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ComunicacaoExpressao_UA05

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Prévia do material em texto

Gestão empresarial
comunicação e expressão
Leitura e anáLise de texto: 
contraste e semeLhanças 
entre textos
5
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de comparar 
e identificar estruturas, temas e características de per-
sonagens com a intenção de perceber semelhanças e 
diferenças.
COmpetênCias 
Desenvolvimento da capacidade de leitura e interpreta-
ção de texto. Ampliação do repertório literário. 
Habilidades 
Associar informações a textos.
comunicação e expressão
Leitura e anáLise de 
texto: contraste 
e semeLhanças 
entre textos
ApresentAção
A interpretação de textos requer entendimento de cer-
tos princípios e uso de técnicas. Embora textos simples 
possam ser compreendidos de modo intuitivo, nem sem-
pre a intuição é suficiente para a compreensão de do-
cumentos complexos. Nesta aula você verá princípios e 
técnicas que aprimoram a percepção textual à medida 
que sua cultura e experiência se desenvolvem.
pArA ComeçAr
Existem dois provérbios bastante conhecidos que apre-
sentam sentidos diferentes. Leia os provérbios a seguir:
Quem espera sempre alcança.
Quem espera desespera.
Embora as duas frases pareçam semelhantes na forma, 
é possível perceber diferenças de sentido.
 → A semelhança, mostrada na estrutura da frase, no 
sujeito e no verbo levam a pensar, nos dois casos, 
em indivíduos que supostamente estão em posição 
de aguardar e não de fazer.
 → A diferença está no sentido, que aparece na con-
clusão do enunciado: a primeira frase é otimista e 
a segunda é pessimista.
Agora leia a letra da música Bom Conselho, de Chico 
Buarque. Pense em provérbios que, de algum modo, o 
texto faz lembrar. Você é capaz de perceber contrastes 
entre a letra e os provérbios? E semelhanças?
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 4
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
— Chico Buarque, Bom Conselho
O autor, por meio de jogo de palavras, faz uma paródia das expressões e 
dos provérbios a seguir:
 → Se conselho fosse bom não se dava, vendia;
 → Não espere sentado (ou “espere sentado”, dito em tom irônico);
 → Quem espera sempre alcança;
 → Quem brinca com fogo se queima;
 → Faça o que eu digo e não o que eu faço;
 → Pense duas vezes antes de agir;
 → Devagar se vai ao longe;
 → Quem semeia vento, colhe tempestade.
Ao observar um texto, percebemos diferenças de sentido que podem 
ocorrer ao mudarmos alguns termos. Encontramos semelhanças temá-
ticas e de sentido em gêneros textuais diferentes. As diferenças e seme-
lhanças, no entanto, não se restringem a isso. Tanto diferenças como 
semelhanças podem aparecer marcadas por classes de palavras, pelo 
contexto, pela forma, pelo sentido.
Neste capítulo aprenderemos como compreender melhor os textos a 
partir de semelhanças e diferenças.
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 5
Atenção
Semelhanças e diferenças textuais dependem de vários re-
quisitos. Uma mesma forma pode conter vários sentidos; 
um sentido pode ser escrito de várias formas. Um mesmo 
tema pode ser escrito de várias formas e sentidos diferentes.
Vamos nos aprofundar na leitura e interpretação de alguns textos e verifi-
car de que maneira os temas se aproximam ou se distanciam.
FundAmentos
Entendemos semelhança como “a apreensão intuitiva de certa afinidade 
entre duas ou mais grandezas, a qual permite reconhecer entre elas, sob 
certas condições e com a ajuda de procedimentos apropriados, uma rela-
ção de identidade” (GREIMAS & COURTÉS, 2008, p. 440) e diferença como 
“a distância entre duas grandezas [...]” (op. cit., 140), que só pode ser re-
conhecida a partir de semelhanças que lhe sirvam como suporte. Em ou-
tras palavras, só existe a diferença quando existe uma possibilidade de 
semelhança.
Dessa forma, semelhanças e diferenças podem ser consideradas como 
relações dentro de uma mesma categoria. Nesse sentido, são inúmeras as 
relações textuais que podem ser observadas.
Vamos escolher, a título de ilustração, algumas relações possíveis. Lem-
bre-se que não são todas.
