-
mento deve acomodar-se aos objetos; mas, nessa 
suposição, todas as tentativas feitas para apurar 
sobre eles qualquer coisa “a priori” e por meio de 
conceitos, e assim ampliar nosso conhecimento, 
não surtiram o menor resultado. Faça-se pois, 
uma experiência para ver se não seríamos mais 
bem-sucedidos nos problemas da metafísica, su-
pondo que os objetos devam ajustar-se ao nosso 
conhecimento. (...) Ocorre aqui o mesmo que se 
Kant desenvolve sua ideia de crítica, que propôs 
julgar nosso entendimento, ou seja, as condições sub-
jetivas do conhecimento, com muito cuidado e reflexão. 
Tanto que sua primeira obra neste sentido (Kant já havia 
publicado muitas outras obras antes!), a Crítica da razão 
pura, se dá apenas em 1781, aos 57 anos de idade. 
A pergunta fundamental que Kant faz nesta obra é: 
Quais são os meios para chegar a um conheci-
mento?
Como já estudamos, Descartes nos fala das ideias 
inatas, das noções a priori que constituem, por intuição, 
nas “primeiras verdades” e que, partindo delas, por 
dedução, permite-nos conhecer outras verdades “claras 
e distintas” para a razão.
No entanto, o empirismo cético de Hume (filósofo 
escocês, nascido em 1711 e falecido em 1776, autor, en-
tre outras obras, de Investigação sobre o Entendimento 
Humano) causou um forte abalo nas convicções raciona-
listas de Kant, ao afirmar que a razão não pode afirmar 
conhecer, a priori, uma relação de causa e efeito e que 
tal “conhecimento” não passa, na verdade, de meras 
experiências comuns falsamente rotuladas.
Ora, partindo de tal “ataque”, ficava exposta a pedra 
fundamental do racionalismo que era a possibilidade de 
afirmar como verdadeiro aquilo que era “claro e distinto” 
para a razão. O que levou Kant a afirmar: 
“Confesso abertamente haver sido a advertên-
cia de David Hume que, já lá vão muitos anos, 
pela primeira vez, despertou-me de meu sono 
dogmático e incutiu a minhas pesquisas no do-
mínio da filosofia especulativa orientação inteira-
mente diferente”.
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 Hume “ajudando” Kant
Em face disso, Kant retoma a proposição socratiana – 
a mesma que levara a cabo Descartes – de questionar o 
que pode conhecer a razão e o que não pode conhecer. 
O racionalismo cartesiano não respondia à dúvida 
levantada por Hume; o ceticismo de Hume paralisava 
a possibilidade do conhecimento. Era preciso ir além e 
refazer o caminho cartesiano, buscando descobrir na 
própria razão as regras e os limites de sua atividade:
“Ela é uma intimação à razão para retomar a 
mais difícil de todas as suas tarefas: a do conheci-
mento de si mesmo, e para instituir um tribunal 
que, assegurando-lhe as pretensões legítimas, se 
recuse a seguir todas as exigências carecentes de 
fundamento; e isso, não com decisões arbitrárias, 
mas em nome de suas próprias leis eternas e imu-
táveis. Esse tribunal outro não é senão a própria 
crítica da razão pura.”
O ponto de partida desse caminho estabeleceu-se 
com a seguinte consideração: 
É possível conhecer além da experiência?
A resposta é “sim”, visto a matemática e a física que 
são conhecidas racionalmente e que, como sabemos, 
foram o referencial do método cartesiano. 
Mas, é possível estender o nosso conhecimento 
para além da experiência física, constituindo o que os 
filósofos chamam de metafísica?
Os empiristas dirão que “não”, pois tudo só pode ser 
conhecido a partir do que existe e que nos causa uma 
impressão sensorial. Mesmo os racionalistas cartesianos, 
de certa forma dirão não, pois conhecemos pela razão o 
que pode ser conhecido pela razão, isto é, apreendemos 
inteligivelmente as mesmas coisas que os empiristas 
afirmam apreender pelos sentidos. Mas as coisas reais, 
os objetos estão sempre lá, como ponto de partida 
para o conhecimento.
A não ser que... e aí Kant fez o que ele mesmo 
chamou de revolução copernicana: ao invés de ajustar 
o nosso conhecimento aos objetos dados, devemos 
ajustar os objetos ao nosso conhecimento dado. Isto 
é, nossa razão, segundo ele, dispõe de “mecanismos” a 
priori que nos permitem conhecer algo dos objetos re-
ais. E o que resulta não mais dessa apreensão, mas dessa 
construção, é o que chamamos de nossa realidade. 
Observe:
2 Extensivo Terceirão
 Raciocínio transcendental
O parágrafo anterior indica como Kant entende 
que conhecemos coisas. O conhecimento não se dá 
apenas pelas apreensões sensoriais como queriam os 
empiristas. Também não é o conhecimento objetivo 
das coisas que nossa razão pode captar de forma 
“clara e distinta”, como queria Descartes. Conhecemos 
o que nossa razão pode conhecer, partindo de uma 
síntese dos sentidos por meio de “óculos” da razão. 
Sem tais óculos, não se vê nada. Com eles, não se vê 
tudo. Mas o que se vê, vê-se.
O conhecimento é possível porque o homem 
possui faculdades que o tornam possível.
Funciona assim, segundo Kant: a mente possui 
conceitos inatos, capazes de discernirtempo, espaço, 
identidade, números. 
Kant denomina essa qualidade da mente humana, 
necessária e universal, de formas sintéticas a priori. 
Esses esquemas mentais é que permitem o conheci-
mento do objeto, naquilo que é “filtrado” por essas 
faculdades cognitivas existentes a priori. Conhecê-las 
é, ao mesmo tempo, conhecer as possibilidades e os 
limites do conhecimento humano do mundo. Assim, 
quando percebemos os objetos, não podemos dizer 
o que são por essa percepção, mas em face dessa fil-
tragem e tradução por meio desses esquemas cogni-
tivos. O conhecimento é o resultado disso: não é nem 
só percepção e nem só razão, mas como fenômenos, 
isto é, apenas na medida em que aparecem para o 
sujeito. Fora do sujeito, há as coisas, mas elas não 
estão ao alcance da nossa razão.
E o conhecimento das coisas abstratas, daquilo 
que é somente uma ideia?
E o conhecimento de Deus?
Para Kant, o que há fora da percepção é possível 
existir, mas não é possível verificar.
O conhecimento, para Kant, depende de dois 
elementos apenas:
1. Da sensibilidade, por meio da qual os objetos 
são dados na intuição. 
2. Do entendimento, por meio do qual os objetos 
são pensados nos conceitos.
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Razão
Formas do
entendimento
Conceitos
Princípios a priori
Coisa 
para nós
Imagine que você está vendo, nesse momento, um 
quadro na parede de seu quarto ou da sala. As cores do 
quadro, a forma do quadro, a matéria do que é feito (uma 
pintura a óleo, por exemplo) são captadas pelos seus 
sentidos e codificadas pelos conceitos (ou categorias) 
que existem em sua mente, como se fossem filtros que 
constroem o que você chama simplesmente de quadro.
Essas categorias são representações que reúnem o 
múltiplo das intuições sensíveis. Segundo Kant, elas 
são em número de 12:
1. Quantidade: Unidade, Pluralidade e Totalidade.
2. Qualidade: Realidade, Negação e Limitação.
3. Relação: Substância, Causalidade e Comunidade.
4. Modalidade: Possibilidade, Existência e Necessidade.
forma
intuições
matéria
objeto
a priori
a posteriori
entendimento
conceitos
sensibilidade
deu com a primeira ideia de Copérnico: perce-
bendo que não conseguia explicar os movimentos 
do céu admitindo que todo o exército de estrelas 
girasse em volta do espectador, tentou ver se não 
seria mais bem-sucedido fazendo girar o especta-
dor e deixando as estrelas imóveis.”
Crítica da Razão Pura
Aula 13
3Filosofia 4
“Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a 
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado 
dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de 
servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendi-
mento, tal é o lema do esclarecimento.”
“A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de 
há muito os libertou de uma direção estranha, continuem, no entanto de bom grado menores durante toda a vida. 
São também as causas que explicam por que é tão fácil que os outros se constituam em tutores deles. É tão cômodo 
ser menor. Se tenho um livro que faz as vezes de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem cons-
ciência, um método que por mim decide a respeito de minha dieta, etc., então não preciso de esforçar-me eu mes-
mo. Não tenho necessidade de pensar, quando posso simplesmente pagar; outros se encarregarão em meu lugar 
dos negócios desagradáveis. A imensa maioria da humanidade (inclusive todo o belo sexo) considera a passagem 
à maioridade difícil e além do mais, perigosa, porque aqueles tutores de bom grado tomaram a seu cargo a super-
visão dela. Depois de terem primeiramente embrutecido seu gado doméstico e preservado cuidadosamente estas 
tranquilas criaturas a fim de não ousarem dar um passo fora do carrinho para aprender a andar, no qual as encer-
raram, mostram-lhes em seguida o perigo que as ameaça se tentarem andar sozinhas. Ora, este perigo na verdade 
 Imperativo categórico
E a qual imperativo Kant afirma devemos seguir em nossas condutas?
“Age somente, segundo uma máxima tal, que possas querer ao mesmo 
tempo que se torne lei universal.”
Pense no roubo, por exemplo. 
Por que, na perspectiva de Kant, não é correto roubar? 
Perceba que não há uma interferência religiosa ou subjetiva. O que há 
é uma ordem da razão que constrange a vontade, sem que seja necessário 
apelar para circunstâncias ou condicionamentos sociais, econômicos ou 
quaisquer outros. Se atende ao imperativo, age. Se não atende, não age. 
Simples assim!
