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Cultura popular brasileira 3

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Cultura popular brasileira
Tutora : maira wiess
Folclore
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
 A partir dos estudos desta unidade, você deverá ser capaz de: 
• mencionar manifestações populares e folclóricas; 
• conhecer como se dão os registros dos patrimônios matérias e imateriais; 
• relacionar cultura e turismo; 
• inserir temas da cultura popular em sua futura atuação docente
Plano de estudos
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. 
TÓPICO 1 – ARQUITETURA, RELIGIOSIDADE E LITERATURA POPULAR 
TÓPICO 2 – FESTAS POPULARES E MÚSICA FOLCLÓRICA 
TÓPICO 3 – PRESERVAÇÃO, TURISMO E PESQUISA 
ARQUITETURA, RELIGIOSIDADE E LITERATURA POPULAR
ARQUITETURA
A arquitetura popular, também chamada por algumas pessoas de casa folclórica, é aquela em que as casas são construídas sem o projeto de um engenheiro ou arquiteto. As construções variam desde casas para moradia, até pequenas construções ao lado delas para guardar ferramentas ou animais. Normalmente, há um “prático”, homem que conhece as técnicas e auxilia na construção. Todavia, fique atento, pois qualquer construção sem autorização de órgãos competentes pode lhe acarretar grandes prejuízos, tanto financeiros como na segurança de seus familiares.
As técnicas e materiais mais usados na arquitetura popular podem variar, mas os mais comuns são as casas de pau-a-pique ou taipa (entrelaçamento de bambus ou madeiras e preenchimento com barro), de madeira e tijolos. 
Nas grandes cidades ou em periferias, geralmente há as favelas onde são construídos os barracos, pois se aproveitam os pedaços de terra disponíveis em encostas de morro, em terrenos baldios ou alagados e margens de rios. Os barracos, geralmente, são construídos com sobras de materiais velhos (papelão, caixotes, tábuas, latas) ou de tijolos (sem reboco de cimento).
As palafitas são construções realizadas em rios, lagos ou riachos onde as casas são sustentadas por troncos de madeira. Assim, evita-se que elas sejam levadas quando o nível das águas sobe
Casa de pau a pique ou taipa
No sul do país, nas localidades de imigração alemã é comum ainda encontrarmos caixas enxaimel, em que há madeiras que estruturam as casas e são preenchidas com tijolos. O que mais chama atenção nessas casas típicas é a inclinação do telhado que originalmente na Europa evitava o acúmulo de neve durante os rigorosos invernos, mas que no Brasil apenas tem a função estética.
RELIGIOSIDADE
O Brasil é um país que apresenta as mais diversas religiões, no entanto, o catolicismo continua a ter predominância. Percebe-se que a cada ano tem aumentado o número de fiéis que migram para religiões derivadas do cristianismo. Essa predominância religiosa deve-se principalmente à herança da colonização europeia.
O Brasil, segundo sua Constituição, é um país laico, no entanto, alguns feriados nacionais fixos e facultativos são de origem religiosa. Acompanhe a seguir:
• Sexta-feira da paixão (data móvel) – Paixão de Cristo (cristã). 
• Quinta-feira Santa (data móvel) – (cristã) 
• Corpus Christi (data móvel) - (católica). 
• 12 de outubro – Nossa Senhora Aparecida (católica). 
• 02 de novembro - Finados (cristã). 
• 25 de dezembro – Natal (cristã).
Além de religiões que seguem o Cristianismo, como o Protestantismo, Testemunhas de Jeová; há o espiritismo, o budismo, o islamismo, o judaísmo e as religiões afro-brasileiras como o Candomblé. A quantidade de religiões que poderíamos mencionar é enorme, mas nos deteremos apenas em algumas com que podemos traçar um paralelo com conteúdos já explorados nas unidades anteriores. Fique atento, pois alguns rituais religiosos são realizados em diferentes religiões.
No Brasil, a devoção aos santos é muito forte no catolicismo. Eles servem como mediadores quando se quer falar com Deus e também nomeiam ruas, escolas, bairros, cidades e estados, servindo também como agrupadores culturais. 
Os santos mais cultuados pelo povo, geralmente, foram descobertos por pessoas simples, leigas e de forma mágica
“Uma estátua, ou um pequeno objeto, é miraculosamente encontrado num canto do solo, numa fonte de água cristalina, numa poça também cristalina, enfim. De imediato nem o padre, nem a Igreja intervêm na descoberta, que passa a ser uma constatação predominantemente leiga frente à instituição eclesiástica, mas que pertence, nas palavras do historiador Alphonse Dupront, a “um povo fiel que se dá a si mesmo, antes da disciplina eclesiástica, o objeto sacro de que tem necessidade” (NASCIMENTO, 2009, p.127).
Nossa Senhora Aparecida é um destes exemplos, pois, aproximadamente em 1717, alguns pescadores pescavam no rio sem sucesso. Porém, em uma das vezes que jogaram a rede, pescaram a imagem da santa que representa Maria, mãe de Jesus, e nas tentativas posteriores os peixes eram obtidos com abundância. A imagem passou a ser venerada e sua fama se espalhou, tendo o Papa Pio XI declarado a Santa como a Padroeira do Brasil. Hoje, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida é um dos principais destinos do turismo religioso no Brasil, recebendo milhares de fiéis todos os dias. O feriado nacional do dia 12 de outubro, como mencionamos anteriormente, também é dedicado a esta santa.