1. Oralidade e esCrita.
Apesar de haver correspondência entre textos falados e escritos, escrever 
apresenta características bastante diferentes de falar. Enquanto o interlo-
cutor está presente durante o ato da fala, está ausente no momento em 
que escrevemos. Dessa forma, como localizar aquele para quem escre-
vemos? Quem é nosso leitor? Como seremos compreendidos? Essas são 
algumas perguntas que nos ocorrem diante da escrita.
Quando falamos, alguns problemas de interpretação ou compreensão 
podem ser percebidos e corrigidos com a interrupção daquele a quem 
estamos nos dirigindo. É possível, no momento da fala, retomarmos e 
dizermos de outras maneiras, com outras palavras até que sejamos com-
preendidos. O evento da fala pressupõe algumas formas de comunicação 
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 6
não verbais que servem de apoio à compreensão: gestos, expressão fa-
cial, olhares, entonação...
Por outro lado, ao escrever, esses elementos nos faltam e precisamos 
pressupor o entendimento do interlocutor apenas pela escolha lexical. 
Não é possível introduzir gestos no texto escrito ou supor que as palavras 
alcancem o mesmo significado. Dessa forma, escrever precisa de cuida-
dos adicionais.
Apesar das diferenças entre oralidade e escrita, as semelhanças permi-
tem que sejam compreendidas. Vejamos dois textos que, embora apare-
çam escritos, marcam diferentemente fala e a escrita.
Texto I (falado)
“Ela tava ali, lindinha e nos conformes, 
cara... Fiquei olhando, imaginando um 
jeito de dizer, bem, você sabe né? De di-
zer aqueles negócios que fico pensando 
sem ela. Era hora, agora, vou lá, dou uma 
chavecada nela, buzino umas no ouvidi-
nho dela, tá na minha... Bom, tava faltan-
do coragem, puxa, foi me dando um frio, 
uma coisa, um estado... Virei as costas, 
meu irmão, e me mandei.”
Texto II (escrito)
“Digo a você que ela estava lá, diante dos 
meus olhos. Perfeita. Olhei-a imaginando 
um jeito de dizer o quanto era importan-
te para mim, dizer o que pensava dela 
quando estava a sós comigo mesmo. Pen-
sei ser a hora certa, conversa: Mas me fal-
tou coragem. Fugi.”1
Como você pode observar, o texto escrito precisa apresentar um todo 
semântico, com as partes bem concatenadas. Uma de suas característi-
cas é que seja desprovido das marcas de oralidade: repetições, pausas, 
inserções, expressões vulgares ou continuações. Há exigências que não se 
fazem no texto oral: regras gramaticais específicas para garantir a clareza, 
grafia das palavras, acentuação, coesão, coerência...
Apesar dessas diferenças, um texto escrito que represente a fala (com 
marcas de oralidade) pode ser compreendido perfeitamente. Veja o texto 
a seguir.
Caçador de paturis
- Cumpadi, cumé que ocê costuma caçá paturi?
- Cumo quarqué pessoa. Caçando nos mato. Que pergunta mais estapafúrdia, cum-
padi.
- Espera aí, cumpadi. Que é caçando, eu sei, mas quero sabê com o quê ocê custuma 
caçá.
1. As diferenças 
entre Fala e Escrita. 
Disponível em: 
http://www.
algosobre.com.
br/redacao/as-
diferencas-entre-fala-
e-escrita.html. Acesso 
em 16/5/2010.
http://www.algosobre.com.br/redacao/as-diferencas-entre-fala-e-escrita.html
http://www.algosobre.com.br/redacao/as-diferencas-entre-fala-e-escrita.html
http://www.algosobre.com.br/redacao/as-diferencas-entre-fala-e-escrita.html
http://www.algosobre.com.br/redacao/as-diferencas-entre-fala-e-escrita.html
http://www.algosobre.com.br/redacao/as-diferencas-entre-fala-e-escrita.htmlComunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 7
- Com o que haverá de? Com a minha espingarda de cartucho, ué? Ocê sabe que a 
carga é grande. Intão na hora que eu puxo o gatío, eu chaqueio o braço pra móde 
espaiá a porta. Derrubo uns 10 paturi só com um tiro da bicharêda.
- Pois eu faço diferente. Caço de noite e sem espingarda nenhuma. A minha lanterna 
é daquelas que tem um facho grandão de luz que parece olofróte dos campo de 
aviação.
- Ara! Já to querendo sabê como é isso. Caçá de noite e só com a lanterna, pra mim é 
nova, cumpadi.