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 A maioridade
Kant tinha consciência de que alcançar um nível de entendimento sobre a conduta correta à aplicação do impe-
rativo exigia em crescimento intelectual do cidadão. Em outro texto memorável, de 1783, Kant procura responder à 
pergunta: o que é o esclarecimento? E sobre esse termo afirma o seguinte:
Em outra importante obra, A me-
tafísica dos costumes, Kant afirmará 
que certos comportamentos huma-
nos são reconhecidos pela nossa 
consciência como certos ou errados, 
de forma que não há um relativismo 
no agir, mas um referencial universal 
de conduta adequada. É o que o 
nosso filósofo chama de imperativo 
categórico:
“Se eu penso em um impe-
rativo hipotético não sei o que 
conterá até que ele se apre-
sente a mim. Se, ao contrá-
rio, penso em um imperativo 
categórico sei imediatamente 
o que contém. De fato, o im-
perativo, além da lei, não con-
tém senão a necessidade, em 
princípio, de ser conforme a 
tal lei, sem que a lei se sub-
meta a nenhuma condição. 
Consequentemente, o que 
resta não é senão a universali-
dade de uma lei geral, a qual a 
máxima da ação deve se con-
formar, e é somente essa con-
formidade que o imperativo 
apresenta propriamente como 
necessária.”
4 Extensivo Terceirão
Testes
Assimilação
13.01. (UFSM – RS) – A necessidade de conviver em 
grupo fez o homem desenvolver estratégias adaptati-
vas diversas. Darwin, num estudo sobre a evolução e 
as emoções, mostrou que o reconhecimento de emo-
ções primárias, como raiva e medo, teve um papel 
central na sobrevivência. Estudos antigos e recentes 
têm mostrado que a moralidade ou comportamento 
moral está associado a outros tipos de emoções, como 
a vergonha, a culpa, a compaixão e a empatia. Há, no 
entanto, teorias éticas que afirmam que as ações boas 
devem ser motivadas exclusivamente pelo dever e não 
por impulsos ou emoções. 
Essa teoria é a ética 
a) deontológica ou kantiana. 
b) das virtudes. 
c) utilitarista. 
d) contratualista. 
e) teológica. 
13.02. (UEMA) – Fraqueza e covardia são as causas pelas 
quais a maioria das pessoas permanece infantil mesmo 
tendo condição de libertar-se da tutela mental alheia. 
Por isso, fica fácil para alguns exercer o papel de tutores, 
pois muitas pessoas, por comodismo, não desejam se 
tornar adultas. Se tenho um livro que pensa por mim; 
um sacerdote que dirige minha consciência moral; um 
médico que me prescreve receitas e, assim por diante, 
não necessito preocupar-me com minha vida. Se posso 
adquirir orientações, não necessito pensar pela minha 
cabeça: transfiro ao outro esta penosa tarefa de pensar. 
I. Kant, O que é a ilustração. In: F. Weffort (org). Os clássicos 
da política, v. 2, 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 
Esse fragmento compõe o livro de Kant que trata da impor-
tância da(o) 
a) juízo. 
c) cultura. 
e) experiência. 
b) razão. 
d) costume. 
13.03. (ENADE) – Mas que lei pode ser então essa, cuja 
representação, mesmo sem tomar em consideração o 
efeito que dela se espera, tem de determinar a vontade 
para que estase possa chamar boa absolutamente e sem 
restrição? Uma vez que despojei a vontade de todos 
os estímulos que lhe poderiam advir de obediência a 
qualquer lei, nada mais resta do que a conformidade a 
uma lei universal das ações em geral que possa servir 
de único princípio à vontade, isto é: devo proceder 
sempre de maneira que eu possa querer também que 
a minha máxima se torne uma lei universal.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. 
São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 115 (adaptado).
O texto acima se refere ao imperativo categórico de Kant, 
que corresponde à seguinte máxima: 
a) age segundo a máxima que exprime o teu dever. 
b) age segundo a máxima cuja lei seja escolher o melhor 
meio para se atingir um fim. 
c) age apenas segundo a máxima que esteja em conformi-
dade com a lei imutável da natureza. 
d) age apenas segundo a máxima tal que possa, ao mesmo 
tempo, querer que ela se torne lei universal. 
e) age segundo a máxima que, mesmo contrária à tua von-
tade, possa ser tomada como lei da natureza. 
13.04. (UNIOESTE – PR) – Na obra Fundamentação da 
Metafísica dos Costumes, Kant apresenta uma formulação 
do imperativo categórico: 
“Age apenas segundo uma máxima tal que possas 
ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal”.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos 
costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 129
Em relação ao pensamento de Kant, é CORRETO afirmar. 
a) O propósito do imperativo categórico é o de permitir 
que o indivíduo decida suas ações sem que tenha que 
se preocupar com os demais. 
b) O imperativo categórico tem por objetivo desfazer o 
conflito entre a providência divina, relacionada à cidade 
de Deus, e o espaço terreno. 
não é tão grande, pois aprenderiam muito bem a andar finalmente, depois de algumas quedas. Basta um exemplo 
deste tipo para tornar tímido o indivíduo e atemorizá-lo em geral para não fazer outras tentativas no futuro.”
“É difícil portanto para um homem em particular desvencilhar-se da menoridade que para ele se tornou quase 
uma natureza. Chegou mesmo a criar amor a ela, sendo por ora realmente incapaz de utilizar seu próprio enten-
dimento, porque nunca o deixaram fazer a tentativa de assim proceder. Preceitos e fórmulas, estes instrumentos 
mecânicos do uso racional, ou antes do abuso, de seus dons naturais, são os grilhões de uma perpétua menorida-
de. Quem deles se livrasse só seria capaz de dar um salto inseguro mesmo sobre o mais estreito fosso, porque não 
está habituado a este movimento livre. Por isso são muito poucos aqueles que conseguiram, pela transformação 
do próprio espírito, emergir da menoridade e empreender então uma marcha segura. (...)”.
Mais do que uma leitura, esse texto de Kant é um convite que julgo tentador. 
O que você acha de aceitá-lo?
Aula 13
5Filosofia 4
c) O imperativo categórico vincula a conduta moral a uma 
norma universal. 
d) Para Kant, não é possível que o indivíduo constitua um 
fim em si mesmo. Por isso mesmo, ele precisa espelhar-se 
na ação dos demais para a sua ação. 
e) O imperativo categórico corresponde à condição do esta-
do de natureza, que é anterior à instituição do Estado civil. 
Aperfeiçoamento
13.05. (UFU – MG) – Leia a citação a seguir. 
A preguiça e a covardia são as causas pelas quais 
uma grande parte dos homens, depois que a natureza 
de há muito os libertou de uma direção estranha, conti-
nuem no entanto de bom grado menores durante toda 
a vida. São também as causas que explicam porque é 
tão fácil que os outros se constituam em tutores deles. 
KANT, I. Resposta à pergunta: que é “Esclarecimen-
to”? (Aufklarung). In: ______. Textos seletos. Tradução de Rai-
mundo Vier. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2005, p. 64. 
A menoridade de que fala Kant é a condição daqueles que 
não fazem o uso da razão. Essa condição evidencia a ausência 
a) do idealismo necessário para a ampliação dos horizontes 
existenciais. 
b) da autonomia para fazer uso próprio da razão sem a 
tutela de outrem. 
c) da religião encarregada de fazer feliz o homem indigente 
de pensamento. 
d) da ignorância, pois quem se deixa guiar pelos outros 
acerta sempre. 
13.06. (UNESP – SP) – A maior violação do dever de um 
ser humano consigo mesmo, considerado meramente 
como um ser moral (a humanidade em sua própria 
pessoa), é o contrário da veracidade, a mentira [...]. 
A mentira pode ser externa [...] ou, inclusive, interna. 
Através de uma mentira externa, um ser humano faz de 
si mesmo um objeto de desprezo aos olhos dos outros; 
através de uma mentira interna, ele realiza o que é ainda 
pior: torna a si mesmo desprezível aos seus próprios 
olhos e viola a dignidade da humanidade em sua própria 
pessoa [...]. Pela mentira um ser humano descarta e, por 
assim dizer, aniquila sua dignidade como ser humano. 
[...] É possível que [a mentira] seja praticada meramente 
por frivolidade ou mesmo por bondade; aquele que fala 
pode, até mesmo, pretender atingir um fim realmente 
benéfico por meio dela. Mas esta maneira de perseguir 
este fim é, por sua simples forma, um crime de um ser 
humano contra sua própria pessoa e uma indignidade 
que deve torná-lo desprezível aos seus próprios olhos.
Immanuel Kant. A metafísica dos costumes, 2010.
Em sua sentença dirigida à mentira, Kant 
a) considera a condenação relativa e sujeita a justificativas, 
de acordo com o contexto. 
b) assume que cada ser humano particular representa toda 
a humanidade. 
c) apresenta um pensamento desvinculado de pretensões 
racionais universalistas. 
d) demonstra um juízo condenatório, com justificação em 
motivações religiosas. 
e) assume o pressuposto de que a razão sempre é governada 
pelas paixões. 
13.07. (UFU – MG) – De acordo com o pensamento do 
filósofo Immanuel Kant (1724-1804), os juízos a priori são 
todos analíticos e os juízos a posteriori são todos sintéticos.
Assinale a alternativa que define corretamente as noções de 
juízo analítico e juízo sintético. 
a) O juízo analítico é uma proposição que não pode ser 
pensada sem ser simultaneamente acompanhada de sua 
necessidade, já o juízo sintético não é uma proposição 
necessária. 
b) No juízo analítico, o sujeito está contido no conceito do 
predicado, mas, no juízo sintético, o predicado advém 
da experiência. 
c) No juízo analítico, o predicado pertence ao sujeito como 
algo que está contido nele, já no juízo sintético, o predi-
cado está totalmente fora do conceito do sujeito. 
d) O juízo artificial é uma proposição necessária, já no juízo 
sintético, o predicado vai além do conceito do sujeito, 
acrescentando algo a esse. 
13.08. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir.
