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ComunicacaoExpressao_UA06

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Prévia do material em texto

gestão empresarial
comunicação e expressão
Leitura e anáLise 
de texto: temas
6
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de reconhecer 
elementos temáticos presentes nos textos.
COmpetênCias 
Compreensão e análise crítica de textos com base na 
identificação de temas, em diferentes níveis de leitura.
Habilidades 
Aplicar as técnicas de leitura adequadas aos textos temá-
ticos, vistos em suas relações com diferentes contextos e 
com outros textos.
comunicação e expressão
Leitura e anáLise 
de texto: temas
ApresentAção
Nesta aula, você desenvolverá habilidades de leitura en-
volvidas na construção de sentido dos textos pelo reco-
nhecimento de seus elementos temáticos. Aprenderá a 
compor relações de sentido baseadas nos contextos ex-
plícito e implícito, e em diálogos temáticos – as leituras 
intertextuais.
pArA ComeçAr
É comum que, ao sairmos de uma sala de cinema ou de 
um espetáculo de teatro, comentemos o que acabamos 
de ver. Mas, será que nosso comentário se limita a “gos-
tei, não gostei, foi legal, foi chato, não entendi...”?
Por certo nossa intenção vai mais além; queremos ex-
pressar nossa análise do que vimos, nossa compreensão 
daquele produto cultural.
Para isso, precisamos desenvolver algumas habilida-
des de leitura e análise, com foco nos temas propostos 
pela obra em questão. É o que vamos aprender nesta 
importante aula, que certamente vai tornar mais aguça-
da nossa percepção dos textos que nos cercam.
FundAmentos
A leitura e a análise de um texto pressupõem a apre-
ensão de seus temas, sua compreensão crítica, estabele-
cendo-se relações de significação com o universo suge-
rido por aquele.
O trabalho de leitura compreende, inicialmente, a de-
codificação dos signos distribuídos pelo texto, mobilizan-
do o léxico e as estruturas de língua, que o leitor deve 
reconhecer e dominar para configurar um primeiro ní-
vel de compreensão – o do significado literal das frases, 
enunciados e parágrafos do texto.
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 4
Vencida essa etapa, a leitura deve reconhecer o tipo predominante do 
texto; com isso, mobilizam-se informações que fornecem chaves para a 
compreensão da natureza daquele e dos signos que o tipo ostenta. Assim, 
caso se trate de um texto no qual predomina a descrição, saberá o leitor 
que terá de identificar os termos responsáveis pela caracterização do ser ou 
objeto descrito, terá de observar a adjetivação, os detalhes. Diferentemente, 
se predominar o tipo dissertativo, terá o leitor de trabalhar com as teses pre-
sentes no texto, buscando a relação entre asserções, opiniões e argumentos 
e, ainda, com o contexto histórico-social que dialoga com tais teses. Final-
mente, se estiver diante de um texto narrativo, deverá o leitor preparar-se 
para encontrar e decodificar o conjunto de figuras e de eventos que consti-
tuem os núcleos de sentido responsáveis pela organização da trama.
Finalmente, a leitura captará a constituição temática do texto e, para 
isso, o leitor estabelecerá diversas ordens de relações de significação, que 
incluem seu repertório (isto é, as informações que detém sobre o assun-
to tratado), as informações novas que lhe são apresentadas e – muito 
importante – a(s) rede(s) de significação que se tece(m) no texto graças à 
interação deste também com o contexto implícito.
Os temas do texto são depreendidos da escolha de palavras nele pre-
dominante. Um bom exemplo está na passagem a seguir:
Rescendia por toda a catedral um aroma agreste de pitangueira e trevo cheiroso. 
Pela porta da sacristia lobrigavam-se de relance padrecas apressados, que iam e 
vinham na carreira, vestindo as suas sobrepelizes dos dias de cerimônia. Havia na 
multidão um rumor impaciente de plateia de teatro. O sacristão, cuidando dos per-
tences da missa, andava de um lado para o outro lado, ativo como um contrarregra 
quando o pano de boca vai subir.
