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Estudos-Amazonicos-Ensino-Fund-Tiese-Junior-pdf

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Prévia do material em texto

Copyright	©	Tiese	Rodrigues	Teixeira	Júnior
Capa:
Ubaldino	Scardino
Foto	da	capa:
Acervo	Editora	Paka-Tatu
Editoração	Eletrônica:
Acervo	Editora	Paka-Tatu
Desenvolvimento	em	ePub:
Sílvio	Pereira	Filho
Revisão:
Rodrigo	Gerdulli
Ficha	Catalográfica:
Ana	Negrão	do	Espírito	Santo
Editora	Paka-Tatu	Ltda.
Rua	Oliveira	Belo,	386,	salas	8	e	9	-	Umarizal
CEP:	66.050-380	-	Belém	-	Pará	-	Brasil
Fonefax:	(91)	3242-5403
E-mail:	contato@paka-tatu.com.br
Site:	www.editorapakatatu.com.br
CDD:	981.15
T564e Tiese	Júnior
Estudos	amazônicos:	ensino	fundamental/	Tiese	Júnior	.	_	Belém:	Paka-Tatu,	2010.
ePub
ISBN:	978-85-7803-071-1
1.Amazônia	–	História	I.Título
mailto:%20contato@paka-tatu.com.br
http://www.editorapakatatu.com.br
À	Dona	Maria,	minha	mãe,	uma	autêntica	cabocla	ribeirinha	da	Amazônia.
PREFÁCIO
A	História	 regional	 passou	 a	 ser	 bastante	 valorizada	 no	 Brasil,	 a	 partir	 de	 1970,	 em	 virtude	 de
contribuir	 com	 explicações	mais	 específicas	 sobre	 as	 transformações	 econômicas,	 sociais,	 políticas	 e
cultural	de	uma	região.	Ela	trata	das	características	e	das	multiplicidade	da	Amazônia,	distinguindo-se	da
História	nacional	por	abordar	o	estudo	no	seu	aspecto	singular.	Nesse	sentido,	o	estudo	regional	contribui
para	o	aprofundamento	da	História	nacional.
A	região	Amazônica	tem	uma	importância	fundamental	para	o	Brasil,	principalmente	devido	a	seus
recursos	ambientais,	que	a	tornaram	centro	da	atenção	mundial,	uma	vez	que	os	estudos	e	debates	sobre
preservação	ambiental	vêm	adquirindo	prioridade	em	todo	o	mundo,	sempre	enfatizando	a	necessidade
de	se	criar	uma	política	de	desenvolvimento	de	forma	sustentável.
Esta	 obra	 tem	 como	 objetivo	 tratar	 não	 só	 da	 região	Amazônica	 em	 seu	 aspecto	 ambiental,	mas,
também,	 analisar	 as	 características	 sociais,	 fruto	de	um	amplo	processo	de	 imigração	e	miscigenação,
além	 dos	 aspectos	 econômico,	 político	 e	 religioso	 e	 das	 várias	 manifestações	 culturais	 presentes	 no
nosso	cotidiano	amazônico.
Além	disso,	é	importante	ressaltar	que	esta	obra	aborda	as	características	de	todos	os	estados	que
compõem	a	região	Amazônica,	mas	dando	uma	ênfase	maior	na	história,	na	geografia,	na	sociologia	e	na
antropologia	do	Estado	do	Pará.	Assim,	oferece	um	suporte	didático	aos	professores	que	trabalham	com
a	disciplina	de	Estudos	Amazônicos	nas	séries	do	6º	ao	9º	ano	do	ensino	fundamental,	os	quais	carecem
de	material	apropriado,	sendo	necessário	reescrever	textos	acadêmicos,	adequando-os	à	uma	linguagem
específica	para	esse	nível	de	ensino.	Aos	demais	interessados,	a	obra	oferece	um	panorama	significativo
da	 essência	da	 cultura	da	 terra	das	Amazonas.	Cultura	 popular	 e	 erudita	 se	 entrelaçam,	 compondo	um
painel	rico	em	detalhes,	da	vida	de	quem	vive	na	Amazônia.	Estudos	Amazônicos:	ensino	fundamental	é
uma	obra	bem-vinda!
Paulo	César	Alves	da	Silva
Historiador
APRESENTAÇÃO
Caro(a)	colega	professor(a),
Em	tempos	em	que	o	pensador	Edgar	Morin	nos	lembra	da	necessidade	que	a	educação	tem	de	“...
ensinar	a	identidade	terrena	e	o	destino	planetário	do	gênero	humano...”,	é	muito	importante	estabelecer
um	diálogo	com	você	sobre	a	Amazônia	Um	diálogo	por	meio	dos	textos	que	compõem	este	livro.
No	Estado	do	Pará,	a	disciplina	que	atende	ao	artigo	da	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	(LDB)	chama-se
Estudos	Amazônicos	 e,	 até	 onde	 sabemos,	 a	 falta	 de	 livros	 didáticos	 sobre	 a	 Amazônia	 brasileira	 e
particularmente	 sobre	o	Estado	do	Pará	 é	um	desafio	 a	 ser	 enfrentado	pela	maioria	dos	professores	 e
professoras	que	 trabalham	com	as	questões	pertinentes	aos	 temas	amazônicos.	Desejo	profundamente	a
breve	mudança	dessa	realidade.
Por	 tais	 razões,	 tomei	 a	 iniciativa	 de	 escrever	 este	 livro,	 elaborado	 com	muito	 esforço,	 para	 ser
utilizado	nas	aulas	de	Estudos	Amazônicos,	do	6º	ao	9º	ano,	séries	finais	do	Ensino	Fundamental.
Sei	que	há	municípios	do	interior	do	Estado	do	Pará	que	retiraram	da	matriz	curricular	a	disciplina
Estudos	 Amazônicos,	 em	 boa	 parte	 por	 falta	 de	 material	 didático	 adequado.	 Aos	 gestores	 desses
municípios,	 meu	 desejo	 de	 que	 reincluam	 a	 disciplina	 em	 suas	 escolas.	 Afinal,	 é	 muito	 importante
conhecermos	a	nossa	casa,	a	Amazônia.
Espero	 que	 os	 assuntos	 aqui	 selecionados,	 bem	 como	 as	 propostas	 de	 trabalho	 docente
apresentadas,	possam	ajudar	meus	colegas	professores	e	professoras	e	seus	alunos	e	alunas	nas	aulas	de
Estudos	Amazônicos.
A	 título	de	 ilustração,	 incluímos	neste	 livro	algumas	músicas	como	 introdução	ou	 fechamento	dos
temas	 estudados.	Algumas	delas	 são	 toadas	dos	Bois	de	Parintins	—	Caprichoso	 e	Garantido.	Outras,
retiramos	do	repertório	musical	paraense.	Preocupamo-nos,	também,	em	incluir	outros	gêneros	de	nosso
imaginário	 cultural,	 tais	 como	 a	 prosa	 e	 a	 poesia.	 Muitas	 informações	 constantes	 deste	 livro	 estão
sustentadas	na	pesquisa	acadêmica.
Estudos	Amazônicos	é	um	livro	que	tem	o	propósito	de	fornecer	subsídios	que	permitam	aprimorar
a	construção	de	conhecimentos	mais	sólidos	sobre	a	região	amazônica,	em	particular	sobre	o	Estado	do
Pará.
Espero	que	este	livro	possa	contribuir	para	despertar	o	interesse	pela	Amazônia	brasileira.
O	Autor
SUMÁRIO
6º	ANO
I	UNIDADE	–	A	AMAZÔNIA	PRÉ-COLONIAL
A	AMAZÔNIA	PRÉ-COLONIAL
O	MEIO	FÍSICO	AMAZÔNICO
O	INÍCIO	DA	OCUPAÇÃO	HUMANA	NA	AMAZÔNIA
AGRICULTURA	E	CERÂMICA
SOCIEDADES	COMPLEXAS:	ASCENSÃO	E	QUEDA
SOBRE	OS	PRIMEIROS	CONTATOS	ENTRE	EUROPEUS	E	NATIVOS
A	RELIGIÃO	E	A	MITOLOGIA	ENTRE	OS	NATIVOS	DA	AMAZÔNIA
II	UNIDADE	–	AMAZÔNIA	COLONIAL:	OS	ESPANHÓIS	NA	AMAZÔNIA
AMAZÔNIA	COLONIAL:	OS	ESPANHÓIS	NA	AMAZÔNIA
OS	PORTUGUESES	NA	AMAZÔNIA
LEMBRANÇAS	DA	FUNDAÇÃO	DE	BELÉM
OS	FRANCESES	NA	AMAZÔNIA
A	COLONIZAÇÃO	DO	PARÁ:	FUNDOU-SE	BELÉM
O	PAPEL	DA	IGREJA	CATÓLICA	NA	COLONIZAÇÃO	AMAZÔNICA
III	UNIDADE	–	OS	EUROPEUS	E	O	PRIMEIRO	PROJETO	COLONIAL	PARA	A	AMAZÔNIA
OS	EUROPEUS	E	O	PRIMEIRO	PROJETO	COLONIAL	PARA	A	AMAZÔNIA
SOBRE	OS	MORADORES	DE	BELÉM	NO	SÉCULO	XVII
UM	IMPORTANTE	RELIGIOSO
UM	IMPORTANTE	NAVEGADOR
A	JUNTA	DAS	MISSÕES
LENDA	DO	BOTO
A	MANDIOCA
7º	ANO
IV	UNIDADE	–	A	ECONOMIA	EXTRATIVISTA
A	ECONOMIA	EXTRATIVISTA
AMAZÔNIA	NO	SÉCULO	XVIII:	O	PROJETO	DO	MARQUÊS	DE	POMBAL
SOBRE	AS	CIDADES	COLONIAIS	AMAZÔNICAS
AS	FRONTEIRAS	COLONIAIS	DA	AMAZÔNIA	BRASILEIRA
V	UNIDADE	–	O	PARÁ	NO	PERÍODO	IMPERIAL
O	ROMPIMENTO	DO	PACTO	COLONIAL:	VINTISMO
A	ADESÃO	DO	PARÁ	À	INDEPENDÊNCIA	DO	BRASIL	(15	DE	AGOSTO	DE	1823)
UMA	ECONOMIA	DE	POLICULTURA
VI	UNIDADE	–	OS	NEGROS	NA	AMAZÔNIA	BRASILEIRA
SOBRE	OS	NEGROS	NA	AMAZÔNIA	BRASILEIRA
A	ABOLIÇÃO	DA	ESCRAVATURA	NO	PARÁ
A	ECONOMIA	NA	ÉPOCA	DA	ABOLIÇÃO
A	CABANAGEM	(	1835-1840)
VII	UNIDADE	–	DIALOGANDO	COM	A	CULTURA	POPULAR	AMAZÔNICA
BOI-BUMBÁ	DE	PARINTINS
AS	TRIBOS	DE	JURUTI
8º	ANO
VIII	UNIDADE	–	AMAZÔNIA	NO	SÉCULO	XX
AMAZÔNIA	NO	SÉCULO	XX:	A	SOCIEDADE	DA	BORRACHA	(1870-1912)
ANTÔNIO	LEMOS	E	A	BELLE	ÉPOQUE	BELENENSE
A	AMAZÔNIA	E	AS	MIGRAÇÕES
O	ESTADO	NOVO	E	O	BARATISMO
IX	UNIDADE	–	O	PARÁ	EM	TEMPOS	DE	DITADURA
GUERRILHA	DO	ARAGUAIA	(1972-1975)
X	UNIDADE	–	AMAZÔNIA	E	MODERNIDADE
A	FERROVIA	MADEIRA-MAMORÉ
MARECHAL	RONDON	NA	AMAZÔNIA
A	CIDADE	EMPRESARIAL	DE	HENRY	FORD	NA	AMAZÔNIA	BRASILEIRA
A	BATALHA	DA	BORRACHA
SOBRE	AS	MULHERES	AMAZÔNICAS
XI	UNIDADE	–	CAPITAL	E	DEVASTAÇÃO	NA	AMAZÔNIA
CAPITAL	E	DEVASTAÇÃO	NA	AMAZÔNIA
AS	FACES	DA	NOSSA	AGRICULTURA
EXPERIÊNCIAS	COM	AGRICULTURA	FAMILIAR
AGRICULTURA	INTENSIVA	–	AGROINDÚSTRIA-PECUÁRIA
O	EXTRATIVISMO
XII	UNIDADE	–	AMAZÔNIA:	URBANIZAÇÃO,	MEIO	AMBIENTE,	CULTURA	E	RESISTÊNCIA
A	URBANIZAÇÃO	NA	AMAZÔNIA
ÁGUAS	E	RIOS	DA	AMAZÔNIA
A	LENDA	DA	COBRA	GRANDE
O	CÍRIO	DE	NAZARÉ
RUY	BARATA,	UM	ENCANTADO	DA	POESIA
9º	ANO
XIII	UNIDADE	–	O	ESPAÇO	AMAZÔNICO	CONTEMPORÂNEO
A	AMAZÔNIA	LEGAL
POLÍTICAS	PÚBLICAS	NA	AMAZÔNIA
PROJETO	SIVAM	—	SISTEMA	DE	VIGILÂNCIA	DA	AMAZÔNIA
O	QUE	É	O	SIVAM?
PROJETO	CALHA	NORTE
XIV	UNIDADE	–	MIGRAÇÃO	E	EDUCAÇÃO	NA	AMAZÔNIA
MIGRANTES	NA	AMAZÔNIA
EDUCAÇÃO	NOS	CAMPOS	DA	AMAZÔNIA
XV	UNIDADE	–AMAZÔNIA	BRASILEIRA
LOCALIZAÇÃO	DA	AMAZÔNIANA	AMÉRICA	DO	SUL	E	NO	BRASIL
CARACTERÍSTICAS	MAIS	GERAIS
SOLOS	DA	AMAZÔNIA
CLIMAS	DA	AMAZÔNIA
PESCA	NA	AMAZÔNIA
XVI	UNIDADE	–	ESTADOS	DA	REGIÃO	AMAZÔNICA:	ASPECTOS	GEOGRÁFICOS	E	CULTURAIS
AMAZONAS:	CAPITAL	MANAUS
SOBRE	A	ZONA	FRANCA	DE	MANAUS
AMAPÁ:	CAPITAL	MACAPÁ
ACRE:	CAPITAL	RIO	BRANCO
CHICO	MENDES
MARANHÃO:	CAPITAL	SÃO	LUÍS
CULTURA
PARÁ:	CAPITAL	BELÉM	-	SOBRE	A	FUNDAÇÃO	DA	NOSSA	BELÉM
SOBRE	A	ILHA	DO	MARAJÓ
SOBRE	O	REI	DO	CARIMBÓ:	PINDUCA
TOCANTINS:	CAPITAL	PALMAS
SOBRE	PALMAS,	A	CIDADE	CAPITAL
RONDÔNIA:	CAPITAL	PORTO	VELHO
ÍNDIOS,	OS	PRIMEIROS	HABITANTES	DE	RONDÔNIA
RORAIMA:	CAPITAL	BOA	VISTA
REFERÊNCIAS	BIBILIOGRÁFICAS
HINO	DO	PARÁ
MAPAS
6º	ANO
I	UNIDADE
A	AMAZÔNIA	PRÉ-COLONIAL
II	UNIDADE
AMAZÔNIA	COLONIAL:	OS	ESPANHÓIS	NA	AMAZÔNIA
III	UNIDADE
OS	EUROPEUS	E	O	PRIMEIRO	PROJETO	COLONIAL	PARA	A	AMAZÔNIA
I	UNIDADE	-	A	AMAZÔNIA	PRÉ-COLONIAL
Dialogando	com	a	música	Amazônica.
CABOCLO	CERAMISTA
Em	eras	primevas	Amazônia
Índios	e	os	primeiros	cacicados
Veio	uma	cultura	rica	e	rara
Ananatuba,	Mangueiras	e	Formigas
E	o	esplendor	da	cerâmica	marajoara
	