Cada santo é como um especialista em causas ou um protetor, por exemplo, Santa Luzia é a protetora dos olhos, Santo Expedito é o das causas urgentes, São Longuinho acha objetos perdidos e São Cristovão é o protetor dos caminhoneiros.
É comum artesãos fabricarem peças ligadas à religiosidade do povo, como santos, cruzes, altares, amuletos e peças produzidas sob encomenda dos devotos. 
Os devotos no Brasil criaram maneiras próprias de se relacionarem com os santos. A sala dos ex-votos é um exemplo, pois lá ficam expostos os objetos, cartas e fotos de pedidos ou milagres que foram realizados por intermédio dos santos. Há quem mande esculpir em madeira ou faça a forma de um de seus membros em parafina. Geralmente, os pedidos estão relacionados às doenças na família, aprovação em vestibular e abandono de vícios.
“A pessoa faz a promessa, recebe a graça, que é o milagre, e oferece em paga o ex-voto, que é um quadro, um desenho, uma fotografia representando a graça recebida, ou, então, uma imagem ou peça, órgão do doente esculpido em madeira, gesso, sempre encomendada a um santeiro [...]” (ORTENCIO, 2004, p. 125).
Há também o pagamento de promessas que envolvem penitência e sacrifício como: andar de joelhos até o altar, carregar pedras na cabeça, realizar caminhadas de longas distâncias, voto de castidade, realizar doações aos carentes, cortar o cabelo, deixar o cabelo ou a barba crescer, entre muitas outras promessas. 
Candomblé é um culto africano trazido pelos escravos negros na época do Brasil colonial. No candomblé existe um deus principal – olorum ou zambi (o dono do céu). O filho desse deus, chamado de Oxalá, criou a humanidade. Em seguida, estão os orixás (divindades, santos) que são Xangô, Oxum, Iasã, Iemanjá, Oxumaré, Omolu, Nanã Barucu, entre outros. Cada divindade tem um santo católico correspondente, por exemplo, Iansã é Santa Bárbara e Oxossi é São Jorge.
O objetivo principal do Candomblé é através do êxtase receber os santos entre os homens. Segundo a crença, cada pessoa tem um orixá protetor. As pessoas mais devotas podem ser possuídas por estes santos e são chamadas de os “cavalos de santo”
O local onde o culto do candomblé é realizado é denominado de terreiro, e quem o dirige e coordena os cultos é o pai de santo ou a mãe de santo
A pajelança é mais comum na Região Norte e sua origem é indígena. Na base da pajelança está o Pajé que recebe o espírito de guias, de animais e de seres fantásticos (como a cobra-grande). Para que o pajé receba o espírito faz-se necessário um ritual, em que há danças, cantos e bebidas.
RITOS DE PASSAGEM
Há momentos na vida do homem que parecem apenas ter sentido se forem celebrados. Esses momentos de celebrações marcam mudanças na vida do indíviduo perante a comunidadea que ele pertence, dependendo da religião, descendência e região. 
Geralmente, após o nascimento, ainda na infância, há o batizado, mais tarde, dependendo da religião, há a primeira comunhão e a crisma. Aniversários, casamento e velório são ritos em que se realizam orações e em alguns destes ritos há roupas específicas para serem usadas na ocasião
CRENDICES E SUPERSTIÇÕES
Há diferenças entre crendice e superstição, fique atento!
“Crendice é crença em coisas infundadas e não aceitas pela ciência ou pelas pessoas cultas. Afirmar, por exemplo, que existem entes sobrenaturais como lobisomem, mula-sem-cabeça, Saci-Pererê, boiúna é crendice (ORTENCIO, 2004, p. 141).
Já “Superstição é crença, ou melhor, sentimento religioso, baseado no medo de acontecimentos desagradáveis. Seu intuito é predizer ou explicar certos acontecimentos por meio de causas que estão ligadas a pretensas forças sobrenaturais, em geral arbitrárias ou malignas, e não à razão” (ORTENCIO, 2004, p. 141). Megale (2000, p. 67) complementa essa definição afirmando que “é tudo aquilo que o homem acredita, sem qualquer fundamento, apenas por medo. Acredita em fatos ou seres que lhe dão sorte ou azar, que lhe fazem bem ou mal, que lhe propiciam vantagens ou polarizam malefícios”. Em geral, associa-se um acontecimento com futuras consequências, por exemplo, quebrar um espelho trará sete anos de azar, passar debaixo de uma escada dá azar, quando se vê apenas uma estrela no céu em pensamento fazer um pedido.
AMULETOS
São objetos no qual se acredita que trazem sorte e afastam o mal. Cada amuleto tem um poder específico como atrair dinheiro, amor etc. No Brasil, os amuletos mais conhecidos são o trevo de quatro folhas, escapulário, cruz, pata de coelho, santinhos, ferradura, figa, fitinhas de santos, entre muitos outros.
m geral, os amuletos são carregados junto ao corpo ou colocados em lugares estratégicos nas casas, tudo depende do objeto e do poder atribuído a este.
SIMPATIA
“Simpatia é a palavra grega que significa sofrimento, paixão” (ORTENCIO, 2004, p. 146). Segundo o autor, a simpatia tem duas conotações: influência afetiva que algumas pessoas exercem sobre outras; e ritual místico que é posto em prática, muitas vezes absurdo, como conseguir a atração de alguém, a cura de algum mal ou doença. 