- Espia só. Os paturi chegam em bando e vão se aninhando naquela arve frondosa.
Ficam ali apinhocado mais de 200. Tudo pronto pra drumi. Pois bem. Eu chego quieti-
nho com a minha lanterna no escuro, aprumo pra riba, pra perto da arve e acendo 
o facho de luz, pro rumo do céu. Aí eu começo a rodopiá aquele facho de luz. De 
repente, os paturi percebe e entra naquele facho de luz que formou ansim quiném 
um anér. E entra mais outro, e mais outro. Eu continuo rodando aquele anér de 
luz... E quando a roda toda ta cheia de paturi... aí eu, num solavanco de surpresa, 
rodopio ao contrário. Os paturi trombam tudo uns nos ôtro e cai aquele despropó-
sito no chão. Tudo tonto co as cabeçada que deram!
— Rolando Boldrin, Contando Causos, Nova Alexandria, 2001
De qualquer forma, mesmo esse texto, por estar escrito segue algumas 
regras específicas. É preciso uma apresentação formal: os parágrafos ini-
ciam com letra maiúscula, as palavras devem ser separadas umas das 
outras por espaços em branco, as orações são pontuadas e as palavras 
seguem a ortografia oficial.
Atenção
Não basta que o autor siga exigências ortográficas e de sin-
taxe para que você leia com facilidade. As ideias precisam ser 
transpostas com clareza, o que é obtido por meio da coesão 
e coerência textuais.
O assunto é bastante complexo e vasto e não podemos abranger todas as 
suas especificidades. Podemos afirmar, no entanto, que a própria oralida-
de apresenta diferenças em situações diversas: um apresentador de tele-
jornal, alguém que fale ao telefone, crianças conversando, adolescentes, 
homens de negócios, vendedores, professores universitários... Em cada 
uma dessas situações marcadas pela oralidade os textos são diferentes. 
Se escritos, mais diferentes ainda.
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 8
2. gênerOs e tipOs
Antes de passarmos às diferenças e semelhanças, é preciso primeiro es-
tabelecer o que seja tipologia textual e gênero textual, pois existe certa 
confusão teórica a esse respeito.
É comum encontrarmos em livros de gramática a divisão de textos 
em três gêneros: narração, descrição e dissertação, o que veremos mais 
adiante. No entanto, e devido ao aparecimento de diversas mídias com 
formas comunicativas novas e próprias, aconteceu uma mistura que de-
safia as relações entre oralidade e escrita.
Ainda por conta disso, diferentes tipos de texto até então desconheci-
dos passaram a existir e houve necessidade de uma divisão.
Alguns teóricos consideram tipologia textual o que comumente se cha-
mava gênero. Assim, os tipos (e não os gêneros) seriam: narração, descri-
ção e dissertação e a palavra gênero passou a denominar as diversas ma-
nifestações textuais que apresentam características sociocomunicativas 
definidas. São inúmeras: cartas, romance, bilhete, reportagem, reunião, 
notícia, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio, ins-
truções, cartazes, inquérito, resenha, edital, gênero jornalístico, televisivo, 
piada, conversação, conferência, e-mail, propaganda, novela, aula virtual...
Além dos gêneros e dos tipos, existem os chamados domínios discursi-
vos que propiciam discursos específicos. Assim, temos: discurso jurídico, 
religioso, jornalístico.
As características de cada um dos gêneros e mesmo dos tipos são di-
ferentes. As semelhanças que podem ocorrer, nesses casos, residem nos 
temas.
Tomemos a cerveja como exemplo. É possível encontrar: propaganda, 
notícia, história da cerveja, conversa sobre cerveja, receita culinária com 
cerveja. Mas serão enfoques e leituras diferentes. A interpretação será 
efetuada de acordo com cada gênero.
Lembre-se
Os tipos de textos seriam: narração, descrição e disserta-
ção. O gênero passou a caracterizar diversas manifestações 
textuais que apresentam características sociocomunicativas 
definidas, como cartas, romance, bilhete, reportagem, reu-
nião, notícia, receita culinária, bula de remédio. E os domí-
nios discursivos que propiciam discursos específicos são os 
discursos jurídico, religioso, jornalístico.
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 9
Leia a seguir um artigo opinativo publicado na Folha de S. Paulo. Compare-
-o com o texto poético de Carlos Drummond de Andrade. Estabeleça as 
semelhanças e as diferenças.