Afinal, à deixa fanhosa de um padre muito magro que aos pés do altar desafina-
va uns salmos de ocasião, a orquestra tocou a sinfonia e começou o espetáculo. Cor-
reu logo o surdo rumor dos corpos que se ajoelhavam; todas as vistas convergiram 
para a porta da sacristia; fez-se um sussurro de curiosidade, em que se destacavam 
ligeiras tosses e espirros, e o cônego Diogo apareceu, como se entrasse em cena, 
radiante, altivo, senhor do seu papel e acompanhado de acólito que dava voltas 
frenéticas a um turíbulo de metal branco.
E o velho artista, entre uma nuvem de incenso, que nem um deus de mágica, e 
coberto de galões e lantejoulas, como um rei de feira, lançou, do alto da sua solenida-
de, um olhar curioso e rápido sobre o público, irradiando-lhe na cara esse vitorioso 
sorriso dos grandes atores nunca traídos pelo sucesso.
— Aluísio Azevedo, O mulato.
Trata-se de um texto descritivo de ações, no qual se reconhecem pelo me-
nos dois percursos temáticos: um deles centrado no tema da religiosidade 
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 5
(observe as palavras em negrito); o outro, no tema do espetáculo teatral 
(observe as palavras sublinhadas). A convivência desses dois percursos 
temáticos na descrição do mesmo conjunto de seres e ações leva à leitura 
crítica: o narrador descreve a missa, os que dela participam e seus rituais 
como um espetáculo teatral, com o intuito de ridicularizá-los para o leitor.
Vamos agora observar aspectos textuais vinculados aos temas que fa-
zem a leitura produzir significações.
1. as relações entre partes de Um textO 
devem COmpOr Uma Unidade.
A unidade do texto se expressa no vínculo de sentido entre suas partes: 
estas devem manter-se fiéis à temática selecionada, garantindo a sequ-
ência das ideias. Tal sequência nem sempre se mostra como mera expan-
são adesiva da temática escolhida; muitas vezes, o texto cria a sequência 
para instalar contrastes ou contradições que visam a estimular discussões 
entre polos divergentes de ideias, e instalar a polêmica; noutras vezes, 
simula-se uma mudança de rumos, introduzindo “outro assunto” que, de-
pois, se mostrará como base para o desenvolvimento do tema. Um pe-
queno trecho do denso ensaio denominado “A invenção do saber” – que 
dá nome ao livro de Gerardo Melo Mourão, de onde se extraiu – , permite 
observar a progressão das partes do texto em torno de sua unidade.
O primeiro parágrafo começa por imitar uma situação de diálogo, pro-
pondo perguntas ao leitor. O efeito de sentido dessa estratégia textual é 
criar a expectativa em torno das respostas e, ao mesmo tempo, excitar 
o conhecimento do interlocutor virtual, para que a elas responda. Assim, 
espera-se que as respostas surjam na sequência respondidas, seja para in-
formar o leitor, seja para confirmar as respostas que ele tenha antecipado.
Em princípio e afinal, que é o saber? Quando, onde e por que sua invenção incorpo-
rou-se à história do mundo como a mais fascinante e a mais perigosa das aventuras 
ousadas pelo homem?
— Gerardo Mello Mourão, A invenção do saber. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983, p. 9.
Para responder à primeira pergunta, será preciso criar outros suportes 
temáticos, cujo desenvolvimento adiantará os recursos necessários à ple-
na compreensão da sequência. Assim, o segundo parágrafo surpreende 
o leitor com uma afirmação que desloca o prestígio da história e parece 
pouco conectada ao tema:
A história, como caminho para o passado, isto é, para as fontes inaugurais de nos-
sa pobre e estupenda raça planetária, é apenas um beco sem saída. Os próprios 
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 6
historiadores sabem disso. Quando não conseguem dar mais um passo, no limiar 
dos caminhos imemoriais, costumam dizer que, daí para lá, as coisas “se perdem 
na noite dos tempos”.