As leis morais juntamente com seus princípios não 
só se distinguem essencialmente, em todo o conheci-
mento prático, de tudo o mais onde haja um elemento 
empírico qualquer, mas toda a Filosofia moral repou-
sa inteiramente sobre a sua parte pura e, aplicada ao 
homem, não toma emprestado o mínimo que seja ao 
conhecimento do mesmo (Antropologia).
KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. de 
Guido A. de Almeida. São Paulo: Discurso Editorial, 2009. p. 73.
Com base no texto e na questão da liberdade e autonomia 
em Immanuel Kant, assinale a alternativa correta. 
a) A fonte das ações morais pode ser encontrada através da 
análise psicológica da consciência moral, na qual se pes-
quisa mais o que o homem é, do que o que ele deveria ser. 
b) O elemento determinante do caráter moral de uma ação 
está na inclinação da qual se origina, sendo as inclinações 
serenas moralmente mais perfeitas do que as passionais. 
c) O sentimento é o elemento determinante para a ação 
moral, e a razão, por sua vez, somente pode dar uma 
direção à presente inclinação, na medida em que fornece 
o meio para alcançar o que é desejado. 
d) O ponto de partida dos juízos morais encontra-se nos 
“propulsores” humanos naturais, os quais se direcionam 
ao bem próprio e ao bem do outro. 
e) O princípio supremo da moralidade deve assentar-se na 
razão prática pura, e as leis moraisdevem ser independen-
tes de qualquer condição subjetiva da natureza humana. 
6 Extensivo Terceirão
13.09. (UNIOESTE – PR) – O filósofo alemão Immanuel Kant for-
mulou, na Crítica da Razão Pura, uma divisão do conhecimento 
e acesso da razão aos fenômenos. Fenômenos não são coisas; 
eles nomeiam aquilo que podemos conhecer das coisas, através 
das formas da sensibilidade (Espaço e Tempo) e das categorias 
do entendimento (tais como Substância, Relação, Necessidade 
etc.). Assim, Kant afirma que o conhecimento humano é finito 
(limitado por suas formas e categorias). Como poderia haver, 
então, algum conhecimento universalmente válido? Ele afirma 
que tal conhecimento se formula num “juízo sintético a priori”. 
Juízos são afirmações; o adjetivo “sintéticos” significa que essas 
afirmações reúnem conceitos diferentes; “a priori”, por sua 
vez, indica aquilo que é obtido sem acesso à experiência dos 
fenômenos, antes deles e para que os fenômenos possam ser 
reunidos em um conhecimento que tenha unidade e sentido.
Com base nisso, indique a alternativa CORRETA. 
a) Para Kant, o conhecimento humano é diretamente dado 
pela experiência das coisas, acessíveis pelos sentidos 
(visão, audição, etc.). 
b) Juízos sintéticos a priori são afirmações de conhecimento 
cuja natureza é particular e que se altera caso a caso. 
c) Se a Metafísica é o conhecimento da essência das coisas elas 
mesmas, Kant é, na Crítica da Razão Pura, um defensor da 
Metafísica, e não um defensor da finitude do conhecimento. 
d) Para Kant, Espaço e Tempo são categorias do entendi-
mento mediante as quais conhecemos os fenômenos. 
e) Juízos sintéticos a priori permitem organizar o conheci-
mento, dando a ele validade universal e unicidade. 
13.10. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir. 
Kant, mesmo que restrito à cidade de Königsberg, 
acompanhou os desdobramentos das Revoluções 
Americana e Francesa e foi levado a refletir sobre as 
convulsões da história mundial. Às incertezas da Eu-
ropa plebeia, individualista e provinciana, contrapôs 
algumas certezas da razão capazes de restabelecer, ao 
menos no pensamento, a sociabilidade e a paz entre 
as nações com vista à constituição de uma federação 
de povos – sociedade cosmopolita.
Adaptado de: ANDRADE, R. C. “Kant: a liberdade, o indivíduo e a república”. 
In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política. v. 2. São Paulo: Ática, 2003. p. 49-50.
Com base nos conhecimentos sobre a Filosofia Política de 
Kant, assinale a alternativa correta. 
a) A incapacidade dos súditos de distinguir o útil do preju-
dicial torna imperativo um governo paternal para indicar 
a felicidade. 
b) É chamado cidadão aquele que habita a cidade, sendo 
considerados cidadãos ativos também as mulheres e os 
empregados. 
c) No Estado, há uma igualdade irrestrita entre os membros 
da comunidade e o chefe de Estado. 
d) Os súditos de um Estado Civil devem possuir igualdade de 
ação em conformidade com a lei universal da liberdade. 
e) Os súditos estão autorizados a transformar em violência 
o descontentamento e a oposição ao poder legislativo 
supremo. 
Aprofundamento
13.11. (UEL – PR) – Leia os textos a seguir.
Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o que 
é preciso conhecer para te iniciares na política; an-
tes, não. Então, primeiro precisarás adquirir virtude, 
tu ou quem quer que se disponha a governar ou a 
administrar não só a sua pessoa e seus interesses par-
ticulares, como a cidade e as coisas a ela pertinentes. 
Assim, o que precisas alcançar não é o poder absoluto 
para fazeres o que bem entenderes contigo ou com a 
cidade, porém justiça e sabedoria.
PLATÃO. O primeiro Alcebíades. Trad. Carlos Alberto 
Nunes. Belém: EDUFPA, 2004. p. 281-285.
Esclarecimento é a saída do homem de sua meno-
ridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade 
é a incapacidade de fazer uso do seu entendimento 
sem a direção de outro indivíduo... Sapere Aude! Tem 
coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, 
tal é o lema do esclarecimento.
KANT, I. Resposta à pergunta: que é ‘Esclarecimento’ (‘Aufklärung’). Trad. 
Floriano de Souza Fernandes, 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1985. p. 100-117.
Tendo em vista a compreensão kantiana do Esclarecimento 
(Aufklärung) para a constituição de uma compreensão tipi-
camente moderna do humano, assinale a alternativa correta. 
a) Fazer uso do próprio entendimento implica a destruição 
da tradição, na medida em que o poder da tradição im-
pede a liberdade do pensamento. 
b) A superação da condição de menoridade resulta do uso 
privado da razão, em que o indivíduo faz uso restrito do 
próprio entendimento. 
c) A saída da menoridade instaura uma situação duradou-
ra, pois as verdadeiras conquistas do Esclarecimento se 
afiguram como irreversíveis. 
d) A menoridade é uma tendência decorrente da natureza 
humana, sendo, por esse motivo, superada no Esclareci-
mento, com muito esforço. 
e) A condição fundamental para o Esclarecimento é a liber-
dade, concebida como a possibilidade de se fazer uso 
público da razão. 
13.12. (UEM – PR) – “O propósito desta crítica da razão 
especulativa pura consiste na tentativa de reformular 
o procedimento habitual da metafísica, propondo-nos 
deste modo uma completa revolução em relação a esta 
segundo o exemplo dos geômetras e pesquisadores da 
natureza. Ela é um tratado do método e não um sistema 
da própria ciência; ainda assim desenha o contorno 
total da metafísica, tanto no que respeita seus limites 
quanto à estrutura interna total de seus membros”. 
KANT, I. Crítica da razão pura. In: MARCONDES, D. Textos 
básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 111.
Aula 13
7Filosofia 4
A partir do texto citado, é correto afirmar que o projeto da 
crítica de Kant 
01) busca ater-se apenas aos métodos das ciências teóricas, 
como a metafísica. 
02) reformula o modo como são adquiridos os conhecimen-
tos metafísicos. 
04) volta-se para a razão especulativa, no tocante aos seus 
procedimentos mais recorrentes. 
08) visa ser tão somente uma ciência pura, haja vista sua 
preocupação com a definição de um método próprio. 
16) busca transformar a razão pura, a razão prática e a estética 
em um sistema científico. 
13.13. (UEM – PR) – “De que todo o nosso conhecimento 
comece com a experiência, não há a mínima dúvida; 
pois de que outro modo a faculdade de conhecer de-
veria ser despertada para o exercício, se não ocorresse 
mediante objetos que impressionam os nossos sentidos 
e em parte produzem espontaneamente representações, 
em parte põem em movimento a nossa atividade inte-
lectual de comparar essas representações, conectá-las 
ou separá-las, e deste modo transformar a matéria bruta 
das impressões sensíveis em conhecimento de objetos, 
que se chama experiência? [...] Mas, ainda que todo o 
nosso conhecimento comece com a experiência, nem 
por isso todo ele origina-se da experiência.”
KANT, I. Crítica da razão pura. In: MARCONDES, D. Textos 
básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 117.
A partir do texto citado, assinale o que for correto. 
01) O conhecimento tem seu início na experiência sensível; 
isso não significa, todavia, que ele esteja preso à expe-
riência e limitado por ela. 
02) A faculdade de conhecer está em repouso e é despertada 
pela experiência sensível, sendo essa a fonte primeira do 
conhecimento. 
04) As representações sensíveis das coisas são espontâneas 
e não precisam de qualquer interferência dos sentidos. 
08) A faculdade de conhecer pode produzir conhecimentos 
por si mesma, visto que as impressões sensíveis não são 
a origem de todo o conhecimento. 
16) A faculdade de conhecer opera sobre as representações 
das coisas advindas por meio dos sentidos e produz, 
assim, novos conhecimentos. 
13.14. (PUCPR) – Leia o fragmento que segue.
É assim, pois, que a razão humana vulgar, impelida 
por motivos propriamente práticos e não por qualquer 
necessidade de especulação (que nunca a tenta, enquan-
to ela se satisfaz com ser simples sã razão), se vê levada 
a sair doseu círculo e a dar um passo para dentro do 
campo da filosofia prática. Aí encontra ela informações 
e instruções claras sobre a fonte do seu princípio, sobre 
a sua verdadeira determinação em oposição às máximas 
que se apoiam sobre a necessidade e a inclinação.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Lisboa: Edições 70, 2007, p. 38.
Na Fundamentação da metafísica dos costumes, Kant toma 
como tarefa encontrar o princípio supremo da moralidade. 