Um novo José
Josias de Souza
Calma José.
A festa não começou,
a luz não acendeu,
a noite não esquentou
O Malan não amoleceu, mas se 
voltar a pergunta:
E agora, José
Diga: ora Drummond,
agora Camdessus.
Continua sem mulher,
continua sem discurso,
continua sem carinho, ainda não 
pode beber,
ainda não pode fumar, cuspir 
ainda não pode,
a noite é fria,
O dia ainda não veio,
o riso ainda não veio,
não veio ainda a utopia,
o Malan tem miopia,
mas nem tudo acabou,
nem tudo fugiu,
nem tudo mofou.
Se voltar a pergunta:
E agora, José?
Diga: ora Drummond, Agora FMI.
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
O Malan nada faria,
mas já há quem faça.
Ainda só, no escuro,
qual bicho do mato, ainda sem 
teogonia,
ainda sem parede nua, pra se 
encostar,
ainda sem cavalo preto,
que fuja a galope,
você ainda marcha José!
Se voltar a pergunta:
José para onde?
Diga: ora Drummond,
Por que tanta dúvida?
Elementar, elementar,
sigo pra Washington
e, por favor, poeta,
não me chame de José.
Me chame Joseph.
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 10
José
Carlos Drummond de Andrade
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho do mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Aproveitando esse exemplo, podemos passar para o próximo item: dife-
renças e semelhanças na forma com que os textos se apresentam.
3. FOrma
Como você viu, as diferenças entre textos orais e escritos residem na es-
colha lexical, no cuidado com a escrita em relação à fala e suas semelhan-
ças podem ser observadas no tema. Ou seja, você pode conversar sobre 
determinado assunto – e utilizará propriedades da linguagem oral – ou 
escrever sobre esse mesmo assunto – e precisará empregar certas regras 
da linguagem escrita.
As diferenças entre os gêneros, assim como oralidade e escrita, tam-
bém estão na maneira de dizer: propagandas, cartazes apresentam 
uma linguagem mais visual, em comparação a uma carta ou romance. 
Comunicação e Expressão / UA 05 Leiturae Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 11
As semelhanças também se encontram no assunto. Pode-se falar de um 
mesmo assunto em diferentes gêneros.
E a forma?
As formas textuais estão ligadas mais à escrita. As formas levam em 
conta a estrutura escolhida para veicular determinado tema. Poema e 
prosa são diferentes formas, que seguem regras específicas no momento 
de sua criação.
Observe a seguir, a forma como se apresenta a letra de uma música 
(versos) e uma crônica (prosa), sobre o mesmo tema, a chuva.
Chuva de Prata
Ed Wilson / Ronaldo Bastos
Se tem luar no céu
Retira o véu e faz chover
Sobre o nosso amor...
Chuva de prata
Que cai sem parar (refrão)
Quase me mata
De tanto esperar
Um beijo molhado de luz
Sela o nosso amor...
Basta um pouquinho
De mel pra adoçar
Deixa cair
O seu véu sobre nós
Oh Lua!
Bonita no céu
Molha o nosso amor...
Toda vez
Que o amor disser:
Vem comigo!
Vai sem medo
De se arrepender...
Você deve acreditar
No que eu digo
Pode ir fundo
Isso é que é viver...
Cola seu rosto no meu
Vem dançar
Pinga seu nome no breu
Pra ficar
Enquanto se esquece de mim
Lembra da canção...
Toda vez
Que o amor disser:
Vem comigo!
Vai sem medo
De se arrepender...
Você deve acreditar
No que eu digo
Pode ir fundo
Isso é que é viver...
Chuva de prata ... (refrão)
Um beijo molhado de luz
Sela o nosso amor
Enquanto se esquece de mim
Lembra da canção
Oh Lua!
Bonita no céu
Molha o nosso amor!...
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 12
Herói em dia de chuva
Sonia Madruga
Susto também passou a minha 
mãe nesta noite de tanta chuva.
Ela mora aqui perto, em uma casa 
grande, com suas acompanhantes. 
Escurecia quando um som 
abafado fazia crer que alguma 
coisa tinha caído no jardim 
dos fundos. Misteriosamente, 
momentos depois, a campainha 
de trás começou a tocar 
intermitentemente.