Ainda, segundo Ortencio (2004, p. 146), o povo costuma confundir simpatia com remédio:
Se o produto for ingerido com finalidade de remédio, e não como apenas crendice, é remédio e não simpatia. Exemplo: se a pessoa estiver com gripe e dependurar ao pescoço, por um cordão, sete dentes de alho, está fazendo simpatia; agora, se a pessoa fizar um chá com os dentes de alho e tomar aí está usando remédio.
As simpatias mais comuns são as do ano novo que têm o intuito de trazer paz, prosperidade ou amor. Entre as mais comuns estão: comer lentilha no jantar antes da virada do ano, comer três uvas e guardar as sementes durante um ano na carteira, jogar uma moeda ao mar, vestir-se com alguma peça de roupa na cor amarela para prosperidade, se desejar paz na cor branca e se desejar amor na cor rosa etc.
Há simpatias com as mais diversas finalidades como: soprar na testa três vezes para crianças pararem de soluçar; achar objetos perdidos falando a seguinte frase: “São Longuinho, São Longuinho seu eu achar a (dizer o objeto perdido) dou três pulinhos”. 
MEDICINA POPULAR
As benzedeiras, também conhecidas como rezadeiras ou curandeiras são na maioria mulheres que conhecem vários tipos de oração e ritos para a cura dos males físicos e espirituais das pessoas e dos animais. Elas geralmente são associadas à religião católica, no entanto, há umbandistas e evangélicas. Apesar da igreja não as reconhecer como parte integrante de seus ritos, elas integram o catolicismo popular.
Geralmente, são utilizados elementos como ervas, óleos, água, fios ou ovos, associando-os a uma oração. Todo o conhecimento por elas carregado são acumulados com o tempo e perpassados por gerações. Acredita-se que esse conhecimento tenha se iniciado a partir do conhecimento e da utilização de ervas pelos indígenas, mais o conhecimento trazido pelos africanos, associado às rezas e rituais católicos trazidos pelos europeus
Dizem que os rituais de benzer só podem ser ensinados a pessoas da mesma família, caso contrário, não têm valor e o benzedeiro que ensina pode até perder sua força para benzer.
As benzeduras servem principalmente para tirar mal-olhado, curar cobreiro, dor de barriga, arca-caída, dor de cabeça, dor de dente e facilitar parto.
ERVAS, RAÍZES E FRUTAS
Há algumas receitas para enfermidades que são passadas de pais para filhos e são “tiro e queda” quando usadas, no entanto, fique atento, pois as receitas de remédios caseiros jamais devem substituir os remédio receitados pelo médico.
Essas receitinhas antigas têm inspirado grandes laboratórios médicos e pesquisas na descoberta e fabricação de novos remédios. O Brasil é um dos países com a maior variedade de flora do mundo, portanto, é grande a quantidade de remédio natural disponível no país, sendo que muito ainda há para se descobrir. 
Alguns cuidados fazem-se necessários no consumo das plantas, pois algumas quando consumidas em excesso causam intoxicações.
Os métodos mais comuns para preparar as ervas são:
• Infusão: as ervas são socadas e em seguida postas num recipiente com água fervente. Ex.: Hortelã usado como digestivo e calmante. 
• Decocção: é indicado para sementes, cascos de árvores e frutas mais duras, como maçãs. Em uma panela contendo água, coloca-se as partes da planta e leva-se ao fogo para ferver. Exemplo: camomila usada para cólica de bebês, digestiva, calmante para cólicas menstruais e para enxaguar os cabelos claros. 
• Cataplasma: ralar a planta ou raiz e acrescentar farinha de mandioca, fazendo uma papa. Colocar sobre um pano limpo e cobrir a área machucada. Exemplo: babosa para aliviar o inchaço de contusões
• Maceração: colocar as ervas, frutas ou raízes em molho, podendo ser água fria, cachaça, álcool, óleo ou vinagre. Exemplo: alecrim aromatiza vinagres e óleos usados na culinária. 
• Xarope: ferver água com açúcar e juntar uma medida do suco da planta ou da fruta (sendo uma de suco para cada cinco de água com açúcar) e continuar fervendo. Exemplo: xarope de guaco combate a tosse. 
• Suco: esmagar ou bater no liquidificador com água. Exemplo: suco de capimlimão é usado como calmante e digestivo.
LITERATURA POPULAR
A literatura popular pode ser oral como os mitos, lendas, provérbios, parlendas, trava-línguas e adivinhas ou também pode ser escrita como a literatura de cordel, os dísticos de caminhão e o pão por deus.
MITOS E LENDAS
As histórias contadas pelo povo, mesmo as mais “fantásticas” surgiram com o homem do campo que desconhecendo outros lugares e as teorias da ciência, imaginava como os seres haviam sido criados, como era o mundo além de onde vivia e que alguns fenômenos naturais como a tempestade e trovão eram acontecimentos atribuídos a seres fantásticos.
Fique atento(a)! Mitos e lendas são diferentes!
Mitos são personagens sobrenaturais, fantásticos que não existem. Geralmente, eles são associados a fenômenos naturais, ou seja, o homem diante desses fenômenos cria os personagens, como maneira de justificá-los. Entre os mitos brasileiros mais comuns estão: curupira, mula sem cabeça, lobisomem, boitatá, saci, entre muitos outros.
Algumas histórias surgiram no Brasil, principalmente com os indígenas, mas há algumas como a do lobisomem que já eram conhecidas na Europa e foram trazidas para o Brasil.
Seguem alguns mitos:
• Boitatá: é uma cobra de fogo. • 
Bruxa: a mais nova de sete filhas vira bruxa nas sextas-feiras, se transformando numa velha enrugada que monta uma vassoura dando gargalhadas estrondosas e sai voando, apavorando quem vê. 