— Gerardo Mello Mourão, A invenção do saber. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983, p. 9.
Mas, a falta de conexão é apenas aparente: esse trecho é passagem obri-
gatória ao prosseguimento do tema e prepara outra sequência,que forne-
cerá as respostas pretendidas. Os próximos parágrafos ligam os anterio-
res às perguntas iniciais e garantem a possibilidade de dar-lhes resposta: 
a rigor, os parágrafos quinto e sexto vão respondendo ao “quando”, “por 
quê”, e “onde”:
Não é, pois, a história que nos há de ajudar, mas exatamente esse denso espaço de 
mistérios onde não entram os historiadores - a noite dos tempos. É dentro dela, de 
resto, que nasce o tempo histórico. Para lá dele – “ailleurs” – .... “irgendwo” – situa-se 
o tempo mítico, o tempo auroral do ser e do existir do homem.
Não é por acaso que todos os profetas vão buscar a substância elementar de suas 
profecias nos acontecimentos ao mesmo tempo virginais e prístinos do tempo mítico. 
O mito precede a história e, pois, preside a história. O próprio materialismo histórico 
sabe disto, e Marx mergulha a teoria da luta de classes na madrugada do tempo míti-
co, quando Caim, o primeiro senhor de terras e o pai da agroindústria, assassina seu 
irmão Abel, bucólico pastor do país primevo. Caim teria sido o braço dominador da 
classe industrial, que esmagou Abel, o primeiro representante da economia pastoril.
Foi também no tempo auroral do mito que o homem se arriscou à invenção do 
saber. O saber foi sua primeira aventura humana, seu primeiro gesto de liberdade, 
seu primeiro anelo de grandeza e dominação, sua primeira rebelião contra os deu-
ses, sua primeira aliança com o Demônio, o primeiro passo e o primeiro desafio ao 
perigo, para sentar-se ao lado da Divindade como Senhor do Mundo. Está no mito do 
Paraíso Terrestre, no Livro do Gênesis: “não comereis do fruto da árvore da ciência 
do bem e do mal”. E a voz da serpente: “por que não? No dia em que o comerdes, 
serei como deuses, tendo o saber de tudo”. A tentação do saber foi mais poderosa do 
que a ordem divina: o fruto era belo e deleitoso. Os pais da raça humana, investindo-
-se pela primeira vez da própria liberdade, do privilégio do livre arbítrio, comeram e 
ficaram, desde então, de olhos abertos diante do mundo.
A invenção do saber está marcada pelo mesmo sentido de rebelião contra os deu-
ses em todas as mitologias. Bastem, para o entendimento de nossa cultura judaico-
-helênica do mundo ocidental, os episódios da Bíblia e da mitologia grega. Pois, tam-
bém na Grécia, o facho do saber é arrebatado aos deuses por Prometeu, no mesmo 
gesto de desafio e de audácia de Adão e Eva, sendo igualmente castigado pela cólera 
dos deuses.
— Gerardo Mello Mourão, A invenção do saber. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983, p. 9-10.
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 7
E garantem a resposta à pergunta “Em princípio e afinal, que é o saber?”, 
a qual é fornecida, inicialmente, pelo sétimo parágrafo:
Parece claro, assim, que o saber é uma invenção do homem. Mais do que isto: a 
invenção, a única invenção, a invenção por excelência, de que foi capaz a criatura 
humana.
— Gerardo Mello Mourão, A invenção do saber. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983, p. 10.
O texto prossegue, aprofundando o conceito de saber, para tratar das 
relações entre saber e Universidade.
2. as relações entre as partes dO textO 
sãO neCessariamente fUndadas nUma 
Ordem de COesãO e COerênCia1
A coesão se reconhece na conexão entre as sequências constituintes do 
texto e os enunciados que as constituem; identificada uma determinação 
de sentido pretendida entre tais sequências e enunciados, selecionam-se 
palavras de nossa língua responsáveis pelas relações de sentido visadas. 