Tapajônicos	e	Santarenos
Esculpindo	o	barro	emoldando	a	vida
Na	habilidade	das	mãos
Expressam	o	amor
Os	mitos	e	religiões
Com	o	esplendor	da	cultura	marajoara
	
Nas	pinturas
Com	o	negro	das	fuligens
Urucum	e	caulim
E	em	cada	traço	geométrico
O	início	e	o	fim
O	belo,	o	rude	e	o	tétrico
	
E	o	caprichoso	em	sua	arte	infinita,	infinita
Relembra	os	nossos	ancestrais	e	a	sua	herança	bendita
Que	ainda	hoje	vive	nas	mãos	do	caboclo	ceramista.
(Boi	Caprichoso,	Parintins,	Amazonas)
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
1-	O	que	você	sabe	sobre	os	mitos	e	religiões	dos	povos	indígenas	da	Amazônia?
2-	Quais	tribos	indígenas	são	mencionadas	no	texto?
3-	 De	 acordo	 com	 o	 texto,	 quais	 aspectos	 dos	 povos	 da	 Amazônia	 estão	 presentes	 na	 arte
marajoara?
4-	Como	se	chamam	os	bois–bumbá	de	Parintins?
A	AMAZÔNIA	PRÉ-COLONIAL
A	região	brasileira	onde	vivemos	e	que	o	mundo	conhece	pelo	nome	de	Amazônia	é	considerada	por
muitos	 como	 uma	 das	mais	 ricas	 do	 planeta.	 Aqui	 temos	 uma	 grande	 reserva	 de	 água	 doce,	 ar	 puro,
plantas	medicinais,	 frutas,	 flores,	 animais,	metais,	 comidas,	 formas	 de	 falar,	 comer,	 vestir-se...	 Enfim,
diversas	 formas	 de	 viver.	 Diferenças	 que	 nos	 embelezam	 e	 nos	 enriquecem	 mas	 que	 despertam	 o
interesse	e	a	cobiça	de	estrangeiros.
Nesse	 mesmo	 espaço,	 encontramos	 motivos	 para	 ficarmos	 tristes.	 Convivemos	 com	 enormes
desigualdades	sociais,	como	a	fome,	as	doenças	e	a	violência.	Faces	de	uma	realidade	que	precisa	ser
mais	 bem	 compreendida,	 para	 que	 os	 habitantes	 locais	 possam	 encontrar	 formas	 de	 vida	mais	 dignas.
Para	entender	um	pouco	mais	a	realidade	de	quem	vive	na	Amazônia,	daremos	uma	olhada	mais	de	perto
no	passado	dessa	parte	do	Brasil.
Observando	 aspectos	 históricos,	 geográficos,	 sociológicos,	 filosóficos	 e	 antropológicos,	 talvez
possamos	descobrir	maneiras	de	viver	melhor.
O	MEIO	FÍSICO	AMAZÔNICO
As	nascentes	do	rio	Amazonas	estão	nos	Andes,	território	peruano,	de	formação	geológica	recente,
com	apenas	seis	milhões	de	anos	—	considera-se	a	história	do	planeta	com	mais	de	quatro	bilhões	de
anos.	As	montanhas	das	cordilheiras	sofrem	um	processo	erosivo	intenso	causado	pelo	regime	de	chuvas
e	variações	climáticas	que	levam	ao	derretimento	das	geleiras.
Como	consequência	de	sua	juventude	geológica,	os	sedimentos	transportados	pela	erosão	são	muito
ricos	 em	 nutrientes.	 O	 transporte	 pelos	 rios	 e	 a	 disposição	 em	 áreas	 mais	 baixas	 realiza	 um	 intenso
processos	 de	 fertilização	 dos	 solos	 a	 cada	 cheia	 anual.	Algo	 parecido	 ao	 verificado	 no	 rio	Nilo.	No
século	XIX	ficaram	conhecidos	como	“rios	de	água	branca”,	devido	à	sua	coloração	barrenta.	Os	rios
Negro	 e	 o	 xingu	 têm	 suas	 áreas	 de	 cabeceiras	 em	 regiões	 geológicas	 mais	 antigas,	 no	 planalto	 das
Guianas	e	no	planalto	Central;	são	conhecidos	como	rios	de	“águas	pretas”	e	não	são	ricos	em	nutrientes,
logo	pouco	fertilizam	os	solos	que	inundam.
Quando	sobrevoamos	a	floresta	Amazônica,	somos	levados	a	crer	que	os	solos	são	bastante	férteis.
Essa	 impressão	 é	 um	 engano.	 Os	 solos	 da	 Amazônia,	 em	 geral,	 são	 pouco	 férteis,	 pois,	 segundo
pesquisadores,	como	Betty	Meggers,	são	expostos	a	chuvas	torrenciais	e	evaporações	causadas	pelo	forte
sol	 equatorial,	 tornando-se	 ácidos	 e	 incapazes	 de	manter	 seus	 nutrientes,	 em	 um	 fenômeno	 conhecido
como	 lixiviação.	 Mas,	 ainda	 assim,	 a	 floresta	 desenvolve-se	 devido	 a	 um	 importante	 processo	 de
reciclagem	em	que	folhas	e	troncos	caídos	são	decompostos	e	reabsorvidos,	com	a	ajuda	de	micorrizos	e
fungos	 que	 vivem	 nas	 raízes	 das	 plantas.	 Essa	 reciclagem,	 no	 entanto,	 só	 ocorre	 na	 camada	 mais
superficial	do	solo.
Os	 desmatamentos	 interrompem	 esses	 processos	 de	 reciclagem,	 retardando	 a	 recomposição
florestal.	As	populações	nativas	que	viviam	e	vivem	da	caça	preferem	os	animais	que	habitam	as	copas
das	árvores;	as	exceções	 são	os	porcos-do-mato,	que	andam	em	bandos.	Antas,	pacas	e	capivaras	 são
presas	 valiosas,	 mas	 são	 solitárias	 e	 de	 comportamento	 imprevisível,	 o	 que	 dificulta	 a	 caça.	 Nesse
cenário,	os	macacos	são	presas	preferidas	por	serem	barulhentos,	andarem	em	bandos	e	possuírem	um
comportamento	 territorial	 marcado.	 Nesse	 universo	 de	 caça,	 a	 zarabatana	 constitui-se	 em	 uma
indispensável	ferramenta	para	os	caçadores.
Por	 outro	 lado,	 os	 animais	 aquáticos	 representam	 uma	 fonte	 previsível	 e	 abundante	 de	 recursos
alimentares.	Assim,	as	áreas	ribeirinhas	são	mais	ricas	em	alimentos	para	as	populações	do	que	a	terra
firme.
A	marcante	biodiversidade	da	Amazônia	corresponde	a	uma	enorme	sociodiversidade,	prova	disso
são	 as	 inúmeras	 línguas	 indígenas	 aqui	 faladas,	 que	 derivam	 de	 ao	 menos	 quatro	 grandes	 famílias
distintas:	 tupi-guarani,	 arawak,	 carib	 e	 gê.	 A	 diversidade	 social	 também	 mostra	 que	 alguns	 grupos
humanos	têm	uma	ideologia	voltada	para	a	guerra;	há	sociedades	nômades	com	economia	voltada	para	a
caça	 e	 a	 pesca	 vivendo	 ao	 lado	 de	 grupos	 sedentários	 que	 vivem	 da	 agricultura.	 Essa	 variação	 do
presente	 é	 confirmada	 por	 estudos	 arqueológicos	 do	 passado.	 Portanto,	 não	 podemos	 pensar	 que	 as
populações	pré-colombianas	da	Amazônia	tinham	um	comportamento	social	homogêneo.
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
	
Responda	em	seu	caderno:
5-	Segundo	o	texto,	por	que	os	solos	da	Amazônia	são	pouco	férteis?
6-	De	acordo	com	o	texto,	o	que	é	lixiviação?
7-	Quais	línguas	indígenas	são	mencionadas	no	texto?
8-	O	que	são	sociedades	nômades?
	
O	INÍCIO	DA	OCUPAÇÃO	HUMANA	NA	AMAZÔNIA
Os	 recentes	 estudos	 arqueológicos	 do	 passado	 amazônico	 têm	 revelado	 que	 essa	 região	 já	 era
habitada	 há	 aproximadamente	 11.000	 anos.	Os	 indícios	 encontrados	 na	Caverna	 da	Pedra	 Pintada,	 em
Monte	Alegre,	no	baixo-Amazonas,	e	a	cerâmica	do	povo	marajoara,	no	estado	do	Pará,	 têm	apontado
novos	caminhos,	no	sentido	de	um	melhor	entendimento	do	passado	comum	amazônico.
Um	aspecto	importante	a	considerar	está	relacionado	à	diversidade	econômica,	social	e	cultural	dos
povos	 daqueles	 tempos.	 As	 populações	 dividiam-se	 basicamente	 em	 sedentárias,	 ligadas	 mais	 à
agricultura,	 e	 nômades,	 a	maioria,	mais	 ligadas	 a	 pesca,	 caça	 e	 coleta	 de	 frutas.	Dentre	 os	 principais
alimentos	 da	 dieta	 daqueles	 povos	 estavam:	 mandioca,	 mamão,	 abacate,	 abóbora,	 amendoim,	 batata,
maracujá,	milho,	pimenta	vermelha,	pupunha	e	tomate,	entre	outros	—	alimentos	que	foram	domesticados
por	 diferentes	 nações	 ao	 longo	 dos	 tempos	 (NEVES,	 2006).	 Nesse	 painel	 gastronômico,	 a	 mandioca
merece	 destaque;	 domesticada	 na	 Amazônia,	 hoje	 é	 consumida	 em	 larga	 escala	 pela	 America	 Latina,
Caribe,	áfrica	e	ásia.	Da	mandioca,	nossos	antepassados	amazônidos	produziam:	beiju,	farinha,	tapioca	e
o	caxiri.	A	domesticação	de	plantas	e	frutas	representa	umadas	maiores	contribuições	daqueles	povos
para	os	nossos	dias.
AGRICULTURA	E	CERÂMICA
O	centro	das	civilizações	que	desenvolveram	a	agricultura	na	Amazônia	pré-colonial	foi	o	alto	rio
Madeira	e	seus	afluentes,	onde	hoje	se	encontra	o	estado	de	Rondônia.	Esse	centro	de	domesticação	é
considerado	 o	mais	 importante	 da	 região,	 a	 qual	 também	 é	 apontada	 por	 estudiosos	 como	 o	 possível
centro	 de	 desenvolvimento	 das	 línguas	 tupis.	 Quintais	 e	 hortas	 suspensas,	 em	 geral	 sobre	 canoas
abandonadas,	serviam	de	local	para	o	cultivo	de	plantas	medicinais	e	temperos,	como	os	diferentes	tipos
de	 pimenta.	 Nessa	 região	 também	 encontravam-se	 grandes	 porções	 de	 terra	 preta,	 solos	 que	 foram
modificados	pelos	assentamentos	humanos,	tornando-se	solos	extremamente	férteis.
É	importante	ressaltar	que	essas	populações	não	dispunham,	na	época,	de	machados	ou	facões	para
a	 derrubada	 das	 matas.	 Esses	 instrumentos	 somente	 foram	 introduzidos	 nas	 sociedades	 amazônicas	 a
partir	 do	 século	 XVI.	 O	 modelo	 de	 agricultura	 básico	 era	 de	 coivara,	 que	 consistia	 na	 derrubada	 e
queima	 da	 área	 para	 o	 posterior	 plantio.	As	 cinzas,	 resultantes	 das	 queimadas,	 ainda	 hoje	 contribuem
para	fertilizar	os	solos	da	região,	que	em	sua	maioria	são	pouco	férteis.
A	vida	útil	de	uma	roça	de	coivara	é	relativamente	curta:	após	dois	ou	 três	anos,	a	fertilidade	do
solo	diminui	profundamente.
As	 cerâmicas	 mais	 antigas	 das	 Américas	 foram	 encontradas	 na	 Amazônia	 nos	 anos	 1980	 pela
pesquisadora	 Anna	 roosevelt,	 na	 região	 do	 tapajós	 e	 no	 Marajó.	 A	 cerâmica	 do	 Marajó	 é	 rica	 em
diversidade	de	formas	e	data	do	ano	5000	a.C.	Os	estudos	têm	mostrado	que	a	produção	da	cerâmica	na
Amazônia	antecedeu,	em	alguns	casos,	ao	desenvolvimento	da	agricultura,	a	qual	 foi	beneficiada	pelos
artefatos	criados	no	interior	das	sociedades.
Nesse	 sentido,	 é	 necessário	 adquirirmos	um	 importante	 conceito,	 o	de	domesticação	de	plantas	 e
frutas:	 é	 o	 processo	 pelo	 qual	 características	 genéticas	 de	 plantas	 selvagens	 são	 intencionalmente
modificadas	 até	o	 surgimento	de	novas	 espécies,	 em	muitos	 casos	dependentes	da	 intervenção	humana
para	a	sua	reprodução.	(NEVES,	2006)
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
Responda	em	seu	caderno:
9-	De	acordo	com	o	texto,	que	é	agricultura	de	coivara?
10-	O	que	caracteriza	os	solos	de	terra	preta?
11-	Qual	a	importância	da	domesticação	de	plantas	e	frutos	na	Amazônia?
ARQUEOLOGIA	DA	AMAZÔNIA
Uma	característica	notável	das	ocupações	humanas	iniciais	na	Amazônia	é	a	presença	precoce	da
produção	 cerâmica,	 com	 datas	 que	 estão	 entre	 as	mais	 antigas	 da	América	 do	 Sul.	 tais	 cerâmicas
foram	identificadas	no	atual	estado	do	Pará,	em	uma	região	que	começa	no	baixo	Amazonas,	próxima
às	atuais	cidades	de	Santarém	e	Monte	Alegre,	passa	pelo	Baixo	rio	xingu	e	chega	à	chamada	zona	do
Salgado,	que	de	fato	é	o	litoral	atlântico	desse	estado.
Eduardo	Góes	Neves.	Arqueologia	da	Amazônia.	Rio	de	Janeiro:	Jorge	Zahar	Editor,	2006,	p.	46.
	