• Curupira: é um menino que tem os pés voltados para trás e que habita as florestas. Quando pressente uma tempestade ou fortes ventos, ele procura avisar toda a floresta para que resistam a eles. 
• Lobisomem: é um homemque se transforma em um cão feroz durante a noite. 
• Mula sem cabeça: mulher que se envolve com padre, vira mula sem cabeça. No lugar da cabeça da mula há fogo e esta costuma aparecer apenas nas sextasfeiras. 
• Saci: menino negro com uma perna só, que usa capuz vermelho e fuma cachimbo. Gosta de esconder objetos e dar nó em rabo de cavalo
Lendas são histórias associadas a homens e mulheres que se tornam heróis e heroínas ou que seu surgimento é justificado por fenômenos naturais. A maioria das lendas no Brasil tem origem indígena como a lenda da mandioca, da noite, da vitória-régia, do açaí, do guaraná etc. Há, também, a lenda que surgiu no período da escravidão como o Negrinho do Pastoreio.
A diferença principal entre o mito e a lenda está na narrativa, pois as lendas contam uma história com início, meio e fim, enquanto que o mito apresenta apenas as características dos personagens.
• Lenda da mandioca: conta a lenda que a filha de um cacique ficou grávida, mas não era casada. O pai exigia que a filha contasse quem era o pai da criança, mas a moça afirmava que jamais havia namorado. O cacique rogou em sua própria filha uma praga, no entanto, durante o sono recebeu a visita de um deus que disse para acreditar na filha. A índia deu à luz uma menina branca que para espanto de todos já sabia andar e falar. Seu nome era Mani. Com um ano de vida Mani morreu e foi enterrada dentro de sua oca. Todos os dias, a mãe de Mani regava a terra onde a menina havia sido enterrada. Depois de um tempo, no local onde Mani havia sido enterrada brotou uma planta desconhecida. A tribo resolveu desenterrar Mani e enterrá-la em outro lugar, mas após cavar apenas encontraram as raízes da planta. A raiz era marrom por fora e branca, muito branca por dentro. Após cozinharem e comerem a raiz, os índios viram que era um presente do Deus Tupã. Os indígenas deram o nome de Manioca, por causa de Mani que nasceu dentro de uma oca, mas, hoje essa raiz é conhecida como mandioca, macaxeira ou aipim.
DITADOS OU PROVÉRBIOS
São frases ou expressões que trazem algum conselho. Geralmente, falamse os provérbios quando se quer dar um conselho ou comentar sobre algo que aconteceu, mas sem diretamente falar sobre o fato. Por isso, eles não devem ser interpretados ao “pé da letra”. 
Há quem diga que é a filosofia do povo, que em poucas palavras resume um conselho, uma experiência de vida. 
• Cavalo dado, não se olham os dentes. 
• A esperança é a última que morre. 
• A pressa é inimiga da perfeição. 
• Aqui se faz, aqui se paga. 
• Beleza não põe a mesa. 
• Cada macaco no seu galho. 
• Cão que ladra não morde. 
• De boa intenção o inferno está cheio. 
• De grão em grão, a galinha enche o papo. 
• Pimenta nos olhos dos outros é refresco
DÍSTICOS DE CAMINHÃO
Os dísticos de caminhão também são chamados de ditados ou provérbios e são mais populares entre os caminhoneiros e são escritos nos para-choques dos caminhões. Há quem chame de filosofia de para-choque. Geralmente são frases com teor humorístico, provérbios satirizados e que envolvem temas como: estradas, caminhão, casamento, filhos, sogra, sexo e as mulheres em geral. 
Segundo Ortencio (2004, p. 36), os caminhoneiros “são gente acostumada com as dificuldades, vivendo mais tempo em viagem do que em suas casas, morando praticamente nas cabines dos caminhões. Adquirem muita experiência de vida e levam pelo Brasil inteiro, nas estradas e nas cidades, as suas filosofias”. 
• Seja paciente na estrada para não ser paciente no hospital. 
• Não mando minha sogra pro inferno porque tenho dó do diabo! 
• Se ferradura desse sorte, burro não puxava carroça. 
• Na vida tudo é passageiro, menos o motorista e o cobrador. 
• Na subida paciência, na decida dá licença. 
• Água mole em pedra dura, tanto bate... até que cansa! 
• Mais vale um pássaro na mão do que bois voando. 
• Quem tem boca vai a Roma. Meu fogão tem quatro e não saiu da cozinha.
PARLENDAS
As parlendas eram ditas pelos pais e repetidas pelos filhos como forma de testar ou continuar as frases. Como são fáceis de decorar, elas são populares entre as crianças.
Hoje é domingo Pé de cachimbo Cachimbo é de barro Bate no jarro O jarro é de ouro Bate no touro O touro é valente Chifra a gente A gente é fraco Cai no buraco Buraco é fundo Acabou o mundo
Dedo minguinho Seu vizinho Pai de todos Fura bolo Mata Piolho
Chuva e sol, casamento de espanhol. Sol e chuva, casamento de viúva.
Um, dois, feijão com arroz, Três, quatro, feijão no prato, Cinco, seis, falar inglês, Sete, oito, comer biscoito, Nove, dez, que bobo tu és.
TRAVA-LÍNGUAS
O trava-línguas, como o próprio nome diz, tem o objetivo de fazer com que a pessoa fale corretamente a frase. As frases geralmente têm muitas sílabas parecidas e que devem ser ditas rapidamente.