Esses elementos de coesão podem fazer referência a termos que lhes são 
anteriores ou posteriores (caso dos pronomes, p.ex.) ou estabelecer vín-
culos entre sequências (caso dos conectivos).
Na passagem a seguir, o pronome “outros”, que determina “interes-
ses”, remete ao contexto anterior, a interesses que o texto já mencionou 
e que se contrapõem aos que entram em jogo; além disso, o conectivo 
“no entanto” estabelece, na sequência, um vínculo de sentido que reitera 
a contraposição contida em “outros interesses”, mais uma vez vinculando 
o sentido da presente sequência ao sentido da anterior.
Começam a entrar em jogo, no entanto, outros interesses, que estavam latentes des-
de 1976...
—Ricardo Kotscho. Uma chaga de ouro na selva. In: 20 textos que fizeram história. 
São Paulo: Folha de S. Paulo. p. 114.
A coerência vincula-se especificamente à unidade do texto, sendo garan-
tia de sua interpretabilidade, porquanto cuida de compatibilizar o sentido 
de informações, argumentos e níveis de linguagem.
Um texto que tratasse de representar, por exemplo, uma praça de 
guerra, compatibilizaria as imagens componentes do cenário em torno de 
objetos pertinentes ao campo de significação de “guerra”: armamentos, 
tanques, combatentes etc. Outro que tematizasse as relações de mem-
bros de um grupo de falantes jovens representaria uniformemente seu 
1. Estão expostas 
aqui apenas algumas 
noções sobre coesão 
e coerência, pois esse 
assunto é tratado 
detalhadamente 
em outra aula.
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 8
falar em estruturas e vocabulário próprios desse grupo, num nível de lin-
guagem popular, possivelmente com registro de termos de gíria.
3. O COntextO explíCitO e O COntextO implíCitO 
sãO determinantes dO sentidO dO textO.
A unidade de sentido textual nasce, principalmente, do vínculo que o tex-
to mantém consigo mesmo e com o contexto de sua produção, seja ele 
explícito (a própria expressão verbal) ou implícito (a situação em que se 
produz).
O contexto explícito é a própria unidade linguística maior em que se 
insere a unidade linguística menor. É da relação de um parágrafo com o 
restante do texto, ou de uma frase com o parágrafo, por exemplo, que 
surge o sentido. Observe-se a notícia de jornal:
Jatene pede resistência à equipe econômica
O ministro Adib Jatene (Saúde) pediu no Senado a volta do Imposto Provi-
sório sobre Movimentação Financeira e disse que “o Congresso não deve se 
vincular aos interesses da equipe econômica do Governo”.
Jatene quer utilizar em sua área os recursos do IPMF, que vigorou em 94 e 
descontava 0,25% de qualquer movimentação bancária. A equipe econômica 
é contra.
Folha de S. Paulo
Subtraído do contexto explícito, o título da matéria será lido com base 
na sintaxe do verbo “pedir”, que evidencia seus dois componentes com-
plementares: “o quê” e “a quem”, como na frase: “João pede dinheiro aos 
amigos”. No contexto explícito, essa leitura é desmentida: a economia 
própria dos títulos de matéria jornalística apostou numa supostamente 
útil concisão, ao trocar uma frase oracional por uma frase nominal e criou, 
no mínimo, uma ambiguidade, que só o contexto explícito desfez, dando a 
direção de sentido ao enunciado-título da matéria. Efetivamente, a regên-
cia incompleta de “pede” e de “resistência” destaca as seguintes leituras:
 → Jatene pede que a equipe econômica resista - e não se diz a 
que(m).
 → Jatene pede (a alguém, que não se diz quem seja) resistência (= que 
resista) à equipe econômica.
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 9
Esse aspecto pode ser desastroso, se não tiver havido predeterminação 
para produzir o duplo sentido; ou pode render alguns lucros, se tiver sido 
calculado para produzir, por exemplo, os efeitos da falácia semântica cha-
mada ênfase.