SOCIEDADES	COMPLEXAS:	ASCENSÃO	E	QUEDA
A	 ocupação	 humana	 na	 Amazônia	 pré-colonial	 não	 foi	 um	 processo	 regular	 e	 crescente.	 Ela	 foi
caracterizada	 por	 períodos	 de	 estabilidade	 e	 outros	 de	 grandes	 mudanças.	 As	 populações	 estavam
envolvidas	 em	 redes	 políticas,	 econômicas	 e	 sociais	muito	 amplas,	 fato	 que	 tem	 sido	mostrado	 pelos
registros	arqueológicos.	Artefatos	como	o	muiraquitã	são	encontrados	em	regiões	muito	distantes	umas
das	 outras,	 assim	 como	 cerâmicas	 de	 decoração	 e	 armas	 de	 guerra.	 A	 partir	 de	 2000	 anos	 atrás	 são
encontradas	no	Alto	rio	Negro	e	no	Alto	xingu	estruturas	defensivas	de	sociedades	guerreiras.	A	partir	do
ano	1000,	fortes	mudanças	climáticas	foram	responsáveis	diretas	pela	expansão	de	grupos	de	língua	tupi,
pois	 o	 aumento	 pluviométrico	 expandiu	 as	 áreas	 férteis	 da	 região,	 possibilitando	 uma	 agricultura	 de
melhor	qualidade.
As	bases	econômicas	dessas	sociedades	eram	familiares,	grupos	nucleares	que	caçavam,	pescavam
e	plantavam	em	sua	grande	maioria.	As	formações	sociais	eram	marcadas	pela	 instabilidade	política	e
seu	apogeu	demográfico	ocorreu	aproximadamente	no	século	12	a.C.
No	 século	XVI,	 a	 região	 foi	 invadida	pelos	 europeus	 e	 o	 processo	de	 destruição	das	 sociedades
nativas	 locais	 teve	 início.	Os	 índios,	como	foram	chamados,	 tiveram	que	abandonar	suas	 terras	e	 fugir
para	o	interior	da	floresta.	Tanto	que,	nos	dias	de	hoje,	é	comum	as	reservas	indígenas	localizarem-se	nas
cabeceiras	dos	rios,	como	as	do	Alto	rio	Negro	e	do	Alto	xingu.	É	preciso	ressaltar	que	a	Amazônia	pré-
colonial	 era	 densamente	 povoada,	 inclusive	 por	 sociedades	 complexas,	 com	 economias	 e	 políticas
desenvolvidas,	e	que	os	nativos	foram	mortos	ou	expulsos	de	suas	 terras.	 Isso	não	nos	permite	admitir
que	os	europeus,	quando	aqui	chegaram,	ocuparam	terras	que	não	tinham	donos.
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
Responda	em	seu	caderno:
12-	Quais	as	bases	econômicas	das	sociedades	complexas	mencionadas	no	texto?
13-	Por	que	essas	sociedades	são	chamadas	de	complexas?
	
SOBRE	OS	PRIMEIROS	CONTATOS	ENTRE	EUROPEUS	E	NATIVOS
	
No	 século	 XVI,	 a	 região	 amazônica	 era	 habitada	 por	 diferentes	 povos,	 que	 além	 da	 semelhança
física	possuíam	costumes	parecidos.	A	arte	de	pintar	o	corpo,	a	prática	da	caça	e	da	pesca,	a	crença	em
espíritos	e	uma	relação	de	respeito	com	a	natureza	eram	traços	importantes	dos	povos	que	habitavam	a
região,	mas	que	não	os	tornavam	iguais.
Dentre	as	muitas	diferenças	existentes	entre	os	povos	que	habitavam	a	região	amazônica,	destacam-
se	as	línguas	faladas	por	eles.
Acredita-se	 que,	 à	 época	 em	 que	 os	 primeiros	 exploradores	 europeus	 chegaram	 à	 Amazônia,	 as
populações	que	aqui	viviam	falavam	cerca	de	1300	diferentes	 línguas.	Naquelas	sociedades,	a	divisão
das	 tarefas	 era	muito	 respeitada.	 Cada	membro	 do	 grupo	 realizava	 seu	 trabalho.	 Existiam	 tarefas	 que
eram	realizadas	somente	por	homens,	como	caçar	e	pescar,	e	outras	só	por	mulheres,	como	preparar	os
alimentos	e	os	utensílios	domésticos.
Nas	moradias,	chamadas	de	aldeias,	as	crianças	aprendiam	brincando.	Convivendo	com	os	adultos
elas	descobriam	os	costumes	e	os	modos	de	viver	de	seu	povo.	Acredita-se	que,	nessas	sociedades,	os
jovens	aprendiam	muito	com	as	histórias	contadas	pelos	mais	velhos.	O	pajé	da	tribo	era	considerado	o
mais	sábio,	pois	acumulava	conhecimentos	de	curas	espirituais	e	corporais.	Era	respeitado.	Em	geral,	era
o	membro	mais	velho	da	comunidade.
No	século	XVI,	o	povo	Manaús,	a	nação	de	Ajuricaba,	era	considerado	uma	das	maiores	populações
amazônica.	No	 início	 desse	mesmo	 século,	 os	 primeiros	 europeus	 invadiram	nossa	 região	 e,	 logo	que
chegaram,	 já	 chamaram	 os	 nativos	 de	 índios	 e	 perceberam	 que	 para	 aqui	 sobreviverem	 precisariam
primeiramente	estabelecer	alianças	com	os	donos	do	lugar.
	
A	RELIGIÃO	E	A	MITOLOGIA	ENTRE	OS	NATIVOS	DA	AMAZÔNIA
A	 religião	 indígena	 é	 chamada	 de	 religião	 de	 encantamento,	 pois,	 quando	 um	 membro	 da
comunidade	morre,	 transforma-se	 em	um	 elemento	 da	 natureza	—	uma	 árvore,	 uma	 pedra,	 um	 rio,	 um
pássaro	 ou	 uma	 planta.	 Um	 dos	 principais	 deuses	 é	 tupã,	 o	 criador	 do	mundo.	 Existe	 a	 adoração	 de
pedras,	árvores	e	animais.	Os	fenômenos	da	natureza	são	controlados	pelo	deus	tupã.	trovões,	ventanias,
chuvas	fortes,	relâmpagos	são	sinais	de	que	deus	estava	bravo,	que	algo	errado	foi	feito.
Os	mitos	são	narrativas	orais	que	têm	o	objetivo	de	explicar	as	origens	de	um	povo	ou	aspectos	de
sua	cultura.	Um	conjunto	de	vários	mitos	é	chamado	mitologia.	Essas	narrativas	foram	registradas	pela
primeira	vez	pelos	gregos	no	Mundo	Antigo.	Aqui,	em	nossa	Amazônia,	os	mitos	também	aparecem	desde
longa	data.	é	comum	encontramos	narrativas	sobre	a	origem	da	terra,	dos	rios,	das	matas	e	dos	animais.
Entre	 o	 povo	 amazônico	 usa-se	mais	 a	 palavra	 “lenda”.	 Entre	 os	 antigos	moradores	 da	Amazônia,as
lendas	 eram	 e	 são	 histórias	 verdadeiras,	 que	 ainda	 povoam	 o	 imaginário	 de	 parte	 da	 população
ribeirinha;	dentre	as	mais	famosas	da	região	encontramos	a	do	rio	Pará	com	a	Vitória-régia,	a	lenda	da
Cobra	Grande,	a	lenda	do	Boto	e	da	Yara,	a	Mãe	d’água.
Por	meio	da	mitologia	amazônica,	herdada	em	grande	parte	dos	povos	indígenas,	é	possível	ainda
hoje	identificarmos	partes	importantes	da	cultura	dos	povos	da	Amazônia.
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
Responda	em	seu	caderno:
14-	De	acordo	com	o	texto,	como	era	a	relação	dos	nativos	com	a	natureza?
15-	Quais	as	principais	lendas	amazônicas	apontadas	no	texto?
16-	Como	estava	dividida	as	tarefas	sociais	entre	os	povos	nativos	da	Amazônia?
17-	Quais	fenômenos	deuses?
AJURICABA
Ajuricaba,	informado	da	tragédia,	retorna	à	maloca	manaú	e	assume	a	chefia.	Durante	três	dias,
os	manaús	e	seus	aliados	comemoraram	o	fato.	Começava	a	trajetória	de	lutas	que	iria	imortalizar	o
tuxaua	manaú.	Ele	estava	com	22	anos,	 tinha	duas	mulheres,	filhos,	era	um	guerreiro	completo.	Mas
ele	amava	mesmo	era	inhambu,	filha	de	Poararé,	o	tuxaua	xirianá,	seu	maior	inimigo.	(...)	Ajuricaba
colocou	 em	 movimento	 seus	 guerreiros,	 realizando	 diversos	 ataques	 aos	 colonos	 isolados,	 às
fazendas,	aos	engenhos	e	até	mesmo	às	malocas	de	chefes	que	compactuavam	com	os	portugueses.	Foi
assim	que	ele	capturou	inhambu.
Márcio	Souza.	Ajuricaba,	o	caudilho	das	selvas.	São	Paulo:	Callis,	2006,	p.	33.
II	UNIDADE	-	AMAZÔNIA	COLONIAL:	OS	ESPANHÓIS	NA	AMAZÔNIA
Dialogando	com	a	música	amazônica.
A	CONQUISTA
Um	dia	chegou	nessa	terra	um	conquistador,
Manchando	de	sangue	no	solo	que	ele	pisou,
Não	respeitou	a	cultura	do	lugar,
Nem	a	história	desse	povo	milenar.
	
Queria	ouro,	riqueza	e	tesouro,
Depois	a	terra	e	também	a	escravidão,
Tibiriçá,	Arariboia,	Ajuricaba	disseram	não.
	
Um	dia	o	índio	lutou	contra	o	branco	invasor,
E	a	guerra	de	bravos	guerreiros	então	começou,
	