Agora, chegou a vez de desafiar de você! Tente falar as frases a seguir sem enrolar a língua.
• Atrás da pia tem um prato, um pinto e um gato. Pinga a pia, para o prato, pia o pinto e mia o gato. 
• O tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu pro tempo que o tempo tem o tempo que o tempo tem. 
• O rato roeu a roupa do rei de Roma. 
• O peito do pé do pai do padre Pedro é preto. 
• Sabia que a mãe do sabiá não sabia que o sabiá sabia assobiar? 
• Um tigre, dois tigres, três tigres
ADIVINHAS
São perguntas em que quem pergunta já sabe a resposta e espera que o outro adivinhe. Geralmente, as perguntas são pegadinhas, pois a resposta, por vezes, está na pergunta. É considerada também uma brincadeira entre as crianças.
“As adivinhas constituem um método muito interessante para o desenvolvimento da criança. Dão vivacidade e aguçam o raciocínio. Então, adivinhas ou adivinhações são perguntas curiosas, sempre começando com o tradicional “O que é, o que é” (ORTENCIO, 2004, p. 37).
Será que você adivinha? As respostas daremos logo a seguir!
O que é que o boi faz, quando o sol bate nele? 
b) O que é o que é que sempre se quebra quando se fala? 
c) O que é o que é feito para andar e não anda? 
d) O que é o que é que está sempre no meio da rua e de pernas para o ar? 
e) O que é o que é que dá muitas voltas e não sai do lugar? 
f) Qual é a carta que não leva recado?
Respostas:
Sombra. 
b) Segredo. 
c) A rua. 
d) A letra u. 
e) O relógio. 
f) A carta de baralho
CORDEL
Nas feiras do nordeste, é comum encontrarmos bancas no qual há livretos à venda. Esses folhetos tratam dos mais variados assuntos: política, lendas, poesias, histórias envolvendo famosos, santos, heróis e até alertando sobre direitos e deveres. 
Sobre o cordel, já havíamos comentado anteriormente na Unidade 2, quando falávamos sobre xilogravura. Por isso, volte lá e leia novamente para recortar. 
O mais interessante deste tipo de literatura é que ela sobrevive aos avanços tecnológicos. É claro que até mesmo o cordel se modernizou, pois agora, são impressos em gráficos, mas continuam sendo feito por pessoas simples e sobrevivendo a gerações.
PÃO POR DEUS
São bilhetes escritos sobre papel recortado como renda em que se envia um recado para alguém a fim de pedir algo ou para agradecer. 
O pão por deus foi trazido pelos portugueses e sua utilização era mais comum no litoral brasileiro. Atualmente, é raro quem ainda o utilize e consequentemente é uma parte do folclore que tende a desaparecer. Os recados ou versinhos escritos seguem a ordem de quadra e a rima se apresenta na segunda e na quarta linha do verso.
Lá vai meu coração Nas asas de uma andorinha Vai pedir pão - por - Deus A minha querida madrinha.
FESTAS POPULARES E MÚSICA FOLCLÓRICA
FESTAS POPULARES
A festa popular é um momento onde se compartilham tradições, podendo ser considerada uma espécie de ritual onde são revelados valores, onde o homem tem oportunidade de expressar aquilo que o toca mais intensamente (PESSOA, 2007).
A aprendizagem dos elementos que compõem as festas populares ocorre, geralmente, de maneira espontânea, vendo, ouvindo e fazendo. É por meio da observação que se aprendem as letras das músicas, a maneira como setocam os instrumentos e como se realizam os passos da dança. “As pessoas e grupos populares não têm como primeira forma de expressão o domínio da escrita. Seus textos são escritos em forma de dança, de cânticos rimados para facilitar a memorização, são troças, lendas, ditados [...]. Os ingredientes que compõem a festa popular são também textos por meio dos quais a gente simples manifesta tudo que lhe toca mais profunda e intensamente” (PESSOA, 2007, p. 4).
As festas populares, assim como outros elementos da cultura popular e do folclore, são estruturas dinâmicas que se transformam com o passar do tempo. Além disso, podem passar por adaptações regionais, sendo possível encontrar festividades semelhantes com nomes diferentes espalhados por todo país. Não seria possível tratar aqui de todas as festas populares do Brasil. Então foram selecionados dois dos ciclos festivos mais tradicionais do país: o carnaval e as festas juninas. 
CARNAVAL
O carnaval não tem uma data fixa, pois se trata de uma festa móvel cuja data todo ano é fixada no sétimo domingo que antecede a Páscoa. O cálculo foi determinado pela Igreja Católica. A ideia do carnaval é brincar e festejar antes da chegada da quaresma, pois ela que antecede a Páscoa, é considerado um período de resguardo e respeito, sendo que os cristãos mais fervorosos chegam a cumprir um ritual que inclui o jejum.
A festa hoje intitulada Carnaval teve início no começo do século 19 e consistia em bailes, chamados de Rancho, no qual, participavam a elite brasileira e os integrantes da corte portuguesa. Aos pobres restava o Entrudo, que em 1823 foi retratado por Debret e, no qual, o povo saia às ruas e brincava de jogar balões com água e farinha. Aos poucos, o povo passou a copiar os bailes de carnaval realizados pela elite e então surgiram os cordões e as sociedades carnavalescas.
Com o aumento das tecnologias e a popularização das informações, o carnaval foi influenciado pelos cantores promovidos pela indústria cultural e pelo turismo, levando-o a adquirir características distintas em alguns estados.