Posta no contexto, a frase – Jatene pede resistência à equipe econômica 
– tem outro sentido – e este, sim, é o visado pelo autor: Jatene pedia que 
o Congresso resistisse aos interesses da equipe econômica, contrários às 
pretensões do então ministro.
O contexto implícito não tem manifestação linguística – é a própria 
situação na qual o texto se produz. Muitos de nós recordamos a compo-
sição Samba de Orly, de Chico Buarque, Vinícius de Moraes e Toquinho. A 
letra reedita um tema que foi caro aos românticos – o exílio – e remete aos 
tempos da ditadura de 64, no Brasil, quando muitos de nossos intelectuais, 
políticos eartistas tiveram de refugiar-se em outros países, pois aqui eram 
considerados personae non gratae. A composição reporta a essa situação, 
que lhe é externa, mas imprescindível para definir seu sentido.
Vai, meu irmão, pegue esse avião
Você tem razão de correr assim desse frio
Mas veja o meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro lance mão
Pede perdão pela duração desta temporada
Mas não diga nada que me viu chorando
E pros da pesada diz que eu vou levando
Vê como é que anda aquela vida à toa
E se puder me mande uma notícia boa.
— Chico Buarque, Toquinho, Vinícius de Moraes
Você pode acompanhar essa música pelo ambiente virtual.
4. afirmar Um tema para negar OUtrO
Nem sempre o texto se enuncia exclusivamente no momento e do ponto 
de vista de sua enunciação: é muito comum que remeta a concepção di-
versa da que defende, vindo a organizar seus temas dialeticamente. Essa 
tradição do texto-contraponto é comumente identificada nas estéticas li-
terárias, nas quais se apresentam temáticas representativas de pontos de 
vista em oposição, para negar ou para afirmar. Lembremo-nos de algu-
mas das teses realistas e vejamos como elas se afirmam negando outras 
(no caso, românticas), no texto de Machado de Assis:
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 10
Capítulo XXVII / VIRGÍLIA?
Virgília? Mas então era a mesma senhora que alguns anos depois? ... A mesma; era 
justamente a senhora, que em 1869 devia assistir aos meus últimos dias, e que antes, 
muito antes, teve larga parte nas minhas mais íntimas sensações. Naquele tempo 
contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da 
nossa raça e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a pri-
mazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isso não é romance, em que 
o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também 
não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, 
fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o 
indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. Era isso Virgília, 
e era clara, muito clara, faceira, ignorante, pueril, cheia de uns ímpetos misteriosos, 
muita preguiça e alguma devoção – devoção, ou talvez medo; creio que medo.
Aí tem o leitor, em poucas linhas, o retrato físico e moral da pessoa que devia 
influir mais tarde na minha vida; era aquilo com dezesseis anos. Tu que me lês, se 
ainda fores viva, quando estas páginas vierem à luz, – tu que me lês, Virgília amada, 
não reparas na diferença entre a linguagem de hoje e a que primeiro empreguei 
quando te vi? Crê que era tão sincero então como agora; a morte não me tornou 
rabugento, nem injusto.
– Mas, dirás tu, como é que podes assim discernir a verdade daquele tempo, e 
exprimi-la depois de tantos anos?
Ah! Indiscreta! ah! ignorantona! Mas é isso mesmo que nos faz senhores da terra, 
é esse poder de restaurar o passado, para tocar a instabilidade das nossas impres-
sões e a vaidade dos nossos afetos. Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço 
pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma edição, 
que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o 
editor dá de graça aos vermes.
— Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas
Pontifica, no texto machadiano, a polêmica que contrapõe a visão idea-
lizada à visão realista da mulher amada, da perspectiva de um narrador 
que promove a revisão de suas ideias de jovem. É a perspectiva dialética 
assumida pelo texto que o inscreve na história que o leitor reconhece, ao 
reconhecer as diferentes perspectivas de enunciação.