Arcos	e	flechas	contra	a	força	do	canhão,
Guerra	dos	ímpios	dizimou	minha	nação...
Trouxeram	cruz,	mas	usavam	arcabuz
E	o	ameríndio	resistiu	à	invasão
Chamaram	a	morte	e	o	massacre	do	meu	povo
Civilização
Chegou	o	branco	pra	conquistar,	chegou	o	negro	para	trabalhar
Unindo	raças	e	crenças	de	povos	vindos	de	além	mar.
(Boi	Garantido,	Parintins,	Amazonas)
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
Responda	em	seu	caderno:
18-	Releia	com	atenção	o	texto	A	conquista.
19-	De	acordo	com	o	texto,	quem	é	o	conquistador?
20-	O	que	o	conquistador	buscava?
21-	Quais	guerreiros	nativos	são	mencionados	no	texto?
22-	Quais	armas	mencionadas	no	texto	são	usadas	por	brancos	e	nativos?
AMAZÔNIA	COLONIAL:	OS	ESPANHÓIS	NA	AMAZÔNIA
No	ano	de	1541,	o	capitão	espanhol	Francisco	Orellana	partiu	de	quito,	no	Equador,	na	companhia
de	vinte	e	um	homens,	dentre	os	quais	frei	Gaspar	de	Carvajal,	que	se	tornou	o	cronista	oficial	daquela
expedição.	Orellana	iria	encontrar-se	com	Gonzallo	Pizarro,	seu	irmão,	que	havia	partido	em	fevereiro
daquele	ano	rumo	a	um	suposto	reino	da	canela.	No	século	XVI,	a	canela	era	uma	das	especiarias	mais
valiosas	 do	mundo.	Utilizavam-na	 para	 fabricar	 perfumes,	 temperar	 alimentos	 e,	 principalmente,	 fazer
remédios.
Quando	 os	 exércitos	 de	Gonzallo	 Pizarro	 e	 Francisco	Orellana	 juntaram	 suas	 forças,	 passaram	 a
contar	 com	duzentos	 cavalos,	mil	 cães	 e	 quatro	mil	 escravos	 indígenas,	 além	de	 duzentos	 e	 cinquenta
soldados.	Em	novembro	de	1541,	após	uma	jornada	exaustiva,	metade	desta	quantidade	já	havia	morrido.
Em	 janeiro	 de	 1542,	Orellana	 e	 Pizarro	 entraram	 na	 gigantesca	 e	misteriosa	 floresta	Amazônica.
Logo	perceberam	que	as	árvores	de	canela	eram	poucas	e	de	pouco	valor	comercial.	revoltado,	Pizarro
jogou	aos	cães	metade	dos	índios	e	queimou	o	restante.	Os	viajantes	perderam-se	na	floresta.	A	comida
acabou.	 Construíram	 embarcações	 e	 subiram	 os	 rios	 na	 esperança	 de	 encontrar	 tribos	 para	 serem
saqueadas.
A	expedição	separou-se.	Em	seguida,	Pizarro	voltou	a	quito	achando	que	tinha	sido	abandonado	de
propósito	pelo	irmão.	Em	julho	daquele	ano,	Orellana	entrava	no	rio	trombetas	e	ali,	de	acordo	com	os
relatos	de	viagem	de	Gaspar	de	Carvajal,	a	expedição	foi	atacada	por	uma	tribo	de	mulheres	guerreiras
que	 usavam	 arco	 e	 flecha	 e	 corriam	 com	 extrema	 agilidade.	 Essas	 mulheres	 foram	 chamadas	 de
amazonas,	as	mulheres	guerreiras,	fazendo	referência	às	amazonas	da	Grécia.
Orellana	 voltou	 para	 a	 Espanha	 sem	 encontrar	 o	 reino	 da	 canela.	 Em	 1545,	 organizou	 uma	 nova
viagem	em	direção	ao	rio	das	amazonas.	Dessa	vez	não	voltaria	ao	seu	país	natal;	no	meio	da	floresta	a
expedição	foi	dizimada	por	cobras,	mosquitos,	falta	de	alimentos,	doenças	mortais	e	nativos	canibais.	O
reino	da	canela	 foi	encontrado,	mas	aquela	expedição,	assim	como	outras,	 foi	“devorada”	pela	 imensa
Amazônia	verde.
A	partir	desse	período,	começam	os	encontros	de	duas	culturas	diferentes:	a	dos	europeus,	que	se
diziam	 “civilizados	 e	 donos	 de	 uma	 cultura	 superior”,	 e	 a	 dos	 nativos	 da	 Amazônia,	 que	 seriam	 aos
poucos	destruídos	pelos	invasores.
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
Responda	em	seu	caderno:
23-	Quem	foi	Gaspar	de	Carvajal?
24-	O	que	buscavam	os	exploradores?
25-	Quais	os	rios	mencionados	no	texto?
26-	Quem	eram	as	mulheres	guerreiras?
27-	Quais	os	maiores	desafios	enfrentados	pelos	exploradores?
ARQUEOLOGIA	DA	AMAZÔNIA	II
De	meados	do	século	XVI	ao	início	do	século	XVII,	quando	os	primeiros	europeus	visitaram	ou
se	 estabeleceram	 na	 Amazônia,	 era	 comum	 a	 referência	 à	 presença	 de	 grandes	 aldeias,	 algumas
ocupadas	 por	 milhares	 de	 pessoas,	 integradas	 em	 amplas	 redes	 regionais	 de	 comércio	 e	 em
federações	 políticas	 regionais.	 já	 no	 início	 do	 século	 XVIII,	 tais	 referências	 desapareceram	 dos
registros	 históricos.	 isso	 está	 diretamente	 ligado	 ao	 processo	 de	 diminuição	 populacional.	 (...)
consequência	da	transmissão	de	doenças,	da	guerra	e	da	escravidão.
Eduardo	Góes	Neves.	Arqueologia	da	Amazônia.	Rio	de	Janeiro:	Jorge	Zahar	Editor,	2006,	p.	8.
OS	PORTUGUESES	NA	AMAZÔNIA
No	século	XVI,	Espanha	e	Portugal	eram	dois	reinos	europeus	que	viviam	em	constante	guerra	por
causa	 de	 terras.	No	 final	 do	 século	XV,	mais	 precisamente	 em	1492,	 um	navegador	 genovês	 chamado
Cristóvão	Colombo,	 financiado	 pelos	 reis	 de	Castela,	 na	Espanha,	 encontrou	 um	novo	 continente,	 que
mais	 tarde	 foi	 batizado	 com	 o	 nome	 de	 América	 .	 imediatamente,	 os	 portugueses	 procuraram	 os	 reis
espanhóis	e	exigiram	uma	parte	das	novas	terras.	Foi	assinado,	então,	o	Tratado	de	Tordesilhas	 (1494),
um	documento	com	o	qual	 se	 traçava	uma	 linha	 imaginária	dividindo	as	 terras	da	América:	uma	parte
para	a	Espanha	e	uma	parte	para	Portugal.
No	ano	de	1580,	o	rei	português,	Dom	Sebastião,	foi	morto	em	batalha	e	o	trono	de	Portugal	ficou
vazio.	O	rei	da	Espanha,	Felipe	ii,	tomou	posse	do	reino	e	transformou	os	dois	territórios	em	um	único
reino	espanhol.	Pelo	 tratado	de	 tordesilhas,	a	 região	do	rio	das	Amazonas	não	era	de	Portugal,	mas,	a
partir	de	1580,	como	não	havia	mais	a	separação	dos	reinos,	os	portugueses	foram	aos	poucos	entrando
na	imensa	floresta	verde	e	construindo	fortes.	Os	fortes	eram	bases	militares	criadas	para	protegerem-se
dos	inimigos.	Construíam	uma	pequena	casa	de	madeira	e	palha,	com	um	muro	e	canhões	de	frente	para	o
mar.
Naquela	época,	várias	nações	invadiram	a	região:	franceses,	holandeses	e	ingleses.	todos	queriam
dominar	 esse	 território.	As	 guerras	 eram	 constantes.	 Cada	 nação	 europeia	 tentava	 dominar	 os	 nativos
para	poder	usá-los	contra	seus	inimigos,	pois	os	habitantes	da	região	conheciam	as	matas,	os	animais	e	as
plantas	e	sabiam	como	sobreviver	na	floresta.
Dessa	forma,	em	1612	os	franceses	fundaram	São	Luís	e,	em	1616,	o	capitão	português	Francisco
Caldeira	 Castelo	 Branco	 entrou	 na	 Amazônia	 e	 fundou	 o	 forte	 do	 Presépio	 (hoje	 forte	 do	 Castelo).
Batizou	a	região	com	o	nome	de	Feliz	Lusitânia,	que	no	futuro	transformou-se	no	Estadodo	Grão-Pará.
Os	 povos	 da	 Amazônia	 chamavam	 o	 principal	 rio	 dessa	 parte	 da	 Amazônia	 de	 Pará,	 palavra
indígena	que	significa	“mar”.	Os	portugueses,	quando	aqui	chegaram,	acharam	que	o	rio	era	muito	grande
e	chamaram-no	de	Grão-Pará	(grande-mar).
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
Responda	em	seu	caderno:
28-	Qual	a	importância	do	tratado	de	tordesilhas	para	a	expansão	de	nossas	fronteiras?
29-	Qual	a	importância	dos	fortes	no	processo	de	colonização	da	região?
30-	Quais	as	consequências	da	morte	de	Dom	Sebastião	para	a	Amazônia?
LEMBRANÇAS	DA	FUNDAÇÃO	DE	BELÉM
Agora,	convido	você	a	fazer	um	exercício	de	imaginação,	de	como	seria	a	capital	do	Estado	do	Pará
há	 aproximadamente	 quatro	 séculos.	 Nesse	 sentido,	 faremos	 a	 única	 volta	 no	 tempo	 possível	 até	 o
momento,	aquela	que	os	estudos	históricos	nos	permitem.
A	 história	 da	 fundação	 da	 principal	 capital	 da	Amazônia,	Belém,	 tem	 início	 bem	 antes	 de	 12	 de
janeiro	de	1616,	data	de	 sua	 fundação.	Para	entender	o	 significado	histórico	daqueles	acontecimentos,
voltaremos	 a	 uma	 época	 em	 que	 o	Grão-Pará,	 o	 “grande	 rio”,	 era	 apenas	 uma	 vaga	 referência	 e	 não
existia	nem	na	cabeça	daqueles	que	um	dia	fundariam	a	Santa	Maria	de	Belém.
Tudo	começou	quando	os	reinos	ibéricos,	Portugal	e	Espanha,	decidiram	recuperar	o	tempo	perdido.
Naquela	 época,	 século	 XVII,	 a	 grande	 região	 Norte	 do	 Brasil	 era	 bem	mais	 conhecida	 por	 ingleses,
franceses	e	irlandeses	do	que	por	Portugal	e	Espanha,	seus	“verdadeiros	donos”,	de	acordo	com	o	tratado
de	tordesilhas.	As	rotas	comerciais	que	mais	 interessavam	aos	monarcas	ibéricos	eram	as	que	ligavam
Salvador	 às	 índias	 e	 o	Rio	de	 Janeiro	 ao	 rio	 da	Prata,	 na	Argentina.	Portanto,	 o	 interesse	das	 nações
ibéricas	 pelo	 Norte	 da	 colônia	 foi	 tardio.	 Sabiam,	 porém,	 que	 se	 não	 povoassem	 a	 região	 Norte
certamente	a	perderiam	para	outras	nações.
O	descuido	de	Portugal	com	a	parte	Norte	da	colônia	acontecia	por	motivos	justos,	diziam	alguns.	O
rei	estava	mais	preocupado	com	as	decadentes	possessões	nas	índias	e	com	a	possibilidade	de	conseguir
ganhos	comerciais	com	as	capitanias	do	Sul	do	Atlântico.	O	gasto	com	a	fundação	de	novas	cidades	não
era	uma	boa	ideia.	Em	1612,	o	governador	do	Brasil	avaliava	a	situação	e	dizia	que,	se	fosse	povoar	o
extremo	Norte,	seria	com	gastos	“moderados”.	Diogo	de	Menezes	conhecia	muito	bem	o	quanto	teria	que
gastar.	A	coroa	não	vivia	seus	melhores	tempos;	era	preciso	fazer	economias.
Povoar	a	região	exigiria	embarcações,	pagamentos	de	soldados,	oficiais	e	religiosos,	e,	obviamente,
mobilizar	 muitos	 índios	 aliados,	 pois	 só	 os	 soldados	 portugueses	 não	 eram	 o	 suficiente.	Mais	 tarde,
viriam	os	gastos	com	construção	e	manutenção	de	prédios	públicos,	igrejas	e	fortificações,	sendo	assim
criar	novas	cidades	definitivamente	não	estava	nos	planos	do	governo	de	Portugal,	a	não	ser	que	algo	de
muito	importante	viesse	a	acontecer.
Neste	ponto,	faz-se	necessário	uma	importante	explicação:	mesmo	com	a	União	ibérica	(1580-1640)
entre	 os	 reinos	 português	 e	 espanhol,	 os	 portugueses	 mantinham	 certa	 autonomia	 no	 processo	 de
colonização.	Sempre	que	um	novo	território	era	conquistado,	os	soldados	faziam	questão	de	deixar	bem
claro	 que	 tudo	 era	 feito	 em	 nome	 da	Coroa	 portuguesa.	 talhavam	 o	 brasão	 da	 coroa,	 para	 registrar	 a
posse.	Claro	que	não	deixavam	de	mostrar	o	devido	respeito	pelo	rei	da	Espanha,	Felipe	ii.
Antes	 de	 Belém	 existir,	 havia	 apenas	 um	 grande	 território,	 que	 foi	 batizado	 pelos	 franceses	 de
Maranhão.	Essa	imensa	região	pertencia	aos	portugueses,	pelo	tratado	de	tordesilhas,	mas	os	donos	não
conheciam	as	terras	que	possuíam.
OS	FRANCESES	NA	AMAZÔNIA
“Franceses	 no	 Maranhão!”	 Pipocavam	 notícias	 por	 todos	 os	 lados	 de	 que	 os	 franceses	 haviam
invadido,	 dominado,	 e	 que	 fundariam	 uma	 nova	 França	 na	 região	—	 seria	 a	 “França	 Equinocial”,	 no
extremo	 Norte	 das	 terras	 lusas.	 Os	 relatos	 diziam	 que	 os	 franceses	 firmaram	 alianças	 com	 tribos
indígenas,	 falavam	a	 língua	dos	nativos	e	conheciam	como	ninguém	as	 rotas	marítimas.	Nesse	cenário,
ganharam	destaque	os	desbravadores	franceses	jacques	riffault	e	Charles	de	Vaux.
Quando	 esses	 relatos	 chegaram	 a	Portugal,	 os	 soberanos	 concluíram	 logo	 que	 algo	 precisava	 ser
feito.	No	começo,	decidiram	que	era	possível	administrar	o	extremo	Norte	do	Brasil	a	partir	das	colônias
do	litoral	de	Pernambuco	ou	da	Bahia.	Essa	ideia	logo	foi	descartada	quando	começaram	a	perceber	a
enorme	 distância	 que	 separava	 os	 extremos	 da	 colônia.	Era	muito	 tempo	 de	 viagem.	 relatos	 da	 época
contam	que	muitas	viagens	de	Salvador	para	Belém	demoraram	anos.
Um	dos	principais	desafios	enfrentados	pelos	navegadores	portugueses	era	o	total	desconhecimento
das	rotas	marítimas	da	região.	 inúmeras	embarcações	e	homens	perderam-se	nas	viagens	para	cá.	Fato
que	ajudou	na	decisão	de	povoar	a	região.	Outro	elemento	natural	que	representava	barreira	era	o	vento,
que	na	época	era	o	principal	responsável	pelo	movimento	das	embarcações;	conhecer	a	direção	do	vento
significava	vida	ou	morte.	A	distância,	como	já	foi	comentado,	entre	o	Pará	e	as	capitanias	mais	velhas
era	muito	grande	e	representava	um	importante	motivo	para	que	Portugal	colonizasse	essa	região.
Em	1614,	o	governador	do	Brasil	na	época,	Gaspar	de	Sousa,	estava	convencido	da	necessidade	de
fundar	uma	cidade	no	extremo	Norte	e	criar	um	governo	separado	para	administrar	a	região.	Faltava	era
convencer	o	 rei	dessa	necessidade.	Os	 relatos	dos	viajantes	mostravam	que,	 sempre	que	desafiavam	o
vento,	acabavam	sem	querer	nos	mares	do	Caribe.	O	caso	era	simples:	ou	Portugal	colonizava	a	região
ou	a	perdia	definitivamente	para	outras	nações.	Pelo	menos	era	a	propaganda	que	os	navegadores	e	os
comerciantes	interessados	no	negócio	faziam.	A	coroa	decidiu,	então,	fundar	duas	fortificações:	uma	no
Maranhão	e	outra	no	extremo	Norte,	que	viria	a	ser	Belém.
Você	já	percebeu	que	falar	da	fundação	de	Belém	é	falar	da	fundação	de	São	Luís,	ou	forte	de	São
Felipe,	 como	 chamavam	 os	 franceses.	 Nesta	 parte	 é	 importante	 destacar	 a	 forte	 presença	 dos