Na Bahia, os foliões saem às ruas para dançar e cantar atrás de um trio elétrico (bandas tocam sobre caminhões). A influência da comunicação de massa faz com que multidões dancem e cantem nas ruas atrás de trios elétricos, ao som de cantores famosos como Tony Garrido, Daniela Mercury, Ivete Sangalo etc. Nos blocos carnavalescos são vendidos os abadas, camisetas que caracterizam cada grupo.
Em Natal, Maceió, Olinda e no Recife ocorre o carnaval de rua. Os participantes vestem pesadas fantasias, cada uma representando um personagem: rei, rainha, príncipes, damas, embaixadores, cavaleiros, índios, baianas etc. Todos dançam ao som de um batuque, seguindo as “calungas”, bonecas gigantes que abrem o desfile e são levadas cada uma por uma mulher. Outra tradição pernambucana é o frevo, que tem mais força nas principais cidades do estado: Recife e Olinda. Durante o carnaval, as pessoas dançam nas ruas ao som desse ritmo rápido, executando passos acrobáticos (CULTURA BRASILEIRA, 2010).
No Rio de Janeiro e São Paulo as escolas de samba se preparam durante todo o ano e os desfiles giram em torno de um tema do qual se faz o samba enredo, as fantasias e os carros alegóricos. Há uma comissão que atribui notas a cada quesito e há premiação para as escolas vencedoras. O desfile acontece em uma passarela, onde os carros e os integrantes da escola desfilam para o público posicionado em arquibancadas laterais.
FESTAS JUNINAS
Como o próprio nome revela, essa festa acontece no mês de junho, sendo muitas vezes prolongada até julho. O ciclo das festas juninas começa em meados do mês de junho, quando se festejam quatro santos muito conhecidos no Brasil: Santo Antônio, no dia 13; São João, 24; e São Pedro e São Paulo, no dia 29 de junho (CULTURA BRASILEIRA, 2010).
Nos países europeus católicos, a festa era inicialmente chamada de “joanina” (em homenagem a São João). Trazida pelos portugueses para o Brasil, virou festa “junina” e foi incorporada aos costumes locais, com a introdução de alimentos, como o aipim e o milho (CULTURA BRASILEIRA, 2010).
Mas não foi somente a influência portuguesa que caracterizou as comemorações. A quadrilha, por exemplo, foi uma adaptação de uma dança da nobreza europeia (quadrille), muito presente nos salões franceses do século XVIII (CULTURA BRASILEIRA, 2010).
Os jesuítas portugueses, a princípio, comemoravam o dia de São João. As primeiras referências às festas de São João no Brasil datam de 1603. As festas de Santo Antônio e de São Pedro vieram mais tarde, mas como aconteciam no mesmo mês, foram incluídas nas chamadas festas juninas (CULTURA BRASILEIRA, 2010).
Atualmente, nas festas juninas, os participantes costumam vestir-se com roupas remendadas, exagerando o que consideram a vestimenta e o modo de ser dos caipiras. O foco já não é mais religioso e sim apenas entretenimento. Geralmente, são feitos o casamento caipira e a quadrilha. No sul do Brasil, é comum o quentão à base de vinho e o pinhão, já no sudeste, o quentão é preparado com cachaça
MÚSICA FOLCLÓRICA
A música é um elemento que está presente na maior parte das festas populares. Agora vamos conhecer um pouco mais sobre algumas das formas pelas quais a música folclórica aparece na cultura popular brasileira.
Segundo Lima (2003, p. 105), a música folclórica brasileira se concretiza de três maneiras: “improvisada de maneira espontânea e aceita espontânea e coletivamente no momento da criação (música de várias danças, como a do batuque do Médio Tietê, São Paulo); improvisada espontaneamente, ensaiada e aceita coletivamente (música de manifestações teatrais, exemplificadas pelas congadas, moçambiques, bumba-meu-boi etc.); transmitida de uma geração para a outra, em variantes ou versões (música de modinhas, dorme-nenês, romances, etc.)”. 
As músicas folclóricas podem estar relacionadas a brincadeiras, rituais religiosos e danças. Geralmente, possuem letras simples, são repetitivas, podendo tratar de assuntos do cotidiano, mitos, lendas, envolvendo ou não personagens do folclore. A música folclórica é transmitida de geração em geração e sempre apresenta funcionalidade, ou seja, se destina a uma função específica.
As cantigas de roda, também chamadas de ciranda, são em sua maioria de origem europeia. São brincadeiras musicais onde as crianças geralmente ficam em roda, de mãos dadas e cantam seguindo a coreografia característica da música. As letras das músicas podem sofrer variações regionais. São exemplos de cantigas: ciranda cirandinha, a canoa virou, e muitas outras
Há ainda brincadeiras folclóricas que não se utilizam da música, como: amarelinha, bola de gude, pipa, cabra-cega, chicotinho queimado etc
Outro elemento musical muito frequente nas festas populares são as danças folclóricas, que estão relacionadas à cultura e tradições de cada região. Podem estar relacionadas a aspectos religiosos, festas, brincadeiras, entre outros elementos. Podemos citar como danças folclóricas o maracatu, frevo, catira, quadrilha, coco, fandango e muitas outras.
As danças folclóricas podem ser dramáticas ou não. Nas danças dramáticas, também chamadas de autos ou folguedos, são representados personagens, com vestimentas específicas e que geralmente narram uma história. São exemplos de danças dramáticas o bumba-meu-boi, cavalhada, chegança, terno de reis e outros.