5. diálOgOs temátiCOs – a intertextUalidade
A intertextualidade é um dos aspectos da composição temática muito im-
portante para o ato de leitura e análise textual. Trata-se, em palavras mui-
to simples, de um diálogo de textos, atuando na construção de percursos 
temáticos, percursos de significação na leitura. Sendo diálogo, envolvem 
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 11
vozes que se alternam no texto, evidenciando pontos de vista acerca de 
determinados assuntos ou estilos, pela imitação.
Assim, haverá sempre um texto imitado e outro que o imita, e, depen-
dendo da natureza dessa imitação, fala-se em paródia e em estilização 
– uma e outra são modalidades dialógicas de texto, pois colocam em evi-
dência pontos de vista sobre um estilo, pela imitação.
Há duas espécies de imitação: a estilização e a paródia, as quais va-
mos estudar na sequência.
5.1. Estilização
Na estilização, o texto coloca em evidência um tema ou um estilo de compo-
sição textual, pela imitação reverencial, de seus traços; capta, portanto, o es-
tilo imitado para reafirmá-lo. O recurso consiste numa revitalização de temas 
ou de traços estilísticos próprios de uma corrente estética, gênero ou autor.
Novamente remetemos você à obra de Chico Buarque de Holanda, à 
letra da composição “João e Maria”, com música de Mestre Sivuca, e cuja 
interpretação você pode acompanhar acessando o ambiente virtual.
Agora eu era o herói
e o meu cavalo só falava inglês
a noiva do cowboy
era você
além das outras três
eu enfrentava os batalhões
os alemães e seus canhões
guardava o meu bodoque
e ensaiava um rock
para as matinês
Agora eu era o rei
era o bedel e era também juiz
e pela minha lei
a gente era obrigada a ser feliz
e você era a princesa
que eu fiz coroar
e era tão linda de se admirar
que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
finja que agora eu era o seu brinquedo
eu era o seu pião
o seu bicho preferido
sim, me dê a mão
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 12
a gente agora já não tinha medo
no tempo da maldade
acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal
que o faz de conta terminasse assim
pra lá deste quintal
era uma noite que não tem mais fim
pois você sumiu no mundo
sem me avisar
e agora eu era um louco a perguntar
o que é que a vida vai fazer de mim
— Chico Buarque de Holanda, João e Maria
A temática dessa letra remete a diversos produtos da cultura; a base é a 
ficção, o faz de conta que o narrador assume e que tem passagem por 
figuras associadas a temas de vários outros textos: dos contos de fada 
(eu era o rei / você era a princesa que eu fiz coroar), ligados à lenda anglo-
-saxônica de Lady Godiva2 (e era tão linda de se admirar / que andava nua 
pelo meu país); dos jogos infantis (eu era o seu brinquedo / eu era o seu 
pião / o seu bicho preferido); dos bangue-bangues (agora eu era o herói / e 
o meu cavalo só falava inglês / a noiva do cowboy era você ...); dos filmes de 
guerra (eu enfrentava os batalhões, alemães e seus canhões).
Assim, ao ouvir ou ler a letra da composição, o leitor deverá analisar seu 
conteúdo pela referência ao diálogo entre esses temas diversos, mas uni-
ficados na imaginação do narrador, descobrindo a riqueza da composição.
Como se depreende, a intertextualidade não está restrita ao texto ver-
bal e há bons exemplos dela também no cinema (o filme “Cliente morto 
não paga” dialoga com o chamado “cinema noir”), na pintura, como mos-
tram as telas de Édouard Manet (Almoço na relva - 1863) e de Pablo Picas-
so (Almoço na relva – 1960 – uma das 26 releituras da obra), na música 
(quem não se lembra das hilariantes paródias produzidas pelos Mamonas 
Assassinas?).
5.2. Paródia
ConCeito
Modalidade que também estabelece um diálogo textual, o 
texto paródico imita o estilo para subvertê-lo, valendo-se, 
para isso, da revisão crítica ou irônica de seus temas, esti-
los, valores.
2. Conheça a lenda, 
do séc, XI, fazendo 
uma pesquisa 
na internet.