pernambucanos	na	fundação	de	Belém.	inúmeros	comerciantes,	soldados	e	índios	vieram	na	empreitada,
até	mesmo	o	governador	Gaspar	de	Sousa,	que	transferiu	o	governo	da	Bahia	para	recife,	pois	as	notícias
da	conquista	chegavam	mais	depressa	em	Pernambuco	do	que	em	Salvador.	Para	o	então	governador,	a
primeira	etapa	da	conquista	consistia	em	expulsar	os	invasores,	depois	em	criar	um	novo	Estado.
Partiram	então	de	Pernambuco	nas	embarcações	Santa	Maria		da	Candelária,	Santa	Maria	da	Graça
e	Assumpção	em	direção	ao	norte.	já	foi	dito	que	os	portugueses	não	conheciam	os	aspectos	físicos	da
região,	fato	explicado	pelo	interesse	tardio	por	essa	parte	da	colônia.	A	falta	de	experiência	era	o	maior
inimigo	dos	lusos.	Baías,	canais	estreitos	e	ventos	fortes	nos	meses	de	dezembro	e	janeiro	foram	inimigos
ferrenhos.	Outro	desafio	presente	era	a	conquista	dos	nativos.	todos	sabiam	que	sem	o	apoio	dos	índios,	a
tarefa	era	impossível.
Em	12	de	janeiro	de	1616,	sob	o	comando	de	Francisco	Caldeira	Castelo	Branco,	os	lusos	chegaram
à	região	onde	fundaram		a	cidade	de	Belém.	O	local	escolhido	para	a	construção	do	forte	do	Presépio,
feito	 de	madeira	 e	 palha,	 foi	 uma	 região	 repleta	 de	 acidentes	 geográficos,	 cheia	 de	 ilhas,	 igarapés	 e
pântanos	—	barreiras	naturais	que	facilitavam	a	proteção.	O	forte	ficou	entre	o	rio,	com	bancos	de	areia,
e	o	pântano.	A	região	foi	chama	de	Feliz	Lusitânia.
A	COLONIZAÇÃO	DO	PARÁ:	FUNDOU-SE	BELÉM
A	 primeira	 rua	 criada	 na	 cidade	 foi	 a	 rua	 do	 Norte,	 hoje	 ladeira	 do	 Castelo.	 A	 cidade,	 então,
começou	a	crescer	à	sombra	do	forte,	como	era	comum	na	época.	Aos	poucos	as	habitações	foram	sendo
construídas	às	margens	do	rio	Guamá,	casas	cobertas	de	palha,	que	eram	restauradas	periodicamente.	O
primeiro	 bairro	 constituído	 ficou	 conhecido	 como	 “Cidade”,	 hojeCidade	Velha.	 Em	 seguida,	 a	 outra
margem	do	 igarapé	Piri	 foi	 povoada,	 dando	origem	ao	bairro	 da	Campina.	Nessa	 época,	 já	 se	 faziam
presentes	no	povoado	os	padres	franciscanos,	conhecidos	como	capuchos	ou	capuchinhos.
Logo	 deram	 início	 às	 atividades	 comerciais	 e	 às	 plantações	 de	 tabaco	 e	 cana-de-açúcar,	 para	 os
engenhos.	As	plantações	tomaram	largas	áreas	da	Feliz	Lusitânia	naqueles	tempos.	A	expansão	territorial
tinha	como	consequência	básica	o	choque	com	as	tribos	indígenas.	quando	chegaram	aqui,	os	lusos	não
encontraram	 tantos	 inimigos	 estrangeiros.	Depararam-se	mesmo	 com	diversas	 nações	 indígenas	 que	 se
revelaram	 fortes	 obstáculos	 à	 ocupação	 territorial.	 Conter	 a	 fúria	 dos	 nativos	 foi	 o	 principal	 desafio.
Afinal,	as	terras	já	tinham	dono,	e	os	portugueses	eram	os	invasores.
Tupinambás,	tabajaras	e	Nheengaíbas	não	davam	trégua	aos	europeus.	Em	1618,	ocorreu	um	grande
ataque	ao	Forte	do	Presépio,	episódio	que	trouxe	consequências	amargas	aos	colonizadores.	Os	índios	de
São	Luís	e	do	Pará	foram	duramente	reprimidos	pelas	forças	militares,	as	quais,	por	sua	vez,	aprenderam
com	 franceses	 e	 holandeses	 que	 os	 índios	 catequizados	 podiam	 tornar-se	 importantes	 aliados.	 A
quantidade	de	índios	aliados	era	sempre	inferior	ao	número	de	soldados.
Os	 portugueses	 sabiam	 de	 suas	 limitações	 na	 relação	 com	 os	 nativos.	A	 língua	 era	 uma	 barreira
dificílima	para	os	lusitanos.	No	começo,	eles	ficavam	espantados	com	a	destreza	com	que	os	franceses	se
comunicavam	com	os	 índios.	Nesse	processo,	os	portugueses	sabiam	que	os	religiosos	eram	de	grande
valor,	 infelizmente	 os	 clérigos	 eram	 poucos	 para	 atuar	 na	 conversão	 do	 nativo	 ao	 cristianismo,	 fato
lamentado	 por	muitos.	 Apesar	 dos	 conflitos	 ao	 longo	 do	 século	XVII,	 os	 padres	 das	 diversas	 ordens
religiosas	 aceitaram	 fazer	 parte	 do	 projeto	 colonizador	 da	 Coroa	 portuguesa	 na	 região.	 Era	 cada	 vez
maior	o	número	de	pedidos	para	que	a	Coroa	enviasse	de	Portugal	mais	religiosos	para	o	Pará,	pois	o
número	de	índios	não	cristãos	era	muito	grande.	Muitos	preferiam	o	trabalho	dos	jesuítas,	considerados
os	melhores	no	processo	de	catequese.
Nos	primeiros	tempos	faltava	de	tudo	na	cidade:	padres,	armas,	munição	e	comida,	que	era	escassa,
pois	 para	 tudo	 se	 necessitava	 do	 índio.	Com	o	 passar	 dos	 anos	 não	mudou	muito,	 eram	 constantes	 as
cartas	enviadas	ao	rei	em	que	os	moradores	queixavam-se	da	falta	de	redes	para	pescar	e	açougues	que
vendessem	 carne.	 Nos	 primeiros	 anos,	 a	 maioria	 dos	 moradores	 era	 militar;	 faltavam	 ferreiros,
carpinteiros,	sapateiros,	pedreiros	e	funcionários	 letrados.	Por	 isso,	outro	desafio	foi	convencer	outros
portugueses	a	vir	morar	aqui.
Um	dos	primeiros	propagandistas	da	região	foi	Simão	Estácio	da	Silveira,	capitão	que	escreveu,	em
1624,	 uma	 verdadeira	 apologia	 aos	 estados	 do	 Maranhão	 e	 Grão-Pará.	 Seu	 objetivo	 era	 convencer
moradores	 pobres	 do	 reino	 de	 que	 a	 vida	 aqui	 era	 promissora.	O	 céu,	 a	 água	 e	 a	 fertilidade	 do	 solo
estavam	entre	os	maiores	atrativos	da	propaganda	e,	claro,	o	tucupi,	a	tapioca	e	o	beiju.
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
Responda	em	seu	caderno:
31-	Qual	o	principal	motivo	que	levou	os	reis	ibéricos	a	colonizarem,	no	século	XVI,	a	região	que
hoje	chamamos	de	Amazônia?
32-	Quais	eram	as	outras	nações	europeias	que	invadiram	a	Amazônia	no	século	XVI?
33-	Quais	foram	as	primeiras	tribos	indígenas	enfrentadas	pelos	europeus?
34-	Em	que	data	e	por	quem	Belém	foi	fundada?
35-	“Falar	da	fundação	de	Belém	é	falar	da	fundação	de	São	Luís.”	Comente	essa	afirmação.
36-	Quais	as	maiores	dificuldades	enfrentadas	pelos	primeiros	moradores,	de	acordo	com	o	texto?
37-	Quais	as	profissões	que	aparecem	no	texto?
38-	Quais	os	maiores	atrativos	da	região	de	acordo	com	a	propaganda?	
O	PAPEL	DA	IGREJA	CATÓLICA	NA	COLONIZAÇÃO	AMAZÔNICA
Graças	 à	 atuação	 dos	 padres	 franciscanos	 que	 vieram	 com	 Francisco	 Caldeira,	 o	 contato	 inicial
entre	portugueses	e	tupinambás	foi	pacífico.	Foram	os	padres	franciscanos	que	organizaram	os	primeiros
aldeamentos	e	iniciaram	a	conversão	dos	nativos	ao	cristianismo.	também	atraíram	indígenas	para	lutar
ao	lado	dos	portugueses	na	expulsão	de	holandeses,	ingleses	e	franceses	da	região.
Em	1640,	terminou	a	União	ibérica.	As	terras	da	Amazônia,		nessa	época,	já	estavam	quase	todas	em
mãos	 portuguesas,	 e	 delas	 não	 mais	 sairiam.	 A	 partir	 de	 1653,	 época	 em	 que	 os	 padres	 jesuítas
instalaram-se	no	Pará,	as	relações	entre	índios	e	colonos	já	não	eram	tão	pacíficas.	Assim,	como	ocorreu
nos	primeiros	tempos	de	colonização	no	restante	do	território	brasileiro,	também	no	Pará	os	portugueses
quiseram	escravizar	os	nativos	e	encontraram	a	resistência	dos	jesuítas.	Mas	quem	eram	os	jesuítas?
Os	jesuítas	eram	padres	da	Companhia	de	jesus,	uma	ordem	religiosa	criada	por	inácio	de	Loiola,
no	século	XVI,	para	conter	o	avanço	do	protestantismo	religioso	na	Europa.	quando	os	europeus	vieram
para	a	América,	trouxeram	esses	religiosos	para	ensinar	o	cristianismo	para	os	nativos.	Desde	o	início,
os	europeus	não	respeitaram	a	cultura	dos	povos	da	América.
Logo	estabeleceu-se	um	conflito.	De	um	lado,	os	colonos	portugueses,	que	queriam	e	utilizavam	o
índio	 como	 escravo.	 Esses	 índios	 eram	 caçados	 na	 mata,	 em	 expedições
denominadas	descimento,	porque	subiam	até	o	alto	dos	 rios	e	depois	desciam	pela	mata	prendendo	os
nativos.	 Do	 outro	 lado,	 os	 padres	 jesuítas,	 que	 não	 concordavam	 com	 a	 escravidão	 e	 defendiam	 o
trabalho	livre	dos	nativos	em	comunidades,	que	recebiam	o	nome	de	missões.	Nessas	comunidades,	os
índios	 aprendiam	 a	 comportar-se	 como	 os	 brancos:	 vestiam	 roupas,	 comiam,	 bebiam,	 rezavam	 e
trabalhavam	como	os	brancos.	Esses	índios,	depois	que	passavam	por	esse	processo,	eram	chamados	de
tapuios,	índios	destribalizados	pela	ação	dos	jesuítas.
Esse	conflito	transformou-se	em	uma	batalha	sangrenta	em	1681,	quando	os	irmãos	tomás	e	Manoel
Beckman,	 comerciantes	 e	moradores	 do	Maranhão,	 lideraram	 uma	 revolta	 contra	 o	 governo,	 exigindo
escravos	africanos.	Os	revoltosos	tomaram	a	capital	São	Luís,	queimaram	igrejas	e	mataram	padres.	Essa
revolta	foi	motivada	pela	falta	de	mão	de	obra	para	o	trabalho	em	canaviais	e	engenhos	que	produziam
açúcar	 na	 Amazônia.	 A	 falta	 de	 alimentos	 também	 provocou	 a	 revolta,	 pois	 os	 portugueses	 ricos
consumiam	alimentos	importados	de	Portugal,	vinhos,	pães,	bacalhau	e	uvas.	As	companhias	de	comércio
responsáveis	pelo	abastecimento	desses	produtos	nem	sempre	abasteciam	os	moradores	da	Amazônia.
A	revolta	durou	aproximadamente	um	ano	e,	em	1682,	os	Beckman	foram	presos	e	mandados	para
Portugal.	 Os	 padres	 jesuítas	 continuaram	 a	 ação	 missionária	 na	 Amazônia.	 Os	 conflitos	 também
continuaram.	Nessas	lutas,	centenas	de	nativos	eram	mortos.
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
Responda	em	seu	caderno:
39-	Qual	ordem	religiosa	é	mencionada	no	texto?
40-	Por	que	os	portugueses	precisavam	estabelecer	uma	relação	de	amizade	com	os	tupinambás?
41-	Quem	eram	e	o	que	faziam	os	irmãos	Beckman?
42-	Quais	as	razões	dos	conflitos	entre	os	colonos	e	os	jesuítas?
43-	O	que	foi	a	revolta	de	Beckman	de	1681?
III	UNIDADE	-	OS	EUROPEUS	E	O	PRIMEIRO	PROJETO	COLONIAL	PARA	A	AMAZÔNIA
OS	EUROPEUS	E	O	PRIMEIRO	PROJETO	COLONIAL	PARA	A	AMAZÔNIA
Na	 segunda	 metade	 do	 século	 XVI,	 diversas	 nações	 da	 Europa	 invadiram	 a	 região	 que	 hoje
conhecemos	como	Amazônia.	O	projeto	inicial	era	conquistar	a	posse	das	terras	para,	em	seguida,	montar
um	aparelho	de	exploração	das	riquezas	da	época,	dentre	elas	as	drogas	do	sertão.	Nessa	empreitada,	os
espanhóis	saíram	na	frente,	mas	logo	perderam	o	posto	para	franceses,	ingleses,	irlandeses	e	holandeses.
Entre	a	 conquista	da	 terra	e	os	europeus	estavam	as	centenas	de	 tribos	 indígenas,	que	 já	 eram	as
donas	do	lugar.	O	elemento	surpresa	foi	a	capacidade	que	os	invasores	tiveram	de	aprender	as	 línguas
nativas	e,	por	meiode	um	astucioso	 jogo	de	 sedução,	 transformar	os	nativos	em	aliados.	Obviamente,
nem	todos	os	povos	deixaram-se	seduzir;	muitas	nações	lutaram	até	a	morte.
Os	conquistados	tornaram-se	a	principal	mão	de	obra	do	projeto	colonizador	europeu	na	região.	Os
lusitanos,	ao	tomarem	a	região,	a	partir	de	1612,	fizeram	uso	das	mesmas	artimanhas	utilizadas	por	outras
nações	da	Europa;	vale	considerar	o	fato	de	que	os	ibéricos	contavam	com	o	apoio	das	diversas	ordens
religiosas	da	igreja	católica:	franciscanos,	capuchos,	jesuítas,	etc.	Vieram	para	a	Amazônia	obedecendo
às	ordens	da	Coroa	de	Portugal	e	da	Espanha,	para	ajudar	no	processo	de	conquista	dos	nativos,	pois
aqui	 tinham	muitas	 almas	 que	 precisavam	 ser	 salvas.	 Naquele	 momento,	 os	 reis	 queriam	 as	 riquezas
terrenas	e	a	igreja,	as	riquezas	espirituais.
No	primeiro	projeto	colonial	português	para	a	região	Amazônica,	que	vigorou	da	segunda	década	do
século	XVII	à	metade	do	XVIII,	eram	exploradas	as	drogas	do	sertão	e	produzidos	tabaco,	arroz	e	açúcar
em	grandes	plantações.	tudo	feito	com	a	mão	de	obra	indígena,	que	também	faziam	trabalhos	domésticos
e	 em	 obras	 públicas,	 além	 de	 estarem	 na	 linha	 de	 combate,	 nas	 guerras.	 Nesse	 sentido	 é	 importante
lembrar	 que	 a	 criação	 do	 Estado	 do	 Maranhão	 e	 Grão	 Pará,	 em	 1621,	 o	 domínio	 da	 língua	 geral
(nheengatu)	 e	 a	 criação	 da	 junta	 de	 Missões	 são	 elementos	 chave	 dentro	 desta	 que	 é	 considerada	 a
primeira	grande	investida	portuguesa	no	sentido	de	conquistar,	e	manter	conquistada,	a	região,	que,	por
estar	 mais	 próxima	 de	 Portugal	 do	 que	 o	 resto	 do	 Brasil,	 exigiu	 e	 possibilitou	 que	 outros	 projetos
coloniais	fossem	colocados	em	prática	aqui,	no	decorrer	dos	séculos	seguintes.
O	 que	 fica	 evidente	 nesse	 primeiro	 momento	 é	 que	 foi	 o	 braço	 de	 trabalho	 indígena	 que,	 por
caminhos	 variados,	 e	 em	 boa	 parte	 ainda	 desconhecidos,	 começou	 a	 erguer	 a	 civilização	 colonial
portuguesa,	implantada	na	Amazônia	ao	longo	do	século	XVII.
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
44-	 Quais	 as	 principais	 características	 do	 primeiro	 projeto	 de	 colonização	 colocado	 em	 prática
pelos	europeus	na	Amazônia?
SOBRE	OS	MORADORES	DE	BELÉM	NO	SÉCULO	XVII
Em	1620,	o	rei	Felipe	ii,	por	meio	de	uma	carta-patente,	decidiu	criar	um	estado	independente	no
Norte	do	Brasil,	chamado	Estado	do	Maranhão	e	Grão-Pará.	Entre	os	principais	argumentos	para	tal	ato