INSTRUMENTOS MUSICAIS
Os instrumentos musicais folclóricos são assim denominados porque se originam de um artesanato folclórico (LIMA, 2003). Considerando-se suas origens, poderíamos citar como de origem africana: tambores, agogô, cuíca, afoxé, berimbau, entre outros.
Instrumentos como o triângulo e a sanfona (também chamada acordeom ou gaita), que são característicos do baião no Brasil, têm provável origem na música portuguesa, assim como os diferentes tipos de viola.
Considerados de origem indígena, temos os chocalhos, guizos, flautas e também tambores. Além destes, existem muitos outros instrumentos folclóricosbrasileiros, e a divisão por origens também é bastante relativa, pois existem instrumentos que são comuns em várias etnias
PRESERVAÇÃO, TURISMO E PESQUISA
PATRIMÔNIOS CULTURAIS DO BRASIL
O Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), atualmente, é um órgão federal vinculado ao Ministério da Cultura, foi criado por artistas e intelectuais ligados ao modernismo brasileiro, em 13 de janeiro de 1937, pela Lei nº 378, no governo de Getúlio Vargas. Os objetivos do Instituto são: fiscalizar, proteger, identificar, restaurar, preservar e revitalizar os monumentos, sítios e bens móveis do país (IPHAN, 2010).
A missão deste órgão é: 
“Promover e coordenar o processo de preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro para fortalecer identidades, garantir o direito à memória e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do país” (IPHAN, 2010, s.p.)
Segundo o IPHAN (2010), patrimônio cultural é:
“O conjunto de manifestações, realizações e representações de um povo, de uma comunidade. Ele está presente em todos os lugares e atividades: nas ruas, em nossas casas, em nossas danças e músicas, nas artes, nos museus e escolas, igrejas e praças. Nos nossos modos de fazer, criar e trabalhar. Nos livros que escrevemos, na poesia que declamamos, nas brincadeiras que organizamos, nos cultos que professamos. Ele faz parte de nosso cotidiano e estabelece as identidades que determinam os valores que defendemos. É ele que nos faz ser o que somos. Quanto mais o país cresce e se educa, mais cresce e se diversifica o patrimônio cultural. O patrimônio cultural de cada comunidade é importante na formação da identidade de todos nós, brasileiros”.
O Instituto separa os bens em patrimônios materiais e imateriais que apresentaremos em seus pormenores a seguir.
PATRIMÔNIOS MATERIAIS
Os patrimônios materiais protegidos pelo IPHAN são classificados de acordo com sua natureza em quatro Livros do Tombo que são:
• Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. 
• Livro do Tombo Histórico. 
• Livro do Tombo das Belas Artes. 
• Livro do Tombo das Artes Aplicadas.
“O tombamento é um ato administrativo realizado pelo Poder Público, nos níveis federal, estadual ou municipal. Os tombamentos federais são da responsabilidade do Iphan e começam pelo pedido de abertura do processo, por iniciativa de qualquer cidadão ou instituição pública. Tem como objetivo preservar bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo a destruição e/ou descaracterização de tais bens” (IPHAN, 2010, s.p.)
Após a abertura do processo de tombamento, o órgão enviará técnicos que farão uma avaliação do bem material que pode ser: fotografia, obras de arte, construções, florestas, cascatas, mobiliário etc. Caso o bem receba uma avaliação positiva dos técnicos, o Instituto envia uma notificação ao proprietário avisando que o bem se encontra em proteção até a decisão e término do processo, que são a divulgação no diário oficial, o registro em um dos Livros do Tombo e a notificação aos seus proprietários. Apenas os bens materiais podem ser tombados (IPHAN, 2010).
PATRIMÔNIOS IMATERIAIS
O IPHAN segue como definição dos bens imateriais a definição dada pela UNESCO que considera “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural” (IPHAN, 2010). 
Os bens imaterias, quando considerados de importância para a Cultura do país e sua preservação faz-se necessária, são inscritos nos seguintes Livros de Registro:
• Livro de Registro dos Saberes: inclui as técnicas e o conhecimento das matérias-primas, entre os quais podemos considerar técnicas de artesanato, de fabricação de instrumentos, de culinária etc. 
• Livro de Registro das Celebrações: ritos e festas. 
• Livro de Registro das Formas de Expressão: inclui a comunicação e as manifestações por meio da música, do teatro, da literatura e das artes plásticas. 
• Livro de Registro dos Lugares: ficam inscritos os espaços onde ocorrem algumas práticas e atividades como igrejas, praças, mercados e feiras.
Entre os bens imateriais registrados estão: o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi, Círio de Nossa Senhora de Nazaré, Samba de Roda do Recôncavo Baiano, Modo de Fazer Viola de Cocho, Ofício das Baianas de Acarajé, Feira de Caruaru, Frevo, entre outros. 
PATRIMÔNIOS DA HUMANIDADE NO BRASIL
Assim como há um órgão federal que analisa, registra os bens imateriais e tomba os patrimônios materiais, há a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), na qual representantes de 21 países analisam pedidos para que alguns bens considerados de importância para a humanidade entrem na lista dos Patrimônios Mundiais. O Brasil participa desta convenção desde 1977 (IPHAN, 2010).
Há dois tipos de patrimônios Históricos concedidos pela UNESCO que são o Cultural, que engloba as construções, e o Natural que envolve áreas de preservação e parques.
Quando algum bem passa a integrar a lista dos Patrimônios Culturais da Humanidade, cabe ao país onde este se localiza protegê-lo e conservá-lo. Para isso, a UNESCO participa com recursos técnicos e financeiros do Fundo do Patrimônio Mundial.