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 13
Vamos conhecer a imitação por paródia pela observação 
de dois poemas: “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Ma-
nuel Bandeira e “Vou-me embora de Pasárgada”, de Mil-
lôr Fernandes.
Vou-me embora pra PasárgadaManuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha falsa e demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 14
Que Manoel Bandeira me perdoe, mas
Vou-me embora de Pasárgada
Millôr Fernandes
Vou-me embora de Pasárgada
Sou inimigo do Rei
Não tenho nada que eu quero
Não tenho e nunca terei
Aqui eu não sou feliz
A existência é tão dura
As elites tão senis
Que Joana, a louca da Espanha,
Ainda é mais coerente
Do que os donos do país.
A gente só faz ginástica
Nos velhos trens da Central
Se quer comer todo dia
A polícia baixa o pau
E como já estou cansado
Sem esperança num país
Em que tudo nos revolta
Já comprei ida sem volta
Pra qualquer outro lugar
Aqui não quero ficar.
Vou-me embora de Pasárgada
Pasárgada já não tem nada
Nem mesmo recordação
E nem fome nem doença
Impedem a concepção
Telefone não telefona
Drogas são falsificadas
E prostitutas aidéticas
São as nossas namoradas.
E se hoje acordei alegre
Não pensem que vou ficar
Nosso futuro já era
Nosso presente já foi
Dou boiada pra ir embora
Pra ficar não dou um boi .
Dou quase nada, coisa pouca,
Somente uma vaca louca.
Os traços da paródia são identificados na negação – a visão ideal da Pa-
sárgada de Bandeira é negada na paródia de Millôr; no primeiro, trata-se 
do espaço da evasão, para o qual se deseja partir, visto como lugar agra-
dável; já no segundo, trata-se do lugar em que se está e do qual se deseja 
fugir. Pode-se notar que a perspectiva idílica da Pasárgada imitada altera-
-se substancialmente, para uma perspectiva política e de crítica social na 
paródia.
Seja na estilização seja na paródia, devemos reconhecer os traços e te-
mas do estilo imitado, sob pena de não se captarem os efeitos de sentido 
visados pelo autor das recriações.
Existe homologia entre a formação textual e as estruturas sociais.
O tempo histórico e suas ideologias têm suas estruturas ressoando 
nos temas presentes nos textos produzidos por seus sujeitos; como há, 
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 15
inevitavelmente, diversidade de ideologias, de interesses e de captação da 
realidade, a presença dos temas nos textos homologa essa diversidade, 
testemunhando as nuances das concepções de mundo que convivem e 
contrastam num mesmo tempo historicamente circunscrito.
antena 
pArAbóliCA
Em praticamente todas as situações de nosso dia a dia 
estamos diante da necessidade de reconhecer os temas 
de nossas conversações, dos textos que lemos nos jor-
nais, nas notícias que ouvimos, nos comandos que da-
mos ou recebemos, nos textos organizacionais que te-
mos de redigir. É pela seleção e identificação dos temas 
que compomos as relações de sentido necessárias à co-
municação eficaz.
e AgorA, José?
Agora que você já sabe como trabalhar os temas e suas 
conexões de sentido, é chegado o momento de conhe-
cer os argumentos que poderá utilizar na construção de 
textos e aqueles que você deverá identificar nos textos 
produzidos por outros. Essa passagem para a próxima 
unidade é fundamental para lidar com situações diver-
sas dentro das organizações. Bons estudos!
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 17
glossário
Sentido literal: é o sentido próprio das pala-
vras, por oposição ao sentido figurado.
Homologia: semelhança, relação fundada em 
reconhecimento.
Polêmica: debate de ideias; controvérsia.
Perspectiva dialética: em sentido amplo, tipo 
de abordagem baseada em discussão, con-
tradição, contraposição de ideias.
reFerênCiAs
FIORIN, J. L; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: lei-
tura e redação. 2a ed. São Paulo: Ática, 
1997.
_____. Para entender o texto: leitura e reda-
ção. São Paulo: Ática, 1997.

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