estava	a	dificuldade	de	navegação	na	região;	saindo	daqui,	era	mais	fácil	e	rápido	chegar	a	Lisboa	do
que	a	Salvador.	A	partir	de	então,	ora	a	região	era	governada	de	São	Luís,	ora	de	Belém.
Os	estudiosos	da	época	dividiam	os	moradores	de	Belém	do	século	XVII	em	quatro	grandes	grupos:
o	 primeiro	 eram	 os	 portugueses,	 ricos	 e	 pobres;	 o	 segundo	 eram	 os	 índios	 (cristãos	 ou	 não)	 e	 os
africanos;	o	terceiro	era	o	grupo	formado	a	partir	das	misturas	dessas	diferentes	raças,	os	mamelucos;	e	o
quarto	eram	os	estrangeiros.	Os	ricos	daqueles	tempos	possuíam	escravos,	plantações	de	tabaco	e	cana-
de-açúcar.	Esse	grupo	também	detinha	o	poder	político	da	região,	eram	os	cidadãos,	apenas	eles	podiam
portar	armas,	votar	e	ser	votados	—	eram	“a	nobreza	da	terra”.
O	 fato	 de	 pertencer	 à	 nobreza	 não	 significava	 que	 viviam	 com	 fartura.	Eram	 tempos	 difíceis.	As
casas	eram	rudimentares,	em	geral	de	taipa	revestida	de	barro,	contando	apenas	com	um	pavimento	e	com
poucos	móveis	e	utensílios.	Nesse	ambiente,	nobreza	rimava	muitas	vezes	com	pobreza.
A	 quantidade	 da	 população	 da	 época	 ainda	 é	 difícil	 de	 precisar,	 pois	 os	 censos	 realizados	 só
contavam	os	moradores	nobres;	 dizia-se	que	Belém	possuía	 apenas	quinhentos	habitantes	no	 início	do
século	XVII.	Obviamente,	as	contagens	não	levavam	em	consideração	negros,	índios	e	miscigenados.	Nos
primeiros	 tempos,	 aqueles	 que	 exerciam	 o	 poder	 político	 eram	 os	 mesmos	 que	 detinham	 o	 poder
econômico,	 tinham	 escravos	 e	 grandes	 plantações	 ou	 viviam	 do	 comércio	 de	 drogas	 do	 sertão.	 O
principal	 poder	 da	 cidade	 era	 a	 Câmara	 Municipal,	 composta	 por	 um	 juiz,	 um	 procurador	 e	 vários
vereadores.	Às	vezes,	os	interesses	da	câmara,	eleita	por	meio	de	voto	na	cidade,	entravam	em	choque
com	os	do	Governo	e	dos	comerciantes	e	religiosos,	em	geral	autoridades	nomeadas	pelo	rei.
Nesse	 cenário,	 nem	 todos	 viviam	 nas	 cidades;	muitos	moradores,	 pela	 força	 de	 suas	 atividades,
viviam	afastados	dos	centros	urbanos.	Grande	parte	dos	religiosos	vivia	nas	matas	socorrendo	doentes,
realizando	 a	 catequese,	 e	 muitos	 senhores	 viviam	 nos	 engenhos,	 que	 ficavam	 longe,	 cuidando	 da
produção	do	açúcar	ou	da	coleta	das	drogas	do	sertão.
Em	1655,	o	monarca	de	Portugal,	dom	joão	iV,	concedeu	aos	portugueses	que	viviam	em	Belém	e
possuíam	 posses	 os	 mesmos	 privilégios	 dos	 cidadãos	 do	 Porto,	 como	 portar	 armas	 e	 isentar-se	 do
serviço	militar,	tudo	por	obra	dos	serviços	dispensados	à	Coroa	na	defesa	do	território.
Outro	grupo	social	 importante	nesse	cenário	era	o	dos	religiosos,	que	estiveram	presente	desde	o
início	da	colonização	das	terras	da	Amazônia.	Lembremos	que	a	ação	deles	era	fundamental	no	momento
de	estabelecer	os	contatos	com	os	nativos	e	firmar	as	alianças,	tão	importantes	para	todo	o	processo	da
colonização.	quando	 falamos	em	 religiosos	na	colônia,	de	 imediato	nos	vem	à	cabeça	os	 jesuítas,	que
realmente	tiveram	uma	participação	muito	importante	na	vida	colonial.
Nos	 primeiros	 anos	 do	 século	 XVII	 após	 a	 fundação	 de	 Belém,	 	 	 não	 havia	 ordens	 religiosas
estabelecidas.	 Os	 padres	 vinham	 por	 indicação	 do	 rei,	 para	 atender	 uma	 solicitação	 especial	 da
capitania;	os	religiosos	eram	encarregados	de	cuidar	das	doenças	da	alma.	Aos	poucos,	as	ordens	foram
se	 estabelecendo	 por	 aqui:	 mercedários,	 carmelitas,	 jesuítas	 e	 franciscanos.	 A	 doutrina	 cristã	 e	 a
conversão	a	fé	católica	não	seriam	possíveis	na	região	sem	esses	importantes	personagens,	que	também
se	 ocupavam	 de	 cuidar	 das	 vilas	 fundadas	 pelos	 portugueses	 no	 interior.	 inicialmente,	 eram	 poucos
padres	para	muitas	almas	doentes,	pois	nem	só	de	catequizar	índios	vivam	os	padres.	tinham	que	cuidar,
ainda,	dos	lusitanos,	que	também	careciam	de	atenção	espiritual.
Nesse	 cenário,	 as	 diferentes	 ordens	 religiosas	 vivam	 conflitos	 internos,	 buscavam	 por	 caminhos
diferentes	aumentar	a	influência	na	região	e	recorriam	aos	poderosos	da	época	para	conseguir	privilégios
e	riquezas	materiais.	Muitas	vezes	foi	necessária	a	intervenção	do	governador	da	província	e	até	mesmo
do	rei,	para	minimizar	os	conflitos.	importantes	construções	religiosas,	como	a	igreja	de	São	Francisco
de	Assis,	hoje	igreja	de	Santo	Alexandre,
onde	 funciona	 o	 MAS	 (Museu	 de	 Arte	 Sacra),	 igreja	 do	 Carmo	 e	 Convento	 de	 Santo	 Antônio
remontam	suas	origens	àquele	período.
As	ordens	religiosas	vieram	para	o	estado	do	Maranhão	e	GrãoPará	com	o	objetivo	de	converter	os
índios	 à	 fé	 católica.	Na	 época,	 o	 rei	 de	Portugal	 era	 estimulado	pelo	 “padroado	 régio”,	 direito	 que	 a
coroa	tinha	de	interferir	nas	questões	religiosas	e	tomar	para	si	as	terras	que	fossem	conquistadas	pelos
padres.	 Os	 primeiros	 padres	 que	 chegaram	 à	 região	 foram	 os	 capuchos,	 em	 1617,	 que	 se	 revelaram
insuficientes	para	as	pretensões	dos	portugueses.	Era	“muito	 índio	para	pouco	padre”.	Portanto,	 foram
enviados	pedidos	ao	rei	que	mandasse	mais	religiosos	para	a	região.
O	trabalho	dos	padres	ocorria	de	fato	no	interior	da	Colônia,	e	logo	começou	a	interferir	na	cultura
dos	 índios:	 religião,	 língua,	 vestuário,	 fala,	 etc.,	 tudo	 começou	 a	 ser	 alterado	 pela	 intervenção	 dos
padres.	O	contato	com	o	branco	foi	nefasto	para	os	índios.	Começaram	a	ser	fundadas	vilas	no	interior,
que	 mais	 tarde	 transformaram-se	 em	 cidades,	 muitas	 com	 nomes	 conhecidos	 dos	 portugueses,	 como
óbidos	e	Santarém,	nomes	de	cidades	lusitanas.
UM	IMPORTANTE	RELIGIOSO
Padre	Antônio	Vieira	nasceu	em	Lisboa	no	dia	6	defevereiro	de	1608.	Aos	 seis	 anos	 chegou	ao
Brasil	com	a	família.	Foi	aluno	do	colégio	jesuíta	da	Bahia,	onde	descobriu	sua	vocação	para	a	religião.
Foi	ordenado	padre	em	1635	e,	em	1652,	foi	enviado	para	o	Maranhão	como	missionário,	de	onde	foi
expulso	em	1661,	 sendo	preso	pela	 inquisição	e	proibido	de	pregar.	Em	1669,	chegou	a	 roma,	pregou
vários	sermões,	que	lhe	deram	grande	notoriedade.	Foi	isentado	da	inquisição	em	1675.	Voltou	ao	Brasil
e,	em	1688,	faleceu	na	Bahia,	aos	89	anos.
Os	 inúmeros	 e	 diferentes	 conflitos	 que	 ocorriam	 no	 estado	 do	 Grão-Pará	 da	 época	 requeriam	 a
interferência	constante	das	autoridades	de	Lisboa.	Nações	indígenas	das	mais	diversas,	como	os	Muras,
Caicaises,	 jumas,	 Barbados,	 Guaranês,	 Xotins,	 	 Copinhorons	 e	 Abacaxis,	 estavam	 no	 centro	 dos
acontecimentos.	Lembremos	que	eles	eram	a	principal	mão	de	obra.	Faziam	de	tudo:	remavam,	caçavam,
pescavam,	colhiam	as	drogas	do	sertão,	labutavam	nos	engenhos,	etc.	Outro	foco	constante	dos	conflitos
eram	 os	 religiosos.	 Os	 padres	 brigavam	 entre	 si,	 principalmente	 quando	 iam	 fazer	 a	 repartição	 das
aldeias.	 Os	 moradores,	 por	 outro	 lado,	 frequentemente	 questionavam	 as	 legislações	 do	 período,	 que
sempre	beneficiavam	os	religiosos.	Por	conta	disso,	as	fugas	de	escravos	eram	constantes,	assim	como	a
destruição	de	muitas	vilas.
UM	IMPORTANTE	NAVEGADOR
O	capitão	Pedro	 teixeira	 foi	 um	 importante	 navegador	 português	 que	 ajudou	na	 conquista	 lusa	 na
região.	Acompanhou	de	perto	a	jornada	de	Francisco	Caldeira	Castelo	Branco,	tornando-se	governador
da	capitania	do	Pará	entre	1620-1621	e,	depois,	do	estado	do	Brasil,	entre	1640-1641.
Realizou	uma	importante	viagem	de	reconhecimento,	em	1637,	saindo	de	Cametá,	no	Pará,	indo	em
direção	a	quito,	no	então	Peru,	realizando	significativas	conquistas	para	a	Coroa	de	Portugal.	Na	ocasião,
foram	 escritas	 importantes	 crônicas	 sobre	 os	 povos	 indígenas	 encontrados.	 Foi,	 também,	 traçado	 o
primeiro	 mapa	 da	 região,	 fato	 que	 muito	 ajudou	 no	 conhecimento	 das	 rotas	 de	 navegação	 naqueles
tempos.
A	JUNTA	DAS	MISSÕES
A	Junta	das	Missões	era	um	 tribunal	 formado	por	 representantes	das	diversas	ordens	 religiosas	e
por	militares,	presidido	pelo	governador	da	capitania.	Era	responsável	por	organizar	o	direcionamento
da	mão	de	obra	indígena	para	as	diversas	atividades	coloniais:	construção	de	fortalezas	e	igrejas,	enviar
homens	e	mulheres	para	o	serviço	nas	fazendas,	sendo	que	às	índias	cabia,	dentre	outras	coisas,	a	função
de	 amas	 de	 leite.	 Eram	 encaminhados	 índios,	 também,	 para	 compor	 a	 linha	 de	 frente	 das	 tropas	 de
resgate,	sendo	escravizados	pelo	exército	para	exercer	essa	função.	Além	disso,	procuravam	responder
às	disputas	entre	os	religiosos	que	brigavam	por	terra	e	pelos	índios.
Era	comum	o	líder	de	determinada	tribo	indígena	fazer	uma	solicitação	de	paz	durante	os	conflitos
com	 os	 brancos.	 A	 língua	 geral	 (nheengatu)	 era	 utilizada	 para	 estabelecer	 a	 comunicação;	 era	 mais
conhecida	pelos	padres,	que	levavam	vantagem	no	contato	com	os	nativos.
Após	 o	 contato	 com	 índios,	 a	 junta	 fazia	 o	 exame	 linguístico	 e	 encaminhava	 os	 índios	 para	 seus
novos	 destinos.	 Se	 fossem	 considerados	 inimigos,	 iam	 para	 o	 cativeiro;	 se	 fossem	 aliados,	 eram
libertados,	 para	 fazer	 trabalhos	 sob	 a	 direção	 dos	 brancos,	 que	 duravam	 de	 dois	 a	 cinco	 anos.	 O
pagamento	que	recebiam	era	 tecido	de	algodão.	 infelizmente,	muitas	nações	 indígenas	ficaram	fora	dos
registros,	sobretudo	as	inimigas,	que	não	se	rendiam	ao	invasor	branco.
Percebe-se,	 dessa	 forma,	 que	 a	 junta	 das	Missões	 era	 um	 tribunal	 que	 funcionava	 no	 interior	 da
Amazônia	com	a	desafiadora	responsabilidade	de	legislar	de	forma	eficiente,	em	um	mundo	colonial	que
respondia	em	última	instância	a	um	império	ultramarino	que	enfrentava	conflitos	de	toda	ordem	em	suas
imensas	possessões	territoriais,	nas	quais,	na	maioria	das	vezes,	suas	leis	não	eram	respeitadas.	Assim,	a
junta	formou-se	entre	caçada	de	índios,	tráfico	de	peças	e	briga	entre	vereadores	das	câmaras	municipais.
Lembremos	que	muito	da	história	dos	índios	ainda	está	escondida	e	precisa	vir	à	luz.
Os	recentes	estudos	têm	mostrado	que	os	índios	enfrentaram	os	invasores	brancos	de	várias	formas:
fugindo,	queimando	aldeias,	destruindo	casas,	afundando	canoas,	etc.	Muito	ainda	precisa	ser	dito	e	feito
para	que	os	índios	de	fato	encontrem	seu	lugar	na	história	da	Amazônia.
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
Responda	em	seu	caderno:
45-	Quais	eram	os	principais	moradores	de	Belém	no	século	XVII,	de	acordo	com	o	texto?
46-	Quais	eram	as	principais	riquezas	exploradas	na	região	à	época?
47-	O	que	era	a	junta	das	Missões?
48-	Quais	eram	as	principais	ordens	religiosas	da	época?
49-	O	que	era	o	nheengatu?
50-	Quem	foi	Antônio	Vieira?	Qual	a	sua	importância	no	processo	de	colonização	da	Amazônia?
51-	Quem	foi	Pedro	Teixeira?
“olho	de	boto	no	fundo	dos	olhos	de	toda	a	paisagem...”
(Letra:	Cristóvam	Araújo;	música:	Nilson	Chaves)
LENDA	DO	BOTO
Segundo	os	povos	antigos	da	Amazônia,	o	boto	é	um	animal	encantado,	podendo	assumir	a	 forma
humana	sempre	que	desejar.	Nos	rios	da	Amazônia	é	possível	encontrar	o	boto	branco,	o	boto	tucuxi	(o
mais	cruel)	e	o	boto	cor-de-rosa.
As	 populações	 ribeirinhas	 da	 região	 de	 Cametá,	 no	 estado	 do	 Pará,	 contam	 que	 nas	 festas	 do
interior,	quando	chega	à	meia-noite,	um	rapaz	bonito,	 todo	vestido	de	branco	e	calçando	um	sapato	em
forma	de	ouriço	de	castanha,	com	os	pés	virados	para	trás,	aparece	nas	festas	e	dança	com	a	moça	mais
bonita.	Os	outros	homens,	zangados,	vão	tirar	satisfação,	e	ele	então	corre	em	direção	à	ponte	e	joga-se
no	 rio,	 assumindo	a	 forma	de	um	boto,	 e	 sai	 espirrando	água	para	 cima,	 zombando	dos	homens	que	o
perseguiam.
Na	região	da	cidade	de	Santarém,	as	moças	não	podiam	andar	sozinhas	pelos	rios,	pois	corriam	o
risco	de	 serem	engravidadas	pelo	boto.	No	 rio	Moju,	 na	década	de	1970,	 crianças	 eram	assombradas
pelo	boto	e	assumiam	a	forma	do	animal.	Muitos	zombavam	do	boto	fazendo	barulho	para	ver	o	animal
dar	 saltos	 para	 fora	 da	 água.	 Os	 pescadores,	 que	 utilizavam	 malhadeiras	 para	 capturar	 peixes,	 não
gostavam	do	boto,	pois	ele	comia	os	peixes	e	ainda	rasgava	as	redes	de	pesca.
Essas	e	outras	histórias	ainda	hoje	são	contadas	por	moradores	das	margens	dos	rios	da	região.	Em
outras	partes	do	Brasil	contam-se	outras	lendas,	que	tornam	a	nossa	cultura	popular	altamente	rica.
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
52-	Você	acha	que	as	lendas	são	importantes?	Por	quê?
53-	Nos	textos	anteriores,	quais	cidades	do	estado	do	Pará	são	citadas?
54-	Você	saberia	fazer	um	relato	sobre	a	lenda	do	boto?
A	MANDIOCA
	