Todas se assustaram: ninguém 
entraria pelo jardim dos fundos 
e, por mais que perguntassem: 
Quem é? Quem é? ... não havia 
nenhuma resposta. Cheias de 
iniciativa, chamaram a polícia, mas 
assoberbados, não puderam dar 
atenção. Às 8 da noite, já à beira do 
pânico, me ligaram narrando o fato.
Alguém no jardim, sem poder sair 
(é um jardim interno), durante 
todas aquelas horas debaixo de 
tanta água... é uma cena dantesca. 
Falei com Lauro Henrique e, 
homem varonil e decidido, pegou 
sua bengala, o guarda-chuva e foi 
lá dar apoio e averiguar.
Para atravessar a rua, teve que ir 
de carro, tamanha a correnteza e 
volume de água. Ninguém queria 
abrir a porta dos fundos debaixo 
daquele temporal, por motivos 
óbvios. Fiquei monitorando pelo 
celular, fiz mil recomendações, e 
estava toda apavorada: que estava 
acontecendo?
O cara da guarita aqui da rua 
negou fogo: melhor aguardar 
a polícia... Lauro entrou pela 
frente da casa, que tem entrada 
independente, verificou com sua 
potente lanterna o jardim, do 
segundo andar da casa e, depois 
de entrevistar os “mordomos”, 
e observar os toques espaçados 
da campainha, que obedeciam 
ao ritmo da chuva, chegou à 
sherlockiana conclusão de que se 
tratava de pequeno curto-circuito 
na tecla da campainha, causado 
pelo volume de água!
Aliviadas, mas sem abrir a porta 
de jeito nenhum, a alegria voltou 
a reinar. Lauro Henrique voltou 
para casa perto da meia noite, 
tendo colocado a conversa em 
dia com minha mãe, falado de 
música e cantarolado o samba 
de breque de Moreira da Silva – 
CIDADE LAGOA. Todas dormiram 
um sono sossegado, mesmo com 
a campainha tocando por toda 
a noite.
Embora possamos perceber diferenças na forma escolhida para a criação 
de um mesmo tema, é preciso lembrar que as possibilidades são inúmeras.
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 13
Lembre-se
São muitas as semelhanças entre os textos; inúmeras as 
diferenças. Entre semelhanças e diferenças, os textos são 
universos em construção. O papel do leitor é desvendar tais 
universos...
4. sentidO
Já se falou em forma, conteúdo, escolha lexical, tipos de texto, gêneros. 
Agora vamos comentar um pouco a respeito dos sentidos que se apresen-
tam nos textos.
Muitas palavras têm um significado genérico, mas podem ser utilizadas 
com outro sentido. Tomemos um exemplo bastante simples: a palavra 
manga tem alguns significados, conforme o dicionário Aurélio (1999): 1) 
parte do vestuário onde se enfia o braço; 2) filtro afunilado para líquidos; 
3) qualquer peça de forma tubular que reveste ou protege outra peça; 4) 
parte do eixo de um veículo que se encontra dentro da caixa de graxa. 
Ainda segundo o mesmo dicionário, significa: 5) fruto da mangueira e, 
com sentidos derivados do espanhol: 6) espécie de corredor com paredes 
de varas, que conduz a um rio ou igarapé e serve para guiar os bois que 
embarcam; 7) pastagem cercada onde se guarda o gado; 8) parte da rede 
de pescar que fica nas extremidades.
Como você vê, uma mesma palavra pode trazer muitos significados, 
que só serão percebidos pela leitura e conhecimento do leitor. Em síntese, 
o leitor também constrói o texto.
Além desses significados, os textos possuem um sentido, ou seja, os 
produtores de texto têm uma intenção, ao escrever. É possível que tenha 
mais de uma intenção e nesse caso, seu texto poderá ser interpretado de 
várias maneiras, apresentará mais de uma leitura.
Escrever implica em deixar marcas para que seja compreendido de 
acordo com os sentidos de quem o escreveu.
Ler o texto implica em decifrar as marcas e sinais deixados pelo autor 
para compreender o sentido ou sentidos. Assim, o leitor precisa não só 
conhecer os significados genéricos que as palavras possuem e que podem 
ser encontrados nos dicionários, mas entender porque o escritor as esco-
lheu e porque as dispôs daquela forma.