Em relação a essa tarefa, por que a razão vulgar necessita 
adentrar em uma filosofia prática? De acordo com o frag-
mento citado acima e com seus conhecimentos, analise as 
sentenças a seguir e assinale a alternativa CORRETA.
a) A filosofia prática é necessária para que as pessoas tenham 
clareza sobre as inclinações que as fazem felizes, assim 
optando por elas.
b) A filosofia prática é necessária porque ela incentiva as 
pessoas a serem mais pragmáticas, afastando-as de 
princípios especulativos sem utilidade na vida cotidiana.
c) Segundo Kant, devido ao fato de as pessoas terem se 
tornado excessivamente intelectualizadas, uma filosofia 
prática seria a única capaz de reconduzi-las à certeza dos 
instintos e da felicidade.
d) A filosofia prática é necessária para determinar a fonte 
dos princípios da razão vulgar, único conhecimento capaz 
de impedir que a razão vulgar se perca na sedução das 
inclinações.
e) A razão humana vulgar, dedicada à reflexão e a encontrar 
princípios para sua ação, precisa da filosofia prática para 
prescrever seus princípios às pessoas.
13.15. (PUCPR) – Leia o fragmento de texto a seguir. 
“uma vez que despojei a vontade de todos os estímu-
los que lhe poderiam advir da obediência a qualquer lei, 
nada mais resta que a conformidade a uma lei universal 
das ações em geral que possa servir de único princípio 
à vontade, isto é: devo proceder sempre de maneira que 
eu possa querer também que a minha máxima se torne 
uma lei universal. Aqui é, pois, a simples conformidade 
à lei em geral (sem tomar como base qualquer lei desti-
nada a certas acções) o que serve de princípio à vontade, 
e também o que tem de lhe servir de princípio” 
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Lisboa: Edições 70, 2011, p. 34. 
No primeiro capítulo dessa obra, Kant apresenta que a pessoa 
dotada de boa vontade tem um compromisso firme com 
a ação moral. Essa boa vontade tem de ser governada por 
uma lei. Analise as afirmativas a seguir abaixo e assinale a 
alternativa CORRETA, levando em conta o fragmento de texto 
dado do livro Fundamentação da metafísica dos costumes e 
seus conhecimentos sobre o assunto. 
a) A lei moral é um imperativo hipotético, no qual a vontade 
é despojada de qualquer estímulo interno e externo. A 
ação que é realizada pelo respeito a esse imperativo é 
universal. 
b) A lei que a pessoa toma como objeto de respeito é o im-
perativo categórico. É uma ação realizada pelo sentimento 
de respeito à lei moral. 
c) A boa vontade obediente à lei moral tem conformidade 
com a lei universal e com as leis específicas das inclinações 
e assim podem ser tomadas com validade universal. 
8 Extensivo Terceirão
d) A pessoa quando age de boa vontade, escolhe sempre 
a felicidade. Essa lei universal presente entre os seres 
humanos é o que condiciona o valor da ação. 
e) A lei que rege as ações da pessoa moral exclui qualquer 
ação por inclinação, ou seja, ações por apetites ou dese-
jos naturais. A boa vontade que orienta a ação tem um 
propósito de conduzir os seres humanos à felicidade.
13.16. (PUCPR) – Leia o texto abaixo. 
“Só pode ser objeto de respeito e, portanto, man-
damento aquilo que está ligado à minha vontade so-
mente como princípio e nunca como efeito, não aqui-
lo que serve à minha inclinação mas o que a domina 
ou que, pelo menos a exclui do cálculo na escolha, 
que dizer a simples lei por si mesma” 
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Lisboa: Edições 70, 2011, p. 32. 
O filósofo Immanuel Kant discute o respeito à lei moral 
como contrário aos outros sentimentos que nascem das 
inclinações. Sobre o puro respeito é CORRETO afirmar que 
a) o reconhecimento imediato daquilo que é a lei para a 
pessoa se faz com o sentimento de respeito, ou seja, a 
consciência de subordinação da vontade a uma lei, sem 
intervenção de outras influências sobre a sensibilidade 
do sujeito. 
b) o respeito é a representação de um valor que não causa 
dano ao amor-próprio do sujeito, pois o objeto do respeito 
é a lei que o sujeito se impõe e não tem por consequência 
nenhum dano ao agente da ação. 
c) o respeito é a causa do porquê a ação tem valor moral 
universal, porquanto condiciona a ação aos valores reco-
nhecidos por aqueles que são objeto da ação. 
d) o sentimento do respeito à lei moral carece da materiali-
dade, que está no propósito da ação. Pelo objeto da ação 
moral o sujeito sente a verdade derivada do respeito. 
e) a ação por dever é consequência do sentimento de 
respeito. O respeito purifica as inclinações e organiza os 
reais valores das ações, eliminando assim o prejuízo das 
ações do sujeito. 
13.17. (PUCPR) – Leia a seguir. 
“O apelo de Taylor baseava-se na promessa de que 
a administração poderia se tornar uma ciência e, os 
trabalhadores, engrenagens de uma máquina indus-
trial. A melhor maneira de aumentar a produtivida-
de, ele afirmava, era adotando três normas: fracionar 
funções complexas em simples; avaliar tudo o que os 
trabalhadores podem fazer; e vincular o salário ao de-
sempenho, concedendo bonificações aos que alcan-
çarem os melhores resultados e demitindo os pregui-
çosos”. 
O Estado de S. Paulo, 16/9/15. 
Todas as indústrias, ofícios e artes ganharam pela 
divisão do trabalho, com a experiência de que não é 
um só homem que faz tudo, limitando-se cada um a 
certo trabalho, que pela sua técnica se distingue de 
outros, para o poder fazer com a maior perfeição e 
com mais facilidade. Onde o trabalho não está assim 
diferenciado e repartido, onde cada qual é homem de 
mil ofícios, reina ainda nas indústrias a maior das bar-
barias. 
 KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.1785, p. 14. 
Os trechos anteriores contextualizam dois momentos distin-
tos da nossa história, mas que se assemelham aos cânones do 
entendimento racional. Assinale (V) para as Verdadeiras e (F) 
paras as falsas. Depois assinale a alternativa que representa 
a sequência correta sobre como se estabeleceu a divisão do 
conhecimento de Immanuel Kant. 
( ) Deve-se à contraposição, tanto à Filosofia natural como 
à Filosofia moral a sua parte empírica, porque aquela 
tem de determinar as leis da natureza como objeto da 
experiência. 
( ) Para identificarmos a natureza da ciência, não é preciso 
distinguir sempre cuidadosamente a parte empírica da 
parte racional e que se anteponha à Física propriamen-
te dita (empíricuma Metafísica da Natureza, e à Antro-
pologia prática uma Metafísica dos Costumes. 
( ) É mentira que é da mais extrema necessidade não ela-
borar um dia uma pura Filosofia Moral que seja com-
pletamente depurada de tudo o que possa ser somen-
te empírico e pertença à Antropologia. 
( ) Afirma-se que a Física terá, portanto, a sua parte me-
tafísica, mas também uma parte da imanência; igual-
mente a moral, ainda que nesta a parte metafísica se 
poderia chamar especialmente Antropologia teórica. 
( ) No que concerne a chamar de Filosofia a toda a empi-
ria que se baseie em princípios da experiência, àquela, 
porém, em que o racionalismo se ampara em princí-
pios, a posteriori chama-se filosofia pura. 
a) F, F, V, V, V. 
b) V, F, V, F, F. 
c) F, V, V, F, V. 
d) F, F, F, V, V. 
e) V, V, F, F, F. 
13.18. (PUCPR) – Nas reflexões de Immanuel Kant sobre 
o conhecimento racional na sua obra “Fundamentação 
da Metafísica dos Costumes” lemos: “A velha filosofia 
grega dividia-se em três ciências: a Física, a Ética e a 
Lógica. Esta divisão está perfeitamente conforme com 
a natureza das coisas, e nada há a corrigirnela a não 
ser apenas acrescentar o princípio em que se baseia, 
para deste modo, por um lado, nos assegurarmos da 
sua perfeição, e, por outro, podermos determinar 
exactamente as necessárias subdivisões”.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de 
Antônio Pinto de Carvalho. Lisboa: Companhia Editora Nacional. EDIÇÕES 70, 2007.
Sobre a Física, a Ética e a Lógica, é CORRETO afirmar que 
essas subdivisões
a) ocupam-se de uma parte empírica em que as leis uni-
versais e necessárias do pensar não se assentam em 
princípios das experiências.
Aula 13
9Filosofia 4
b) não se contrapõem à filosofia natural, também não se 
contrapõem à filosofia moral, pois cada uma não possui 
parte empírica.
c) baseiam-se em princípios da experiência cujas doutrinas 
se apoiam em princípios a posteriori da filosofia pura.
d) não ressaltam a ideia de uma metafísica da Natureza nem 
de uma Metafísica dos Costumes pelo fato de que não se 
pode nomeá-las como uma Antropologia prática.
e) ocupam-se da forma do entendimento e da razão em 
estabelecer a distinção das leis da natureza, das leis da 
liberdade e dos objetos materiais.
Desafio
13.19. (PUCPR) – Leia a passagem abaixo.
Admitindo pois que o ânimo desse filantropo es-
tivesse velado pelo desgosto pessoal que apaga toda 
a compaixão pela sorte alheia, e que ele continuasse 
a ter a possibilidade de fazer bem aos desgraçados, 
mas que a desgraça alheia o não tocava porque estava 
bastante ocupado com a sua própria; se agora, que 
nenhuma inclinação o estimula já, ele se arrancasse 
a esta mortal insensibilidade e praticasse a acção sem 
qualquer inclinação, simplesmente por dever, só en-
tão é que ela teria o seu autêntico valor moral.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Lisboa: Edições 70, 2007, p. 28.