A	mandioca	 é	 um	 dos	mais	 importantes	 alimentos	 dos	 povos	 da	 Amazônia.	 Ela	 foi	 domesticada
pelos	índios	da	região	e	hoje	é	consumida	em	vários	países.	Na	mitologia	dos	povos	da	região,	há	um
lugar	especial	para	a	história	de	Mani,	moça	bela	de	uma	tribo	indígena	que	morreu	e	renasceu	em	forma
de	alimento	para	seu	povo.
Nos	dias	atuais,	a	mandioca	continua	representando	uma	fonte	importante	de	alimento	para	grande
da	 população	 amazônica.	 Ao	 longo	 de	 sua	 história,	 a	 mandioca	 foi	 produzida	 em	 grades	 e	 pequenas
plantações.	Na	culinária	paraense,	um	dos	pratos	mais	conhecidos	é	a	maniçoba,	que	traz	na	sua	essência
a	folha	da	mandioca,	o	 tucupi	(líquido	extraído	do	fruto	que,	após	um	tratamento	adequado,	é	utilizado
também	como	molho	para	pratos	especiais)	e	molho	de	pimenta.	A	mandioca	ainda	é	consumida	cozida	e
frita.
Mas,	o	principal	alimento	feito	com	ela	é	a	farinha.	As	variações	mais	conhecidas	da	mandioca	no
estado	do	Pará	são:	a	mandioca	branca,	a	mandioca	amarela	e	a	macaxeira.
Da	tapioca	extraída	da	mandioca	é	possível	fazer	beiju,	farinha	de	tapioca,	doces,	sorvetes,	bolos,
etc.	Os	métodos	de	produção	domésticos	ainda	são	feitos	nos	retiros	de	farinha,	em	fornos	de	cobre	ou
em	 chapas,	 de	 forma	 bem	 artesanal.	 As	 indústriasproduzem-na	 em	 grande	 escala,	 em	 geral	 para	 o
mercado	externo.
O	método	 tradicional	 de	 fazer	 a	 farinha	 na	Amazônia	 é:	 coloca--se	 a	mandioca	 de	molho	 em	um
tanque,	 que	 pode	 ser	 de	madeira,	 e	 após	 três	 dias	 tira-se	 da	 água,	 descasca-se	 e	 coloca	 na	masseira,
mistura-se	com	a	mandioca	ralada,	que	não	ficou	de	molho,	coloca-se	no	 tipiti	para	 tirar	o	excesso	de
água,	 coa-se	 e	 leva-se	 ao	 forno.	 Após	 passar	 pelo	 processo	 de	 cozimento,	mexe-se	 com	 um	 rodo	 de
madeira	 até	 a	 farinha	 secar,	 tendo	o	 devido	 cuidado	 com	a	 temperatura	 do	 forno,	 para	 não	 queimar	 o
produto.
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
55-	De	acordo	com	o	texto,	como	a	mandioca	pode	ser	consumida?
56-	Qual	alimento	feito	da	mandioca	você	conhece	e/ou	consome?
7º	ANO
IV	UNIDADE
A	ECONOMIA	EXTRATIVISTA
V	UNIDADE
O	PARÁ	NO	PERÍODO	IMPERIAL
VI	UNIDADE
OS	NEGROS	NA	AMAZÔNIA	BRASILEIRA
VII	UNIDADE
DIALOGANDO	COM	A	CULTURA	POPULAR	AMAZÔNICA
IV	UNIDADE	-	A	ECONOMIA	EXTRATIVISTA
Dialogando	com	a	música	Amazônica.
Porto	seguro
Porto	seguro,	erro	primeiro
Índio	sorriu	pro	estrangeiro
Num	mês	de	abril
E	abriu	a	porta,	do	litoral
Que	era	todo	encarnado
De	pau-brasil
Ibirapitanga	virou	fumaça
E	a	desgraça
Veio	através	do	oceano
Com	um	pano	preto	no	mastro
Deixando	um	rastro	vermelho
No	azul	atlântico
Trouxe	o	cântico
Da	saudade	africana
Aos	engenhos	e	canaviais
Fez	dançar	o	açoite	de	dia
De	noite	dançavam	orixás
	