Não vamos aqui descobrir como se constrói o sentido de um texto ou 
de que recursos o escritor dispõe para expressá-los ou até mesmo quais 
elementos ele pode utilizar. Porém sabe-se que esse sentido não se forma 
apenas pela decifração das marcas e sinais deixados pelo autor. Segundo 
uma Ingedore Koch, uma especialista importante em análise de textos, O 
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 14
leitor também é um construtor de sentido, pois para essa construção são 
acionados: seu conhecimento de mundo, suas crenças, suas leituras; o 
contexto, o conhecimento comunicacional e interacional, os gêneros.
Como você pode perceber, compreender os textos faz parte de uma 
atividade complexa. O leitor precisa estar atento a várias instâncias e ain-
da ser um cocriador, ou seja, recriar o que o autor pretendeu dizer e al-
cançar os significados pretendidos.
Quanto mais aberto a interpretações for o texto, ou seja, quanto mais 
sentidos ele possuir, mais diferenças poderão ser encontradas e mais di-
fícil será alcançar a que realmente o autor pretendeu dizer.
Histórias em quadrinhos são um bom exemplo de que o leitor precisa 
construir o sentido, ou não entenderá a mensagem do autor.
O leitor precisa ir além do que está escrito. É preciso acessar seu co-
nhecimento de mundo, suas leituras, o contexto comunicacional. Há im-
plícitos (subentendidos, pressupostos) que precisam ser desvendados 
para a compreensão do texto.
ConCeito
Implícitos são inferências, implicações, alusões e insinuações. 
Ducrot (1992) estabeleceu os dois implícitos que são consi-
derados mais importantes: pressuposto e subentendido.
5. COnteúdO/tema
Conforme se viu anteriormente, existem diferentes formas, gêneros e ti-
pos de veicular os mesmos conteúdos. Por outro lado, conteúdos diferen-
tes podem ser escritos em formatações iguais ou diferentes. As possibi-
lidades são infinitas, cabe a cada um escolher a melhor forma, o melhor 
meio de dizer e compreender os textos.
A letra da música “Chuva de Prata” e a crônica “Herói em dia de chuva” 
são exemplos de temas semelhantes escritos de formas diferentes.
DiCA
Uma mesma palavra pode trazer muitos significados,que só 
serão percebidos pela leitura e conhecimento do leitor. Em 
síntese, o leitor também constrói o texto...
antena 
pArAbóliCA
A Universidade de Harvard publicou há alguns anos os 
dez mandamentos do e-mail, que são desde então muito 
falados, muito badalados, mas nem sempre seguidos. É 
interessante procurar esses mandamentos na Internet. 
Vamos focar aqui um aspecto: o emprego do e-mail, que 
é de uso muito ácil, para assuntos que ficariam melhor 
em uma conversa face a face ou mesmo em um telefo-
nema. Praticamente todos os que trabalham em empre-
sa conhecem pelo menos uma história de e-mail desas-
troso. A lição que fica é que a multiplicidade de meios de 
se comunicar obriga a pensar para escolher como cada 
comunicação deve ser feita.
e AgorA, José?
Agora que você já conhece as semelhanças e diferenças 
entre diversos tipos e gêneros textuais, vale a pena apro-
fundar seus conhecimentos sobre temas. Bons estudos!
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 16
glossário
Implícito: a maior parte dos enunciados tem, 
além de seu conteúdo explícito, literal, um 
ou vários conteúdos implícitos. O enuncia-
do “faz calor” pode significar apenas que a 
temperatura ambiente está quente. Mas em 
um ambiente fechado com muitas pessoas, 
e dependendo do contexto em que for dito, 
pode significar, por exemplo, “abra a janela”, 
“posso tirar o casaco?”, “ desligue o aquece-
dor”, “ligue o ar condicionado”.
Subentendido: um dos tipos de conteúdo im-
plícito definidos por Ducrot que, entre ou-
tros fenômenos linguísticos estudou os im-
plícitos. Se alguém pergunta: “poderia abrir 
a janela?”, nem sempre espera a resposta 
literal “Sim” ou “Não”, mas sim que seu in-
terlocutor abra a janela. Trata-se, neste caso, 
de uma resposta indireta a uma pergunta 
subentendida. A pergunta subentende um 
pedido.
Pressuposto: é o tipo de conteúdo implícito 
que se caracteriza por algo que está coloca-
do antes do “posto”. Quando se diz: “Pedro 
parou de fumar” (este é o posto), há a pres-
suposição que ele fumava. Só para de fumar 
quem já fumou...
Escolha lexical: trata-se da escolha das pala-
vras que o escritor/falante faz para enunciar 
seus textos.
reFerênCiAs
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