Na Fundamentação da metafísica dos costumes, Kant carac-
teriza a vontade boa, articulando-a com o puro respeito à lei 
prática, isto é, com o dever. Conforme o texto citado acima 
e com seus conhecimentos, analise as sentenças abaixo e 
assinale a alternativa CORRETA.
a) Para Kant, uma ação praticada por dever retira seus 
móbiles de princípios materiais, os quais são a posteriori.
b) De acordo com a teoria kantiana, uma ação praticada 
conforme o dever acontece levando-se em conta tão 
somente o princípio do querer, diferenciando-se das ações 
por dever, as quais dependem de princípios materiais e 
das inclinações.
c) Segundo Kant, uma ação praticada por dever tem seu 
valor moral unicamente no princípio da vontade, não 
dependendo de qualquer propósito ou fim que se possa 
atingir por meio da ação praticada.
d) Segundo Kant, o princípio da vontade diz respeito à 
certeza dos instintos, a qual nos conduz à felicidade de 
maneira mais segura que a razão.
e) Para Kant, uma ação praticada por dever diz respeito à 
prudência que devemos ter em nossas ações, as quais 
precisam ser praticadas conforme as leis para que não 
nos deparemos com possíveis punições.
13.20. (UFSC) – Sobre a relação do ser humano com o meio 
ambiente e a ética kantiana, é correto afirmar que: 
01) a economia de mercado vem, nas últimas décadas, afas-
tando a humanidade de um colapso ambiental global 
porque propõe o pensamento político, econômico e, 
sobretudo, social voltado ao respeito à natureza. 
02) sendo Kant um defensor da lei moral, ele não concordaria 
com a ação de empresas que poluem o meio ambiente 
visando ao lucro desordenado. 
04) a ética kantiana é utilitarista, deste modo Kant não 
apoiaria os princípios da agricultura sustentável, pois a 
maximização dos lucros deve ser o maior bem. 
08) para Kant, devemos pensar e agir de tal modo que todas 
as nossas ações se transformem em lei universal; assim, 
o uso indiscriminado de agrotóxicos pelas indústrias 
alimentícias não está de acordo com o imperativo cate-
górico de Kant. 
16) uma característica marcante do capitalismo é o seu de-
senvolvimento por igual no tempo e no espaço, fato que 
possibilitou a defesa intransigente do meio ambiente ao 
longo da sua história. 
32) na ética kantiana, a mentira só é admitida em situações 
muito específicas; desse modo, se as empresas mentem 
quanto aos danos que causam ao meio ambiente para 
gerar emprego e movimentar a economia, essas men-
tiras devem ser aceitas porque auxiliam as pessoas a ter 
emprego e renda. 
64) após a Segunda Guerra Mundial, a questão ambiental 
emergiu como importante movimento social que se 
refletiu em mudanças na visão do mundo, pois percebeu-
-se que os recursos naturais são finitos e que seu uso 
incorreto pode representar o seu fim, surgindo, dessa 
forma, a consciência ambiental.
Gabarito
13.01. a
13.02. b
13.03. d
13.04. c
13.05. b
13.06. b
13.07. c
13.08. e
13.09. e
13.10. d
13.11. e
13.12. 06 (02 + 04)
13.13. 27 (01 + 02 + 08 + 16)
13.14. d
13.15. b
13.16. a
13.17. e
13.18. e
13.19. c
13.20. 74 (02 + 08 + 64)
10 Extensivo Terceirão
 Hegel: uma costura entre 
Kant e Heráclito de Éfeso
Assim como Kant havia buscado fazer com o racio-
nalismo e o empirismo, Hegel assume a pretensão de 
dar uma nova explicação ao mundo. Hegel afirmava que 
o conhecimento da realidade era resultado da ação da 
mente racional. O que é racional é real e o que é real 
é racional, dizia ele. No entanto, diferentemente de 
Kant, Hegel afirmava que a mente racional não era a 
nossa mente, mas um espírito universal (denominada 
por ele de Ideia, Razão, Espírito ou Absoluto) da qual a 
nossa mente individual seria apenas parte. Esse espírito 
universal vagava pelo tempo e espaço universais e suas 
contradições internas manifestavam-se no mundo físico 
por meio de teses e antíteses, que não são mais nem 
menos que o movimento da história. Nossa razão capta 
essa estrutura profunda do mundo real. Daí o racional 
coincidir com o real, não por expressar o objeto na men-
te, mas por apreender o movimento do mundo. Esse 
movimento foi chamado por Hegel de dialética.
A palavra dialética foi recuperada de Platão, mas 
a ideia do movimento, do devir, do vir a ser (tese-an-
títese = síntese) é herdeira de Heráclito, o pensador 
grego pré-socrático esquecido desde Parmênides.
Para Hegel, a vida social humana expressa essa 
dialética e, por isso, os movimentos de tese, antítese 
e síntese, que marcam nossa experiência no mundo, 
são expressões das contradições desse espírito. Não 
há um movimento em si, um fato em si, mas sempre 
como parte de uma cadeia de eventos, construindo 
uma relação que é etapa de outra, enquanto durarem as 
contradições do Espírito ou Absoluto. No momento em 
que tais contradições cessarem, pronto, acaba a História.
Não há, para Hegel, nada gratuito no mundo. 
Tudo o que existe, existe como parte de uma ordem 
maior que enfim se revelaria. Não há dúvida de que 
aqui há um dedo do enorme interesse do autor ale-
mão pela teologia...
 Senhor e escravo
Não é difícil imaginar o senhor e o escravo como par-
tes opostas em uma relação. É como a tese e a antítese. 
Para Hegel, é o que acontece com as ideias no mundo. 
Enquanto uma não for aceita e incorporada a outra, não 
há avanço. No caso, o senhor reconhecer o escravo como 
pessoa livre. Nesse momento, o processo dialético entra 
de novo em operação. As pessoas livres do contrato 
jurídico que as aprisionava, lutam agora para diminuir 
as obrigações que as prendem pelo trabalho ao seu 
empregador. E a luta vai adiante, até não existirem mais 
contradições entre ideias oponentes. Nesse momento, a 
História terminaria e o espírito alcançaria seu ápice, ou 
melhor dizendo, realizar-se-ia plenamente. Não esque-
çamos que, para Hegel, Absoluto é a Razão e ela não é 
contraposta à Natureza, mas coincidente com ela. 
 Importância de Hegel
Em um pensamento marcadamente científico e 
matemático, Hegel notabilizou-se por incorporar a His-
tória como condição para compreensão do homem e da 
sociedade na qual está inserido. Essa perspectiva menos 
“exata” e mais contingente permitiu aceitar as particula-
ridades de cada época não como uma “irracionalidade”ou uma “ilusão”, mas como um momento de tensão entre 
contrários na busca de uma nova etapa. É fato que, nesse 
processo dialético imaginado pelo pensador alemão, 
ficava claro que o destino da humanidade era o progres-
so, o ir adiante. Essa visão de uma linha progressiva rumo 
à perfeição, representada pelo fim das contradições, em-
bute muito do pensamento escatológico da Patrística, de 
um tempo voltado para o Juízo Final e para a salvação. 
Mas, enfim, não se pode negar aos pensadores a influên-
cia de seus antecessores, como de resto é a tônica na 
história da filosofia que estamos estudando.
Há alguns anos, o pensador norte-americano 
Francis Fukuyama afirmou que o fim da história 
pensado por Hegel havia chegado. Fukuyama de-
senvolveu uma linha de abordagem da História, 
desde Platão até Nietzsche, passando por Kant e
11Filosofia 4
Hegel e Marx
Aula 14
Filosofia
4
maneira de as pessoas se organizarem socialmente 
e, principalmente, a forma de produzirem os bens 
materiais. A filosofia de Marx estava mais preocu-
pada com o resultado da ação humana no mundo 
e menos com a sua capacidade de compreensão do 
mundo e suas mudanças. Pela primeira vez alguém 
propunha não apenas compreender as coisas, mas 
mudá-las efetivamente: “os filósofos apenas inter-
pretaram o mundo de diferentes maneiras, trata-se, 
entretanto, de transformá-lo”.
Marx vai perceber que a mudança do pensamento 
não era suficiente para um mundo cada vez mais mar-
cado por diferenças profundas de classes. Por que um 
operário que trabalhasse 12 horas em uma fábrica iria se 
importar em saber que sistemas abstratos de ideias con-
frontavam-se ao longo do tempo? O tempo do trabalho 
era o mesmo, repetitivo e embrutecedor. Numa de suas 
primeiras obras, os Manuscritos econômico-filosóficos, 
Marx já enfatizava a sua preocupação de que a liberdade 
para pensar só seria possível com a liberdade material. 
Não há criatividade possível para o escravo.
M
us
eu
 d
e 
Ar
te
 d
e 
Ha
rw
ar
d,
 C
am
br
id
ge
 Karl Heinrich Marx (1818–1883)
Assim, Marx promove uma nova virada no pensa-
mento. Do idealismo de Kant e Hegel, para o materialis-
mo. É no mundo das coisas terrenas que o pensamento 
é forjado e sua função não é a contemplação, mas a 
transformação material da sociedade:
pelo próprio Hegel, a fim de revigorar a teoria de 
que o capitalismo e a democracia burguesa consti-
tuem o coroamento da história da humanidade. Na 
sua ótica, após a “destruição” do fascismo, em 1945, 
e do socialismo, em 1989, a humanidade teria atin-
gido o ponto “culminante” de sua “evolução” com o 
triunfo da “democracia” liberal “ocidental” sobre to-
dos os demais sistemas e ideologias concorrentes. 
Desse modo, o autor concluiu que a “democracia” li-
beral “ocidental” firmou-se como a “solução” final do 
governo humano, significando, nesse sentido, o “fim 
da história” da humanidade.
 Marx e a nova revolução 
copernicana
Como se vê, o pensamento ganhava contornos cada 
vez mais intensos naqueles séculos XVIII e XIX. Desde 
as revoluções burguesas, passando pela revolução 
industrial, o desenvolvimento urbano, a consolidação 
de novas classes sociais, tudo parecia fazer com que a 
cabeça das pessoas girasse em uma velocidade ainda 
maior e a pergunta que mais dava voltas era: o que é 
verdadeiro?