E	a	região,	verde	do	norte
Sorte	era	longe	dos	olhos	feitores
Sem	vias	de	acesso
Ida,	regresso	e	morte
	
Poucas	entradas
Tantas	bandeiras
Milhas	e	mil	ambições	estrangeiras
Rompendo	a	linha	de	tordesilhas
Brancos	e	índios	cativos
Buscavam	riqueza
Pra	encher	a	mão	da	distante	nobreza
Que	nunca	viveu	ou	pisou	neste	chão
	
Grita	nação,	bate	os	tambores
Pinta	tua	cara	com	as	cores	da	arara
Faz	guerra
Esta	terra	é	terra	bendita
Grita!
(Lucinha	Bastos,	composição	Maria	Lídia)
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
1-	Quais	aspectos	da	história	do	nosso	pais	você	conseguiu	identificar	no	texto?
A	ECONOMIA	EXTRATIVISTA
As	primeiras	 expedições	que	os	 europeus	 fizeram	 rumo	à	Amazônia,	 ainda	no	 século	XVI,	 foram
motivadas,	em	geral,	pela	busca	das	drogas	do	sertão,	especiarias	que	a	Europa	apreciava,	mas	não	tinha.
Naquela	 época,	 a	 canela	 era	 uma	 dessas	 especiarias	 muito	 apreciadas	 pelos	 europeus,	 pois	 dela	 era
possível	fazer	perfume,	remédios	e	temperos	alimentícios.
As	expedições	espanholas	não	encontraram	o	sonhado	Vale	das	Caneleiras,	mas	abriram	a	rota	da
região	 para	 que	 outros	 povos	 entrassem	 e	 encontrassem	 outros	 produtos	 apreciados	 no	 mercado
capitalista	da	Europa.	Canela,	urucu,	anil,	pimenta-do-reino,	cacau	e	algodão	são	exemplos	de	produtos
que	ficaram	conhecidos	comercialmente	como	drogas	do	sertão.
Na	extração	das	drogas	utilizava-se,	em	larga	escala,	o	braço	de	trabalho	de	índios	escravizados.
Os	 índios	 também	 foram	utilizados	 na	 lavoura	 da	 cana-de-açúcar	 e	 nos	 engenhos	 instalados	 na	 região
para	a	produção	açúcar.
AMAZÔNIA	NO	SÉCULO	XVIII:	O	PROJETO	DO	MARQUÊS	DE	POMBAL
Até	aqui,	 esperamos	que	 tenha	 ficado	claro	para	você	que	as	 atividades	desenvolvidas	na	 região
amazônica,	 nessa	 época,	 dependiam	 totalmente	 das	 decisões	 tomadas	 em	 Portugal.	 De	 lá	 vinham	 os
governadores	da	capitania,	muitos	dos	quais	nem	tomavam	posse,	pois	a	viagem	era	tão	longa	que,	por
inúmeras	vezes,	o	rei	nomeava	outro	em	seu	lugar,	antes	mesmo	que	o	anterior	chegasse	a	seu	destino.	Em
muitos	casos,	chegavam	dois	governadores	para	ocuparem	o	mesmo	cargo,	fato	que	gerava	desavenças,
que	logo	eram	resolvidas,	pois	ficava	no	cargo	aquele	que	tivesse	sido	nomeado	por	último.
A	partir	 do	 século	XVIII,	 os	 fortes	 ventos	 da	 região	 trouxeram,	 além	de	 embarcações,	 novidades
para	 o	 estado	 do	 Grão-Pará	 e	 Maranhão.	 Começava	 a	 haver	 mudanças	 no	 projeto	 colonizador	 dos
portugueses.	Nesse	período,	a	colônia	brasileira	vivia	seu	auge;	com	as	descobertas	das	Minas	Gerais,
éramos	a	menina	dos	olhos	dos	lusitanos,	com	toneladas	de	ouro,	prata	e	diamantes	sendo	levadas	todos
os	meses	do	Brasil.	Por	aqui,	era	intensa	a	coleta	de	drogas	do	sertão,	plantação	de	tabaco,	algodão	arroz
e	açúcar,	este	último	em	pequena	quantidade.	Nesse	sentido,	é	valido	lembrar	que	a	Coroa	de	Portugal
possuía	 poucos	 recursos	 econômicos	 e	 humanos	 para	 o	 seu	 projeto	 de	 colonização,	 fato	 que	 ajuda	 a
explicar	por	que	a	economia	de	monocultura	não	havia	se	estabelecido,	até	então,	nesta	região.
Vamos	 lembrar	 que	 monocultura	 é	 a	 produção	 de	 um	 único	 produto,	 por	 exemplo	 o	 açúcar.	 Os
maiores	investimentos	humanos	e	financeiros	eram	feitos	na	plantação	da	cana,	matéria-prima	do	açúcar.
A	 Amazônia	 estava	 distante.	 Os	 recursos	 eram	 poucos	 e,	 por	 outro	 lado,	 as	 Minas	 Gerais	 estavam
oferecendo	enormes	ganhos.	Logo,	os	 lusitanos	resolveram	deixar	a	Amazônia	para	mais	 tarde.	Alguns
ainda	 tentaram	 produzir	 açúcar	 por	 aqui,	mas	 a	 qualidade	 era	 inferior	 ao	 do	 produzido	 nas	Antilhas,
portanto	os	engenhos	passaram	a	produzir	apenas	cachaça,	ainda	que	as	leis	proibissem.	Desse	modo,	por
causas	externas,	a	região	escapou	à	monocultura.	Seu	destino	era	outro.
Em	1750,	foi	assinado	pelos	reinos	de	Portugal	e	Espanha	o	tratado	de	Madri,	importante	documento
que	 objetivava	 resolver	 o	 impasse	 das	 fronteiras	 das	 duas	 nações,	 em	 especial	 sobre	 a	 Colônia	 do
Sacramento	 e	Sete	Povos	das	Missões,	motivo	de	disputas	diplomáticas	 e	guerras	declaradas	 entre	 as
potências	 ibéricas.	 O	 tratado	 de	 Madri	 também	 ajudou	 a	 definir	 as	 fronteiras	 amazônicas.	 Devemos
lembrar	 que,	 pelo	 tratado	 de	 tordesilhas	 (1494),	 as	 terras	 amazônicas	 não	 pertenciam	 da	 Coroa
portuguesa,	 fato	que	explica	por	que,	nesse	período,	os	 lusos	não	estimulavam	a	prática	da	mineração,
nestas	terras.
Nesse	momento,	foi	nomeado	para	governar	o	Estado	do	Maranhão	e	Grão-Pará	Mendonça	Furtado,
irmão	de	Sebastião	josé	de	Carvalho	e	Melo,	o	Marquês	de	Pombal,	que	era	o	primeiro	ministro	do	rei
de	Portugal,	D.	 josé	 i.	A	partir	 essa	nomeação,	os	 lusitanos	poderiam	explorar	ainda	mais	as	 riquezas
minerais	 da	 região	 e	 elaborar	 um	 novo	 plano	 de	 desenvolvimento	 econômico,	 dentro	 da	 proposta
iluminista,	que	estava	chegando	ao	reino	português	pelas	mãos	de	Pombal.
O	Marquês	de	Pombal	foi	o	principal	responsável	pela	definição	de	um	novo	projeto	de	colonização
para	a	região	amazônica	ao	longo	das	décadas	de	1750	e	1760	do	século	XVIII.	Pombal	era	um	homem
de	 origem	 simples,	 que	 foi	 aos	 poucos	 se	 aproximando	 da	 corte	 portuguesa.	 tornou-se	 embaixador	 da
Coroa	 e	 viveu	muitos	 anos	 fora,	 especialmente	 na	França	 e	 na	 inglaterra.	 Foi	 o	 principal	 responsável
pela	 assinatura	 do	 tratado	 de	 Madri,	 que	 muito	 beneficiou	 Portugal,	 além	 de	 solucionar	 questões	 de
diplomacia	religiosa	em	roma.	Com	a	coroação	do	jovem	D.	josé	i,	Pombal	voltou	ao	reino	português,
totalmente	influenciado	pela	forma	de	governar	de	ingleses	e	franceses.	Foi	na	inglaterra	e	na	França	que
ele	teve	contato	com	as	ideias	do	liberalismo	econômico	e	do	iluminismo,	para	então	tentar	colocá-las
em	prática	no	atrasado	reino	de	Portugal.
Portugal	era	um	reino,	em	certos	aspectos,	atrasado	e,	como	diziam	alguns,	fortemente	influenciado
pelos	jesuítas.	Pombal,	desde	muito	cedo,	não	se	relacionou	bem	com	a	igreja	católica,	que	era	vista	por
ele	como	a	principal	responsável	pelo	atraso	econômico	de	seu	país.	Ele	acreditava	que	a	influência	que
os	 religiosos	 exerciam	 sobre	 o	 rei	 era	 prejudicial,	 pois	 por	 causa	 da	 igreja	 católica,	 dizia-se	 que	 as
ciências	 não	 se	 desenvolveram	 no	 reino	 como	 tinham	 se	 desenvolvido	 em	 nações	 como	 a	 França	 e	 a
Inglaterra.
Lembremos	que	na	França	e	na	inglaterra	houve	uma	forte	reforma	protestante,	e	a	igreja	reformada
era	maioria	 nesses	 países.	 Em	 território	 protestante,	 o	 trabalho,	 o	 dinheiro	 e	 as	 ciênciaseram	 vistos
como	motores	do	desenvolvimento	nacional,	 coisa	bem	diferente	da	 realidade	de	Portugal.	Assim	que
assumiu	o	posto	de	primeiro-ministro,	Marquês	de	Pombal	começou	a	colocar	em	prática	suas	ideias	de
progresso	econômico	para	o	país.	O	ensino,	que	era	todo	de	caráter	religioso	e	controlado	pelos	padres
jesuítas,	com	o	tempo	passou	a	ser	laico,	ou	seja,	ministrado	por	professores	que,	em	geral,	nada	tinham	a
ver	com	a	igreja.	isso	foi	um	golpe	para	a	igreja	católica	e	um	choque	para	a	sociedade	de	Lisboa.
Desse	momento	 em	 diante,	 foi	 declarada	 uma	 verdadeira	 guerra	 entre	 Pombal,	 a	 nobreza,	 que	 o
odiava,	e	a	igreja	católica.	O	ministro	tinha	carta	branca	do	rei	para	colocar	seu	plano	em	prática,	que
era	desenvolver	a	economia	do	reino	e	tornar	Portugal	uma	nação	competitiva	no	mercado	mundial;	era
preciso	recuperar	o	atraso.	Durante	o	período	em	que	Pombal	foi	primeiro-ministro,	Portugal	sofreu	um
terremoto	e	Lisboa	teve	que	ser	praticamente	toda	reconstruída.	O	Marquês	revelou-se	um	administrador
de	 primeira	 qualidade,	 abrigando	 vítimas,	 socorrendo	 os	 feridos	 e	 trabalhando	 incansavelmente	 para
recuperar	a	nação,	fato	que	chamou	a	atenção	de	 toda	Europa	para	os	seus	dotes	de	estadista;	até	seus
inimigos	foram	obrigados	a	reconhecer	seu	valor.
As	 reformas	 do	Marquês	 de	 Pombal	 não	 tardaram	 a	 chegar	 à	Amazônia.	 Foi	 pensado	 um	grande
projeto	para	a	região.	Pombal	sabia	que	o	desafio	era	muito	grande,	mas	estava	convencido	de	que	algo
tinha	 de	 ser	 feito,	 ou	 Portugal	 estaria	 destinado	 ao	 fracasso.	 Lembremos	 que	 o	 reino	 português	 tinha
pouca	terra	e	pouca	gente.
A	 realidade	 da	Amazônia	 era	 bem	diferente.	Havia	muita	 terra,	muita	mão	de	 obra	 e	 estava	 bem
próxima	de	Lisboa.	Começaram,	então,	as	mudanças.	Primeiramente,	foi	decretado	fim	da	escravidão	dos
índios,	 depois	 criado	 um	 diretório,	 órgão	 que	 administrava	 o	 trabalho	 dos	 nativos,	 já	 que	 os	 jesuítas
foram	expulsos	da	 região	em	1759.	Foram	 incentivados	os	casamentos	 inter-raciais	e	cidades	 inteiras,
como	Mazagão,	 foram	 transplantadas	 da	 áfrica	 para	 a	Amazônia,	 tudo	 com	o	 objetivo	 de	 fortalecer	 o
braço	de	 trabalho	na	 região.	Essas	mudanças	 estavam	na	base	do	novo	projeto	português.	Era	preciso
fazer	 uma	 revolução	 urgente	 na	 agricultura	 e	 produzir	 alimentos,	 pois	 tanto	 Portugal	 quanto	 as	 duas
principais	cidades	da	Amazônia	sofriam	uma	grande	escassez.	Por	outro	lado,	era	preciso	desenvolver
uma	política	demográfica	de	branqueamento	da	população	e	criar	uma	população	nativa	da	região,	fruto
dos	 casamentos	 entre	 índios	 e	 brancos,	 pois	 para	 desenvolver	 a	 agricultura	 era	 preciso	 ter	 gente	 para
trabalhar,	e	essa	mão	de	obra	viria	da	união	dos	povos	que	aqui	viviam.
A	expulsão	dos	 jesuítas	 era	 justificada	pelo	 fato	de	 essa	ordem	 representar	uma	ameaça	política,
uma	vez	que	 toda	a	educação	do	reino	de	Portugal	e	do	Brasil	estava	nas	mãos	dos	religiosos.	Com	a
saída	dos	jesuítas,	a	educação	sofreu	um	duro	golpe,	pois	não	havia	gente	com	a	formação	necessária	na
região;	muitas	 obras	 de	 arte	 e	 livros	 foram	 levados	 embora	 pelos	 padres.	 Começaram	 os	 casamentos
inter-raciais,	fato	que	causava	espanto	em	muitos,	pois	até	o	momento	um	branco	casar-se	com	uma	índia
era	 considerado	 grave	 transgressão.	A	 direção	 dos	 aldeamentos	 dos	 índios	 saiu	 das	mãos	 da	 igreja	 e
passou	para	comerciantes,	que	em	muitos	casos	exploravam	os	índios	bem	mais	do	que	os	padres.
Enquanto	 Pombal	 foi	 primeiro-ministro	 de	 Portugal	 (17501777),	 as	 reformas	 foram	mantidas,	 no
entanto	quando	Dom	josé	i	faleceu,	logo	Pombal	perdeu	o	poder.	tudo	voltou	a	ser	igual,	ou	pior	do	que
era	antes.	Os	 inimigos	de	Pombal	 invalidaram	suas	ações.	Desterraram-no	de	Lisboa	e	condenaram-no
por	muitos	crimes	contra	a	nobreza.	Assumiu	o	 trono	D.	Maria	 i,	que	 logo	restaurou	a	antiga	forma	de
exploração	da	região	amazônica.	Os	índios	voltaram	a	ser	oficialmente	escravizados	e	utilizados	como
principal	mão	de	obra	na	exploração	das	riquezas	regionais.	Eram	os	anos	finais	do	século	XVIII	e	as
águas	 dos	 rios	 da	 região	 traziam	 novas	 ideias.	 Ficaram	 as	 lembranças	 do	 segundo	 grande	 projeto	 de
colonização	português	para	a	Amazônia.
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
Responda	em	seu	caderno:
2-		De	acordo	com	o	texto,	como	se	deu	a	relação	entre	os	jesuítas	e	o	Marquês	de	Pombal?
3-		Por	que	a	cidade	de	Mazagão	foi	“transplantada”	da	áfrica	para	a	Amazônia?
4-		Por	que	os	casamentos	inter-raciais	foram	importantes	para	o	projeto	de	Pombal?
5-		Após	a	morte	de	Pombal,	quais	rumos	foram	dados	aos	seus	projetos	políticos	e	econômicos	na
Amazônia?
SOBRE	AS	CIDADES	COLONIAIS	AMAZÔNICAS
O	processo	geral	da	formação	das	cidades	no	Brasil	está	ligado	à	ocupação	dos	espaços	vazios.	Na
Amazônia,	não	foi	diferente.
As	 pesquisas	 arqueológicas	 têm	 mostrado	 que	 na	 Amazônia	 pré-colonial	 havia	 sociedades
sedentárias	 vivendo	 em	 grandes	 núcleos	 populacionais	 desenvolvidos,	 mas	 as	 primeiras	 cidades	 no
sentido	 moderno	 da	 palavra	 foram	 fundadas	 na	 região	 pelos	 europeus.	 Ficavam,	 em	 sua	 maioria,	 às
margens	dos	rios	largos,	o	que	possibilitava	a	navegação,	o	embarque	e	o	desembarque	de	mercadorias.
Os	interesses	territoriais	e	comerciais	eram	colocados	como	os	mais	importantes.	As	cidades	tinham	suas
origens	 nos	 fortes	 ou	 nas	 missões.	 Diversas,	 receberam	 nomes	 de	 cidades	 portuguesas,	 por	 exemplo
Santa	Maria	de	Belém,	Santarém	e	Óbidos.
As	cidades	que	foram	originadas	das	missões	dos	jesuítas	eram	diferentes	em	alguns	aspectos:	não
eram	portos	de	embarque	e	desembarque	de	mercadoria,	as	construções	eram	mais	simples,	geralmente
de	madeira	e	barro.	Os	moradores,	 tapuios,	 trabalhavam	na	agricultura	para	a	subsistência,	produzindo
frutas	e	legumes,	tecendo	roupas	de	algodão	e	construindo	embarcações.	Essas	cidades	recebiam	nomes
indígenas,	 quase	 sempre	 das	 tribos	 que	 deram	origem	 ao	 lugar,	 por	 exemplo	 tucuruí,	Marabá,	Moju	 e
Cametá.	 No	 período	 da	 administração	 do	 Marquês	 de	 Pombal	 várias	 cidades	 foram	 criadas,	 com	 o
objetivo	de	povoar,	com	europeus	e	seus	descendentes,	a	região.
A	vida	nas	cidades	era	simples,	pois	a	maioria	da	população	branca	vinha	para	cá	obrigada.	Era
gente	que	tinha	dívidas	financeiras	com	a	Coroa,	criminosos	desterrados	e	mulheres	acusadas	de	bruxaria
condenadas	a	viver	em	uma	terra	distante	e	inóspita.	A	falta	de	alimentos	e	a	luta	diária	contra	os	índios	e
os	animais	da	floresta	representavam	os	maiores	desafios	dos	moradores.
As	cidades	que	foram	originadas	das	missões,	em	geral,	ficavam	bem	distantes	das	grandes	cidades,
para	evitar	que	os	comerciantes	aprisionassem	os	índios	e	os	transformassem	em	escravos.	Nas	regiões
de	Cametá,	no	Baixo	tocantins,	foram	constantes	as	lutas	dos	religiosos	com	os	comerciantes.	À	medida
que	iam	avançando	no	território	amazônico,	os	portugueses	fundavam	cidades,	o	símbolo	maior	da	posse
das	terras	da	região.
	
REFLETINDO	SOBRE	A	LEITURA
Responda	em	seu	caderno:
6-		Com	quais	finalidades	foram	fundadas	as	primeiras	cidades	amazônicas?
7-		O	que	caracterizou	as	cidades	fundadas	pelos	padres	jesuítas?
8-		Quais	os	maiores	desafios	enfrentados	pelos	missionários?
9-		O	que	caracterizava	as	cidades	originadas	das	missões	religiosas?
AS	FRONTEIRAS	COLONIAIS	DA	AMAZÔNIA	BRASILEIRA	
O	 século	 XVIII	 também	 conheceu	 de	 perto	 uma	 intensa	 disputa	 entre	 as	 nações	 europeias	 pelo
domínio	das	fronteiras	do	vale	amazônico.	Um	caso	exemplar	dessa	 luta	foi	 travado	entre	Portugal	e	a
França.	A	colônia	de	caiena,	parte	da	Amazônia	Francesa,	foi	palco	de	disputas	ferrenhas.	Na	ocasião,	a
falta	de	homens	para	guardar	as	fronteiras	era	um	sério	problema	para	a	Coroa	lusitana.
Os	franceses	aproveitaram-se	desse	fato	para	praticar	o	extrativismo	das	drogas	do	sertão,	saquear
as	missões	portuguesas	mais	distantes	da	vigilância	e	 roubar	escravos	africanos	para	suas	possessões.
Ao	longo	do	século,	as	 lutas	foram

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