O título dado pela UNESCO confere aos locais mais status e dá mais visibilidade para a arrecadação de recursos e para o turismo. Todavia, o título não é permanente, pois, caso a área sofra modificações, corre o risco de sair da lista.
Entram na lista os bens materiais, imateriais e também os naturais. Nesta lista, há os seguintes bens materiais e naturais localizados no Brasil:
• Parque Nacional do Jaú. 
• A cidade histórica de Ouro Preto em Minas Gerais. 
• O Centro Histórico de Olinda em Pernambuco. 
• Missões Jesuítas Guarani em São Miguel das Missões/RS. 
• Centro Histórico de Salvador na Bahia. 
•Santuário do Nosso senhor de Matosinho em Congonhas do Campo/MG. 
• Parque Nacional do Iguaçu no Paraná. 
• O Plano Piloto de Brasília. 
• Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí. •
 Centro Histórico de São Luís do Maranhão. •
 Centro Histórico da Cidade de Diamantina em Minas Gerais. 
• Pantanal Mato-grossense.
• Costa do Descobrimento. 
• Reserva Mata Atlântica. 
• Reservas do Cerrado. 
• Centro Histórico da cidade de Goiás. 
• Ilhas Atlânticas: Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas/RN. 
• Praça São Francisco em São Cristóvão
Em 2008, a UNESCO também reconheceu as Expressões Orais e Gráficas dos Wajãpis do Amapá e o Samba de Roda do Recôncavo Baiano, bens imateriais que foram proclamados como Obras Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade (UNESCO, 2010).
CULTURA POPULAR E TURISMO
Culturas diferentes da que estamos habituadas sempre despertam interesse! Quem não gosta de conhecer locais diferentes? Experimentar novos sabores? Admirar outras construções? Intrigar-se com outros hábitos, diferentes dos nossos? 
A maioria das pessoas adora passear por isso e é isso que move o turismo. É a cultura que move o turismo e o turismo move a economia, gerando emprego
O Brasil devido a sua grande extensão territorial e às diferenças regionais, tanto de sotaque como de usos e costumes, apresenta um extenso calendário de festas e eventos. Há locais que a principal fonte de renda é a gerada pelo turismo e estes estão se preparando para receber os turistas bem, investindo em meios de transporte, na rede hoteleira e nas opções de lazer. Infelizmente, ainda há locais com grande potencial turístico que não oferecem uma estrutura adequada.
O turismo auxilia na venda de peças artesanais, aumenta a autoestima de pessoas simples que fazem aquilo porque gostam e precisam. Porém, alguns cuidados devem ser tomados, pois em alguns locais, as manifestações populares, ou melhor, folclóricas, motivas pelo turismo deixam de seruma manifestação espontânea, para em prol do turismo se tornar apenas uma atração, perdendo sua identidade. Foi o que aconteceu com o carnaval no Rio de Janeiro e São Paulo, no qual, as escolas de sambas se preparam para o show televisivo e vendem fantasias para turistas que nem sabem sambar. Também já presenciei índios, vestidos com saias de palhas e com os corpos pintados dançando conforme a tradição indígena ao som de um cd e ao fim cobrando por quem assistiu a sua dança e vendendo colares de sementes. 
Perguntamos: Isso é preservar a cultura? 
Entretanto, também não poderia deixar de mencionar manifestações folclóricas, que mesmo recebendo uma grande quantidade de turistas mantém seu caráter popular, como as festas juninas do Sergipe
PESQUISA
Você deve ter percebido o quanto o folclore é amplo, por isso, ainda há muito a se pesquisar e registrar sobre o folclore brasileiro.
Ortencio (2004, p. 167) fala da importância da pesquisa sobre folclore, pois “se não for preservado se extinguirá pela evolução rápida dos meios de comunicação, em particular o rádio e a televisão. Mas são esses meios de comunicação que poderão fixar o folclore, levando-o ao conhecimento e ao reconhecimento de toda a pátria brasileira”.
Ainda, de acordo com Ortencio (2004), as pesquisas sobre folclore podem ser realizadas pelos processos diretos e indiretos. A pesquisa direta é quando uma ou mais pessoas vão até o local onde acontece o fato folclórico e registram-no com todos os seus pormenores. O pesquisador observa o fato. A pesquisa indireta é quando o pesquisador não presencia o fato folclórico, mas toma conhecimento por meio de entrevistas ou de questionários com alguém que participou do fato.
Algo interessante que Ortencio (2004) ressalta é que muitas vezes os entrevistados acham graça do que o pesquisador quer saber, pois para eles se trata de bobagens, coisas sem serventia, que para uma pessoa “estudada” não interessa, mas aí mesmo, nas coisas consideradas mais bobas é que se encontra a riqueza do nosso folclore. 
Hoje os artefatos tecnológicos como a câmara digital que fotografa, filma e grava a voz permitem que os fatos folclóricos sejam registrados em seus pormenores e que tenhamos material visual para mostrar às gerações futuras ou comparar as evoluções que até mesmo um fato folclórico sofre (lembre-se da dinamicidade que é uma das características do fato folclórico)
Um dos grandes pesquisadores do folclore brasileiro foi Câmara Cascudo que é autor de uma extensa lista de livros sobre o tema. Vale a pena fazer uma pesquisa sobre ele! 
Por fim, transcrevemos as sábias palavras de Manuel Bandeira em Evocação do Recife:
“A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros. Vinha da boca do povo na língua errada do povo Língua certa do povo Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil.”

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