Kant, contemporâneo da Revolução Francesa, fará, 
como vimos, a primeira importante inversão do pen-
samento moderno, aliando racionalismo e empirismo 
em uma nova formulação que ficou conhecida como 
idealismo. Nossa razão experimentava e por isso o 
que estava fora do real não podia ser conhecido. Não 
conhecíamos o real como tal, mas sempre a partir de 
categorias a priori. Assim, tínhamos ideias das coisas 
que víamos e íamos nos virando desse jeito.
Hegel coloca a História em cena e afirma que o co-
nhecimento é o resultado do confronto dessas ideias no 
tempo, até o momento no qual não haja nada mais a ser 
confrontado. Até então, porém, o movimento das coisas, 
presente nas próprias coisas, moveria a humanidade 
rumo a este porto seguro que chamamos de progresso.
O pensamento, como não poderia deixar de ser, 
refletia o ritmo das mudanças que ocorriam em uma ve-
locidade que desafiava a capacidade de compreensão. A 
filosofia buscava acomodar essa perplexidade em teo-
rias e Kant e Hegel fizeram um bom trabalho, mantendo 
o homem no centro dessa atividade toda, seja como 
elemento de compreensão e também como responsável 
pela mudança e pela realização de um mundo melhor.
Karl Marx vai promover um novo deslocamento 
do pensamento europeu, ao afirmar que não são as 
ideias sobre as coisas que mudam na história, mas a 
12 Extensivo Terceirão
“A questão se uma verdade objetiva pode ser 
atribuída ao pensamento humano não é teórica, 
mas prática. É na prática que o homem deve de-
monstrar a verdade, ou seja, a realidade e o poder, 
o caráter terreno de seu pensamento. A disputa 
sobre a realidade ou irrealidade do pensamento, 
quando isolada da prática, é uma questão pura-
mente escolástica.”
Teses contra Feuerbach
“Os homens são os produtores de suas concep-
ções, ideias etc. – homens reais, ativos, tal como 
são condicionados por um desenvolvimento de-
terminado das forças produtivas e da interação 
correspondente a estas, até suas formas mais 
avançadas. A consciência nunca pode ser outra 
coisa senão existência consciente, e a existência 
do homem é seu processo de vida real.” 
Ideologia alemã
 Tudo o que é sólido 
 dissolve-se no ar
Marx propõe-se ser um filósofo materialista – ao 
contrário do idealismo de Hegel – ao afirmar que o 
pensamento é resultado das condições materiais. Daí 
não ser possível imaginar o pensamento de Marx no 
império carolíngio, por exemplo. E como o pensamento 
é forjado em meio às condições materiais, ele não existe 
sem essa moldura do real. Não há pensamento em si. 
Nessa convicção é que se situa uma das inversões que 
Marx propôs ao pensamento idealista: não é a cons-
ciência que determina o ser social mas o ser social é 
quem determina a consciência. Ou como diz o próprio 
pensador:
“A moralidade, a religião, a metafísica, todo o 
resto da ideologia e suas correspondentes formas 
de consciência perdem assim sua aparência de 
autonomia. Elas não têm história, nem desenvol-
vimento; porém os homens, desenvolvendo sua 
produção e interação materiais, alteram junto 
com isso sua existência real, seu pensamento e 
os produtos dele. A vida não é determinada pela 
consciência, mas a consciência pela vida.” 
Ideologia alemã
O principal trabalho de Marx foi, então, o de entender 
o mundo no qual ele vivia – a Europa do século XIX – e, 
se possível, alterá-lo. Foi um historiador e uma espécie 
de “profeta”, além de um ativista. Esse ativismo era ainda 
uma novidade, embora socialistas utópicos e anarquis-
tas já propusessem soluções para o quadro social e eco-
nômico (como você já deve ter visto nas suas aulas de 
História Geral). Marx foi, porém, o primeiro a associar um 
rigoroso racionalismo ao historicismo, buscando enten-
der intelectualmente os elementos atuantes – moeda, 
salário, trabalho, mercadoria, produção, circulação, lucro 
– nas condições históricas em que atuavam e suas impli-
cações para as formações sociais nas quais ele mesmo 
vivia. Sua obra de 1848, o Manifesto comunista, escrita 
em parceria com o amigo Engels, traz um bom exemplo 
dessa descrição rigorosa de como a economia burguesa 
– consolidando-se naquela primeira metade de século 
XIX – distinguia-se dos modelos econômicos anteriores 
e como, em face de sua própria natureza, forjou as novas 
classes atuantes, não mais senhores e escravos, nem 
nobres e servos, mas capitalistas e operários. Segundo 
Marx, essas classes sociais não existiam em si por seus 
esforços individuais, mas como resultado de um modo 
de produção diferente e específico: o modo de produção 
capitalista:
“A burguesia, onde quer que tenha chegado 
ao poder, liquidou todas as relações feudais, pa-
triarcais e idílicas. Dilacerou impiedosamenteos 
variegados laços feudais que prendiam o homem 
a seus ‘superiores naturais’, e não deixou subsis-
tir entre homem e homem qualquer outra ligação 
além do interesse próprio nu e cru, do impiedoso 
‘pagamento à vista’. Afogou nas águas geladas do 
cálculo egoísta os mais celestiais êxtases do fervor 
religioso, do entusiasmo cavalheiresco, do senti-
mentalismo filistino…Numa palavra, em lugar da 
exploração velada por ilusões religiosas e políti-
cas, colocou a exploração aberta, despudorada, 
direta e brutal… Arrancou da família seu véu de 
sentimentalismo, e reduziu a relação familiar a 
mera relação monetária…A burguesia não pode 
existir sem revolucionar constantemente os ins-
trumentos de produção, e consequentemente as 
relações de produção, e com estas todas as rela-
ções sociais…O revolucionamento constante da 
produção, a perturbação ininterrupta de todas as 
condições sociais, a permanente incerteza e agita-
ção distingue a época burguesa de todas as ante-
riores. Todas as relações fixas e cristalizadas, com 
seu séquito de antigos e veneráveis preconceitos 
e opiniões, são dissolvidas, todas as relações no-
vas tornam-se antiquadas antes de se consolidar. 
Tudo o que é sólido se desmancha no ar, tudo o 
que é sagrado é profanado, e os homens são por 
fim forçados a confrontar com sobriedade suas 
reais condições de vida e suas relações uns com 
os outros.” 
Manifesto comunista
Aula 14
13Filosofia 4
meios da produção espiritual ficam sujeitas a esta 
classe. As ideias dominantes são nada mais que a 
expressão ideal das relações materiais dominan-
tes, são as relações materiais dominantes concebi-
das como ideias…” 
 Uma teoria econômica 
da História
Não há nada, para Marx, que escape à delimitação de 
uma infraestrutura econômica. Somos livres? Sim. Temos 
autonomia? Também. Mas podemos fazer com nossa 
liberdade e autonomia o que bem quisermos? Não. A 
chamada superestrutura, que é o espaço da política, da 
cultura, das leis e mesmo dos pensamentos, para Marx, 
é condicionada pelas condições materiais de produção. 
Podemos não enxergar isso em nosso cotidiano e, por 
isso, pensarmos que somos livres sem limites e que as 
mudanças do mundo dependem “exclusivamente” de 
nossa vontade. Marx discorda:
“Na produção social de sua existência, os ho-
mens entram em relações determinadas, indis-
pensáveis e independentes de sua vontade, rela-
ções de produção que correspondem a um estágio 
determinado de desenvolvimento de suas forças 
produtivas materiais. A totalidade dessas relações 
de produção constitui a estrutura econômica da 
sociedade, a base real, sobre a qual se ergue uma 
superestrutura legal e política e à qual correspon-
dem formas determinadas de consciência social. 
O modo de produção da vida material condiciona 
o processo de vida social, político e intelectual em 
geral. Não é a consciência do homem que deter-
mina seu ser, porém, ao contrário, é seu ser social 
que determina sua consciência.” 
Crítica à economia política
Há como transitar em meio a esta superestrutura, 
mas, segundo Marx, não é possível modificá-la substan-
cialmente sem alterar antes a estrutura econômica que 
a comporta. Mais do que isso: Marx acreditava que, em 
uma sociedade sem exploração econômica, não haveria 
necessidade de uma superestrutura política, jurídica e 
ideológica. Tal superestrutura, então, segundo ele, existe 
para mascarar, amenizar, sublimar a exploração econô-
mica. Existe porque é importante conquistar “corações 
e mentes” dos trabalhadores e fazê-los acreditar que 
esse é o mundo possível e existente e que é nele que é 
possível “vencer e ser feliz”. Ou, como afirma o próprio 
autor na sua obra Ideologia alemã:
 A mais valia
Marx foi um estudioso dos pensadores políticos e 
econômicos de sua época. Aliás, como tudo o que ele 
afirmava, ele também era produto de seu tempo. No en-
tanto, assumiu desde cedo uma postura crítica e buscou 
desvelar o que ele denominava de “caráter ideológico” do 
pensamento dominante. Um exemplo desse seu esforço 
refere-se à determinação do valor das coisas ou o seu 
preço. Marx busca destacar que o custo de um produto, 
assim como já estudaram os liberais (Adam Smith, David 
Ricardo) é o resultado de vários fatores, como matéria-
-prima, instrumentos de produção e trabalho. O preço é 
o resultado disso e o lucro é o que se acrescenta a esse 
valor como remuneração do dono dos meios de produ-
ção (matéria-prima + instrumentos de produção, isto é, 
máquinas e ferramentas). Mas há algo que não se per-
cebe à primeira vista. O valor que se paga pelo trabalho 
não é o que se gasta peça por peça produzida, mas pelo 
tempo que o empregado disponibiliza ao empregador. E, 
por esse tempo, o empregador paga um valor fixo para o 
empregado. Digamos que esse valor seja X, equivalente 
ao preço final de 5 peças produzidas. No entanto, esse 
empregado produz, nesse tempo, 15 peças. O lucro do 
empregador não era, então, segundo Marx, apenas uma 
remuneração por ser ele o dono dos meios de produção, 
mas uma apropriação do que foi produzido pelo empre-
gado. Essa mais valia, denominada de absoluta, pode 
ainda ser ampliada pelo aprimoramento das máquinas e 
das formas de gestão. Para Marx, quanto mais um empre-
gado produz com a mesma quantidade de salário, mais 
aumenta o lucro do patrão. Assim, com o tempo, novos 
investimentos podem ser feitos, ampliando a empresa 
e enriquecendo um pequeno grupo, dos proprietários, 
enquanto os trabalhadores permanecem na mesma 
condição a vida inteira. E para mascarar essa realidade, 
Marx afirma que existe a superestrutura. Para Marx, a 
superestrutura garante a “legalidade” desse processo e 
sua aceitação por parte dos trabalhadores, por meio da 
ideologia e da educação. 
A mais-valia relativa que é a alcançada pela melhoria 
técnica explica, segundo o ponto de vista de Marx, a 
dinâmica de transformações produtivas que o mundo 
conheceu a partir da Revolução Industrial e a melhoria de 
condições de vida de parte da população mundial, o que 
ajuda a legitimar o capitalismo como modo de produção 
dominante. Todos os que desejam “melhorar” de vida 
“As ideias da classe dominante são em cada 
época as ideias dominantes, isto é, a classe que 
constitui a força material dominante da sociedade 
é, ao mesmo tempo, sua força intelectual domi-
nante. A classe que dispõe dos meios da produção 
material detém ao mesmo tempo o controle so-
bre os meios de produção espiritual, de tal modo 
que, em geral, as ideias daqueles que carecem dos 
14 Extensivo Terceirão
buscam inserir-se nesse modelo e os que não conse-
guem acabam amargando a imagem de “fracassados”. 
Dessa ideologização do funcionamento do modo de 
produção capitalista é que o próprio modelo se alimenta, 
segundo o pensador alemão. O capitalismo, estimulando 
o sucesso individual, quebra os elos das soluções de 
classe e impede uma revolução que permita oferecer a 
todos condições de bem-estar e liberdade. 
Apesar de afirmar ser um pensador realista e his-
tórico, Marx não escapou de projetar uma sociedade 
utópica, sem classes sociais, sem Estado e sem miséria. 
A força de suas ideias teve um efeito muito intenso 
sobre o mundo a partir de então, independente dos 
que concordam ou não com suas análises e predições. O 
mundo não seria o mesmo após a publicação das obras 
do pensador alemão.
Testes
Assimilação
14.01. (UFU – MG) – A dialética de Hegel
a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados 
na natureza (dia-noite, claro-escuro, frio-calor).
b) é incapaz de explicar o movimento e a mudança verifica-
dos tanto no mundo quanto no pensamento.
c) é interna nas coisas objetivas, que só podem crescer e 
perecer em virtude de contradições presentes nelas.
d) é um método (procedimento) a ser aplicado ao objeto 
de estudo do pesquisador.
14.02. (UEGO) – Hegel, prosseguindo na árdua tarefa de 
unificar o dualismo de Kant, substituiu o eu de Fichte e o 
absoluto de Schelling por outra entidade: a ideia. A ideia, para 
Hegel, deve ser submetidanecessariamente a um processo 
de evolução dialética, regido pela marcha triádica da 
a) experiência, juízo e raciocínio. 
b) realidade, crítica e conclusão. 
c) matéria, forma e reflexão. 
d) tese, antítese e síntese. 
14.03. (UFU – MG) – 
O botão desaparece no desabrochar da flor, e po-
deria dizer-se que a flor o refuta; do mesmo modo 
que o fruto faz a flor parecer um falso ser-aí da planta, 
pondo-se como sua verdade em lugar da flor: essas 
formas não só se distinguem, mas também se repelem 
como incompatíveis entre si [...].
HEGEL, G. W. F. Fenomenologia do Espírito. Petrópolis: Vozes, 1988.
Com base em seus conhecimentos e na leitura do texto aci-
ma, assinale a alternativa correta segundo a filosofia de Hegel. 
a) A essência do real é a contradição sem interrupção ou o 
choque permanente dos contrários. 
b) As contradições são momentos da unidade orgânica, na 
qual, longe de se contradizerem, todos são igualmente 
necessários. 
c) O universo social é o dos conflitos e das guerras sem fim, 
não havendo, por isso, a possibilidade de uma vida ética. 
d) Hegel combateu a concepção cristã da história ao destituí-
-la de qualquer finalidade benevolente. 
14.04. (UFU – MG) – 
Segundo Karl Marx (1818-1883), “não é a cons-
ciência dos homens que determina o seu ser; é o seu 
ser social que, inversamente, determina a sua consci-
ência”.
Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: M. Fontes, 1977. p. 23.
Essa citação sintetiza o pensamento filosófico, político, his-
tórico e econômico desse pensador, que se convencionou 
chamar de 
a) Liberalismo de esquerda. 
b) Idealismo dialético. 
c) Atomismo econômico. 
d) Materialismo histórico. 
Aperfeiçoamento
14.05. (UNESP – SP) – 
A condição essencial da existência e da suprema-
cia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas 
mãos dos particulares, a formação e o crescimento do 
capital; a condição de existência do capital é o traba-
lho assalariado. [...] O desenvolvimento da grande in-
dústria socava o terreno em que a burguesia assentou 
o seu regime de produção e de apropriação dos pro-
dutos. A burguesia produz, sobretudo, seus próprios 
coveiros. Sua queda e a vitória do proletariado são 
igualmente inevitáveis.
Karl Marx e Friedrich Engels. “Manifesto 
Comunista”. Obras escolhidas, vol. 1, s/d. 
Entre as características do pensamento marxista, é correto 
citar 
a) o temor perante a ascensão da burguesia e o apoio à 
internacionalização do modelo soviético. 
b) o princípio de que a história é movida pela luta de classes 
e a defesa da revolução proletária. 
c) a caracterização da sociedade capitalista como jurídica e 
socialmente igualitária. 
d) o reconhecimento da importância do trabalho da bur-
guesia na construção de uma ordem socialmente justa. 
e) a celebração do triunfo da revolução proletária europeia 
e o desconsolo perante o avanço imperialista. 
Aula 14
15Filosofia 4
14.06. (UNESP – SP) – 
A genuína e própria filosofia começa no Ocidente. 
Só no Ocidente se ergue a liberdade da autoconsciên-
cia. No esplendor do Oriente desaparece o indivíduo; 
só no Ocidente a luz se torna a lâmpada do pensa-
mento que se ilumina a si própria, criando por si o 
seu mundo. Que um povo se reconheça livre, eis o 
que constitui o seu ser, o princípio de toda a sua vida 
moral e civil. Temos a noção do nosso ser essencial 
no sentido de que a liberdade pessoal é a sua con-
dição fundamental, e de que nós, por conseguinte, 
não podemos ser escravos. O estar às ordens de outro 
não constitui o nosso ser essencial, mas sim o não ser 
escravo. Assim, no Ocidente, estamos no terreno da 
verdadeira e própria filosofia.
Hegel. Estética, 2000. Adaptado.
De acordo com o texto de Hegel, a filosofia 
a) visa ao estabelecimento de consciências servis e repre-
sentações homogêneas. 
b) é compatível com regimes políticos baseados na censura 
e na opressão. 
c) valoriza as paixões e os sentimentos em detrimento da 
racionalidade. 
d) é inseparável da realização e expansão de potenciais de 
razão e de liberdade. 
e) fundamenta-se na inexistência de padrões universais de 
julgamento. 
14.07. (UNIOESTE – PR) – Em sua crítica a Tales de Mileto, 
o pensador alemão Hegel afirmou que a proposição pela 
qual o primeiro filósofo ficou conhecido – cuja formulação 
seria aproximadamente ‘a água é o princípio essencial de 
todos os seres’ – é filosófica porque enunciaria a concepção 
de que tudo é um. Assim, a infinda multiplicidade dos seres 
remeteria a uma unidade essencial. Para Hegel, porém, esse 
princípio essencial deve ser absolutamente diferente dos 
seres que ele gera, sustenta e comanda.
Com base no que foi dito, é CORRETO afirmar: 
a) Hegel concorda com a tese de Tales de que a água é o 
princípio essencial dos múltiplos seres. 
b) Hegel afirma que a multiplicidade não pode ser subme-
tida a um princípio essencial. 
c) O primeiro filósofo afirma que o princípio essencial é 
universalmente diferente dos seres gerados. 
d) Hegel supõe que a filosofia diz a unidade dos seres, mas 
que a essência não é um ser entre outros. 
e) Tales se baseou na necessidade da água para os seres 
vivos, para fundar a filosofia da natureza. 
14.08. (UECE) – “É o saber da história como possibilida-
de e não como determinação. O mundo não é. O mun-
do está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, 
interferidora na objetividade com que dialeticamente 
me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem 
constata o que ocorre mas também o de que intervém 
como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto 
da História mas seu sujeito igualmente. No mundo da 
História, da cultura, da política, constato não para me 
adaptar mas para mudar.”
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, p. 76-77.
O trecho acima apresenta uma visão acerca da história, que 
pode ser associada à concepção 
a) hegeliana, que compreende a história no sentido teleo-
lógico, e cujo sujeito é o Espírito absoluto em busca de 
autoconhecimento – contemplação – no tempo.
b) materialista histórica, em que a ação humana se constitui 
como fundamento da história, capaz de transformá-la ao 
mesmo tempo em que a conhece. 
c) positivista, segundo a qual a história é um processo evo-
lutivo que o homem deve conhecer e nela conduzir-se 
em um movimento racional de adaptação. 
d) conservadora, que se funda na existência de valores 
universais absolutos e em que a tradição é fundamental 
para a manutenção de tais valores.
14.09. (UEGO) – O termo alienação é polêmico e possui di-
versas interpretações filosóficas e científicas. O filósofo Hegel 
foi um dos primeiros a oferecer relevância para esse termo. 
A concepção mais conhecida de alienação, no entanto, é a 
de Karl Marx, que desenvolveu uma discussão aprofundada 
sobre o trabalho alienado, que, segundo ele, é
a) um processo mental no qual o trabalhador se vê alienado 
e fora da realidade, ficando completamente alheio ao 
mundo, tal como diziam os alienistas do século XIX.
b) um termo filosófico abstrato e ideológico, que deveria 
ser substituído pelo conceito de exploração, que revelava 
a verdadeira relação entre capitalistas e trabalhadores.
c) um conceito universal existente em todas as sociedades 
humanas, pois o ser humano precisa efetivar o trabalho 
para sobreviver e, assim, é constrangido a fazer o que 
não gosta.
d) uma relação social na qual o não-trabalhador controla a 
atividade do trabalhador e, por conseguinte, o resultado 
do trabalho, explicando assim a origem da propriedade.
e) uma ideia ultrapassada produzida por filósofos materialis-
tas que queriam transferir a alienação da consciência, tal 
como colocava Hegel, para o trabalho humano.
14.10. (ENADE) – 
Segundo o meu modo de ver, que somente a expo-
sição do próprio Sistema deve justificar, tudo depen-
de de apreender e exprimir o verdadeiro não como 
substância, mas, exatamente na mesma medida, como 
sujeito. Deve-se igualmente notar que a substanciali-
dade contém em si tanto o universal ou a imediatez 
dopróprio saber, quanto o que é ser ou imediatez 
para o ser. A substância vivente é também o ser que 
na verdade é sujeito ou, o que dá no mesmo, é ver-
dadeiramente efetivo somente na medida em que é o 
movimento do pôr-se-a-si mesma, ou é a mediação 
consigo mesma do tornar-se outra.
HEGEL, F. A Fenomenologia do Espírito. São Paulo: 
Abril Cultural, 1980, p. 12-13 (adaptado).
16 Extensivo Terceirão
Hegel, no trecho acima, afirma que a verdade 
a) é particularidade imediatamente dada sem substância 
universal e apenas sujeito singular. 
b) é sujeito dinâmico em constante movimento de vir-a-ser, 
não sendo substância fixa e imutável. 
c) contrapõe-se ao sujeito em seu permanente dinamismo, 
por não ser substância vivente. 
d) é imediatez dada sem nenhuma mediação, intuição pura 
do sujeito do saber pertencente ao ser. 
e) é substância efetiva resultante de movimento já termina-
do, mas não sujeito em movimento do pôr-se-a-si mesmo. 
Aprofundamento
14.11. (UNIOESTE – PR) – O pensador Friedrich Hegel, cujas 
análises filosóficas foram feitas após a Revolução Francesa, 
esforçou-se por pensar o Estado Soberano como modo de 
organização ao mesmo tempo necessário e legítimo da 
existência social. A Hegel, a quem frequentemente se atribui 
o método dialético, é INCORRETO afirmar que 
a) segundo Hegel, a dialética não é originalmente um objeto 
da reflexão filosófica, mas o elemento estrutural essencial 
da realidade. Hegel queria apreender todo o real como 
representação pura e perfeita do espírito absoluto. 
b) a intenção básica de Hegel consistiu, pois, em ver fundada 
toda realidade no absoluto, em conceber tudo como ma-
nifestação do único absoluto. O importante era considerar 
a realidade do ponto de vista do real, do absoluto. 
c) para Hegel, ao contrário de Karl Marx, a história não é uma 
sequência casual de acontecimentos, mas um suceder 
racional. Para Marx, a realidade não é contraditória e está 
conciliada com a razão. O verdadeiro sujeito da história 
é o espírito absoluto. 
d) segundo Hegel, o espírito absoluto havia alcançado seu 
objetivo em seu tempo: a perfeita autoconsciência. A 
própria realidade total seria uma manifestação do espírito 
absoluto. Com efeito, ambas, razão e realidade, tinham 
chegado a uma adequação. 
e) para Hegel, a realidade tinha se conciliado com a razão. Em 
Hegel, tudo se passa no âmbito do pensamento. Mesmo 
a realidade que ele fala, é mera realidade pensada. 
14.12. (UFU – MG) – Conforme Marx e Engels:
“O modo pelo qual os homens produzem seus 
meios de vida depende, antes de tudo, da própria 
constituição dos meios de vida já encontrados e que 
eles têm de reproduzir. Esse modo de produção não 
deve ser considerado meramente sob o aspecto de ser 
a reprodução da existência física dos indivíduos. Ele 
é, muito mais, uma forma determinada de sua ativida-
de, uma forma determinada de exteriorizar sua vida, 
um determinado modo de vida desses indivíduos”. 
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia 
alemã. São Paulo: Huitec, 1999, p. 27. 
Da leitura do trecho, conclui-se que:
a) As ideologias políticas possuem autonomia em relação 
ao desenvolvimento das forças produtivas.
b) A base da estrutura social reside no seu modo de pro-
dução material.
c) O modo de produção é determinado pela ideologia 
dominante.
d) Toda atividade produtiva é uma forma desumanização.
14.13. (UECE) – As contribuições de Karl Marx e Max Weber 
formam a base da maioria das análises sociológicas sobre a 
estruturação e organização da sociedade em classes sociais.
Assinale a opção que corresponde ao conceito de classe 
social na perspectiva de Karl Marx. 
a) Existe entre as classes uma relação de dominação esta-
belecida a partir do lugar que os indivíduos ocupam nas 
religiões.
b) As classes sociais estruturam a sociedade e por meio delas 
são construídas as relações de interesses harmônicos entre 
os grupos sociais.
c) Classe social é uma invenção teórica e não tem correspon-
dência com a dinâmica de estruturação das sociedades 
contemporâneas.
d) Uma classe social é um grupo de pessoas que se encontra 
em uma relação comum com os meios de produção por 
meio dos quais elas extraem seu sustento.
14.14. (UPE – PE) – Leia o texto a seguir sobre a concepção 
do Estado Democrático.
Segundo Karl Marx, o Estado é o organismo de 
dominação de classe, de opressão de uma classe por 
outra. O Estado representa a violência estabelecida e 
organizada, a violência legal. Ele é um instrumento, 
não de conciliação, mas sim de luta das classes.
POLITZER, Georges. Princípios Fundamentais de 
Filosofia. São Paulo: Hemus, 1954, p. 328.
Na citação acima, o autor configura uma leitura crítico-
-reflexiva sobre a concepção do Estado na perspectiva da 
filosofia de Karl Marx. Com relação a essa temática, é COR-
RETO afirmar que 
a) o Estado intenta os interesses da classe dominada e estaria 
a serviço da democracia. 
b) o Estado representa a síntese do que tende a superar os 
interesses contraditos da sociedade civil. 
c) o Estado é um meio suplementar de exploração das 
classes oprimidas, ou seja, o instrumento de dominação 
da classe economicamente mais poderosa. 
d) o Estado é decisivo para defesa de um modo de produção. 
Trata-se de um instrumento de conciliação e democrati-
zação da sociedade. 
e) o Estado não oprime, mas concilia os meios de produção 
para a democratização da sociedade civil. 
Aula 14
17Filosofia 4
14.15. (ENADE) – O valor da força de trabalho, como o 
de toda outra mercadoria, é determinado pelo tempo 
de trabalho necessário à produção, portanto também 
reprodução, desse artigo específico. Enquanto valor, 
a própria força de trabalho representa apenas deter-
minado quantum de trabalho social médio nela obje-
tivado. A força de trabalho só existe como disposição 
do indivíduo vivo. Sua produção pressupõe, portanto, 
a existência dele. Dada a existência do indivíduo, a 
produção da força de trabalho consiste em sua própria 
reprodução ou manutenção. Para sua manutenção, o 
indivíduo precisa de certa soma de meios de subsis-
tência. O tempo de trabalho necessário à produção da 
força de trabalho corresponde, portanto, ao tempo de 
trabalho necessário à produção desses meios de sub-
sistência ou o valor da força de trabalho é o valor dos 
meios de subsistência necessários à manutenção do seu 
possuidor. A soma dos meios de subsistência deve, pois, 
ser suficiente para manter o indivíduo trabalhador em 
seu estado de vida normal.
MARX, K. (1867). O Capital: crítica da economia política. 
Volume I, Livro Primeiro, Tomo 1, Capítulo 4. São Paulo: Abril 
Cultural, 1983 (Coleção Os economistas) (adaptado).
Com relação ao texto apresentado, assinale a opção correta. 
a) O valor de troca da força de trabalho é constante ao longo 
da vida útil de um trabalhador e corresponde à soma dos 
meios de subsistência necessários à sua reprodução. 
b) O valor de troca da força de trabalho é determinado, 
em última instância, pela contribuição produtiva que o 
trabalhador oferece ao sistema capitalista.
c) A força de trabalho é uma mercadoria como qualquer 
outra, sem especificidades relacionadas ao seu valor de 
uso para o modo de produção capitalista.
d) O valor da força de trabalho é dado pela soma do valor 
dos meios de subsistência necessários à manutenção do 
trabalhador e de sua família, em um contexto historica-
mente determinado.
e) A reprodução da mercadoria força de trabalho pressupõe 
o acesso do trabalhador aos meios de subsistência de que 
ele necessita para se manter individualmente.
14.16. (UEM – PR) – “A história de todas as sociedades 
que existiram até nossos dias tem sido a história das lu-
tas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, 
senhor e servo, mestre de corporação e oficial, numa 
palavra, opressores e oprimidos, em constante oposi-
ção, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, 
ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou 
por uma transformação revolucionária da sociedade 
inteira, ou pela destruição

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